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PSICOLOGIA CLÍNICA: SUA HISTÓRIA E PRINCIPAIS TEORIAS

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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR CURSO DE PSICOLOGIA ADRIANI SEMICHECHE DANIARA SALVADOR ISADORA FABRES MARCO ANTÔNIO PAIXÃO NÉIA RAFAELA IVALEL PSICOLOGIA CLÍNICA: SUA HISTÓRIA E PRINCIPAIS TEORIAS CASCAVEL - PR ADRIANI SEMICHECHE DANIARA SALVADOR ISADORA FABRES MARCO ANTÔNIO PAIXÃO NÉIA RAFAELA IVALEL PSICOLOGIA CLÍNICA: SUA HISTÓRIA E PRINCIPAIS TEORIAS Relatório final apresentado para avaliação bimestral da disciplina de Estágio Supervisionado Básico I da Universidade Paranaense – UNIPAR. Orientador: Prof. Patrícia Novaki Aoyama. CASCAVEL - PR SUMÁRIO INTRODUÇÃO 4 OBJETIVOS 6 Objetivo Geral: 6 Objetivos Específicos: 6 REFERENCIAL TEÓRICO 6 Psicologia Clínica 6 História da Psicologia Clínica 8 A Psicologia Clínica Hoje 8 Psicanálise 9 Gestalt 12 Behaviorismo, o Estudo do Comportamento 13 Psicologia Fenomenológico-Existencial 16 metodologia 17 análise de dados 19 conclusão 22 considerações finais 24 APÊNDICE A - Entrevista 25 REFERÊNCIAS 45 anexo A – Carta de Apresentação 46 ANEXO B - Termo de Consentimento.............................................................. . 47 ANEXO C - Modelo da Entrevista.................................................................. ....49 INTRODUÇÃO A psicologia clínica é uma especialidade que veio atender à necessidade social de ajustamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos no lar, na escola e no trabalho. O desenvolvimento educacional e econômico e a multiplicação de problemas profissionais da sociedade moderna ressaltaram a importância do ajustamento psicológico em todas as ocupações e relações humanas, incrementando a investigação científica no seu domínio e o interesse por suas aplicações práticas (DUTRA, 2004). A psicologia clínica colabora no diagnóstico e no tratamento das pessoas desajustadas ou com problemas emocionais. Para o diagnóstico, os psicólogos empregam, além de testes, a entrevista clínica. O tratamento se efetua por meio das diversas técnicas psicoterápicas. A maior parte dos psicoterapeutas emprega a psicanálise ou técnicas derivadas das diversas correntes analíticas (SCHULTZ, 2005). No início da aplicação da psicoterapia, predominaram as técnicas psicoterapêuticas individuais, nas quais cada cliente era atendido por um psicoterapeuta. A preparação dos psicoterapeutas inclui conhecimento teórico sobre a personalidade normal e anormal. Em certas correntes, como na psicanálise, é indispensável que o futuro psicólogo clínico se submeta à psicoterapia antes de aplicá-la aos outros (DUTRA, 2004). A psicologia clínica é uma das áreas de maior atuação dentro da psicologia, e para cada visão de homem compreendida há suas respectivas linhas teóricas. Em destaque neste projeto encontram-se a psicanálise, gestalt, behaviorismo metodológico e radical e a psicologia fenomenológico- existencial, desde seus primórdios até à modernidade. Procura-se demonstrar que a prática clínica não se resume apenas em um consultório, ou em uma única teoria, ao contrário, ela traz consigo uma bagagem de abordagens que podem ser utilizadas nas mais diversas situações, e que o consultório não é o único local de aplicação da psicologia clínica (BOCK, 1999). Enfim, este trabalho traz um pouco sobre a história da Psicologia Clínica, suas definições, teorias, e o contexto atual em que ela se encontra, identificando o lugar e o papel do psicólogo clínico, além de entrevistas realizadas com profissionais da área clínica, em suma, um apanhado geral sobre a mesma de acordo com o nível de conhecimento dos acadêmicos. OBJETIVOS Objetivo Geral: Identificar o papel do psicólogo clínico, relatando a história da psicologia clínica em conjunto com suas principais teorias. Objetivos Específicos: Identificar a função do psicólogo clínico. Relatar a história da psicologia clínica. Dissertar sobre as principais teorias utilizadas no campo da psicologia clínica, com base no referencial teórico. REFERENCIAL TEÓRICO Psicologia Clínica O nascimento da clínica deu-se no final do século XVIII e no início do século XIX. O sentido etimológico da palavra clínica vem do grego kliné, que significa cama ou leito. A clínica tradicional pauta-se, assim, no estudo de casos (FOUCALT, 1987). Foucault (1987) mostra como "a clínica dos casos" – reflexo do empirismo predominante no século XVIII, que preconizava a necessidade de sistematização de diferentes dados e informações, a descrição de situações experimentadas pelo doente, o cruzamento de uma série de fatos isolados a fim de chegar a um quadro da doença, conforme os procedimentos que caracterizavam o pensamento classificatório e que redundaram na constituição dos grandes sistemas, irá aos poucos sendo substituído por uma perspectiva experimental e científica, que levará à consolidação da clínica moderna, pautada na medicina anátomo-patológica do século XIX. A passagem gradual a essa nova experiência teve como seu primeiro momento a reforma pedagógica da medicina, realizada acerca da Revolução Francesa, momento em que essa profissão assumiu a função do controle higiênico e social. Essa reforma acarretou a reorganização do domínio hospitalar, espaço onde doença e morte sempre ofereceram grandes lições à ciência. O Hospital tornou-se, enfim, uma escola ( ROTTER, 1967). A clínica ganhou, além da já consolidada observação junto ao leito do paciente, um segundo momento fundamental, o do ensino, quando o médico catedrático retomava a história geral das doenças, suas causas, seus prognósticos, suas indicações vitais, levando a medicina a uma nova disposição do saber. Portanto, a clínica é muito mais do que uma prática médica pautada no exame do indivíduo ou no estudo de casos; ela é um campo de produção científica do conhecimento, com claros reflexos na cultura moderna (FIGUEIREDO, 2006). A partir desse conhecimento a intervenção na direção à cura do sofrimento do indivíduo, sustentada na investigação sistemática e minuciosa do fenômeno do seu adoecer, na definição precisa de saúde/doença de cada quadro clínico, na análise do contexto da vida do sujeito adoentado, obtém resultados cujo alcance transcende à esfera do indivíduo, pois diz respeito a fenomênos que têm sua faceta coletiva (GANGUILHEM, 1982). Também não se pode traduzir clínica como sinônimo de estudo de casos, pois este é só um dos procedimentos na direção da construção de seus conhecimentos. Ela é muito mais do que o exame do indivíduo ou o estudo de casos, é um campo de produção científica do conhecimento, e de elaboração de uma prática com claros reflexos na cultura moderna (CANGUILHEM, 1982). A psicologia clínica trás consigo muitas formas de compreensão do homem e de causalidade de comportamentos, como a psicanálise, o behaviorismo metodológico e radical, destaca-se o behaviorismo radical e seu uso na área clínica, a gestalt e a área fenomenológico-existencial. História da Psicologia Clínica A psicologia clínica se baseia na observação e análise aprofundada de casos individuais. Criada por volta do final do século XIX por alguns médicos psiquiatras e neurologistas que tratavam pacientes com doenças mentais, foi desenvolvida por Freud, médico, discípulo de Breuer. Eles utilizavam a hipnose como método de cura de tais pacientes (FIGUEIREDO, 2006). Segundo a teoria de Breuer, que logo foi incorporada e melhor descrita por Freud, as doenças mentais provinham de conflitos que estavam localizados na mente da pessoa, e não necessariamente de problemas biológicos. Breuer acreditava que através da hipnose a pessoa poderia driblar censuras que a impediriam de lembrar certos fatos (os traumas), e assim melhorar sua idéia de tais, ou vivenciar experiências. Freud depois descreveu esse estado como catarse. Freud discordava quanto à eficiência da hipnose, e em contrapartida desenvolveu a técnica da livre associação. Foi aí que a Psicologia clínica nasceu, porque trouxe a cura pela palavra (FIGUEIREDO, 2006). A Psicologia Clínica Hoje Sem dúvidas, a clínica é mais famosa área de atuação da Psicologia, tanto que muitas pessoas ainda se admiram ao descobrirem que existem outras possibilidades de prática psicológica. A Psicologia Clínica estuda maneiras de lidar com os problemas humanos. Entende-se por "problemas humanos" aqueles originados do indivíduo enquanto um ser social – seus métodos podem incentivar o aparecimento ou aperfeiçoamento das capacidades de relacionamento e ajustamento intra e interpessoal, de aprendizagem e leitura do mundo e da realidade das pessoas. A psicologia clínica também é adequada ao tratamento de problemas mais complicados como as psicopatologias e os psicossomáticos (que são doenças/sintomas orgânicos com causas psicológicas) (BRENNER, 1972). Ela deve ser uma psicologia aplicada e concreta, ou seja, ser uma prática apoiada sobre um método (o clínico), sustentada, principalmente na análise de casos, cujo objeto é "o homem em conflito", desdobrando-se na constituição de uma teoria (BRENNER, 1972). A partir dessas definições, a psicologia clínica tem por objetivos aconselhar, curar, educar ou reeducar; ou melhor, ainda prevenir e resolver conflitos. A psicologia clínica deve responder à demanda do sujeito que sofre e procura seus serviços para curar sua "dor". Além disso, juntamente com outros trabalhadores sociais, o psicólogo clínico deve trabalhar situações concretas, contribuindo na prevenção dos problemas sociais, como a delinqüência e a criminalidade (DUTRA, 2004). O psicólogo clínico é um profissional de psicologia que trabalha na área da saúde mental. A sua formação permite-lhe fazer terapia como psicoterapia e psicanálise, não estando no entanto profissionalmente capacitado a receitar medicamentos, uma vez que essa é a área da psiquiatria. Os psicólogos clínicos estudam casos de forma aprofundada tendo por base a anamnese, a introspecção, a observação de comportamento, a associação livre, podendo também utilizar vários outros métodos qualitativos ( DUTRA, 2004). Psicanálise A psicanálise é uma disciplina científica que surgiu na década de 1890 com Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos (SCHULTZ, 2005). Desde o início, a psicanálise distinguia-se do pensamento psicológico geral tanto em relação aos objetivos, como no tocante aos métodos e ao objeto de estudo. A psicanálise possui como objeto de estudo a psicopatologia – ou comportamento anormal- em parte negligenciada pelas demais escolas de pensamento, e adota como principal método a observação clínica, e não a experimentação controlada de laboratório. E ainda trata do inconsciente, tópico praticamente ignorado por outros sistemas de pensamento (SCHULTZ, 2005). "Freud foi o responsável pela introdução da noção de inconsciente na psicologia" (SCHULTZ, 2005, p. 347). A característica essencial do trabalho psicanalítico é o deciframento do inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência. Isto porque são estes conteúdos desconhecidos e inconscientes, que determinam, em grande parte, a conduta dos homens e dos grupos – as dificuldades para viver, o mal-estar, o sofrimento, segundo a teoria da psicanálise (BOCK, 1999). A finalidade deste trabalho investigativo é o autoconhecimento, que possibilita lidar com o sofrimento, criar mecanismos de superação das dificuldades, dos conflitos e dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma, criativa e gratificante de cada indivíduo, dos grupos, das instituições (BOCK, 1999). "Nesta tarefa, muitas vezes bastante desejada pelo paciente, é necessário que o psicanalista ajude a desmontar, pacientemente, as resistências inconscientes que obstaculizam a passagem dos conteúdos inconscientes para a consciência" (BOCK, 1999, p. 80). Na mente, assim como na natureza física, nada pode acontecer por acaso. É necessário compreender e explicar corretamente esses princípios, pois nunca se aceita quaisquer fenômenos psíquicos como sem significado ou como acidental (SCHULTZ, 2005). No aparelho psíquico existe a inter-relação de três componentes, id, ego e superego, constituindo assim, os três sistemas de personalidade (BOCK, 1999). ID: reservatório inconsciente das pulsões, que sempre estão ativas. No id existe satisfação imediata dos impulsos, sem levar em conta a possibilidade de conseqüências indesejáveis. Id é uma fonte de impulsos, seria o reservatório de energia de toda a personalidade (BOCK, 1999). EGO: é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O ego se desenvolve a partir do id, à medida que o sujeito vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do id. O ego protege o id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e serenidade da personalidade (BOCK, 1999). Uma das características principais do ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. Com referência aos acontecimentos externos, o ego desempenha sua função dando conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e aprendendo através de atividade, a produzir modificações convenientes no mundo externo em seu próprio benefício (BRENNER, 1972). SUPEREGO: esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do ego. O superego atua como juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego, é o dispositivo dos códigos morais modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do superego: consciência, auto-observação e formações de ideais (BOCK, 1999). Enquanto consciência pessoal, o superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições. O superego tem a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da auto-observação, A formação de idéias do superego está ligada a seu próprio desenvolvimento (BRENNER, 1972). o superego de uma criança é, como efeito, constituído segundo o modelo não de seus pais, mas do superego de seus pais, os conteúdos que ele encerra são os mesmos e torna-se vínculo da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração (SCHULTZ, 2005). Citam-se aqui alguns autores que descreveram as principais teorias e métodos utilizados até hoje em sessões psicanalíticas. São eles: Alfred Adler, Carlos Jung, Lacan, Melanie Klein, Wilfred Bion, Donald Winnicott, Jean Laplanche e Sigmund Freud (SCHULTZ, 2005). Gestalt A psicologia da Gestalt é uma das tendências teóricas mais coerentes e coesas da história da psicologia. Seus articuladores preocuparam-se em construir não só uma teoria consistente, mas também uma base metodológica forte, que garantisse a consistência teórica (BOCK, 1999). "Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração" (BOCK, 1999, p.59). Ernst Mach (1838-1916) físico, Christian von Ehrenfels (1859-1932), filósofo e psicólogo desenvolveram uma psicofísica com estudos sobre as sensações (o dado psicológico) de espaço- forma e tempo- forma (o dado físico) e podem ser considerados como os mais diretos antecessores da psicologia da Gestalt (BOCK, 1999). Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kölher (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941), baseados nos estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção, construíram a base de uma teoria eminentemente psicológica (BOCK, 1999). Eles iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento. Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade (BOCK, 1999). A percepção é o ponto de partida, e também um dos temas centrais dessa teoria. Os experimentos com a percepção levaram esses teóricos a descobrir que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano (BOCK, 1999). "A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições para a compreensão do comportamento humano. A maneira como percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso comportamento" (BOCK, 1999, p. 61). Perls (1977, p.45), diz que, "na Gestalt terapia trabalhamos por algo mais. Estamos aqui para promover o processo de crescimento e desenvolver o potencial humano". Desse modo, o objetivo da Gestalt-terapia é ajudar o paciente a se completar, ou seja, a chegar ao seu máximo. Behaviorismo, o Estudo do Comportamento O termo Behaviorismo foi criado pelo psicólogo americano John B. Watson, que defendia o comportamento como objeto de estudo da psicologia. Os psicólogos da época buscavam um objeto observável, o qual poderia ser medido e posteriormente ser recriado em laboratório (FIGUEIREDO, 2006). Conforme o mundo evolui e aperfeiçoa-se, o ser humano do mesmo modo também o faz. Esses estudos e métodos até então elaborados não eram suficientes e capazes de explicar as mutações do comportamento humano. Dessa maneira, o psicólogo americano J. B. Watson elabora um projeto, sobre o qual Figueiredo (2006, p. 65) afirma que: o objeto da psicologia científica já não é a mente, ao contrário, é o próprio comportamento e suas interações com o ambiente. O método deve ser de qualquer ciência: observação e experimentação, mas sempre envolvendo comportamentos publicamente observáveis e evitando a auto- observação. Assim, para Watson era preciso abolir com a auto-observação, redefinindo a Psicologia como "ciência do comportamento". Passa-se então a estudar os movimentos do corpo e sua relação com o ambiente. Ele continua com a concepção do homem como um organismo, e partindo dessa noção a Psicologia dedica grande atenção aos estudos com ratos, bombos e macacos, pois enquanto organismo o ser humano assemelha-se a qualquer outro animal (FIGUEIREDO, 2006). Watson também defendia que o comportamento deveria ser estudado como dependente de algumas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas, e isso ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes através da hereditariedade e pela constituição de hábitos (FIGUEIREDO, 2006). Watson buscava a construção de uma psicologia sem alma e sem mente, com a capacidade de prever e controlar, ou seja, o behaviorismo metodológico não nega a existência da mente, mas nega-lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la pela sua inacessibilidade (MOREIRA, 2007). Para o behaviorismo metodológico o ambiente refere-se apenas às condições externas, neste sentido considera importante o critério de "verdade" via consenso público, ou seja, o qual só pode ser alcançado para eventos externos e públicos. Defende que o objeto de estudo seja somente o comportamento observável. Mesmo que não ignorasse os sentimentos e a subjetividade, Watson não acreditava que estes deveriam ser unidades de análise sobre o homem, enquanto objeto de estudo (MOREIRA, 2007). Sobre essa questão Bock (1999, p. 46) diz que: o behaviorismo metodológico dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas), e o ambiente (as estimulações). O comportamento nessa metodologia é entendido como interação indivíduo – ambiente, onde o sujeito é considerado produto e produtor dessas interações. O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F. Skinner. Skinner defendia que um estímulo tem uma resposta e essa resposta traz consigo uma conseqüência. Esse conjunto recebe o nome de condicionamento operante. Skinner objetivava analisar como os indivíduos compreendem seus próprios comportamentos, como o ambiente modula as interações humanas, e assim como a vida desses indivíduos poderia ser melhorada empregando a teoria da análise do comportamento (FIGUEIREDO, 2006). O behaviorismo radical se propõe a estudar eventos não observáveis (consciência, raiva, ciúmes...), neste sentido é que o seu "behaviorismo" é considerado radical, não de extremo, mas de ir até a "raiz" dos eventos para buscar a ordem entre os eventos, para isso, suas características focam cuidados para jamais tornar-se uma ciência dualista, ou mentalista que transfere e modifica a função dos eventos encobertos (MOREIRA, 2007). Devido sua preocupação com controles científicos, Skinner, frente aos rigores científicos também realizou a maioria de suas experiências com animais inferiores. Desenvolveu o que se tornou conhecido como "caixa de Skinner", um aparelho adequado para o estudo animal. Comportamentos poderiam ser modelados ou modificados gradativamente até que aparecessem respostas que ordinariamente não faziam parte do repertório comportamental do indivíduo (MOREIRA, 2007). Um grande passo de Skinner foi considerar o comportamento como algo que está sempre em reconstrução, ou seja, acreditar em um modelo de seleção pelas conseqüências, não só frente às características anatômicas e fisiológicas, mas também às comportamentais, que passam por sucessivos crivos de uma seleção baseada nos contatos dos organismos vivos com o seu ambiente, neste crivo, alguns comportamentos são eliminados, por inadequados, e outros são mantidos, por eficazes em garantir a adaptação e sobrevivência (MOREIRA, 2007). Desse modo, o processo psicoterapêutico geralmente apresenta três fases: auto-observação, auto-conhecimento e mudanças comportamentais. Tal subdivisão apresenta mais um caráter didático, e todas as fases podem ocorrer concomitamente. No caso da auto-observação, o indivíduo chega ao consultório simplesmente relatando o que está sentindo, sem entender muito bem as razões que o levam a sentir-se assim. Este é o momento em que se começa a fomentar no sujeito respostas de auto-observação. Ou seja, solicita-se que ele se observe mais, reconheça situações que façam com que se sinta mal, e saiba descrever muito bem a forma ou topografia de seu comportamento. Quando o indivíduo passa a reconhecer situações responsáveis por suas condutas, diz-se que ele começa o processo de auto-conhecimento. Essa é a fase tradicionalmente denominada "conscientização". O problema que o aflige é equacionado e mudanças podem agora ser planejadas. Chega-se então na terceira fase, na qual o processo de mudança pode, enfim, ter início. A ocorrência das duas fases precedentes é de importância fundamental para o planejamento de mudanças na vida desse ser humano. Somente com o reconhecimento retalhado das contingências que afetam o comportamento do mesmo, é que se pode aplicar técnicas, sugerir alternativas de condutas em situações delicadas, e levar o sujeito à busca de novos reforçadores (MOREIRA, 2007). Psicologia Fenomenológico-Existencial O enfoque fenomenológico em psicologia surgiu no campo da filosofia, no início deste século (XX), mas só tomou impulso e se desenvolveu a partir da década de cinqüenta até os dias atuais, entretanto, não chegou a constituir um conjunto de princípios articulados, unanimemente aceito pelos psicólogos que o adotam (FORGHIERI, 2004). A psicologia fenomenológico-existencial tem grande enfoque na vivência, sendo esse aspecto observado através do pressuposto de que cada pessoa é um ser único, incopiável e imprevisível. Assim sendo, criar um método psicoterápico seria "coisificá-lo", fazê-lo objeto, destruir assim sua categoria de existente, e negar qualquer possibilidade de ajuda real (ERTHAL, 1989). Por esse motivo, a terapia do foco fenomenológico-existencial é chamada de terapia vivencial. Erthal (1989, p. 72) escreve que: longe de ser um sistema de terapia, é mais uma atitude para com o ser humano, no sentido de fazê-lo atingir uma existência autêntica, no sentido de proporcionar um entendimento quanto às suas experiências, que são encaradas como sua própria verdade. Dessa maneira não existe terapia vivencial, mas sim terapias que têm como base pressupostos da filosofia existencial, portanto cada profissional desenvolve uma maneira particular de colocar em prática tais pressupostos (ERTHAL, 1989). Essa abordagem tem como princípio básico, a compreensão do cliente na sua totalidade. Compreendendo o enfoque fenomenológico, como aquele que realmente abarca o existir humano em sua totalidade, abrangendo a tristeza, alegria angústia, tranqüilidade, raiva, amor, vida e a morte, como pólos que se articulam numa única estrutura, e cuja vivência dá a cada um dos extremos, aparentemente opostos, o seu real significado, essa visão "total" do ser humano, indica que ao contrário de outras abordagens, a abordagem fenomenológico-existencial considera sentimentos como angústia e tristeza, partes do ser humano a serem compreendidas, e não patologias a serem eliminadas (FORGUIERI, 2004). De acordo com Forguieri (2004, p. 53), "ser sadio existencialmente consiste em se abrir às suas próprias possibilidades, como em se aceitar, e enfrentar os paradoxos e restrições da existência". Assim pode-se dizer que ser sadio existencialmente, consiste em enxergar-se como realmente se é, com potencialidades e limitações, aprendendo a lidar com as conseqüências de nossas escolhas. metodologia Trata-se de uma pesquisa que tem como finalidade específica a identificação e exploração dos dados obtidos com a entrevista, e partindo dos resultados poderá ser analisada a área da psicologia clínica e identificado o papel do psicólogo clínico. A abordagem utilizada para chegar a esse perfil será qualitativa, que de acordo com Lakatos (1991, p. 98), essa abordagem é "expressa através da subjetividade dos resultados da pesquisa". Será baseada em uma pesquisa descritiva, que segundo Gil (2002, p. 42): "tem como características a descrição dos fatos, os registros, as análises, a classificação e a interpretação dos mesmos, sem a interferência do pesquisador sobre eles". Caracteriza-se também como uma pesquisa de campo, que para Gil (2002, p.52.), "é desenvolvida nas Ciências Sociais, e pressupõe a coleta de dados onde eles efetivamente ocorrem, de forma sistematizada, organizada, sem, no entanto, realizar a experimentação". A pesquisa será realizada a partir de um questionário aberto, através da técnica de entrevista, que para Gil (2002, p. 117) "é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica proporcionando ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária. Pode ser classificada em tipo: padronizada ou estruturada ou não estruturada". Após a pesquisa de campo e coleta dos dados, será feito um levantamento com análise do conteúdo obtido (MINAYO, 1994, p. 67). Número de entrevistados: Corresponde à totalidade de profissionais que aceitarem participar da pesquisa, respondendo ao questionário da entrevista. Nesse trabalho tem-se a participação de profissionais que trabalham com a psicanálise e na área fenomenológico-existencial. Locais pesquisados: Clínicas de psicologia e Universidade Paranaense (UNIPAR) de Cascavel – PR. Público alvo da pesquisa: Profissionais de Psicologia da Região de Cascavel – PR. Instrumentos utilizados: Gravador e entrevista. Procedimentos: Utilizou-se um questionário aberto, aplicado através da técnica de entrevista, com perguntas pré-elaboradas. Buscou-se auxílio de alguns profissionais da área clínica, dirigindo-se até seus consultórios e entidades institucionais, onde em uma sala reservada e no próprio consultório aconteceu a troca de informações. No momento inicial os acadêmicos apresentaram-se, e expuseram por quais motivos estavam ali, e também entregaram para o entrevistado a carta de apresentação, e o termo de consentimento livre e esclarecido. Após essa etapa, entrevistou-se os profissionais, com uma entrevista face a face, em que os acadêmicos alternavam a vez de expor as questões. Essas entrevistas ocorreram nos meses de junho, julho e agosto, previamente marcadas com os participantes. análise de dados Questionou-se à psicóloga clínica P1 o que a motivou para cursar psicologia. "Queria trabalhar com problemas de aprendizagem, e depois eu percebi, fazendo uma formação, que eu gostava mesmo da área emocional". P3 respondeu que, "a gente vai descobrindo na verdade, no caminho, eu acho que uma coisa que me atrai bastante, é a questão da escuta, né, sempre fui uma pessoa que gostei bastante de ouvir os outros, é, tem algumas coisas que a gente tem que lidar dentro da clínica, que, no início não é assim tão bom como, por exemplo, acho que é um trabalho bastante solitário, é você com o paciente né, é diferente de um acompanhamento ou um trabalho comunitário, que se faz a nível de grupo, por isso é diferente, mas acho que a gente sempre está descobrindo conforme a gente vai avançando nos estudos profissionais". Segundo Ganguilhem (1982), a psicologia clínica é um campo de produção científica do conhecimento, e de elaboração de uma prática com claros reflexos na cultura moderna. Perguntou-se quais as técnicas ou instrumentos utilizados no atendimento clínico. "Através do diálogo, também trabalho com jogos, para questionar e analisar a questão da família", disse a psicóloga P1. A psicóloga P2 respondeu que "reações sobre determinado assunto, basicamente é análise, observação e intervenção". P3 diz que "basicamente a técnica da associação livre, eu tenho privilegiado dentro da linha da psicanálise a escuta e a linguagem do sujeito". Figueiredo (2006), a psicologia clínica se baseia na observação e análise aprofundada de casos individuais. As afirmações das psicólogas P1 e P3 podem ainda ser complementadas por Dutra (2004), onde afirma que o psicólogo clínico é um profissional de psicologia que trabalha na área de saúde mental. A sua formação permite fazer terapia, como a psicoterapia e psicanálise. Os psicólogos clínicos estudam casos de forma aprofundada tendo por base a anamnese, a associação livre, podendo também utilizar vários outros métodos qualitativos. Neste caso, trata-se de três psicólogas que trabalham com o referencial da psicanálise. Questionou-se a P3 qual é a sua concepção de homem. "É a concepção de homem basicamente regida pelo inconsciente, a psicanálise acredita em um homem calejado por uma via bastante complexa, né, desde o inicio, ele está sofrendo uma série de influências de transformações, e a maior parte do comportamento dele é regido via inconsciente, ou seja, são coisas bastante cognitivas que na maioria das vezes ele não tem noção, então a análise ajuda de certa forma, o sujeito a tomar consciência dessas questões do inconsciente", afirma P3. A característica essencial do trabalho psicanalítico é o deciframento do inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência. Isto porque são estes conteúdos desconhecidos e inconscientes, que determinam, em grande parte, a conduta dos homens e dos grupos – as dificuldades para viver, o mal-estar, o sofrimento, segundo a teoria da psicanálise (BOCK, 1999). Bock, (1999) complementa que, nesta tarefa, muitas vezes bastante desejada pelo paciente, é necessário que o psicanalista ajude a desmontar, pacientemente, as resistências inconscientes que obstaculizam a passagem dos conteúdos inconscientes para a consciência. Procurou-se saber qual seria o papel do psicólogo clínico. "Trabalhar a angústia, fazendo com que a pessoa compreenda sua dor, aliviá-la" disse a psicóloga P1. P2 respondeu usando uma frase de Walmir Monteiro. "Ser psicólogo é uma imensa responsabilidade. É uma notável dádiva, pois recebemos o dom de usar às palavras, o olhar, às expressões, e até mesmo o silêncio. O dom de tirar lá de dentro o melhor que temos para cuidar, fortalecer, compreender e aliviar". P3 afirmou que "principalmente eu acho a questão da escuta e da neutralidade, né, poder ouvir o outro sem pré- conceitos, pra se auxiliar de certa forma, devolvendo as questões que ele trás e não ouve. Também é necessário investigar, ouvir, perguntar, questionar". A finalidade deste trabalho investigativo é o autoconhecimento, que possibilita lidar com o sofrimento, criar mecanismos de superação das dificuldades, dos conflitos e dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma, criativa e gratificante de cada indivíduo, dos grupos, das instituições (BOCK, 1999). Dutra (2004), afirma que a psicologia clínica tem por objetivos aconselhar, curar, educar ou reeducar, ou melhor, prever e resolver conflitos. A psicologia clínica deve responder à demanda do sujeito que sofre, e procura seus serviços para curar sua "dor". Procurou-se saber quais problemas que aparecem frequentemente. "Aprendizagem e comportamento" afirmou a psicóloga P2. Já a psicóloga P1 responde que "tenho problemas de medos, transtorno de ansiedade, que pode se transformar em um processo fóbico, e transtorno de pânico". "São vários, problemas a nível de relacionamento, problemas conjugais, drogadição, dificuldade de relacionamento com os filhos, são problemas de toda espécie na verdade, pessoas que estão fazendo psicologia que estão querendo se conhecer melhor", responde P3. Segundo Schultz, (2005), [...] a psicanálise possui como objeto de estudo a psicopatologia – ou comportamento anormal, em parte negligenciada pelas demais escolas de pensamento. - P: participante - 2: refere-se à participante 2 - 1: refere-se à participante 1 - 3: refere-se à participante 3 conclusão A psicologia está hoje, como desde o início, dividida entre diferentes linhas de pensamento. Dessa maneira, decidiu-se optar em estudar e conhecer de forma científica a área da psicologia clínica e suas respectivas linhas teóricas. Sabe-se que a maioria dos psicólogos atuam na área clínica, diferenciando é claro, as visões de homem e as teorias utilizadas.Dessa forma, procurou-se pesquisar qual é a função desse psicólogo clínico, por que essa área da psicologia recebe tanta demanda, e como a área clínica surgiu e está se desenvolvendo. Na psicologia clínica pode-se desenvolver atividades de psicoterapia individual ou coletiva, atendendo um público que compreende desde bebês até idosos. Além disso, também é possível realizar aconselhamento psicológico, orientação familiar, orientação vocacional e psicodiagnóstico. As atribuições do psicólogo clínico não se limitam a uma perspectiva curativa (aspectos psicopatológicos), mas também se relacionam a prevenção, redução das situações de risco e a melhoria da qualidade de vida (DUTRA, 2004). O psicólogo clínico possui a especificidade de aperfeiçoar aspectos interpessoais e intrapessoais, além dos aspectos relacionados à história de vida do paciente. A ação desse profissional é requerida em situações de crise individual ou grupal, ou quando sucedem perturbações de comportamento ou personalidade (DUTRA, 2004). O psicólogo clínico costuma estar a serviço do indivíduo, ou de pequenos grupos de indivíduos. Parece realmente que é a crise da subjetividade privatizada que incrementa a procura pelos serviços da psicologia clínica, e faz com que o psicólogo clínico acabe se tornando uma figura quase popular entre certas camadas da população (FIGUEIREDO, 2006). Após análise dos resultados, compreende-se a psicologia clínica como sendo uma das subáreas de atuação da psicologia, que se destina a investigar e intervir no âmbito da saúde mental. Conclui-se também, que a psicologia clínica não se resume apenas em "consultório". Segundo Ganguilhem (1982), "não se pode cair no equívoco de traduzir clínica como sinônimo de prática de consultório. O consultório é um dos seus locais possíveis, mas a psicologia clínica é uma disciplina que não se resume a um de seus locais de aplicação" Muitos psicólogos aplicam técnicas semelhantes e concordam que as influências do passado ajudam a moldar o presente. Por exemplo: alguns psicólogos clínicos tentam compreender seus pacientes adultos explorando sua infância, investigando e examinando as forças que provocam determinado tipo de comportamento ou pensamento, como é o caso da psicanálise (BRENNER, 1972). Em termos genéricos, um psicólogo possui uma combinação única de métodos científicos, em conjunto com competências e experiência de trabalho com pessoas que apresentam problemas na vida real. Os psicólogos estudam a ciência do comportamento humano e aplicam este conhecimento no seu contexto profissional (ROTTER, 1967). No caso específico da área clínica / psicoterapêutica, os psicólogos podem ajudar o indivíduo a identificar os seus problemas e, conseqüentemente, a encontrar formas de melhor lidar com estes. Poderão auxiliar igualmente na mudança de comportamentos ou hábitos que contribuam para essas problemáticas, bem como a definir e pôr em prática formas construtivas de lidar com situações que estão fora do controle do indivíduo (ROTTER, 1967). Poder pensar em caminhos para organizar a experiência pessoal, estabelecer metas, adaptar-se melhor ao ambiente, e encontrar dentro desse ambiente formas capazes de proporcionar à satisfação, são algumas das necessidades dos seres humanos. Dutra (2004) afirma ainda que "o desenvolvimento educacional e econômico e a multiplicação de problemas profissionais da sociedade moderna, ressaltaram a importância do ajustamento psicológico em todas as ocupações e relações humanas". considerações finais De uma maneira geral, pode-se considerar que as atividades desenvolvidas durante o decorrer do ano, foram bem sucedidas. Destaca-se a compreensão dos elementos indispensáveis para a confecção de um relatório, e a sua importância no meio acadêmico. A entrevista com profissionais da área clínica, forneceu o material necessário aos objetivos do trabalho, e auxiliou para esclarecer às dúvidas relativas a esta área, ressaltando a importância de pôr em prática a técnica da entrevista, que é estudada em outras disciplinas. No momento em que se elaborou o questionário, não se pensou em perguntas mais direcionadas ao tema do trabalho, e sim às dúvidas que possuíamos e principalmente à curiosidade, dessa forma, o questionário ficou extenso e pouca coisa pode ser aproveitada para análise de dados, destaca-se aqui a necessidade de elaboração de um questionário mais sucinto, com um número maior de questões que focassem o referencial teórico. O referencial bibliográfico é mínimo se comparado às inúmeras obras existentes no campo da ciência psicológica, porém procurou-se priorizar àquelas que estavam ao nível de acadêmicos do primeiro ano de psicologia, com uma linguagem acessível e conteúdos específicos ao tema do trabalhado. Se houvesse maior conhecimento e procura de bibliografias, artigos científicos e periódicos, é de plena certeza que o relatório, como um todo, ficaria mais rico, melhor aprofundado e com uma gama de informações que de alguma forma, poderiam incrementar o material já pesquisado. Lamenta-se pela desunião do grupo e falta de interesse de alguns componentes, o que culminou em certo "desespero" em alguns momentos, e perda de oportunidades de entrevistar mais profissionais na área da psicologia clínica. Em contrapartida, é de enorme satisfação o conhecimento adquirido através de leituras, pesquisas, entrevistas, discussão com o grupo, divisão de tarefas, e a oportunidade de corrigir erros cometidos em relatórios iniciais, proporcionando uma aprendizagem excelente em termos de pesquisa, métodos, escrita e principalmente psicologia clínica. Acredita-se que os objetivos foram cumpridos. E tem-se certeza que a experiência de ter realizado o primeiro relatório da vida acadêmica, jamais será esquecido. E cada desafio lançado, será uma oportunidade de superar expectativas, potencializar capacidades e tornar-se humano. APÊNDICE A - Entrevista 1) Por que você escolheu a área da Psicologia clínica? P1 Eu diria que a clínica me escolheu na verdade né, foi aí que eu fui descobrindo a clínica devagarzinho, é eu queria trabalhar com criança e adolescente, então eu fui para a área clínica para isso para poder trabalhar a princípio com (pausa), com psicopedagogia, queria trabalha com problema de aprendizagem e depois eu percebi, fazendo uma formação, que eu gostava mesmo da área emocional, aí eu investi na área emocional para trabalhar com criança e adolescente. 2) Que tipos de instrumentos utiliza? Eu converso, na verdade... A clínica é a minha clínica hoje é só através de diálogo, com criança a gente faz à hora, eu faço à hora do jogo, como a minha linha é a psicanálise. Eu sigo à hora do jogo, trabalho com jogos também, com a casinha né, para trabalhar com a questão da família, e (pausa) converso com a criança o que ela precisar conversar, vou trabalhar a nível simbólico, o que ela trouxer de conteúdo, mais ou menos isso que eu faço. 3) Qual é o papel do psicólogo clínico? Trabalhar angústia é eu sempre digo assim, o cuidado que a gente tem que ter na clínica, principalmente quem segue a psicanálise, né, é de não trabalhar, é de não aliviar a angústia, mas trabalhar com ela né, que a gente possa fazer com que a pessoa compreenda a sua angústia, e não tentar aliviar, não vamos resolver, passar a mão na cabeça, não, a dor é a da pessoa e a gente tem que entender a gente tem que fazer ela compreender a sua dor, para não voltar a ter a dor novamente, então o meu papel na clínica é esse, fazer que ela compreenda essa dor. 4) Quais são as técnicas que você utiliza para atender? Como eu falei para vocês, a minha técnica é conversa. Eu sigo a... Eu sigo a psicanálise, eu sigo Lacan, então eu sempre vou me voltar para a área da psicanálise. 5) A sua concepção de homem é qual? (pausa)... Por exemplo, apesar de eu ser psicanalista né, todo psicólogo tem sua contradição né, eu sou, espiritualista, então (riso) eu acredito na... No homem integral, é, eu vejo, como eu sou psicóloga social, eu sempre enxergo assim a pessoa quando ela chega no consultório eu vou ter o olhar psicanalista, na hora de atuar, mas eu,eu sempre vou observar ela enquanto inserida numa sociedade, inserida no meio por que o meio tem uma influência sobre ela, tem uma formação sobre ela, então eu diria assim que (pausa) a minha formação social acaba ampliando um pouco né, e eu enxergo o homem como um ser bio psico sócio espiritual , em um contexto né, eu não acho que seja tudo emocional, eu tenho o maior cuidado quando as pessoas vêm aqui, principalmente casos depressivos, sempre vou estar olhando se tem um problema orgânico que possa estar provocando uma depressão, e eu vou trabalhar a depressão, da pessoa na hora que ela está apresentando né, (pausa), e, então eu sempre acho que é um conjunto de coisas, então é assim que eu vou estar enxergando o homem. 6) Como é seu ambiente de trabalho? (pausa)... Eu trabalho na área clínica né, então aqui, por exemplo, eu tenho essa sala de atendimento, que eu tornei ela assim, é o mais informal possível, para quebrar um pouco aquela idéia de que o consultório é uma coisa assim pesada, inclusive até a cor na parede, eu escolhi uma cor amarelinha, por que eu percebi que amarelo é aconchegante, que as pessoas iam se sentir a vontade, então, é (pausa), eu busco assim um lugar simples, por que tem a ver comigo, eu sou uma pessoa simples, e que possa trazer um momento agradável pra pessoa estar falando, afinal de contas ela vem pra falar dos seus problemas tem que ser algo que seja legal pra ela estar (neste momento ela está tomando chimarrão). 7) Como é a sua rotina de atendimentos (trabalho), e o que você faz, ouve o paciente, fala, questiona... Eu não entendi a pergunta (pausa), ah ta. É, na verdade assim, isso depende do momento da pessoa, né, eu diria assim, que eu mudei muito a minha forma de trabalhar, principalmente depois que eu comecei a formação em psicanálise que eu fundei , é, eu fundei um grupo de estudos que eu participo e... Então hoje eu te diria assim, eu converso, vou pedir muito para a pessoa estar falando, vou sempre questionar ela muito, tentar entender, é, eu enxergo um pouco o consultório como um quebra cabeça né, então a pessoa fala, como tem sempre um processo de repetição, às vezes na primeira consulta ela falou uma coisa, e a gente vai usar isso lá na sétima sessão, às vezes um ano depois e aí eu busco aquilo e trago pra ela, então, é uma interação, não é uma coisa assim, a pessoa fala eu fico calada, até por que eu não tenho esse perfil. A gente vai conversar, eu vou falar alguma coisa né, mas sempre evitando qualquer possibilidade de assim ah eu vou te dar um conselho, o que eu faria em uma situação dessas, não, é a pessoa quem tem que definir o que ela faria em uma situação dessas. 8) Qual é a média de atendimentos diários? Olha isso varia, na verdade, se eu fosse por assim, hoje eu devo estar atendendo (pausa), em torno de trinta horas, então divide na semana isso dá seis horas, eu acho, e têm tardes que eu tirei duas tardes para mim e duas manhãs, então, aí tem dias que eu atendo dez horas, tem dias que eu atendo menos, mas eu acho que dá seis horas. 9) Quem procura ajuda? (homens, mulheres, crianças, adolescentes ou adultos)? (pausa) aí, é variado, hoje é variado, eu comecei trabalhando como eu falei para vocês com crianças e adolescentes. Há uns sete anos mais ou menos começou aparecer adultos, e aí, inicialmente eu não queria muito atender, mas aí como a pessoa insistiu eu acabei atendendo e comecei gostar, então hoje, (riso) varia muito, é bem amplo, eu tenho hoje adultos homens né que eu acho que dá um resultado bem legal quando o homem aparece, não é um público que apareça muito na verdade, eu acho que aparecem mais mulheres, (pausa) mas é geralmente, não sei se é por que eu trabalhei muito com crianças e adolescentes, por isso me aparecem mais crianças e adolescentes. 10) Quais os problemas que aparecem freqüentemente? É, atualmente, bom nesse período eu faço orientação profissional, então aparece a orientação pra fazer, tenho problemas de medos, transtorno de ansiedade é o que mais aparece, e aí o transtorno de ansiedade varia o grau né, que pode se transformar em um processo fóbico ou transtorno de pânico, coisa assim (pausa) e.. Acho que é, é isso aí. 11) Qual é a faixa (classe) econômica dos pacientes que você atende? Varia, por que eu tenho muitos convênios, é, mas, mas é geralmente, particular é alto né, em média, média alta. 12) Qual é o preço médio de uma consulta? Quanto tempo (meses, anos...) leva uma sessão? A particular, pois é tu quer saber isso a nível de cidade? A minha é noventa reais. Ah isso varia muito da pessoa, da necessidade da pessoa, eu trabalho pela necessidade da pessoa, então ela vem e eu trabalho o que ela precisa trabalhar, e aí vai embora né, apesar de ser assim por que pela psicanálise, a gente vai trabalhando a angústia o auto-conhecimento e tal, mas não é o que as pessoas procuram né, então eu geralmente trabalho a necessidade da pessoa, a pessoa às vezes define assim o que está angustiando ela, e a gente vai trabalhando isso, resolveu está em alta né, não tem aquela coisa assim ah antigamente dizia, psicanálise é chato, por que é longo o processo, não, então varia, assim, eu já atendi gente cinco meses, um ano, já atendi três anos, processo que eu avalio assim processo de alta, levo, o máximo que levou foi quatro anos, depende muito do problema da pessoa da necessidade dela, o que ela quer trabalhar, criança é mais rápido o trabalho que o adulto, adulto demora mais, adolescente é mais rápido por que ele não fica muito tempo no atendimento ele vem mas logo vai embora, então, né. 13) Você trabalha com convênios? De que tipo? Trabalho com vários convênios, AMIC (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Oeste do Paraná), ACIC (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), trabalho com vinte convênios. 14) Você faz trabalhos voluntários fora da clínica? Por quê? Atualmente não, eu faço dentro da minha religião, mas não como psicóloga, é, trabalho voluntário, na verdade assim, fiz um tempo e parei, tenho um projeto, mas a nível de pesquisa que eu não consideraria trabalho voluntário, é para trabalhar em uma comunidade e eu estou mais ou menos estruturando, é por que como eu sou psicóloga social eu tenho que trabalhar na área social, então assim, é, não é ligado à instituição, mas que eu vou fazer por minha conta, em uma determinada comunidade (pausa), não está ligado a órgão nenhum. 15) Qual é o tempo de intervalo (meses, anos) entre uma sessão e outra? Dez minutos, (pausa) a consulta é cinqüenta minutos, nem sempre acontece assim, é eu procuro assim, por exemplo, hoje, por exemplo, meu dia, eu começo as duas e vou até as oito, então eu procuro sempre deixar um horário vago, é esse horário que eu estou atendendo vocês, por isso que eu paro, tomo um chimarrão, por que eu tenho que dar uma equilibrada, comer algum açúcar né, pra poder, por que assim, eu acho muito uma loucura muito grande, tocar direito sem parar né, e, então às vezes acontece de eu ter que começar as duas, mas ai eu vou direto sem poder fazer intervalo, eu tenho uma coisa, eu não gosto de atrasar atendimento, fico louca quando eu atraso, eu sempre combino assim se eu to marcada pras duas o mais tardar duas e dez eu tenho que começar, se eu não começo esse horário eu fico louca, por que eu odeio esperar e eu odeio deixar alguém esperando na sala de espera, então eu já combino dez minutos, é a tolerância, mais que isso eu vou ter que dar um jeito de avisar, claro que acontece, acontece do paciente entrar em crise não posso deixar uma pessoa que está em crise aqui no consultório sair, então eu tenho que dar uma equilibrada nela, daí eu dou um jeito de avisar talvez não o próximo, mas os outros, para que eles saibam que vai atrasar o atendimento e tal. 16) O que os pacientes mais valorizam em seu trabalho? (pausa) eu acho que é essa questão do horário, a questão da escuta, a questão da ética, eu acho que a primeira coisa que na verdade a gente tem que avisar pra pessoa que sai daqui... 17) Como é a sua postura frente a um paciente que está realizando sua primeira consulta? E o comportamento do paciente, de que forma acontece? É na verdade assim, quando ele vem à primeira vez, se ele estiver muito ansioso, eu vou fazer alguma brincadeira para acalmar, eu não tenho aquela postura assim, de deixar a ansiedade ficar alta principalmente no primeiro momento, adulto também. Eu vou fazer uma brincadeira tipo ah, para descontrair né, e por que eu acho que se tem alguma ansiedade inicialmente a gente vai poder trabalhar isso. (fizemos uma pausa, e ela volta a falar sobre a mesma pergunta)... É muito variado o comportamento dele e acaba a minha postura também sendo variada, é tem vezes que o paciente vem e fala tudo que vem à cabeça, e tem vezes que ele fica calado, não abre a boca, (pausa) e, tem vezes que ele se mostra bastante ansioso, então como que eu geralmente sou na primeira consulta, eu tento fazer uma brincadeira descontrair um pouco né a pessoa que é muito fechada, se for adolescente, eu faço uma dinâmica para que ele possa se soltar um pouco, por que eu acredito assim que é, é tão difícil a gente falar da gente ainda mais com uma pessoa que a gente nunca viu na vida e adolescente e criança, por exemplo, é o pai que manda, muitas vezes, nem sempre mas manda, e aí na primeira vez, ele pensa, o que ela vai falar para minha mãe e pro meu pai então eu faço uma brincadeira, através da brincadeira e da dinâmica aí a coisa deslancha, né, mas eu converso muito na verdade na primeira sessão. 18) Há quanto tempo está formada? E há quanto tempo atua na profissão? Eu me formei em noventa e três, dezembro de noventa e três, comecei a trabalhar... Na clínica em noventa e quatro, me formei e comecei a trabalhar, o consultório eu abri no final de noventa e quatro eu acho, mas só comecei a trabalhar em noventa e cinco, fiquei quase um ano pagando o consultório, porque é , hoje eu diria assim, consultório ele não escolhe o desejo da gente, na época eu não sabia se eu queria a área de educação ou se eu queria o consultório, por isso que eu digo que eu estou me achando né, por que eu fui devagarzinho descobrindo que eu gostava de consultório...Mais ou menos. 19) Como era seu pensamento sobre a psicologia (ou psicologia clínica) antes da formação? Em sua opinião, quais foram as mudanças na área desta ciência? Bom eu queria a psicologia para trabalhar com criança, eu não sabia nem como, gostava e gosto da área social trabalhei muito com psicologia social, e, então assim, a clínica a minha visão era de que tinha que ter um "baita" de um conhecimento tinha que estudar muito, tinha que, na visão que eu tinha né, tinha que "pirar", né, na verdade, tinha que "pirar", é, "tirar a agulha do palheiro" eu achava que era uma loucura muito grande, quando eu fiz né, e a visão do que eu tinha não dava conta disso (riso), imagina lembrar o que o paciente disse, mas nem pensar, no início, quando eu me formei inclusive eu anotava tudo, a pessoa saía e eu fazia um relatório pra não esquecer o que ela disse, depois não, depois eu comecei a estudar mais, a relaxar, hoje eu te digo, eu não anoto nada, o que a pessoa disse no primeiro encontro eu consigo lembrar lá na frente, a coisa flui com mais facilidade, mas a clínica eu via assim como um "bicho papão" mesmo. Houve, bastante na verdade assim, eu tive um choque muito grande, eu vim de Pelotas, e lá em Pelotas, eu me formei e vim pra cá, e lá a visão era assim, precisava de ajuda ia ao psicólogo, é, na faculdade, as professoras diziam pra mim que eu precisava de terapia, eu fui né, fui saber, por que eu achava que eu precisava fazer e eu fui fazer, então eu fui me conhecer, então era assim né se estudava muito, se discutia muito, era bem, era bem interessante a visão que tinha, no entanto o mercado de trabalho lá, diziam que estava muito esgotado, por que a faculdade era bastante gente né, e quando eu vim pra cá eu vim e comecei a trabalhar em uma escola e o ensino dizia que não precisava de psicóloga, eles diziam que psicóloga tratava louco e só né, no entanto em uma turma que eu entrei pra me apresentar né, falar o que eu conhecia sobre psicologia escolar e tal, as crianças me perguntaram o que eu estava fazendo lá se eles não eram loucos, né, (riso) que trabalho eu ia fazer lá, então assim eu levei um choque, muito grande, por que não tinha um trabalho de divulgação, e eu via assim, as pessoas que podiam fazer terapia, tinham muito dinheiro, acabavam indo pra São Paulo, Curitiba, não faziam aqui, por que as psicólogas que tinha aqui, elas não eram bem vistas, não eram valorizadas, tinha esse problema também né, ai eu arrumei um grupo de amigas de psicólogas que começou a divulgar a profissão, e ai, foi divulgando, como eu trabalhava em uma escola outras escolas né, escolas extremamente concorrentes, e outras escolas que não tinham psicólogas na época, começaram a contratar, e ai a coisa andou, foi divulgando né, foi começando a divulgar, fui muito pra televisão, para falar sobre psicologia fazia várias entrevistas né, ali na "vitrine" né, dava várias entrevistas para poder divulgar né, pra dar entrevista do dia do psicólogo né, ia na televisão fazia entrevista, então assim a gente foi divulgando, então hoje, eu garanto, mudou muito, tanto que tem três faculdades aqui, uma em Toledo, e a gente tem a sede de psicologia. Então de duzentos na época que eu saí duzentos psicólogos eu acho, (pausa). Então mudo muito. 20) Durante esse tempo em que se formou e que está trabalhando, fez (faz) aprimoramentos, estudos? Quais as áreas de maior interesse? Então, eu, eu fiz, a área de maior interesse é clínica e psicologia social, eu, eu fiz em noventa e nove, dois mil eu acho, eu tinha um grupo de estudo, que a gente estuda Freud, toda semana a gente se encontrava, e tenho um grupo de Lacan, que todos seguem Lacan a gente está com um grupo bem legal. Então o aprimoramento que eu fiz foi esse, na área social eu fiz bastante. E bastante cursos na área de família, pra trabalhar com grupos. E agora eu vou começar, estou começando o curso de orientação profissional, que é um chão para mim, e, que é a área que eu gosto de trabalhar, é eu tenho um trabalho de orientação profissional individual, diferenciado né. E agora eu vou começar uma outra formação. 21) Você fez alguma especialização? Nos dias atuais ela faz diferença? Por quê? Fiz saúde pública, e saúde mental. - É fundamental, Assim não é especialização, assim eu não sou daquelas pessoas que acha, ah tem que ter mestrado, doutorado, essas coisas, depende a área, a área escolar, dar aula, aí eu acho que tem que ter, mas eu acho importante, não o estudo, é o conhecimento, não pode ficar parado, hoje, por exemplo, eu trabalho só com clínica né, não tem tempo pra outra coisa, então é eu acho que por um tempo é legal, mas não sei se por que eu gosto da área social, eu começo a pensar o que eu vou fazer daqui pra frente por que senão a gente se fecha num "mundinho" só problema, e a gente tem que interagir com outras realidades, então tem que estudar, não tem jeito, tem todo um conhecimento na área que não deixa de ser importante, eu estou fazendo um curso agora, tem várias palestras que eu estou fazendo, sobre isso, mas eu fui pra formação que eu acho importante, até para ter contato com as pessoas, eu tenho até pela internet, a internet facilita um pouco, a gente tem discussões na área social na área hospitalar, então tem que estudar, não tem jeito, achar que só a faculdade vai dar a formação, não tem, se eu for fazer uma avaliação do processo clínico de como eu comecei e de como eu estou hoje, ta eu sei que tudo é uma questão da experiência, mas o que mudou, não foi só a experiência foi o estudo que eu já fiz, e a formação mais importante que eu acho da clínica, é a terapia, né, tem que fazer terapia, é o auto conhecimento, tem que se conhecer para poder ajudar, não consigo enxergar alguém que trabalha com clínica, por exemplo, que não faça terapia, não tem como, começar a misturar, começar a ter problemas em casa, não tem jeito. Acabar levando pra casa os problemas daqui, e trazendo pra cá os problemas de casa. 22) Para finalizar a entrevista, você tem algo que queira comentar sobre a psicologia clínica? Olha, eu diria assim, o que é mais importante entender da clínica, é que a clínica depende do teu emocional, e do teu desejo, então é, não digo assim, que tem que ser perfeito, não, né, tem altos e baixos, tive momentos difíceis nesses anos, e as pessoas entenderam, então, tem que fazer uma terapia, tem que procurar ajuda, tem que se conhecer, tem que entender o teu olhar frente ao paciente, que está atendendo, se tu é a pessoa mais indicada para atender essa pessoa, tem a questão ética, então em termos de psicologia clínica, então quem quer seguir essa carreira, seguir essa área, tem que estudar bastante, mas principalmente tem que se conhecer, tem que ter ética, o respeito pelo outro, o respeito pela dor do outro, e tem que (pausa) tem que desejar, o que é o desejar? Tem que querer estar aqui, não posso pensar, estou de "saco cheio," ficar pensando o que eu vou fazer depois, não quero atender essa pessoa, não dá, então tem que querer estar aqui, se eu não desejar, eu aprendi com uma amiga minha, que ela me disse assim, na época eu estava pra decidir, se eu fico só com consultório ou não fico, se eu vou dar conta, como que eu vou trabalhar só pra mim, como que eu vou pagar às contas estava de "saco cheio" de trabalhar pros outros e queria trabalhar pra mim. Então como que eu vou pagar às contas, e preciso do dinheiro aqui para me manter em casa, então eu tinha que ter uma reserva para janeiro e fevereiro, e para pagar às contas em casa, e então eu pensava não vai dar conta, não vai dar certo, então até então, era a realidade que eu vivia então ela me disse, não, se você tiver o desejo as coisas mudam, e então eu percebi é a área que eu quero, e aí eu , eu, comecei, percebi isso, que eu não queria mais trabalhar na psicologia social, trabalhar na APAE, sai da APAE, né, e .. Pacientes apareceram, então, nunca tive dificuldade assim, de sair um entrar outro, se a pessoa parou não tem problema outro entra, tive momentos de fila de espera, tem momentos que não tem fila de espera, nunca pensei assim, vou ter que dar alta pra um e pensar que o atendo particular e agora, vou ficar sem, (risos) não existe, então tudo depende do desejo, se a pessoa tem um desejo de trabalhar tem que ir em frente. Quando a gente começa, eu comecei trabalhando no consultório de alguém, depois eu fui pra uma sala é alugada, uma sala que eu não podia fazer muitas coisas, é um processo que a gente vai crescer, não pense que a gente vai se formar e já montar uma estrutura, por que essa estrutura aqui é cara, então para manter um consultório é muito caro, é tudo caro, é difícil pra começar, ter que divulgar, as pessoas têm um preconceito para recém formado, então tem que continuar um estudo, e depois começar com clínica. Eles não fazem convênios com menos de três anos de formação, então tem uma caminhada. 1) Por que você escolheu a área da Psicologia clínica? P2 Porque me identifico mais com essa área. Acredito que na área clínica diferente da área organizacional você pode ter uma maior percepção da situação do paciente e dos fatores que muitas vezes interferem sua vida. 2) Que tipos de instrumentos utiliza? Avaliação psicológica principalmente na área de aprendizagem. 3) Qual é o papel do psicólogo clínico? Olha, tem uma frase que vou usar aqui que acho super legal, espera aí (pausa), "Ser psicólogo é uma imensa responsabilidade. É uma notável dádiva, pois recebemos o dom de usar as palavras, o olhar, as expressões, e até mesmo o silêncio. O dom do tirar lá de dentro o melhor que temos para cuidar, fortalecer, compreender, aliviar...". Walmir Monteiro. Esse é o autor. 4) Quais são as técnicas que você utiliza para atender? Reações sobre determinado assunto. Basicamente é análise e observação e intervenção. 5) A sua concepção de homem é qual? Que o homem é fabuloso, a maneira com a qual ele tenta aliviar suas funções, a maneira que ele se defende consciente ou inconsciente de ataques, e como ele expressa isso no corpo, muitas vezes sem perceber. 6) Como é seu ambiente de trabalho? Pela prefeitura minha sala não permite que eu tenha esse espaço "harmônico", porém, tento fazer com que meu paciente se sinta à vontade. Já no meu consultório é confortável e aconchegante, lá eu criei meu espaço com a minha "cara". 7) Como é a sua rotina de atendimentos (trabalho), e o que você faz, ouve o paciente, fala, questiona... Pela prefeitura é bem puxado, é um paciente atrás do outro, e na clínica particular são menos pacientes, ou seja, a rotina de atendimentos é menor. Mas em ambas você observa, analisa e realiza intervenções no momento em que elas devem ser realizadas, pois cada paciente é único, sendo assim, suas questões também são. 8) Qual é a média de atendimentos diários? Pela prefeitura são de 8 a 9, porém, trabalho na prefeitura 8 horas semanais. Na clínica, no momento estou com 3 pacientes por semana, ou seja, têm dias que não tenho atendimentos. 9) Quem procura ajuda? (homens, mulheres, crianças, adolescentes ou adultos)? O maior número de atendimentos que realizo, são pelas mães que procuram ajuda para seus filhos, principalmente no fator aprendizagem, onde são encaminhados pela escola. Porém, tenho muitos encaminhamentos do Conselho Tutelar na fase da adolescência por questões de comportamentos. 10) Quais os problemas que aparecem freqüentemente? Aprendizagem e comportamento. 11) Qual é a faixa (classe) econômica dos pacientes que você atende? Tanto na clínica, como pela prefeitura, a média econômica é baixa. Atendo muitas famílias de cortadores de cana. 12) Qual é o preço médio de uma consulta? Quanto tempo (meses, anos...) leva uma sessão? Devido à cidade ser muito pequena, o preço varia de R$ 40,00 a R$ 60,00. O tempo de sessão depende muito do paciente, porém pela prefeitura você não pode ter um atendimento prolongado devido à fila de espera, então o foco é sempre amenizar o problema em questão, e assim estabilizar o paciente para que ele possa então continuar suas tarefas diárias. Na clínica o tempo é maior devido a essa liberdade de tempo. 13) Você trabalha com convênios? De que tipo? Sim. UNIMED. 14) Você faz trabalhos voluntários fora da clínica? Por quê? No momento realizo trabalhos pelo ROTARY na criação e desenvolvimento de projetos na área da infância e adolescência. Mas logo que me formei realizei trabalhos voluntários de atendimento clínico em uma instituição onde atendia crianças e adolescentes, porém com o tempo parei, pois o trabalho não era valorizado por parte dos pacientes e nem de suas famílias. Isso ocorreu pelo fator "voluntário", ou seja, não valorizavam por que não pagavam pelo serviço. Por isso hoje realizo projetos onde atendo um número maior de crianças e adolescentes, e tenho uma equipe que trabalha comigo no desenvolvimento desses projetos. 15) Qual é o tempo de intervalo (meses, anos) entre uma sessão e outra? Depende do paciente, não existe uma regra. Mas em geral é uma vez por semana e nos caso que percebo ser de uma gravidade maior, realizo atendimentos duas vezes por semana. 16) O que os pacientes mais valorizam em seu trabalho? Feedback (risos)... 17) Como é a sua postura frente a um paciente que está realizando sua primeira consulta? E o comportamento do paciente, de que forma acontece? A primeira consulta de certa forma é sempre mais "formal" visto que você tem que fazer a famosa anamnese. Já o paciente você percebe ele sempre mais tenso, com medo do que vai falar, e como vai falar e principalmente do que o psicólogo vai "achar" dele. 18) Há quanto tempo está formada? E há quanto tempo atua na profissão? Um ano e meio de formada, e o mesmo tempo de atuação, pouco né?! (risos)... 19) Como era seu pensamento sobre a psicologia (ou psicologia clínica) antes da formação? Em sua opinião, quais foram as mudanças na área desta ciência? Antes de me formar não queria clínica, porque achava muito monótona, queria organização porque sempre estaria "ocupada". Depois de formada vi que as coisas são muito diferentes, a clínica não tem nada de monótono, visto que cada paciente é único, você não tem uma rotina, claro que existem reproduções de falas, porém você tem que estar muito atenta ao contexto, ou seja, você tem que ficar atenta a tudo, mas acredito que na clínica você tem que estudar mais, estar sempre atualizada, e claro estar em terapia! 20) Durante esse tempo em que se formou e que está trabalhando, fez (faz) aprimoramentos, estudos? Quais as áreas de maior interesse? Pela prefeitura vou direto a palestras ou cursos. Mantenho-me atualizada pela internet, lendo matérias e artigos. Terminei minha pós em Gestão Estratégica de Pessoas (antigo RH). De certa forma ainda estou em busca daquilo que melhor se encaixe com o meu trabalho, na prefeitura de certa forma é mais a área de Saúde Mental e Prevenção. Então aos poucos vou descobrindo aquilo que melhor se encaixe no meu trabalho. 21) Você fez alguma especialização? Nos dias atuais ela faz diferença? Por quê? Fiz na área de Recursos Humanos a pós em Gestão Estratégica de Pessoas, e ela faz a diferença, visto que vivemos em grupo a todo o momento, então de forma formal ou informal você trabalha na gestão e aprimoramento de pessoas. 22) Para finalizar a entrevista, você tem algo que queira comentar sobre a psicologia clínica? Acho que a psicologia clínica é maravilhosa, mas não é porque você é psicólogo que você deva ter uma clínica, temos que mudar essa concepção de que a psicologia é só clínica, muitos de certa forma não estão aptos e nem preparados para esse trabalho. A psicologia é como toda área de atuação, cada um procura aquilo que melhor lhe agrade. Mas em nossa área temos que ter um maior cuidado, porque estamos trabalhando com sentimentos, desejos e ações, e uma intervenção no momento errado podemos até perder o paciente, porém, o que importa não é isso, mas sim como ele irá reagir a esta, sendo então responsabilidade nossa. Ética não é somente sigilo, mas sim a nossa forma de respeito e atuação frente ao nosso paciente. 1) Por que você escolheu a área da Psicologia clínica? P3 Por que eu escolhi a área de psicologia clínica? Olha, eu acho que isso é uma coisa que a gente vai descobrindo no caminho, é, da vida profissional, é (pausa) por que assim no início, eu sempre tive consultório, e no início, é bastante complicado você depender, é, principalmente financeiramente do consultório, é bem provável que no início, se você, opta por uma carreira clínica, tenha que se ter outros empregos até para conseguir se manter via financeiro, é, mas eu sempre tive consultório, mas por que a gente vai por uma linha ou por outra, acho que isso tem a ver com coisas de psicanalista também (risos), é, a gente vai descobrindo na verdade, no caminho, é, eu acho que uma coisa que me, que me, que me atrai bastante, é a questão da escuta, né, sempre fui uma pessoa que gostei bastante de ouvir os outros, é, tem algumas coisas que a gente tem que lidar dentro da clínica, que, no início não é assim tão bom como, por exemplo, acho que é um trabalho bastante solitário, é você com o paciente né, é diferente de um acompanhamento é, um trabalho comunitário, que se faz a nível de grupo, por isso é diferente, mas acho que por que, é, a gente sempre está descobrindo conforme a gente vai avançando nos estudos profissionais, né, até por que tem muitos aspectos inconscientes aí que a gente, é, tem uma idéia no início por que está indo por aquilo,né, e essa idéia é geralmente no início por que eu gosto, por que eu prefiro mas, no início a gente não tem nem, é, é , é difícil dizer claramente eu gosto por isso eu gosto por aquilo, até por que é uma coisa que a gente vai conhecendo, né, então acho que é uma coisa, algo que a gente está descobrindo por que a gente se enfiou em uma área e não na outra. 2) Que tipos de instrumentos utiliza? Eu utilizo a, a, eu trabalho com a psicanálise né, e a psicanálise ela utiliza basicamente a técnica da associação livre, né, eu não trabalho, eu não costumo trabalhar com testes. É eu tenho privilegiado dentro da linha da psicanálise a escuta e a linguagem do sujeito. 3) Qual é o papel do psicólogo clínico? Principalmente eu acho a questão da escuta e da neutralidade, né, o que é neutralidade, neutralidade é poder ouvir o outro sem pré-conceitos, pra se auxiliar de certa forma, devolvendo as questões que ele trás e não ouve, tem como objetivo principal ajudar ele a ouvir-se, acho que esse seria o objetivo principal. 4) Quais são as técnicas que você utiliza para atender? É como eu trabalho com a psicanálise, eu utilizo a escuta e neutralidade. 5) A sua concepção de homem é qual? A concepção de homem é a concepção de homem basicamente regida pelo inconsciente, né, é a gente, a psicanálise não acredita que o homem seja, é, acredita em um homem calejado por uma via bastante complexa, né, desde o início, ele está sofrendo uma série de, de, de influências de transformações, e a, maior parte do comportamento dele é regido via inconsciente, ou seja, são coisas bastante cognitivas que na maioria das vezes ele não tem noção, então a análise ajuda de certa forma, o sujeito a tomar consciência dessas questões do inconsciente. 6) Como é seu ambiente de trabalho? Aqui? Como em que sentido? É tranqüilo, aqui na verdade, funciona a ALCEP, que é um centro de formação em psicanálise, então tenho eu, eu atendo aqui e tem mais três pessoas que atendem então o espaço que além de promover atendimento clínico, promove estudos, cursos, palestras, é bastante tranqüilo. 7) Como é a sua rotina de atendimentos (trabalho), e o que você faz, ouve o paciente, fala, questiona... É, de acordo com a, técnica da psicanálise, né, é, ouço, questiono, faço tudo isso, não é verdade que o psicanalista, algumas pessoas tem idéia do psicanalista que ficaria só em silêncio né, que chega mudo e sai mudo, isso não é verdade, isso, a gente vai ouvindo, perguntando, questionando, tudo, quando a gente faz uma coisa ou faz outra? Isso vai depender de quem a gente esteja ouvindo né, do momento que a pessoa esteja falando, do que a pessoa esteja dizendo, mas a gente faz de tudo um pouquinho. 8) Qual é a média de atendimentos diários? Diários? Eu não tenho, eu não atendo todos os dias aqui, até por que eu tenho outras atividades, mas acho que a média diária, uns 5,6 pacientes. 9) Quem procura ajuda? (homens, mulheres, crianças, adolescentes ou adultos)? Principalmente mulheres, e é uma coisa que chama atenção né, acho que a mulher é mais, é aí a gente vai explicar isso dentro da linha da psicanálise, acho que a mulher é mais corajosa nisso, de procurar ajuda, de se questionar né, por que, por aspectos culturais, de constituição de personalidade, quanto sociais né, é muito mais difícil para o homem, hoje acho que isso está mudando um pouco, mas é muito mais difícil para o homem, homem sempre teve esse lado de certa forma conter os sentimentos né, e a mulher nem tanto, então sempre desde o início da minha carreira clínica com certeza foram mais mulheres, 80% posso dizer. 10) Quais os problemas que aparecem freqüentemente? Olha não tem, são vários problemas, não tem um problema que aparece mais que o outro enfim, são problemas a nível de relacionamento, problemas conjugais, é, drogadissão, dificuldade de relacionamento com os filhos, são problemas de toda espécie, na verdade, pessoas que estão fazendo psicologia que estão querendo se conhecer melhor, (risos). 11) Qual é a faixa (classe) econômica dos pacientes que você atende? Eu acho que a maioria é classe média, (pausa), mas assim como aqui é uma instituição de formação, é, a gente vai começar a constituir esse serviço aqui, a gente vai começar a fazer triagem, e até as pessoas que têm dificuldade de pagar, a gente vai fazer triagem para fazer um preço mais acessível, e as pessoas que estão fazendo formação, e na verdade não é nem eu que vou atender esses pacientes, as pessoas que estão fazendo formação aqui na ALCEP, é que vão atender essas pessoas. 12) Qual é o preço médio de uma consulta? Quanto tempo (meses, anos...) leva uma sessão? Eu não tenho um valor fixo, para consulta, pra cada paciente, eu tenho um valor fixo pra primeira consulta que geralmente é de 80 a 100 reais, e as outras sessões são combinadas com o paciente, até por que isso tem a ver com a forma como a psicanálise trabalha, o pagamento ele não é apenas o pagamento, pagamento pra gente tem a ver com o valor simbólico, que é o quanto o paciente está investindo na sua análise, então o dinheiro, é uma porção desse ponto, é um dos investimentos, né, então depende o paciente, não tenho um valor generalizado para todos os pacientes, isso eu vou discutir com o paciente na primeira sessão geralmente. (tempo). Também é super variado, não, a gente não estipula na primeira sessão, tempo, do tipo, seu tratamento vai durar três meses, dois anos, também não, até por que a gente entende que a análise, é, foge de alguma forma fala disso, mas é interminável, o que não quer dizer, que o paciente vai ficar eternamente dependente do analista, não é isso , é que todo momento, se ele avança na sua análise, vai chegar um momento que ele mesmo vai fazer sua auto análise, né, é essa análise que tem que ser interminável, esse auto analisar continuamente, só que até que a gente consiga fazer isso, normalmente a gente precisa de ajuda de uma analista, pra conseguir, fazer essa auto análise, então não tem um tempo limitado. 13) Você trabalha com convênios? De que tipo? Eu trabalho com convênios só de faculdade. 14) Você faz trabalhos voluntários fora da clínica? Por quê? Não, não faço, principalmente por questão de tempo, já fiz depois que me formei, já fiz esse tipo de trabalho, mas agora é praticamente impossível, principalmente pela questão do tempo que eu tenho disponível. 15) Qual é o tempo de intervalo (meses, anos) entre uma sessão e outra? De intervalo de meses? Se tem pacientes que retornam? Tem, mas esse tempo de intervalo é variado de acordo com cada paciente. 16) O que os pacientes mais valorizam em seu trabalho? O que eles mais valorizam? Eu acho que, no momento que ele vê transformações, no meu trabalho, e no dele, isso é uma coisa que eu sempre gosto de deixar claro, é o meu trabalho não tem andamento se não tem o trabalho dele, né, por isso é uma coisa que o paciente, é, tem certa mania em a análise está dando certo por que você está me ajudando, mas eu estou ajudando por que ele está deixando, então é um trabalho conjunto na verdade, e, é, repete a pergunta pra mim, por favor? Então, não dizem, que de alguma forma vão transformando as suas condutas, os seus comportamentos, eles vão tendo a prova de certa forma de que isso está tendo alguma serventia né, então, é, então não, apenas valoriza o meu trabalho, então é através do meu trabalho o tanto que eles também se ajudam, é um trabalho conjunto. 17) Como é a sua postura frente a um paciente que está realizando sua primeira consulta? E o comportamento do paciente, de que forma acontece? Também é variável (risos), não tem uma regra pra nada, quando a gente fala de ser humano, geralmente na primeira consulta as pessoas vêm bastante ansiosas, né, então, vale a pena deixar a pessoa falar bastante, a gente nas primeiras sessões, na verdade vai colhendo bastante dados por que a gente não conhece né, não sabe de quem se trata né, então é importante ir perguntando, ir ouvindo, entendendo a queixa, e tem alguns dados básicos, e o paciente ele vem com uma postura bastante ansiosa, e vem também com a postura de querendo resultados imediato querendo que de alguma forma a gente dê uma resposta sobre o que deva ser feito diante daquele problema, são questões que geralmente aparecem , geralmente os pacientes trazem, e que a gente tem que trabalhar de alguma forma no sentido de ajudar a entender que são problemas que normalmente vêm de tempo, e que não é de uma hora pra outra que vão ser resolvidos. 18) Há quanto tempo está formada? E há quanto tempo atua na profissão? Eu estou formada há 13 anos, e atuo há 13 anos. 19) Como era seu pensamento sobre a psicologia (ou psicologia clínica) antes da formação? Em sua opinião, quais foram as mudanças na área desta ciência? Aham, assim, como eu trabalho com a psicanálise, existem algumas diferenças da psicanálise e da psicologia tá , quando eu comecei a faculdade, já no segundo ano eu comecei a minha formação paralela em psicanálise, em centro de formação, então tem bastante diferença quanto ao objeto de estudo, quanto à maneira como se trabalha né, então, a minha referência está muito mais respaldada na psicanálise do que na psicologia, né, então a gente pode falar da psicologia, acho que a psicologia de alguma forma, evolui bastante né, até o próprio campo de trabalho está sendo mais abrangente, coisa que antes era diferenciado, a gente via muito mais psicólogos, por exemplo, trabalhando em clínica, hoje esse campo está sendo de alguma forma ampliado, dentro da minha formação eu tenho muito mais experiência dentro da psicanálise. 20) Durante esse tempo em que se formou e que está trabalhando, fez (faz) aprimoramentos, estudos? Quais as áreas de maior interesse? Eu fiz, eu sempre fiz cursos de formação nesses 13 anos, eu nunca deixei de fazer cursos de formação em psicanálise, eu fiz mestrado na área social e de personalidade, e a área de interesse é psicanálise como um todo. (risos) 21) Você fez alguma especialização? Nos dias atuais ela faz diferença? Por quê? Eu fiz a formação né, e fiz o mestrado, especialização propriamente dita não, é acho que sim, que faz diferença, até pra você ter uma maior abertura no mercado de trabalho faz uma diferença você ter uma especialização e principalmente pelo nível de conhecimento que você vai adquirindo no trabalho, até por que a faculdade dá uma idéia muito ampla, de todas as linhas, enfim, não dá tempo, a gente tem uma apresentação do que existe, mais ou menos os conceitos básicos de cada linha teórica, mas a gente vai se aprofundar mesmo depois da faculdade, não dá tempo na faculdade, né, então , acho que é importante ter esses cursos posteriores também. 22) Para finalizar a entrevista, você tem algo que queira comentar sobre a psicologia clínica? Eu acho que a psicologia clínica, é uma opinião minha né, é uma área bastante instigante assim, né por que você fica bastante em contato com o ser humano, como eu falei antes acho que é um trabalho bastante solitário, é você com o paciente, e pelo menos dentro da minha experiência profissional, a psicologia clínica, foi a área que mais me ensinou a como ser analista, por que acho que dentro da minha formação, também não pode ser assim, pode ser diferente com outras pessoas, ela me exigiu mais, é diferente de você trabalhar em grupo e você ter ajuda ali na hora de uma outra pessoa que pode ajudar intervir no grupo, por exemplo, ali dentro do consultório você está sozinha, no começo você se mistura com o paciente, até por não ter esse aprendizado, é difícil no começo é bem difícil, depois com os estudos, com a sua análise, você vai aprendendo a fazer essa separação, mas, é uma área que, exige bastante, e por exigir bastante ajuda a crescer bastante enquanto profissional, né, de início a gente não escolhe paciente, então, é uma variedade enorme de problemas, né e isso vai de alguma forma vai ampliando os limites que a gente tem também, né, por que não se trata, diante da dificuldade que a gente encontra com algum atendimento passar e encaminhar esse paciente, não é assim, é preciso tentar ajudar, caso realmente se entenda que não se dá, encaminhar, mas tentar de início ampliar esse limite que todos no início da carreira profissional temos. 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