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Ergonomia No Trabalho Ergonomia Física, Cognitiva E Organizacional

TCC apresentado ao curso de pós graduação da Candido Mendes

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UCAM - UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES MARIO MARTINS TOLEDO JUNIOR ERGONOMIA NO TRABALHO: OS BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA FÍSICA, COGNITIVA E ORGANIZACIONAL. MARATAÍZES – ES 2014 UCAM - UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES MARIO MARTINS TOLEDO JUNIOR ERGONOMIA NO TRABALHO: OS BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA FÍSICA, COGNITIVA E ORGANIZACIONAL. Artigo Científico Apresentado à Universidade Cândido Mendes - UCAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. MARATAÍZES – ES 2014 3 ERGONOMIA NO TRABALHO: OS BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA FÍSICA, COGNITIVA E ORGANIZACIONAL. Mario Martins Toledo Junior1 RESUMO O objetivo deste artigo é apresentar algumas reflexões atuais sobre ergonomia que podem contribuir diretamente para a melhoria de processos, produtividade, ambiente de trabalho, qualidade de vida, dentre outros. Este artigo faz uma breve análise sobre a ergonomia física, cognitiva e organizacional; demonstra em quais aspectos a ergonomia contribui para a diminuição das doenças ocupacionais e faz um levantamento sobre as atividades que causam prejuízos físicos nas organizações. Nessa direção, o governo brasileiro editou a Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia, que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. O presente trabalho visa mostrar através de pesquisa bibliográfica as maneiras para se reduzir os adoecimentos devido a fatores ergonômicos. Palavras-chave: Ergonomia. Trabalho. Homem. Sistemas. Introdução Com base em pesquisas e revisões bibliográficas, pôde-se constatar o aumento das doenças relacionadas às más posturas, condições de trabalho desconfortáveis e ambientes de trabalho mal planejados que levam os trabalhadores a desenvolverem cada vez mais, insatisfações com o local de trabalho além de doenças ocupacionais como LER e DORT causando afastamentos temporários ou permanentes. Este artigo tem por objetivos:  Expor a evolução da ergonomia e a sua importância nos dias atuais;  Demonstrar como a ergonomia pode ser uma das principais possibilidades para um bem-estar dos funcionários, atuando e levantando dados sobre a 1 Engenheiro de Petróleo e Gás pela UNES – Faculdade do Espírito Santo com registro no CREA-ES. Pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UCAM – Universidade Cândido Mendes. [email protected] 4 biomecânica, os perfis psicossociais e possíveis melhorias organizacionais possibilitando assim, um maior conforto no ambiente de trabalho;  Demonstrar também a importância da ergonomia como instrumento de prevenção de possíveis ambientes de trabalho fisiologicamente nocivos aos trabalhadores. O desenvolvimento dessas doenças ocupacionais resulta em grande ônus para as empresas devido à diminuição da produtividade e o pagamento de indenizações. Além disso, acabam gerando prejuízos para o trabalhador e para o governo. Essas perdas podem ser mitigadas ou até mesmo eliminadas com a implantação de um bom projeto ergonômico. Em 1960, a OIT - Organização Internacional do Trabalho, define ergonomia como sendo a "aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar" (MIRANDA,1980 p.63). Ou seja, a ergonomia é uma adaptação do trabalho ao homem e não o inverso. Assim afirma Taveira Filho (1993) quando diz que a ergonomia evoluiu dos esforços do homem em adaptar ferramentas, armas e utensílios às suas necessidades e características. Porém, foi a partir da Revolução Industrial, após o surgimento da fábrica e a intensificação do trabalho, que a ergonomia encontrou sua maior aplicação. Ergonomia O termo Ergonomia vem do grego onde, ergo significa trabalho e normo significa regras ou normas. De acordo com Laville (1977), o termo ergonomia foi criado e utilizado pelo inglês Murrel que passou a ser adotado oficialmente em 1949, ano da criação da primeira sociedade de ergonomia, a Ergonomics Research Society, que reunia psicólogos, fisiologistas e engenheiros ingleses interessados nos problemas da adaptação do trabalho ao homem. O elevado índice de afastamentos temporários ou permanentes por invalidez devido aos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tem sua origem na forma com que o trabalho tem sido realizado. Trabalhos estes que há 5 muito já vêm sendo estudados para que sejam feitas avaliações com relação à qualidade do local e as condições de trabalho em que o funcionário está submetido. Sell (1994) define os objetivos básicos da ergonomia como sendo a melhoria da produtividade do sistema e a humanização do trabalho, atuando em diferentes frentes para alcançar esses objetivos e tentando sempre melhorar a vida das pessoas e suas condições de trabalho. A rotina de trabalho dos funcionários é afetada por diversos fatores, com menor ou maior intensidade, que acabam influenciando o seu desenvolvimento. Dentre estes fatores, podem ser citados os aspectos físicos, organizacionais e cognitivos. Segundo a ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia), os domínios de especialização da ergonomia são: * Ergonomia física: está relacionada com as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. * Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, estresse e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas. * Ergonomia organizacional: concerne à otimização dos sistemas sóciotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM - domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade. Ergonomia nas organizações A ergonomia no Brasil começou a se destacar na USP, nos anos 60, mas o maior impulso ocorreu na COPPE, no início dos anos 70. 6 Como demonstra Bernardo (2010), o número de funcionários que adquiriram alguma doença por esforço repetitivo vem crescendo a cada dia, o que resulta no afastamento desse trabalhador de suas atividades onde, em alguns casos, esse afastamento pode ser definitivo. Isso é devido à execução de suas atividades laborais de maneira incorreta, o que pode ocasionar a LER/DORT. Exemplos dessas atividades são: a digitação em computadores, indústrias de confecções, metalúrgicos, marcenaria, entre outras. A LER também é conhecida como lesão por trauma cumulativo, mas muitos estudiosos preferem chamar as LER de DORT – doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho. Essas doenças podem ser causadas por esforços repetitivos, stress, trabalho excessivo ou também em certos esportes praticados intensivamente. Ainda segundo Bernardo (2010), geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas e ausência de pausas para descanso e exercícios físicos. O estresse e o excesso de trabalho podem variar desde mudanças no humor, ansiedade, irritabilidade e descontrole emocional até doenças psíquicas. Exercício diário para ativar os músculos, mesmo que seja de relaxamento é um ótimo começo para eliminar o estresse. A NR-11 trata de outro ponto importantíssimo responsável muitas vezes por dores musculares, lesões e até afastamentos, que é o transporte e movimentação de cargas. Quando esses serviços precisam ser executados manualmente, devemse respeitar os limites impostos por esta norma, pois em caso de negligência a coluna é a principal prejudicada, podendo levar a sérios danos. Norma Regulamentadora 17 De acordo com Mafra (2006), a Ergonomia, aliada ao movimento da qualidade, coloca-se como uma base para a proposta de melhoria contínua dos processos produtivos. Porém, diferentemente da qualidade, que é uma exigência de mercado (Normas ISO), a Ergonomia tem, no Brasil, exigência de lei, pela Norma Regulamentadora 17, do Ministério do Trabalho e Emprego. Como objetivo geral, a NR-17 permite a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, que inclui aspectos relacionados aos equipamentos utilizados, condições ambientais dos postos de trabalho, organização do trabalho, entre outros. O item 17.6.1 da NR-17 (p.45), que 7 aborda a organização do trabalho exige que suas formas sejam: “A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado”. Segundo Granjean apud Wachowicz (2008, p. 97), a investigação ergonômica deve buscar os seguintes objetivos: a) Ajustar as exigências do trabalho às possibilidades do homem, com o fim de reduzir a carga externa; b) conceber máquinas, os equipamentos e as instalações pensando na maior eficácia, precisão e segurança; c) estudar cuidadosamente a configuração dos postos de trabalho, com o intuito de assegurar ao trabalhador uma postura correta; d) adaptar o ambiente físico às necessidades físicas do homem. Nesse contexto, Brasil (2002) reforça o pensamento de que o objetivo da ergonomia é de adaptar o trabalho ao homem e não o contrário e que a NR 17 privilegia a participação do trabalhador na solução dos problemas existentes nos postos de trabalho onde, a análise ergonômica é um processo construtivo e participativo para a resolução de um problema complexo e exige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para atingir o desempenho e produtividade exigidos. Qualidade de vida com a implantação da ergonomia A Ergonomia é a ciência que mais afeta diretamente de forma positiva a qualidade de vida dos trabalhadores. Quando se faz um levantamento e se avalia situações causadoras de dor, de desconforto, fadiga e de afastamento, há uma melhora enorme na qualidade de vida dos trabalhadores. Couto (2007) exemplifica situações em que os trabalhadores têm uma melhor qualidade de vida, pois: - Elimina-se a dor ou desconforto na realização do trabalho; - O trabalhador deixa seu trabalho sem fadiga excessiva, podendo ser cidadão nas horas que está fora da empresa; - Trabalhando-se num sistema adequado de revezamento de turnos, seu sono será pouco prejudicado, bem como seu repouso será preservado; - Sua imagem corporal e aparência, embora não dependam só desse fator, não sofrem o desgaste precoce; 8 - Garante-se uma boa mobilidade e um bom estado de saúde para as atividades de vida cotidianas; - Previnem-se os tratamentos médicos e a dependência de medicamentos, próprios dos transtornos músculo-esqueléticos crônicos e dos distúrbios mentais; - Preserva-se a capacidade de trabalho do cidadão, o que é um dos itens mais importantes na tendência atual de aposentadoria em idades mais avançadas; - As soluções ergonômicas sabidamente melhoram as relações pessoais, sendo uma forma importante de solução de alguns tipos de conflitos, próprios das relações de trabalho; Essa forma sistemática atual de trabalho voltada para a saúde e bem-estar do trabalhador tem um grande valor para os funcionários e pode ser visto como um motivo de satisfação com a empresa. Couto (2007) ainda enumera os itens de ergonomia que estarão mais presentes na agenda das empresas nos próximos anos: 1- Dar respostas às questões ergonômicas relacionadas à reestruturação produtiva; 2- Prevenir eficazmente as doenças relacionadas às condições de ergonomia, levando a empresa a considerar esse item tão importante quanto à prevenção de danos ambientais; e tratar eficazmente o trabalhador acometido, retornando-o aos postos de trabalho melhorados, o mais rapidamente possível; 3- Lidar eficazmente com a demanda do Ministério Público do Trabalho; 4- Prevenção de indenização pelo dano; 5- O enfoque na organização do trabalho e na gestão; 6- O enfoque na qualidade de vida no trabalho; 7- O enfoque na saúde mental no trabalho; 8- Enfoque na empregabilidade: a questão do gênero, da idade e das pessoas portadoras de deficiência física; 9- O fator ergonômico na prevenção de acidentes. Conclusão Levando-se em consideração os aspectos acima citados, entende-se que a Ergonomia já está presente em tudo o que fazemos e não é diferente nos ambientes de trabalho. Se as empresas querem ser competitivas no mercado atual, elas 9 deverão utilizar-se da Ergonomia como estratégia para aperfeiçoar as condições de trabalho e os processos produtivos e, com isso, fazer com que as influências nocivas à saúde física e mental dos funcionários diminuam e também, proporcionar oportunidades para que estes participem ativamente desse processo de mudança. À medida que a ergonomia se inter-relaciona com a qualidade do produto, a qualidade dos processos e na melhoria das condições de trabalho, ela assume um papel cada vez mais importante dentro das empresas, deixando de ser vista apenas como o cumprimento de uma obrigação legal. Se por um lado, o uso da ergonomia pode sugerir um possível gasto maior, por outro representa uma economia para a empresa, devido à diminuição de afastamentos de funcionários por problemas de saúde relacionados ao tema, porém a economia que a ergonomia traz para a empresa vem apenas em longo prazo e isso é o que desestimula o uso por parte dos empresários. Vale lembrar que ao se desenvolver novas máquinas, novas tecnologias e ambientes de trabalho para o sistema produtivo, o ser humano tem que ser atendido em todos os aspectos na nova condição de trabalho e, se possível, serem melhores que as condições anteriores. Esses novos equipamentos ou formas de trabalho devem se adaptar ao ser humano, e não o ser humano "ser obrigado" a se adaptar a essas novas tecnologias. Referências Bibliográficas ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia) Disponível em: Acesso em: 25 jan. 2014. BERNARDO, Rogéria. Benefícios da ergonomia física, cognitiva e organizacional para as empresas Disponível em: Acesso em: 25 jan. 2014. BRASIL. Ministério do Trabalho. Manual de aplicação da norma regulamentadora nº 17. 2. ed. Poder Executivo, Brasília: Secretaria de Inspeção do Trabalho, 2002. 10 BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 17. Disponível em: Acesso em: 23 jan. 2014. COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao trabalho: conteúdo básico, guia prático. Belo Horizonte: ERGO Editora, 2007. MAFRA, J. R. D. Paulo. Set./Dez. 2006 Revista Contabilidade & Finanças. vol.17 no.42 São MIRANDA, Ivete Klein de. A ergonomia no sistema organizacional ferroviário. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo, v.8, n.29, p.6370, jan./mar.1980. SELL, I. Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho. Apostila. Curso de atualização. VIII Seminário Sul Brasileiro da Associação Nacional de Medicina do Trabalho – ANAMT, Florianópolis, Abril 1994. TAVEIRA FILHO, Álvaro Divino. Ergonomia participativa: uma abordagem efetiva em macroergonomia. Produção. v.3, n.2, p.87-95, nov.1993. WACHOWICZ, Marta Cristina. Ergonomia – aspectos físicos ambientais. 2008. Acesso em: 24 jan. 2014.