Transcript
1
APRESENTAÇÃO
Este texto é destinado aos estudantes do curso de Física que participam do programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí (UAPI), vinculado ao consórcio formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, com apoio do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Educação, e tem por objetivo introduzir de forma sucinta um estudo de equações diferenciais, concentrado em vários exemplos simples de equações diferenciais ordinárias de primeira e segunda ordem, além de mostrar exemplos de problemas da Física, que envolvem esses tipos de equações, de forma que iniciantes nessa área tenham total compreensão do assunto em estudo. O texto é composto de 07 unidades, contendo itens e subitens que discorrem sobre: Na Unidade 1: História das Equações Diferenciais Na Unidade 2: Conceitos Fundamentais Na Unidade 3: Equações de Primeira Ordem e Primeiro Grau Na Unidade 4: Equações Homogêneas Na Unidade 5: Equações Diferenciais Exatas Na Unidade 6: Equações Lineares de Primeira Ordem Na Unidade 7: Equações Lineares de Segunda Ordem
2
Unidade 1 - História das equações diferenciais ...................................... 7
Unidade 2 - Conceitos fundamentais ....................................................... 18 2.1 Equação diferencial ............................................................................. 18 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial.............................................. 18 2.2 Ordem de uma equação diferencial ................................................... 19 2.3 Grau de uma equação diferencial ....................................................... 19 2.4 Solução de uma equação diferencial.................................................. 20 2.5 Resolução de uma equação diferencial ............................................. 21 2.6 Tipos de solução .................................................................................. 21 2.7 Interpretação geométrica .................................................................... 22 2.8 Bibliografia ........................................................................................... 32 2.9 Web – Bibliografia ................................................................................ 33
Unidade 3 – Equações de 1ª ordem e 1º grau ............................................ 36 3.1 Definição ............................................................................................... 36 3.2 Equações de variáveis separáveis ..................................................... 36 3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis Separáveis ................................................................................................. 37
3
3.4 Aplicações: Problemas Geométricos ................................................. 45 3.5 Trajetórias ortogonais .......................................................................... 56 3.6 Bibliografia ............................................................................................ 67
3.7 Web-Bibliografia ................................................................................... 67
Unidade 4 - Equações homogêneas ......................................................... 70 4.1 Definição: Equação homogênea ......................................................... 70 4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea...................................... 70 4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea ........................ 70 4.4 Equações redutíveis às homogêneas ................................................. 77 4.5 Bibliografia ............................................................................................ 92 4.6 Web-Bibliografia ................................................................................... 92
Unidade 5- Equações diferenciais exatas ................................................ 96 5.1 Definição: Equação Diferencial Exata ................................................ 96 5.2 Teorema: Caracterização de diferenciais exatas ............................... 96 5.3 Fator integrante .................................................................................... 102 5.4 Pesquisa do fator integrante ............................................................... 102 5.5 Bibliografia ............................................................................................ 111 5.6 Web-bibliografia ................................................................................... 111
4
Unidade 6- Equações lineares de primeira ordem .................................. 114 6.1 Definição: Equações lineares ............................................................. 114 6.2 Métodos de resolução ......................................................................... 114 6.2.1 Método da Substituição ou Método de Lagrange ............................... 114 6.2.2 Método do Fator Integrante ................................................................. 117 6.3 Equação de Bernoulli ............................................................................. 126 6.4 Bibliografia ........................................................................................... 141 6.5 Web-Bibliografia ..................................................................................... 142
Unidade 7- Equações lineares de segunda ordem .................................. 146 7.1 Definição ............................................................................................... 146 7.2 Equação diferencial com coeficientes constantes ........................... 147 7.3 Equação característica ....................................................................... 148 7.4 Solução de uma equação homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 149 7.5 Solução de uma equação não homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 153 7.5.1 Método dos Coeficientes a Determinar ............................................... 153 7.5.2 Método da Variação dos Parâmetros de Lagrange ............................. 158 7.6 Bibliografia ........................................................................................... 165 7.7 Web-bibliografia ................................................................................... 165
5
6
Unidade I
HISTÓRIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS De várias maneiras, equações diferenciais são o coração da análise e do cálculo, dois dos mais importantes ramos da matemática nos últimos 300 anos. Equações diferenciais são uma parte integral ou um dos objetivos de vários cursos de graduação de cálculo. Como uma ferramenta matemática importante para ciências físicas, a equação diferencial não tem igual. Assim, é amplamente aceito que equações
Texto retirado do endereço abaixo: www.ufmt.br/ma tematica/geraldo /histed. html webmaster:Gera ldo L. Diniz
diferenciais são importantes em matemática pura e aplicada. A história sobre este assunto é rica no seu desenvolvimento e é isso que estaremos olhando aqui. Os fundamentos deste assunto parecem estar dominados pelas contribuições de um homem, Leonhard Euler, já que podemos dizer que a história deste assunto começa e termina com ele. Naturalmente, isso seria uma simplificação grosseira do seu desenvolvimento. Existem vários contribuintes importantes, e aqueles que vieram antes de Euler foram necessários para que ele pudesse entender o cálculo e a análise necessários para desenvolver muitas das ideias fundamentais. Os contribuintes depois de Euler refinaram seu trabalho e produziram ideias inteiramente novas, inacessíveis à perspectiva do século 18 de Euler e sofisticadas além do entendimento de apenas uma pessoa. Esta é a história do desenvolvimento das equações diferenciais. Daremos uma pequena olhada nas pessoas, nas equações, nas técnicas, na teoria e nas aplicações. A história começa com os inventores do cálculo, Fermat, Newton e Leibniz. A partir do momento que estes matemáticos brilhantes tiveram entendimento suficiente e notação para a derivada, esta logo apareceu em equações e o assunto nasceu. Contudo, logo descobriram que as soluções para estas equações não eram tão fáceis. As manipulações simbólicas e
7
simplificações
algébricas
ajudaram
apenas
um
pouco.
A
integral
(antiderivada) e seu papel teórico no Teorema Fundamental do Cálculo ofereceu ajuda direta apenas quando as variáveis eram separadas, em circunstâncias muito especiais. O método de separação de variáveis foi desenvolvido por Jakob Bernoulli e generalizado por Leibniz. Assim, estes pesquisadores iniciais do século 17 focalizaram estes casos especiais e deixaram um desenvolvimento mais geral das teorias e técnicas para aqueles que os seguiram. Ao redor do início do século 18, a próxima onda de pesquisadores de equações diferenciais começou a aplicar esses tipos de equações a problemas em astronomia e ciências físicas. Jakob Bernoulli estudou cuidadosamente e escreveu equações diferenciais para o movimento planetário, usando os princípios de gravidade e momento desenvolvidos por Newton. O trabalho de Bernoulli incluiu o desenvolvimento da catenária e o uso de coordenadas polares. Nesta época, as equações diferenciais estavam interagindo com outros tipos de matemática e ciências para resolver problemas aplicados significativos. Halley usou os mesmos princípios para analisar a trajetória de um cometa que hoje leva seu nome. O irmão de Jakob, Johann Bernoulli, foi, provavelmente, o primeiro matemático a entender o cálculo de Leibniz e os princípios de mecânica para modelar matematicamente fenômenos físicos usando equações diferenciais e a encontrar suas soluções. Ricatti (1676-1754) começou um estudo sério de uma equação em particular, mas foi limitado pelas teorias do seu tempo para casos especiais da equação que leva hoje seu nome. Os Bernoullis, Jakob, Johann e Daniel, todos estudaram os casos da equação de Ricatti também. Na época, Taylor usou séries para "resolver" equações diferenciais, outros desenvolveram e usaram estas séries para vários propósitos. Contudo, o desenvolvimento de Taylor de diferenças finitas começou um novo ramo da matemática intimamente relacionado ao desenvolvimento das equações diferenciais. No início do século 18, este e muitos outros matemáticos tinham acumulado uma crescente variedade de técnicas para analisar e resolver muitas variedades de equações diferenciais. Contudo, muitas equações ainda eram desconhecidas em termos de propriedades ou métodos de
8
resolução. Cinquenta anos de equações diferenciais trouxeram progresso considerável, mas não uma teoria geral. O desenvolvimento das equações diferenciais precisava de um mestre para consolidar e generalizar os métodos existentes e criar novas e mais poderosas técnicas para atacar grandes famílias de equações. Muitas equações pareciam amigáveis, mas tornaram-se decepcionantemente difíceis. Em muitos casos, técnicas de soluções iludiram perseguidores por cerca de 50 anos, quando Leonhard Euler chegou à cena das equações diferenciais. Euler teve o benefício dos trabalhos anteriores, mas a chave para seu entendimento era seu conhecimento e percepção de funções. Euler entendeu o papel e a estrutura de funções, estudou suas propriedades e definições. Rapidamente achou que funções eram a chave para entender equações diferenciais e desenvolver métodos para suas resoluções. Usando seu conhecimento de funções, desenvolveu procedimentos para soluções de muitos tipos de equações. Foi o primeiro a entender as propriedades e os papéis das funções exponenciais, logarítmicas, trigonométricas e muitas outras funções elementares. Euler também desenvolveu várias funções novas baseadas em soluções em séries de tipos especiais de equações diferenciais. Suas técnicas de conjecturar e encontrar os coeficientes indeterminados foram etapas fundamentais para desenvolver este assunto. Em 1739, desenvolveu o método de variação de parâmetros. Seu trabalho também incluiu o uso de aproximações numéricas e o desenvolvimento de métodos numéricos, os quais proveram "soluções" aproximadas para quase todas as equações. Euler então continuou aplicando o trabalho em mecânica que levou a modelos de equações diferenciais e soluções. Ele era o mestre de que este assunto necessitava para se desenvolver além de seu início primitivo, tornando-se um assunto coeso e central ao desenvolvimento da matemática aplicada moderna. Depois de Euler vieram muitos especialistas que refinaram ou estenderam muitas das ideias de Euler. Em 1728, Daniel Bernoulli usou os métodos de Euler para ajudá-lo a estudar oscilações e as equações diferenciais que produzem estes tipos de soluções. O trabalho de D'Alembert em física matemática envolveu equações diferenciais parciais e explorações
9
por soluções das formas mais elementares destas equações. Lagrange seguiu de perto os passos de Euler, desenvolvendo mais teoria e estendendo
resultados
em
mecânica,
especialmente
equações
de
movimento (problema dos três corpos) e energia potencial. As maiores contribuições de Lagrange foram, provavelmente, na definição de função e propriedades, o que manteve o interesse em generalizar métodos e analisar novas famílias de equações diferenciais. Lagrange foi, provavelmente, o primeiro matemático com conhecimento teórico e ferramentas suficientes para ser um verdadeiro analista de equações diferenciais. Em 1788, ele introduziu equações gerais de movimento para sistemas dinâmicos, hoje conhecidas como equações de Lagrange. O trabalho de Laplace sobre a estabilidade do sistema solar levou a mais avanços, incluindo técnicas numéricas melhores e um melhor entendimento de integração. Em 1799, introduziu as ideias de um laplaciano de uma função. Laplace claramente reconheceu as raízes de seu trabalho quando escreveu "Leia Euler, leia Euler, ele é nosso mestre". O trabalho de Legendre sobre equações diferenciais foi motivado pelo movimento de projéteis, pela primeira vez levando em conta novos fatores tais como resistência do ar e velocidades iniciais. Lacroix foi o próximo a deixar sua marca. Trabalhou em avanços nas equações diferenciais parciais e incorporou muitos dos avanços desde os tempos de Euler ao seu livro. A contribuição principal de Lacroix foi resumir muitos dos resultados de Euler, Lagrange, Laplace e Legendre. O próximo na ordem foi Fourier. Sua pesquisa matemática trouxe contribuições ao estudo e cálculos da difusão de calor e à solução de equações diferenciais. Muito deste trabalho aparece em The Analytical Theory of Heat (A Teoria Analítica do Calor,1822) de Fourier, no qual ele fez uso extensivo da série que leva seu nome. Este resultado foi uma ferramenta importante para o estudo de oscilações. Fourier, contudo, pouco contribuiu para a teoria matemática desta série, a qual era bem conhecida anteriormente por Euler, Daniel Bernoulli e Lagrange. As contribuições de Charles Babbage vieram por uma rota diferente. Ele desenvolveu uma máquina de calcular chamada de Máquina de Diferença, que usava diferenças finitas para aproximar soluções de equações.
10
O próximo avanço importante neste assunto ocorreu no início do século 19, quando as teorias e conceitos de funções de variáveis complexas se desenvolveram. Os dois contribuintes principais deste desenvolvimento foram Gauss e Cauchy. Gauss usou equações diferenciais para melhorar as teorias das órbitas planetárias e gravitação. Gauss estabeleceu a teoria do potencial como um ramo coerente da matemática. Também reconheceu que a teoria das funções de uma variável complexa era a chave para entender muitos dos resultados necessários em equações diferenciais aplicadas. Cauchy aplicou equações diferenciais para modelar a propagação de ondas sobre a superfície de um líquido. Os resultados são agora clássicos em hidrodinâmica. Inventou o método das características, o qual é importante na análise e solução de várias equações diferenciais parciais. Cauchy foi o primeiro a definir completamente as ideias de convergência e convergência absoluta de séries infinitas e iniciou uma análise rigorosa de cálculo e equações diferenciais. Também foi o primeiro a desenvolver uma teoria sistemática para números complexos e a desenvolver a transformada de Fourier para prover soluções algébricas para equações diferenciais. Depois destas grandes contribuições de Gauss e Cauchy, outros puderam refinar estas teorias poderosas e aplicá-las a vários ramos da ciência. Os trabalhos iniciais de Poisson em mecânica apareceram em Traité de mécanique em 1811. Aplicou seu conhecimento de equações diferenciais a aplicações em física e mecânica, incluindo elasticidade e vibrações. Muito de seu trabalho original foi feito na solução e análise de equações diferenciais. Outro aplicador destas teorias foi George Green. O trabalho de Green em fundamentos matemáticos de gravitação, eletricidade e magnetismo foi publicado em 1828 em An Essay on the Application of Mathematical Analysis to Electricity and Magnetism. A matemática de Green proveu a base na qual Thomson, Stokes, Rayleigh, Maxwell e outros construíram a teoria atual do magnetismo. Bessel era um amigo de Gauss e aplicou seu conhecimento sobre equações diferenciais à astronomia. Seu trabalho sobre funções de Bessel foi feito para analisar perturbações planetárias. Posteriormente estas construções foram usadas para resolver equações diferenciais. Ostrogradsky colaborou com Laplace, Legendre,
11
Fourier, Poisson e Cauchy enquanto usava equações diferenciais para desenvolver teorias sobre a condução do calor. Joseph Liouville foi o primeiro a resolver problemas de contorno resolvendo equações integrais equivalentes, um método refinado por Fredholm e Hilbert no início da década de 1900. O trabalho de Liouville sobre a teoria de integrais de funções elementares foi uma contribuição substancial para soluções de equações diferenciais. As investigações teóricas e experimentais de Stokes cobriram hidrodinâmica, elasticidade, luz, gravitação, som, calor, meteorologia e física solar. Ele usou modelos de equações diferenciais em todos os campos de estudo. Na metade do século 19, uma nova estrutura era necessária para atacar sistemas de mais de uma equação diferencial. Vários matemáticos vieram em socorro. Jacobi desenvolveu a teoria de determinantes e transformações em uma ferramenta poderosa para avaliar integrais múltiplas e resolver equações diferenciais. A estrutura do jacobiano foi desenvolvida em 1841. Como Euler, Jacobi era um calculador muito hábil e um perito numa variedade de campos aplicados. Cayley também trabalhou com determinantes e criou uma teoria para operações com matrizes em 1854. Cayley era um amigo de J. J. Sylvester e foi para os Estados Unidos para lecionar na Universidade Johns Hopkins entre 1881 e 1882. Cayley publicou mais de 900 artigos cobrindo muitas áreas da matemática, dinâmica teórica e astronomia. Cayley criou a noção de matrizes em 1858 e desenvolveu boa parte da teoria de matrizes nas décadas posteriores. Josiah Gibbs fez contribuições à termodinâmica, ao eletromagnetismo e à mecânica. Por seu trabalho nos fundamentos de sistemas de equações, Gibbs é conhecido como o pai da análise vetorial. À medida que o final do século 19 se aproximava, os principais esforços em equações diferenciais se moveram para um plano teórico. Em 1876, Lipschitz (1832-1903) desenvolveu teoremas de existência para soluções de equações diferenciais de primeira ordem. O trabalho de Hermite foi desenvolver a teoria de funções e soluções de equações. À medida que a teoria se desenvolveu, as seis funções trigonométricas básicas foram provadas
transcendentais,
assim
12
como
as
inversas
das
funções
trigonométricas e as funções exponenciais e logarítmicas. Hermite mostrou que a equação de quinta ordem poderia ser resolvida por funções elípticas. Enquanto seu trabalho era teórico, os polinômios de Hermite e as funções de Hermite se mostraram posteriormente muito úteis para resolver a equação de onda de Schrödinger e outras equações diferenciais. O próximo a construir fundamento teórico foi Bernhard Riemann. Seu doutorado foi obtido, sob a orientação de Gauss, na teoria de variáveis complexas. Riemann também teve o benefício de trabalhar com o físico Wilhelm Weber. O trabalho de Riemann em equações diferenciais contribuiu para resultados em dinâmica e física. No final da década de 1890, Gibbs escreveu um artigo que descreveu a convergência e o "fenômeno de Gibbs" da série de Fourier. O próximo contribuinte teórico importante foi Kovalevsky, a maior matemática antes do século 20. Depois de vencer dificuldades consideráveis por causa da discriminação de seu gênero, ela teve oportunidade de estudar com Weierstrass. No início de sua pesquisa, completou três artigos sobre equações diferenciais parciais. No seu estudo da forma dos anéis de Saturno, ela se apoiou nas contribuições de Laplace, cujo trabalho ela generalizou. Basicamente, o estudo de Kovalevsky era sobre a teoria de equações diferenciais parciais e um resultado central sobre a existência de soluções ainda leva seu nome. Ela publicou vários artigos sobre equações diferenciais parciais. Posteriormente, no século 20, trabalhos teóricos de Fredholm e Hilbert refinaram os resultados iniciais e desenvolveram novas classificações para o entendimento posterior de algumas das mais complicadas famílias de equações diferenciais. O próximo impulso foi no desenvolvimento de métodos numéricos mais robustos e eficientes. Carl Runge desenvolveu métodos numéricos para resolver as equações diferenciais que surgiram no seu estudo do espectro atômico. Estes métodos numéricos ainda são usados hoje. Ele usou tanta matemática em sua pesquisa que físicos pensaram que fosse matemático, e fez tanta física que os matemáticos pensaram que fosse físico. Hoje seu nome está associado com os métodos de Runge-Kutta para resolver equações diferenciais. Kutta, outro matemático aplicado alemão, também é lembrado por sua contribuição à teoria de Kutta-Joukowski de sustentação
13
de aerofólios em aerodinâmica, baseada em equações diferenciais. Na última metade do século 20, muitos matemáticos e cientistas da computação implementaram
métodos
numéricos
para
equações
diferenciais
em
computadores para dar soluções rápidas e eficientes para sistemas complicados, sobre geometrias complexas, de grande escala. Richard Courant e Garrett Birkhoff foram pioneiros bem- sucedidos neste esforço. Equações não lineares foram o próximo grande obstáculo. Poincaré, o maior matemático de sua geração, produziu mais de 30 livros técnicos sobre física matemática e mecânica celeste. A maioria destes trabalhos envolveu o uso e análise de equações diferenciais. Em mecânica celeste, trabalhando com os resultados do astrônomo americano George Hill, conquistou a estabilidade das órbitas e iniciou a teoria qualitativa de equações diferenciais não lineares. Muitos resultados de seu trabalho foram as sementes de novas maneiras de pensar, as quais floresceram, tais como análise de séries divergentes e equações diferenciais não lineares. Poincaré entendeu e contribuiu em quatro áreas principais da matemática - análise, álgebra, geometria e teoria de números. Ele tinha um domínio criativo de toda a matemática de seu tempo e foi, provavelmente, a última pessoa a estar nesta posição. No século 20, George Birkhoff usou as ideias de Poincaré para analisar sistemas dinâmicos grandes e estabelecer uma teoria para a análise das propriedades das soluções destas equações. Na década de 1980, a teoria emergente do caos usou os princípios desenvolvidos por Poincaré e seus seguidores.
14
15
16
Unidade2. Conceitos fundamentais ......................................................... 18 2.1 Equação diferencial ............................................................................. 18 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial.............................................. 18 2.2 Ordem de uma equação diferencial ................................................... 19 2.3 Grau de uma equação diferencial ....................................................... 19 2.4 Solução de uma equação diferencial.................................................. 20 2.5 Resolução de uma equação diferencial ............................................. 21 2.6 Tipos de solução .................................................................................. 21 2.7 Interpretação geométrica .................................................................... 22 2.8 Bibliografia ........................................................................................... 32 2.9 Web – Bibliografia ................................................................................ 32
OBJETIVO: Estudar os métodos básicos de resolução de equações diferenciais. Propiciar ao aluno desenvoltura em classificar e manipular problemas que envolvam equações diferenciais, com técnicas específicas de abordagem, adequadas à resolução de cada um.
17
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 2.1 Equação diferencial: Equação diferencial é toda equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. Exemplos: As equações 1. 2. 3. 4. a seguir são equações envolvendo a função incógnita y de uma variável x, exceto o exemplo 5, cuja função incógnita é z e as variáveis são x e y.
dy = 2x + 1 dx d2y − y=0 dx 2 2
d3y d2y d4y x − − y 2 = 1 + x 4 3 dx dx dx 2
d2y d3y x + y 3 = 1 − 2 dx dx
3
4
∂2z ∂2z + =0 ∂x 2 ∂y 2 2.1.1 Equação Diferencial Ordinária e Parcial Uma equação diferencial é dita ordinária ( EDO ) quando a função incógnita depende apenas de uma variável independente. E é dita equação diferencial parcial ( EDP ) quando a função incógnita depende de duas ou mais variáveis independentes. Exemplos: As equações 1. 2. 3. e 4. do exemplo anterior são equações diferenciais ordinárias, enquanto que a equação do exemplo 5 é uma equação diferencial parcial, pois z = z ( x, y )
18
2.2 Ordem de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada contida na equação. 2.3 Grau de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: Supondo a equação escrita sob forma racional inteira em relação às derivadas, chamamos de grau da equação o maior dos expoentes a que está elevada a derivada de mais alta ordem contida na equação. Exemplos: Analisando as equações do exemplo anterior podemos classificá-las quanto à ordem e ao grau em : Exemplo 1 : 1ª ordem e 1º grau
Saiba Mais: Logaritmos e propriedades operatórias www.brasilescola .com
Exemplo 2 : 2ª ordem e 1º grau Exemplo 3 : 4ª ordem e 3º grau Exemplo 4 : 3ª ordem e 2º grau Exemplo 5 : 2ª ordem e 1º grau
NOTA: Observemos, pelos exemplos a seguir, que nem sempre, à primeira vista, podemos classificar a equação de imediato quanto à ordem e grau.
x Exemplo 6.
d3y y − 3 =1 3 dx d y dx 3 é de 3ª ordem e 2º grau pois ela é 2
equivalente a
d3y d3y x 3 − y = dx 3 dx
19
Exemplo 7.
equivalente
ln
dy − ln x 2 = y dx é de 1ª ordem e 1º grau, pois ela é
dy 1 dy . = ey ln dx2 = y 2 x ou x dx ou
dy = x 2e y dx
Casos particulares
(1)
R
dQ 1 + Q = V0 ( t ) dt C é a equação diferencial ordinária de 1ª ordem e
1º grau que descreve a carga Q(t ) em um circuito RC que tem resistor de resistência R , um capacitor de capacitância C e um gerador que gera uma diferença de potencial V0 ( t ) d 2θ g + sen θ = 0 2 l ( 2 ) dt é a equação diferencial ordinária de 2ª ordem e
1º grau que descreve o movimento de um pêndulo simples de massa m e comprimento l . d2y dy m 2 +γ + ky = Fe ( t ) dt dt (3) é a equação diferencial ordinária de 2ª
ordem e 1º grau que descreve um sistema massa-mola composto de uma massa m presa a uma mola com constante elástica k , sujeita a uma força de atrito
Fa = − γ
dy dt e uma força externa Fe ( t )
∂ 2u ∂ 2u + 2 =0 2 dx ∂y (4) é a equação diferencial parcial de 2ª ordem e 1º grau que descreve o potencial elétrico u ( x, y, z ) de uma região em que não há cargas elétricas. 2.4 Solução de uma equação diferencial DEFINIÇÃO: Solução de uma equação diferencial na função incógnita y e na variável independente x, definida em um intervalo I, é toda função y(x) que verifica a equação diferencial identicamente para todo x, x ∈ I.
20
2 Exemplo 1. y = 3 x + x + 5 é uma solução da equação diferencial
dy = 6x + 1 dx Exemplo 2. y =
sen 2 x + cos 2 x é uma solução da equação
dy d2y = 2 cos 2 x − 2sen2 x + 4y = 0 2 dx , pois dx
d2y = − 4 sen 2 x − 4 cos 2 x dx 2 e daí
d2y 2 temos que dx + 4y = − 4sen2 x − 4 cos 2 x + 4( sen 2 x + cos 2 x ) = 0
2.5 Resolução de uma equação diferencial Resolver ou integrar uma equação diferencial é determinar todas as funções que sob a forma finita verificam a equação, ou seja, é obter uma função de variáveis livres que substituídas na equação transforme-a numa identidade. Exemplo:
Obtenha
uma
solução
para
a
equação
diferencial
dy = 2x + 1 dx dy = 2x + 1 Solução: Da equação dx podemos escrever dy = 2 xdx + dx e integrando fica
∫ dy = ∫ 2 xdx + ∫ dx
2 e daí temos y = x + x + C .
2.6 Tipos de solução Solução Geral: é a solução da equação que contém tantas constantes arbitrárias quantas forem as unidades da ordem da equação. 2 Exemplo 1. y = 3 x + x + C é a solução geral da equação diferencial
dy = 6x + 1 de primeira ordem dx
21
Exemplo 2. y = C1 sen 2 x + C 2 cos 2 x
é a solução geral da equação
d2y + 4y = 0 2 diferencial de segunda ordem dx
Solução Particular: é a solução da equação deduzida da solução geral, atribuindo-se valores particulares às constantes arbitrárias. 2 Exemplo 1. y = 3 x + x + 5 é uma solução particular da equação
dy = 6x + 1 diferencial dx ( tomamos no exemplo 1 anterior C = 5 ) Exemplo 2. y = sen 2 x + cos 2 x é uma solução particular da equação d2y + 4y = 0 2 C =1 diferencial dx ( tomamos no exemplo 2 anterior C1 = 1 e 2 )
2.7 Interpretação geométrica Geometricamente, a solução geral de uma equação diferencial representa uma família de curvas, que recebem o nome de curvas integrais. Essa solução denomina-se também de primitiva ou integral da equação diferencial. Exemplo: Seja a equação: dy = 2x dx 2 A sua solução geral y = x + C
nos fornece uma família de
parábolas de concavidade voltada para cima, como mostra a figura a seguir
22
Lista de exercícios resolvidos Determine para cada uma das curvas dadas a seguir a equação diferencial de menor ordem possível que não contenha nenhuma constante arbitrária:
Exemplo1.
y=
5x 2 +x+C 2
Solução: Graficamente temos
dy = 5x + 1 dx Derivando, temos: Exemplo 2. y = C1 senx + C 2 cos x Solução: Graficamente temos
23
dy = C1 cos x − C 2 senx Derivando, temos: dx
Como as constantes não foram eliminadas, devemos derivar mais uma d2y d2y cos = − C senx − C x = − (C1 sen x + C 2 cos x ) 1 2 2 2 vez, daí: dx ou dx
É fácil ver que o valor entre parênteses corresponde ao próprio y dado, o que permite escrever: d2y + y=0 dx 2 2 Exemplo 3. y = C x
Solução: Graficamente temos
24
dy y C= 2 = 2 Cx x e em seguida, Derivando, temos dx e observando que dy y =2 x 2 x e simplificando temos substituindo na derivada, obtemos dx dy 2 y = dx x Exemplo 4. y = C1x2 + C2 Solução: Graficamente temos
Derivando, temos
dy = 2C1 x dx . Como as constantes não foram todas
d2y = 2C1 2 eliminadas, derivamos novamente e obtemos dx .Daí, substituindo o
valor de 2C1 na igualdade anterior, fica : dy d2y = x dx dx 2
ou
x
d 2 y dy − =0 dx dx 2
Exemplo 5. y = A cos ( x + B ) , onde A e B são constantes. Solução: Graficamente temos
25
Derivando duas vezes, temos
dy d2y = − A sen ( x + B ) = − A cos( x + B ) 2 dx e dx Observando que o segundo membro é − y , temos: d2y d2y = − y + y=0 2 dx 2 ou dx 3x −2 x Exemplo 6. y = C1e + C 2 e
Solução: Graficamente temos
2x 5x Multiplicando ambos os membros por e2x, temos: e y = C1 e + C 2
26
Derivando,
e2x (
obtemos
:
e2x
dy + 2 e 2 x y = 5C1 e 5 x dx ,
e
daí
temos
dy + 2 y ) = 5C1e 5 x dx
Multiplicando por e
−5 x
dy e −3 x + 2 y = 5C1 dx , temos e derivando de novo
d2y dy dy e − 3 x 2 + 2 − 3 e − 3 x + 2 y = 0 dx dx dx fica d 2 y 2dy dy e −3 x 2 + − 3 − 6 y = 0 dx dx dx Assim, agrupando, fica d 2 y dy e −3 x 2 − − 6 y = 0 dx dx , o que nos permite escrever d 2 y dy − − 6y = 0 dx dx 2 −3 x pois e ≠ 0
x =1 + Cy y ln Exemplo 7.
Solução: Graficamente temos
27
ou
Usando
propriedades
operatórias
dos
ln x − ln y = 1 + Cy e isolando o valor de C obtemos
logaritmos, C=
temos
1nx − 1ny − 1 y
dy 1 dy − dx = C y dx Derivando, temos x
Substituindo C pelo seu valor obtido acima temos: dy ln x − ln y − 1 dy 1 − dx = . x y y dx
Multiplicando ambos os membros por xy fica:
y−x
dy dy dy dy dy dy = x(1nx − 1ny − 1) y−x = x1n x. − x1n y − x dx dx ou dx dx dx dx ou
y=x
dy (1n x − 1n y ) dx
E assim podemos escrever
y=x
dy x 1n dx y
Exemplo 8. Determine a equação diferencial da família de círculos de raio 2 e cujos centros estejam sobre o eixo dos x . Solução: Graficamente temos
28
2 2 2 A família de círculos é dada por ( x − a ) + y = 2 onde a
é a
abscissa do centro. 2 2 temos y = 4 − ( x − a )
Daí,
e
derivando
obtemos
2 ydy = − 2( x − a )dx e elevando a dois temos ( 2 ydy ) 2 = [ 2( x − a ) dx ] 2 . 2 2 2 2 2 Desenvolvendo, fica 4 y ( dy ) = 4 ( x − a ) ( dx ) , e substituindo ( x − a ) por
4 − y 2 temos
4 y 2 ( dy ) 2 = 4 ( 4 − y 2 )( dx ) 2 ;
Simplificando, fica
y 2 ( dy ) 2 = ( 4 − y 2 )( dx ) 2
e daí a equação diferencial procurada é 2 4 − y2 dy = y2 dx
Lista de exercícios propostos 01. Nas equações diferenciais a seguir determine, de cada uma delas: (i) a ordem, (ii) o grau, (iii) a função incógnita, (iv) a variável independente. 2
d2y dy 2 − 3 y + xy = 0 dx dx t2
d 2s ds −t = 1 − sen t 2 dt dt
29
7
db = 3 p dp 02. Quais, dentre as funções abaixo, são soluções da equação d2y − y = 0? 2 diferencial dx x (i) y = e
(ii) y = sen x
(iii) y = 0
03. Eliminando as constantes, forme as equações diferenciais das famílias de curvas a seguir: 2 2 a) x + y = C
x b) y = C e
y = ( C1 + C 2 x )e x + C3
c)
2x −x d) y = C1e + C 2 e
Solução da lista 01. a) (i) 2 (ii) 2 b) (i) 2 c) (i) 1
(ii) 1 (ii) 7
(iii) y
(iv) x
(iii) s
(iv) t
(iii) b
(iv) p
02. (i) Analisando a função do item (i), isto é, verificando se ao substituirmos
y = ex
inicialmente derivar obtemos
d2y = ex 2 dx .
na equação obtemos uma identidade. Devemos x
y = e .Daí temos
dy = ex dx e derivando novamente
Substituindo os valores de
d2y dx 2
d2y − y = e x − e x = 0. x dx 2 Logo y = e é solução da equação dada.
30
e
y
temos
dy (ii) Procedendo de modo análogo para y = sen x temos dx = cos x
e
d2y = − sen x dx 2 .
Substituindo,
d2y − y = − sen x − sen x = −2 sen x ≠ 0 dx 2 . Logo
y = sen x
temos
não é solução da
equação dada.
dy d2y =0 =0 2 (iii) Do mesmo modo para y = 0 temos dx e dx e
Substituindo, temos
d2y − y=0−0=0 dx 2 . Logo
y = 0 é também
solução da equação dada. 2 2 03.a) Derivando x + y = C , temos 2 xdx + 2 ydy = 0 , e dividindo por 2
obtemos xdx + ydy = 0 , que é a equação procurada x x b) Derivando y = C e , temos dy = Ce dx , e substituindo o valor de
dy dy = y − y=0 y fica dy = ydx ou dx ou dx . c)
y = ( C1 + C 2 x )e x + C3 ,
Derivando
temos
dy = ( C1 + C 2 x )e x + C 2 e x = ( C1 + C 2 + xC2 )e x dx e multiplicando por e−x
−e
dy = ( C1 + C 2 + xC2 ) dx , −x
derivando
pela
segunda
vez
temos
2 dy −x d y +e = C2 dx dx 2 .Como ainda não eliminamos todas as constantes,
derivamos e−x
e
e − x fica
mais
uma
vez
e
obtemos
2 3 3 2 dy d2y dy −x d y −x d y −x d y −x d y e e e e − e−x − + = 0 − 2 + e−x =0 2 2 3 3 2 dx dx dx dx dx dx dx ou .
−x Daí, como e
d3y d 2 y dy − 2 + =0 ≠ 0 podemos escrever dx 3 dx dx 2 .
31
2x −x x d) Multiplicando ambos os membros de y = C1 e + C 2 e por e
obtemos
3x
x
e y = C1 e + C 2 e
Multiplicando agora por
e
−3 x
derivando obtemos
e −2 x y + e −2 x
novamente,
pois
− 2e − 2 x y + e − 2 x
dy dy d2y − 2 e −2 x + e −2 x = 0 dx dx dx 2 ou
e −2 x
devemos
temos
eliminar
d2y dy − e −2 x − 2e − 2 x y = 0 2 dx dx .Como
a
e −2 x ≠
ex y +ex
dy = 3C1 dx e derivando
constante
0,
dy = 3C1e 3 x dx .
C1 ,
podemos
temos
escrever
d2y dy − − 2y = 0 2 dx dx
2.8 Bibliografia C. H. Edwards Jr. e D. E. Penney. Equações
Diferenciais
Elementares com Problemas de Valores de Contorno. Prentice–Hall do Brasil, (1995) D. G. Figueiredo e A. F. Neves. Equações Diferenciais Aplicadas. IMPA, (1997). F. Ayres Jr. Equações Diferenciais. Coleção Schaum, Ao livro Técnico, (1963). S. Abunahman. Equações Diferenciais. EDC, (1991). W. E. Boyce R. e C. DiPrima. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. LTC, (2002).
32
2.9 Web – bibliografia
33
34
Unidade 3 – Equações de 1ª ordem e 1º grau .......................................... 36 3.1 Definição ............................................................................................... 36 3.2 Equações de variáveis separáveis ..................................................... 36 3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis Separáveis ................................................................................................. 37 3.4 Aplicações: Problemas Geométricos ................................................. 45 3.5 Trajetórias ortogonais ......................................................................... 56 3.6 Bibliografia ........................................................................................... 67 3.7 Web-Bibliografia ................................................................................... 67
OBJETIVO Desenvolver no aluno a percepção da importância e do grau de aplicabilidade das equações diferenciais na modelagem matemática de situações concretas.
35
3. EQUAÇÕES DE 1ª ORDEM E 1º GRAU
3.1 Definição: equações
da
Equações de 1ª ordem e 1º grau são todas as
forma
M dx + N dy = 0 chamada
dy = F ( x , y) dx , forma
chamada
diferencial,
em
forma que
padrão,
ou
M = M ( x, y) e
N = N ( x, y) Exemplos:
dy = 5x + 1 1) dx ou (5x + 1)dx − dy = 0
2) ydx + xdy = 0 ou
dy y = − dx x
dy tgx sec y = 3) dx sec xtgy = 0 ou tg x sec y dx – sec x tg y dy = 0
3.2 Equações de variáveis separáveis Definição: Uma equação do tipo M dx + N dy = 0 é dita de variáveis separáveis se M e N forem: a) Funções de apenas uma variável, isto é: M ( x, y ) = A ( x ) e
N ( x, y ) = B ( y ) . b) Produtos com fatores de uma só variável M ( x, y ) = A1 ( x ) A2 ( y ) e N ( x, y ) = B1 ( x ) B2 ( y ) .
36
3.3 Resolução de equações diferenciais de variáveis separáveis a) Se a equação M ( x, y) dx + N ( x, y) dy = 0 de variáveis separáveis é do tipo A1 ( x ) A2 ( y ) dx + B1 ( x ) B2 ( y ) dy = 0 , separando as variáveis x e y, de forma que os coeficientes de dx e dy sejam respectivamente funções de x e de y, resulta uma equação de variáveis separáveis.
A1 ( x) A ( y) dx + 2 dy = 0 B ( x ) B ( y ) 2 Assim, vem: 1 A1 ( x)
E integrando, temos
A2 ( x) dy = C 2 ( x)
∫ B ( x) dx + ∫ B 1
A equação obtida é a solução geral de uma equação de variáveis separáveis.
Lista de exercícios resolvidos Para as equações a seguir, mostre que são do tipo variáveis separáveis e obtenha uma solução para as mesmas
dy = 5x + 1 Exemplo 1. dx . Solução: Observe que esta equação é de variáveis separáveis, pois uma vez escrita na forma diferencial, temos
M ( x, y ) = A ( x ) = 5x + 1 e
( 5 x + 1 )dx − dy = 0 ,
onde
N ( x, y ) = B ( y ) = − 1. E para obtermos a
solução basta integrar. Desta forma temos: 5x 2 + x− y=C ∫ (5 x + 1)dx − ∫ dy = C e portanto 2 é a solução geral da
dy = 5x + 1 equação diferencial dx .
37
Exemplo 2. ydx + xdy = 0 Solução: É fácil ver que tal equação é de variáveis separáveis, pois, para tanto, basta dividirmos os membros por xy , chamado fator de integração, e daí temos a equação equivalente
M ( x, y ) = A ( x ) = 1 1 ∫ dx + ∫ dy = C x y
1 x
e ou
N ( x, y ) = B ( y ) =
1 1 dx + dy = 0 x y , onde
1 y.
Integrando,
temos:
ln x + ln y = C . Usando as propriedades dos
logaritmos temos ln xy = C = ln K e daí temos a solução procurada, que é
xy = K . Exemplo 3. tg x sec y dx – sec x tg y dy = 0 Solução:
Tal equação é de variáveis separáveis, pois é da forma
M dx + N dy = 0 , onde M ( x, y ) = A1 ( x ) A2 ( y ) = tg x sec y
e
N ( x, y ) = B1 ( x ) B2 ( y ) =
sec x tg y . Dividindo-se ambos os membros da equação por sec x sec y , fica
tg x . sec y tg y . sec x dx − dy = 0 sec y . sec x sec y . sec x
Simplificando
tg x tg y dx − dy = 0 sec x sec y ,
obtemos
e
daí
sen x dx − sen y dy = 0 . Integrando ∫ sen x dx − ∫ sen y dy = C , o que nos leva à solução
− cos x + cos y = C 2 2 2 Exemplo 4. (x − 1) 1 − y dx − x dy = 0
38
temos
Solução: Tal equação é de variáveis separáveis, pois é da forma
M dx + N dy = 0 2 2 Onde M ( x, y ) = A1 ( x ) A2 ( y ) = (x − 1) 1 − y e N ( x, y ) = B1 ( x ) B2 ( y )
2 = −x
2 2 Dividindo-se ambos os membros da equação por x 1 − y , fator
integrante,
∫
x2 − 1 dx − x2
x+
x2 −1 dx − x2
fica,
1
∫
1− y
2
dy 1− y2
=0 e
integrando
temos Saiba mais: Métodos de integração http:// www.somatema tica.com.br/sup erior/integrais2/ integrais4. php
dy = C. Assim sendo, temos
1 − arc sen y = C x
Exemplo 5. y dx + ( x + 1) dy = 0
Solução: É imediato ver que tal equação é de variáveis separáveis e que tem como fator integrante y ( x + 1) . Daí, dividindo todos os termos por dx dy dx dy + =0 ∫ +∫ =C y y este fator obtemos x + 1 . Integrando, fica x + 1 e assim
temos ln ( x + 1) + ln y = ln K e, portanto, podemos escrever que a solução geral procurada é ( x + 1) y = K
Exemplo 6.
dy 1+ y2 = dx (1 + x 2 ) xy
Solução: Reescrevendo a equação, temos equivalente
à
anterior
M dx + N dy = 0 , onde
e
portanto
M ( x, y ) = A ( x ) =
39
temos
y
dy dx = 2 1+ y (1 + x 2 ) x , que é
uma
equação
do
tipo
1 y N ( x, y ) = B ( y ) = 2 1+ x e ! + y2
.Desta forma temos uma equação de variáveis separáveis, e integrando temos
y
∫1+ y
dy = ∫
2
dx 1 dx +K ln (1 + y 2 ) = ∫ +K 2 (1 + x ) x (1 + x 2 ) x ou 2
Decompondo
a
segunda
integral
usando
as
somas
parciais
escrevemos:
1 A Bx + C Ax 2 + Bx 2 + Cx + A = + = x (1 + x 2 ) x x2 +1 x ( x 2 + 1)
A+ B =0 C=0 A = 1 ∴ B = −1
1 1 x = − 2 2 Assim , x(1 + x ) x x + 1 Desta forma,
dx
∫ (1 + x
2
)x =
∫
dx xdx 1 ln x − ln(x 2 + 1) + ln K1 −∫ 2 x 2 x +1 =
1 1 ln (1 + y 2 ) ln x − ln(x 2 + 1) + ln K1 2 E daí temos 2 = , e multiplicando por 2
e
também
usando
as
propriedades
dos
logaritmos
temos
x2K2 ln(1 + y ) = ln 2 x +1
:
2
ln (1 + y 2 ) = 2 ln x − ln ( x 2 + 1) + ln K 2
1+ y2 =
ou
ou
K2 x2 x2 +1
2 Exemplo 7. xy dx − (1 + x ) dy = 0
x dy dx − =0 2 y 1 + x Solução: Reescrevendo a equação dada temos que
é equivalente à anterior e, portanto, temos uma equação do tipo
40
M dx + N dy = 0 , onde
M ( x, y ) = A ( x ) =
x 1 N ( x, y ) = B ( y ) = 2 1+ x e y.
Desta forma temos uma equação de variáveis separáveis, e integrando
x
temos
∫1 + x
2
dx −
1
∫ y dy = K
1 ln(x 2 + 1) − ln y = ln C , o que nos dá 2 ou
ln x 2 + 1 − ln y = ln C ou ln y = ln x 2 + 1 + ln C ou
ln y = ln C x 2 + 1
ou
y =C x2 +1 dy + y cos x = 0 dx Exemplo 8. Solução: Para constatarmos que esta equação é do tipo variáveis dx separáveis basta multiplicar todos os termos por y e daí temos dy + cos x dx = 0 y
que
é
uma
equação
M ( x, y ) = A ( x ) = cos x e
da
forma
N ( x, y ) = B ( y ) =
M dx + N dy = 0 ,
onde
1 y . E para obter solução,
devemos integrar, e desta forma fica
ln y + senx = C y=
ou
= C − senx
ln y
ou
y = e C − senx
ou
k e
sen x
C , pois e é uma constante K.
2 2 Exemplo 9. sec x tgy dx + sec y tgx dy = 0
Solução:Usando o fator de integração tgy tgx podemos reescrever a
sec2 x sec2 y dx + dy = 0 tg y equação obtendo tg x e daí constatar que temos uma equação de variáveis separáveis.
41
sec 2 x sec 2 y dx + ∫ tg x ∫ tg y dy = K temos
Integrando,
ln tg x + ln tg y = ln C ou ln tg x + ln tg y = ln C1 , e assim
e,
portanto,
tg x.tg y = C1
dy dy a x + 2 y = xy dx Exemplo 10. dx Solução: Desenvolvendo a equação dada e escrevendo na forma
M dx + N dy = 0 ,
obtemos
M ( x, y ) = A ( x ) =
2a x
e
a 2a dx + ( −1 ) dy = 0 x y
N ( x, y ) = B ( y ) =
e
daí
temos
a −1 y . Portanto temos uma
equação de variáveis separáveis e, desta forma, integrando, temos: 2a ∫
dx dy + a∫ − dy = C x y ∫
2a ln x = ln K − a ln y + y x
2a
ln
=e
K ya
ou
2a ln x = ln ou
2a ln x + a ln y − y = ln K k + y ya
ln x 2 a = ln ou
ou
k +y ya ou
+ y
Lista de Exercícios Propostos
Para as equações a seguir, mostre que são do tipo variáveis separáveis e obtenha uma solução para as mesmas.
dx − tg y dy = 0 x 1) 2 2 2) 4 xy dx + ( x + 1) dy = 0
2
−x 3) x dx + y e dy = 0
42
4) ( y + 2 )dx + ( x − 3 )dy = 0 2 5) ( x − 1 ) dy + y dx = 0
Solução da lista
dx − tg y dy = 0 1) x Solução: É fácil ver que esta é uma equação do tipo Mdx + Ndy = 0 ,
M ( x, y ) =
onde
∫
dx − x
∫
1 x e
tg y dy = C
N ( x, y ) = tg y . E, portanto, integrando, temos ou ln x + ln cos y = ln K ou x cos y = K . Daí temos que
a solução geral é dada por x cos y = K , cuja representação gráfica é como abaixo
2 2 2) 4 xy dx + ( x + 1) dy = 0
Solução: Neste caso temos uma equação do tipo Mdx + Ndy = 0 , onde M ( x, y ) = A1 ( x ) A2 ( y ) = 4 xy 2 e
N ( x, y ) = B1 ( x ) B2 ( y ) = x 2 + 1 e
daí,
2 2 dividindo por y ( x + 1 ) ( fator de integração ) obtemos a equação
43
4x 1 1 dx + 2 dy = 0 2 ln ( x 2 + 1) − = C x +1 y y , e integrando fica , que é a solução 2
geral solicitada e cuja representação gráfica é
2
−x 3) x dx + y e dy = 0
Solução: Multiplicando os membros por 2
x e x dx + y dy = 0 , e integrando temos
∫
2
e x obtemos a equação
x e x dx + ∫ y dy = C 2
e daí obtemos
1 x2 1 2 e + y =C 2 x2 2 2 ou y + e = C1 4) ( y + 2 )dx + ( x − 3 )dy = 0
Solução: Separando as variáveis temos integrando
podemos
ln ( x − 3 )( y + 2 ) = ln K ou
escrever
1 1 dx + dy = 0 x−3 y+2 , e
ln ( x − 3 ) + ln ( y + 2 ) = ln K
ou
( x − 3 )( y + 2 ) = K . Daí, temos que a solução
geral é ( x − 3 )( y + 2 ) = K e cuja representação gráfica é
44
2 5) y dx + ( x − 1 ) dy = 0
Solução: Separando as variáveis temos integrando podemos escrever
y ln
ln ( x − 1 ) −
1 1 dx + 2 dy = 0 x −1 y , e
1 = ln K y
ou
ln
x −1 1 = K y ou
x −1 =1 K 3.4 Aplicações: Problemas Geométricos Dada uma curva plana C, em um ponto P(x, y) desta curva,
consideremos os chamados “segmentos notáveis,” a saber:
PT = comprimento da tangente
45
PN = comprimento da normal TM = comprimento da subtangente
MN = comprimento da subnormal Seja α o ângulo formado pela reta tangente a curva no ponto P e o eixo dos x Analisando a figura acima, temos:
TM =
PM y = . tgα dy dx
MN = PM .tgα = y
2
y ( dy / dx )
(1)
dy dy . MN = y. dx Assim dx
(2)
Assim
2
PT = ( MP) + ( MT ) =
PT = y 1 + Assim
2
2
y2
2
y +
dy dx
1 (dy / dx) 2
PN = ( MP) + ( MN ) =
Assim,
TM =
2
(3)
dy y +y dx 2
dy PN = y 1 + dx
2
2
2
(4)
Exercícios Resolvidos 1) Determinar a equação das curvas que têm a subnormal constante. Solução:
46
Sabemos de (2) que a subnormal é dada por MN = devemos ter
y
y
dy dx , e daí
dy dx = k , k uma constante. Reescrevendo esta equação
obtemos ydy = k dx , e integrando temos
y2 = kx + C 2 2 ou y = 2 kx + C , que
representa a família de curvas de subnormal constante. A representação gráfica da família cuja constante é k = 3 é
2 Para o caso particular y = 6 x e sendo P1( 2 , 2 3 ) e P2( 3, 3 2 )
temos a representação a seguir:
e podemos ver nos dois casos que MN = 3 2) Determinar a equação das curvas que têm a subtangente constante.
47
TM =
Solução: Sabemos de (1) que a subtangente é dada por
y dy dx e
y dy daí devemos ter dx = k , k uma constante. Reescrevendo esta equação
obtemos
ln y =
k
dy dy dx = k =y y , e integrando temos dx ou
x + C1 k ou
x
y = ek
k ln y = x + C ou
+ C1
que representa a família de curvas de
subtangente constante. A representação gráfica da família cuja constante é k = 2 é
3) Escrever a equação de uma curva sabendo que a normal em cada ponto dela e o segmento de reta que une este ponto à origem formam um triângulo isósceles de base no eixo dos x.
Solução:
48
Como o triângulo
∆ OPN é isósceles, temos PN = OP e daí,
OM = MN = x . Deste modo
y
dy =x dx ou y dy = x dx , e integrando temos
y2 x2 = +C 2 2 2 2 ou y − x = 2 C .
Assim sendo, podemos ver que tais curvas são hipérboles como as da figura a seguir:
4) Determinar a equação das curvas que têm o comprimento da normal constante. Solução:
dy PN = y 1 + dx Sabemos que a normal é dada por
2
e como por
dy 2 y 2 1 + = k 2 dx hipótese ela é constante e sendo k tal constante, temos 2
dy y = k 2 − y2 dx ou 2
ou
2
k 2 − y2 dy = y2 dx
49
ou
dy 1 =± k 2 − y2 dx y
.
ydy
Separando as variáveis tem-se
∫
y k 2 − y2
dy = ±
∫
k 2 − y2
= ± dx
,
e integrando obtemos
dx = ± x + C
.
2 2 2 Fazendo a mudança z = k − y encontramos 2 zdz = − 2 ydy
− zdz = ydy e daí temos − k 2 − y 2 = ± x + C ou
∫
−z dz = ± z
∫
dx = ± x + C
k 2 − y 2 = (x + C)2
ou
ou
ou
− z = ± x + C ou
( x + C ) 2 + y 2 = k 2 , cujas
curvas são circunferências com centro no eixo dos x, como mostra a figura abaixo para as constantes k = 1; k = 2.
50
5) Obter as equações das curvas sabendo que as partes de todas as tangentes situadas entre os eixos coordenados tenham o ponto de tangência como o ponto médio.
Solução Por hipótese temos AP = PB e chamaremos de α o ângulo externo Â, e β o ângulo DÂP, daí temos α + β = 180° e deste modo tgα = − tgβ , o
dy y = − x , que nos leva a dx
e separando as variáveis, fica
dy dx =− y x .
C C ln y = ln y= ln y = − ln x + C ln y = − ln x + C x ou x . Integrando ou ou Daí temos que as curvas são hipérboles equiláteras como as da figura a seguir:
51
Exercícios Propostos
1) Determinar a
equação da curva que passa pelo ponto ( 4, 4 ),
sabendo que a declividade de sua tangente num ponto qualquer é: dy x = dx 3 y
2) Achar a equação da curva sabendo que a subtangente é igual ao dobro da abscissa do ponto de contacto.
3) Sabendo que a curva é tal que a distância de um ponto qualquer à origem é igual ao comprimento da tangente, determinar a curva.
Solução da lista dy x = 1) Por hipótese sabemos que dx 3 y , o que nos leva a 3 ydy = xdx e
integrando temos
3
y2 x2 = +C 2 2 2 2 ou 3 y = x + 2C . Como passa pelo ponto
52
(4, 4), podemos substituir x por 4 e y por 4, obtendo C = 16 e daí a curva 2 2 procurada tem equação 3 y = x + 32 e cuja representação gráfica é como
segue
TM =
2) Sabemos que a subtangente é dada por
y dy dx e como por
hipótese a subtangente é igual ao dobro da abscissa do ponto de contacto, y = 2x dy devemos ter dx ou
ydx = 2 xdy , e separando as variáveis
fica
1 1 1 dx = dy ln x = ln y + ln C1 y . Integrando, temos 2 2x ou ln x = 2 ln y + 2 ln C1 2 ou ln x = ln y + ln C1
2
2 ou ln x = ln y C ou
representação gráfica como segue:
53
x = y 2 C . Tais curvas têm
3) Observando o gráfico abaixo
E da hipótese temos 0 P = PT , e como sabemos que o comprimento da PT =
tangente x2 + y2 =
x
é dado por dy 2 1+ 2 dy dx dx y2
y dy 1+ dy dx dx
x2 + y 2 = ou
dy = ±y dx , e separando as variáveis fica
ln y = ± ln x + C ou
2
e que OP =
y2 dy dx
2
+ y2
x 2 + y 2 , temos
2
dy x = y2 dx 2
ou
ou
dy dx =± y x . Integrando, obtemos
ln y = ± ln x + ln k e daí temos: i)
ln y = ln x + ln k ou
ln y = ln x k ou y = kx retas que passam pela origem. ii) ln y = − ln x + ln k ou ln y + ln x = ln k ou ln y x = ln k ou yx = k hipérboles eqüiláteras.
54
Graficamente temos:
retas passando pela origem
Hipérboles eqüiláteras
3.5 Trajetórias ortogonais Em muitos problemas de física, por exemplo, assim como em outras áreas, conhecida uma família de curvas Γ , busca-se uma outra família de curvas Τ que interceptam perpendicularmente as curvas da família inicial. As curvas dessa segunda família são denominadas trajetórias ortogonais das curvas da família Γ
55
Γ trajetórias em preto e Τ trajetórias em azul Definição: Diz-se que duas curvas Γ 1 e Τ 1 são ortogonais em um ponto se, e somente se, suas retas tangentes t1 e t2 são perpendiculares no ponto de interseção.
Exemplo: Analisando o gráfico seguinte podemos observar que as curvas Γ 1:
y=
2 2 2 x e Τ 1: x − y = 1 são ortogonais no ponto P ( 2 , 1 ) .
Veja Mais www.pucrs.br/fa mat/elieteb/equac oes.../trajetorias_ ortogonais.doc
56
NOTA: Exceto no caso em que t1 e t2 são paralelas aos eixos coordenados, queremos dizer que os coeficientes angulares m1 e m2 das retas tangentes t1 e t2 são tais que m1.m2 = -1. DEFINIÇÃO: Diz-se que duas famílias de curvas Γ e Τ são trajetórias ortogonais uma da outra quando todas as curvas da família Γ interceptam ortogonalmente todas as curvas da família Τ . OBSERVAÇÃO: Trajetórias ortogonais ocorrem na construção de mapas meteorológicos e no estudo de eletricidade e magnetismo. Por exemplo, em um campo elétrico em volta de dois corpos de cargas opostas, as linhas de força são perpendiculares às curvas equipotenciais. Exemplo: 2 1) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas y = px , para
qualquer valor de p. 2 Solução: Graficamente temos que a família y = px é representada
como segue
dy = 2 px Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos dx . Mas p=
y dy y dy 2 y =2 2x = 2 x que são as declividades da x e, portanto, dx x ou dx
2 família y = px . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais,
57
dy x =− 2 y . Separando as devemos ter curvas cujas declividades sejam dx x2 + y2 = C xdx + 2 ydy = 0 variáveis temos . Integrando, temos 2 , que são as 2 trajetórias ortogonais da família y = px , cujas representações gráficas são
elipses como as do gráfico a seguir ( representadas em vermelho )
2) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas
y=
p x , para
qualquer valor de p.
Solução: Graficamente temos que a família como segue
58
y=
p x é representada
dy p =− 2 x . Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos dx dy xy dy y =− 2 =− x que são as declividades da x ou dx Mas p = xy e, portanto, dx família
y=
p x . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais,
dy x = dx y . Daí, separando as devemos ter curvas cujas declividades sejam 2 2 variáveis temos xdx − ydy = 0 . Integrando temos x − y = C , que são as
trajetórias ortogonais da família
y=
p x , cujas representações gráficas são
hipérboles como as do gráfico abaixo (representadas em vermelho )
59
3) Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas dadas por x2 + 3y2 = p 2 2 Solução: Graficamente temos que a família de curvas x + 3 y = p é
representada por
dy x =− 3 y , que Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos dx
são as declividades da família
x 2 + 3 y 2 = p . Assim sendo, para
determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas dx dy dy 3 y = = 3y . x . Separando as variáveis, temos x declividades sejam dx
60
1 1 ln y = ln x + ln C 3 Integrando, temos 3 ou ln y = ln Cx ou
1 3
y = Cx ou
y = Kx 3 , que são as trajetórias ortogonais da família x 2 + 3 y 2 = p cujas
representações gráficas são como as do gráfico abaixo ( representadas em vermelho )
2 2 4) Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas x + y = px ,
para qualquer valor de p. Solução:
Graficamente
temos
que
representada como segue
61
a
família
x 2 + y 2 = px
é
Diferenciando
2x + 2 y
dy =p dx . Mas
a
equação p=
x2 + y2 x
dada
em
relação
e, portanto,
a
2x + 2 y
x,
obtemos
dy x 2 + y 2 = dx x
ou
dy y 2 − x 2 = dx 2 xy , que são as declividades da família x 2 + y 2 = px . Assim sendo, para determinarmos as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas
dy 2 xy dy 2 xy =− 2 = 2 2 y − x ou dx x − y 2 , cuja solução cujas declividades sejam dx como será vista no próximo ponto (equações diferenciais homogêneas) é x 2 + y 2 = ky , que são as trajetórias ortogonais da família x 2 + y 2 = px ,
cujas representações gráficas são circunferências como as do gráfico a seguir (representadas em vermelho)
5) Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas dadas por y = pe 2 x
Solução: Graficamente temos que a família de curvas representada por
62
y = pe 2 x é
dy = 2y Diferenciando a equação dada em relação a x, obtemos dx , que são as declividades da família
y = pe 2 x . Assim sendo, para determinarmos
as trajetórias ortogonais, devemos ter curvas cujas declividades sejam dy 1 =− dx 2 y . Daí, separando as variáveis, temos dx + 2 ydy = 0 . Integrando, 2 2x temos x + y = C , que são as trajetórias ortogonais da família y = pe ,
cujas representações gráficas são parábolas como as do gráfico abaixo (representadas em vermelho)
63
Lista de Exercícios Propostos Determine as trajetórias ortogonais das famílias seguintes e faça o esboço gráfico da família e das trajetórias (p = parâmetro). 2 2 2 1) x + y = p
2 2 2 2) x − y = p
Solução da lista 1) Graficamente temos que a família de curvas
x2 + y2 = p2
é
representada por
2 2 2 Diferenciando x + y = p obtemos 2 xdx + 2 ydy = 0 e daí temos que
dy x =− dx y . Desta forma temos que as trajetórias ortogonais terão
declividades
dy y = dx x , o que nos leva a xdy − ydx = 0 . Separando as
variáveis obtemos
ln
1 1 dy − dx = 0 y x e integrando fica
ln y − ln x = C ou
y y y =C = eC =k x ou x ou x ou y = kx Representando graficamente a família (preto) e as trajetórias
(representadas em vermelho), temos
64
: 2 2 2 2) Derivando x − y = p obtemos 2 xdx − 2 ydy = 0 e daí temos que
dy x = dx y . Desta forma temos que as trajetórias ortogonais terão declividades
dy y =− dx x , o que nos leva a xdy + ydx = 0 , e separando as variáveis fica 1 1 dy + dx = 0 C y x e integrando fica ln y + ln x = C ou ln yx = C ou yx = e ou
yx = k ou
y=
k x.
Desta forma, representando a família (preto) e as trajetórias ortogonais (vermelho), temos
65
3.6 Bibliografia M. P. Matos. Séries e Equações Diferenciais. Prentice Hall. W. Leighton. Equações Diferenciais Ordinárias. LTC.
66
67
68
Unidade 4 - Equações homogêneas ......................................................... 70 4.1 Definição: Equação homogênea ......................................................... 70 4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea ..................................... 70 4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea ........................ 70 4.4 Equações redutíveis às homogêneas ................................................ 77 4.5 Bibliografia ........................................................................................... 92 4.6 Web-Bibliografia ................................................................................... 92
OBJETIVO Propiciar ao aluno desenvoltura em classificar e manipular problemas que envolvam equações diferenciais homogêneas, com técnicas específicas de abordagem, adequadas à resolução de cada um.
69
4 - Equações homogêneas 4.1 Definição: Equação Homogênea Uma
função
z = F ( x, y )
é
dita
homogênea
de
grau
de
m homogeneidade m se F (kx, ky ) = k F ( x, y ) , para todo real k .
2 2 Exemplos: M ( x, y ) = 2 xy e N ( x, y ) = x − y são homogêneas de
grau
2,
pois
M (kx, ky ) = 2 kx ky = 2 kx ky = k 2 2 xy = k 2 M ( x, y ) e
N ( kx, ky ) = ( kx ) 2 − (ky ) 2 = k 2 ( x 2 − y 2 ) = k 2 N ( x, y )
4.2 Definição: Equação Diferencial Homogênea Uma equação diferencial dada por M ( x , y ) dx + N ( x , y ) dy = 0
é
dita
homogênea
se
M ( x, y ) e N ( x, y )
forem
funções
homogêneas e de mesmo grau. Veja Mais
Exemplos: 2 xy dx + ( x 2 − y 2 )dy = 0 ( 2 y − 4 x ) dx + ( y − 2 x ) dy = 0
( 2 y 4 + x 4 ) dx + xy 3dy = 0
www.ceset.unicam p.br/.../Equa%E7% F5es%20Diferencia is%20de%20Primei ra%20Orde1.do...
(2 x − y)dx − x 2 − 2 xy dy = 0
4.3 Resolução de uma equação diferencial homogênea Seja a equação diferencial homogênea Mdx + Ndy = 0 , onde M
N têm grau igual a m.
70
e
dy M =− N Temos: dx
Podemos observar que se dividirmos o numerador e o denominador do
dy y y = F x segundo membro por x resultará em função de x . Isto é, dx m
(1) y E daí, substituindo x por t , temos
y = xt
(2)
E derivando (2) em relação a x, temos: dy dt =t+x dx dx
Desta forma a equação (1) será transformada em: t+x
dt dt = F (t ) ou x = F (t ) − t dx dx
ou
dt dx = F (t ) − t x
que é uma equação de variáveis separadas. Exemplos Obtenha
a
solução
geral
da
equação
homogênea
( x 2 − y 2 ) dx − 2 xy dy = 0
Solução: Substituindo y = xt e dy = x dt + tdx obtemos ( x 2 − x 2 t 2 )dx − 2 x.xt ( x dt + t dx ) = 0 ou (1 − t 2 ) dx − 2t ( x dt + tdx ) = 0 ou (1 − t 2 − 2t 2 ) dx − 2tx dt = 0 ou (1 − 3t 2 )dx − 2tx dt = 0
Separando as variáveis, temos
71
dx 2t − dt = 0 x 1 − 3t 2 e integrando, fica:
Multiplicando
por
1 ln x + ln(1 − 3t 2 ) = ln C 3
2 obtemos 3 ln x + ln(1 − 3t ) = 3 ln C
3,
ou
ln x 3 + ln(1 − 3t 2 ) = ln C 3 ou ln ( x 3 ( 1 − 3t 2 )) = ln C 3
ou
ln ( x 3 ( 1 − 3t 2 )) = ln k 3 2 Daí, x (1 − 3t ) = k
y2 3 y x 1 − 3 =t x2 Retornando à relação x , fica
= k ou
x 3 − 3 xy 2 = k
2) Obter a solução geral e a solução particular para x = 1 e y = 2 da equação homogênea (2x − y )dx − (x + 4 y )dy = 0. Solução: Substituindo y = xt e dy = x dt + tdx , obtemos
(2 x − xt ) dx − (x + 4 xt )(x dt + tdx ) = 0
ou
(2 − t )dx − (1 + 4t )(x dt + tdx ) = 0
2 ou (2 − t − t − 4t )dx − (1 + 4t )x dt = 0
dx 1 + 4t − dt = 0 2 Separando as variáveis, temos x 2 − 2t − 4t , e integrando
temos
ln x +
1 ln 2 − 2t − 4t 2 = ln C 2
(
Multiplicando
(
por
)
ln x 2 + ln 2 − 2t − 4t 2 = ln C 2
(
)
2
fica ou
)
x 2 2 − 2t − 4t 2 = k .
72
2 ln x + ln (2 − 2t − 4t 2 ) = 2 ln C
( (
))
ln x 2 2 − 2t − 4t 2 = ln C 2 = ln k .
ou Daí,
Retornando à relação
y y2 x 2 − 2 − 4 2 = k x x temos
y =t x
2
ou
2 x 2 − 2 xy − 4 y 2 = k que é a solução geral.
Para obtermos uma solução particular para x = 1, y = 2 , substituímos estes valores na solução geral e obtemos k = -18. Daí, a solução particular é 2 x 2 − 2 xy − 4 y 2 = −18 ou x 2 − xy − 2 y 2 + 9 = 0 2 2 3) Resolva a equação homogênea (x + y )dx − xy dy = 0
Solução: Substituindo y = xt e dy = x dt + t dx , obtemos
(x
2
)
+ t 2 x 2 dx − tx 2 (tdx + xdt ) = 0
(1 + t )dx − t dx − tx dx = 0 2
2
ou
ou dx − tx dt = 0
dx − t dt = 0 Separando as variáveis, fica x e integrando, temos ln x −
ln x −
ln (
y t2 =t =C C = ln C 2 1 e retornando à relação x . Fazendo obtemos
x y y2 y2 ln = 2 = ln C ln x − ln C = 1 1 C1 2 x ou 2x 2 2 x 2 ou ou
2 ln
x y = 2 C1 x
2 x2 x 2 y ey/x = 2 ) = 2 2 C1 C1 e assim temos a solução geral x 2 = k e y / x x ou
4) Resolva a equação homogênea
(x − y )dx − (x + y )dy = 0
Solução: Substituindo y = xt e dy = x dt + t dx , obtemos
(x − tx )dx − (x + tx )(tdx + xdt ) = 0 ou
73
ou
(1 − t )dx − (1 + t )(t dx + x dt ) = 0
ou
dx − tdx − tdx − xdt − t 2 dx − tx dt = 0 ou
(1 − 2t − t )dx − (x + tx )dt = 0 ou 2
(1 − 2t − t )dx − x(1 + t )dt = 0 2
dx 1+ t − dt = 0 x 1 − 2t − t 2 e em seguida,
Separando as variáveis, obtemos integrando, fica:
ln x +
Multiplicando
1 ln (t 2 + 2t − 1) = C 2
por
ln x 2 + ln (t 2 + 2t − 1) = 2C
dois e
temos
retornando
y2 2y ln x 2 + ln 2 + − 1 = 2C x x ou
(
(
)
2 ln x + ln t 2 + 2t − 1 = 2C
ou
y = tx ,
fica
à
relação
)
ln y 2 + 2 xy − x 2 . = 2C e fazendo 2C = ln k
temos que a solução é y 2 + 2 xy − x 2 = k
Lista de Exercícios Propostos 1) Resolva as equações 2 2 a) (x + y )dx + (2 x + y ) ydy = 0
b) ( x + y )dx + ( y − x )dy = 0 2) Determine as trajetórias ortogonais da família de circunferências: x 2 + y 2 = 2 ax
Solução da lista 1)
(x
2
a)
Substituindo
y = xt
)
+ y 2 dx + (2 x + y ) ydy = 0 , obtemos
74
e
dy = xdt + tdx ,
na
equação
(x
2
+ t 2 x 2 )dx + (2 x + tx ) tx (t dx + xdt ) = 0 e daí temos
(1 + t )dx + (2t + t )(t dx + x dt ) = 0 2
(1 + t
2
2
)
(
ou
)
+ 2t 2 + t 3 dx + 2 tx + t 2 x dt = 0
dx 2t + t 2 + dt = 0 2 3 x 1 + 3 t + t Separando as variáveis, fica:
(
Integrando,
temos:
)
1 ln x + ln (t 3 + 3t 2 + 1) = ln C 3
ou
3 ln x + ln (t 3 + 3t 2 + 1) = 3 ln C ou ln x 3 + ln (t 3 + 3t 2 + 1) = ln C 3 y3 3y 2 ln x 3 + ln 3 + 2 + 1 = ln k x x Retornando à relação y = tx , obtemos ou
y3 y2 ln . x 3 3 + 3 2 + 1 = ln k x x 3 2 3 Desta forma, a solução procurada é y + 3 xy + x = k
1)
b)
Substituindo
( x + y )dx + ( y − x )dy = 0 ,
y = xt
dy = xdt + tdx ,
e
na
equação
(x + tx )dx + (tx − x )(t dx + xdt ) = 0
obtemos
ou
(1 + t ) dx + (t − 1)(t dx + x dt ) = 0
(
)
dx + tdx + t 2 dx + tx dt − t dx − x dt = 0 ou 1 + t 2 dx + x (t − 1) dt = 0 1 t −1 dx + 2 dt = 0 t +1 Separando as variáveis, temos: x ou 1 t 1 dx + 2 dt − 2 dt = 0 x t +1 t +1 , e integrando, temos
ln x +
VEJA MAIS: arquivos.unama.br/n ead/gol/gol.../MS_imp resso_aula13.pdf
1 ln( t 2 +1) − arctgt = k 2 . Retornando à relação y = tx , obtemos
1 y2 y ln x + ln 2 + 1 = arc tg + k 2 x x
ou
75
1
y2 2 y ln x + ln 2 + 1 = arc tg + k x x . Daí, a solução procurada é:
ln x 2 + y 2 = arc tg 2)
Para
y +k x
determinar
circunferências, derivamos
2x + 2 y
as
trajetórias x 2 + y 2 = 2 ax
ortogonais
da
família
de
em relação a x, obtendo
dy = 2a dx
dy dy x 2 + y 2 = x 2 x + 2 y x 2 + y 2 = 2 x x + y dx ou dx . Eliminando-se a , vem: dx dy − dy , e E para obtermos as trajetórias ortogonais, substituímos dx por
deste
modo
(
temos:
x 2 + y 2 = 2 x 2 − 2 xy
dx dy ,
o
que
nos
leva
a
)
2 xy dx + y 2 − x 2 dy = 0 , que é uma equação homogênea.
Substituindo y = xt e dy = x dt + tdx obtemos:
(
)
2 x.xt dx + x 2t 2 − x 2 ( x dt + tdx ) = 0
(
)
2t dx + t 2 − 1 ( x dt + tdx ) = 0 ou 2t dx + xt 2 dt − x dt + t 3 dx − t dx = 0
(2t − t + t )dx + (xt 3
2
− x )dt = 0 ou (t + t 3 )dx + x (t 2 − 1)dt = 0
Separando as variáveis, temos dx 1 − t 2 = dt x t + t3
ou
dx dt − 2tdt = + 2 x t t +1,
e
integrando,
temos
ln x = ln t − ln( t 2 + 1) − ln C ou ln x = ln t − ln( t 2 + 1) C ln t − ln x = ln( t 2 + 1) C
76
ou
ln
t = ln C ( t 2 + 1) x ou
t = C ( t 2 +1) x . Retornando à relação
y = tx ,
y 2 x = C ( y + 1) 2 2 x2 obtemos x ou y = C ( y + x ) 2 2 Daí, temos que a família de trajetórias ortogonais a x + y = 2 ax
é
C ( y 2 + x 2 ) = y e a representação gráfica das duas famílias é como abaixo
4.4 Equações redutíveis às homogêneas a x + b1 y + c1 dy = F 1 dx a2 x + b2 y + c2 onde Definição: São todas as equações da forma a1 , a2 , b1 , b2 , c1 e c2 são constantes.
Exemplos:
dy x − 2 y + 5 = dx 2x − y + 4 1)
ou
(2 x − y + 4)dy + (− x + 2 y − 5)dx = 0
dy 9 x − 3 y + 1 = dx − 3x + y − 2 ou (3 x − y + 2 )dx + (9 x − 3 y + 1)dy = 0 2) Afirmação: Para obtermos solução para estas equações devemos considerar os dois casos a seguir:
77
a1
a) O determinante
b1
a2 b2
é diferente de zero.
Neste caso temos o sistema a1 x + b1 y + c1 = 0 a2 x + b2 y + c2 = 0
cuja solução é dada pelas raízes x = α e y = β e fazemos a seguinte substituição:
x = u + α y = v + β que
∴ dx = du ∴ dy = dv
geometricamente
equivale
a
uma
translação
dos
eixos
coordenados para o ponto (α , β ) que é a interseção das retas que compõem o sistema, e esta interseção é sempre possível uma vez que o determinante considerado é diferente de zero. Desta forma, após a substituição, a equação transformada será: a u + b1v + a1α + b1β + c1 dv = F 1 du a2u + b2 v + a2α + b2 β + c2
Como α e β são raízes do sistema, teremos: a u + b1v dv = F 1 du a2u + b2 v , que é uma equação homogênea
Lista de Exercícios Resolvidos Resolver as seguintes equações redutíveis às homogêneas
dy 2 x − 3 y − 1 = dx 3x + y − 2 1)
78
2 −3 = 11 ≠ 0 3 1 Solução: Neste caso temos 7 α = 11 2 x − 3 y = 1 β = 1 11 Daí, formamos o sistema: 3x + y = 2 cuja solução é 7 x = u + 11 y = v + 1 11 e assim, a substituição a ser feita é
∴ dx = du ∴ dy = dv
e a equação é transformada em
dv 2u − 3v = du 3u + v
ou (3u + v )dv = (2u − 3v )du
Que é uma equação homogênea de grau 1. Usando o método anterior fazemos a substituição:
v = ut , sendo t = f (u ) e dv = udt + tdu daí obtemos a equação
(3u + ut )(u dt + t du ) = (2u − 3 ut )du
ou
(3 + t )(u dt + t du ) = (2 − 3t )du
ou
(3 + t )udt = (2 − 3t − 3t − t 2 )du Separando as variáveis, temos obtemos
1 ln u = − ln 2 − 6t − t 2 + ln C 2
(
)
(
)
2 ln u = − ln 2 − 6t − t 2 + 2 ln C
ou ou
79
du 3+t = dt u 2 − 6t − t 2 , e integrando
(
)
ln u 2 = − ln 2 − 6t − t 2 + 2 ln C 2 . 2 2 Daí, u (2 − 6t − t ) = K
K = C2
sendo
v Substituindo t pelo seu valor u fica: v v2 u 2 2 − 6 − 2 = K 2 2 u u ou 2 u − 6 uv − v = K
Substituindo u pelo seu valor
x−
7 1 y− 11 e v por 11 temos
2
2
7 7 1 1 2 x − − 6 x − y − − y − = K 11 11 11 11 e desenvolvendo fica 2 x 2 − 6 xy − y 2 − 2 x + 4 y + F = 0
2) ( 2 x − 3 y)dx − (3x − y − 1)dy = 0
2 −3 =7≠0 Solução: Neste caso temos: 3 − 1 e o sistema formado é 3 α = 7 2 x − 3 y = 0 β = 2 7 e deste modo a 3x − y = 1 cuja solução é 3 x = u + 7 ∴ dx = du y = v + 2 ∴ dy = dv 7 Substituição a ser feita é
E a equação é transformada em:
(2u − 3v ) du − (3u − v ) dv = 0 que é uma equação homogênea. Fazendo a substituição
80
v = ut ∴ dv = u dt + t du obtemos
(2 − 3t )du − (3 − t )(u dt + t du ) = 0
ou
(2 − 3t − 3t + t )du − (3 − t )u dt = 0 2
du t −3 + 2 dt = 0 Separando as variáveis, fica u t − 6t + 2 e integrando, temos
1 ln u + ln t 2 − 6t + 2 = ln C 2
(
(
)
)
2 ln u + ln t 2 − 6t + 2 = 2 ln C
[ (
ln u 2 + ln(t 2 − 6t + 2) = ln C 2 ou
)]
ln u 2 t 2 − 6t + 2 = ln C 2
ou u 2 (t 2 − 6t + 2 ) = k
(k = C ) 2
2 v 2 v v = k u − 6 + 2 t= 2 u u u , temos: Daí, retornando à relação
Substituindo u pelo seu valor
x−
2
3 7
e 2
2 3 2 3 y − − 6 x − y − + 2 x − = k 7 7 7 7
E assim 2 x 2 − 6 xy + y 2 + 2 y + F = 0
3) ( x + 2 y − 4 )dx − (2 x + y − 5) dy = 0
81
v por
y−
2 7 fica
1 2 = −3 ≠ 0 2 1 Solução: Neste caso temos x + 2 y − 4 = 0 α = 2 Daí, formamos o sistema 2 x + y − 5 = 0 cuja solução é β = 1 e a
x = u + 2 ∴ dx = du substituição a ser feita é y = v + 1 ∴ dy = dv e daí temos
dv u + 2v = du 2u + v ,
que
substituição
é
uma
equação
homogênea,
e
fazendo
v = ut. dv = u dt + t du obtemos
(2u + ut )(u dt + t du ) = (u + 2 ut )du
ou
(2 + t )(u dt + t du ) = (1 + 2t )du
ou
2 udt + ut dt + 2t du + t 2 du − du − 2t du = 0
(
)
u (2 + t ) dt + 2t + t 2 − 2t − 1 du = 0
ou
ou
du (2 + t ) + 2 dt = 0 u t −1
du 2 + t − dt u 1− t2
1 3 du = 2 dt + 2 dt u 1+ t 1− t
ou
E integrando fica
ln u =
Retornando à relação
1 3 ln(1 + t ) − ln(1 − t ) + c 2 2
t=
v u temos
v v 2 ln u = ln1 + − 3 ln1 − + c u u
2 ln u = ln
u+v u −v − 3 ln +c u u
Substituindo u por ( x − 2 ) e v por
82
( y − 1)
temos
a
2 ln ( x − 2) = ln
x + y −3 x − y −1 − 3 ln +c x−2 x−2
2 ln ( x − 2 ) = ln ( x + y − 3) − ln ( x − 2 ) − 3 ln ( x − y − 1) + 3 ln ( x − 2 ) + c
(x − y − 1)3 = C (x + y − 3)
b) O determinante
Como
a1 a2
b1 =0 b2
a1 a2
b1 b2
é igual a zero.
, os coeficientes de x e y são proporcionais, de
modo que podemos escrever:
a1b2 = a2b1
a2 b2 = a1 b1
ou
Chamando esta relação constante de m, podemos escrever:
a2 b2 c = =m≠ 2 a1 b1 c1 a2 = m a1
e
b2 = m b1
Assim: a x + b1 y + c1 dy = F 1 dx m(a1 x + b1 y ) + c2
Fazendo a1 x + b1 y = t , temos, sendo t = f ( x ) :
y=
1 (t − a1 x ) b1
dy 1 dt = − a1 Derivando em relação a x : dx b1 dx t + c1 1 dt − a1 = F b1 dx mt + c2 e a equação transformada:
83
dt − a1 = b1 G(t ) dx Que é uma equação de variáveis separáveis.
Lista de Exercícios Resolvidos Resolva as seguintes equações:
dx 2x − y + 1 = 1) dy 6 x − 3 y − 1
Solução: Neste caso temos
2 −1 =0 6 −3 e, portanto, devemos fazer
2x − y = t e daí temos y = 2 x − t , e derivando em relação a x obtemos dy dt = 2− dx dx O que transforma a equação em
2−
dt t + 1 = dx 3t − 1
dt t +1 = 2− 3t − 1 ou dx
dt 5t − 3 = ou dx 3t − 1
Separando as variáveis, fica:
dx =
3t − 1 dt 5t − 3 ou
dx =
3 4 dt + dt 5 5(5t − 3)
Integrando, temos:
3t − 1
∫ dx = ∫ 5t − 3 dt
3
ou
4
5
∫ dx = ∫ 5 dt + 25 ∫ 5t − 3 dt
3 4 x + C = t + ln ( 5t − 3) 5 25 Daí, temos Retornando à relação t = 2x − y temos
84
x+C =
3 (2x − y ) + 4 ln(10x − 5 y − 3) 5 25 ou
25 x + k = 15(2 x − y ) + 4 ln (10 x − 5 y − 3) ou 30 x − 15 y + 4 ln (10 x − 5 y − 3) = 25 x + k ou
5 x − 15 y + 4 ln (10 x − 5 y − 3) = k
2) (2 x + 3 y − 1) dx + (2 x + 3 y + 2 )dy = 0
2 3 Solução: Neste caso temos
a2 b2 = =1 a1 b1
ou
2 3
a2 = a1 ;
=0 e a relação
b2 = b1
dy 2x + 3 y − 1 =− 2x + 3 y + 2 Reescrevendo a equação, temos: dx
Fazendo 2 x + 3 y = t temos
t 2 y= − x 3 3 , e derivando em relação a x ,
dy 1 dt 2 = − fica dx 3 dx 3 . Substituindo na equação obtemos: 1 dt 2 t −1 − =− 3 dx 3 t+2
1 dt t −1 − 2 = − t+2 ou 3 dx
(t − 1) dt − 2 = −3 dx t + 2 ou
dt 3t − 3 = 2− dx t+2
dt − t + 7 = dx t+2
Separando as variáveis, fica
dx =
9 t+2 dx = − 1 − dt dt t −7 − t + 7 ou
85
Integrando, obtemos: x = −t − 9 ln (t − 7 ) + C Mas t = 2 x + 3 y , logo: x = −2 x − 3 y − 9 ln (2 x + 3 y − 7 ) + C 3 x + 3 y = −9 ln (2 x + 3 y − 7 ) + C
dy 1 − 3x − 3 y = dx 1+ x + y 3)
Solução: Reescrevendo a equação, temos
−3 −3 1
1
dy − 3 x − 3 y + 1 = dx x + y +1 .
Daí,
=0
Fazendo − 3x − 3 y = t temos
y=−
t + 3x 3
dy 1 dt =− −1 3 dx Derivando em relação a x fica: dx − Substituindo na equação, temos:
−
1 dt t +1 = +1 t 3 dx − +1 3 ou
variáveis, fica:
dx =
1 dt 2t + 6 dt − 6t − 18 = = 3 dx 3 − t ou dx 3 − t . Separando as
1 1 3−t 1 1 dx = − dt dt dx = dt − dt 6 t + 3 ou − 6t − 18 ou 6 t +3 .
Integrando, temos:
x=
−
1 dt t +1 −1 = t 3 dx − +1 3 ou
x=
t − ln( t + 3 ) + C 6 . Como t = − 3x − 3 y , temos:
−x− y − ln(− 3x − 3 y + 3) + C 2 ou
86
3x + y = − ln(− 3x − 3 y + 3) + C 2 .
Lista de Exercícios Propostos Resolva as seguintes equações diferenciais: 1) (2 x − y + 4)dy + ( x − 2 y + 5)dx = 0
dy x + 2 y + 1 = dx 2x + 4 y + 3 2) 3) (x − 4 y − 3)dx − ( x − 6 y − 5)dy = 0 4) (3x − y + 2)dx + (9x − 3 y + 1)dy = 0
Solução da Lista 1) (2 x − y + 4)dy + (x − 2 y + 5)dx = 0
2 −1 = −3 ≠ 0 1 − 2 Solução: Neste caso, temos 2 x − y + 4 = 0 α = −1 Daí formamos o sistema x − 2 y + 5 = 0 cuja solução é β = 2 x = u −1 Desta forma a substituição a ser feita é y = v + 2 e a equação é transformada em (2u − v)dv + (u − 2v )du = 0 e podemos ver que é uma equação homogênea de grau 1. Fazendo a substituição v = tu e dv = tdu + udt , obtemos:
(2u − tu)(tdu + udt) + (u − 2tu)du = 0 ou (2 − t )(tdu + udt) + (1 − 2t )du = 0 ou 87
(2t − t
2
)
(
)
+1 − 2t du + u(2 − t )dt = 0 ou 1 − t 2 du + u(2 − t )dt = 0
Separando as variáveis, temos:
du 2 − t 1 t −2 + dt = 0 du + 2 dt = 0 2 u 1− t t −1 ou u ou 2 3 1 dt = 0 du + dt − u t +1 t −1 Integrando, temos: 2 ln u + 3 ln(t + 1) − ln(t − 1) = C ou
ln u
2
3 ( t + 1) + ln =C
t −1
(t + 1)3 ln u 2 = ln k t − 1 ou
ou
(t + 1)3 u2 =k t − 1
Retornando à relação
t=
v u obtemos
v 3 (v + u )3 + 1 u 2 u3 = k u2 =k u v v −u u −1 ou u
(v + u )3 = k (v − u ) . Como
u = x + 1 e v = y − 2 , temos
(x + y − 1)3 = k (− x + y − 3)
dy x + 2 y + 1 = dx 2x + 4 y + 3 2)
88
1 2 =0 2 4 .
Solução: Neste caso temos
x + 2 y = t e daí
y=
dy 1 dt 1 = − dx 2 dx 2 ,
Assim sendo, fazemos
− x +t 2 . Derivando em relação a x obtemos 1 dt 1 t + 1 − = o que transforma a equação em 2 dx 2 2t + 3 ou
1 dt t +1 1 + = 2 dx 2t + 3 2 ou
1 dt 4t + 5 dt 4t + 5 = = 2 dx 2(2t + 3) ou dx 2t + 3 . 1 1 2t + 3 ( + 2 )dt = dx dt = dx Separando as variáveis, fica 4t + 5 ou 2 4t + 5 .
1 1 t + ln( 4t + 5 ) = x + C 8 Integrando, temos 2 . Como x + 2 y = t , temos 1 1 ( x + 2 y ) + ln( 4 x + 8 y + 5 ) = x + C 2 8
4 x + 8 y + ln( 4 x + 8 y + 5 ) = 8 x + C1
ou
− 4 x + 8 y + ln( 4 x + 8 y + 5 ) = K
3) (x − 4 y − 3)dx − ( x − 6 y − 5)dy = 0
1 −4 = −2 ≠ 0 − 1 6 Solução: Neste caso temos x − 4 y − 3 = 0 α = −1 Daí formamos o sistema x − 6 y − 5 = 0 cuja solução é β = −1 x = u − 1 Desta forma a substituição a ser feita é y = v −1
89
ou
e a equação é transformada em (u − 4v )du − (u − 6v )dv = 0 e podemos ver que é uma equação homogênea de grau 1. Fazendo a substituição v = tu e dv = tdu + udt , obtemos:
(u − 4tu)du − ( u − 6tu )(tdu + udt) = 0 ou (1 − 4t )du − (1 − 6t )(tdu + udt) = 0 ou
(1−5t + 6t )du − u(1− 6t )dt = 0 2
Separando as variáveis, temos:
1 −4 1 du − ( + )dt = 0 du 1 − 6t 1 2t − 1 u − dt = 0 t− u 1 − 5t + 6t 2 3 ou ou 1 4 1 du + dt − dt = 0 1 u 2t − 1 t− 3
1 ln u + 2 ln(2t − 1) − ln t − = K 3 Integrando, temos: ou
1 ln u + ln( 2t − 1) 2 − ln(t − ) = K 3 ou
Retornando à relação
2v 2 − 1 u =C u v 1 u −3
t=
(2t − 1)2 u =C 1 t− 3
v u obtemos
(2v − u )2 2 =C u u 3v − u 3( 2v − u ) 2 =C 3u ou e daí 3v − u
Como u = x + 1 e
( − x + 2 y + 1) 2 =C v = y + 1 temos − x + 3 y + 2
4) (3x − y + 2)dx + (9 x − 3 y + 1)dy = 0
90
Solução: Neste caso temos
3 −1 =0 9 −3 . Reescrevendo a equação
dy 3x − y + 2 =− 9x − 3 y + 1 . Assim sendo, fazemos t = 3x − y e daí y = 3x − t . temos dx dy Derivando y em relação a x obtemos dx equação em
3−
dt t+2 =− dx 3t + 1 ou
−
=3 −
dt dx . O que transforma a
dt t +2 = −3 − dx 3t + 1 ou
dt t+2 = 3+ dx 3t + 1
ou
dt 10t + 5 = dx 3t + 1 3 1 3t + 1 ( − )dt = dx dt = dx 10 20 t + 10 10 t + 5 Separando as variáveis, fica ou .
Integrando,
temos
6t − ln( 2t + 1) = 20x + C´ .
3 1 t − ln( 2t + 1) = x + C 10 20 Como
2 x + 6 y + ln( 6 x − 2 y +1) = K
91
t = 3x − y ,
ou temos
4.5 Bibliografia ABUNAHMAN, Sérgio A. Equações Diferenciais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994. AYRES JUNIOR, Frank. Equações Diferenciais. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1986. BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1989.
4.6 Web-Bibliografia
.
92
93
94
Unidade 5- Equações diferenciais exatas ................................................ 96 5.1 Definição: Equação Diferencial Exata ................................................ 96 5.2 Teorema: Caracterização de diferenciais exatas .............................. 96 5.3 Fator integrante .................................................................................... 102 5.4 Pesquisa do fator integrante ............................................................... 102 5.5 Bibliografia ........................................................................................... 111 5.6 Web-bibliografia ................................................................................... 111
OBJETIVO Estudar os métodos básicos de resolução de equações diferenciais exatas.
95
5- EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS 5.1 Definição: Equação Diferencial Exata A equação diferencial M (x, y )dx + N (x, y )dy = 0 é dita exata se existe uma função U ( x, y ) , tal que dU = M (x, y )dx + N (x, y )dy
Exemplos: 1) ydx + xdy = 0 é uma equação diferencial exata, pois U (x, y ) = xy é tal
dU = ydx + xdy
que
(x
2)
U (x, y ) =
2
)
− y 2 dx − 2xydy = 0 é uma equação diferencial exata, pois
x3 − xy 2 + c 2 2 3 é tal que dU = x − y dx − 2xydy
(
)
5.2 Teorema: Caracterização de diferenciais exatas A equação
M (x, y )dx + N (x, y )dy = 0 , onde M e
N
são funções
contínuas e deriváveis, é diferencial exata se, e somente se, ocorrer a
∂M ∂N = ∂x relação ∂y
Lista de Exercícios Resolvidos Mostre que as seguintes equações diferenciais são exatas, em seguida resolva-as:
(
)
2 2 1) x − y dx − 2xy dy = 0
96
Solução: Para mostrar que
(x
2
)
− y 2 dx − 2xy dy = 0 é uma equação
2 2 diferencial exata, devemos mostrar que M ( x, y) = x − y e N ( x, y ) = −2xy
∂M ∂N ∂M ∂N = = −2 y = ∂x , e isto é um fato, pois ∂y ∂x . são tais que ∂y Para resolver a equação devemos determinar uma função U ( x, y ) , tal que
∂U ∂U =N =M ∂ y ∂x e . Como
.Integrando
U (x, y ) = ∫
ambos
os
M (x, y ) = x 2 − y 2 , obtemos
membros
em
relação
∂U = x2 − y2 ∂x
x
temos
∂U x3 dx = − xy2 + φ ( y ) ∂x 3 . Diferenciando U ( x, y ) em relação a
∂U ∂U = −2xy + φ ' ( y ) =N ∂ y ∂ y obtemos . Como temos − 2 xy = −2 xy + φ ' ( y )
φ ' ( y ) = 0 ou
y
ou
x3 U (x, y ) = − xy 2 + C φ ( y ) = C . Deste modo temos que 3
2) (2 x − y + 1)dx − (x + 3 y − 2)dy = 0 Solução: Neste caso temos M (x, y ) = 2x − y + 1, N (x, y ) = − x − 3 y + 2 e é
∂M ∂N = −1 = ∂x . Logo é uma equação diferencial exata. fácil ver que ∂y Para resolver, devemos determinar uma função U ( x, y ) tal que ∂U ∂U =N =M ∂ y ∂x e .
Como
M ( x, y ) = 2x − y + 1,
temos
Integrando ambos os membros em relação a x obtemos
97
∂U = 2x − y +1 ∂x .
U (x, y) = x 2 − xy + x + φ ( y) . ∂U = −x + φ'( y) ∂y . Como
Diferenciando em relação a
∂U = −x − 3y + 2 ∂y obtemos
y , fica
− 3 y + 2 = φ ' ( y ) . Daí,
3y2 3y2 2 φ( y) = − + 2y + C U (x, y ) = x − xy + x − + 2y + C 2 2 . Portanto
(
)
y y 3) e dx + xe − 2 y dy = 0
∂M ∂N = ey = ∂x , logo a equação é Solução: Temos, neste caso, que ∂y exata. Para obtermos a solução devemos determinar uma função U (x, y ) , tal ∂U ∂U =N =M ∂ y ∂ x que e . Como
M ( x, y) = e y , temos
∂U = ey ∂x . Integrando
y ambos os membros em relação a x , fica U (x, y) = xe + φ ( y) . Diferenciando
∂U ∂U = xe y + φ ' ( y ) = N (x, y ) = xe y − 2 y y ∂ y ∂ y em relação a , obtemos . Como , 2 y 2 temos − 2 y = φ ' ( y ) ou φ ( y ) = − y + C . Desta forma, U ( x, y) = xe − y + C
(
)
3 2 4) x + y dx + (2xy + cos y )dy = 0 3 2 Neste caso, M ( x, y) = x + y e N ( x, y ) = 2xy + cos y e assim é fácil ver
∂M = 2y e ∂ y que a equação é exata, pois Devemos
∂U = M (x, y ) ∂x
agora
e
∂N = 2y ∂x .
determinar
∂U = N (x, y ) ∂y
98
U (x, y ) ,
tal
que
∂U = x3 + y 2 ∂ x Daí, temos
U ( x, y ) =
x4 + xy2 + φ ( y ) 4 .
e integrando em relação a x obtemos
Diferenciando
em
relação
a
y,
temos
∂U ∂U = 2 xy + φ ' ( y ) =N ∂y ∂ y . Como , temos cos y = φ ' ( y ) ou φ ( y ) = seny + C .
x4 U (x, y) = + xy2 + seny + C 4 Desta forma temos
Lista de exercícios propostos Verifique se as equações são exatas e determine, em cada caso, uma solução. 2 2 2 3 1) (3 x + 6 xy )dx + (6 x y + 2 y )dy = 0
2) ( 1 + y sen x )dx + ( 1 − cos x )dy = 0 x 2 3) ( 2 x cos y − e )dx − x sen y dy = 0
2x y 2 − 3x2 dx + dy = 0 3 4 y y 4)
Soluções da lista de exercícios 2 2 2 3 1) (3 x + 6 xy )dx + (6 x y + 2 y )dy = 0
Solução: Nesta equação
M ( x, y ) = 3 x 2 + 6 xy 2 e N ( x, y ) = 6 x 2 y + 4 y 3 .
∂M ∂N = 12 xy = 12 xy ∂ y Como e ∂x , temos que a equação é exata.
99
∂U = 3x 2 + 6 xy 2 ∂ x Integrando ambos os membros de em relação a x, 3 2 2 temos U (x, y ) = x + 3 x y + φ ( y ) . Derivando esta expressão em relação a y,
temos
∂u = 6 x2 y +φ ' ( y ) ∂y .
Com
o
∂u =N ∂y
temos
6 x 2 y + 4 y 3 = 6 x 2 y + φ ' ( y ) ou φ ' ( y ) = 4 y 3 ou φ ( y ) = y 4 + C 3 2 2 4 Daí, temos U ( x, y ) = x + 3 x y + y + C
2) (1 + y sen x )dx + (1 − cos x )dy = 0 Solução:
M ( x, y ) = 1 + y sen x, N ( x, y ) = 1 − cos x e
Temos
∂M ∂N = sen x = ∂x . Logo a equação é exata. ∂y
∂U = M ( x, y ) Sabemos que a função U procurada é tal que ∂x e ∂U ∂u = N ( x, y ) = 1 + y sen x ∂y . Daí, temos ∂x e integrando ambos os membros em relação a x obtemos U ( x, y ) = x − y cos x + φ ( y ) . Diferenciando esta
∂U ∂U = − cos x + φ ' ( y ) = N ( x, y ) ∂ y ∂ y y expressão em relação a temos . Como fica 1− cos x = − cos x + φ ' ( y ) ou φ ' ( y ) = 1 ∴ φ ( y ) = y + C Daí, temos U (x, y ) = x − y cos x + y + C x 2 3) (2 x cos y − e )dx − x sen dy = 0
x Solução: Neste caso, M ( x, y ) = 2 x cos y − e ,
∂M ∂N = −2 x seny = ∂y ∂x . Logo a equação é exata.
100
N ( x, y ) = − x 2 seny
e
∂U = 2 x cos y − e x ∂ x Sabendo que e integrando em relação a x, temos U ( x, y ) = x 2 cos y − e x + φ ( y ) .
Derivando
em
relação
a
y
temos
∂U = N ( x, y ) = − x 2 seny = − x 2 seny + φ ' ( y ) ∂y ou φ ' ( y ) = 0 ou φ ( y ) = C 2 x Daí, U ( x, y ) = x cos y − e + C
2x y 2 − 3x2 dx + dy = 0 3 4 y y 4) M ( x, y ) = Solução: Neste caso temos
y 2 − 3x 2 2x N ( x , y ) = y4 y3 e . Como
∂M 6 x ∂N =− 3 = ∂y y ∂x , concluímos que a equação é exata. Sabendo que
x2 ∂U 2x U ( x, y ) = 3 + φ ( y ) = M ( x, y ) = 3 y ∂x y e integrando em relação a x, temos .
Agora
derivando
em
3x 2 = − 4 + φ´( y ) y . Daí, U ( x, y ) =
relação
φ´( y ) =
1 y2
a
y
temos
∂U = N ( x, y ) = ∂y
φ( y ) = − e
assim,
x2 1 − +C y3 y
5.3 Fator integrante
101
y 2 − 3x 2 y4
1 +C y . Portanto,
Definição: Fator integrante da equação M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy = 0 é uma função λ ( x, y ) para a qual λ ( x, y )[M ( x, y )dx + N ( x, y )dy] = 0 é uma equação diferencial exata. Exemplos:
1)
−
λ ( x, y ) = −
1 x 2 é um fator integrante da equação
y 1 dx + dy = 0 2 x x é uma equação diferencial exata
2)
λ ( x, y ) = −
1 x y2 2
y dx − x dy = 0 , pois
∂M 1 ∂N =− 2 = x ∂x ∂y
é um fator integrante da equação diferencial
y(1 − xy )dx + xdy = 0 , pois −
y(1 − xy ) x dx − 2 2 dy = 0 2 2 x y x y
− ou
1 − xy 1 dx − dy = 0 2 x y x y2
xy − 1 1 dx − 2 dy = 0 2 x y xy é uma equação diferencial exata
ou
∂M 1 ∂N = 2 2 = ∂ y x y ∂ x
5.4 Pesquisa do fator integrante Suponhamos
λ (x, y )
fator
integrante
de
Mdx+ N dy = 0
e
multipliquemos os dois membros da equação dada por λ . Temos: λMdx + λNdy = 0 . Como por hipótese λ é fator integrante, temos que
∂(λM ) ∂(λN ) = ∂y ∂x M desenvolvendo, fica
∂λ ∂M ∂λ ∂N +λ =N +λ ∂y ∂y ∂x ∂x ou
102
M
∂N ∂M ∂λ ∂λ −N = λ − ∂y ∂x ∂ x ∂ y
Desta forma obtemos uma equação de derivadas parciais de 1ª ordem em λ , portanto a sua solução não poderia ser obtida por enquanto, assim, esta equação se simplifica se supusermos λ função apenas de x ou de y . Assim analisaremos dois casos Supondo λ a função apenas de x , vem:
∂λ =0 ∂y
−N E assim temos
∂N ∂M ∂λ = λ − ∂y ∂y ∂x
.
Dividindo ambos os membros por λN , temos:
1 ∂λ 1 ∂M ∂N = − λ ∂x N ∂y ∂x Esta equação só tem sentido se o segundo membro for função apenas
1 ∂λ = ψ (x ) de x . Assim sendo, λ ∂x . Daí,
ln λ = ∫ψ (x )dx
ou
λ = e∫
ψ ( x )dx
.
∂λ =0 Supondo agora que λ é função apenas de y , ∂x temos:
1 ∂λ 1 ∂N ∂M = − λ ∂y M ∂x ∂y e de modo análogo obtemos
λ = e∫
ψ ( y )dy
.
É importante observar que pelo processo adotado, podemos obter um fator integrante e não todos os fatores.
103
Lista de Exercícios Resolvidos Resolver as seguintes equações diferenciais, transformando-as em exatas através do fator integrante. 2 1) y dx + ( xy +1) dy = 0
Solução:
∂M = 2y Calculando ∂y e
∂N =y ∂x
∂M podemos constatar que a equação não é diferencial exata ( ∂y
≠
∂N ∂x ). Temos, pela relação dada no caso ii), que
∂N ∂M − ∂x ∂y ou
ψ (y) =
1 M
ψ (y) =
1 (y − 2 y) = − 1 2 y y
ψ ( y )dy ∫ λ = e∫ = e
−
1 dy y
= e
− ln y
ln
=e
1 y
=
Daí,
λ= que um fator integrante é
1 y
e a equação em questão é transformada em
1 2 y dx + ( xy + 1)dy = 0 y
[
y dx + x dy +
]
ou
dy =0 y ou
104
1 y e desta forma temos
1 y dx + x + dy = 0 y . ∂M ∂N Daí, temos uma diferencial exata ( ∂y =1 = ∂x ), o que nos leva a
existência de uma função U ( x, y ) tal que dU = Mdx + Ndy com a condição ∂U =M =y x ∂ de
1 ∂U = N = x+ ∂y y.
Portanto temos
U = ∫ Mdx + φ ( y )
U = ∫ ydx + φ ( y ) = yx + φ ( y )
ou
Resta-nos calcular φ ( y ) . Para tanto derivemos a igualdade anterior em relação a y. Daí, temos
∂U 1 = N = x + = x + Φ' ( y ) ∂y y Φ' ( y ) =
1 y
ou
ou
Φ ( y ) = ln y + k .
Desta forma temos que a solução da equação é
SAIBA MAIS: Atualizar conhecimentos das propriedades operatórias de função exponencial e função logaritmica
xy + ln y = C
(
)
2 2 2) x − y dx + 2 xy dy = 0
Solução
Calculando
∂M ∂N = −2 y = 2y ∂y e ∂x
∂M ∂N Constatamos que a equação não é diferencial exata ( ∂y ≠ ∂x ).
Temos, pela relação dada no caso i), que
105
ψ (x ) =
Daí,
λ=
ou
ψ (x ) =
1 (− 2 y − 2 y ) 2 xy
ou
2 ψ (x ) = − x
Assim:
1 ∂M ∂N − N ∂y ∂x
∫ψ (x)dx = −2∫
λ = e− 2 ln x =
dx = −2∫ ln x x
1 x2
1 x2
Desta forma a equação é transformada em
1 2 x − y 2 dx + 2 xy dy = 0 2 x
[(
]
)
ou
y 2 1 − dx + 2 y dy = 0 x x
E daí é fácil ver que a equação obtida é uma diferencial exata, pois ∂M 2y ∂N 2 ∂y = x = ∂x .
Resolvendo, temos:
U = ∫ N dy + Φ ( x ) =
2y y2 ( ) dy + Φ x = + Φ (x ) ∫x x
∂U y2 y2 = M =1 − 2 = − + Φ ' (x ) ∂x x x e daí ,
Φ ' (x ) = 1
∴
Φ( x ) = x + C
Assim sendo, temos
U=
y2 + x+C x
106
ou
x +
y2 = k x
Lista de exercícios propostos Determine em cada caso um fator integrante e resolva as seguintes equações:
(
)
2 1) ydx + − x + y dy = 0
2) (2 xy − x )dx − dy = 0 2 3) 2 xy dx + y dy = 0
Solução da lista
(
)
2 1) ydx + − x + y dy = 0
Solução 1) Neste caso temos M ( x, y ) = y
e
N ( x, y ) = − x + y 2 . Daí, temos
∂M ∂N =1 = −1 ∂y e x , o que comprova que a equação não é diferencial exata.
Para calcular um fator integrante usaremos a seguinte relação:
φ (y) =
Daí, ou
λ=
1 M
∂N ∂m − ∂x ∂y
φ (y) =
1 [− 1 − 1] φ ( y ) = − 2 y y , e assim, ou
2
λ =e
∫ − y dy
1 y 2 = fator integrante
Desta forma a equação é transformada em 1 ydx + − x + y 2 dy = 0 2 y
[
(
) ]
ou
x 1 dx + − 2 + 1dy = 0 y y
Resolvendo, temos
107
ou
λ = e−2 ln y
U = ∫ Mdx + φ ( y )
ou
U =∫
1 dx + φ ( y ) y ou
U =
∂U x x = N = − 2 + 1 = − 2 + φ '( y) ∂y y y ou φ ' ( y ) = 1 U =
Daí,
x + φ( y ) y
mas
φ ( y) = y + C
ou
x + y+C y ou
x +y=k y
2)
( 2xy
− x ) dx − dy = 0
Solução:
Neste caso, M ( x, y ) = 2 xy − x e
N (x, y ) = −1 . Como
∂M = 2x ∂y e
∂N =0 ∂x são diferentes, então a equação não é exata. Para obtermos um fator integrante usaremos a relação
φ (x) =
1 ∂M ∂N − N ∂y ∂x
λ = e∫
Daí, φ ( x ) = −2 x , e desta forma temos
− 2 x dx
integrante. Desta forma a equação é transformada em
e− x [(2 xy − x )dx − dy] = 0 2
ou
Agora, resolvendo, temos
U = ∫ Ndy + φ (x)
ou
U = ∫ − e − x dy + φ ( x ) 2
108
(2xye
−x2
2
)
2
2
= e− x = fator
− xe− x dx − e− x dy = 0
U = − ye− x + φ ( x ) 2
2 2 2 ∂U = M = 2 xye− x − xe− x = 2 xye− x + φ ' ( x ) ∂x
φ ' (x ) = − xe− x 1 2
2
φ (x) = e− x + C 2
2 1 2 U = − ye− x + e− x + C 2 Daí,
ou
2 1 2 − ye− x + e− x = k 2
2 3) 2 xy dx + y dy = 0
Solução:
Neste caso temos M ( x, y ) = 2 xy , N ( x, y ) = y e 2
∂M ∂N = 2x =0 ∂y e ∂x ,
logo esta equação não é exata. Para determinar um fator integrante usaremos a relação
φ (y) =
Daí,
1 M
∂N ∂M ∂x − ∂y
φ (y) =
1 1 1 ln [− 2 x] = − 1 ∫ − dy 2 xy y , e assim λ = e y = e−ln y = e y =
1 y = fator
integrante 1 2 xy dx + y 2 dy = 0 y Desta forma a equação é transformada em ou
[
2x dx + y dy = 0 Agora, resolvendo, temos
109
]
U = ∫ N dy + φ (x)
ou
U = ∫ y dy + φ ( x)
ou
U=
y2 + φ (x ) 2
∂U = M = 2x = φ ' (x) 2 Mas ∂x e, portanto, φ ( x ) = x + C
Daí,
U =
y2 y2 + x2 + C + x2 = k 2 ou 2
5.5 Bibliografia ABUNAHMAN, Sérgio A. Equações Diferenciais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994 AYRES JUNIOR, Frank. Equações Diferenciais. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1986. BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R.C.,Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1989.
5.6 Web-bibliografia
110
111
112
Unidade 6- Equações lineares de primeira ordem .................................. 114 6.1 Definição: Equações lineares ............................................................. 114 6.2 Métodos de resolução ......................................................................... 114 6.2.1 Método da Substituição ou Método de Lagrange ............................... 114 6.2.2 Método do Fator Integrante ................................................................. 117 6.3 Equação de Bernoulli ............................................................................. 126 6.4 Bibliografia ............................................................................................. 141
113
6- Equações lineares de primeira ordem 6.1 Definição Equações lineares são as equações da forma
dy + Py = Q dx onde P e Q são funções de x ou constantes. Se Q = 0, a equação é dita linear homogênea ou incompleta. Exemplos:
dy + 3y = 6 dx dy + 2 xy = x dx dy + 5y = 0 dx dy 2 −x y=0 dx
6.2 Métodos de resolução 6.2.1 Método da Substituição ou Método de Lagrange
dy + Py = Q (*) Seja a equação: dx Este método consiste em substituir y por z.t, onde
t = Φ( x ) z = ψ (x) sendo z a nova função incógnita e t a função a determinar.
114
Derivando y em relação a x temos:
dy dt dz = z +t dx dx dx dy e substituindo em (*) dx pelo valor obtido, temos z
dy dz + t + P.z.t = Q dx dx
dz dt z + P.t + t =Q dx daí, dx
Para integrar esta equação, examinaremos dois casos particulares da equação (*), a saber:
dy =Q , isto é, P = 0 Caso 01 : dx ou
dy = Q dx
ou
y = ∫ Q dx + C
Veja Mais: Logaritmos, definição e propriedades
dy + Py = 0 Caso 02: dx , isto é, Q = 0 Para analisar o caso 02, começamos multiplicando todos os termos por
dx , deste modo temos:
dy + Py dx = 0 Daí, separando as variáveis fica: dy + P dx = 0 y
e integrando temos
115
∫
dy + ∫ P dx = C y ou
ln y + ∫ P dx = C ou ln y = C − ∫ P dx
E daí, pela definição de logaritmo, podemos escrever: y = e C − ∫ Pdx = e C .e − ∫ Pdx C Fazendo e = k vem
y = k .e − ∫ Pdx
que é a solução de uma equação linear homogênea ou incompleta. Exemplo:
A solução da equação y = k .e
1 − ∫ − dx x
dy y − =0 dx x é
= ke ln x = kx
Voltando à equação dz dt z + Pt + t =Q dx dx
podemos ver que, se conseguirmos obter os valores de t
e
z,
obviamente teremos a solução da equação (*) dita linear completa, já que
y = zt . Assim, pesquisemos na equação acima um modo de calcular essas duas funções.
dt + Pt Se igualarmos o coeficiente de z , isto é, dx , a um determinado fator, o valor daí obtido será levado ao resto da equação, possibilitando o cálculo de z , já que t foi calculado da forma citada. Deste modo, igualemos a zero o dito coeficiente (condição imposta).
116
dy + Py = 0 dx Observemos que esta equação é do tipo visto no segundo caso, onde t funciona como y e cuja solução é
t = ke − ∫ Pdx
Assim, substituindo o valor de t em
t
dz =Q dx , obteremos o valor de
z
k e −∫ Pdx
dz =Q dx
ou
dz 1 ∫ Pdx = e .Q dx k
ou
1 dz = e ∫ Pdx . Q dx k
Integrando, vem
1 z = ∫ e ∫ Pdx. Q dx + c k Como y = z.t , teremos: 1 y = k e − ∫ Pdx ∫ e ∫ Pdx . Q dx + C k
ou
[
y = e − ∫ Pdx ∫ e ∫ Pdx . Q dx + C1
]
que é a solução geral da equação (*). 6.2.2 Método do Fator Integrante Dada a equação:
dy + Py = Q dx
117
( ** )
(Py − Q ) dx + dy = 0
ou
∫ Pdx e multiplicando ambos os membros por e , temos:
e ∫ Pdx (Py − Q ) dx + e ∫ Pdx dy = 0 − ∫ Pdx (Py − Q ) Daí, M = e
Derivemos
N = e ∫ Pdx
e
M em relação a
y:
∂M = P e ∫ Pdx ∂y
Da mesma forma derivemos N em relação a x :
∂N = P e ∫ Pdx ∂x ∂m ∂N = ∂x , temos que a equação transformada é Observando que ∂y
diferencial exata. Assim
sendo,
o
Método
do
Fator
Integrante
consiste
em
transformarmos uma equação linear em outra diferencial exata, cuja resolução já conhecemos.
Lista de Exercícios Resolvidos
dy y − = x−2 dx x 01.Resolva a equação a) Pelo Método de Lagrange b) Pelo Método do Fator Integrante
118
Solução:
dy y − = x−2 a) dx x Substituindo:
dy dt dz =z +t dx dx e dx
y = z .t
z
temos
dt dz z . t + − = x−2 dx dx x dt z − dx
ou
t dz = x−2 +t x dx
Cálculo de t:
dt t − =0 dx x
Fazendo
dt dx − =0 t x
ou
integrando, obtemos:
ln t = ln x
ou
t=x
Cálculo de z:
t
dz = x−2 dx
Mas t = x , daí, temos:
x
ou
dz = x−2 dx
2 dz = 1 − dx x
e integrando, temos z = x − 2 ln x + C Como a solução geral é y = z . t , temos
119
e
y = z . t = x[( x − 2 ln x + C )] ou
y = x( x − 2 ln x + C )
[
− ∫ Pdx ∫ e ∫ Pdx .Qdx + C Utilizando a fórmula ( ** ) acima, isto é, usando y = e
onde
P=−
e − ∫ Pdx = e
∫
dx x
1 x
e
]
Q = x − 2 , temos
= e ln x = x
e
e
∫ Pdx
1 y = x ∫ ( x − 2 )dx + C x Daí,
=e
1 − ∫ dx x
= e − ln x =
1 e
ln x
=
1 x
ou
y = x( x − 2 ln x + C )
dy y − = x−2 b) dx x Para resolver usando o Método do Fator Integrante, iniciamos y 2 − x − dx + dy = 0 x reescrevendo a equação. Daí,
Calculando um fator integrante temos:
e ∫ Pdx = e − ∫ dx / x = e −ln x =
1 x
1 e multiplicando a equação modificada por x temos y 1 2 − 1 − 2 dx + dy = 0 x x x , ∂M 1 ∂N =− 2 = ∂x x que é uma diferencial exata, pois ∂y
Assim:
120
1 U = ∫ dy + Φ( x ) x
U=
ou
y + Φ( x ) x
∂U y y 2 =N − 2 + Φ' ( x ) = − 1 − 2 x x Daí, usando ∂x , temos x Φ ' (x) =
ou
2 −1 x
e desta forma temos
ou
U=
Φ(x ) = 2 ln x − x
y + 2 ln x − x x e a solução geral é:
y + 2 x ln x − x 2 = Cx
2) Resolva pelo Método de Lagrange a equação
dy − y tg x = sen x dx
Solução: Substituindo y = z . t , temos
dy dt dz = z +t dx dx dx
Daí,
z
dt dz + t − z . t . tg x = sen x dx dx , e reescrevendo a equação fica
dt dz z − t tg x + t = sen x dx dx
dt − t . tg x = 0 Cálculo de t: dx dt − tgxdx = 0 Separando as variáveis, temos t , e integrando fica ln t = − ln cos x = ln
1 = ln sec x cos x , e assim temos
t = sec x Cálculo z:
121
t
dz = senx dx
sec x
ou
dz = sen x dx
dz = sen x. cos x dx
ou sen 2 x +C 2
z=
ou
Solução geral: sen 2 x y = sec x + C 2
3) y=e
Utilizando
− ∫ Pdx
[∫ e
∫ Pdx
a
fórmula
(
**
)
acima,
isto
é,
usando
dy y co tg x + − =0 .Qdx + C , resolva a equação : dx x x
]
Solução: reescrevendo a equação temos
dy 1 co tg x + .y = dx x x
Daí,
P=
∫ Pdx 1 dx 1 − ∫ Pdx = −∫ = − ln x e− = e −ln x = ∫ Pdx = e ln x = x x e x x e e
Q=
Como e
ln x
co tg x x
= x , temos
∫
∫e
e ln x
co tg x dx = ln(sen x ) x
∫ Pdx
.Qdx = ∫ e ln x .
Assim, a solução é:
y=
co tg x dx x
∴
1 [ln(sen x) + C] x
Lista de Exercícios Propostos Resolva as seguintes equações lineares:
dy y − =x 1) dx x
122
dy 2 y + = x3 dx x 2) dy = tg x . y + cos x dx
3)
4) y dx − (2 xy + 3) dy = 0 2
x = Cy 2 −
Resp.:
1 y
5) Ache a solução particular para y = 0 e x = 0 dy 1 = y tg x = dx cos x
∴ y=
Resp
6) Ache a solução particular para y = b
x
dy + y − ex = 0 dx
Resp .:
y=
Solução da lista de Exercícios Propostos
dy y − =x 1) dx x Solução:
Substituindo y = z t e
Temos
z
dy dt dz = z +t dx dx dx
dt dz z . t +t − =x dx dx x
ou
dt t dz z − + t =x dx x dx
Calculando t :
123
x cos x
e
x=a
e x + ab − e a x
dt t − =0 dx x ou
dt dx − =0 t x
ou
ln t = ln x
ou t = x
Calculando z:
t
dz =x dx
Mas t = x e daí
dz =1 dx
ou
z = x +C
2 Solução geral y = z . t = x( x + C ) ou y = Cx + x
dy 2 y + = x3 dx x 2) Solução:
dy dz dt =t +z y = z t dx dx , temos Substituindo e dx t
dz dt 2 z . t +z + = x3 dx dx x , daí
dt 2t dz z + + t = x3 dx x dx
Calculando t :
dt 2t + =0 dx x ou
dt 2dx + =0 t x
ou
ln t = −2 ln x
ou
124
ln t = ln x−2
t=
ou
1 x2
Calculando z:
t
dz 1 = x3 t= 2 dx x , temos . Como
1 dz = x3 2 x dx ou z=
dz = x5 dx e daí
x6 +C 6 .
Solução geral:
1 C y = z .t = x4 + 2 6 x
dy − tg x y = cos x 3) dx Solução: Reescrevendo a equação, fica
(tg x y + cos x )dx − dy = 0 , e calculando
∫ Pdx = e − ∫ tgxdx = e ln cos x = cos x . um fator integrante, temos λ = e
Multiplicando os dois membros por λ = cos x temos
(sen xy + cos x )dx − cos xdy = 0 2
∂M ∂N = senx = ∂x , logo é uma diferencial exata. e podemos ver que ∂y
Desta forma,
U = ∫ Ndy + Φ (x )
ou
∂U = M = senxy + cos2 x = ysenx + Φ' ( x ) ∂x
125
U = − y cos x + Φ( x )
ou
Φ ' (x ) = cos 2
Φ( x) = ∫ cos2 dx =
ou
1 (cos 2x + 1)dx = 2∫
1 1 = x + sen 2 x + C 2 4 1 1 U = − y cos x + x + sen2 x + C 2 4
Daí ,
ou
ou
1 1 − y cos x + x + sen2 x + C = C0 2 4 1 1 y = x + sen 2 x + C1 sec x 4 2
6.3 Equação de Bernoulli Definição:
Equação
de
Bernoulli
é
toda
equação
da
forma:
dy + Py = Q y n dx , onde P e Q são constantes ou funções de x e n é um número real diferente de zero e um.
dy dy + Py = Q + Ry = 0 OBS: Se n = 0 ou n = 1, temos dx ou dx , que são casos particulares de equações lineares. Método de Solução: A equação de Bernoulli se resolve através da sua redução a uma linear, como segue: Dada a equação
dy + Py = Q y n dx , onde, por definição, n ≠ 0 e n ≠ 1 n Dividindo ambos os membros por y , vem:
126
y −n
dy + P y1−n = Q dx
1− n Substituindo y por t , sendo t uma função de x , e derivando t
em relação a x , temos:
(1 − n)y −n dy = dt dx
dx
ou
y −n
dy 1 dt = . dx 1 − n dx
Daí, temos
1 dt . + Pt =Q 1 − n dx
ou
dt + P(1 − n)t = Q (1 − n) dx
P1 = P(1 − n ) e
Fazendo
dt + P t = Q1 Q1 = Q(1 − n ) , obtemos dx 1 que é
uma função linear.
Lista de Exercícios Resolvidos Resolva as equações a seguir:
dy y − 2 = 3 xy 2 x 1) dx Solução: 2 Dividindo por y , temos
y2
dy 2 −1 − y = 3x dx x
e fazendo a substituição:
−1
y =t
obtemos
− y −2
dy dt = dx dx
127
ou
y −2
dy dt =− dx dx
Daí, obtemos a equação linear
−
dt 2 − t = 3x dx x
ou
dt 2 + t = −3x dx x Para obtermos a solução, fazemos t = u . v , e derivando t , temos dv du 2u dt dv du u + v + = −3 x =u +v dx dx dx , e substituindo na equação, fica dx dx x
Cálculo de u :
du 2u + =0 temos Fazendo dx x du dx = −2 u x
e integrando, obtemos ln u = −2 ln x ou
u=
1 x2
Cálculo de v :
Temos
u
1 dv = −3x u= 2 dx x , fica , e substituindo
1 dv . = −3x 3 x 2 dx ou dv = −3 x dx
e integrando, fica
v=−
3x 4 +C 4
Como t = u . v , temos:
128
1 3x 4 t = 2 − + C x 4 ou t=−
t=
3x 2 C + 2 4 x
ou
4C − 3 x 4 4x2
−1 Como y = t , podemos escrever:
4x2 y= k − 3 x 4 , onde k = 4 C
Observação: a solução da equação de Bernoulli pode ser obtida de forma análoga à da linear, ou seja, pela substituição y = z . t Exemplo:
dy y − 2 = 3xy 2 x Na equação dx , Substituindo y = z . t
dv dt dz = z +t dx dx e derivando em relação a x , temos dx
Daí, temos
z
dt dz z .t +t −2 = 3 x z2 t 2 dx dx x
ou
dt 2t dz z − + t = 3 x z2 t2 dx x dx
Cálculo de t :
dt 2t dt dx − =0 =2 x Fazendo dx x e separando as variáveis temos t Integrando, obtemos
129
ln t = 2 ln x Daí,
t = x2
Cálculo de z :
dz = 3x z 2 t 2 Temos dx t
2 e substituindo t = x , fica
x2
dz = 3 x z 2 x4 dx
ou
z −2 dz = 3 x 3 dx ∴
Integrando, obtemos 1 3x 4 − = +C z 4
E assim
z=−
ou
1 3 x 4 + 4C − = z 4
4 3x + k , onde k = − 4 C 4
Como y = z . t , vem: y=−
4x2 3x 4 + k
ou
y=
4x2 k − 3x 4
dy − 2 xy = x y 3 2) dx Solução:
dy − 2 xy = x y 3 dx 3 Dividindo por y , temos
y −3
dy − 2 xy −2 = x dx
130
Fazendo t = y
dt dy = −2 y −3 dx temos dx
−2
ou
−
1 dt dy = y −3 2 dx dx
E substituindo, fica
−
1 dt − 2 xt = x 2 dx
ou
dt + 4 xt = −2 x dx
dt dv du =u +v dx dx , e substituindo obtemos Fazendo t = u v , temos dx u
dv du +v + 4 x u v = −2 x dx dx
u
ou
dv du + v + 4 x u = −2 x dx dx
Calculando u , temos
du + 4x u = 0 dx
e separando as variáveis, fica
du + 4 x dx = 0 u . Integrando, fica ln u = −2 x 2
u = e −2 x
ou
2
Calculando v , temos
e−2 x
2
dv = −2 x dx
2 dv = −2 x e 2 x dx
ou
ou
2
dv = −2 xe 2 x dx
Fazendo uma mudança de variável, ou seja, fazendo
s = 2x , temos ds = 4x dx 2
ou
ds = 2 x dx 2 .
1 1 dv = − es ds v = − es + C 2 2 Daí, , e integrando, fica ou
131
1 2 v = − e2 x + C 2 Desta forma 2 2 1 2 1 t = u v = e −2 x − e 2 x + C = − + C e −2 x 2 2
2 − 1 + 2C e −2 c 1 t = − + C e −2 x = 2 2
2
−2 Mas t = y , daí
1 − 1 + 2Ce −2 x = 2 y2
− 1 + 2Ce − 2 x
2e 2 x
2
ou
y =−
ou
2
2
y =
2
2
y =
2
ou
2e 2 x
2
2
− e 2 x + 2C
2
2
e 2 x + k , onde k = −2C
NOTA: Como na questão 1), mostraremos também que a solução de 2) pode ser obtida pela substituição y = z . t .
dy dt dz = z +t dx dx e substituindo Seja y = z . t daí dx z
dt dz + t − 2 x z t = x z3 t3 dx dx
ou
dz dt z − 2 xt + t = x z3 t3 dx dx
Cálculo de t :
dt dt − 2 xt = 0 = 2 x dx Fazendo dx e separando as variáveis, fica t
132
2 Integrando: ln t = x
ou
t = ex
2
Cálculo de z :
dz = x z 3t 3 x2 dx Temos , e substituindo t = e temos t
ex
2
2 dz = x e3 x z 3 dx
2
z −3dz = x e 2 x dx
ou
−
Integrando, temos
2 1 = ∫ x e 2 x dx 2 2z
2x ∫ x e dx 2
Para calcular
2 fazemos a substituição 2x = s .
ds = xdx ds = 4 xdx 4 Daí, ou . 2x ∫ x e dx
1
2
Desta forma,
=
∫ 4 e ds = s
1 2 x2 e +C 4 2
1 1 2 1 e 2 x + 4C − 2 = e2 x + C − 2 = 2z 4 2z 4 ou Portanto,
ou
z2 = −
2 e
2 x2
+ 4C .
Fazendo 4C = k , temos
z2 = −
2 2
e2 x + k
2 2 2 Como y = z t , temos y = z .t e assim
2
y =−
2 e2 x
2
2
e2x + k
dy + xy = x3 y 3 3) dx Solução:
133
n Usaremos inicialmente o método da divisão por y .
3 Para tanto, dividiremos ambos os membros da equação por y :
Assim,
y −3
dy + xy −2 = x 3 dx
−2 Substituindo y por t , temos
y −2
dy dt − 2y = =t e dx dx
y −3
dy 1 dt =− dx 2 dx
−3
−
1 dt + x t = x3 2 dx
dt dv du =u +v t = u v dx dx Fazendo , temos dx e substituindo na equação fica
u
dv du + v − 2 x uv = − 2 x 3 dx dx ou
u(
dv du − 2 xv ) + v = − 2x3 dx dx
Cálculo de v :
dv − 2 xv = 0 dx
ou
dv = 2 x dx v
Integrando, fica: ln v = x 2 ou v = e x
2
Cálculo de u :
134
Veja mais: Técnicas de Integração
Temos
v
2 du du = − 2 x3 ex = −2 x3 dx dx ou
Separando as variáveis: 2
du = −2e − x x 3 dx
∴ u = −2∫ e − x x 3dx 2
Resolvendo a integral por partes, temos:
u = ∫ x 2e − x (− 2 x dx ) = x 2e − x − ∫ e − x 2 x dx 2
2
2
2
2
u = x 2e − x + e − x + C
Como t = u . v :
t = x 2 + 1 + C.e x
2
−2 Sendo y = t , vem:
y −2 = x 2 + 1 + Ce x y=
1 x 2 + 1 + Ce x
4)
x
2
2
dy + y = y 2 ln x dx
Solução:
Transformando, temos
dy y ln x 2 + = .y dx x x
2 Dividindo ambos os membros da equação por y :
y −2
dy y −1 ln x + = dx x x
135
−1 Fazendo y = t e derivando temos
− y −2
dy dt = dx dx
ou
dy dt =− dx dx
−
dt t ln x + = dx x x ou
dt t ln x + = dx x x ou
ln x dt t − =− dx x x
Substituindo, fica
−
y −2
− Pdx Pdx t = e ∫ ∫ e ∫ . Q dx + C temos Daí, usando a fórmula :
∫ Pdx = −∫
Daí,
dx = − ln x − ∫ Pdx = eln x = x x , e
e
e∫
Pdx
= e −ln x =
1 ln x t = x − ∫ . dx + C x x
Cálculo de
−∫
ln x dx x2
1 1 dx 1 − ∫ ln x.x −2 dx = − ln x. − ∫ − = − ln x + ∫ x −2dx = x x x x 1 1 1 1 1 = − ln x − = − (ln x + 1) = − (ln x + ln e) = − ln x.e x x x x x
Desta forma temos
1 t = x[ . − ln x . e + C ] = ln x e − Cx x
−1 Como y = t fica:
1 = ln x e − Cx y ou
y=
1 ln xe − Cx
136
1 x
Lista de exercícios propostos Resolva as seguintes equações:
dy + y = y2 dx 1) dt + y = y −2 dx 2) dy + y = y 2e x 3) dx
4)
x
dy + y = x3 y 3 dx
Solução da lista de exercícios propostos
dy + y = y2 dx 1) Solução:
2 Dividindo os membros por y , obtemos
dt −1 Fazendo t = y , temos dx
y −2
= − y −2
dy dx
dy dt =− dx dx
e daí,
−
dt + t =1 dx
− dt = (1 − t )dx
ou ou
137
y −2
ou
dy + y −1 = 1 dx
dt = (t − 1)dx
ou
dt = dx t −1 Integrando, temos
ln t −1 = x + c t = k ex + 1
x+c ou t −1 = e
c onde k = e
−1
Mas t = y , daí
1 1 y= = k ex +1 k ex +1 y ou
dt + y = y −2 2) dx Solução: −2 Dividindo os membros por y , obtemos
y2
dy + y3 = 1 dx
dt dy = 3y2 dx Fazendo t = y , temos dx 2
1 dt + t =1 3 dx
dt = dx 3 − 3t
1 dt = 1− t 3 dx ou
ou
dt = 3 − 3t dx
1 dt dy = y2 dx e daí ou 3 dx
ou
1 dt = −dx 3 t −1
ou
Integrando, temos
1 ln t − 1 = − x 3
ou
138
ln t − 1 = −3 x + C
ou
t −1 = e−3x+C ou
t = 1 + k e −3 x , onde k = ec
3 Como t = y , temos
y 3 = 1 + k e −3 x
dy + y = y 2e x 3) dx Solução:
2
Dividindo os membros por y , obtemos
dt dy = − y −2 dx Fazendo t = y , temos dx −1
e daí,
−
dt + t = ex dx
ou
ou
y −2
dy + y −1 = e x dx −
dt dy = y −2 dx dx
dt − t = − ex dx .
dt dv du =u +v dx dx e assim, Fazendo t = u v , temos dx u
dv du + v − u v = −e x dx dx ou
dv du v −u + u = −e x dx dx
Cálculo de u :
du −u= 0 Fazendo dx
ou
du =dx u e
integrando temos
ln u = x
ou
u = ex
Cálculo de v :
139
Temos
u
dv = −e x dx ex
desta forma,
e
dv = −e x dx
u = ex
ou
dv = −1 dx ou dv = −dx ou v = − x + C
x x x como t = u v , temos t = e (− x + C ) ou t = −xe + Ce
−1 Mas t = y , e assim sendo,
−1
x
y = − xe + Ce
y=
4)
x
1 = − xe x + Ce x y
ou
ou
1 − xe + Ce x
x
x
dy + y = x3 y 3 dx
dy 1 + y = x2 y3 dx x
ou
(x ≠ 0)
n Método da divisão por y
3
Dividindo os dois membros por y obtemos
y −3
dy 1 −2 + y = x2 dx x
dt dy 1 dt dy = −2 y −3 − = y −3 dx ou 2 dx dx e daí Fazendo t = y , temos dx −2
−
1 dt 1 + t = x2 2 dx x
ou
dt 2 − t = −2 x 2 dx x
Substituindo t por u v temos
dt dv du =u +v t = u v e daí dx dx dx Desta forma
u
dv du 2 + v − u v = −2 x 2 dx dx x
ou
140
dv du 2 v − u + u = −2 x 2 dx x dx
Cálculo de u :
du 2 − u =0 Fazendo dx x
ou
du 2 = u dx x ou
du dx = 2 u x
2 Integrando, temos ln u = 2 ln x e daí u = x
Cálculo de v :
Temos
u
dv dv = −2 x 2 x 2 = −2x 2 2 dx dx e u = x . Daí ou
ou dv = −2 dx Integrando, fica
v = −2 x + C 2 Desta forma t = x (− 2 x + C )
ou
t = −2x3 + Cx2
−2 Como t = y , temos
y −2 = −2 x 3 + Cx 2
ou
1 = −2 x 3 + Cx 2 y2
ou
− 2 x3 y 2 + C y 2 x 2 = 1
141
dv = −2 dx
6.4 Bibliografia ABUNAHMAN, Sérgio A. Equações Diferenciais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994 AYRES JUNIOR, Frank. Equações Diferenciais. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1986. BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C., Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1989.
6.5 Web-bibliografia
142
143
144
Unidade 7- Equações lineares de segunda ordem .................................. 146 7.1 Definição ............................................................................................... 146 7.2 Equação diferencial com coeficientes constantes ........................... 147 7.3 Equação característica ....................................................................... 148 7.4 Solução de uma equação homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 149 7.5 Solução de uma equação não homogênea com coeficientes constantes .................................................................................................. 153 7.5.1 Método dos Coeficientes a Determinar ............................................... 153 7.5.2 Método da Variação dos Parâmetros de Lagrange ............................. 158 7.6 Bibliografia ........................................................................................... 165 7.7 Web-bibliografia ................................................................................... 165
145
7- EQUAÇÕES LINEARES DE SEGUNDA ORDEM 7.1 Definição Equação diferencial ordinária linear de segunda ordem é toda equação da forma d2 y dy a(x) + b(x) + c(x) y = d(x) 2 dx dx ,
onde a ( x ) , b ( x ) , c ( x ) e d ( x ) são funções cuja variável independente é x. Exemplos:
1.
x3
d2 y dy + senx + exp(x)y = cosx 2 dx dx
d2y dy + lnx + exp(x)y = senx 2 dx 2. dx
Nota: Nas equações lineares de segunda ordem onde se tem d ( x ) ≠ 0 , a equação linear será dita não homogênea, e se d ( x ) = 0 a equação linear será dita homogênea. Exemplos de EDO lineares homogêneas
1.
x3
d2 y dy + senx + exp(x)y = 0 2 dx dx
d2y dy − 3 + 2y = 0 2 dx 2. dx
AFIRMAÇÃO: O teorema de existência e unicidade de solução garante que a equação diferencial ordinária linear de segunda ordem com as condições
dy y ( x 0 ) = y 0 dx ( x 0 ) = y1 , , isto é:
146
d2 y dy + c(x) y = d(x) a(x) 2 + b(x) dx dx y (x o ) = y o dy (x ) = y 1 dx o
possui uma única solução, desde que as funções a ( x ) , b ( x ) , c ( x ) e d( x)
sejam contínuas e a ( x ) seja não nula num intervalo real contendo o
ponto x 0 .
Exemplo: A única solução da equação condições
y (0 ) = 6 e
d2 y dy +2 + y = x2 − 1 2 dx dx com as
dy (0 ) = 4 x x 2 dx é y = e − xe + x + 4 x + 5 , isto é,
d2y dy 2 2 −2 + y = x −1 dx dx y (0 ) = 6 dy (0 ) = 4 dx
tem
como
solução
apenas
y = e x − xe x + x 2 + 4 x + 5
7.2 Equação diferencial com coeficientes constantes Definição: Uma equação diferencial ordinária de segunda ordem, d2 y dy a(x) + b(x) + c(x) y = d(x) 2 dx dx , diz-se ser de coeficientes constantes se
a ( x) = a, b (x) = b e c ( x) = c , onde a , b, c são números reais, com a ≠ 0 , ou seja, é uma equação da forma d2 y dy a 2 +b + cy = d(x) dx dx .
147
Exemplos: d2 y dy +y=2 +2 2 dx 1. dx
2.
d 2 y dy − =0 dx dx 2
3.
d2 y dy +4 = 6x 2 dx dx
Definição:
a(x)
d2 y dy + b(x) + c(x) y = d(x) 2 dx dx é dita equação diferencial
homogênea linear de segunda ordem com coeficientes constantes se
a (x), b (x), c (x) forem funções constantes e d (x) for identicamente nula. Exemplos: d2 y dy −4 + 3y = 0 2 dx 1. dx d2 y dy −4 + 4y = 0 2 dx 2. dx d2 y +y= 0 2 3. dx
7.3 Equação característica Definição: Chama-se equação característica associada à equação diferencial homogênea
a
d2 y dy +b + cy = 0 2 2 dx dx a equação a λ + bλ + c = 0
d2 y dy 2 obtida da equação dada, substituindo-se dx , dx
λ0 = 1 respectivamente.
148
1 2 e y por λ , λ = λ e
Exemplos:
2 1. λ − 4 λ + 3 = 0 é a equação característica de
2 2. λ − 4 λ + 4 = 0
é
a
equação
d2 y dy −4 + 3y = 0 2 dx dx
característica
de
d2 y dy −4 + 4y = 0 2 dx dx
2 3. λ + 1 = 0 é a equação característica de
d2 y +y= 0 dx 2
Veja Mais: Identidade de Euler (relação entre funções trigonométrica e função exponencial)
7.4 Solução de uma equação homogênea com coeficientes constantes AFIRMAÇÃO: Para obter soluções de uma equação homogênea com coeficientes constantes, partimos inicialmente da
equação característica
associada à mesma, e em seguida devemos obter as raízes desta equação. OBS.: Sendo a equação característica uma equação do segundo grau, temos que ela possui exatamente duas raízes no conjunto dos números complexos, e, além disso, observamos que quando os valores de a, b e c são reais, existem três casos a analisar:
Caso 1: Duas raízes reais e distintas Se r e s são raízes reais e distintas, as duas funções associadas a rx sx y = λ1 e rx + λ2 e s x estes valores são e e e e a solução geral é
Isto é verdade, pois sendo
dy rx sx y = λ1 e r x + λ2 e sx , dx = rλ1 e + sλ 2 e e
d2y = r 2 λ1 e r x + b 2 λ 2 e s x dx 2 e assim temos
149
d2y dy a 2 +b + cy = a r 2 λ1 e r x + s 2 λ 2 e sx + b rλ1e r x + s λ 2 e sx + c λ1e r x + λ 2 e s x dx dx
(
)
(
)
(
(
)
(
)
)
= λ1e r x ar 2 + br + c + λ 2 e s x as 2 + bs + c = 0 , visto que ar 2 + br + c = 0
2 e as + bs + c = 0
Caso 2: Duas raízes reais e iguais Se r = s é uma raiz real (multiplicidade 2), as duas funções associadas rx rx y = λ1 e r x + λ2 x e r x e x e e a solução geral é a estes valores são e
Isto
é
verdade,
dy = rλ1 e r x + λ 2 e rx + λ 2 xre rx dx
pois
sendo
y = λ1 e r x + λ2 xe rx ,
d2y = r 2 λ1 e r x + rλ 2 e rx + λ 2 re s x + λ 2 xr 2 e rx dx 2 =
e
r 2 λ1e rx + 2rλ2 e rx + λ2 r 2 xe rx e assim temos a
d2y dy +b + cy = 2 dx dx
(
)
(
) (
a r 2 λ1 e r x + 2rλ2 e rx + λ 2 xr 2 e rx + b rλ1 e r x + λ2 e rx + λ2 xre rx + c λ1e r x + λ 2 e r x
=
λ1 e r x (ar 2 + br + c) + λ 2 xe rx ( ar 2 + br + c) + λ2 e rx ( 2ar + b ) = 0
)=
, visto
2 que ar + br + c = 0 e 2 ar + b = 0
Caso 3: Duas raízes complexas conjugadas Se r e s são raízes complexas conjugadas, isto é, r = α + i β e s = α − i β , as duas funções associadas a estes valores formam o conjunto:
{e (
α + iβ ) x
, e (α −iβ )x
}
que é algebricamente equivalente ao conjunto
150
{e
αx
}
cos (β x ), e αx sen(β x )
αx αx e a solução geral é y = λ1e cos (β x ) + λ 2 e sen(β x )
{ } (r ≠ s ) , { e , xe } e {e ( sen(β x )} são linearmente independentes.
rx sx Nota: Os conjuntos e , e
{
αx αx ou e cos (β x ), e
Provaremos esta afirmação para Devemos mostrar que se Solução: Derivando
rx
{e
rx
, e sx
λ1 e r s + λ2 e sx = 0
λ1 e r x + λ2 e sx = 0
rx
} , sendo , então
, temos
α + iβ ) x
, e (α −iβ )x
}
r ≠ s.
λ1 = λ 2 = 0
.
rλ1 e r x + sλ e sx = 0
.
λ1e r x + λ 2 e sx = 0 rλ e r x + sλ 2 e sx = 0 Daí temos o sistema 1
Resolvendo o sistema temos − rλ1 e r x − rλ 2 e sx = 0 rλ1 e r x + sλ 2 e sx = 0
(s − r ) λ 2 e sx Como r ≠ s e er x ≠ 0
=0
rx e sx ≠ 0 ∀x temos λ 2 = 0 e assim λ1 e = 0 . Como
∀x temos λ1 = 0 .
Lista de exercícios resolvidos Resolva as seguintes equações diferenciais d2y − y= 0 2 1. dx
Solução:
151
2 A equação característica é λ − 1 = 0 , cujas raízes são r = 1 e s = −1
. Como as raízes são reais e distintas, a solução geral é dada por
y = λ1 e x + λ2 e − x d2y + y= 0 2 2. dx
Solução: 2 A equação característica é λ + 1 = 0 , cujas raízes são r = i e s = −i .
Como as raízes são conjugadas, temos que (caso 3) a solução geral é dada
y = λ1 e ix + λ2 e − ix
por
ou
y = c1 cos x + c 2 sen x
d2y dy + 6 + 9y = 0 2 dx 3. dx
Solução: A
equação
2 é λ + 6λ + 9 = 0 ,
característica
cujas
raízes
são
r = − 3 = s . Como a raiz é de multiplicidade 2, temos que (caso 2) a solução
geral é dada por
y = λ1 e −3 x + λ2 x e −3 x
d2y dy − 2 + 5y = 0 2 dx 4. dx
Solução: A
equação
característica
é
λ 2 − 2λ + 5 = 0 , cujas raízes são
r = 1 + 2 i e s = 1 − 2 i (caso 3) e a solução geral é
ou
y = λ 1e (1+ 2i ) x + λ 2 e (1− 2i )x
y = c1 e x cos 2 x + c 2 e x sen2 x
7.5 Solução de uma equação não homogênea com coeficientes constantes AFIRMAÇÃO: Para obter soluções de uma equação diferencial não homogênea com coeficientes constantes, os métodos mais usados são:
152
Método dos Coeficientes a Determinar e Método da Variação dos Parâmetros. 7.5.1 Método dos Coeficientes a Determinar Consideremos a equação diferencial ordinária linear com coeficientes constantes: d2 y dy a 2 +b + cy = d( x) dx dx
O objetivo deste método é obter uma solução particular y P = y P ( x) que possa ser escrita como combinação linear de um conjunto de funções linearmente independentes capazes de gerar tanto a função d = d ( x ) como dy (x ) ( ) y = y x as funções , dx e
d2y (x ) dx 2 .
Nota: Analisaremos apenas para casos onde o problema fica mais fácil, isto é, casos onde a função d (x ) tem uma das formas abaixo: a) Polinômio de grau n na variável independente y P ( x ) = a n x n + a n −1 x n −1 + ...a 2 x 2 + a1 x + a 0
b) Múltiplo de uma função exponencial y P (x ) = k e r x
c) Combinação linear de funções trigonométricas
y P ( x ) = A cos (kx ) + B sen (kx ) d) Soma das formas anteriores
y P ( x) = y1 ( x) + y2 ( x) onde y1 (x) é a solução obtida na forma do item a), b), ou c), o mesmo acontecendo com y 2 ( x ) .
153
Exemplos: y P ( x ) = ( a n x n + a n −1 x n −1 + ...a 2 x 2 + a1 x + a 0 ) + ke rx ; y P ( x ) = ( a n x n + a n −1 x n −1 + ...a 2 x 2 + a1 x + a 0 ) + A cos( kx ) + Bsen ( kx ) ;
y P ( x ) = ke rx + A cos(kx) + Bsen(kx) .
e) Produto das formas anteriores
y P (x) = y1 ( x). y2 ( x) onde y1 (x) é a solução obtida na forma do item a), b), ou c), o mesmo acontecendo com y 2 ( x ) . Exemplos: y P ( x ) = ( a n x n + a n −1 x n −1 + ...a 2 x 2 + a1 x + a 0 ) ( ke rx ) ; y P ( x ) = (a n x n + a n −1 x n −1 + ...a 2 x 2 + a1 x + a 0 ) ( A cos( kx ) + Bsen ( kx)) ;
y P ( x ) = (ke rx ) ( A cos(kx) + Bsen(kx)) .
Observação: Se as funções sugeridas já apareceram na solução geral da equação homogênea associada, então a sugestão para a nova função deverá ser a mesma função sugerida, multiplicada por x .
Sugestões de soluções: Seja
L=a
d2 y dy +b + cy 2 dx dx um operador
diferencial linear com coeficientes constantes e uma equação diferencial ordinária linear L ( y ) = d ( x) . Equação
Forma da solução procurada
L( y ) = A x 2
y P ( x ) = ax 2 + bx + c
L( y ) = A e kx
y P ( x ) = a e kx
154
L( y ) = A cos (kx)
y P ( x) = a cos(kx) + b sen(kx)
L( y ) = A sen (kx)
yP (x) = a cos (kx) + b sen (kx)
L ( y ) = A sen (kx) + b cos (kx)
yP (x) = a cos (kx) + b sen (kx)
L ( y ) = Asen (rx) + B cos (sx)
y P ( x) = a cos (rx) + b sen(rx) + c cos (sx) + d sen (
(
L ( y ) = A e + Bx + Cx + D kx
2
(
L ( y ) = A e kx Bx 2 + Cx + D
)
y P = y1 + y2
tal
y1 (x ) = ae kx e y 2 ( x ) = b x 2 + cx + d
[
)
y P ( x ) = e kx ax 2 + bx + c
]
y P ( x ) = e kx [a cos (rx ) + bsen (rx )]
L ( y ) = A e kx sen (rx )
Lista de exercícios resolvidos 01. Obter, usando o Método dos Coeficientes a Determinar, uma d 2 y dy − − 2y = 4 x 2 2 dx solução particular da equação dx
Solução: 2 Devemos procurar uma solução do tipo y P ( x) = ax + bx + c .
Calculando a primeira e segunda derivada de y P ( x ) obtemos
dy P ( x) = 2ax + b dx e
d 2 y P (x) = 2a dx 2
e substituindo na equação, fica:
155
que
(
)
2a − (2ax + b ) − 2 ax 2 + bx + c = 4 x 2
Reescrevendo, temos − 2a x 2 − (2a + 2b ) x + (2a − b − 2c ) = 4 x 2 ou − (2a + 4 )x 2 − (2a + 2b )x + (2a − b − 2c ) = 0
Daí,
2a + 4 = 0 2a + 2b = 0 2a − b − 2c = 0
ou
a = −2 b = 2 c = −3
2 Assim, y P ( x ) = −2 x + 2 x − 3
02. Obter uma solução particular da equação
d 2 y dy − − 2y = e 2x dx 2 dx
Solução: Conforme sugestão, devemos procurar uma função da forma y P ( x ) = a e 2 x , derivando yP duas vezes temos
dy P ( x) d 2 y P (x ) = 2a e 2 x = 4ae 2 x 2 dx dx e . Substituindo, obtemos 4ae 2 x − 2ae 2 x − 2ae 2 x = e 2 x ou 0 = e 2 x 2x Neste caso, a função y P ( x ) = ae é solução da equação homogênea
d 2 y dy − − 2y = 0 dx 2 dx e conforme observação anterior, devemos procurar uma 2x solução da forma y P ( x ) = a xe .
156
Daí, derivando yP ( x)
dy P ( x) = a e 2 x + 2axe2 x dx duas vezes temos e
d 2 y P (x ) d 2 y P (x ) 2x 2x 2x = 2 a e + 2 ae + 4 axe = 4a e 2 x + 4axe 2 x 2 dx 2 dx ou
Substituindo
na
equação
temos
4 ae 2 x + 4 axe 2 x − ae 2 x − 2 axe 2 x − 2 axe 2 x = e 2 x ou
3ae
2x
= e
2x
ou 3a = 1 ou
Desta forma
y P (x ) =
a=
1 3
1 2x xe 3
03. Obter uma solução particular da equação
d2 y dy −2 + y = 4 cos x 2 dx dx
Solução: Neste caso, a sugestão é fazer y P ( x) = a cos x + b senx Derivando yP duas vezes, temos
dy P ( x) d 2 y P (x ) = −a sen x + b cos x = − a cos x − b sen x 2 dx , dx e substituindo, temos
− a cos x − b senx + 2 asenx − 2b cos x + a cos x + bsenx = 4 cos x 2 a sen x − 2 b cos x = 4 cos x + 0 sen x
Igualando os coeficientes dos termos semelhantes, vem
2a = 0 − 2b = 4
ou
a=0 b = −2
157
ou
Daí a solução é
y p ( x ) = − 2 senx
7.5.2 Método da Variação dos Parâmetros de Lagrange
Consideremos a equação diferencial ordinária linear com coeficientes constantes: d2 y dy a 2 +b + cy = d( x) dx dx
Este método é mais um usado para determinar uma solução particular de uma equação diferencial linear e leva em consideração a solução obtida a partir da equação linear homogênea associada e trata a constante obtida como uma possível função do parâmetro x .
Da
equação
d2 y dy a 2 +b + cy = d(x) dx dx
com
a , b, c
constantes,
suponhamos que a solução geral y (x) da equação homogênea associada seja y ( x) = Ay1 (x) + By2 (x ) e suponhamos que uma solução particular da equação
y
P
a
diferencial
(x ) = A(x ) y1 (x ) + By2 (x )
d2 y dy +b + cy = d( x) 2 dx dx
, onde
seja
da
forma
y1 ( x) e y2 (x) são funções obtidas da
solução homogênea e A ( x ) , B ( x ) sejam funções a serem determinadas. Para determinarmos
A ( x ) e B ( x ) , devemos resolver o seguinte
sistema em relação a A' (x) e B' ( x)) :
A' y1 + B' y 2 = 0 A' y '1 + B' y ' 2 = d ( x)
158
Uma vez obtidas A' (x) e B' ( x)) , e por integração (desprezando as constantes, pois estamos interessados em uma solução particular) e assim achamos A ( x ) , B ( x ) e, portanto, uma solução particular desejada. Lista de Exercícios Resolvidos 01.Obter, pelo Método da Variação
de Parâmetros, uma solução
d2 y dy − 6 + 25y = 64e − x 2 dx particular para a equação dx
Solução: d2 y dy − 6 + 25y = 0 2 dx A solução da equação homogênea associada dx é
y h (x ) = A e 3 x cos 4 x + Be 3 x sen 4 x
.
E montando o sistema
A′y1 + B ′y 2 = 0 A′y1′ + B ′y ′2 = d (x )
temos
A′e 3 x cos 4 x + B ′e 3 x sen 4 x = 0 A′3e 3 x cos 4 x − 4 A′e 3 x sen 4 x + B ′3e 3 x sen 4 x + 4 B ′e 3 x cos 4 x = 64e − x
ou A′e 3 x cos 4 x + B ′e 3 x senx 4 x = 0 − 4 A′e 3 x sen 4 x + 4 B ′e 3 x cos 4 x = 64e − x
A′ cos 4 x + B ′ sen 4 x = 0 −4 x − A′ sen 4 x + B ′ cos 4 x = 16e
Usando a regra de Cramer, temos
∆=
cos 4 x
sen 4 x
− sen 4 x cos 4 x
=1
∆ A′ =
0 16e
−4 x
159
sen 4 x cos 4 x
= − 16e − 4 x sen4 x
∆ B′ =
cos 4 x
0
− sen 4 x 16e A′ = −16e
′ Daí, B = 16 e
−4 x
−4 x
= 16e −4 x cos 4 x
−4 x
Ver mais: integração por partes...
sen4 x
cos 4 x
Integrando A′ , temos A = ∫ − 16 e −4 x sen 4 x dx
temos
. Fazendo a substituição t = −4 x e
−
1 dt = dx 4
A = 4 ∫ e t sen(− t )dt = −4 ∫ e t sen t dt
Usando o método de integração por partes, vem: p ' = e t , q = sent , daí, p = e t e q ' = cos t e sen t dt = e sent − ∫ e Assim, ∫ t
t
t
cos t dt
Novamente usando o método de integração por partes em p '1 = e t , q1 = cos t
temos
∫e
t
cos t dt = e t cos t + ∫ e t sen t dt
∫e
t
p1 = e t , q1′ = − sen t .
daí,
∫e
Desta
t
cos t dt
forma
. Substituindo, temos
sen t dt = e t sen t − e t cos t − ∫ e t sen t dt
2 ∫ e t sen t dt = e t (sen t − cos t ) 1
ou
∫ e sen t dt = 2 e (sen t − cos t ) t
Assim,
t
A = 2e t (cos t − sent )
A = 2e − 4 x (cos 4 x + sen 4 x )
Integrando B ′
160
ou
A = 2e −4 x (cos(− 4 x ) − sen (− 4 x ))
ou
Temos
B = ∫ 16 e −4 x cos 4 x dx
, e fazendo de modo análogo ao A ,
−4 x obtemos B = 2e (sen 4 x − cos 4 x ) .
Calculando yP temos y P = −2e −4 x (cos 4 x + sen 4 x )e 3 x cos 4 x + 2e −4 x (sen 4 x − cos 4 x ) e 3 x sen 4 x
ou
(
)
y P = 2e − x cos 2 4 x + sen 4 x cos 4 x + sen 2 4 x − cos 4 x sen 4 x ou y P = 2e − x
02. Obter, usando o Método da Variação de Parâmetros, uma solução d 2 y dy − − 2y = 4 x 2 2 dx particular da equação dx
Solução: d 2 y dy − − 2y = 0 2 dx A solução da equação homogênea associada dx é
y h ( x ) = A e 2 x + Be − x soluções
y
P
r = 2,
, pois a equação característica
s = −1
(x ) = A(x ) y1 (x ) + B( x) y 2 (x )
e
nosso
objetivo
λ2 − λ − 2 = 0 é
tem
encontrar
, onde A ( x ) , B ( x ) são obtidos através do
sistema montado a seguir:
A′y1 + B ′y 2 = 0 A′y1′ + B ′y ′2 = d (x ) . Daí fica A′e 2 x + B ′e − x = 0 A′2e 2 x − B ′e − x = 4 x 2
Usando a regra de Cramer, temos
161
e2x ∆ = 2x 2e
∆ B′ =
Daí,
e−x = −3e x −x −e
e2 x 2e 2 x A′ =
∆ A′
e−x = − 4x 2e −x −x −e
0 = 4x 2
0 = 4 x 2e 2 x 2 4x 4 2 −2 x 4 x e B′ = − x 2e x 3 3 e
Integrando,
1 A( x ) = − e − 2 x ( 2 x 2 + 2 x + 1 ) 3
obtemos
e
4 B ( x ) = − e x ( x 2 − 2 x + 2) 3 . 1
4
− e − 2 x ( 2 x 2 + 2 x + 1 )e 2 x − e x ( x 2 − 2 x + 2 )e − x y = 3 3 P Daí, ou 1 4 − ( 2 x 2 + 2 x + 1) − ( x 2 − 2 x + 2 ) yP = 3 3 ou
yP = − 2 x 2 + 2 x − 3
03. Obter, usando o Método da Variação de Parâmetros, uma solução particular da equação
d 2 y dy − − 2y = e 2x 2 dx dx
Solução:
A solução da equação homogênea associada
y h ( x ) = A e 2 x + Be − x soluções
y
P
r=2
, pois a equação característica e
(x ) = A(x ) y1 (x ) + B( x) y 2 (x )
s = −1
e
nosso
d 2 y dy − − 2y = 0 dx 2 dx é
λ2 − λ − 2 = 0
objetivo
é
tem
encontrar
, onde A ( x ) , B ( x ) são obtidos através do
sistema montado a seguir:
162
A′e 2 x + B ′e − x = 0 A′2e 2 x − B ′e − x = e 2 x Daí fica
A′y1 + B ′y 2 = 0 A′y1′ + B ′y ′2 = d (x )
Usando a regra de Cramer, temos
∆=
e−x = −3e x − e−x
e2x 2e 2 x
e2x ∆ B′ = 2 x 2e
Assim,
∆ A′ =
0 e2x
e−x =− ex − e−x
0 = e4x 2x e 1 1 B′ = − e3x 3 e 3
A′ =
Integrando, obtemos
A( x ) =
1 1 x B ( x ) = − e 3x 3 e 9 .
1 2 x 1 3x −x xe − e e 9 Daí, y P = 3 ou 1
y P = 3 xe
2x
1 − e2x 9
04. Obter, usando o Método da Variação de Parâmetros, uma solução particular da equação
d2 y dy −2 + y = 4 cos x 2 dx dx
Solução: d2 y dy −2 + y= 0 2 dx A solução da equação homogênea associada dx é
y h ( x ) = A e x + Bxe x soluções
y
P
, pois a equação característica
r =1= s
(x ) = A(x ) y1 (x ) + B( x) y 2 (x )
e
nosso
objetivo
λ 2 − 2λ + 1 = 0 é
tem
encontrar
, onde A ( x ) , B ( x ) são obtidos através do
sistema montado a seguir:
163
A′y1 + B ′y 2 = 0 A′y1′ + B ′y ′2 = d (x )
Daí, fica
A′e x + B ′xe x = 0 A′e x + B ′e x + B ' xe x = 4 cos x ou
A′e x + B ′xe x = 0 A′e x + B ′(e x + xe x ) = 4 cos x
Usando a regra de Cramer, temos
ex ∆= x e
∆ B′
ex = x e
xe x 0 xe x 2x = e ∆ A' = = − 4 x cos xe x e x + xe x 4 cos x e x + xe x 0 = 4 cos xe x 4 cos x
−x −x Assim, A′ = − 4 x cos xe e B ′ = 4 cos xe
Integrando,
A( x ) = − 2e − x ( senx − x cos x + xsenx )
obtemos
B ( x ) = − 2e − x (cos x − senx ) . −x x −x x Daí, y P = − 2e ( senx − x cos x + xsenx )e − 2e (cos x − senx ) xe ou
y P = − 2 senx
7.6 Bibliografia
164
e
ABUNAHMAN, Sérgio A. Equações Diferenciais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994. AYRES JUNIOR, Frank. Equações Diferenciais. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1986. BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C., Equações Diferenciais Elementares e Problemas de valores de Contorno. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1989.
7.7 Web-bibliografia
165
166