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Energia Pré-paga

Projeto final de curso técnico em Eletrotécnica sobre energia pré-paga

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Energia Pré- Paga Curso Técnico de Eletrotécnica SENAI CIMATEC Salvador - 2010 SENAI CIMATEC Curso Técnico em Eletrotécnica Energia Pré-Paga Rafaela Silva dos Santos Davi Lima Santos Cristovam Amaral Iraildes Soledade Resumo Este trabalho apresenta uma análise de sistemas alternativos de pagamento de energia elétrica enfocando principalmente a utilização do pré- pagamento como forma de diminuir perdas comerciais das empresas distribuidoras de energia. Adicionalmente enfoca o seu uso como forma de cobrança para consumidores de baixa tensão. A análise inclui uma breve síntese de experiências no uso do pré- pagamento no mercado internacional e no mercado nacional em setores como telefonia e distribuição de água. Além disso, esse trabalho descreve o desenvolvimento de um sistema de pagamento de energia elétrica utilizando a tarifa amarela, medidores analógicos, sensores indutivos e automação. Mostrando os resultados experimentais e a viabilidade econômica do projeto. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Esquema de disposição das bobinas e do disco do contador 18 Figura 2 - Esquema interno do contador 20 Figura 3 – Esquema do sensor indutivo 21 Figura 4 – Esquema de acionamento do sensor indutivo 22 Figura 5 – Estrutura básica de um CLP 22 Figura 6 – Ciclo de processamento dos CLPs 23 Figura 7 – Lógica do CLP 25 Figura 8 – Tela inicial do Scada 26 Figura 9 – Tela de monitoramento do Scada 26 Figura 10 – Tela de comando do Scada 27 LISTA DE SIGLAS ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica COELBA Companhia de Energia do Estado da Bahia FGV Fundação Getúlio Vargas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH Índice de desenvolvimento Humano OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................. ................................7 2 Perdas comerciais.......................................................... ................................8 3 Sistemas de pagamentos e tratamento regulatório..................................11 4 Experiências de países que adotam o pré- pagamento.............................13 4.1 África do Sul................................................................. ................................13 4.1.2 UK (Inglaterra, Escócia)............................................................ ................13 5 Experiência no Brasil.............................................................. .....................15 5.1 Vila de São Tomé, Região Amazônica........................................................15 6 Metodologia do desenvolvimento..................................................... ..........15 6.1 Especificações básicas e a escolha da tecnologia......................................16 6.1.2 Descrição do projeto Energia Pré- Paga...................................................17 6.1.3 Funcionamento dos materiais utilizados no projeto.................................18 Medidor de energia............................................................. ..............................18 Contator.................................................................... .........................................20 Relés....................................................................... ..........................................20 Sensor Indutivo.............................................................. ....................................21 Controlador Lógico Programável (CLP).............................................................22 Elipse Scada................................................................. .....................................24 6.2 Implementação do projeto............................................................. ..............24 Construção do Ladder.............................................................. .........................24 6.2.1 Integração ladder e supervisório........................................................ ......25 6.2.2 Descrição do funcionamento do projeto...................................................27 7 Conclusão.................................................................. ...................................28 8 Bibliografia............................................................... .....................................30 1 INTRODUÇÃO A automação de sistemas elétricos é cada dia mais constante no mundo em que vivemos, usando esse modelo de "upgrade" tecnológico é possível obter-se diversas vantagens, tanto para consumidores quando para os provedores de serviços. Atualmente, consumidores residenciais de energia elétrica não têm muitas opções quando se trata da sua fatura de energia elétrica. A automação da rede elétrica (Smart Grid) pode providenciar uma flexibilidade na hora de se optar por um plano de pagamento por este serviço. A energia pré-paga pode prover em breve algumas vantagens para as concessionárias, tais como, antecipação da receita, melhor dimensionamento da sua rede de energia e redução do "furto" de energia elétrica. O perfil do consumidor brasileiro é o de adequar seu consumo à sua capacidade de pagamento, assim o setor elétrico poderia aproveitar esse comportamento de forma positiva e exercer uma forte política contra a inadimplência. Exemplo disso é o sucesso do telefone pré-pago, segundo a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) o respeito ao limite definido pelo usuário, independente de sua estratificação social é o que motiva isto. O enfoque principal deste trabalho é o estudo sobre a utilização de sistemas de medição de energia pré-pagos a serem implantados em instalações residenciais. 2 Perdas comerciais As perdas inerentes ao processo de distribuição de energia elétrica são constituídas de perdas técnicas e perdas comerciais. As perdas comerciais ou não técnicas são referentes à energia entregue e não faturada sendo que, recentemente abrangem também o impacto das ligações clandestinas no sistema de distribuição. Ou seja, perdas comerciais são relativas à inadimplência e ao furto. Tomando como exemplo a Eletropaulo avalia-se pelos dados do IBGE, que existem cerca de 450 mil ligações clandestinas em um universo de 5,3 milhões de unidades consumidoras. Segundo Araújo e Siqueira (2006), as perdas no Brasil são da ordem de 15% da energia requerida, ou seja, 46.904 Gwh, sendo 32% correspondente a perdas não técnicas. Em se calculando pelo preço médio de aquisição de energia de R$80,01/Mwh pagos pelas distribuidoras, o custo das perdas comerciais é da ordem de R$1,2 bilhão. Mas em se utilizando o custo médio de venda de energia de R$ 231,35/Mwh, que incluem os custos de transmissão e distribuição, o valor da perda comercial subiria para R$4,9 bilhões, ao qual devem ainda ser acrescentados os tributos que deixam de ser arrecadados. Efetivamente, estes custos estão sendo rateados pela sociedade brasileira. É importante salientar que as perdas se mantêm mesmo com o desenvolvimento tecnológico, fenômeno que ocorre na maioria dos países fora da OCDE. É possível verificar que o perfil das perdas do Brasil aproxima-se dos resultados observados em países menos desenvolvidos. A perda em países desenvolvidos tem um forte caráter técnico. Nesses países existem mecanismos legais e tecnológicos para agir em casos de desvio de energia. O Reino Unido, por exemplo, apresenta um consumo de 337.443 Gwh com uma perda de 9%, ou seja, 30.822 Gwh. Já a África do Sul apresenta um consumo de 175.430 Gwh, com perdas de 30.969 Gwh, ou seja, cerca de 17% do consumo total(Fonte: "International Energy Agency: Electricity in United Kingdom/South Africa in 2003"). As perdas não técnicas no Brasil são notadamente geradas na distribuição de baixa tensão (Grupo B), seja residencial, comercial ou industrial. A indústria, nesse caso, é representada principalmente pelos pequenos negócios onde energia elétrica é insumo importante na composição do custo de produção e os ganhos apresentam forte competição. Exemplo disso é o caso de indústrias de reciclagem em geral. Inadimplência e furto, em particular apresentam um importante fenômeno cíclico. O fraudador que teve sua energia cortada, em primeiro passo renegocia com a empresa concessionária o restabelecimento do suprimento de energia, com pagamento das devidas multas e acertos. Após esse restabelecimento, esse consumidor continua a utilizar energia acima da capacidade de pagamento gerando inadimplência, corte e posteriormente reincidência do furto. Na verdade, os sistemas do controle de consumo de energia elétrica não apresentam recursos para que esse usuário faça controle e adequação do seu consumo com sua capacidade de pagamento. Em um estudo feito por Almeida et. al. 2006, em Salvador, BA, pela COELBA entre outubro de 2004 e março de 2005 mostrou que as perdas não técnicas podem ser estratificadas em quatro grandes causas. A tabela 1 apresenta estas causas e suas participações no conjunto total. As perdas não técnicas no Brasil apresentam uma distribuição muito heterogênea e complexa. A empresa concessionária Ampla, no interior do Estado do Rio de Janeiro fez um grande esforço para diminuir o índice de perda comercial. Em particular, a empresa opera em uma região onde o índice de perdas comerciais é um dos maiores do país. Em reportagem publicada no caderno B1 do jornal Valor Econômico na edição de 8-10 de setembro de 2006, a Ampla informa que as perdas comerciais são da ordem de 17%, menores apenas que os índices verificados nos estados do Maranhão e Rondônia. Segundo a empresa, o índice de 2003 era de 23,1% e cada ponto de melhora teve um impacto de R$ 20 milhões nos seus resultados anuais, ou seja, quase 12% do lucro que em 2005 foi de R$ 173 milhões. A empresa informou que essa queda foi em função da mudança postural de atuação junto ao cliente, com reciprocidade de tratamento que, entre as várias iniciativas permitiu que o seu cliente adaptasse o seu consumo à sua capacidade de pagamento. Um estudo feito pela FGV, Fundação Getúlio Vargas, para a Ampla revelou que o mapa do furto de energia é complexo e é maior em locais com ocupações irregulares ou com altos índices de assassinatos. Em contrapartida, alguns lugares onde o IDH é maior apresentam paradoxalmente, índices maiores de furto do que os medidos em locais com IDH menores. Não existe uma correlação biunívoca entre pobreza e furto de energia e o quadro revela-se muito complexo envolvendo questões culturais e sociais. 3. Sistemas de pagamentos e tratamento regulatório No segmento de serviços como telefonia, água e energia co-existem diversos sistemas de pagamento no Brasil: Pós-pagamento: a maioria das contas de serviços de distribuição de água, energia e de telefonia; Pré-pagamento: telefonia pública e a maioria das contas de celulares; Misto: parte é pós-pago (até o limite de crédito da operadora) e o excedente é suplementado com cartões pré-pagos. Esse sistema está presente tanto em telefonia fixa, nos telefones semipúblicos e na telefonia celular. A Aneel ainda não regulamentou sistemas de pagamento de energia, além do pós-pagamento existente atualmente. No mundo já foram aplicadas diferentes tecnologias para pagamento de energia: "token", "memory key", "smart-cards", cartão magnético, "optical card" e teclado (DICK, 2003). Alguns sistemas simplesmente desconectam a energia na falta de créditos, outros, porém disponibilizam um crédito emergencial. O sistema regulatório brasileiro não trata diretamente de sistemas de pré-pagamento, mas é detalhado no campo de perdas em transmissão e distribuição de energia elétrica em três segmentos: o tarifário, o técnico e o comercial (ARAUJO, SIQUEIRA, 2006). O objetivo do regulador é a busca da eficiência do setor através de incentivos econômicos. O mecanismo é a redução do custo de operação sem a predeterminação da remuneração do capital investido e sem perder a modicidade tarifária. O mecanismo prevê a apropriação de ganhos de eficiência empresarial e a competitividade. O art. 14 da Lei n°9.427 estabelece que: "Art. 14: O regime econômico e financeiro da concessão de serviço público de energia elétrica, conforme estabelecido no respectivo contrato compreende: ... "IV – apropriação de ganhos de eficiência empresarial e da competitividade;" A necessidade de aumento de geração de energia elétrica é pressionada pelo alto valor das perdas de distribuição, que no caso brasileiro está muito distante de países desenvolvidos. O custo marginal de longo prazo de incremento de geração e distribuição de energia elétrica é muito maior que o esforço na redução de perdas, e uma ação efetiva sobre as perdas não técnicas terão resultados mais expressivos, uma vez que elas são itens de maior peso em perdas. A estratégia do regulador é de fixar a cada ciclo de negociação um teto de reconhecimento de perdas da concessionária determinando uma diminuição gradativa sobre esses números. No processo de revisão tarifária prevê-se um mecanismo de definição do subnível admitido de perdas não- técnicas, determinando uma curva decrescente levando a concessionária a atuar sobre essa questão. Algumas ações são de caráter técnico e outra de cunho social e de marketing. Alguns exemplos estão descritos a seguir: Mecanismo de combate à inadimplência: pré-pagamento, novas formas de gestão de cobrança de conta e de faturamento, ação social e de comunicação visando aproximação junto à comunidade. Mecanismos de combate à fraude: identificação de áreas e de clientes problemáticos, inclusão social dos usuários não cadastrados, equipamentos de medição com detecção de fraude, concentração de medidores em postes¹, etc. ______________________ ¹A utilização de medidores em poste foi aprovada pelo Despacho n°401 de 30 de setembro de 1999 e respaldado na Resolução Aneel n°284 de 29 de setembro de 1999, sendo que os critérios de procedimentos a serem adotados pela concessionária foram estabelecidos na Resolução Aneel n°258 de 06 de junho de 2003. Programas de eficiência energética: para mitigar o desvio de energia e diminuir os custos de energia de camadas mais pobres na esfera de atuação da concessionária. 4 Experiências de países que adotam o pré-pagamento 4.1 África do Sul Sistemas de pré-pagamento foram instalados basicamente para eliminar a inadimplência doméstica (THORNE, 1995). Particularmente na África do Sul, o povo boicotou o pagamento de serviços públicos como instrumento de luta contra o sistema político do "apartheid". Assim, empresas paraestatais como a Eskom, distribuidora de energia elétrica, implantaram sistema de pré- pagamento de energia, chamados de dispensadores de energia operando, inicialmente, com "tokens" criptografados. Outros sistemas foram implantados como "smart-cards" e "key-pads". A luta social da África do Sul não ficou circunscrita na área privada, pois a tática de boicote também foi utilizada por autoridades locais e, como exemplo, o "Soweto Town Council" acumulou débitos de cerca de R$65 milhões (US$30 milhões) com a Eskom. O problema da assim chamada "cultura do não pagamento" que se instalou na África do Sul é um dos grandes problemas a serem superados pelo Programa de Reconstrução e Desenvolvimento. Os medidores com pré-pagamento ofereceram por sua vez, uma alternativa viável a esse complicado aspecto social, pois o assim chamado "dispensador de energia" provê, além da garantia do pagamento da energia consumida, um meio indireto de controle de orçamento. 4.1.2 UK (Inglaterra, Escócia) Existem na Grã-Bretanha cerca de 5,6 milhões de medidores pré-pagos (fonte: "EA, National Energy Agency", 2004), sendo 15% dos usuários de energia elétrica (3,6milhões) e 10% dos consumidores de gás (2 milhões). Como exemplo, apenas na London Energy são 250.000 usuários. Em 1998, o governo britânico publicou um regulamento denominado "A Fair Deal for Consumers" (DOBLE, 2000), normalizando a competição nos mercados de gás e eletricidade e o uso do sistema de pré-pagamento. Em função do uso desse sistema verificou-se queda nas desconexões dos usuários. É importante salientar que durante os invernos de 1995 e 1996 foi verificado um grande problema no sistema quando um número expressivo de usuários idosos sem assistência de conhecidos ou parentes ficou sem energia, pois esses usuários não tinham condições de sair para recarregar os seus cartões. Ocorrendo inclusive casos de morte em função da falta de calefação. Identificou-se a necessidade de implantação de um botão de emergência para gerar um crédito extra sem a necessidade de introdução do cartão. As atuais desconexões estão sendo em sua maioria de curta duração e muitas por razão de conveniência e/ou organização do próprio usuário, como ausência prolongada e não chegaram a provocar uma dura privação entre os mesmos. Em pesquisa de 1991, na cidade de Leicester, 88% dos usuários de pré-pagamento acreditam que esse sistema é bom, pois evita grandes contas e permite o controle dos gastos. Em outra pesquisa em Coventry, na mesma época, 87% dos consumidores se mostraram bastante satisfeitos. Aparentemente, o comportamento dos usuários é de economizar consumo para manter o fornecimento constante. 5. Experiência no Brasil 5.1 Vila de São Tomé, Região Amazônica Hoje no Brasil, segundo pesquisas realizadas pelo Governo Federal no que se refere ao Programa "Luz para Todos", estima-se que cerca de 12 milhões de brasileiros são privados do serviço de eletricidade considerado essencial, sendo que 10 milhões dessa parcela estão no campo. Este fato é evidenciado principalmente na Região Amazônica, onde existem milhares de comunidades isoladas com pouco ou quase nenhuma possibilidade de serem atendidas pela rede convencional de energia elétrica, seja por motivos técnicos, econômicos ou políticos. Por este motivo, para a vila de São Tomé, optou-se pelo emprego de um tipo de sistema de gestão novo no Brasil, que, dependendo de sua efetividade técnica e econômica, poderá ser replicado nos demais sistemas de eletricidade alternativos em áreas isoladas espalhados em todo o território nacional, ou, ainda, nos sistemas elétricos convencionais existentes. O emprego do primeiro sistema de pagamento antecipado pelo serviço de energia elétrica abre um novo horizonte tanto para os investidores (problemas com a inadimplência, o corte, o religamento, a emissão e o envio de fatura são amenizados) quanto para os consumidores (controle efetivo sobre a sua demanda, implicando ganhos orçamentários e uso eficiente da energia). 6. Metodologia do desenvolvimento O objetivo do projeto foi o de desenvolver um sistema de medição e controle do consumo elétrico através da energia pré-paga. Esse sistema possui uma interação do medidor analógico, clp e o software de supervisionamento Scada, sendo que isso é feito por meio de um sensor indutivo. 01) Análise das alternativas de sistemas de pagamento existentes - Especificações básicas e a escolha da tecnologia - Descrição do Projeto Energia Pré-paga - Funcionamento dos materias utilizados no projeto 02) Implementação do projeto - Construção do Ladder - Integração ladder e supervisório - Descrição do funcionamento do projeto 6.1 Especificações básicas e a escolha da tecnologia A primeira atividade do projeto foi realizar uma análise dos serviços e países que utilizam o pré-pagamento. Sendo assim fundamentamos a idéia e desenvolvemos o projeto de acordo com os recursos disponíveis e de mais fácil acesso. O sistema criado permite uma maior comunicação usuário e concessionária, automação do consumo de energia e uma interface gráfica simples para o operador. Principais vantagens do projeto: 1-Recebimento antecipado e garantido para a fornecedora de energia 2-Combate as perdas comerciais 3-Dispensa a emissão de fatura mensal e o trabalho do leiturista 4-O corte e a religação de inadimplentes é efetuado automaticamente, reduzindo o tempo e os custos que no sistema convencional, recaem para o usuário 5-Inclusão social, permitindo que mesmo moradores de lugares de difícil acesso possam pagar para ter o serviço 6-A compra de créditos será de acordo com a situação financeira do usuário 6.1.2 Descrição do Projeto Energia Pré-paga A idéia principal do trabalho é a criação de planos de kW contratado, baseado no estudo prévio da carga instalada do consumidor residencial, sendo que o cliente pagaria antes de utilizar a energia. Após esta análise, seria dada uma orientação para que o usuário desse serviço optasse pelo plano que melhor se adéqüe a sua necessidade. Seria assinado um contrato com período de vigência de um ano, onde ficaria ciente o pagamento antecipado pelo serviço, a cada 30 dias seria disponibilizado o kW contratado e cobrança de multa caso o cliente exceda sua franquia (o cálculo da multa será efetuado com o valor do kW acima do convencional). Com a escolha do plano, o mesmo é configurado no sistema de monitoramento e controle, sendo que ao atingir 80% da franquia, o usuário será informado através de uma lâmpada de sinalização amarela e caso ultrapasse os 100% antes do fim do período de 30 dias, ele entrará na zona de multa, sendo avisado pelo sinal luminoso vermelho (os dois ficam próximos ao medidor). Enquanto o cliente não quitar seu débito, ele continuará na multa e se no prazo de 60 dias não for realizado o pagamento a unidade será desligada. Esse sistema tem o intuito de conscientizar as pessoas, para um uso mais racional da energia. Assim as concessionárias saberiam quanto de energia iria disponibilizar exatamente, teria sua receita antecipada (diminuindo a inadimplência), as redes seriam automatizadas (dificultando o furto de energia). Assim ela seria forçada a diminuir o valor do kW, beneficiando o consumidor, que por sua vez terá um maior controle de sua conta de energia. 6.1.3 Funcionamento dos materiais utilizados no projeto Medidor de energia A medição de energia elétrica através do contador eletromecânico está baseada na indução de correntes parasitas em um disco leve de alumínio, através de uma bobina colocada em série com a carga alimentada, chamada de bobina de corrente, e sua interação com o campo magnético gerado por uma bobina de tensão ligada em paralelo com a carga. A interação dos campos produz um torque no disco, responsável pelo seu movimento de rotação, enquanto o eixo deste disco está conectado através de engrenagens a um contador mecânico de rotações com escala em kWh. Um esquema da disposição das bobinas e do disco em um contador monofásico é mostrado na Fig.1. Fig. 1- Esquema de disposição das bobinas e do disco do contador O torque desenvolvido é proporcional à intensidade de campo devido à bobina de tensão e à corrente parasita induzida no disco pela bobina de corrente. Como a corrente parasita no disco mantém uma proporcionalidade com a corrente que passa na bobina de corrente e, simultaneamente, o campo da bobina de tensão também é proporcional à tensão nela aplicada, o torque sobre o disco é proporcional ao produto entre a corrente que circula na bobina de corrente e a tensão aplicada na bobina de tensão. Em símbolos: Como o produto [IC . VT] é a potência instantânea da carga, o torque motor sobre o disco é proporcional à potência e não à energia consumida. Para introduzir uma integração em tempo no sistema, de forma a fazer com que o número de rotações mantenha proporcionalidade com a energia consumida, dois pequenos ímãs permanentes são colocados próximos às bordas opostas do disco. Quando se move em relação aos ímãs o disco sofre indução de outra corrente, agora devida ao campo estático dos magnetos, que se encarrega de produzir uma frenagem que evita rotação acelerada e indefinida. Sem este torque resistente, o disco giraria com velocidade que seria limitada apenas pelas forças de atrito do sistema. Desta forma há uma compensação de forças que é suficiente para manter o disco em movimento com velocidade fixa para cada potência instantânea. Conhecendo a taxa que relaciona esta velocidade e a potência correspondente, o fabricante do contador associa um número adequado de engrenagens redutoras e as interliga com um indicador por tambores rotativos com os números desenhados. Contator Contator é um dispositivo eletromecânico que permite a partir de um circuito de comando efetuar o controle de cargas, num circuito de potência. Essas cargas podem ser de qualquer tipo, desde tensões diferentes do circuito de comando, até conter múltiplas fases. É constituído de uma bobina que quando alimentada cria um campo magnético no núcleo fixo que por sua vez atrai o núcleo móvel, alterando o estado dos seus contatos associados. Cessando a alimentação da bobina, desaparece o campo magnético, provocando o retorno do núcleo através, de molas, conforme fig. 2. Fig. 2 – Esquema interno do contator Relés Um relé é um interruptor acionado eletricamente. A movimentação física deste "interruptor" ocorre quando a corrente elétrica percorre as espiras da bobina do relé, criando assim um campo magnético que por sua vez atrai a alavanca responsável pela mudança do estado dos contatos. O relé é um dispositivo eletromecânico ou não, com inúmeras aplicações possíveis em comutação de contatos elétricos. Servindo para ligar ou desligar dispositivos. É normal o relé estar ligado a dois circuitos elétricos. No caso do Relé eletromecânico, a comutação é realizada alimentando-se a bobina do mesmo. Quando uma corrente originada no primeiro circuito passa pela bobina, um campo eletromagnético é gerado, acionando o relé e possibilitando o funcionamento do segundo circuito. Sendo assim, uma das aplicabilidades do relé é utilizar-se de baixas correntes para o comando no primeiro circuito, protegendo o operador das possíveis altas correntes que irão circular no segundo circuito (contatos). A mudança de estado dos contatos de um relé ocorre apenas quando há presença de tensão na bobina que leva os contatos a movimentarem-se para a posição normal fechado (NF) ou normal aberto (NA) quando esta tensão é retirada - este princípio aplica-se para relés tudo ou nada. Sensor Indutivo São componentes eletrônicos capazes de detectar a aproximação de um objeto sem a necessidade de contato físico entre sensor e o acionador, aumentando a vida útil do sensor por não possuir peças móveis sujeitas a desgastes mecânicos. O sensor consiste de uma bobina sobre um núcleo de ferrite, um oscilador, um circuito de disparo de sinais de comando e um circuito de saída. Fig. 3 – Esquema do sensor indutivo O principio de funcionamento baseia-se na geração de um campo eletromagnético de alta freqüência, que é desenvolvido por uma bobina ressonante instalada na face sensora. A bobina faz parte de um circuito oscilador que em condição normal (desacionada) gera um sinal senoidal. Quando um metal aproxima-se do campo, este por correntes de superfície (Foucault) absorve a energia do campo, diminuindo a amplitude do sinal gerado no oscilador. A variação de amplitude deste sinal é convertida em uma variação continua que comparada com um valor padrão, passa a atuar no estágio de saída. Fig. 4 - Esquema de acionamento do sensor indutivo Controlador Lógico Programável (CLP) Podemos apresentar a estrutura de um CLP dividida em três partes: entrada, processamento e saída (Figura 5). Os sinais de entrada e saída dos CLPs podem ser digitais ou analógicos. Existem diversos tipos de módulos de entrada e saída que se adéquam às necessidades do sistema a ser controlado. Fig. 5- Estrutura básica de um CLP Os módulos de entrada e saídas são compostos de grupos de bits, associados em conjunto de 8 bits (1byte) ou conjunto de 16 bits, de acordo com o tipo da CPU. As entradas analógicas são módulos conversores A/D, que convertem um sinal de entrada em um valor digital, normalmente de 12 bits (4096 combinações). As saídas analógicas são módulos conversores D/A, ou seja, um valor binário é transformado em um sinal analógico. Os sinais dos sensores são aplicados às entradas do controlador e a cada ciclo (varredura) todos esses sinais são lidos e transferidos para a unidade de memória interna denominada memória imagem de entrada. Estes sinais são associados entre si e aos sinais internos. Ao término do ciclo de varredura, os resultados são transferidos à memória imagem de saída e então aplicados aos terminais de saída. Este ciclo esta representado na figura 6. Fig. 6 – Ciclo de processamento dos CLPs Elipse Scada O Elipse Scada é um software, que permite monitoramento em tempo real, através de gráficos e objetos que estão relacionados com as variáveis físicas de campo. Também é possível fazer acionamentos e enviar ou receber informações para equipamentos de aquisição de dados. Além disso, através de sua exclusiva linguagem de programação, é possível automatizar diversas tarefas a fim de atender as necessidades específicas do projeto. 6.2 Implementação do projeto Construção do Ladder A lógica de programação do CLP consiste em uma estrutura simples, composta por intertravamentos, obtendo a facilidade de ligar e desligar uma residência sem precisar, de um corte físico. Ele é composto de 4 entradas e 3 saídas. Fig. 7 – Lógica do CLP 6.2.1 Integração ladder e supervisório O programa é armazenado na memória do clp, o software scada acessa o ladder através das tags, criadas a partir de elementos já existentes na programação. Com o supervisório podemos comandar e monitorar o projeto, porém isso só é feito se a comunicação do Clp pela porta serial for fechada, pois os dois não podem rodar ao mesmo tempo, caso isso acontecesse ocorreria um conflito. Fig. 8 – Tela Inicial do Scada Fig.9 – Tela de Monitoramento do Scada Fig. 10 - Tela de Comando do Scada 6.2.2 – Descrição do funcionamento do projeto A maquete didática é acionada de duas maneiras, pelo Scada e fisicamente pelo botão liga, energizando o relé (as saídas do Clp, mandam 24 Vcc e precisamos de 220 Vac para acionar a bobina da contatora, esse processo é feito pelo relé), que por sua vez fecha o caminho para a bobina da contatora, assim que ela é energizada os contatos NA fecham e por ele passa 110 Vac (vem do transformador monofásico 220/110 Vac), habilitando o funcionamento do medidor monofásico. Para que a medição fosse levada para o Clp, utilizamos um sensor indutivo 24 Vcc de 4 fios (positivo, negativo,NA e NF), no disco do relógio foi colado um pedaço de alumínio que é detectado pelo sensor por uma certa distância.Assim conseguimos jogar o pulso dado pelo sensor para um contador no Clp, ele está programado para marcar o número de voltas do kW contratado, conseguimos essa relação através da constante de disco (KD: cada volta do disco corresponde a uma quantidade de energia, no relógio do projeto equivale a 1,2W). O ladder possui dois comparadores, o primeiro acionará a lâmpada amarela pelo relé, indicando que a casa chegou a 80% do consumo do kW contratado. O segundo comparador acionará o relé que habilita a lâmpada vermelha, indicando que o consumo excedeu os 100% da franquia e a partir daquele momento será cobrada a multa. A mesma lâmpada vermelha aciona um novo contador para a multa e um temporizador, que cortará a energia da casa, quando o tempo para a quitação da divida esgotar. Caso o cliente não exceda sua franquia ou pague sua multa antes do período de 60 dias, o botão reset é acionado zerando o contador, sem desligar a casa e deixando o processo correr automaticamente. Todo esse processo pode ser acompanhado pela tela de monitoramento do Scada, onde existe: um gráfico do consumo X tempo, o número de voltas do contador do plano e da multa, temporizador, medição em W do plano e da multa, valor em R$ do plano que já foi pago e da multa (os valores utilizados no projeto são fictícios). Podemos também comandar o projeto e acompanhar as lâmpadas de sinalização, tudo isso numa interface simples e de fácil acesso. 7 Conclusão Esta dissertação relata o desenvolvimento de um sistema alternativo de pagamento de energia elétrica. Inclui um estudo sobre as experiências no uso do pré-pagamento de energia elétrica em outros países e no Brasil. A experiência brasileira de pré-pagamento existe em outros segmentos como o de distribuição de água e o de telegonia notadamente em telefonia celular. Segundo estudos da Anatel, o grande sucesso do celular pré-pago é o de respeitar o limite de gastos estabelecido pelo consumidor. Também foi analisada a questão de perdas não comerciais e do esforço da Aneel em dar sinais econômicos para que as concessionárias atuem no sentido de diminuir esses valores visando também, diminuir a necessidade de aumento de produção de energia que é afetada em função dos altos índices de perdas. No Brasil, o índice de perdas não comerciais possui uma distribuição bastante heterogênea entre as diversas concessionárias. Além disso, a questão do roubo de energia apresenta ciclo vicioso que começa com a descoberta da fraude, que leva para a renegociação junto à concessionária, porém mantendo o consumo acima da capacidade de pagamento, que gera inadimplência, que leva ao corte e, finalmente, a reincidência do furto. Estudos também revelam um quadro complexo na questão do furto influenciado tanto por fatores econômicos quanto culturais. Observa-se que na área de uma mesma concessionária, lugares com maior IDH apresentam índices mais elevados de furto que outro menor. O teste do projeto foi realizado com diversos tipos de cargas, no intuito de avaliar sua eficiência e segurança. Os resultados dos testes foram bastante positivos o que deixou claro a viabilidade técnica e econômica do projeto. 8 Bibliografia ALMEIDA, M. A. S.; SILVEIRA, M.; BASTOS P. R. F.; MICHELI I., DANTAS P.R.P., , "Metodologia para Identificação de Perdas Não- Técnicas : Matriz de Perdas", In: SEMINÁRIO NACIONAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 17., 2006, Belo Horizonte, Anais, SENDI.XVII. Belo Horizonte, 2006. ARAUJO; SIQUEIRA, Antonio Carlos M. de; AGUIAR, Claudia. "Considerações sobre as Perdas na Distribuição de Energia Elétrica no Brasil". In: SEMINÁRIO NACIONAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 17., 2006, Belo Horizonte, Anais, SENDI XVII. Belo Horizonte, 2006. http://www.energiahoje.com/brasilenergia/noticiario/2006/08/01/267635/energi a-pre-paga.html http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Economia/6789/Pro+Teste+aponta+falhas+ na+energia+eletrica+pre-paga http://www.zambezia.co.mz/noticias/80/8009-electricidade-zambezia-energia- da-rede-chega-as-zonas-de-producao http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/5769 http://www.redeinteligente.com/tag/sistema-pre-pago/ http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=18117 www.sense.com.br www.coelba.com.br ----------------------- Monografia apresentada ao SENAI Cimatec, como parte dos requisitos necessários para o titulo de Técnico em Eletrotécnica.