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ANA CAROLINE SILVA A. JOSÉ
ANIELE ALMEIDA S. BERENGUER
GREGORY R. ASSIS CANABRAVA
JASON LEVY REIS DE SOUZA
PERÁCIO DA C. CONTREIRAS NETO
VICTOR SAID DOS S. SOUSA
VICTÓRIA BENVENUTO CABRAL
EMILE DURKHEIM
Educação e Sociologia
Salvador
2012
ANA CAROLINE SILVA A. JOSÉ
ANIELE ALMEIDA S. BERENGUER
GREGORY R. ASSIS CANABRAVA
JASON LEVY REIS DE SOUZA
PERÁCIO DA C. CONTREIRAS NETO
VICTOR SAID DOS S. SOUSA
VICTÓRIA BENVENUTO CABRAL
EMILE DURKHEIM
Educação e Sociologia
Relatório de Pesquisa solicitado como objeto de
avaliação parcial da I Unidade pela professora
Eliane Navarro da Disciplina de Sociologia no
Instituto Federal de Educação, Ciências e
Tecnologia da Bahia, Coordenação de Automação e
Controle Industrial. Sobre orientação da
professora Eliane Navarro.
Salvador
2012
RESUMO
Esta obra expõe a vida de David Emile Durkheim, o pai da sociologia, assim
como efetua um estudo de cada uma de suas obras, metodologia, teorias,
importância, influência e o contexto histórico o qual vivia, também
mostrando a influência deste para a vida e obra de Durkheim. Sua história
influência diretamente em suas principais obras e são elas que irão
caracterizá-lo como o primeiro sociólogo a valer-se de métodos sociológicos
para analisar a sociedade. Neste relatório serão abordados os principais
conceitos e metodologias desenvolvidas por Durkheim para a Pedagogia e
Educação. Este relatório, orientado pela professora Eliane Navarro, baseia-
se nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), sendo
objeto de avaliação parcial da 1º unidade no Instituto Federal de Educação,
Ciências e Tecnologia da Bahia, Coordenação de Automação e Controle
Industrial.
Palavras-Chave: Durkheim, Pedagogia, Educação, Metodologia e história.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
2. VIDA E OBRA 5
2.1. De La Division Du Travail Social 6
2.2. LES RÈGLES DE LA MÉTHODE SOCIOLOGIQUE 7
2.3. As Formas Elementares da Vida Religiosa 8
2.4. Le Suicide 9
2.5. OUTRAS OBRAS 10
3. ASPECTOS TEÓRICOS 11
3.1. CONSCIÊNCIA COLETIVA 12
3.2. Os Fatos Sociais 13
3.3. Solidariedade 13
4. A SOCIEDADE PARA DURKHEIM 14
5. O INDIVÍDUO, A EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE 16
6. O RESPEITO PELA HUMANIDADE, VALOR SUPREMO 18
7. A PEDAGOGIA 19
7.1. A RELAÇÃO MESTRE-ALUNO 20
7.2. O MEIO ESCOLAR 21
7.3. O PODER DO MESTRE 23
7.4. OS SABERES ESCOLARES 24
7.5. A CONDUTA DA ESCOLA 25
8. INFLUÊNCIA E IMPORTÂNCIA DE DURKHEIM 27
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29
INTRODUÇÃO
Émile Durkheim foi um dos maiores sociólogos da história, conhecido
pelo seu rigoroso e técnico desenvolvimento teórico, o que levou a ficar
conhecido como sendo um dos pais da Sociologia Moderna. Durkheim não
escreveu obras diretamente voltadas para a educação, contudo os textos e
hipóteses desenvolvidas desencadearam o seu título como primeiro sociólogo
da educação do mundo.
O presente relatório solicitado pela professora Eliane Navarro da
disciplina de Sociologia docente no Instituto Federal de Educação, Ciências
e Tecnologia da Bahia – IFBA, Coordenação de Automação e Controle
Industrial. Trás como principal objetivo a inseminação dos trabalhos
técnicos baseados na norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) aos estudantes do 2º ano do curso de automação e controle
industrial. Assim como uma melhor compreensão do tema abordado, Emile
Durkheim: Vida e Obra, A sociologia e a educação.
Este relatório baseia-se no método da revisão bibliográfica, a qual
foi realizada utilizando livros, artigos científicos, monografias,
dissertações e teses, assim como websites e o banco de dados da Scielo,
USP, UFRJ e CPDOC e as próprias obras do autor. Este relatório busca dar
continuidade às práticas e exercício das normas técnicas regidas pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) que estarão presentes ao longo
do curso e de suas futuras profissões. Visando exercitar e analisar os
conhecimentos dos estudantes até aqui obtidos.
VIDA E OBRA
David Emile Durkeim, ilustrado na figura 1, nasceu no dia 15 de Abril
de 1858, na cidade de Epinal, Noroeste da França no Departamento de Voges,
entre a Alsácia e a Lorena nordeste da França. Descendente de rabinos optou
pelo Agnosticismo, crença na incapacidade humana de compreender a Deus e
comprovação da existência d'Ele ou de qualquer divindade, apesar de não
tornar-se rabino, os hábitos da cultura judia mantiveram-se firmes, Emile
era devoto ao trabalho, disciplinado e fiel ao que fazia (ensinamentos
primordiais para tornar-se rabino). Desde jovem, defendia o método
científico como forma de desenvolvimento do conhecimento e procurou
demonstrar que os fenômenos religiosos tinham origem em acontecimentos
sociais.
Figura 1 - Émile Durkheim
Fonte: UMD (2013)
No ano de 1879, aos 21 anos de idade, Durkehim vai estudar na École
Normale Supérieure (Escola Normal Superior), em Paris, passando a dedicar-
se ao mundo intelectual. Três anos após, em 1882, formou-se em Filosofia.
Cinco anos depois, já em 1887, vai trabalhar na Universidade de Bordeos, na
França, como professor de Pedagogia e Ciência Social. A partir daí, iniciou
seus estudos na Sociologia. O período que trabalhou em Burdeos (1887-1902)
foi essencial para a produção das quatro obras principais de Durkheim: Da
divisão Social do Trabalho (1893), As Regras do Método Sociológico (1895),
O Suicídio (1987) e As Formas Elementares de Vida Religiosa (1912).
3 De La Division Du Travail Social
Publicada em 1893, "A Divisão Do Trabalho Social" é uma obra, a qual
Durkheim analisa as funções sociais do trabalho na sociedade, mostrando
como tal divisão é a principal fonte de coesão social. Esta obra nasceu em
um contexto onde os homens não conseguiam controlar o crescimento
populacional e não atendiam à demanda de produção de alimentos.
Esta obra tem por fundamento principal o entendimento das funções
sociais do trabalho e a sua forma de atuação na sociedade. Na modernidade,
a divisão social do trabalho é uma importante fonte coesiva ou também
denominada solidariedade social.
A divisão do trabalho gerencia a sociedade e a mesma tende a evoluir
não só a sociedade, mas também o indivíduo em questão. No trabalho social
há a troca de conhecimento, já que um ajuda o outro tanto indiretamente
quanto diretamente. Indiretamente seria o indivíduo fazer sua parte
completamente, sem deixar erros, para que outro indivíduo faça a sua parte
sem precisar, em caso de alguma ocorrência, ter que fazer a parte dele e
depois consertar a sua. Já diretamente seria em um dado momento você ajudar
uma pessoa na hora que ela está cumprindo seus deveres e direitos, tirando
dúvidas ou até mesmo auxiliando-o para que ele acabe sua "tarefa". Então a
partir daí entre a parte da solidariedade.
Quando falamos de solidariedade, pensamos logo, ajudar outra pessoa ou
outras pessoas. Era esta questão que Durkheim queria abordar, mas,
principalmente, a solidariedade social, onde cada indivíduo faria sua
parte, independente de qualquer coisa, e essa ação contribuiria para a
harmonia da sociedade. Também entraria a questão de um ajudar o outro, ou
seja, mesmo que você tenha sua "tarefa" para fazer, você se
disponibilizaria, nos momentos de pausa da sua tarefa ou mesmo numa brecha
que você tivesse, a ajudar o outro na sua "tarefa", sem reclamar e sem
reclamar.
Como podemos perceber, a solidariedade engloba um conceito criado e
formulado por Durkheim, a chamada Consciência Coletiva, que consiste no
caráter de uma sociedade particular. A partir desta consciência podemos
compreender como a sociedade consegue garantir uma harmonia plena, com
indivíduos exercendo solidariedade uns com os outros a base de respeito
mútuo.
Destes pontos já citados, podemos classificar os tipos de
solidariedade que existem na sociedade. Existem dois tipos de
solidariedade, a solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. Podemos
chamar de solidariedade mecânica aquela que tem origem da sociedade
capitalista, onde os indivíduos continuam unidos devido à semelhança dos
mesmos e não há a presença de indivíduo diferente. Obtemos a coesão a
partir desta uniformidade. Já a solidariedade que chamamos de orgânica é
aquela que tem como característica fundamental a divisão do trabalho, onde,
como já foi salientado anteriormente, obriga o indivíduo a cumprir suas
tarefas e a mesma força o indivíduo à prática de interagir com outros
indivíduos.
A solidariedade que encontramos e utilizamos na sociedade moderna é a
solidariedade orgânica. Ela ajuda tanto o indivíduo quanto o grupo social a
especializar-se, realizando uma cadeia com dependência mútua.
4 LES RÈGLES DE LA MÉTHODE SOCIOLOGIQUE
"As Regras Do Método Sociológico" é uma obra de 1895 obtida como
resultado do objetivo de Durkheim em estabelecer a Sociologia como Ciência
Social. Nesta obra o autor enfatiza a questão do Fato Social e regras que o
sociólogo tem que levar em consideração para analisar e contextualizar um
fato social.
Primeiramente Durkheim explica o que seria um fato social. Fato Social
é nada mais e nada menos, segundo Durkheim, do que toda maneira de agir,
pensar e sentir, fixada ou não susceptível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior; ou então, que é geral no âmbito de uma sociedade, tendo,
ao mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações
individuais.
Após esta breve definição Durkheim apresenta características
fundamentas para se identificar se um acontecimento é um fato social ou
não. As características fundamentas de uma fato social são:
Generalidade: Quando o fato apresenta característica comum a todos os
indivíduos, ou seja, o mesmo fato acontece com a grande maioria dos
indivíduos;
Exterioridade: Quando o fato é externo ao indivíduo, independente da
sua vontade;
Coercividade: Aparece por intermédio dos indivíduos que são forçados a
seguirem os comportamentos que a sociedade impõe.
Durkheim, para fazer suas análises da sociedade, se baseou no
positivismo de Karl Marx e Engels, onde a sociedade é analisada de forma
objetiva, observando o fato como objeto. Daí vem à afirmação dele de que
"os fatos sociais devem ser tratados como coisas". Essa análise feita na
sociedade deve ser descrita de forma imparcial, neutra.
Com essa análise realizada, provou que os fatos sociais não possui
dependência em relação ao que o indivíduo pensa e faz em particular, sendo
assim o indivíduo possui sua existência própria. Através desta afirmação
surgiu a expressão "consciência coletiva", onde Durkheim define como sendo
um conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma
mesma sociedade que formam um sistema determinado com vida própria.
Depois destas definições e destas caracterizações, o sociólogo poderá
analisar os fatos sociais mediante a uma questão fundamental: as regras do
método sociológico. Para realizar a análise com precisão é preciso que o
sociólogo siga algumas regras que são de extrema importância no campo da
Sociologia.
5 As Formas Elementares da Vida Religiosa
Nesta obra em questão temos a religião relacionada ao indivíduo, onde
à medida que a sociedade cresce a religião não aparece muito no contexto
social e os adeptos diminuem. Explica quais são as bases das religiões,
principalmente a da época dele, a chamada totemismo primitivo, que se
consagrou na Alemanha, onde o autor desta obra morou e passou quase sua
vida toda.
Antes de qualquer coisa é de vital importância citar as condições
fundamentas para o desenvolvimento da religião. Primeiramente, é necessário
apresentar conjuntos de crenças religiosas. Em segundo lugar, devemos deter
de conjuntos de ritos e terceira e última condição seria deter de um templo
e uma comunidade moral.
Depois de apresentada essas condições, é necessário à definição de
totemismo primitivo, para entendermos e analisarmos a religião daquela
época de conflitos. Totemismo Primitivo seria, segundo Durkheim, uma forma
específica e clara da consciência coletiva na sociedade primitiva. Esta
definição define o caráter social do surgimento da religião e seus
fundamentos na estrutura social.
Durkheim afirmou que não existem religiões falsas. As religiões são
oriundas da sociedade.
6 Le Suicide
Publicado em 1897, "O Suicídio" é a obra, na qual Émile relata os
casos de suicídios ocorrentes em uma sociedade, classificando-os em três
tipos: em Suicídio Egoísta, no qual o indivíduo chega a um ato extremo
apenas por motivos pessoais; em Suicídio Altruísta, onde o indivíduo da sua
vida em função de uma causa e que é mais frequente em sociedades de
solidariedade mecânica; e em Suicídio Anônimo, onde o indivíduo toma essa
decisão em função da ocorrência de uma crise dolorosa ou súbitas
transformações dentro da sociedade em que vive, de modo que ela deixe de
cumprir a sua função reguladora. Todas as obras abordadas anteriormente
estão ilustradas na figura 2.
Figura 2 - Principais Obras
Fonte: Adaptações de DURKHEIM (2013).
7 OUTRAS OBRAS
Ao sair de Burdeos, já no ano de 1902, Durkheim vai auxiliar Ferdinand
Buisson na Cadeira de Ciência da Educação, Sorbonne, sucedendo-o em 1906.
Lá escreve "La Educacion Moral" (A educação Moral) (Fig.3), na qual afirma
que a educação, como relação social, é voltada para os interesses de uma
sociedade, que só pode existir, se, dentre seus membros existir uma
determinada afinidade.
No ano de 1912, Émile Durkheim, publica duas de suas últimas obras,
"Les Formes Élémentaires De La Vie Religieuse" (As Formas Elementares Da
Vida Religiosa) (Fig.4), em que analisa a religião como fenômeno social,
usando como exemplo as religiões de tribos aborígenes da Austrália; e
"Leçons De Sociologie" (Lições de Sociologia), obra em que Durkheim
caracteriza a democracia através da comunicação entre a consciência
governamental e a sociedade.
Figura 3 – Outras Obras
Fonte: Adaptações de DURKHEIM (2013).
Em 15 de Novembro de 1917, supostamente pela tristeza causada pela
perda do filho, no ano anterior, na Primeira Guerra Mundial, Émile Durkheim
vem a óbito.
ASPECTOS TEÓRICOS
Émile via a sociologia como nova ciência. Acreditava que era
necessário estudar a vida social com a mesma objetividade com que os
cientistas estudam o mundo natural. Seu princípio era de que os fatos
deveriam ser estudados como coisas.
Dizia que os fenômenos ocorrentes dentro da sociedade deveriam ser
analisados e demonstrados com técnicas especificamente sociais. Para ele, a
sociedade está estruturada em pilares, que se manifestam através de
expressões, esta sociedade é algo que está que está fora e dentro do homem,
ao mesmo tempo, devido ao que se adota de valores e princípios morais. E
estes valores adotados são o que influenciam a educação das pessoas.
Outro aspecto teórico que o Durkheim deu bastante importância foi a
divisão do trabalho social, afirmava que, em uma sociedade, cada indivíduo
deve exercer uma função específica, seguindo direitos e deveres, em busca
da solidariedade social. Esta forma poderia levar todos ao progresso e
avanço.
Durkheim possuía várias teorias, mas utilizava uma em especial que
fundamentou os objetivos dos seus principais livros: Da Divisão do Trabalho
Social, As Regras do Método Sociológico, O Suicídio e As Formas Elementares
de Vida Religiosa. Tal teoria seria denominada por Durkheim como "Fatos
Sociais". Essa teoria surge quando DURKHEIM afirma: "Os fatos sociais devem
ser tratados como coisas".
A partir de tal afirmação Durkheim fundamenta o que viria a ser a
formulação da sociedade que este tanto idealizava. Nesta sociedade havia a
questão do normal e do patológico. Também se tinha a questão da definição
do fato social e através da mesma obteve suas características e as regras
que possibilitariam um sociólogo a realizar sua análise e contextualização,
que será apresentado como objetivo no seu livro As Regras do Método
Sociológico.
A sociedade, para ele, possuía divisões das funções do trabalho e
devido a isto pôde obter a expressão solidariedade e seu conceito. Como as
sociedades não são as mesmas, para cada uma surge uma forma de
solidariedade. Nesta questão teremos os tipos de solidariedade. Este tema
se encontra como objetivo no livro Da Divisão do Trabalho Social. Esta
divisão não seria possível se ele não utilizasse a questão do fato social,
já que a mesma possui relação direta com os temas abordados nos livros,
como já foi salientado anteriormente.
Na sociedade de Durkheim havia também a socialização, onde o homem
deixa de pensar só nele e passava a pensar em todos que participam da sua
sociedade, ou seja, aceitaria os costumes e hábitos da mesma. A partir
desta socialização surgia à consciência social e esta por sua vez
"controlava" a consciência individual, que seria o homem no estágio de um
animal selvagem, que só pensava em seus benefícios próprios. Dentro desta
consciência coletiva obtém-se o fato social, que será sua principal tese.
Essa parte social que foi formulada por Durkheim é utilizada na
atualidade em partes, já que ainda existe a questão do individualismo, onde
as pessoas que compõem a sociedade não realizam seus deveres e só querem
ter seus direitos respeitados. São poucos aqueles que pensam no bem social,
nos outros, nos indivíduos que compõem a sociedade que esses indivíduos
participam. Então não podemos dizer que é uma sociedade, já que não obedece
aos princípios formulados por Durkheim. Mas no geral a maioria dos
princípios são respeitados e, principalmente, obedecidos, existindo algumas
subgestões em relação a alguns conceitos. A partir destas subgestões entra
a questão da área filosófica, que não será discutida neste contexto.
Durkheim realizou uma contextualização da sua sociedade e ela foi de
extrema importância na construção da mesma que temos hoje e sem ela não
poderíamos formular a parte social dos indivíduos e, sem dúvida, não
seríamos capazes de nos relacionar com outros indivíduos de mesma espécie,
ou seja, não poderíamos exercer uma relação de solidariedade com outros
seres humanos. E por isso ele é considerado o melhor sociólogo que já
tivemos na história e tem extrema importância na sociedade.
9 CONSCIÊNCIA COLETIVA
Mesmo que os indivíduos possuam suas consciências individuais, seus
comportamentos e atitudes podem ser notadas no interior do grupo ou da
sociedade que vive. Este comportamento padronizado dos indivíduos na
sociedade é o que Durkheim chama de consciência coletiva.
10 Os Fatos Sociais
Durkheim definiu os fatos sociais como "maneiras de agir, de pensar e
de sentir que apresentam essa notável propriedade de existirem fora das
consciências individuais." (DURKHEIM, 1893, p. 3). Os fatos sociais são
fenômenos, e possuem as seguintes características:
11 Coerção Social
Os fatos sociais exercem uma força sobre o indivíduo, o que o leva a
se conformar às regras da sociedade.
12 Exterioridade
Os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente
de sua vontade.
13 Generalidade
Os fatos sociais se repetem na maioria ou em todos os indivíduos.
14 Solidariedade
Com esta ideia, Durkheim tenta explicar o que gera a formação da
sociedade e o que faz com que ela não se dissolve. Ele classificou a
Solidariedade em dois tipos:
15 Solidariedade Mecânica
Formada no consenso e na similaridade de crenças, quando um espaço é
relativamente pequeno para existir diferenças individuais. Mais ocorrente
em regiões rurais, geralmente é formado em torno de uma família, religião,
tradição ou costumes, havendo uma pequena divisão do trabalho social.
16 Solidariedade Orgânica
Típica das sociedades capitalistas é criada a partir da
interdependência entre os indivíduos, causada pela aceleração da divisão do
trabalho. Ao contrário da Solidariedade Mecânica, o que vai manter o grupo
unido é a interdependência baseada nas diferenças, com isso a Consciência
Coletiva se amolece.
A SOCIEDADE PARA DURKHEIM
A sociedade, figura 2, para Durkheim, teria normas para uma boa
convivência entre os indivíduos que fazem parte dela e precisaria que seu
todo apresentasse coesão. Essa estrutura nem sempre apresentaria mesmas
características, mas ainda sim existiria esta estrutura que chamamos de
integração. Caso um grupo de indivíduos não apresente essa integração, o
mesmo não poderia ser chamado de sociedade.
Figura 5 – A Estrutura da Sociedade para Durkheim
Fonte: DURKHEIM (2013)
Essa integração possui elementos que são importantes para a sociedade.
Um destes elementos é a intensidade como os indivíduos se interagem entre
si. Através desta interação podemos realizar nos trabalhos socais e
compartilhar conhecimentos. Esse compartilhamento de conhecimento contribui
e muito para a evolução humana, que é importante para o indivíduo.
A ideia principal de Durkheim em relação a sua sociedade é que através
desta troca de saberes o indivíduo interaja com seu grupo ou sua sociedade.
Uma sociedade só terá um bom desempenho se os valores, as crenças e as
normas estabelecidas na mesma burlarem as ações individuais formando,
assim, uma solidariedade básica, que gerencia as atitudes humanas. Para
isso utilizamos, segundo Durkheim, a expressão consciência coletiva. Ela
expressa a solidariedade comum como sendo intermediária no controle do
comportamento humano.
Os mecanismos utilizados para criar e manter a interação entre os
indivíduos e a divisão da consciência coletiva são: a família, a educação,
o trabalho, a religião e entre outros mecanismos.
A sociedade num todo, com seus procedimentos de socialização e
internalização individual, contribui para a assimilação e entendimento das
suas crenças, dos seus valores e das suas normas. Se o indivíduo entende
esses procedimentos, com certeza irá segui-las sem reclamar e sem
desobedecê-las.
Nem sempre a sociedade envolvida seguirá os padrões citados
anteriormente. Este "descontrole" da sociedade pode acontecer devido a um
ponto importantíssimo: a mesma não apresenta características semelhantes em
todas as épocas e a sua estrutura social se modifica ao longo dos anos. Por
esse motivo podemos afirmar que em alguns desses "descontroles" da
sociedade não foi o indivíduo que cometeu erros. É importante ressaltar que
esse tipo de "descontrole" é denominado, por Durkheim, de anomia.
O INDIVÍDUO, A EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE
Durkheim defendia que o ser humano é composto de dois elementos
fundamentais e inerentes a todos: o ser individual e o ser sociável. O ser
individual seria como o nosso subconsciente, no que se refere aos diversos
aspectos que o compõem, tais como sentimentos, instinto de sobrevivência, e
outros aspectos, os quais não "podemos controlar". O segundo, seria
composto pelos sensos de razão, moral, ética, religião e os sensos sociais.
Ou seja, por valores que são passados em meio sociável e através do
convívio em sociedade, sociedade esta composta por diversos outros
aspectos.
Ora, se há um senso inerente a todo indivíduo, o senso individual,
será então o segundo distinto do primeiro. O senso social só pode ser
obtido e aperfeiçoado através do convívio social, de modo tal que a
construção deste ser, assim como seu aperfeiçoamento deve ser realizado
pelas instituições educacionais. Ora, o individuo existe em função da
sociedade, de maneira que continuamente deve efetuar a manutenção desta, a
sociedade é composta pelos indivíduos, entretanto não cabe a sociedade
efetuar a manutenção dos mesmos.
A sociedade deve propiciar a estes condições mínimas para o
desenvolvimento do ser social, pois o desenvolvimento destes trás, por
consequência, o desenvolvimento social em uma relação de interdependência
direta. Cabe então aos professores, enquanto representantes máximos das
escolas, construir e lapidar os seres sociais, a fim de torna-los convictos
e fortes o suficiente à ponto de sobrepor-se ao ser individual.
Na estrutura durkheimiana os estudantes, jovens, crianças e
adolescentes, ainda estão em processo de construção e formação do ser
social, o que desencadeia uma total incapacidade dos mesmos de transmitir
conhecimento. Não por ser incapazes, mas por não possuírem nada que possa
ser transmitido aos seres socialmente construídos, como os professores.
Devido a isso, no modelo tradicionalista de educação de Émile, os
aprendizes nada têm a transmitir aos seus mestres, enquanto seus mestres,
enquanto seres socialmente construídos, devem lapidar e preencher, através
da experiência e do conhecimento, o vazio dos aprendizes socialmente
inaptos.
Para entendermos qual a função que qualquer instituição social
representa, precisamos criar uma relação entre as própria instituição e as
necessidades da sociedade em que ele está estabelecido. Cada sociedade
estabelece ideais sobre o que o homem deve ser e como deve agir em aspectos
intelectuais, morais e até mesmo físicos, e são esses padrões que dão
sentido à educação. A educação age como instituição que deve atender as
necessidades e expectativas sociais.
Outra função que a educação desempenha na sociedade, é a de
transformar o "ser individual" em "ser social", já que é necessário uma
certa homogeneidade entre os seus membros. Por isso, a escola age fixando
no jovem aprendiz, a necessidade de criar alianças para a vida coletiva.
Porém, numa sociedade em que é cada vez mais comum a divisão de trabalho e
tarefas, essa homogeneidade é relativa.
Chegamos a conclusão, portanto, que a educação é "ação exercida pelas
gerações adultas sobre aquelas que não estão ainda maduras para a vida
social." O seu objetivo é desenvolver na criança os aspectos necessários
exigidos pela sociedade em geral e por um meio específico ao qual ela faz
parte. Ou seja, a educação consiste na "socialização metódica da jovem
geração."
Durkheim tinha um interesse em especial pelas escolas, porque apesar
dessa "socialização" ser transmitida desde o nascimento da criança, no seio
familiar, é na escola que ela é devidamente sistematizada e os valores,
normas e saberes são transmitidos. É óbvio, no entanto, que devemos
observar que as sociedades mudam e as instituições que as compõem também,
produzindo novas necessidades. Só é possível, então, analisarmos a educação
em um certo momento, já que ela faz parte de um círculo estático e mutável.
Como já vimos, a escola age como um órgão social, mas que vai buscar a
sua função e objetivo no sistema global. A diferenciação que Durkheim
defendeu, foi a de que apesar desse subsistema ser dependente do todo
social, ele possui certas características independentes e que qualificam a
um sistema. Essas características fazem com que o subsistema educacional
tenha uma "autonomia relativa". Nesse sentido, é importante voltarmos a
atenção ao que Durkheim falava sobre a "consciência coletiva". Ele dizia
que diferentes membros de uma sociedade podem viver em harmonia porque, até
certo ponto temos valores e regras em comum que são transmitidos pela
escola.
Fica claro, então, que apesar da escola atuar como um subsistema que
depende da sociedade para nortear as suas áreas de atuação e as
necessidades a que a educação deve atender; é essencial também para a vida
social ter a presença da escola para que seus membros possam viver em
juntos e em harmonia.
O RESPEITO PELA HUMANIDADE, VALOR SUPREMO
Segundo FILLOUX (2010) "segundo Durkheim o respeito pela pessoa humana
é erigido, concebido em valor supremo e ele é o único capaz de manter a
coesão entre as sociedades modernas indústrias". O respeito do homem
enquanto homem é um elo social verdadeiro, o único elo que mantém
permanente a sociedade enquanto sociedade. Durkheim explica que por mais
que não haja uma boa relação com outro indivíduo ou ainda que existam
sentimentos negativos, como ódio, receio ou inveja, deve-se manter o
respeito, como elemento supremo, ou seja, essencial e primordial para o
convívio social.
Respeito é uma forma de consideração pelo próximo. Todo ser vivo é
digno de respeito, principalmente os seres humanos, os que nos são
semelhantes. Porém há muito tempo, o homem deixou de demonstrar tal
sentimento, as provas do descaso do ser humano em relação à própria espécie
estão na história que não deixa esquecer o passado.
Na África, povos foram arrancados de sua casa e levados a força para
serem escravizados em outro continente, nas Américas séculos de escravidão
movimentaram a economia da Europa durante a colonização, genocídios,
exploração dos operários nas indústrias, guerras mundiais em busca da
supremacia de poucos, a morte de milhares de judeus, negros africanos,
índios... E tudo isso por falta de respeito. Por falta de consideração a um
outro de sua própria espécie, o que dirá de outra.
O sociólogo Émile Durkheim acredita no respeito supremo pela
humanidade, na qual a consideração ao outro deve ser algo, não só levada
mais a sério, mas sendo o valor principal para se manter a ordem e a
harmonia entre as sociedades. No mundo individualista em que vivemos hoje,
vê o próximo como um ser digno de respeito e estima é essencial. Todos
somos diferentes, mas é necessário permitir que cada um tenha sua própria
opinião, atitude e personalidade. Respeitar o desigual, aceitar o outro
como aceitamos a si mesmo é o que Durkheim acredita que nos ajudaria a ser
uma sociedade melhor.
Em sua obra "O Individualismo e os Intelectuais" Durkheim concluiu que
o homem em sua "humanidade" torna-se um "deus para o homem". Ele acredita
que Deus reflete a sociedade, só que de forma camuflada e que a humanidade
criou uma personificação de Deus a sua semelhança e não ao contrário.
DURKHEIM (1898, p. 271)
Caminha-se pouco a pouco para um Estado na qual os membros
de um mesmo grupo social não terão mais nada em comum
entre eles, a não ser sua qualidade de homem, ou os
atributos constitutivos da pessoa em geral. Não resta mais
nada que os homens possam amar e honrar em comum, a não
ser o próprio homem. Eis aí como o homem se tornou um
"deus para o homem" e porque ele não pode mais, sem mentir
a si mesmo, forjar outros deuses. E como cada um de nós
encarna algo da humanidade, cada consciência individual
tem em si algo de divino e encontra-se marcada por um
caráter que a torna sagrada e inviolável para os outros.
Portanto, Durkheim acredita num emprego do respeito bem diferente do
que está sendo utilizado na humanidade. Uma sociedade onde predominaria o
consenso e a autonomia de cada um, mas que todos trabalhassem em conjunto
pela manutenção da harmonia. Desrespeitando o próximo, impede-se que o
individuo seja quem ele é, o impede de exercer sua própria natureza e assim
estará desrespeitando a si próprio já que todos somos homens.
A PEDAGOGIA
A pedagogia é a ciência que estuda a educação, e esse último é a
chave para o conhecimento. A educação é a base para formação de qualquer
ser humano, uma bom ensino possibilita ao individuo novas possibilidades,
não só em questão de carreira profissional, mas conhecimento pessoal e
inteligência. Estimula a mente sobre diversos assuntos morais, científicos
e sociais e ensina, como também, incentiva o respeito ao próximo.
A educação deve se começar desde cedo, em casa, com os pais que
devem ensinar a crianças a noção de certo e errado, de família e viver em
conjunto, ou seja, em sociedade. Porém, a educação domiciliar não é
suficiente, é necessário que a escola, através do professor promova na
criança o gosto pelo conhecimento. O sistema escolar ainda apresenta várias
carências nos métodos de ensino. Principalmente em países subdesenvolvidos,
como é o caso do Brasil em que o sistema escolar, muitas vezes, deixa a
desejar.
Durkheim acredita em formas de ensino a criança, ele teoriza três
"elementos da moralidade" que devem ser orientados pela escola. O "espírito
de disciplina", "vinculação aos grupos" e "autonomia da vontade". Sua
teoria e que dominando os desejos egoístas da criança, incentivando a
socializar-se com outras pessoas, sempre prezando sua autonomia e
criatividade própria são os métodos que devem ser empregados na educação do
aluno.
O "espírito de disciplina" explica que a criança deve ser submissa as
regras, que ela deve ser educada para controlar seus desejos egoístas e
suas futilidades e que apenas aprendendo a dominar essas ambições, irá
obter um equilíbrio individual. Segundo Durkheim, as regras que regem a
sociedade devem ser compreendidas e a obedecidas pelo aluno, pois
desempenham um papel na construção do caráter e na personalidade.
A vinculação aos grupos é promover na criança o sentido de
coletividade, que ela aprenda a se socializar e ter gosto pelo convívio
social. Segundo Durkheim, que ela veja a sociedade "em si mesma e para si
mesma" e isso irá contribuir para ela aprender o sentido de ter respeito ao
próximo.
O terceiro elemento da moralidade é a "autonomia da vontade", o aluno
tem que ter sua individualidade própria, ter opinião e atitude e querer
aprender. É complicado e bastante complexo, ensinar a disciplina ao mesmo
tempo que incentiva a criatividade, mas é importante fazer uma coesão entre
ambos os elementos.
21 A RELAÇÃO MESTRE-ALUNO
Para Durkheim deve-se haver uma "mudança" no sistema escolar e o
mestre é quem deve promovê-la para suprir as novas necessidades sociais
como as do próprio sistema. A escola de certo modo deve ser constantemente
construída. Durkheim dá conselhos aos educadores, ele afirma que é preciso
ter consciência e responsabilidade em relação a este enorme poder da
educação, bem como que o meio essencial da educação é a autoridade do
mestre. Para GROPPO (2013)
Se para o educador a educação é um exercício de
autoridade, para a criança se trata de um esforço penoso
em que ela deverá ultrapassar sua própria natureza
individual e elevar-se a ser social – uma atividade, em
geral, pouco prazerosa. Se a vida social é grave e séria,
continua, a educação também deve ser assim. Para o aluno,
a educação é um trabalho constante de aprender a se
autoconter, algo que no tempo da infância só pode se dar
através do "dever moral".
No processo da educação, o mestre é a referência principal da criança
é nele que esta se baseia para compreender as questões que a cerca. Ele
influencia nas primeiras opiniões e fundamenta seus conhecimentos. Depois
dos pais, o professor é o principal responsável de educar a mente da
criança e proporcionar-lhe o conhecimento necessário.
Segundo Durkheim o sistema educacional precisa de reformas, os métodos
de ensino devem que focar nos três elementos de moralidade, pois essas são
as bases da formação do caráter e da personalidade do aluno. O mestre deve
usar da autoridade e deve impor o respeito na sala de aula, através da fala
e do gesto.
O mestre é o intérprete das grandes idéias morais de seu tempo e país
e também ter uma "cultura psicológica", ou seja, levar em conta a
psicologia da criança que nos ensina por exemplo que esta não é nem
egoísta, nem altruísta, que ela "entra naturalmente em comunicação com os
outros" qualidade que é preciso saber utilizar.
22 O MEIO ESCOLAR
A família funciona como a primeira instituição em que o individuo tem
contato, porém é na escola que é instituído o ser social para se
diferenciar do ser individual, ou seja, é o meio escolar que irá prepara-lo
para viver em sociedade.
Para o sociólogo a criança carrega consigo desejos primitivos, que
lembram aos homens selvagens impotentes a contenção, o meio escolar,
portanto age como regulador forçando a disciplina a estes de forma que o
mesmo agira de forma normal para a sociedade. Por mais tirânica que seja
este método o individuo consegue aceitá-lo de forma normal, pois neste está
sendo criado um novo ser que foge ao egoísmo e atitudes próprias e visa o
que é melhor para todos que estão ao seu redor o que auxilia a evolução da
sociedade.
Logo é inviável para família educar da forma que quiser, pois há
costumes dos quais é obrigado a conformação deste e infringir estes seria
um crime gravíssimo, pois eles se vigarão no futuro adulto que se formará
sem harmonia social. Por isso para cada momento da sociedade existe um
regulado e neste o individuo conseguiria a harmonia necessária. Neste caso
o regular está no meio escolar capaz de impor aos educandos regras sociais
e criando um conjunto de valores comuns do quais a sociedade precisa para
alcançar a harmonia.
Para além destes Émile ainda afirma que no meio escolar haverá sempre
diferenças, pois alguns homens foram feitos para a ação e outros para a
sensibilidade em um mesmo local, o que ocasiona as diversas especializações
e este elemento é fundamental para a sociedade.
Segundo Durkheim é com a criança em que se deve trabalhar com mais
ênfase, pois ela possui em si uma sensibilidade capaz de entender o outro e
assim criar o primeiro objetivo do ser social que é a coletividade, isso
porque esta é maleável e o dever do mestre neste sentido é o de moldar o
individuo fazendo-o capaz de viver bem em sociedade.
Émile, porém admite que é impossível dentro da sociedade existir a
igualdade na educação, isso deve-se ao fato de que existe diversas classes
das quais a criança deverá estar ciente e dentro destas há vários
diferentes tipos de pensamentos e e por consequência o ser deverá se
adequar a cada uma delas, dentro do seu próprio grupo.
Em um meio escolar o dever do mestre é o de aproveitar o momento em
que os alunos encontram-se juntos e deste retirar o maior proveito da
associação entre eles, pois se tornará mais fácil faze-los entender o que é
a vida coletiva e tonar- se o menos pessoal possível.
Logo, o meio-escolar é o mais importante para o meio social, já que, é
nele que individuo aprenderá a viver com os outros de suas classes, estas
possuem pensamentos comuns que serão compartilhados, lembrando que é
diferenciado pelos determinados grupos em que estão presentes. É neste meio
que o senso de disciplina é criado, este por sua vez é o gosto às
regularidades e das limitações que é posto sobre o individuo. DURKHEIM
(1978, p. 45), salienta que
É a sociedade que nos lança fora de nós mesmos, que nos
obriga a considerar outros interesses que não os nossos,
que nos ensina a dominar as paixões, os instintos, e dar-
lhes lei, ensinando-nos o sacrifício, a privação, a
subordinação dos nossos fins individuais a outros mais
elevados.
Portanto, a educação é de caráter socializador e para isto é
necessário que o professor tenha o poder de percepção para atuar nos
momentos em que os alunos juntam-se para formar a consciência coletiva e
criar uma situação em que estes possam se sentir a vontade, claro segundo
as regras das moralidades e não de seus desejos, para obter-se um melhor
social. Segundo FILLOUX (2010, p. 28) "em resumo, o mestre 'deve ficar
atento a tudo aquilo que possa fazer vibrar juntas, com um movimento comum,
todas as crianças de uma mesma classe'".
23 O PODER DO MESTRE
O contexto histórico em que Émile Durkheim está inserido é um período
onde a educação era transmitida ao aluno de forma violenta, em que o mestre
fazia abuso do seu poder pedagógico com seus alunos, tentando passar o
espirito de disciplina, porém para Durkheim este método é deficiente, logo
é sujeito a diversos erros e quando a criança for adulta, poderá não
conseguir viver em harmonia com o social.
Segundo Émile, a relação de poder do mestre com o aluno é comparado a
do colonizado com o colonizador, demostrando assim que é inerente ao
caráter do mestre a violência pedagógica, que este possui sobre seus
educandos, porém é necessário que o educador tenha controle sobre esta
força que lhe é inerente. Portanto, o mestre deve levar o egoísmo e os
desejos naturais contidos ao nível de transformação e este não é aplicado
pela violência e sim pelo respeito moral que o aluno deve sobre a
autoridade do educador, a obediência do discípulo se encontra na
legitimidade autoritária do mestre e por sua vez o reconhecimento do mesmo,
com isso para o sociólogo a violência física é desprezível e não tem por
objetivo o auxilio ao outro.
A criança em seu estado inicial possui características biológicas
diferenciadas uma das outras e o seu desenvolvimento irá depender do
caráter externo, por sua vez Durkheim faz comparação com o educador exerce
sobre a criança uma forte influencia e esta ultima é tida como uma "tábula
rasa" por não ter um conjunto de valores comuns já formados.
Logo o poder do mestre não se resume a sua condição de autoridade e
transmissão de informações para o individuo, mas deve também exercer os
questionamentos a estes conhecimentos em seu meio- escolar. Porém não deve
o educador ficar assustado com a grandiosidade do seu poder, antes ter
consciência de sua importância para o futuro da sociedade e com ela
trabalhar arduamente para se obter melhora e atender todas as suas
necessidades.
24 OS SABERES ESCOLARES
Para Durkheim é evidente que a escola não é somente um local
para a educação moral, porém atende também a aquisição de saberes, estes
por consequência iria influenciar os alunos em suas diversas atitudes e
assim fomentar a ideia de uma nova sociedade. Para o sociólogo, contrario
do que muito filósofo acreditava, ele afirmava sempre a importância de
estudar as gerações que se antecederam e ao mesmo tempo criar um meio
social diferente.
Durkheim montou um grande panorama da educação em que demonstra uma
possível fórmula em que os conhecimentos transmitidos são parcialmente
dependentes das bases filosóficas, conjuntos de saberes de uma determinada
sociedade numa época também determinada.
O sociólogo ainda afirma que o conhecimento nas diversas áreas
transmitidas tem por objetivo provocar nos alunos um reconhecimento do
poder da razão humana e como ela tem importância, além deste ainda afirma
que é necessário ensinar aos alunos a se questionar sempre das repostas
fáceis e incompletas, logo Émile era contra a propagação do senso comum e a
favor do cientifico, por isso se faz imprescindível o homem entender a
complexidades das questões. Segundo DURKHEIM (1978, p.399)
Hoje, devemos permanecer cartesianos, no sentido de que
precisamos formar racionalistas, isto é, homens que façam
questão de ter ideias claras, mas também racionalistas de
um novo gênero, que saibam que as coisas, sejam elas
humanas ou físicas, são de uma complexidade irredutível e
que, mesmo assim, eles saibam olhar frente a frente e sem
fraqueza essa complexidade.
Porém o saber não deve ser apenas transmitido com as obras literárias,
e sim deve através desta criar a percepção da maleabilidade humana e de seu
poder em conhecimento. Para além deste afirma que não nos conhecemos como
pensamos, pois existem virtudes adormecidas capazes de nos surpreendermos e
o saber é o caminho para que tal valor se desperte de forma a auxiliar
ainda a sociedade em todos os sentidos, pois com eles vem o conhecimentos
das especializações.
25 A CONDUTA DA ESCOLA
Durkheim viveu numa época onde não existiam educadores nem
instrutores. Somente existiam professores e seus alunos a serem iluminados
de acordo com aquilo que o professor acha correto. Essa prática, porém
causava muitas vezes conflitos entre aquilo que o professor ensinava e o
que o aluno já concebia do mundo, principalmente quando se tratava de
matérias humanas e religiosas. Vendo tal problema tão latente na sociedade
onde ele vivia, numa de suas obras ele afirma que o professor deve ser
educado para lecionar o aluno sem interferir nas concepções dele, pois
ninguém tem o dever de raciocinar igual sobre todos os assuntos da
comunidade, e não é dever do professor alterar essas concepções a força.
Uma instituição de ensino deve, segundo Durkheim, ensinar ao indivíduo
sem interferir nas suas concepções e doutrina-lo para que este indivíduo
que está na escola possa realizar as alterações que a sociedade necessita
no futuro, legando à outra geração as mudanças que não foram realizadas no
seu tempo e assim sucessivamente. A instituição para formar tais cidadãos
transformadores da sociedade deve criar um programa educacional, e para
isso ela tem autonomia para incluir, se necessário, o próprio estudante na
montagem do programa, porém não pode ser ultrapassada a linha que a
sociedade impõe de certo e errado. Pode ser tomado como exemplo uma
instituição que ensine a religião católica num país onde a maioria é
mulçumana.
Fica claro o conflito que isso irá gerar tanto nos interesses da
sociedade, que quer que seus filhos sigam seus passos e sejam mulçumanos,
quanto na concepção do estudante que já aprendeu os ritos de sua religião e
se vê forçado a, não deixa-la de lado, mas dar maior importância à religião
que eles estão aprendendo na escola, e para deixar essa situação mais
próxima do Brasil, pode-se destacar as missões jesuíticas que convertiam
"selvagens" adultos a força e ensinavam aos pequenos índios que os deuses
que eles adoravam a gerações não passava do demônio e que o deus católico
era o único deus correto a se adorar, criando uma confusão na cabeça das
crianças que prejudicará seu desenvolvimento.
Com ideias tão revolucionárias num sistema educacional que não admitia
participação do aluno, muito menos ensinar aos professores como professorar
seus alunos, Durkheim conseguiu duas importantíssimas conquistas, são elas
a instituição da matéria Sociologia na Europa em 1920 e seguidores,
principalmente depois de sua morte e inclusive no Brasil, onde suas obras
foram vendidas em largas tiragens.
Assim como na Europa, no Brasil também haviam seguidores das ideias de
Durkheim, e eram estes Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Fernando Azevedo,
que junto com muitos outros escreveram o "Manifesto da Educação Nova" que
era baseado nas ideias sociológicas de Fernando Azevedo, no pensamento
politico-filosófico de Anísio Teixeira e na psicologia de Lourenço Filho,
tal documento serviu de base para todas as reformas que eles promoveram e
que deram base à educação contemporânea, tal como a criação do MEC, e a
criação da Lei das Diretrizes de Bases da Educação Nacional, que instituem
uma educação "Laica e gratuita" disponível para todos.
INFLUÊNCIA E IMPORTÂNCIA DE DURKHEIM
Durkheim foi o pai da ciência que chamamos de Sociologia Moderna e
distinguiu esta ciência das outras. Unificou a pesquisa experimental com a
teoria sociológica. Era teoricamente muito hábil no conceito coesão social.
Tornou o sociólogo uma grande influência na Sociologia enquanto matéria
curricular.
Além destes fatores, fez com que a Sociologia se focasse em
determinantes sócio-estruturais e não mais em interpretações biológicas ou
psicológicas das atitudes dos indivíduos.
A sociologia, enquanto disciplina, pôde ser definida precisamente,
além de possuir métodos específicos para analisar determinadas situações
que ocorrem na sociedade e a partir disso foi possível disponibilizar uma
aplicação para esta disciplina.
A metodologia de Durkheim contribui para o estudo da sociedade e o que
devemos mudar em relação ao nosso comportamento no meu social. O indivíduo
passou a entender o porquê de a sociedade formular e impor leis para que o
mesmo cumpra e compreender os motivos que levam a acontecimentos, que na
sua grande maioria, chocam a sociedade.
Essas metodologias também contribuíram para evolução das sociedades e
principalmente do indivíduo, que a cada dia busca sua evolução e para isso
tem que melhorar seu desempenho no trabalho, ou seja, aumentar mais suas
interações com seus grupos sociais. Claro que ainda temos uma dificuldade
de interação, mas isso ao longo dos anos vai melhorando.
Para o meio científico, a Sociologia contribuiu na Historiografia. Se
não entendemos a sociedade como podemos entender a história daquela época?
Então ela é de extrema importância para a Historiografia porque, além dela
trabalhar com os acontecimentos das épocas passadas, ela tenta compreender
o que a sociedade influenciou para que esse fato acontecesse.
Durkheim enfatizou muito a questão das instituições sociais (família,
escola, entre outros) e hoje elas só possuem esse valor imenso na sociedade
graças a essa valorização por parte dele.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma foi possível concluir qual a importância de David Émile
Durkheim para a sociologia. Como este desenvolveu e tornou a sociologia uma
ciência individual a parte das outras. Mostrando a indispensabilidade desta
para a maior compreensão dos fatos sociais e para a sociedade como um todo.
Ainda foi possível compreendo como o contexto histórico que o "pai da
sociologia" vivenciava influenciou diretamente em suas obras. Assim como
foi discutido quais as principais teorias de Durkheim, seu legado e obras.
Em "Da Divisão Social do Trabalho" Durkheim centraliza-se na
"Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica", tais teorias ressaltam a
construção de laços nas relações humanas. A Solidariedade Mecânica é aquela
já nascida com o individuo que constrói-se na família e em suas relações de
parentesco para com outros membros de sua família. Já a Mecânica
caracteriza-se por essa mesma construção, porém com indivíduos
desconhecidos, com os amigos e profissionais que trabalham com o indivíduo.
Já em "As Regras do Método Sociológico", Durkheim pontua quais as
características base para a elaboração de teorias sociais e pontua três
tópicos principais para as características de um fato social e são eles:
Generalidade: Quando o fato apresenta característica comum a todos os
indivíduos, ou seja, o mesmo fato acontece com a grande maioria dos
indivíduos; Exterioridade: Quando o fato é externo ao indivíduo,
independente da sua vontade; Coercividade: Aparece por intermédio dos
indivíduos que são forçados a seguirem os comportamentos que a sociedade
impõe.
Em "As Formas Elementares da Vida Religiosa", Durkheim expõe a
construção da religião como consequência da sociedade. Ele demonstra ainda
que não há religiões falsas, mas sim religiões construídas a partir de
valores sociais.
Por fim Durkheim salienta em sua última obra, "O Suicídio", as três
formas básicas de suicídio são elas: Suicídio Egoísta: Quando o indivíduo
se afasta dos outros seres de sua mesma espécie e comete atos com motivação
pessoal; Suicídio Altruísta: Quando o indivíduo realiza atos em prol de uma
causa; Suicídio Anômico: O indivíduo faz o ato porque há a ausência das
regras de sua sociedade por causa de possíveis mudanças em decorrência de
que a sociedade ela não é única em todas as épocas.
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