Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

Eletromagnetismo

Divergencia do Fluxo Eletrico e Teorema da Divergencia

   EMBED


Share

Transcript

APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I 14 DIVERGÊNCIA DO FLUXO ELÉTRICO E TEOREMA DA DIVERGÊNCIA 3 3.1 - A LEI DE GAUSS APLICADA A UM ELEMENTO DIFERENCIAL DE VOLUME Vimos que a Lei de Gauss permite estudar o comportamento do campo elétrico devido a certas distribuições especiais de carga. Entretanto, para ser utilizada, a Lei de Gauss exige que a simetria do problema seja conhecida, de forma a resultar que a componente normal do vetor densidade de fluxo elétrico em qualquer ponto da superfície gaussiana seja ou constante ou nula. Neste capítulo pretendemos considerar a aplicação da Lei de Gauss a problemas que não possuem nenhum tipo de simetria. Suponhamos um volume incremental ∆v extremamente pequeno, porém finito. Se assumirmos uma densidade de carga uniforme neste incremento de volume, a carga ∆Q será o produto da densidade de carga ρ pelo volume ∆v. Pela Lei de Gauss, podemos escrever: ∫ r r D.dS = ∆Q= ρ∆V (3.1) Dz + (∂Dz/∂z)∆z z Dx ∆z P Dy Dy + (∂Dy/∂y)∆y ∆x ∆y y Dx + (∂Dx/∂x)∆x x Dz Fig. 3.1 - Volume incremental em torno do ponto P. Vamos agora desenvolver a integral de superfície da equação acima, sobre uma superfície gaussiana elementar que engloba o volume ∆v. Este volume está representado na figura 3.1, e é formado pelas superfícies incrementais ∆x.∆y, ∆y.∆z, e ∆z.∆x. Considere um ponto P(x,y,z) envolvido pela superfície gaussiana formada pelas superfícies incrementais r . A expressão para D no ponto P‚ em coordenadas cartesianas é: r D = D x 0 .a$ x + D y 0 .a$ y + D z0 . a$ z (3.2) A integral sobre a superfície fechada é dividida em seis integrais, uma sobre cada lado do volume ∆v. r r ∫ D.dS= ∫ frente + ∫ atrás + ∫ esq. ∫ + dir. + ∫ topo ∫ + base UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino (3.3) APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I 15 Para a primeira delas: ∫ frente r r r ) ≅ D frente.∆S frente = Dfrente .∆y.∆z.a x = Dx (frente) .∆y.∆ z (3.4) r (Dx é a componente de D normal ao plano yz). Aproximando o resultado Dx(frente).∆y.∆z pelos dois primeiros termos da expansão em série de Taylor: 1 ∂ (4.5) D x( frente) ∆y∆ z = Dx 0 ∆y∆z + . (Dx ∆y∆z )∆x 2 ∂x Portanto: ∆x ∂D x   =  D x0 + .  . ∆y. ∆z  2 ∂x  ∫ frente Consideremos agora a integral ∫ atrás ∫ : ∫ r r  ∆ x ∂D  = D x( atrás ) .∆S≅  − Dx 0 + . x ∆y∆z 2 ∂x   atrás (3.6) r v r ) 1 ∂ = D x ( atrás ) .∆ S = D x ( atrás ) ∆ y∆ z ( − a x ) = − D x 0 ∆ y ∆ z + . (D x ∆y ∆ z )∆ x 2 ∂x atrás (3.8) (porque o vetor unitário âx em ∆s tem agora direção negativa). Combinando as duas integrais: ∫ ∫ + frente ≅ atrás ∂D x . ∆x. ∆y. ∆z ∂x (3.9) Utilizando o mesmo raciocínio para as outras integrais: ∫ dir . ∫ topo + ∫ + ∫ esq. base ≅ ≅ ∂Dy . ∆x. ∆ y. ∆z ∂y ∂D z ∂z . ∆x. ∆y. ∆z (3.10) (3.11) Assim: ∫ r r  ∂D ∂Dy ∂Dz  D. dS ≅  x + +  . ∆v  ∂x ∂y ∂z  (3.12) A expressão acima diz que o fluxo elétrico que atravessa uma superfície fechada muito pequena é igual ao produto entre o volume compreendido por essa superfície e a soma das derivadas parciais das r componentes do vetor D em relação às suas próprias direções. Igualando-se as equações 3.1 e 3.12, e em seguida dividindo todos os termos por ∆v, tem-se: r r ∫ D.dS = ∂D ∆V ∂ Dy ∂D z ∆Q + + = =ρ ∂x ∂y ∂z ∆V x UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino (3.13) APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I Passando ao limite, com ∆v tendendo a zero: r r D. dS lim ∆v → 0 ∫ ∆v 16 (3.14) ∂D y ∂D x ∂D z = + + =ρ ∂x ∂y ∂z 3.2 - DIVERGÊNCIA A operação indicada pelo primeiro membro da equação 3.14 não é pertinente apenas ao fenômeno ora em estudo. Surge tantas vezes no estudo de outras grandezas físicas descritas por campos vetoriais, que cientistas e matemáticos do século passado resolveram batizá-la com um nome especial: Divergência. Matematicamente: r divA = Conceito ∫ lim ∆v → 0 r r A. dS (3.15) ∆v r A divergência do vetor densidade de fluxo A (que representa um fenômeno físico qualquer) é a variação do fluxo através da superfície fechada de um pequeno volume que tende a zero A divergência é uma operação matemática sobre um vetor, definida como sendo a soma das derivadas parciais das componentes do vetor, cada uma em relação à sua própria direção. Apesar de ser uma operação sobre um vetor, o resultado é um escalar. A partir da definição da divergência e da equação 3.14, podemos definir a 1ª equação de Maxwell: r div. D = ρ (3.16) A equação 3.16 estabelece que o fluxo elétrico por unidade de volume deixando um volume infinitesimal é igual à densidade volumétrica de carga neste ponto. Esta equação também é conhecida como a forma diferencial da Lei de Gauss, por que é expressa como sendo a soma de derivadas parciais. 3.3 - O OPERADOR ∇ (nabla) E O TEOREMA DA DIVERGÊNCIA O operador ∇ é definido como sendo o operador vetorial diferencial: ∇ = ∂ ∂ ∂ . a$ x + . a$ y + . a$ z ∂x ∂y ∂z r Realizando o produto escalar ∇. D , tem-se: r  ∂  ∂ ∂ ∇. D =  . a$ x + . a$ y + . a$ z  . D x. a$ x + Dy. a$ y + Dz . a$ z  ∂x ∂y ∂z  ( (3.17) ) (3.18) Lembrando que o produto escalar entre vetores unitários ortogonais é nulo, o resultado será: r ∂Dx ∂Dy ∂Dz ∇. D = + + ∂x ∂y ∂z (3.19) ou ainda por (3.14): r ∇. D = ρ UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino (3.20) APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I 17 O operador ∇ não é utilizado somente em operações de divergência, mas também em outras operações r vetoriais. Ele é definido somente em coordenadas cartesianas. A princípio, a expressão ∇. D serviria r apenas para se calcular as derivadas parciais do divergente do vetor D em coordenadas r cartesianas. Entretanto, a expressão ∇. D como sendo a divergência do vetor densidade de fluxo elétrico é consagrada, e pode ser utilizada mesmo quando o vetor é definido em outros sistemas de referência. Por exemplo, em coordenadas cilíndricas: r 1 ∂ (rD ) 1 ∂ Dφ ∂D r z ∇.D= + + r ∂r r ∂φ ∂z (3.21) ( (3.22) e em coordenadas esféricas: ) r 1 ∂ 2 ∂D φ 1 ∂ ∇.D= 2 r Dr + (D θ sen θ ) + 1 ∂ r r sen θ ∂θ r sen θ ∂φ r Entretanto, deve-se lembrar, porém, que ∇ não possui uma forma especifica para estes tipos de sistemas de coordenadas. Finalmente, vamos associar a divergência à Lei de Lembrando que: r Gauss, para obter o teorema da divergência. r ∫ D. dS = ∫ vol e ρ. dv r ∇. D = ρ podendo escrever: ∫ r r D. dS = r ∫ ( ∇. D)dv (3.23) vol A equação 3.23 é o Teorema da Divergência (ou teorema de Gauss, para diferenciar da Lei de Gauss) e estabelece que a integral da componente normal de qualquer campo vetorial sobre uma superfície fechada é igual à integral da divergência deste campo através do volume envolvido por essa superfície fechada. Uma maneira simples de se entender fisicamente o teorema da divergência é através da figura 3.2. Um volume v, limitado por uma superfície fechada S é subdividido em pequenos volumes incrementais, ou células. O fluxo que diverge de cada célula converge para as células vizinhas, a não ser que a célula possua um de seus lados sobre a superfície S. Então a soma da divergência da densidade de fluxo de todas as células será igual à soma do fluxo liquido sobre a superfície fechada. Fig. 3.2 - Volume v subdividido em volumes incrementais UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I 18 Exemplo 3.1 Calcular os dois lados do teorema da divergência, para uma densidade de fluxo elétrico r 2 2 D = xy .a$ x + yx . a$ y , em um cubo de arestas igual a 2 unidades. Solução r r O vetor D possui componentes nas direções x e y. Portanto, a princípio, a integral de superfície deve ser calculada sobre 4 lados do cubo: r r ∫ D. dS = ∫ frente ∫ = frente ∫ = ∫ = atrás esq. ∫ dir . 2 ∫∫ 0 2 ∫∫ = 0 2 0 0 2 2 ∫∫ 0 ∫∫ 0 ∫ atrás + ∫ esq . + 2. y2 . a$ xdy. dz. a$ x = 2 0. y2 . a$ x. dy. dz. ( − a$ x ) = 0 0 2. x2 . a$ y. dx. dz. a$ y = r ∂Dy ∂Dz ∂D x ∇. D = + + ∂x ∂y ∂z r ∇. D = x2 + y2 dir 32 3 32 3 64 3 Para o outro lado: ∫ 0. x 2 . a$ y . dx. dz. ( − a$ y ) = 0 0 2 2 + r ∫ D. dS = Vamos colocar a origem do sistema de coordenadas cartesianas em um dos vértices. ∫ ( ∇. D) dv = ∫ ∫ ∫ (x r 2 vol 0 2 0 2 ∫ (∇. D)dv = 2∫ ∫ (x r 2 vol 0  v = 4  ∫ 2 0 ) + y2 dx. dy. dz 2 0 2 x2dx + r ) + y2 dy. dx 2 0 ∫ 2 0  y2dy  64 ∫ ( ∇. D) dv = 3 vol UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino APOSTILA DE ELETROMAGNETISMO I 19 EXERCÍCIOS r r 1) - Dado A = ( 3x 2 + y ). a$ x + ( x − y 2 ). a$ y calcule ∇. A . 2) -Obtenha a divergência em coordenadas esféricas. Use um volume infinitesimal com arestas ∆r, r∆θ e rsenθ∆φ. 3) - Dipolo Elétrico, ou simplesmente dipolo, é o nome dado ao conjunto de duas cargas pontuais de igual magnitude e sinais opostos, separadas por um distância pequena se comparada com a distância ao ponto P onde se deseja conhecer o campo elétrico. O ponto P é descrito em coordenadas esféricas (figura 1), por r, θ e φ = 90 graus, em vista da simetria azimutal. As cargas positivas e negativas estão separadas por d m, e localizadas em (0,0,d/2) m e (0,0,-d/2) m. O campo r Qd no ponto P é E = ( 2 cos θ. a$ r + sen θ. a$ θ ) . Mostre que a divergência deste campo é nula. 4πε 0 r 3 r 4) - Para a região 0 < r ≤ 2 m (coordenadas cilíndricas), D = ( 4r −1 + 2e −0,5r + 4r −1e−0,5r ) a$ r , e para r > r 2m, D = ( 2,057 r −1). a$ r . Pede-se obter a densidade de cargas ρ para ambas as regiões. r 3 5) - Dado D = (10 r 4 ). a$ r em coordenadas cilíndricas, calcule cada um dos lados do teorema da divergência, para o volume limitado por r = 3 m, z = 2 m e z = 12 m. r 6) - Dado D =10 sen ?.aˆ r + 2 cos ? .aˆ ? , pede-se calcular ambos os lados do teorema da divergência, para o volume limitado pela casca r = 3 m. r 7) - Uma linha uniforme de cargas de densidade ρ l pertence ao eixo z. (a) Mostre que ∇. D = 0 em qualquer lugar, exceto na linha de cargas. (b) substitua a linha de cargas por uma densidade volumétrica de cargas ρ 0 em 0 ≤ r ≤ r0 m. Relacione ρ l com ρ 0 modo que a carga por unidade de r comprimento seja a mesma. Determine então ∇. D em toda parte. y P R1 θ r R2 Q d x -Q figura 1 - figura do problema 3 UNESP – Naasson Pereira de Alcantara Junior – Claudio Vara de Aquino