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Direito Penal

aulas digitadas [prof. marcus mousinho]

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DIREITO PENAL III Infanticídio: Antigamente referia-se a matança indiscriminada de crianças nos primeiros anos de vida, mas para o Direito brasileiro moderno, este crime somente se configura se a mulher, quando cometeu o crime, estava sob a influência do estado puerperal, isto é, logo após o parto ou mesmo depois de alguns dias. Na atualidade, a China é um país onde há elevado índice de infanticídio feminino. Neste país é prática comum cometer aborto quando o bebê é uma menina, o que gerou um desequilíbrio entre os sexos na população do país. Artigo 123, CP: matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena: detenção de 2 a 6 anos. Artigo 322 e 336 do CPP. É um crime inafiançável. Estado psíquico da parturiente: Para configurar o delito deve ser a mulher a portadora de grave perturbação psíquica, chamado estado puerperal; O parto não leva a transtornos psíquicos graves, podendo haver um quadro de tristeza do parto (maternity blues); Perícia – se o parto transcorreu de forma angustiante ou dolorosa: Se a parturiente, cometido o crime, tentou esconder o cadáver; Se lembrar do ocorrido ou não e se há simulação; Se tiver antecedentes psicóticos ou se há vestígios de debilidade. É de competência do JURI. Puerpério: período que vai da expulsão da placenta até a involução total das alterações do organismo provocadas pela gravidez. Nossa legislação atual beneficia o homicídio biopsicológico, onde a mãe mata seu filho influenciado pelo puerpério que sempre existe, mas deve ser comprovada a resultante perturbação emocional da mulher como nexo causal. O parto se inicia em geral com o rompimento do saco amniótico e termina com o corte do cordão umbilical e a expulsão da placenta; Quanto a período logo após o parto chega-se a admitir até oito dias posteriores; A legislação penal brasileira, através dos estatutos de 1830, 1890 e 1940, tem conceituado o crime de infanticídio de formas diversas. O Código Penal de 1890 definia o crime com a seguinte proposição: "Matar recém-nascido, isto é infante, nos sete primeiros dias de seu nascimento, quer empregando meios diretos e ativos, quer recusando à vítima os cuidados necessários à manutenção da vida e a impedir a sua morte". O § único cominava pena mais branda "se o crime fosse perpetrado pela mãe, para ocultar a desonra própria", o chamado infanticídio honoris causa. Sujeito Ativo: é a mãe (crime próprio: condição elementar); Admite-se a co-autoria ou participação não pacificamente (infanticídio + homicídio); A mãe pode ou não estar presente durante o processo; Hoje em dia, a mãe não pode alegar que cometeu infanticídio para defender sua honra como antigamente; ela irá alegar que matou o filho porque estava sob o estado puerperal; Critério adotado pelo Código Penal: Físico: biológico, biopsíquico ou fisiopsíquico; Estado puerperal mínimo: a mãe responde por homicídio, pois o juiz não leva em consideração o estado puerperal; Estado puerperal médio: é infanticídio; Estado puerperal máximo: é inimputável, pois tira totalmente a consciência da mãe; o que é aplicado nesses casos é uma medida de segurança; Semi-inimputável: artigo 26, § único – não seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (a pena é aplicada, mas é reduzida). É um crime personalíssimo, pois um terceiro não pode matar o bebê no lugar da mãe; Questão Legal: ser mãe é circunstancia do crime? Não, pois a circunstancia é o que está ao redor do motivo matar. Elemento Subjetivo: dolo (direito ou eventual), homicídio culposo; Ser mãe é elementar para o crime de infanticídio. Artigo 30, CP: não se comunicam as circunstancias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Mãe mata e o agente auxilia, se tem a autora e o partícipe: É crime atípico de antijurídico; Dá-se por instigação; Artigo 29, CP: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominada; Autor mata e a mãe auxilia: Doutrina: Autor: homicídio; Mãe: infanticídio; Artigo 30, CP: veta a possibilidade Autor: infanticídio; Mãe: partícipe de infanticídio (se não for por instigação). Sujeito Passivo: é o filho nascente ou recém nascido com vida provada pela docimasia pulmonar (respiração) ou por outros fenômenos vitais como circulação sanguínea; Objeto Material e Objeto Jurídico: o nascente e o neonato a vida. Tentativa: crime plurissubsistente (ex.: a mãe pega o filho e o coloca dentro do vaso sanitário, na hora em que ela vai dá a descarga chega alguém e tira o bebê dali). Consumação: com a morte, verificando-se se a criança estava com vida. A morte do bebê antes do parto é considerada aborto. Não é necessário indagar-se se o feto é capaz de vida autônoma extra-uterina. Para que se configure o infanticídio, basta que, começado o parto, se possa considerar o feto biologicamente vivo; sendo que vida biológica corresponde à existência do mínimo de atividades funcionais de que o feto já dispõe antes de vir à luz, e das quais é o mais evidente atestado a circulação sangüínea. A doutrina fala do tumor do parto: que é uma saliência violácea que se forma no couro cabeludo; uma pressão no crânio que ocorre durante o parto; se a criança possuir esse tumor, conclui-se que ela nasceu com vida; se não tiver, nasceu morta. Artigo 17, CP: é crime impossível por absoluta impropriedade do objeto se o filho já nasce sem vida. Modalidades Omissivas e Comissivas: Comissiva: verbo matar; Omissiva: omissão imprópria; status garantidor do dever de agir decorrente da lei-obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (artigo 13, §2º, CP). Aplicação do artigo 20, §3º: Erro da pessoa. Concurso de Pessoas: A parturiente e o terceiro executam o crime; A parturiente executa a conduta com a participação do terceiro; O terceiro executa a conduta com a participação da mãe. Limite Temporal: Durante o parto: aborto e infanticídio; Parto normal: 1º período: Dilatação do colo do útero; rompimento da membrana amniótica seguido da incisão das camadas abdominais (contrações); 2º período: Expulsão; 3º período: Secundamento. Parto cesariano ou césare ou tomotocia: incisar o abdome e a parede do útero. Logo após o parto: período que vai da expulsão do feto aos primeiros cuidados ao recém-nascido. Delimita-se pela influência do estado puerperal, onde a mãe não está em estado de bonança, quietude; Princípio da razoabilidade: relação de proximidade. Prazo razoável: é de dois meses de estado puerperal.