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DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
[19.03.09]
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Princípios Gerais dos Contratos
Definição Necessária:
Importância: definição da legislação aplicável.
Contratos entre particulares: contratos civis.
Relações de consumo: contrato de consumo.
Artigo 2º e 3º, CDC.
Pode se dá entre duas PJ ou PF.
Relações entre sociedades empresárias: contratos mercantis.
As normas jurídicas refletem o momento histórico:
Estado Liberal: possibilidade de intervenção estatal (revolução
industrial)
Estado Social: garantias; serviços prestacionais, etc.
Princípios do Contrato:
Liberais: não há liberdade real.
Sociais: veio para relativizar o estado liberal.
Princípios Liberais: as relações contratuais eram teoricamente
iguais, mas na prática um lado se saía mal.
Autonomia da Vontade: o Estado não pode interferir na relação
contratual, pois não era absoluta;
Obrigatoriedade: na forma que foi primado;
Eficácia Relativa.
Princípios Sociais: intervenção estatal através do Judiciário e
vieram para mitigar (relativizar) os princípios liberais.
Equilíbrio Contratual;
Função Social do Contrato (artigo 421, CC);
Boa-fé Objetiva.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
20.03.09
PRINCÍPIOS GERAIS DO CONTRATO:
Princípios Individuais (Liberais):
Autonomia da Vontade:
Liberdade de Contratar:
Liberdade das partes para regulamentar as
relações contratuais;
Possui três aspectos:
Liberdade de Tipo;
Liberdade de Conteúdo;
Liberdade de escolher o outro Contratante.
Liberdade de escolher se contrata ou não (?);
Obs.: a liberdade de contratar não é absoluta,
está sujeita a limites.
Obrigatoriedade:
Ou "Pacta Sunt Servanda";
Idéia central: o contrato faz a lei entre as partes;
Segurança dos negócios jurídicos.
Eficácia Relativa:
Não produz efeitos meramente individuais, mas também sociais.
O contrato apenas produz efeitos entre as partes contratantes.
Exceções.
Eficácia social.
Princípios Sociais:
Função Social do Contrato:
Repercutem na sociedade;
Interesses Individuais x Interesses Sociais = Harmonização;
Função Interpretativa.
Boa-fé Objetiva:
Distinção:
Boa-fé subjetiva: é a prova diabólica (consciência), que não há como
saber o que a pessoa em questão pensou.
Boa-fé objetiva: dever das partes de agir com lealdade durante a
execução do contrato.
Artigo 422, CC.
Artigo 4º, III do CDC.
Interpretação dos Contratos;
Cláusula Geral;
Três funções particulares:
Interruptiva: artigo 113, CC;
Controle: artigo 187, CC;
Integração dos negócios jurídicos: artigo 422, CC.
Equilíbrio Contratual (ou Equivalência Material):
Equilíbrio Real de Direitos e Deveres;
Princípio da Igualdade Material;
Harmonização de Interesses;
Correção de Desequilíbrios Supervenientes.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
26.03.2009
Continuação de Princípios:
Boa-fé Objetiva:
Dever das partes de agir com lealdade e boa-fé;
Artigo 422, CC;
Artigo 4º, III do CDC.
As partes devem cooperar entre si (princípio da solidariedade) e não
atuar altuisticamente.
Interpretação dos Contratos: sempre que se for interpretar o
contrato, tem que observar a boa-fé objetiva;
Cláusula Geral: em todos os contratos tem que haver a boa-fé
objetiva, ainda que não esteja escrita.
Três funções:
a. Interpretativa: artigo 113, CC.
b. Função de controle do exercício de um direito: artigo 187, CC.
Os direitos são excedidos contra os direitos sociais.
c. Função de integração do negócio jurídico: artigo 422, CC.
Para preencher as lacunas que estão faltando no contrato acrescenta-
se o princípio da boa-fé objetiva.
Equivalência Material ou Equilíbrio Contratual:
Equilíbrio real de direitos e deveres;
Harmonização dos interesses;
Correção dos desequilíbrios.
Tipicidade Contratual:
Tipicidade legal e social;
Contratos típicos e contratos atípicos.
Classificação dos Contratos:
Quanto à natureza da obrigação:
a) Unilaterais: doação pura e simples.
b) Bilaterais ou sinalagmáticos.
Onerosos e Gratuitos:
a. Onerosos: ambos os contraentes sofrem um
sacrifício patrimonial.
b. Gratuitos: apenas um dos contraentes sofre
sacrifício patrimonial.
Cumulativos e Aleatórios.
Consensuais e Reais:
a) Consensuais: para existir, basta o encontro de
vontades.
b) Reais: para existir, é necessária a entrega da
coisa.
Solenes e Não Solenes.
Principais e Acessórios.
Quanto ao Tempo de Execução:
a. Imediata.
b. Deferida.
c. Continuada.
Quanto a Pessoa do Contratante:
a) Pessoais.
b) Impessoais.
Paritários e de Adesão.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
27.03.2009
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS:
Consensuais: ultimem-se as partes pelo mero consentimento das
partes.
Exemplo: compra e venda (artigo 482, CC).
Reais: perfazem-se com a entrega da coisa.
Exemplo: comodato mútuo.
Obs.: referem-se ao PLANO DA EXISTÊNCIA:
Consensuais: para existirem, basta o encontro de vontades.
Reais: para existirem, é necessária a entrega da coisa.
Solenes ou Não Solenes (PLANO DA VALIDADE):
Solenes: dependem de forma prescrita em lei.
A forma é substância do ato;
Exemplo: compra e venda de bem imóvel.
Se não for observada a forma, o contrato é nulo.
Não Solenes: são aqueles contratos ligados aos costumes, que
nasceram com a necessidade comercial da sociedade.
Principais e Acessórios:
Principais: existem por si próprios.
Acessórios: a existência jurídica supõe a do principal.
Exemplo: fiança.
Função: garantir o cumprimento de obrigações contratadas em
contrato principal.
Quanto ao Tempo da Execução:
Imediata: compra e venda à vista.
Deferida: estende-se no tempo.
Exemplo: compra e venda a prazo.
Continuada: a cada período, abre-se uma nova prestação (ela se
renova a cada período).
Exemplo: aluguel.
CONTRATOS DE ADESÃO:
Conceito:
Partes:
Predisponente: possui o poder contratual, negocial.
Aderente: parte mais fraca, que o CDC e o CC protegem utilizando todos
os princípios sociais.
Importância:
Necessário na atualidade:
Sociedade de massa:
Contratos Massificados.
Desigualdade entre as partes contratantes:
A proteção aderente: CDC e CC.
Artigos 423 e 424 do CC;
Artigos 46, 47 do CDC.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE (02.04.2009)
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS:
Consentimento da Vontade Contratual:
Contrato: modalidade de negócio jurídico; é um acordo de vontade das
partes.
Vontade: pressuposto dos negócios jurídicos.
Fases da Formação do Contrato:
Negociações/Tratativas ( Proposta ( Aceitação
Parte 1 (proponente) ( Consentimento ( Parte 2 (aceitante)
Período Pré-Contratual: negociações preliminares.
Fase de Puntuação: é chamada assim por alguns doutrinadores.
Não obrigam, são apenas taxativas;
Negociações preliminares ( Oferta.
Obs.: Contratos Preliminares: as partes vão se obrigar a firmar outro
contrato posteriormente.
(
Negociações Preliminares: não se obriga as partes a firmar outro
contrato posteriormente;
É fase pré-contratual e não existe em todos os contratos.
(
Oferta, Proposta ou Policitação: é a primeira fase do contrato;
Vincula o ofertante, que está obrigado a cumprir a oferta.
Partes da Oferta:
Proponente, ofertante ou policitante: denominação para a pessoa que
propõe a oferta.
Oblato: é a pessoa a quem se dirige a oferta.
Proponente (propõe( Oblato
Requisitos da Proposta:
Deve ser clara e objetiva;
Deve descrever todos os elementos do contrato a ser firmado;
A proposta vincula:
Exceções: artigo 427, CC;
CDC: não possibilita o arrependimento;
Recusa em contratar: perdas e danos;
Obs.: nas negociações preliminares que não vinculam, podem ocorrer
perdas e danos, dependendo da análise do caso concreto.
Regra: como não vincula, não deve se criar expectativa de que não gera
perdas e danos.
Proposta feita ao público: artigo 30, CDC e artigo 429, CC;
A proposta pode ter prazo de validade;
Características da Proposta.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
03.04.2009
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS:
Aceitação: é o ato de aderência à proposta feita;
Deve ser pura e simples;
Novos elementos: nova proposta.
Características da Aceitação:
a. Não exige obediência a determinada forma;
b. A aceitação deve ser oportuna: artigo 430, CC;
c. Deve corresponder à oferta: artigo 432, CC;
d. Deve ser conclusiva e coerente.
Aceitação nos contratos entre PRESENTES e AUSENTES:
a) Ausentes: contrato firmado por e-mail, carta, etc.;
b) Presentes: contrato firmado por procuração, conversa no MSN, telefone,
fax, etc.
Teoria adotada pelo CC:
Teoria da Expedição: artigo 434, CC;
Retratação da Aceitação: artigo 433, CC;
Entre Presentes:
Com prazo: deve ocorrer no prazo estabelecido;
Sem prazo: deve ser imediata.
Entre Ausentes:
Com prazo: deve ocorrer no prazo estipulado;
Sem prazo: tempo suficiente e razoável para que chegue ao proponente.
Obs.: analisa-se o caso concreto para saber quando será suficiente e
razoável.
Aceitação Tardia: artigo 430, CC.
Lugar em que se reputa celebrado o contrato:
Lugar em que foi proposto, identificando a legislação aplicável:
artigo 433, CC;
Importância da definição: legislação aplicável;
Foro competente: pode ser definido pelas partes;
Depende das Relações Internacionais Privadas.
Relação de consumo: o foro é o do consumidor por causa de
sua vulnerabilidade.
Ônus da prova: quem alega tem que provar;
Vulnerabilidade: artigo 4º, CDC;
Quando o consumidor não entende das condições técnicas, jurídicas ou
econômicas do produto.
Hipossuficiência: artigo 6º, CDC.
Quando o consumidor não tem condições de produzir a prova.
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA TRINDADE
16.04.2009
EFEITOS ESPECÍFICOS DO CONTRATO
Regra: Princípio da Relatividade
Exceção: Efeitos Específicos.
Estipulação em Favor de Terceiro (artigo 436, CC):
Terceiro: originalmente não participou da relação jurídica, mas pode
ser chamado a fazê-lo.
Partes:
Estipulante (((((((((((((((((( Promitente
[contrato em nome próprio] (
A B
(
(
Terceiro (beneficiário)
[ñ pode reclamar da decisão porque ñ
é parte]
Exemplo: Seguro de Vida.
Características:
a) Embora não seja parte, o terceiro também tem legitimidade para exigir
o cumprimento da prestação (artigo 438, CC).
b) Substituição do terceiro: é passível, e o terceiro não pode se opor,
pois não é parte (artigo 438, CC).
Contrato com Pessoa a Declarar:
Artigos 467 a 471, CC.
Conceito: artigo 467, CC.
A (((((((((((((( B
( Contrata
(
C: terceiro passa a ser parte.
assume o lugar de parte e já pode reclamar a
despeito da decisão tomada.
Efeitos: "ex tunc" (artigo 469, CC).
Exemplo: compromisso de compra e venda.
Prazo para conhecimento: Cinco dias (artigo 468, CC).
Hipótese em qual o contrato será eficaz apenas entre as partes
contratantes:
Artigos 470 e 471 do CC.
Promessa de Fato de Terceiro (artigo 439, CC):
A prestação será excedida por um terceiro estranho à relação
jurídica contratual.
A ((((((((((((((((((( B
( (
[não pode cobrar do terceiro]. [Pode pedir um ajuizamento para
haver
um ressarcimento de C para com B].
(
(
Terceiro [prestar em serviço].
Conseqüências do descumprimento da prestação pelo terceiro.
INTRODUÇÃO:
Base: o alienante deve GARANTIR ao adquirente que ele possa USUFRUIR DA
COISA conforme sua natureza e destinação.
Vícios Redibitórios Evicção (Perda)
( (
Vício de Fato Vício de Direito
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VÍCIOS REDIBITÓRIOS:
1. Conceito: são defeitos ocultos na coisa, existentes anteriormente ou
ao tempo da transição, que diminuem o valor ou prejudicam a utilização
da coisa recebida por força de um contrato comutativo.
Essencialmente, o vício redibitório aproxima-se muito mais de uma
causa de dissolução contratual do que propriamente do sistema de
responsabilidade civil, muito embora a prejudicada tenha o direito de
ser devidamente indenizada.
Ex.: S, ao comprar um relógio de cobre da marca B, ignora que ele é
portador de um defeito oculto – uma conexão equivocada de suas
engrenagens – que prejudica a sua utilização. Note-se que esse defeito
deverá acompanhar a coisa, quando da sua tradição [entrega].
2. Requisitos:
a) Que a coisa tenha sido adquirida em virtude de contrato comutativo, ou
de doação com encargo;
b) Que esteja presente vício ou defeito prejudicial à sua utilização, ou
lhe diminuam o valor;
c) Que estes defeitos sejam ocultos;
d) Que os defeitos sejam graves;
e) Que o defeito já existia no momento da celebração do contrato e que
perdure até o instante da reclamação.
3. Contratos Comutativos Onerosos.
4. Vício Redibitório Erro Essencial (é subjetivo, sendo
difícil
seu julgamento)
( (
Decorre da própria coisa. Idéia falsa da realidade. O
adquirente recebe uma coisa pensando
que era outra.
O erro expressa uma equivocada representação da realidade, uma opinião
não verdadeira a respeito do negócio, do seu objeto ou da pessoa com
quem se trava a relação jurídica. Este defeito do negócio, portanto,
vicia a própria vontade do agente, atuando no campo psíquico
[subjetivo].
Diferente da hipótese do vício redibitório, que se o adquirente, por
força de uma compra e venda recebe a coisa com defeito oculto que lhe
diminui o valor ou prejudica a sua utilização [v.r.], poderá rejeitá-la,
redibindo o contrato, ou, se preferir, exigir o abatimento no preço.
Note-se que o agente, ao adquirir a coisa, não incorreu em erro, uma
vez que recebeu exatamente aquilo que pretendia comprar. Apenas a coisa
transferida portava defeito oculto que lhe depreciava ou tornava
imprópria a sua utilização.
5. Efeitos:
a) Ação Redibitória: rejeitar a coisa, redibindo o contrato.
O alienatário, insatisfeito pela constatação do vício, propõe,
dentro do prazo decadencial previsto em lei, uma ação redibitória,
cujo objeto é, precisamente, o desfazimento do contrato e a devolução
do preço pago, podendo inclusive pleitear o pagamento das perdas e
danos.
b) Ação "Quanti Minoris" ou Estimatória: reclamar abatimento no preço.
Prefere o adquirente, também dentro do prazo decadencial da lei,
propor ação para pleitear o abatimento ou desconto no preço, em face
do direito verificado.
Obs.: A escolha do tipo da ação é exclusiva do adquirente (artigo 442, CC).
Tanto a ação redibitória quanto a ação 'quanti minoris' são espécies
das denominadas ações edilícias, existindo, entre ambas, um concurso de
ações, onde o adquirente somente poderá promover uma ou outra, visto que
comportam pedidos excludentes entre si.
O novo CC não renovou a norma proibitiva de admissão das ações
edilícias quando a coisa fosse adquirida em hasta pública [art. 1106, CC-
16: se a coisa foi vendida em hasta pública, não cabe ação redibitória,
nem a pedir abatimento no preço], não trazendo qualquer norma
equivalente, no que constituiu um avanço, até pela dificuldade de
caracterização que se verifica na prática judicial.
a. Prazos Decadenciais: não se interrompe, nem se suspende.
Artigo 445, CC:
Bem Móvel: 30 dias.
Bem Imóvel: 1 ano.
Quando o adquirente já estava na posse da coisa, o prazo é
contado da alienação, mas reduzido à metade.
Venda de Animais: artigo 445, §2º.
Por se tratar de ações que têm por conteúdo o exercício de direitos
potestativos, os prazos são decadenciais, e não prescricionais.
O prazo decadencial para i ajuizamento da ação redibitória ou da ação
'quanti minoris' aumentou de 15 para 30 dias – no caso de bens móveis –,
e de 6 meses para 1 ano – no caso de bens imóveis. Entretanto, caso o
adquirente já estivesse na posse da coisa, o prazo é contado, a partir
da alienação, pela metade.
Imagine-se que J estivesse na posse de uma fazenda, pertencente a C,
há 2 anos, na qualidade de arrendatário. Resolve, então, comprá-la. Ora,
em tal caso, se vier a perceber a existência d vício redibitório
[defeito oculto], terá o prazo de 1 ano, reduzido à metade [6 meses,
portanto], a contar da data do registro do título de transferência no
cartório de imóveis [data da alienação formal] para propor ação
edilícia. O mesmo raciocínio se aplica, se se tratar de bens móveis,
operando-se, todavia, a redução de prazo de 30 para 15 dias.
Em se tratando de venda de animais é previsto que os prazos de
garantia serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta,
pelos usos locais, aplicando-se o disposto no §1º, se não houver regra
disciplinando a matéria. Vê-se, portanto, tratar-se de regra supletiva,
cuja finalidade é evitar eventuais litígios quando o vício redibitório
incidir em animal, objeto de contrato de compra e venda.
6. Garantia:
Artigo 446, CC.
Obs.: Prazo de 30 dias = não se trata do prazo para o ajuizamento da
ação, mas de prazo para simples comunicação do defeito ao alienante,
solicitando providências.
A previsão legal dos vícios redibitórios encontra sua justificativa
jurídica – e por que não dizer ideológica – na noção maior de 'garantia
contratual'. E essa garantia decorrente dos vícios redibitórios é tal,
em nosso direito positivo, que chega a ponto de impor responsabilidade
ao alienante, se a coisa vier a ser destruída ou se extinguir, em
virtude do próprio defeito, já existente quando da tradição [entrega],
ainda assim o adquirente terá o direito à compensação devida.
7. Código de Defesa do Consumidor:
JOSÉ FERNANDO SIMÃO: o CDC inovou ao enfatizar o fato de o vício se de
qualidade ou quantidade. O fato de o vício ser oculto ou aparente
realmente gera poucas diferenças na relação de consumo e suas
conseqüências limitam-se à questão dos prazos para exercício do direito
de reclamar pelos vícios.
SÍVIO VENOSA: sem sombra de dúvida, é no âmbito do consumidor que
avultará de importância a garantia pelos produtos ou pelos serviços. Já
ressaltamos que o fornecedor tem o dever de informar o consumidor acerca
das qualidades do produto ou serviço, bem como adverti-lo dos riscos.
Entre as regras de programa que traz a lei, é reconhecida a
vulnerabilidade do consumido no mercado de consumo.
Assim, a grande vantagem do sistema inaugurado pelo CDC consiste na
ampliação da responsabilidade do fornecedor pelo vício do produto ou
serviço. Trata-se em verdade, de uma forma objetiva de responsabilidade
civil – o que favorece a defesa do consumidor –, compartilhada
solidariamente por todos aqueles que participam da cadeia causal de
consumo.
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EVICÇÃO:
1. Conceito: consiste a evicção na perda, pelo adquirente [evicto] da
posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença
judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de
terceiro [evictor]
2. Dever de Garantia:
a) Contra eventual perda da coisa;
b) Perda total ou parcial;
c) Causa da perda anterior ao ato de transferência.
Coisa
Alienante -----------------> Adquirente
Verdadeiro Dono
Caso o adquirente venha a perder a coisa adquirida para o
terceiro/reivindicante [evictor], que prova o seu legítimo e anterior
direito à propriedade da coisa, poderá voltar-se contra o alienante,
para haver deste a justa compensação pelo prejuízo sofrido.
Se o defeito ocorrer depois da entrega [evicção], quem vai responder é
o adquirente.
É somente cabível nos contratos onerosos [em que o 'ônus' da avença
devem ser divididos entre os contratantes, para que possam obter os
proveitos desejados], e a perda do bem, sem que se buscasse reparar as
coisas ao 'status quo ante', importaria em locupletamento sem
contraprestação do alienante.
Ex.: B [alienante] vendeu o automóvel de A [evictor] para C [evicto].
C pode sofrer evicção e ser obrigada por sentença judicial a restituir o
automóvel de A. C ainda tem direito a indenização pelo prejuízo sofrido
com a evicção.
3. Figurantes da Evicção:
a) Evicto/Adquirente: é aquele que sofre os efeitos da evicção, é a parte
prejudicada, é o adquirente do bem pertencente a terceiro.
b) Evictor: a pessoa que reivindica a coisa, o terceiro interessado.
c) Alienante: é quem irá suportar as conseqüências da decisão judicial,
vindo a ganhar, total ou parcialmente o bem.
Coisa
Alienante -----------------> Adquirente [evicto]
Verdadeiro Dono [evictor]: ajuíza a
ação contra o adquirente.
4. Elementos Necessários para a Configuração da Evicção:
a) Aquisição do bem [artigo 447, CC]: se dá por duas maneiras, quais
sejam, a celebração de um contrato oneroso, translativo da posse ou
propriedade da coisa em hasta pública.
Contratos Onerosos:
A primeira observação a ser feita é que se encontram fora da
proteção contra os efeitos da evicção todos os contratos gratuitos
translativos de posse e propriedade de bens.
Entretanto, é importante frisar que a evicção já poderá operar-se
com a perda da simples posse da coisa, não sendo, ademais, uma
exclusiva de tal figura contratual.
A própria situação da aquisição em hasta pública não tem,
propriamente, natureza de 'contrato de compra e venda'.
Aquisição em Hasta Pública:
Ex.: imagine-se que Carlos haja arrematado determinado bem móvel ou
imóvel [em leilão ou praça, respectivamente]. Se após a arrematação e a
expedição da imprescindível carta [comprobatória do seu novo direito de
propriedade], vier a ser demandado, em sede de ação reivindicatória,
proposta por Adolfo, e sucumbir, poderá exercer o seu direito regresso
[fruto da garantia da evicção] contra o devedor, de cujo patrimônio se
originou o bem levado à hasta. Nesse caso, o arrematante Carlos, uma
vez litigando com o terceiro Adolfo sobre a coisa adquirida em hasta
pública, deve valer-se da denunciação da lide como meio de exercício de
sua pretensão regressiva. Quando Carlos arrematou o bem, o que fez em
sede de execução, para viabilizar que os credores do devedor/executado
fossem satisfeitos. Ora, se o arrematante vier a perder a coisa.
Concluímos que o devedor locupletou-se indevidamente, por haver
propiciado em hasta de um bem aparentemente se, mas que, de fato, não
lhe pertencia. Em tal caso, o valor pago por Carlos caracterizaria
pagamento indevido, cabendo ao mesmo, por força da segunda parte deste
dispositivo, voltar-se contra o executado [devedor], para exercer o
direito que da evicção lhe resulta.
Caberia a pretensão regressiva em face do devedor, que se enriqueceu
indevidamente [sendo ele insolvente], podendo o arrematante voltar-se
contra o credor-exeqüente, que, muito embora tivesse o direito ao
pagamento, não o tinha a ser pago pela alienação de bem de terceiro. O
Estado também poderia ser responsabilizado pelos prejuízos sofridos
pelo arrematante em razão da evicção.
Então, é importante saber que, se houve expropriação de bens do
devedor, isso ocorreu por sua única e exclusiva responsabilidade, pelo
que ampliar o âmbito de garantia contra os riscos da evicção sem norma
legal autorizada soa como um superdimensionamento do instituto.
Embora o exemplo mais evidente de aquisição em hasta pública seja a
arrematação, a previsão não se limita a ela, podendo ser perfeitamente
aplicável para o caso, por exemplo, de uma adjudicação.
b) Privação do direito adquirente.
c) Sentença transitada em julgado:
ORLANDO GOMES: dá-se evicção quando o adquirente vem a perder
a propriedade ou posse da coisa, em virtude de sentença
judicial que reconhece a outrem direito anterior sobre ela.
SÍLVIO VENOSA: temos acompanhado essa corrente
jurisprudencial que entende ser a apreensão administrativa
nessas premissas, equivalente a uma decisão judicial, dentro do
espírito do instituto. Claro que esse ato administrativo deve
ser firme o bastante para implicar efetiva perda da posse ou da
propriedade.
Ex.: quando se perde um bem, tem-se o mesmo direito de
regresso quando ocorre a apreensão administrativa do bem.
O CC-02 não traz sentença transitada em julgado como o CC-16 trazia,
mas mesmo assim a jurisprudência e a legislação a admitem.
O entendimento majoritário é o de que a sentença transitada em julgado
continua sendo requisito essencial para a evicção.
d) Vício anterior concomitante à alienação.
5. Intervenção do Alienante no Processo em que o adquirente é Demandado
[artigo 456, CC]:
a) Denunciação da Lide [artigos 70 a 76, CC]:
Em regra é obrigatória para que o evicto possa exercer o direito que
da evicção lhe resulta. Ou seja, é apenas para garantir, nos próprios
autos da ação reivindicatória, o direito de regresso do evicto em face
do alienante, e não cercear o direito do evicto de obter ressarcimento
pelo dano que lhe foi causado.
Exceções:
i. Procedimento sumário e juizados;
ii. Apreensão administrativa.
b) Denunciações sucessivas [artigo 456, 'caput', CC]
Discussão doutrinária.
O verdadeiro dono [evictor] ajuíza ação contra o adquirente [evicto],
que vai denunciar o alienante pedindo o valor perdido do bem. O
alienante vai intervir no processo.
Coisa
Alienante -------------------------> Evicto
Evictor
De início tem-se uma relação em perdas e danos, em que o evicto terá
que fazer a denunciação da lide.
Pode haver denunciações sucessivas ou não.
Porém se houver denunciações sucessivas pode ser que cause confusões.
Então cabe ao juiz decidir se vai querer que continue do jeito que está
ou se vai querer que se entre, cada um, como uma ação autônoma.
1. Reforço, Redução e Exclusão da Responsabilidade por Evicção [artigos
448 e 449, CC]: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar,
diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não obstante a
cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se
não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
2. Evicção Parcial [artigo 445, CC]:
a) Considerável: a perda não integral da coisa alienada [p.ex., a
reivindicação de parte de livros de uma biblioteca, de parte de um
terreno adquirido ou de alguns animais de uma fazenda comprada de
'porteira fechada'] poderá o evicto optar pela dissolução do contrato
ou a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido.
b) Não considerável: a evicção [circunstância que deverá ser aferida pelo
juiz 'in concreto'] terá direito apenas a indenização.
Ex.: concurso de direitos ou pretensões, não podendo o evicto, por
razões óbvias, cumular ambos os pedidos.
3. Direitos do Evicto [artigo 450, CC].
a) Restituição integral do preço ou das quantias que pagou;
b) Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a pagar;
c) Indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que,
diretamente, resultarem da evicção;
d) Custas judiciais;
4. Montante da Prestação Devida ao Evicto [artigo 450, §único do CC]:
valor da coisa à época em que ocorreu a evicção.
5. Deterioração da Coisa [artigo 451, CC]: Subsiste para o alienante esta
obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto
havendo dolo do adquirente.
6. Benfeitorias [artigos 452 a 454, CC]: entende-se como a obra realizada
pelo homem, na estrutura da coisa principal, com o propósito de
conservá-la ou embelezá-la. As benfeitorias necessárias ou úteis não
pagas [abonadas] ao que sofreu a evicção serão devidas pelo alienante.
Ou seja, caso o terceiro [evictor] não as pague, a responsabilidade
recai sobre a pessoa que alienou a coisa perdida. A responsabilidade
original de seu pagamento é, portanto, do terceiro evictor, uma vez
que o adquirente evicto se encontrava na posse de boa-fé.
_______________________________________=_________________________________
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CONTRATO PRELIMINAR:
1. Conceito: é compreendido como uma avença através da qual as partes
criam de uma ou mais delas a faculdade de exigir o cumprimento de um
contrato apenas projetado. Trata-se de um negócio jurídico que tem por
objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo.
2. Características: contratação prévia;
a) Objeto: realização de um contrato definitivo.
b) Obrigação de fazer.
c) Natureza jurídica: negócio jurídico, na medida em que consiste
em uma declaração de vontade, emitida em obediência aos seus
pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito
de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico,
pretendidos pelo agente.
d) Submete-se a todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado [artigo 462, CC];
Os requisitos essenciais referem-se aos elementos de
existência e validade do negócio jurídico e não quanto ai
inteiro conteúdo do pactuado.
e) Exemplo: promessa de compra e venda, a qual, quando devidamente
registrada no cartório de Imóveis, produz eficácia real,
facultando ao promitente-comprador, se for necessário, recorrer
à ação de adjudicação compulsória para a concretização do seu
direito.
3. Classificação:
a) Unilateral [art. 466]: a faculdade de exigir o cumprimento
reserva-se única e exclusivamente a uma das partes, sendo que a
outra contrai uma obrigação cujo adimplemento fica subordinado à
vontade da que pode exigi-lo. Ex.: a opção de compra, a venda a
contento e a promessa de doação; Em várias situações práticas a
promessa unilateral é utilizada, como, por exemplo, na opção que
se dá a um credor, para alienar um determinado bem.
b) Bilateral: cada parte pode exigir da outra a execução do
contrato que projetaram, em toda a sua extensão e efeitos. Ex.:
promessa de venda, pois nela, tanto o promitente vendedor quanto
o promitente comprador podem exigir a realização do negócio
jurídico prometido, a saber, venda do bem, nos termos em que foi
pactuado, ainda que com condição resolutiva da avença.
Cláusula de Arrependimento:
Nos contratos preliminares Unilaterais não teria sentido, uma vez
que apenas a vontade de um dos [pré-] contratantes é relevante para
realização do não pré-contrato.
Nos contratos preliminares Bilaterais, porém, é relevantíssimo
saber se há possibilidade de arrependimento ou irretratabilidade,
pois, nesse último caso, na promessa de venda, o direito positivo
pode considerar, inclusive, um direito real.
4. Formação Gradual dos Contratos:
a) Negociações preliminares: nem sempre ocorrem, pois pode haver
contrato de adesão; não geram direitos à contratação pretendida,
podendo-se falar, no máximo, em uma responsabilidade civil pré-
contratual, cujos danos são passíveis de indenização.
b) Oferta: pode ocultar e pular os contratos preliminares.
c) Contratos preliminares não são obrigatórios; A obrigação de
firmar é posterior ao contrato definitivo.
d) Contrato definitivo: é aquele que compõe definitivamente o
interesse das partes. Ex.: compra e venda de imóveis.
5. Negociações Preliminares Contratos Preliminares
Meras tratativas Efetivo contrato
Não vinculam Vinculam
Não geram direitos e deveres Geram direitos e deveres
6. Tutela Específica [artigos 461, 464 e 465, CC]:
a) Maior efetividade das relações obrigacionais de fazer;
b) São a sentença substitutiva do contrato definitivo mesmos
efeitos da declaração de vontade da parte compromissada.
c) Descumprimento da obrigação de fazer:
Impossível cumprimento posterior: Perdas e danos.
Possível cumprimento posterior: Tutela específica +
perdas e danos [até a efetivação da tutela] ou Perdas e
danos [se o autor não tiver mais interesse na obrigação
específica de fazer].
Decreto-Lei n. 58/37: disciplina sobre o denominado compromisso
irretratável de compra e venda nada mais, nada menos que do que um
contrato preliminar bilateral, em que se verifica um direito real de
aquisição, haja vista que obrigava o promitente-vendedor a uma prestação
de fazer consistente na transferência definitiva da propriedade, uma vez
pago totalmente o preço, sob pena de adjudicação compulsória.
Artigo 248, CC: tal regra somente pode ser aplicada quando não é mais
possível o cumprimento da obrigação ou, não tendo o credor mais
interesse na sua realização – ante o inadimplemento do devedor –, o
autor da ação assim o pretender.
Para a efetivação da tutela específica, poderá o magistrado valer-se,
inclusive ex officio, da fixação de 'astreintes', que são justamente
essas multas diárias pelo eventual não cumprimento da decisão judicial
[art. 461, §4º], bem como quaisquer outras diligências necessárias para
regular satisfação a pretensão, sendo a relação [§5º] meramente
exemplificativa, na espécie.
A busca da tutela específica não exclui a indenização pelas perdas e
danos ocorridos até a data da realização concreta da obrigação de fazer
submetida à apreciação judicial.
SILVIO VENOSA: cumpridas as obrigações do contrato preliminar e sendo
ele irretratável, portanto sem cláusula de arrependimento, a parte pode
exigir sua execução específica, com os meios que o estatuto processual
lhe faculta. O interessado poderá levar o pré-contrato ao registro,
geralmente o imobiliário, se o desejar, embora a nova lei utilize o
termo deverá. É evidente que para ser ultimado o registro, o contrato
preliminar deve obedecer aos requisitos exigidos pela legislação
registral, o que deve ser examinado em cada caso.
ANA PRATA: a doação pode fazer-se por generosidade, por caridade, por
vaidade, por simples luxo, por cultivar o que hoje se chama uma
determinada imagem para o exterior ou por qualquer outra causa.
Eliminando do regime da promessa de doação a tutela obrigacional da
execução específica, estar-se afinal a caracterizar tal contrato-
promessa como integrando aquela categoria de promessas precárias, cujo
cumprimento se resolve forçosamente na indenização.
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EXTINÇÃO DOS CONTRATOS:
Regra geral: o vínculo contratual é, por natureza, passageiro e deve
desaparecer, naturalmente, tão logo o devedor cumpra a prestação
prometida ao credor.
A extinção do contrato sem cumprimento ocorre quando o contrato se
extingue sem ter alcançado seu fim. As causas podem ser anteriores ou
contemporâneas e supervenientes.
Causas contemporâneas ou anteriores: a morte não natura pode ter sua
raiz em causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato, o
que não lhe retira a caracterização de uma extinção posterior, haja
vista que se parte da concepção de existência jurídica da avença.
Nulidade ou anulabilidade: a nulidade se caracteriza como uma
sanção pela ofensa a determinados requisitos legais, não devendo
produzir efeito jurídico, em função do defeito que carrega em seu
âmago. Partindo do pressuposto de que o negócio efetivamente
existiu, a sua extinção se dá pelo reconhecimento judicial da
nulidade e anulabilidade, desfazendo-se qualquer vínculo contratual
existente entre as partes.
Redibição: trata-se de uma hipótese contratual por causa anterior
à sua celebração, uma vez que se o vício ou defeito for decorrente
da utilização posterior do adquirente [e não pela sua
preexistência, ainda que oculta], não há como se invocar a
garantia.
Direito de Arrependimento: como medida excepcional, é possível,
em determinadas avenças, que as partes pactuem, contemporaneamente
à celebração do negócio, um direito de arrepender-se, como a
estabelecer um 'período de carência', em que é possível se desfazer
o contrato, sem maiores ônus. [art. 420: arras ou sinal terão
função unicamente indenizatória; não terão as partes, direito a
indenização suplementar].
a) Normal: adimplemento total.
b) Intermediário: resilição [faculdade] que depende da vontade
da parte.
c) Anormal: inadimplemento com resolução [expressa ou tácita] ou
com rescisão [lesão].
Causas supervenientes à formação do contrato: parte-se do pressuposto
de que ele se concretizou de forma plena, como negócio jurídico, nos
planos da existência, validade e eficácia. Assim, celebrado para ser
cumprido sem vícios nem arrependimento, sua dissolução posterior pode-se
dar por diversas formas, que variam desde a manifestação expressa da
vontade até os efeitos extintivos do eventual inadimplemento ou da morte
de um dos contratantes.
1. Resilição: refere-se à extinção do contrato por iniciativa de uma ou
ambas as partes. Tal extinção não opera retroativamente, produzindo
seus efeitos 'ex nunc'. Assim, nos contratos de trato sucessivo, não
se restituem as prestações cumpridas, a menos que as partes assim o
estabeleçam.
Desfazimento voluntário do contrato.
Pode ser:
a) Bilateral: comum acordo, que ocorre através do distrato.
b) Unilateral: meio comunicado à outra parte de que não irá
manter o contrato; ocorre através da denúncia.
Resilição Bilateral:
Distrato [artigo 472, CC].
Faz-se pela mesma forma de contrato.
Efeitos: 'ex nunc', que ocorre a menos que as partes
disponham em sentido contrário [em regra não são efeitos
retroativos].
Resilição Unilateral:
Ocorre quando uma das partes, por meio de comunicação à
parte contrária, denuncia o contrato firmado.
A resilição não pode ocorrer no curso de um contrato por
prazo determinado (essa será a hipótese de resolução
culposa ou inadimplemento).
A resilição só caberá se o contrato já estiver prorrogado
por prazo indeterminado.
A denúncia é uma declaração receptícia de vontade e só
produz efeitos após a outra parte ter dela conhecimento
[art. 473]. Poder ser:
a) Cheia: é aquela que tem que ser fundamentada; tem que
ser motivada.
b) Vazia: é aquela que não precisa ser motivada; não
precisa de fundamentação, pois se presume que o poder
público tenha interesse.
Ex.: contrato administrativo, que age em razão
do interesse público; chega até a ter mais
prerrogativa que o contrato preliminar.
2. Resolução: ocorre quando há inexecução do contrato por parte de um dos
contratantes. A inexecução poderá ser culposa ou não e dependendo
disto, as suas conseqüências serão diversas.
O termo será usado quando houver o descumprimento do contrato.
Extingue-se o contrato por meio da resolução.
Rompe-se o vínculo contratual.
Cláusula Resolutória: expressa ou tácita [artigo 474, CC].
Expressa: as partes escrevem/colocam a cláusula
expressamente no contrato [não depende de interpelação
judicial].
Tácita: não se vê essa cláusula no contrato [depende de
interpelação judicial].
O entendimento que prevalece é o de que o ideal é que se procure o
judiciário nas duas hipóteses, para que haja mais segurança para ambas
as partes.
Na prática, tanto na expressa como na tácita é necessária a
interpelação judicial.
Porém, não é regra que todos os juízes tenham a mesma decisão sobre a
cláusula tácita ou expressa. Os juízes podem discordar.
Efeito Típico: retroatividade.
Elimina o vínculo entre as partes.
São observados os direitos de terceiros.
Contrato de execução continuada ou periódica: as
prestações já cumpridas ficam a salvo.
Em regra é 'ex tunc'.
O efeito é retroativo, mas se atingir algum terceiro, este será
ressarcido.
Um exemplo de contrato de execução continuada ou periódica é o
aluguel.
Resolução por Inexecução Involuntária:
Caso fortuito [imprevisibilidade]: ex.: batida de carro,
etc.
Força maior [inevitabilidade]: ex.: maremoto; tornado;
etc.
Autorizam a resolução sem indenização [a menos que o
contrário resulte nos termos do contrato];
A conseqüência é a mesma. Em regra, extingue-se o contrato e
não se tem direito a indenização. Salvo, se no contrato vier
estipulado em alguma cláusula que a extinção do contrato por
caso fortuito ou força maior caberá indenização.
3. Rescisão:
Ocorre quando há uma lesão a uma das partes.
A sentença rescisória produz efeitos 'ex tunc'.
Ex.: vícios redibitórios e evicção.
A doutrina brasileira identifica o termo como a forma de
extinção de contratos em que tenha ocorrido lesão ou celebrados
sob o estado de perigo.
SÍLVIO VENOSA: é a palavra que traz, entre nós, a noção de
extinção da relação contratual por culpa. Vinha ligada tão-só ao
instituto da lesão. Geralmente quando uma parte imputa à outra o
descumprimento de um contrato, pede a rescisão em juízo e a
sentença a decreta. Os interessados, no entanto, usam o termo
com o mesmo sentido de resilir, isto é, terminar a avença de
comum acordo, distratar o que foi contratado. Nada impede que
assim se utilize, num costume arraigado em nossos negócios.
4. Morte do contratante: a morte de uma das partes somente constitui
causa de dissolução do contrato naquelas avenças personalíssimas,
contraídas justamente em função da pessoa do contratante, equiparando-
se à incapacidade superveniente. Operando-se a extinção da avença, a
mesma terá produzido seus efeitos normalmente até o evento morte, não
tendo efeito retroativo [ex tunc], mas sim, ex nunc, o que se torna
mais evidente nos contratos de execução continuada ou periódica. Nas
demais situações fáticas, as obrigações contratuais, bem como os
direitos correspondentes, transmitem-se aos herdeiros do 'de cujus'.
ORLANDO GOMES: entre as causas de extinção dos contratos, a morte de
um dos contratantes ocupa lugar à parte. Sua inclusão nos outros modos
de dissolução não tem realmente cabimento. Não é possível afirmar se
resolve o contrato. Sem dúvida impossibilita sua execução, ou faz
cessá-la definitivamente, mas a rigor, não pode ser considerada
inexecução involuntária, porque seus efeitos não se igualam aos do
caso fortuito. Não se justifica, também, enquadrá-la entre as causas
de resilição, pois se caracteriza por ser conseqüência de manifestação
da vontade de um ou dos dois contratantes.
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Exceção de Contrato Não Cumprido:
Artigos 476 e 477 do CC.
Contratos Bilaterais: as obrigações são para ambas as partes.
Resolução por Onerosidade Excessiva:
Artigos 478 a 480, CC.
Princípios Contratuais:
Princípios Liberais: autonomia da vontade; Obrigatoriedade: é regra,
e tem que se harmonizar com os outros princípios; Eficácia relativa.
Princípios Sociais: Função social; Boa-fé objetiva; Equilíbrio.
A onerosidade excessiva advém dos princípios contratuais [vistos
acima].
Gera desequilíbrio entre as partes, por causa de onerosidade
econômica excessiva para uma das partes.
Possibilidade.
Cláusula 'Rebus Sic Stantibus' [estando às coisas assim]:
Deve-se congelar o contrato e os fatos em torno dele para que possa
continuar a ser cumprido futuramente.
Está implícita nos contratos.
Permite a alteração dos contratos nos caso de modificação das
condições iniciais.
Requisitos:
Contratos Bilaterais Comutativos: as prestações têm que se
equivaler, pois nos contratos aleatórios, a onerosidade excessiva para
uma das partes faz parte do risco do negócio.
Contratos Onerosos: são os contratos que geram vantagens para ambas
as partes. [Ex.: compra e venda; prestação de serviços; locação].
Acontecimento Extraordinário e Imprevisível: a exigência desse
requisito é a maior crítica que se faz a positivação da teoria da
imprevisão, pois não existe um acontecimento econômico que seja
imprevisível; podem-se prever tudo dentro do setor econômico, tudo é
possível. Com a exigência desse requisito, não há como se resolver um
contrato por onerosidade excessiva.
A revisão/resolução opera-se mediante decisão judicial.
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INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS:
1. A idéia de interpretação se refere à necessidade de se estabelecer o
significado e o alcance de uma regra positivada, bem como constatar as
situações por ela previstas e os efeitos que pretende ter.
2. Como o preceito legal [manifestação da vontade estatal] imprescinde da
interpretação dos cidadãos dos cidadãos e do magistrado para a sua
aplicação, a vontade das partes, instrumentalizada pelo contrato, exige
uma correta compreensão, tanto dos próprios contratantes, nas relações
jurídicas de direito material quanto também do Poder Judiciário, no caso
de haver um conflito na sua aplicação.
3. Só assim a norma, legal ou contratual, poderá produzir concretamente os
efeitos desejados pela manifestação da vontade que a gerou.
SILVIO RODRIGUES: todas as regras, existentes e que venham a se
concebidas, podemos dividir em duas modalidades, a saber, a regra
referente à manifestação da vontade [caráter subjetivo] e as que se
referem aos preceitos contratuais em si próprios [caráter objetivo].
Regras de Caráter Subjetivo: O contrato traduz uma forma de
autodisciplina da intenção das partes, na disponibilização de seus
patrimônios e, mais do que isso, dos seus desejos e pretensões.
A concepção de tal regra não é exclusão do sentido das palavras,
por isso se constituiria na própria derrocada da figura jurídica do
contrato [e de toda a segurança por ele propugnada], mas sim a
compreensão adequada do que aparenta ser a vontade dos sujeitos
contratantes, ainda que isso não transpareça aparentemente da
literalidade do quanto escrito.
O ônus da prova da afirmação de que o sentido literal do contrato
é diverso do que pretendiam efetivamente os pactuantes, quando da
relação jurídica de direito material, será sempre de quem suscitar
tal alegação.
Regras de Caráter Objetivo: princípio da conservação, consistente na
idéia de que o contrato deve ser sempre interpretado de modo a fazer com
que suas cláusulas tenham aplicabilidade, extraindo-se delas o máximo de
utilidade, não sendo aceitável a idéia de que as partes celebrem um
contrato para não produzir qualquer efeito.
4. Interpretação dos contratos em microssistemas jurídicos: tem a
finalidade de dar uma maior tutela a um dos sujeitos da relação
jurídica, por força dos valores relevantes no momento da edição da
norma.
Interpretação do Contrato de Trabalho: deve ser procedida de acordo
com a sua natureza, ou seja, em observância às necessidades de uma
classe social, com o fito de se obter melhores condições de vida. São
aplicados os princípios:
'In dubio pro operario' [consiste no critério utilizado pelo juiz ou
intérprete para escolher, entre vários sentidos possíveis de uma
norma, aquele que seja mais favorável ao trabalhador].
Norma mais favorável [significa que, no caso de haver mais de uma
norma aplicável, deve-se optar por aquela que seja mais benéfica ao
trabalhador, ainda que não seja a que corresponda aos critérios
clássicos de hierarquia das normas].
Condição mais benéfica [a aplicação de uma norma trabalhista nunca
deve servir para diminuir as condições mais favoráveis em que se
encontrava o trabalhador].
Interpretação do Contrato de Consumo: os princípios da teoria da
interpretação contratual se aplicam aos contratos de consumo, com
ressalva do maior favor ao consumidor, por ser a parte débil da
relação de consumo. Podemos extrair os seguintes princípios
específicos da interpretação dos contratos de consumo: A interpretação
é sempre mais favorável ao consumidor; Deve-se atender mais à intenção
das partes do que à literalidade da manifestação da vontade; A
cláusula geral da boa-fé reputa-se ínsita em toda relação jurídica de
consumo, ainda que não expressamente do instrumento de contrato;
Havendo cláusula negociada individualmente, prevalecerá sobre as
cláusulas estipuladas unilateralmente pelo fornecedor; Nos contratos
de adesão as cláusulas ambíguas ou contraditórias se fazem em favor do
aderente [consumidor]; Sempre que possível interpreta-se o contrato de
consumo de modo a fazer com que suas cláusulas tenham aplicação,
extraindo-se delas um máximo de utilidade [princípio da conservação].
DIREITO CIVIL III – ANA CAROLINA
[28.05.2009]
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE:
Compra e Venda:
É um contrato típico.
Não tem caráter real, mas tem caráter obrigacional [efetivo].
Por si só não transfere a propriedade.
Origem e evolução:
Troca.
Surgimento da moeda.
Conceito:
Artigo 481, CC – Pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa,
e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Obrigação recíproca:
Vendedor: obrigação de transferir o domínio.
Comprador: obrigação de entregar o preço.
Caráter obrigacional do contrato de Compra e Venda:
Efeitos obrigacionais, e não reais.
Por si só não transfere a propriedade da coisa vendida;
apenas gera a obrigação de transferi-la.
O domínio se transfere:
Bens móveis: tradição.
Bens imóveis: transmissão do título
aquisitivo/registro.
Características/Classificação:
Consensual: consenso das partes com relação à coisa e o
preço.
Sinalagmático/Bilateral: gera obrigações recíprocas.
Oneroso: há um sacrifício para ambas as partes.
Geralmente comutativo: na maioria dos contratos de compra e
venda as partes já sabem quais são as obrigações.
Pode haver, também, um contrato de compra e venda
aleatório, onde a obrigação produzirá eventos futuros.
Translativo da propriedade: é o instrumento inicial para
a transferência da propriedade.
De execução simultânea ou diferida:
Simultânea: a execução é cumprida à vista.
Diferida: a execução é parcelada ou a coisa vai ser
entregue posteriormente.
Em regra, independe de regra: é não-solene.
Elementos [artigo 482, CC – A compra e venda, quando pura,
considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço].
"Res".
"Pretius".
"Consensus".
a) Coisa:
Qualquer coisa suscetível de apreciação
econômica.
Pode ser corpórea ou incorpórea.
Deve ser real [existir] ou potencial [vir a
existir].
Deve ser determinada [especificamente qual é a
coisa] ou determinável [gênero e quantidade].
Observações:
Venda de coisa alheia: é possível em razão do caráter
obrigacional; mas só se pode vender quando tiver um prazo
determinado, para que a coisa chegue a tempo de ser entregue ao
novo proprietário.
Venda de coisa futura: também é possível em razão do caráter
obrigacional.
Venda de coisa litigiosa [coisa litigiosa: não sai do comércio]:
o vendedor assume o risco e, desde que saiba, tem o dever de
comunicar ao comprador; se o vendedor avisa ao comprador e ele
assume o risco, não cabe evicção.
b) Preço:
Deve ser em dinheiro [se não for a dinheiro,
será um contrato de troca]; se a maior parte da
compra for a dinheiro, será contrato de CV; mas se
a menor parte da compra for a dinheiro, será
contrato de troca.
Parte em dinheiro e parte em outra coisa:
preponderância.
Deve ser determinado e determinável.
Não pode ficar ao arbítrio exclusivo de uma das
partes.
Deve ser real.
c) Consentimento:
Deve recair sobre a coisa e o preço.
As duas partes devem consentir na coisa e no
preço.
[29.05.2009]
Contrato de Compra e Venda:
Limitações/proibições à Compra e Venda decorrentes da falta de
legitimidade de uma das partes:
( Observação: incapacidade falta de legitimação [decorre da posição
jurídica de uma das partes].
O código civil prevê que pode gerar impedimento ou restrição.
a) Venda à descendente:
Artigo 496, CC: É anulável a venda de ascendente a
descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido.
Objetivo principal é camuflar uma doação.
Fundamento: proteção ao direito sucessório [artigo 554, CC: A
doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não
estiver constituída regularmente]
Tem o objetivo de proteger a divisão entre os herdeiros.
Simulação fraudulenta: venda por interposta pessoa.
Gera nulidade do contrato de compra e venda.
b) Compra por pessoa encarregada de zelar pelo interesse do vendedor
[artigo 497, CC – Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda
que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e
administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II -
pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa
jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta
ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais,
arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça,
os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou
conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua
autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja
venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste
artigo estendem-se à cessão de crédito].
Trata-se de uma proibição que impede certas pessoas que cuidam
do interesse alheio de comprar os bens dessas outras pessoas.
Porque ao se transformarem em compradores, seus interesses
começam a se conflitar com aqueles, que por função lhes cabia
defender.
c) Venda por condômino de coisa indivisível [artigo 504, CC – Não pode um
condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se
der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si
a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta
dias, sob pena de decadência. Parágrafo único. Sendo muitos os
condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na
falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais,
haverão a parte vendida os co-proprietários, que a quiserem,
depositando previamente o preço].
Venda por amostra [artigo 484, CC: Se a venda se realizar à vista
de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor
assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo
único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver
contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa
no contrato].
Trata-se de venda ultimada à vista de amostra exibida pelo
vendedor, que provocou o assentimento do comprador.
O negócio está perfeito e acabado, daí surgindo para este último
o direito de obter entrega de coisa igual à amostra.
Assim, se o vendedor se arrepender e propositalmente enviar coisa
diversa ao comprador, a este compete enjeitar o objeto ofertado,
bem como exigir a mercadoria que adquiriu igual à amostra.
Venda 'ad corpus' e Venda 'ad mensuram':
Artigo 500, CC: Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço
por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta
não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o
comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou
abatimento proporcional ao preço.
Venda de imóvel.
a) Venda 'ad mensuram':
Área determinada ou certa dimensão: são essenciais para o
comprador.
Complementação da área/abatimento do preço.
Resolução do contrato.
A venda se diz ad mensuram quando a preocupação das partes for
vender e comprar determinada área de terreno. O negócio é estipulado
tendo em vista certa dimensão.
O propósito do comprador é obter aquela área determinada, necessária
e suficiente para o seu negócio. E o preço foi pago tendo em vista
esse fim. Se porventura o imóvel não apresenta referida extensão,
frustra-se uma expectativa com que o comprador legitimamente contava.
Por isso, o legislador dá-lhe ação para pedir a complementação da
área, a fim de obter aquilo que comprou.
b) Venda 'ad corpus':
Coisa certa e determinada.
A referência à medida é meramente enunciativa.
Não cabe ação ao comprador [artigo 500, § 3º Não haverá
complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel
for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido
apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que
não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus].
Presunção de venda: 'ad corpus' [artigo 500, § 1º Presume-
se que a referência às dimensões foi simplesmente
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um
vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o
direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria
realizado o negócio].
A venda se diz ad corpus quando a preocupação das partes é vender e
comprar coisa certa e discriminada, na forma que exige objetivamente,
sem que a circunstância de ter uma ou outra extensão constitua motivo
de maior relevo na formação do consentimento.
A referência à medida é meramente enunciativa, tendo por finalidade,
apenas, melhor caracterizar a coisa. Por essa razão, na venda ad
corpus não se defere, ao comprador que verificou não ter o imóvel
comprado a medida constante da escritura, qualquer ação contra o
vendedor.
Havendo dúvida quanto ao fato de a venda ser ad corpus ou ad
mensuram e ocorrendo desconformidade entre a medida enunciada no
instrumento e a que o imóvel efetivamente apresenta, presume a venda
de coisa certa.
Conseqüências subsidiárias derivadas da Compra e Venda:
a) Responsabilidade pela evicção e pelos vícios
redibitórios:
( O alienante responde pela perda que o adquirente venha a
sofrer ao ser privado da coisa comprada, em virtude de
sentença judicial que a atribui a terceiro; como também
responde pelos vícios ocultos de que a coisa vendida por
acaso seja portadora.
b) Despesas do contrato [artigo 490, CC: Salvo cláusula em
contrário, ficarão as despesas de escritura e registro
a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da
tradição]:
Regra: definição pelas partes.
Não havendo disposição contratual:
Vendedor: tradição.
Comprador: escritura e registro.
( O princípio da autonomia da vontade contratual faculta às partes a
prerrogativa de ajustar o que entenderem a respeito, atribuindo a uma
ou as outras partes provenientes do contrato.
( Em seu silêncio, entretanto, supre a lei, parcialmente, a omissão,
dispondo que as despesas da escritura ficam a cargo do comprador e as
da tradição, a cargo do vendedor.
c) Riscos [artigo 492, CC: Até o momento da tradição, os
riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do
preço por conta do comprador.]:
Regra: 'res perit domino'
( Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por
conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
( O legislador nada mais faz do que aplicar o princípio
segundo o qual 'res perit domino', isto é, a coisa perece em
poder do seu dono.
Observação:
( Garantia: Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é
obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. O vendedor
desfruta de uma garantia mais ampla que o comprador. Não obstante o
prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador
cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da
coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo
ajustado.
Cláusulas especiais à Compra e Venda:
1. Retrovenda [artigo 505, CC: O vendedor de coisa imóvel pode reservar-
se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três
anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do
comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se
efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de
benfeitorias necessárias]:
O vendedor se reserva o direito de recobrar, em certo prazo,
o imóvel que vendeu, restituindo o preço, mais as despesas
feitas pelo comprador.
Resolve-se a venda pelo exercício do direito de retrato.
Não há nova alienação, apenas desfazimento do negócio
original.
Pressupostos:
a) Que recaia sobre bem imóvel.
b) Que o exercício do direito de retrato se perfaça no prazo
decadencial de três anos.
A cláusula de retrovenda constará de escritura pública.
Produz efeitos perante terceiros.
Ação de retrovenda.
( O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-
la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço
recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que,
durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização
escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
2. Venda com reserva de domínio:
A alienação reserva para si o domínio da coisa móvel vendida
até o momento no qual o preço é pago.
Vende
Vendedor Comprador
Veículo
Domínio [propriedade]
Posse
Depois que paga integralmente o preço,
adquire o domínio.
Inadimplemento por parte do comprador:
O vendedor pode:
a) Cobrar a dívida;
b) Pedir a devolução do bem.
3. Perempção ou Preferência:
O comprador de uma coisa se obriga para com o vendedor a
preferi-lo, em igualdade de condições, caso venha a vendê-la
[artigo 513, CC].
Artigo 513: A preempção, ou preferência, impõe ao comprador
a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai
vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito
de prelação na compra, tanto por tanto.
Requisitos:
a) O comprador quer vender;
b) Que o vendedor originário queira readquirir a coisa, dispondo-se
a pagar o preço indicado ou ajustado;
c) Exercício do direito dentro de determinado prazo.
Prazo decadencial para o exercício do direito de preferência
[contado a partir da notificação]:
Móvel: 3 dias.
Imóvel: 60 dias.
Artigo 516: Inexistindo prazo estipulado, o direito de
preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo
nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos
sessenta dias subseqüentes à data em que o comprador tiver
notificado o vendedor.
Prazo durante o qual o comprador originário está obrigado a observar
o direito de preferência:
Móvel: 180 dias.
Imóvel: 2 anos.
Artigo 513, § único: O prazo para exercer o direito de
preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se
a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Descumprimento da cláusula de perdas e danos.
Artigo 518, CC: Responderá por perdas e danos o
comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor
ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem.
Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido
de má-fé.
Trata-se de direito pessoal: o que não pode ser cedido [inter
vivos], nem transferido [herdeiros].
( A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em
pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra,
tanto por tanto.
( O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder
a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou de dois anos, se
imóvel.
Observação:
"Perempção " "Retrovenda "
" " " "
"Há uma nova aquisição " "Não há uma nova aquisição. Resolve-se o "
" " "contrato, com o retorno do bem ao primitivo "
" " "vendedor. "
" " " "
"Bens móveis ou imóveis " "Bens imóveis "
" " " "
"O preferente só pode recomprar a " "O vendedor conserva o direito de readquirir a"
"coisa se o proprietário a quiser " "coisa, desde que a queira. "
"vender " " "
" " " "
"Gera direitos pessoais que não " "Derivam direitos transmissíveis. "
"ultrapassam a pessoa do titular. " " "
TROCA OU PERMUTA:
1. Conceito: é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa
por outra, que não seja dinheiro, mas poderá ser parte em dinheiro,
desde que menos de 50%.
2. Características/Classificação:
a) Bilateral: obrigação para ambas as partes;
b) Oneroso: uma das partes se sacrifica financeiramente.
c) Consensual: quando há o encontro de vontades para a realização do
negócio; possui efeitos obrigacionais, pois o domínio da coisa terá
que ser transferido.
3. Despesas do contrato: devem ser repartidas entre os permutantes
[artigo 533, I, CC: salvo disposição em contrário, cada um dos
contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da
troca].
4. Objeto: tudo o que pode ser objeto da compra e venda, também pode ser
objeto da troca.
5. Troca entre ascendente e descendente de bens desiguais: anulável
[artigo 533, II, CC: é anulável a troca de valores desiguais entre
ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes
e do cônjuge do alienante].
6. Regulamentação: mesma disposição aplicável ao contrato de compra e
venda [artigo 533, caput, CC: Aplicam-se à troca as disposições
referentes à compra e venda, com as seguintes modificações].
DOAÇÃO:
1. Conceito [artigo 538, CC – Considera-se doação o contrato em que uma
pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens
para o de outra.]:
a) Contrato em que uma pessoa [doador], por liberdade, transfere do
patrimônio bens ou vantagens para o de outra [donatário].
b) É necessária a manifestação de vontade de ambas as partes para
concordar com o recebimento da doação [bilateral].
2. Classificação/Características:
a) Unilateral: prestação para uma das partes [doador].
Obs.: doação com encargo: continua sendo unilateral [ex.: Y
doa um terreno para X, mas pede que ele construa uma escola].
O encargo não se caracteriza como prestação.
b) Gratuito: só vai onerar uma das partes.
c) Consensual: há divergência doutrinária [a minoria entende que é
real].
d) Solene: regra [exceção: bens móveis de pequeno valor, seguindo-se de
mediato a tradição].
3. Aceitação:
a) É a manifestação concordante da vontade do donatário.
b) É indispensável.
c) Pode ser expressa ou tácita [recebe o bem, usufrui dele sem fala nada
a ninguém].
4. Espécies de doação:
a) Pura: mero benefício.
b) Remuneratória: como retribuição a um serviço prestado.
c) Com encargo: impõe-se ao donatário uma contraprestação [no sentido de
encargo].
OBESERVAÇÕES:
Artigo 588, CC: O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização
daquele sob cuja guarda estiver não pode ser reavido nem do mutuário,
nem de seus fiadores.
Artigo 548 e seguintes do CC: É nula a doação de todos os bens sem
reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Não é possível a doação de todos os bens do devedor.
É nula a doação da parte dos bens que ele não pode dispor [não
pode exceder 50%, já que os outros 50% são dos herdeiros].
Doação que resulta prejuízo para os credores do doador [se o
doador se tornar insolvente, a doação será fraudulenta].
Artigo 550, CC: A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode
ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até
dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Prazo decadencial para esse tipo de doação; a doação para o amante
pode ser reclamada tanto pelo outro cônjuge como pelos herdeiros.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de
uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. Parágrafo
único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher,
subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.