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Dinâmica Da Rotação

pratica de física

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9 – Dinâmica da Rotação 9.1 – Torque (ou momento de uma força) A relação básica de toda a dinâmica é (ou, no caso em que a massa é constante). Esta forma é particularmente apropriada à dinâmica do ponto material. Para a rotação, contudo, será mais conveniente exprimir a 2a lei em termos de grandezas relativas ao movimento de rotação. Do ponto de vista cinemático, a descrição do movimento de rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo se reduz à descrição do movimento circular de um ponto do corpo numa seção transversal. Como só há 1 grau de liberdade, o ângulo de rotação em torno do eixo, pode-se estabelecer uma analogia entre esse movimento e o movimento de translação unidimensional. A Tabela 9.1 mostra a correspondência entre grandezas lineares e angulares. Tabela 9.1 – Correspondência entre grandezas lineares e angulares. "Movimento retilíneo "Rotação em torno de um eixo fixo " "Deslocamento linear = " Ângulo de rotação = " "Velocidade linear: "Velocidade angular: " "Aceleração linear: "Aceleração angular: " Para estudar a dinâmica das rotações pode-se utilizar essa analogia a fim de procurar uma grandeza que desempenhe um papel análogo da força. Seja uma barra que possa girar em torno de um eixo fixo, sem atrito, passando perpendicularmente através da mesma, próximo a uma das extremidades (Fig.1). Para eliminar os efeitos do atrito e da gravidade, considera-se que a barra está apoiada sobre uma superfície lisa horizontal. Aplicando uma força no ponto a barra girará, isto é, será acelerada, partindo do repouso ao girar em torno do ponto do eixo. Aplicando a mesma força no ponto a barra será novamente acelerada em rotação, mas esta aceleração será maior que a anterior. Evidentemente, não é só a força aplicada que determina a aceleração angular. É certo que, aumentando o módulo da força aumentará a aceleração angular, mas também, com a mesma força, pode-se aumentar a aceleração angular simplesmente mudando o seu ponto de aplicação. Figura 1 – Uma barra articulada em e livre para girar no plano do papel. Aplicando, agora, uma segunda força como indicada na Fig.1, de mesmo módulo de e o mesmo ponto de aplicação Tal força, cuja linha de ação passa pelo eixo de rotação, não causará movimento angular. Evidentemente a direção da força tem importância na determinação da aceleração angular que ela dá ao corpo. Com o fim de sugerir uma analogia para a massa seja uma barra constituída de partes iguais de madeira e aço, como na Fig.2. Figura 2 – Uma barra, metade da qual é de madeira, a outra é de aço. A barra de cima está articulada na extremidade de madeira em e na barra de baixo a articulação é feita na extremidade de aço em Seja uma força aplicada no ponto no caso em que a barra está articulada na extremidade de madeira em Tem-se, então, uma aceleração angular bem definida. A seguir a barra é invertida e a articulação é feita na extremidade de aço em Neste caso, a mesma força aplicada agora no ponto irá produzir uma aceleração angular maior que a anterior. A massa total da barra não foi alterada pela escolha do eixo de rotação e a força aplicada tem em ambos os casos, a mesma intensidade direção, sentido e ponto de aplicação com relação ao eixo. Contudo, as acelerações angulares produzidas foram diferentes. E unicamente foi alterada a distribuição da massa em relação ao eixo de rotação. Se uma força atuar sobre um ponto material cuja posição em relação à origem é dada pelo vetor posição o torque (ou momento da força) em relação à origem é definido como: " "(1) " O torque é uma grandeza vetorial. Seu módulo é dado por " "(2) " onde é o ângulo entre e sua direção é perpendicular ao plano formado por e com o sentido dado pela regra do produto vetorial de dois vetores. Das Eqs. 1 e 2 nota-se que o torque produzido por uma força depende, não somente da sua intensidade, do seu sentido e da sua direção, mas também do ponto de aplicação da força em relação à origem. Em particular quando atua na origem, é zero, de modo que o torque em relação à origem é nulo. 9.2 – Ampliação de uma força (vantagem mecânica) Sem a haste da maçaneta de uma porta, sem o botão do rádio ou sem a borboleta da válvula do registro do botijão de gás, ficam difíceis ações tão corriqueiras como abrir uma porta, ligar um rádio ou trocar o botijão. Se a borboleta da válvula do registro do botijão de gás quebrou, pode- se resolver o problema usando um alicate ou grifo, pois com estas ferramentas a força que se faz com a mão deixa de ser feita diretamente no eixo de rotação, o que se traduz na prática por uma facilidade maior em desparafusar a válvula. Algumas tarefas, como trocar pneus ou tirar um parafuso, estariam impossibilitadas de serem realizadas se não tivéssemos um meio de ampliar nossa força. Estas situações e muitas outras permitem agrupar as ferramentas, maçanetas, torneiras, saca-rolhas, etc., numa classe de instrumentos, cuja função é ampliar a força que aplicamos e, desta maneira, facilitar a realização de determinadas tarefas. Ao fazermos força para girar uma maçaneta, tanto ela como seu eixo realizam o mesmo giro. Se entendermos que o valor do torque necessário para girar a maçaneta é sempre o mesmo, independente do local onde a força é aplicada, fica mais fácil interpretar porque estes mecanismos ampliam forças. Quando a força é feita próxima ao eixo de rotação, ela deve ser maior do que quando feita na extremidade da haste da maçaneta, pois na primeira situação o braço da força é pequeno, enquanto na segunda o braço é maior. Então quanto menos força quisermos fazer, maior deverá ser o braço desta força e contrariamente, quanto menor o braço da força, maior deverá ser seu valor para produzir o mesmo torque. A chave de boca ilustrada na Fig.3 tem, como outras ferramentas semelhantes, a vantagem de diminuir a intensidade da força que precisamos fazer para soltar ou apertar uma porca, pois afasta o ponto de aplicação da força do eixo de rotação. Figura 3 – Chave de boca. Supondo que fosse possível soltar a porca usando somente as mãos, e que toda a força fosse aplicada sobre um dos seus lados (ponto A). Sendo assim esta força tem um braço correspondente à distância entre o centro da porca (eixo de rotação) e um de seus lados. Nesse caso, o torque em relação ao eixo que passa pelo centro da porca, é dado por: Usando a ferramenta, a força será feita no seu cabo, com intensidade menor que a da situação anterior porque o braço desta força corresponde agora à distância entre o centro da porca e a extremidade da chave. O torque desta força em relação ao centro da porca será então, dado por: Admitindo que das duas maneiras conseguíssemos mover a mesma porca, estes torques teriam a mesma intensidade e pode-se escrever: A razão entre a força que se consegue na porca e a que fazemos é denominada vantagem-mecânica (). Neste caso, a razão entre os braços das forças fornece a vantagem da ferramenta, ou seja, o quanto foi ampliada a força que fizemos no cabo. O alicate, assim como a tesoura, é uma associação de duas alavancas. Quando dobramos ou cortamos um pedaço de fio com um alicate, a força feita no cabo é transferida e ampliada na extremidade contrária. 9.3 – Momento angular de um ponto material Além da força o outro conceito fundamental na dinâmica de uma partícula é o do momento linear relacionado com pela 2a lei de Newton " " " " "(3) " Na dinâmica de rotação de uma partícula em torno de um ponto o análogo de é o torque onde Como o momento da partícula está relacionado com pela Eq.3, obtém-se, multiplicando vetorialmente por ambos os membros " " " " "(4) " Como a fórmula de derivação de um produto se aplica igualmente ao produto vetorial (desde que não se inverta a ordem dos vetores), então, " " " " " " " "(5) " Logo, a Eq.4 fica, " " " " "(6) " onde " "(7) " é o que se chama de momento angular de uma partícula em relação ao ponto 9.4 – Energia cinética de rotação e momento de inércia Cada ponto material num corpo em rotação tem certa quantidade de energia cinética. Um ponto material de massa a uma distância do eixo de rotação tem uma velocidade sendo a velocidade angular do ponto em torno do eixo de rotação; logo, sua energia cinética é A energia cinética total do corpo é a soma das energias cinéticas de todos os seus pontos. Se o corpo for rígido, será constante e igual para todos os pontos. O raio pode ser diferente para pontos diferentes. Logo, a energia cinética total do corpo que gira pode ser escrita: " " " " "(8) " O termo é a soma dos produtos das massas dos pontos materiais pelos quadrados de suas respectivas distâncias ao eixo de rotação. Denominando esta quantidade por então " "(9) " é chamada de inércia devida à rotação ou momento de inércia do corpo em relação ao eixo de rotação considerado. Deve-se notar que o momento de inércia de um corpo depende (1) da forma do corpo, (2) da distância ortogonal do eixo ao centro de massa do corpo e (3) da orientação do corpo em relação ao eixo. Em termos de momento de inércia pode-se escrever agora a energia cinética do corpo em rotação: " " " " "(10) " Deve-se entender que a energia cinética de rotação, dada pela Eq.10, é simplesmente a soma da energia cinética de translação de todas as partes do corpo e não um novo tipo de energia. A energia cinética de rotação é simplesmente uma maneira conveniente de exprimir a energia cinética de um corpo rígido que está girando. Para um corpo que não é composto de massas puntiformes discretas, mas sim de matéria distribuída continuamente, o processo de soma em transforma-se num processo de integração: " "(11) " onde a integral é calculada ao longo do corpo. A Fig.4a mostra os momentos de inércia de um aro, primeiro em torno de qualquer diâmetro e depois em torno de qualquer tangente, enquanto que a Fig.4b mostra os momentos de inércia de uma esfera sólida (maciça) e de uma esfera oca em torno de qualquer diâmetro. Conhecendo-se o momento de inércia de um corpo em relação a um eixo qualquer que passe pelo seu centro de massa, pode-se determinar o momento de inércia em relação a qualquer outro eixo paralelo ao primeiro, pelo teorema dos eixos paralelos (também conhecido como Teorema de Huygens- Steiner): " "(12) " Sendo a massa do corpo e a distância perpendicular entre os eixos (paralelos). Esse teorema pode ser enunciado da seguinte forma: O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo qualquer é igual ao momento de inércia que ele teria em relação a esse eixo (), se toda sua massa estivesse concentrada em seu centro de massa mais o seu momento de inércia em relação a um eixo passando pelo seu centro de massa (). Figura 4 – Momentos de inércia (a) de um aro e (b) de uma esfera. 9.5 – Momento angular de um sistema de pontos materiais Determina-se o momento angular total de um sistema constituído de muitos pontos materiais, em relação a uma origem, somando-se vetorialmente os momentos angulares de todos esses pontos materiais, considerados isoladamente, em relação a essa mesma origem: " " " " "(13) " O momento angular de um sistema de pontos materiais em relação a um ponto fixo pode variar com o tempo. Para essa variação admitem-se duas causas: (a) torques aplicados aos pontos materiais do sistema por forças internas entre estes; (b) torques aplicados aos pontos materiais do sistema por forças externas. Se a 3a lei de Newton é rigorosamente certa, isto é, se as forças entre dois pontos materiais quaisquer não apenas são iguais e opostas, mas também atuam ao longo da reta definida pelos mesmos, o conjugado interno total é nulo, pois o torque produzido por cada par de forças de ação e reação é nulo. Assim, a primeira causa não contribui para a variação do momento angular total. Portanto, para um ponto de referência fixo apenas o segundo motivo permanece, e pode-se escrever " " " " "(14) " em que representa a soma de todos os torques externos que agem no sistema. A Eq.14 é uma generalização da Eq.6 para muitos pontos materiais. Quando se tem apenas um ponto material, não há, evidentemente, forças ou conjugados internos. Sendo onde é o momento de inércia do corpo e a soma dos torques (externos) aplicados a este, ambos em relação ao mesmo ponto. Comparando-se com a Eq.14, obtém-se Mas e, se é constante, e, portanto, ou " "(15) " Assim, o momento angular de um corpo rígido é o produto do momento de inércia do corpo pela sua velocidade angular. 9.6 – Dinâmica da rotação de um corpo rígido Figura 5 – Um corpo rígido articulado em Seja um corpo rígido que gire ao redor de um eixo fixo, que passe por (Fig.5) perpendicularmente ao plano da figura. É necessário considerar apenas as forças existentes neste plano, porque as que são paralelas ao eixo não podem causar rotação em torno do mesmo. Supondo uma força externa no plano, agindo sobre o corpo no ponto Observando o corpo durante um tempo infinitesimal o ponto mover-se-á de uma distância infinitesimal segundo uma trajetória circular de raio e o corpo girará de um ângulo infinitesimal sendo O trabalho realizado pela força, durante esta pequena rotação, é onde é o componente de na direção de Por seu turno, o termo é o módulo do torque instantâneo, exercido por sobre o corpo rígido, em relação ao eixo que passa por de modo que " "(16) " Esta expressão diferencial do trabalho realizado na rotação (em relação a um eixo fixo) é equivalente à expressão para o trabalho realizado na translação. Para obter a taxa com que se realiza trabalho no movimento de rotação (ao redor de um eixo fixo), deve-se dividir ambos os membros da Eq.16 pelo intervalo infinitesimal de tempo durante o qual o corpo se move de um ângulo obtendo " " " " "(17) " A Eq.17 é, na rotação, a equivalente de para o movimento de translação. Aplicando várias forças etc., sobre o corpo, no plano normal a seu eixo de rotação, o trabalho realizado por essas forças sobre o corpo, durante uma pequena rotação será " "(18) " expressões nas quais é igual a que é o deslocamento do ponto de aplicação de e é o ângulo entre e etc., e onde é, agora, o torque resultante em relação ao eixo que passa por Ao calcular este somatório, cada torque será considerado positivo ou negativo segundo o sentido em que, por si só, tenderia a fazer o corpo girar em torno de seu eixo. Arbitrariamente, o torque é tomado como positivo se o efeito do mesmo produzir uma rotação no sentido anti-horário e, negativo, se produzir uma rotação no sentido horário. Não existe movimento interno dos pontos materiais dentro de um corpo verdadeiramente rígido. Os pontos sempre conservam posições relativas fixas entre si e movem-se somente em conjunto com o corpo. Logo, não há dissipação de energia dentro de um corpo verdadeiramente rígido. Portanto, pode-se igualar a taxa com que se realiza trabalho sobre o corpo àquela com que varia sua energia cinética. A taxa com que se realiza trabalho sobre o corpo é dado pela Eq.17, e a rapidez com que varia a energia cinética de um corpo rígido é dada por Mas é constante porque o corpo é rígido e o eixo está fixo. Logo " " " " "(19) " Igualando as Eqs.18 e 19, obtém-se " "(20) " A Eq.20 é equivalente à da 2a lei do movimento, para o movimento de rotação de um corpo rígido. Aqui a soma dos torques é análoga à soma das forças o momento de inércia é análogo à massa e a aceleração angular é análoga à aceleração linear 9.7 – Movimento combinado de translação e de rotação de um corpo rígido Até aqui foi considerado apenas a situação de corpos que giram em torno de algum eixo fixo. Contudo, quando uma bicicleta se move em linha reta, o centro de cada uma das rodas se desloca para frente executando um movimento de translação pura. Entretanto, um ponto qualquer localizado no aro da roda segue uma trajetória mais complexa denominada ciclóide. Nesta seção será analisado o rolamento de uma roda considerando-o, primeiramente, como a combinação de uma translação pura com uma rotação pura e, em seguida, apenas como rotação. No caso da roda de uma bicicleta que passa a uma velocidade constante, rolando suavemente, sem deslizar. O centro de massa da roda move-se para frente a uma velocidade constante O ponto onde a roda e o chão estão em contato, também se move para frente com velocidade de modo que ele está sempre situado diretamente abaixo do centro de massa. A Fig.6 mostra o movimento de rolamento de uma roda é uma combinação de dois movimentos: um puramente translacional e outro puramente rotacional. A Fig.6a mostra o movimento puramente rotacional (como se o eixo de rotação que passa pelo centro estivesse estacionário): todos os pontos da roda giram em torno do centro com velocidade angular Todos os pontos situados na borda externa da roda têm velocidade linear A Fig.6b mostra o movimento puramente translacional (como se a roda não estivesse rolando): cada ponto da roda se move para a direita com velocidade A combinação das Figs.6a e 6b dá origem à Fig.6c, que mostra o movimento de rolamento real executado pela roda. Observa-se que, nesta combinação de movimentos, a parte inferior da roda (no ponto ) está estacionária, enquanto a parte superior (no ponto ) se move a uma velocidade igual a mais rapidamente que qualquer outra parte da roda. Figura 6 – O rolamento de uma roda, visto como uma combinação de um movimento puramente rotacional com outro puramente translacional. (a) O movimento puramente rotacional: todos os pontos da roda movem-se com a mesma velocidade angular Todos os pontos que estão sobre a borda externa da roda movem-se com a mesma velocidade linear As velocidades lineares de dois destes pontos, no topo () e na base () da roda, são mostrados na figura. (b) O movimento puramente translacional: todos os pontos da roda movem-se para a direita com a mesma velocidade linear idêntica à do centro da roda. (c) O movimento de rolamento da roda é a combinação de (a) e (b). A Figura 7 sugere um outro modo de analisar o rolamento de uma roda considerando-o, agora, como sendo uma rotação pura em torno de um eixo que passa pelo ponto em que ele toca o solo, durante todo o tempo em que se move, ou seja, um eixo que passa pelo ponto na Fig.6c e que é perpendicular ao plano da figura. Os vetores mostrados na Fig.7 representam as velocidades instantâneas de vários pontos da roda durante o rolamento. Pergunta. Para um observador estacionário, qual é o valor da velocidade angular da roda da bicicleta, em torno desse novo eixo? Resposta. A mesma velocidade angular que o ciclista atribui à roda, ao observá-la em rotação pura em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa. Figura 7 – Um corpo rolando pode, em qualquer instante, ser tratado como se estivesse girando em torno de seu ponto de contato Usando esta resposta para calcular a velocidade linear do topo da roda, do ponto de vista de um observador estacionário. Sendo o raio da roda, o topo está situado numa distância do eixo que passa por na Fig.7, de modo que a sua velocidade linear deve ser " "(21) " o que concorda inteiramente com a Fig.6c. A Energia Cinética. Calculando agora a energia cinética da roda, medida pelo observador estacionário, supondo que a roda sem escorregar em uma superfície horizontal, como na Fig.7. Em qualquer instante, a parte inferior da roda, estará em repouso na superfície, já que não escorrega. O eixo perpendicular à figura, que passa pelo ponto de contato chama-se eixo instantâneo de rotação. Nesse instante, a velocidade linear de cada ponto da roda está dirigida perpendicularmente à linha que une ao ponto e sua intensidade é proporcional a essa distância. Isto é equivalente a dizer que a roda está girando em torno de um eixo fixo que passa por com certa velocidade angular nesse instante. Logo, o movimento da roda num dado instante é equivalente a uma rotação pura. Portanto, a energia cinética total pode ser escrita " " " " "(21) " sendo o momento de inércia com respeito ao eixo que passa por Aplicando agora o teorema dos eixos paralelos, onde é o momento de inércia da roda de massa e raio com relação a um eixo que passa pelo centro de massa. A Eq.21 transforma-se agora em " " " " "(22) " A quantidade é a velocidade com a qual o centro de massa da roda move- se com relação ao ponto fixo Seja Então a Eq.22 transforma-se em " " " " "(23) " O primeiro termo na Eq.23, obtida para um movimento de rotação puro, representa a energia cinética que teria a roda se estivesse apenas girando em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa, sem movimento de translação; e o segundo é a energia cinética que teria a roda se estivesse em movimento de translação com a velocidade de seu centro de massa e sem girar. Deve-se notar que já não se faz referência alguma ao eixo instantâneo de rotação. De fato, a Eq.23 aplica-se a um corpo qualquer que se mova e gire em torno de um eixo perpendicular a seu movimento, quer esteja rolando ou não, em uma superfície. Os efeitos combinados da translação do centro de massa e de rotação em torno de um eixo que passe pelo centro de massa são equivalentes a uma rotação pura, com a mesma velocidade angular, em torno de um eixo que passe pelo ponto de contato do corpo que rola. 9.8 – Conservação do momento angular Se a resultante dos torques externos em relação a um ponto fixo se anula (), então da Eq.9 " " " " "(24) " Quando a resultante dos torques externos aplicados a um sistema é nulo o vetor momento angular total do sistema permanece constante. Este é o princípio da conservação do momento angular. Para um sistema de pontos materiais, o momento angular total, em relação a um ponto é: Assim, quando o momento angular total é constante, tem-se " "(25) " em que é um vetor constante. Os momentos angulares de cada ponto material podem variar, mas a sua soma permanece constante na ausência de torques externos. O momento angular é uma grandeza vetorial, de modo que a Eq.25 é equivalente a 3 outras escalares, uma relativa a cada um dos eixos coordenados, passando pelo ponto de referência. A conservação do momento angular fornece, pois, 3 condições ao movimento do sistema a que se aplica. Se o sistema de pontos materiais é um corpo rígido, seu momento angular é dado pela Eq.10, e a Eq.25 da conservação do momento angular, torna-se " "(26) " Isto é, o momento angular de um corpo rígido, em relação a um eixo, permanece constante quando os torques externos aplicados, tomados em relação ao mesmo eixo, são nulos.