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Deus - à Luz... Da Ciência, Da Religião E Da Prática - A4

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Joselino Ferreira Gomes À luz... da ciência, da religião e da prática ISBN 978-85-67765-74-7 2 “Para ser verdadeiro não é preciso ser Deus: isto está ao alcance de qualquer um de nós, simples mortais” (Joselino Ferreira Gomes) “O futuro não é o que a gente teme: O futuro é o que a gente ousa” (Carlos Lacerda) “Não há nada mais espiritual que a verdade” (Joselino Ferreira Gomes) “Ninguém pode me obrigar a ser feliz do seu jeito. O paternalismo é o pior despotismo imaginável” (Immanuel Kant) “O correto é julgar as questões éticas, não os gostos” (Joselino Ferreira Gomes) “Quem conhece os outros é inteligente. Quem conhece a si mesmo é sábio. Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é poderoso” (Tao Te Ching) “Não acreditem em nada do que lhes disserem. Não aceitem minha palavra como autoridade. Busquem, procurem, olhem com amor e isenção; descubram em vocês e no mundo a verdade da qual lhes falei” (Buda) “Palavras de ordem do paraíso relativo: Realismo e equilíbrio” (Joselino Ferreira Gomes) 3 S U M Á R I O - Introdução.................................................................................................05 - Convergências entre religião e ciência....................................................10 - Deus à luz da prática...............................................................................27 - Por que devemos canonizar João Paulo II..............................................99 - As muletas em questão..........................................................................100 - Eu também mereço ser hipócrita, ignorante e burro.............................102 - A pequenez do sagrado.........................................................................104 - Conclusão: o que é ser cristão?.............................................................106 - Encerramento poético...........................................................................109 - Oração: um lembrete.............................................................................111 -Ilustrações..............................................................................................113 - Bibliografia Principal..........................................................................123 4 INTRODUÇÃO A matéria que se segue foi escrita por nós nos primórdios de nossas elucubrações filosóficas e refletem o nosso PRIMEIRO ESFORÇO em compreender os mistérios divinos. Vamos a ela. 1.Tudo são átomos1. Os infinitos e diferentes átomos, em seus diferentes estágios: massa ou energia2 - isoladamente ou associadamente -, formam os diferentes corpos (com ou sem cérebro/mente)3 . 2.Tudo que se movimenta... vive! Portanto, vida é sinônimo de MOVIMENTOS4. 3. Vida é mundo. Enquanto existir o mundo, não existirá a ‘morte’. Existirão, sim, modalidades/instâncias diferentes de movimentos (vidas): o movimento inconsciente e o movimento consciente. 4. O movimento INCONSCIENTE é a vida sem cérebro, é a vida vegetativa – embora não possamos constatar a olho nu (só medindo-se ou através do microscópio) os átomos dos corpos ‘inertes’ estão constantemente em movimento. Podemos dividir tal movimento em: inconsciente-simples (giz, pedra, ar, barra de ferro, etc.) e inconsciente-complexo (flora/vegetais). 5. O movimento CONSCIENTE é a vida com cérebro/mente. Podemos dividir tal movimento em: consciente-irracional (fauna/“animais”) e consciente-racional (homem). 6. E, o que é que faz mover (viver) cada um destes diferentes tipos de corpos? Ora, uma barra de ferro (inconsciente-simples) é internamente movida (dilatação e contração) por fatores ambientais simples, como: TEMPERATURA E PRESSÃO. Uma árvore (inconsciente-complexo) é internamente movida (crescimento vertical e lateral) por fatores ambientais menos simples, como os ELEMENTOS QUÍMICOS (Ca, O, N, H, K, etc.). Um cachorro (consciente-irracional) é comandado ou internamente movido (deslocamento, latido, etc.) pelo CÉREBRO-INSTINTIVO (em conexão, é claro, com o sistema nervoso e os órgãos dos sentidos). Finalmente, o homem (consciente-racional) é comandado ou internamente movido (deslocamento, gestos, raciocínio, etc.) pelo CÉREBROINTELIGENTE (também em conexão com o sistema nervoso e os órgãos dos sentidos). 1 Para ser mais exato: no estágio absoluto (primitivo, homogêneo) tudo é ENERGIA. Então, no estágio relativo (derivado), a matéria seria apenas a energia condensada? Mais do que isso, o estágio relativo é híbrido, misto, conjugado – de forma que, nele, “o mundo todo é constituído de luz (energia) e matéria”. Nele, inova-se (materialmente) e preserva-se (parte da energia primordial), ao mesmo tempo. Outra coisa: quem domina o átomo, por ser o próprio átomo, manejando com maestria os elétrons e criando as mais variadas formas de vida material, como Deus, pode tudo (desde que não ultrapasse o limite da Incompletude – pois o poder sem limites significa um suicídio, uma parada do tempo, uma ida sem volta, a morte eterna). 2 Aliás, vai aqui uma reflexão: de que adiantaria a energia elétrica sem os condutores (alumínio, cobre, etc.)? De que adiantaria a energia sem a massa/matéria? Então, é assim que... a condensação (matéria) gera limitação. Mas... gera a existência concreta... juntamente com a força (energia). A dedução lógica, então, é que “a matéria é igualmente divina como o espírito!” 3 Tudo é uma questão de TEMPO: tudo está se transformando, passando de uma forma para outra (a)... e de FUNÇÃO: cada diferente corpo tem uma diferente função a desempenhar no conjunto do Universo e, por isso, tem uma estrutura física diferente – por exemplo, o chão não é fisicamente semelhante ao ar, não é leve/volúvel, porque ele foi feito para ser pisado e, portanto, teria que ser denso/compacto. (a) A diferença é que uns se transformam no curtíssimo prazo, outros no curto prazo, outros no médio prazo, outros no longo prazo e outros no longuíssimo prazo. 4 Ou seja, nada está parado: até os átomos se movem , os nossos olhos se movem, o nosso sangue se move, os nossos membros se movem, o vento se move, a Terra se move, os raios solares se movem, o som se move, as folhas se movem, as nuvens se movem, a chuva se move, os animais se movem, os corações batem sem parar, os pulmões se expandem e se contraem constantemente: tudo o que você pensar está ativado (em movimento). É a pulsação do Universo. 5 7. Temperatura e pressão  elementos químicos  flora  fauna  homem.     8. Escala transcendental e de dependência (mútua). () = acumulação, () = desacumulação. 9. Cá entre nós, você deve estar pensando: ‘que graça tem a vida inconsciente?’ Realmente, aí não se sente o SABOR de um beijo, de um papo gostoso (bons amigos), de um lar aconchegante e democrático, de uma fruta ou prato de comida deliciosos, de um orgasmo, etc. Mas... aí também não se sente a DOR da angústia, da ofensa, da rejeição, da traição, da frustração, da fome, da doença, de um ferimento, da ‘morte’ (passagem para a vida inconsciente), etc. Repare também que a vida inconsciente não é um zero à esquerda, ela possui poder: pense no poder de um prato de comida (quando se está com fome), de um remédio (quando se está doente), de uma bomba atômica (que pode nos reduzir a vapor humano), etc. E, o que dizer do fato de que pessoas se matam por ouro, terras, etc? E, de pessoas que ‘morrem’ por falta de vida inconsciente (alimentos)? 10. Por outro lado, você já pensou no que seria o mundo se não existisse a vida inconsciente? Se existisse SÓ a vida consciente (animal)? Nesse caso, TUDO o que fosse inconsciente seria substituído pelo consciente: no lugar... do chão, das paredes, das frutas, dos vasos sanitários, do ar... estariam os homens. Você já pensou em situações como: homens sendo pisados (por si próprios), servindo de abrigo (para si próprios), homens sendo devorados (por si próprios), homens recebendo excrementos na cara (de si próprios)? Pois é, justamente por ter consciência, nenhum homem (mentalmente sadio) aceitaria desempenhar tais funções. Pense ainda no caso do ar: se ele fosse substituído pelo homem... seria possível um homem entrar pelo nariz do outro, percorrer as artérias e pulmões dos outros? Além do mais, o espaço (troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera, ionosfera, plasmosfera) sumiria totalmente: do chão às estrelas só teríamos... homens... atulhados... uns nos outros. Conclusão: ‘a mera fusão de tudo o que é (existe... de diferente) seria o nada do indefinido’ – o Absoluto. Analogamente, poderíamos dizer também que a fusão de todas as cores resulta no branco (simbolizando a luz, o invisível). 11. Que tal um sustinho?... Suponhamos que tudo se extinguiu, que não sobrou pedra sobre pedra, que tudo virou pó, que tudo se foi: você já não existe mais... nem suas roupas, nem seus sapatos, nem sua casa, nem seu bairro, nem sua cidade, nem o vento, nem o sol, nem a chuva, nem os rios, nem os mares, nem os campos, nem as florestas, nem os animais , nem o chão, nem o céu, nem as estrelas, nem os planetas, nem o espaço cósmico... nem nada! Na-da! Acabou-se... sumiu... evaporou-se! Nem o nada existe mais (se é que isso é possível). Que quadro sinistro/desolador, não?5 Pois é: seria o vazio eterno, a nãooportunidade de se existir, a morte eterna. Mas, alegre-se! Enquanto não se detonar uma catástrofe de gigantescas proporções e a Natureza não for destruída por completo (inclusive na forma de energia pura somente: a Natureza absoluta) ainda existirá a vida. 12. ‘DEUS É VIDA’: é a saída da morte eterna (vazio) para a vida temporária – e, justamente por causa disso, a natureza, sabiamente, criou uma coisa chamada REPRODUÇÃO. É a possibilidade de se existir, é a possibilidade de se movimentar e raciocinar. Assim, à primeira vista, ‘Deus’ seria o homem6. Mas... ninguém é auto-suficiente, 5 Sinistro/desolador... para nós que estamos VIVOS. Sós os vivos têm gostos, opiniões, sentimentos. Os “mortos” (inconscientes)... não sentem absolutamente nada, são indiferentes. 6 Na verdade, o homem é um pedaço despotencializado/bloqueado de Deus. É o preço da materialização híbrida (consciente). Assim, o homem ao mesmo tempo que é Deus... não o é. Vale dizer: “o Relativo (homem) apenas 6 ninguém depende só de si próprio. Só há vida (qualitativa) se existir UM TODO: meio ambiente (chão, ar, água, frutas, cereais, etc.) + animais irracionais (bovinos, galináceos, etc.) + animal racional (homem). E, assim, a inexistência de um desses elementos significaria o fim para os demais: um não existe sem o outro, um dá sentido ao outro, um se completa com o outro, um se realiza no outro (incluindo-se aí o intra-relacionamento). Portanto, conclui-se que ‘Deus’ é o todo, é a Natureza7. Mais do que isso, é a integridade do todo, é o respeito mútuo, é o equilíbrio ecológico. 13. Entretanto, a questão não se encerra por aí: há quem afirme que a natureza não se autofez, mas que é obra de um Ser todo-poderoso chamado ‘Deus’. Mas, nem aí escaparíamos da pergunta: E quem fez (fez Deus)? Só existiriam três possíveis hipóteses: a) ele é um mistério; b) ele criou a si próprio (autocriação); c) ele é um instrumento humano. A seguir, testêmo-las. Quanto à primeira hipótese, mistério, não chegaríamos a lugar algum: a autocriação da Natureza também é um mistério. Primeiro, porque o mistério não é algo privativo dos especuladores, não é propriedade privada deles. Segundo, porque a própria ciência reconhece que não sabe tudo. Quanto à segunda, autocriação divina, pensemos: se Deus fez a natureza (e se autofez), a dedução lógica é que ele é MAIS COMPLEXO que ela. Ora, na hipótese de considerarmos duas autocriações, não é lógico acreditar na autocriação menos complexa? Portanto, excluídas as duas primeiras hipóteses, só nos restou a terceira: instrumento humano8. E se Deus é um instrumento humano (esperança, fé), só nos resta perguntar: será que ‘a natureza não contem em si a sua explicação?’ Será que ‘a simples exposição das coisas não contém elementos que as explique?’ Mas, será que ‘tais elementos (e microelementos) não possam referir-se a PROFUNDIDADES que ultrapassam tudo o que possamos compreender claramente/integralmente?’ Em miúdos: será que ‘você não pode provar (materializar experimentalmente) uma definição, o que você pode fazer é mostrar que ela FAZ SENTIDO?’ relativamente (limitadamente) contem o Absoluto (Deus), enquanto o Absoluto (Deus) contem todo o Relativo” (o homem e tudo mais que existe). E, para que não restem dúvidas, façamos a seguinte analogia: a mão faz parte do corpo, mas, não se equipara ao corpo, em seu conjunto. 7 O que inclui não só o primitivo (básico), mas o derivado; não só o material, mas o espiritual (sentimental); não só o quantitativo, mas o qualitativo. 8 Podemos encará-lo como uma poderosa energia cósmica – às vezes errático-caótica, às vezes clara e perfeita. Podemos encará-lo como uma resposta à IMPLACABILIDADE da Lei da Compensação (b), o que nos faz humanizá-lo nos momentos que exigem atuação política de nossa parte e divinizá-lo ao máximo nos momentos de dificuldade – e, a transição entre uma coisa e outra se dá através do SOFRIMENTO (descondicionalizante). Percebeu a sutileza? (b) A Lei da Compensação pode ser esquematizada da seguinte forma: MASSA BRUTA x Inconsciente Papel, etc. Menos inteligência Insensibilidade relativa Energia presa Repouso aparente Pequena velocidade de interação Pouco atrito Temperatura normal CONSERVAÇÃO 7 RACIOCÍNIO x x x x x x x x x consciente cérebro/mente mais inteligência sensibilidade relativa energia livre movimento grande velocidade de interação muito atrito calor (natural) x DISSIPAÇÃO, PERDA 14. Por esse caminho, então, vejamos o que faz e o que não faz sentido. 15. Faz sentido falar em ‘eternidade’? Faz e não faz. Ora, vida é movimento e, tudo o que se movimenta se desgasta (atrito), terminando por perecer. Portanto, se considerarmos apenas um curso existencial (uma vida de ciclo curto)9, não faz sentido falarmos em ‘vida eterna’. Mas, se considerarmos que na Natureza ‘nada se perde, tudo se transforma’, que passamos de um estágio de vida para outro (continuamente), então, faz sentido falarmos em ‘vida eterna’10. (O prazo de tempo, a ser considerado, faz a diferença). 16. Faz sentido falar em ‘salvação da alma’?11 Ora, a ‘alma’ (mente, energia consciente)12 não é algo que deva ser ou deixada de ser ‘salva’. Sua função é dar sentido ao mundo – que não teria sentido só com a vida inconsciente -, é MOVER OS CORPOS. Mais detalhadamente: sua função é sistematizar tanto os estímulos internos ao organismo (orgânicos) quanto os estímulos externos ao organismo (ambientais e sociais), a fim de que se possa ter um senso de direção (ação) e se possa locomover (mover a si próprio). Portanto, não faz sentido. 17. Faz sentido afirmar que surgimos de Adão e Eva? Ora, suponhamos que Adão fosse de origem alemã e Eva fosse de origem africana (negra). Então, é de se perguntar: de onde vieram os japoneses? Portanto, não faz sentido. 18. Faz sentido falar em uma recompensa chamada ‘paraíso’, onde não há dor/sofrimento/morte13, mas SOMENTE felicidade? Ora, na vida, tudo tem o seu PREÇO – de forma que se alguém não o paga é porque outro alguém o pagará, em seu lugar. Portanto, não existe ‘paraíso’ que não seja excludente – nos paraísos, sempre existirão os que são servidos (o mais, de um lado) e os que servem (o menos, do outro). Aliás, as coisas EXTREMADAS que se autoproclamam divinas não passam de demagogia barata. Na verdade, o verdadeiro paraíso (democrático) é aquele que reduz as desigualdades/excludências ao máximo: onde todos colaboram, todos colhem; onde poucos colaboram, poucos colhem. Conclusão: os paraísos são para poucos. Os não-paraísos (médios-paraísos) são para muitos. Trata-se do paradoxo: conforto x luxo. Portanto, não faz sentido. 19. OBSERVAÇÕES FINAIS. Primeira, você não é obrigado a acreditar em tudo o que escrevemos, do mesmo modo que não somos obrigados a acreditar em tudo o que nos dizem. E, se você não gostou do que leu, não tem problema: continue freqüentando a sua 9 Estamos falando de uma vida, no caso humano, de 60-80-90 anos, por exemplo. Aqui, já estamos falando de uma vida de ciclo longo, ou seja, do processo contínuo de criação e destruição (transformação) do Universo – mero revezamento entre a acumulação e a desacumulação, entre o Relativo e o Absoluto, entre a evolução (caminho de ida, de trás para a frente) e a involução (caminho de volta, da frente para trás). 11 Na verdade, uma análise/interpretação mais profunda da Bíblia parece apontar que o termo “salvar a alma” (salvar a energia) refere-se ao não atingimento da perfeição absoluta, à não minuscularização máxima da matéria, ao não atingimento da completude, à não extinção (irreversível) da existência, ao não vazio eterno. (Vide nota de rodapé de nº 127, na página 57). Assim, quando a Bíblia diz que de nada adianta ganhar o mundo e perder a alma (a energia)... ela não estaria querendo dizer que de nada adianta atingir a perfeição absoluta (a completude) e pagar um preço altíssimo (extinguir-se para sempre)? 12 A mente é energia consciente... expressável... no estágio relativo. No estágio absoluto, ela se potencializa... mas NÃO SE EXPRESSA. (É o preço, é a compensação... que atua em qualquer estágio) 13 Como sabemos, sob a forma de carne e osso, não há como escapar da “morte”. Então, é de se perguntar: tal paraíso eterno seria sob que forma? Sob a forma de VENTO, por exemplo? Ora, o vento não “morre”, mas também não vive (c). Conclusão: a Lei da Compensação exclui a possibilidade de existirem eternidades... absolutos... no estágio relativo – aliás, um reflexo disso é que ‘é impossível para um ser finito (limitado, pouco abrangente) enfrentar a realidade nua (absoluta, total) mais do que por um breve instante. Gente que experimentou este instante (...) falou do seu horror inimaginável... Pois olhar de frente o Deus que é na verdade Deus significa também olhar de frente a ameaça de não-ser’ (enlouquecer). (c) Na verdade, a realidade é mais complexa que tal simplificação. Mas, tal simplificação é bem elucidativa. 10 8 igreja, tendo as suas convicções. Não temos a intenção de arrebanhar discípulos, mas, apenas de promovermos o debate sobre o assunto. Segunda, apesar do que escrevemos, a doutrina que mais nos atrai é a doutrina espírita14 - muito embora, não concordemos com tudo o que ela apregoa (principalmente no que tange ao kardecismo). Terceira, ‘Deus’ vem compensar a frieza da Lei da Compensação, segundo a qual, ao se passar de uma consistência física para outra, ganha-se em alguma coisa, mas, PERDE-SE também em alguma coisa – gerando-se um certo vazio/INCOMPLETUDE/desabsolutização/perda, que é preenchido (a) por ‘Deus’”. 14 A confusão de outrora provinha do fato de acharmos que algo real, chamado Lei da Compensação, também se manifestasse ao nível reencarnatório (e não apenas ao nível da natureza sócio-ambiental) – por exemplo, se você mata ou rouba, vai para a cadeia. É a compensação (negativa). Se você trabalha mais, fazendo hora extra, recebe mais dinheiro ao final do mês. É a compensação (positiva). Se você maltrata a Natureza, ela se vinga de você. É a compensação (negativa). 9 CONVERGÊNCIAS ENTRE RELIGIÃO E CIÊNCIA A primeira questão que temos que responder é a seguinte: viemos do NADA ou de ALGO? Ora, a resposta lógica é que viemos de algo – tendo em vista que “do nada, nada se tira”15. Assim, como algo se tirou, como algo existe (concretamente), deduz-se que viemos de algo. Já que é assim, nada mais óbvio que passemos à investigação desse misterioso “algo” primordial. Pois bem, a primeira constatação é que, no princípio, existia “a Potência, a Mente16 em sua condição absoluta, impessoal, indiferenciada: o nôumeno” (a inexpressão, a invisibilidade, o máximo instável, a irrealização: O DESPERDÍCIO). Em termos práticos, de manifestação física, a constatação é que no principio só existia a homogeneidade, a pureza... A ENERGIA. Assim, no início, o planeta Terra “era muito denso e muito quente”. Em conseqüência, “os vários constituintes básicos da matéria moviam-se livremente, colidindo entre si (...), mas sem ligar-se para formar núcleos ou átomos” – tendo em vista que “ quando a temperatura é muita alta (fótons muito energéticos) nenhuma ligação é possível”. Mais detalhadamente, podemos visualizar o Absoluto através do seguinte esquema: Absoluto => só há energia... livre17 => não há energia presa => não há bloqueio => NÃO HÁ OCULTAÇÃO => as interações são máximas => NÃO HÁ INTERFERÊNCIAS => não há o que interferir => não há agrupamentos => não há desigualdades18... geradoras de gravidade => não há massa. Aliás, aqui, numa “ação à distância” (e a altíssima velocidade) as interações maximizam-se, os pressupostos do Absoluto encontram-se e maximizam-se: ABRANGÊNCIA, INSTANTANEIDADE19 e NÃO-INTERFERÊNCIA20. Aqui, o Ser experimenta infinitas21 “iluminações” potenciais22. Ou, ainda, que: “sem semeaduras não há colheitas”. Frise-se: este raciocínio é apropriado para o senso comum. Já no campo da física, por exemplo, e aprofundando no assunto, a ciência tem demonstrado que um oposto pode se transformar no outro, um pode gerar o outro (SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS). Assim, o nada pode ser fonte do tudo e o tudo pode ser fonte do nada. 16 Segundo a Bíblia Sagrada: ‘a mente estava em Deus, e a mente era Deus (João I)’. Mas, ressalte-se, era uma mente incompleta (inexpressada, inefetiva), apesar de completa (com POTENCIAIS infinitos: onipresente, onisciente e onipotente... potencialmente). Em outras palavras: “A mente em sua condição absoluta é como a LUZ BRANCA no espaço vazio onde não há contrastes nem sombras e, assim, apesar de encher o espaço, permanece INVISÍVEL. É luz, e no entanto, a nada ilumina. Não tendo coisa alguma a que tornar visível, também permanece invisível. Se tivesse olhos, não se veria, se fosse consciente, não se aperceberia de si mesma. Somente a relatividade (o agrupamento) de sua intensidade (...) torna a luz percebida” – Ou seja, somente “ao ser conhecida a sombra (DA MATÉRIA), a luz torna-se conhecida” (grifos e acréscimos nossos). 17 Energia livre... “substância”... EM TÃO PEQUENAS QUANTIDADES... separadas... que não há como condensar. Ilustrativamente, seria como condensar o vazio. 18 Não há desigualdades profundas, fortes. Dessa forma, devido à pouca densidade, à fraqueza das ligações atômicas, a definição ou visibilidade diferenciadora é mínima, minúscula. 19 Ressalve-se: a instantaneidade não chega a ser absoluta. Assim, o Absoluto não é 100% absoluto (talvez 99,9%). Pois se o fosse, não poderia relativizar-se (transformar-se) no tempo. Algum grau de hibridismo, mesmo mínimo, tem que existir... para que se escape do Absoluto e se perpetue na evolução ou revezamento universal. Aliás, em termos mais concretos, a instantaneidade se refere às interações realizadas à velocidade da luz. 20 Aqui, também, deve-se ressalvar que a ininterferência não é absoluta (100%) – pois, como está apontado acima, a existência de uma interferência (mesmo mínima) é condicionante imprescindível para a relativização ou revezamento universal. Atingir o Absoluto total seria um atestado de burrice - já que levaria à compressão, à estagnação, à paralisação do tempo (da vida, no espaço). E, por outro lado, o que é a ininterferência? Ora, devido a existência de uma baixa diferença de densidade entre os “corpos” (pelo próprio fato de a densidade em geral ser pequena, fraca) - pois tudo é espírito ou energia, pois tudo é sutil/leve/indiferenciado -, um “corpo” ou agrupamento de “corpos” pouco interfere sobre o outro: devido ao fato de haver equivalência, um “corpo” ou 15 10 Em termos filosóficos, diríamos o seguinte: a união23... indiferenciação... faz a força... para si... narcisisticamente24. Já a separação... diferenciação... inovação-doadora25... perde a força... para si... mas dá a força a outrem... mesmo limitadamente... devido ao esforço gasto na transcendentalização metamorfósica... inerente à departamentalização interdependente... que caracteriza a vida... não-narcisística (relativa). Feito tal esclarecimento, continuemos a descrever a marcha evolutiva dos planetas. Pois bem, após a fase inicial de “fornalha cósmica”, ocorreu que, com o resfriamento paulatino dos planetas, “os fótons se tornaram menos energéticos, (e) ligações nucleares entre prótons e nêutrons tornaram-se possíveis” – levando a uma “aglomeração hierárquica (progressiva) da matéria”26. Assim, “da energia condensada em corpúsculos formou-se a matéria: as nebulosas, o sol, a lua, as estrelas e a Terra com suas rochas, rios e mares. corpúsculo está protegido contra a ação do outro (não há desigualdades geradoras de gravidade e, assim, não há interferência de um “corpo” ou agrupamento de “corpos” sobre o outro) – apesar de que, compensatoriamente, a inteligência divina tenha que se fragmentar, que dar conta de MUITAS exigências, de estar focalizada em MUITOS corpos/seres/objetos (que clamam por existir, que clamam pela criação, que clamam pela saída do nada – e num ambiente de dissipação acentuada). Aliás, nem Deus, o Absoluto, está imune à dualidade (Incompletude). 21 O termo mais apropriado seria “UMfinitas” 22 Potencial... quer dizer inconsciente? Sim e não. Expliquemos: no estágio absoluto, de intenso calor, as partículas ou cargas livres não deixam de se combinar (por exemplo, se tiverem apenas um elétron formam o hidrogênio, se tiverem 20 elétrons superpostos formam o cálcio, se tiverem 26 elétrons superpostos formam o ferro, se tiverem l3 elétrons superpostos formam o alumínio, etc... fracos), gerando os “átomos” – e, em consequência, os “corpos”. E, ressalte-se, num ambiente de abrangência, instantaneidade e ininterferência tudo é muito rápido e fácil. O problema é que, devido à intensa movimentação das partículas (“agrupadas” por um breve instante e de forma fraca), a “matéria” gerada não se sustenta, é temporária, desfaz-se logo depois de fazer-se. Assim, devido a essa perda rotineira ou “esquecimento”, podemos convencionar que o estágio absoluto é inconsciente. Somente com o resfriamento paulatino do Universo é que essa volatilidade ou “anarquia” se reduz consideravelmente e a consciência (agora, mesmo restrita/bloqueada) ganha um expressivo poder de conservação. Por isso, convencionamos o estágio relativo como sendo consciente. Portanto, a rapidez gera perda (“inconsciência”) e a lentidão gera conservação (“consciência”). Assim, o Absoluto é como o sonho noturno: é breve e se desfaz com muita facilidade. Em suma: o Absoluto é praticamente perfeito... mas é breve. Daí porque ser considerado potencial (matéria potencial). 23 Fusão... no sentido de homogeneização... resultante da liberação energética... possibilitadora da interação total entre as outrora particularidades diferenciadas... e portadoras dos mistérios espirituais potencializados. (Observação: essa interpretação involutiva do esquema evolutivo... no estágio primordial... é bem mais didática, mais inteligível/compreensível). 24 Aqui, não se está referindo ao sentido pejorativo da palavra (que significa a apreciação doentia, apenas de si mesmo). O sentido é o de unicidade, na medida em que se é voltado para si... pois só existe o si (o abrangente, o inteiro)... NÃO EXISTE O OUTRO (o separado). Assim, não há como optar: só no estágio relativo há o diferente, o outro... a opção! 25 Aliás, a doação do Cristo na cruz indica, simbolicamente, a doação do Absoluto: o sacrifício implícito à criação, a perda de poderes inerente à criação (materialização hegemônica). 26 Já aqui, a potencialidade transforma-se em efetividade. Ou seja, a inteligência suprema (potencial) relativizase, mas não se extingue: continua atuando, dentro de certos limites. Aliás, uma expressão dessa memorificaçãometabólico-dinâmico-condensada é dada pelo DNA, o substrato genético – indicando que nesse estágio “a natureza já soubesse como fazer (depois de perder os poderes absolutos) e não precisasse mais experimentar” (d). Aliás, também, se no Absoluto existia a perfeição (potencial), no Relativo o que existe são... PICOS DE PERFEIÇÃO – como reflexo de um retorno transcendental ao Absoluto, parcialmente perdido. (d) Ou seja, o fato de que o mundo tenha levado bilhões de anos para se desenvolver sinaliza que no princípio as transformações foram mais rápidas (pois mais absoluto se era). E que, com a condensação/relativização/despotencialização paulatina, o processo de desenvolvimento tornou-se paulatinamente mais lento. Assim, sinaliza que, com o passar do tempo, a necessidade fez com que o processo combinatório de “superposições quantitativas” (o processo de tentativas) se reduzisse – até atingir a fase final de DNA. (Aliás, o preço atua na forma de LENTIDÃO). 11 E surgiram o Espaço e o Movimento, e de ambos o Tempo27. E ganhando complexidade crescente em estruturas cada vez mais aptas, a energia revelou-se como Vida. E apareceram as plantas e os animais. E veio o Homem, e a Vida revelou-se no Homem como Consciência. Essa Consciência no Homem era o reflexo da Grande Luz em sua natureza primordial como Mente. E o homem viu a Grande Luz nele refletida, achou-a bela e amou-a. E assim foi no homem, como ‘consciência refletida sobre si mesma’, que a Grande Luz reconheceu-se e existiu. E do Absoluto e do Relativo28 , (...) do Pai e do Filho (...), resultou a terceira condição: a Mente conhecedora de si mesma, o Ser auto-realizado”. Recapitulando: no princípio era o Absoluto... o indiferenciado, O ABRANGENTE. Mas, de que adiantava tal abrangência, tal poder, se não podia experimentá-lo, senti-lo, vê-lo, expressá-lo (por um longo período e de forma profunda, forte)? Então, o Absoluto, buscando reconhecer-se, ver-se, experimentar-se... detona o processo de relativização (corporificação, divisão, diferenciação) que possibilita a comparação, a visualização, a constatação: A EXPRESSÃO CONSCIENTE29e conservada. E, assim, realiza-se! (Pois o que era fraco e breve torna-se forte e longevo). Em outras palavras: até os deuses ‘se cansam da sua imortalidade. Precisam de uma coisa: essa coisa é o heroísmo – a humanidade. Sim; precisam dos mortais, porque os seres celestes não tem consciência do seu ser. Necessitam (...) de alguém que lhes revele a existência’. Do mesmo modo: ‘Grande Astro! Que seria de tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te abeiras da minha caverna, e, sem mim, sem minha águia e minha serpente, haver-te-ias cansado de tua luz e deste caminho’. Pelo que foi explanado até aqui, percebe-se que, no Absoluto, a abrangência é incompleta (inexpressável); e que, no Relativo, o restrito é expressável... mas, parcial. Portanto, percebe-se, pela Lei da Compensação, que a única eternidade que existe... é a INCOMPLETUDE. Ou seja, a completude é impossível pois não pode haver abrangência concreta (corpórea, limitada, definida). Além do mais, se a completude existisse, ela seria finita – de forma que o tempo pararia: não havendo mais necessidades a serem satisfeitas (mais lacunas), não haveria mais margem para o avanço, para a evolução, para o novo, para o revezamento30. Em suma: a completude conduz ao finito e a incompletude conduz ao infinito (relativo eterno)31. 27 Ressalte-se: O tempo potencializa, via combinações lentas, o que foi despotencializado com a relativização (corporificação diferenciada). 28 O mundo relativo, O MUNDO DA MATÉRIA (na verdade, matéria-espírito), é o mundo “da diferenciação, pelo que, uma coisa se distingue da outra pelo tamanho, cor, forma e características outras, oferecendo, assim, elementos de comparação. Isto permite ao homem sentir-se como uma individualidade distinta e separada em meio a outras individualidades que dele diferem e se distinguem: sejam simples coisas ou seres vivos, ou outros homens” – por exemplo: veja que a forma de um computador é diferente da forma da água, de um animal, de uma planta, de uma fruta, da pele, de uma roupa, etc. Um é mais duro, outro é mais mole; um é pequeno, outro é grande; um tem determinadas cores, outro já tem outras; um pode ser dobrado, outro já não pode; um reage (conscientemente) a uma agressão, outro já não reage; etc. 29 É assim que “Deus, por seu verbo, criou o mundo, e o verbo fêz-se carne, unindo em si a natureza divina e a natureza humana”. É assim que “Deus criou o mundo mais ou menos como nossos pais formam os filhos: tirando-os de si mesmos, dando-lhes da sua vida (...) e, contudo, sem que se diminua a vida deles próprios”. É assim que “Deus se fez homem para que o homem se fizesse Deus” (e). Portanto, o verbo divino (“e disse Deus...”) simboliza a relativização expressável, tirada de si próprio. (e) Esclarecendo que “em vez de se divinizar o ser humano, humaniza-se o ser divino”. Ou seja, o homem reduz-se à sua verdadeira condição limitada: à condição de humildade – e, só ganha, agindo assim. 30 Mais precisamente: Não havendo mais imperfeições, não haveria porque mudar. Por exemplo, quando um casamento é perfeito, não se mexe, não se troca de parceiro, não se muda. Aliás, não é por acaso que se diz que “em time que está ganhando não se mexe”. Portanto, a ausência de imperfeição, mesmo mínima – o Absoluto 12 E tem mais: suponhamos que o homem tivesse superpoderes. Assim, no momento do ódio, com tais superpoderes, o homem poderia simplesmente destruir o seu semelhante e o mundo... num piscar de olhos... sem a utilização de bombas atômicas... só com o pensamento. Mas, o leitor pode argumentar: como eu sou todo-poderoso, eu posso reconstruir o mundo. E todas as outras pessoas poderiam fazer o mesmo. Ora, destruir e reconstruir a todo momento... não seria uma bagunça total? E, agora, suponhamos que os nossos superpoderes nos dessem a visão raio X. Nesse caso, as intimidades de todos iriam para o espaço... juntamente com o respeito – o que desembocaria, novamente e muito provavelmente, na desagregação social. Assim, a que conclusão chegamos? Ora, os superpoderes também têm suas DESVANTAGENS – de modo que a limitação é providencial... menos arriscada, menos “anárquica”32. Agora, para reforçar a idéia de que ciência e religião se complementam, se convergem33, façamos algumas indagações. Primeira, a figura bíblica da ressurreição de Jesus34 (retorno ao estágio anterior) não seria uma indicação do nosso retorno ao estágio anterior ao atual, do nosso retorno ao Absoluto?35 E, do eterno revezamento entre os dois (Absoluto e Relativo)? Segunda, a figura bíblica da guerra incessante entre Deus e o Diabo não seria a guerra entre a lembrança (perfeição) e o esquecimento (imperfeição)? Entre o Absoluto e o total - impediria que houvesse a transformação, a evolução, o experimento do diferente, o experimento do novo. E o Absoluto se fortaleceria a tal ponto... que não seria afetado por quaisquer interferências... de cunho inovador, de cunho relativizante, de cunho imperfeito, de cunho limitante, de cunho materializante, de cunho humano. (Para ser mais preciso: tais interferências seriam extintas). 31 Nesses termos: tudo é relativo, inclusive o relativo – e num contexto de incompletude, COMPENSAÇÃO. 32 Aqui, a expressão “anárquica” é empregada num dos dois sentidos existentes: significando desordem, bagunça. No entanto, o outro sentido está ligado a uma aversão às coisas institucionalizadas, massificadas (igreja, Estado, etc) – que, por concentrarem poder, podem acabar se transformando em instrumento de opressão da elite. Portanto, o anarquismo clássico é uma filosofia pró-liberdade, anti-opressão: é um grito de autonomia, de independência. (Obs.: não é por acaso que há o sentido pejorativo/depreciativo da palavra anarquia, não é por acaso que se associa anarquismo à baderna: a elite sabe que o mesmo anarquismo é libertário e teme o seu avanço). 33 Aliás, “o pensamento científico é apenas uma forma mais perfeita (lógica) do pensamento religioso”. E, “a linguagem é diferente, os símbolos são diferentes, mas, na sua essência, as idéias são as mesmas”. Por exemplo, a Bíblia diz que o reino dos céus (o paraíso, o Absoluto) será dos pobres (desprovidos materialmente): o mais (espiritual, energético) será do menos (material). Traduzindo: o espiritual é o máximo (em termos de inteligência). Ainda, neste mesmo sentido, o zen-budismo afirma que “vazio é cheio, cheio é vazio” – traduzindo: espiritual é máximo, material é mínimo (em termos de inteligência). Analogamente, a matemática diz que qualquer número elevado a zero é igual a 1. Aqui, também, o mínimo (zero)* nos remete ao máximo (l = 100%), fazendo coincidir as linguagens da ciência e da religião. (Deve-se observar, no entanto, que se por um lado há convergências entre ciência e religião, por outro, há também divergências importantes). (*) Que está elevado... no alto, no céu, na cabeça, na mente... Deus! (mínimo material, energético). 34 Já que citamos Jesus, cabe uma informação. Hélio D. Cordeiro, em seu livro “O que é Judaísmo” (Coleção Primeiros Passos, Brasiliense), relata que “segundo muitos comentaristas judeus, Jesus teria estudado magia no Egito, o que explicaria seus milagres em Israel”. Seria verdade? Aliás, uma diferença básica entre a religião ocidental e a oriental é que, nesta, os mestres são apenas mentes iluminadas – e sem poderes sobrenaturais como, por exemplo, ressuscitar mortos. 35 Ora, a Bíblia diz que após o “juízo final” (acompanhamento final, esgotamento da evolução) os maus (imperfeitos, humanos, terrestres) serão lançados no “fogo” (estágio absoluto). Feita tal depuração, será atingido o paraíso (narcisístico, indiferenciado, é claro) e serão criados “um novo céu e uma nova terra”. Ilações: juízo final => esgotamento da evolução => fogo sobre a terra => catástrofe solar? => liberação da energia presa (materializada) => retorno ao estágio absoluto => paraíso =>=> involução => criação => nova terra =>=> evolução. Outra coisa: a Bíblia também fala em uma “segunda morte” (Apocalipse 20: 14). Ora, a primeira morte não seria a morte orgânica comum (falência dos órgãos), enquanto a segunda morte não seria a destruição dos planetas (transformação da matéria em energia)? Conclusão: Evolução => involução => evolução => involução... Enfim, não seria o anúncio do revezamento eterno? Ou ainda: a segunda morte não seria a morte futura do cristianismo, simbolizando as religiões e significando a incorporação da religião pela ciência filosófica holística? 13 Relativo? E, mais especificamente, o “Diabo” não seria o preço, a dependência... presentes tanto no estágio relativo quanto no estágio absoluto? Terceira, quando a Bíblia diz que Pai e Filho são somente um, ela não está querendo dizer também que Absoluto e Relativo são somente um? Separados apenas no Tempo? Quarta, a “fé” bíblica não seria também o descartamento do vazio? Não seria a fé na continuidade eterna, compensatória? Quinta, quando a Bíblia diz que o homem foi feito à semelhança de Deus, não está querendo dizer que somos feitos à semelhança do Absoluto? Que o Relativo é derivado do Absoluto? Sexta, o retorno do Cristo não seria uma alegoria ao retorno ao absoluto-narcisísticoindefinido da humanidade?36 Sétima, o paraíso de Adão e Eva, onde não se tinha consciência do bem e do mal (diferentes), não seria uma analogia ao estágio primordial (homogêneo, pouco contrastante materialmente, não-polarizado)? Oitava, a morte na cruz (símbolo dos opostos/diferentes: norte/sul, leste/oeste) não indicaria a morte futura do Relativo e o retorno (provisório) ao Absoluto? O retorno ao estágio homogêneo, onde não há diferenças? Nona, a figura bíblica do dilúvio, da destruição do mundo... do arrependimento de Deus... não retrataria apenas a falibilidade, a incompletude compensatória da existência? Décima, as metáforas bíblicas não indicariam que “a verdadeira constituição das coisas gosta de ocultar-se”? Ou, mais claramente, que tudo tem o seu tempo para ser revelado (após pago um certo preço... da materialização)? O próximo passo é mostrar alguns “problemas”37 existentes na Bíblia. Relatemos algumas contradições: 36 Mais claramente: Jesus está ligado a Deus, que está ligado à criação, que está ligada ao estágio absoluto (pois é no estágio absoluto que se dá a criação). Portanto, implicitamente, indiretamente, metaforicamente, nas entrelinhas, o que a Bíblia anuncia é o retorno ao estágio primordial. Assim, se você pensa que Jesus vai despontar nos céus, em carne e osso, pode ir tirando o seu cavalinho da chuva. É pura perda de tempo. É pura imaturidade. É puro simplismo. A ressurreição é o retorno da vida após a transformação, enfim, é a continuidade da vida após a morte temporária, não importando a forma que o antigo corpo vai assumir futuramente – seja na forma de uma planta, de uma rocha, etc. 37 Alguns “problemas”, e graves, também são encontrados nos paradigmas kardecistas. Primeiro, o kardecismo afirma que os espíritos vêem. Se assim o é, porque os cegos não vêem? Por acaso estes são desprovidos de espírito? Segundo, o esquecimento, atribuído ao espírito desencarnado, não tornaria impossível a evolução dos espíritos? Terceiro, o kardecismo diz que Deus cria os espíritos. E, se o primeiro espírito criado foi virgem, por que os demais não o seriam? Quarto, o kardecismo diz que os espíritos puros, quando atingem a perfeição, não reencarnam mais. Ora, é de se perguntar: para que serve um espírito sem o corpo? (Aliás, quando os espíritas reconhecem que “a inteligência não pode se manifestar - na verdade, conservar-se - senão por meio de órgãos materiais”, eles próprios reconhecem que o espírito sem o corpo não tem sentido/utilidade). E, supondo-se que grande parte dos espíritos já tenham alcançado a perfeição, é de se concluir que vai faltar espírito não-virgem (que já foi encarnado no passado) para preencher a demanda reencarnatória. Assim, ter-se-ia que lançar mão de espíritos virgens. E, se estes seriam virgens, por que TODOS os outros não seriam virgens? Quinto, pela lógica espírita... que diz que o que recebemos nesta encarnação é fruto das nossas ações (boas ou más) na encarnação passada... Jesus teria sido o maior bandido de todos os tempos, numa encarnação passada (tendo em vista que passou por terríveis expiações). Sexto, quando o kardecismo diz que a Terra é um planeta inferior, de provação, não estaria criando uma justificativa para a exploração? (Lembremos que existem pessoas que são muito felizes, neste planeta de “provação”). Sétimo, os espíritas dizem que os “espíritos” fazem tudo e que o corpo é um mero acessório decorativo, incluindo-se aí o cérebro. Ora, como é possível alguém ter coragem de negar as propriedades psíquicas do cérebro? Como é possível alguém negar o que existe concretamente, o que é visível? Como é possível os homens serem reduzidos a mulas-sem-cabeça? Como é possível transformar os homens em aleijados cerebrais, em verdadeiras aberrações da Natureza? Finalmente, o espiritismo é uma doutrina que tenderia a auto-extinguir-se no futuro, como resultado de suas próprias inconsistências: se todos os espíritos do Universo atingissem a perfeição ela perderia a sua garota-propaganda, o seu grande “produto”, o seu núcleo, que é a reencarnação*. Aliás, irreverentemente falando, tal doutrina tenderia a transformar-se em mais um 14 “O Senhor é justo, e ama a justiça” (Salmos, 11: 7) X “Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, Por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente” (I Pedro, 2: 18, 19 e 20) “Sirvam-te povos e nações se encurvem a ti” (Gênesis, 27:29) X “Bem aventurados os que observam o direito, o que pratica a justiça em todos os tempos” (Salmos, 106:3) “Quem crê nele (Jesus) não é condenado mas quem não crê já está condenado” (João, 3: 18) X “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?” (Tiago, 2:14) movimento dos sem alguma coisa, no caso, a reencarnação: MSR (“Movimento dos Sem-Reencarnação”). Aqui, Marx não teria errado na sua previsão fatalista (acerca do fim automático do capitalismo). *Os espíritas ainda tentam uma última cartada (salvadora?) para a falta de lógica de suas proposições: dizem que a reencarnação prossegue, só que entre mundos diferentes**, só que de um planeta (inferior, por exemplo) para outro (superior, por exemplo). Convenhamos, fica difícil acreditar nessas bobagens ou promessas que nunca se cumprirão (ou que nem têm como ser provadas). **Aliás, mesmo que sejam descobertos outros planetas com vida e que sejam mais evoluídos, isto não tem nada a ver com reencarnação: simplesmente eles teriam sidos criados antes da Terra, estariam na dianteira da escala evolutiva. 15 “A Terra está cheia de bondade do Senhor” (Salmos, 33:5) X “Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado” (Mateus, 13: 12) “E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo” (João, 12:47) X “Aquele que crê no Filho, tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João, 3: 36) “Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes” (Romanos, 14: 17) X “Abraão era muito rico em gado, em prata e em ouro” (Gênesis, 13: 2) “Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hebreus, 8: 12) X “O Senhor julgará o seu povo” (Hebreus, 10: 30) 16 “Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago, 4: 4) X “E o ouro dessa terra é bom” (Gênesis, 2: 12) “Salvo somente as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos” (Deuteronômio, 20: 14) X “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem” (Lucas, 6: 27) “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: (...) tempo de matar, (...) tempo de guerra” (Eclesíastes, 3: 1, 3 e 8) X “Não matarás” (Marcos, 10: 19) 17 “É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mateus 19: 24) X “E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o Senhor o abençoava. E engrandecendo-se o varão, e ia-se engrandecendo, até que se tornou mui grande; e tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço” (Gênesis, 26: 12, 13 e 14) “Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente” (Levítico, 24: 20) X “O Senhor é cheio de misericórdia e piedade” (Tiago, 5: 11) “Mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juizo” (II Pedro, 3: 7) > condenação X “Em seu sangue (Jesus) nos lavou dos nossos pecados” (Apocalipse, 1: 5) > perdão “Por isso o temem os homens; ele (Deus) não respeita os que são sábios no coração” (Jó, 37: 24) X “Anda com os sábios e serás sábio, mas o companheiro dos tolos será afligido” (Provérbios, 13: 20) 18 “Exorta semelhantemente os mancebos a que sejam moderados” (Tito 2: 6) > moderação X “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti: melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti. Melhor te é entrar na vida com um olho só, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno” (Mateus 18: 8 e 9) > radicalismo “Todo aquele que se deitar com animal, certamente morrerá” (Êxodo 22: 19). Ou: “Qualquer que no dia do Sábado fizer obra, certamente morrerá” (Êxodo 31: 15) X “Deus, que não pode mentir” (Tito 1: 2) “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, de moderação” (II Timóteo 1: 7) > moderação X “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro (...) que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gálatas 15: 19, 20 e 21) > radicalismo, generalização 19 “Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono: olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje” (Romanos 11: 8) > imprudência X “No coração do prudente repousa a sabedoria” (Provérbios 14: 33) > prudência “Não me dês nem a pobreza nem a riqueza” (Provérbios 30: 8) > moderação X “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (João 12: 25) > radicalismo “Bem-aventurada tu, ó terra, cujo rei é filho dos nobres” (Eclesíastes 10:17) > elogio à elite X “Porque os seus ricos estão cheios de violência” (Miquéias 6: 12) > crítica à elite “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmos 51: 5) > desinstrução X “Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto” (Provérbios 27: 5) > instrução 20 “E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não ouvem” (Miquéias 5: 15) > insensatez: punir nações, e não pessoas. X “Pois ninguém vive por si mesmo, e ninguém morre por si mesmo” (Romanos 14: 7) > sensatez “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça e paz...” (Romanos 14: 17) > defesa da paz X “Santificai uma guerra” (Joel 3: 9) > defesa da guerra Aliás, o Alcorão muçulmano também tem suas contradições. Relatemos, a seguir, algumas delas: “Quem preferir a recompensa deste mundo, conceder-lhaemos; e quem preferir a recompensa do além, concederlha-emos”. (Sura 3:145) X “Deus é pobre, e nós somos ricos” (Sura 3:181) “Deus castiga com dureza” (Sura 2:211) X “Deus é clemente e perdoador” (Sura 2:225) 21 “Se virarem as costas e se afastarem (os descrentes), capturai-os e matai-os onde quer que os acheis” (Sura 4:89) X “Deus não ama (...) os criminosos” (sura 4:107) “Deus é poderoso e vingativo” (Sura 3:4) X “Quer pratiqueis o bem em segredo ou em público, quer perdoeis o mal, Deus é igualmente poderoso” (Sura 4:149) “Aqueles que vos agredirem, agredi-vos da mesma forma” (Sura 2:194) X “Se levantares a mão para me matar, não levantarei a minha para matar-te” (Sura 5:28) “Se a fortuna vos favorece, afligem-se; e se a desgraça vos atinge, alegram-se” (Sura 3:120) X “Não proibais as boas coisas que Deus vos permitiu” (Sura 5:87) 22 “Deus é clemente e misericordioso” (Sura 9:91) X “E entre os beduínos (...) há embusteiros; e entre os habitantes de Medina há os que cresceram adestrados na burla. (...) Castigá-losemos duas vezes e, depois, serão submetidos a um suplício pavoroso” (Sura 9:101) “Quando vos divorciades das mulheres, esgotado o seu prazo, podereis guardá-las conforme os bons costumes ou libertá-las conforme os bons costumes. Mas não as retenhais para prejudicá-las ou agredi-las” (Sura 2:231) X “Os homens têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e porque gastam de suas posses para sustentá-las. As boas esposas são obedientes e guardam sua virtude na ausência de seu marido conforme Deus estabeleceu. Aquelas de quem temeis a rebelião, exortai-as, bani-as de vossa cama e batei nelas. Se vos obedecerem, não mais as maltrateis” (Sura 4:34) “Quando, um dia, deixaste a família no amanhecer para colocar os crentes nos postos de combate” (Sura 3:121) X “E nossos enviados trouxeram a boa a Abraão: ‘Paz!’, disseram. ‘Paz!’, respondeu” (Sura 11:69) 23 “Contudo, aqueles que se vingarem de uma injustiça recebida, não serão incriminados” (Sura 42:41) X “E quem se dominar e perdoar, será credor de uma das melhores recomendações” (Sura 42:43) “Recompensará (Deus) os que crêem e praticam o bem com a indulgência e com riquezas abundantes” (Sura 34:4) X “Mas as riquezas enferrujam-lhes o coração” (Sura 83:14) “O castigo de um mal é um mal igual. E quem perdoar e conciliar de Deus receberá sua recompensa. Ele não gosta dos opressores” (Sura 42:40) “Sede bondosos para com (...) os escravos” (Sura 4:36) “Vosso senhor detém uma misericórdia imensa. Mas ninguém pode impedir que castigue com rigor os pecadores” (Sura 6:147) “Teu Senhor é rápido no castigo. E é clemente e misericordioso” (Sura 6:165) À luz dos apontamentos imediatamente anteriores que conclusões podemos tirar? Primeira, se considerarmos de forma ISOLADA (absoluta) algumas passagens da Bíblia, podemos afirmar que elas são selvagens. Segunda, se as considerarmos num contexto relativo, maior, dinâmico, COMPARATIVO, podemos dizer que elas indicam o caráter 24 cíclico das manifestações universais38. E, assim sendo, tais “furos” não seriam uma demonstração de que Deus, sabiamente, escreve certo por linhas tortas?39 De que ATÉ a Bíblia deve passar pelo exame crítico (e aprofundado) de nossa consciência? De que o importante NÃO É A FONTE, mas o conteúdo? De que não devemos absolutizar, estacionar nos extremos? De que cada caso é um caso – de forma que as soluções (dosagens) devem variar, conforme o caso? De que o ideal é oscilar (MAS NÃO MUITO) entre o ser (afirmação) e o não-ser (negação)? Em suma, de que em função dos efeitos da Lei dos Rendimentos Decrescentes ou Flutuantes, em função da volatilidade a que todos os seres estão sujeitos, não seria providencial o exame crítico e a vigilância, qualquer que seja a fonte?40 É neste sentido, então, que “apenas o conhecimento (crítico)... (dará ao homem) o domínio das coisas, a soberania cósmica com a qual ele sonha, a auto-realização à qual ele aspira como coroação de sua existência”. E, acrescentando que: “ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, (...) ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar monte, se não tiver amor, nada serei” (Coríntios I Cap. 13). Portanto, conclui-se que a felicidade geral só será atingida através do conhecimento e do amor... bem dosados! Por outro lado, pelo conhecimento que se dispõe hoje, pode-se fazer uma Bíblia ultra-sintética, enunciando-se apenas o seguinte: “Que vigore-se a Lei dos Rendimentos Decrescentes (nos extremos)”. Muito sintético? Então que se seja mais explícito, enunciando-se apenas um mandamento único: “amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, ou, “sigas o caminho do meio”41, ou, “o direito de cada um termina onde começa o direito do 38 Mais precisamente: a relatividade (corpórea) é o DIFERENTE. E, como vida é MOVIMENTO, o diferente se transforma, se move, oscila, flutua: é cíclico. Mais ainda: como o valor das coisas se dá pela comparação, temos que comparar os opostos ou diferentes, relacionando-os, aproximando-os, contactando-os – a fim de captar a essência, o significado do relacionamento. Se captarmos apenas a aparência (isolada) corremos o risco de caminharmos para o precipício, de cometermos besteiras. É assim, então, que a Bíblia pode ser mal usada, mal interpretada – inclusive ser usada para o mal (f) – se não soubermos decifrar a sua sofisticação. Entretanto, deve-se frisar que não há nenhuma sofisticação que resista a uma explicação bem didática (apesar de profunda): com jeito e paciência, o difícil se torna fácil. Então, a falta de didática ou clareza da Bíblia é um defeito que a mesma apresenta – até porque, o que reina atualmente no mundo é um certo nível de analfabetismo filosófico, o que implica que poucas pessoas têm a capacidade de fazer uma interpretação profunda e correta de uma escritura considerada sagrada (muitas vezes, escrita em código e/ou pouco explícita). Portanto, aqui se defrontam dois aspectos: o teórico e o prático. E, do ponto de vista teórico, então, poderíamos dizer que Deus existe (que qualquer pessoa, pelo menos potencialmente, via Bíblia, pode captar a essência divina e vivenciar o paraíso prometido). Já do ponto de vista prático, que é o que importa, de fato, poderíamos dizer que Deus não existe ou tem pouco alcance (pois dificulta a captação de sua verdadeira essência, ao utilizar uma linguagem imprecisa e que induz à interpretação simplista e equivocada de uma parte considerável dos seres viventes da Terra). Finalmente, resta acrescentar que os “falsos profetas” descritos na Bíblia devem ser entendidos como os profetas incapazes de dignificar a existência humana - de viabilizar, NA PRÁTICA, E NESTA VIDA (de ciclo curto), ÚNICA, o paraíso prometido (não o total/utópico, mas o parcial/possível). (f) Aliás, é justamente por dar vazão à possibilidade da interpretação simplista que os críticos dizem que “a religião é efeito da alienação econômica, mas ao mesmo tempo, sustento, meio... da própria conservação. Não negligenciaram os capitalistas (a elite em geral) de servir-se desta arma para adormecer as consciências e fazê-las crer que no fundo de seus sofrimentos conseguirão um céu, que a glória que herdarão será a absoluta compensação das misérias que pesam sobre eles. (...) Suportar a injustiça é adquirir um passaporte para a glória que é negada aqui embaixo”. Dizem ainda que é justamente por isto que “os princípios sociais do cristianismo pregam a negligência, o desprezo de si, o rebaixar, o servilismo”. 39 Ou, em outras palavras, que, na base do “sem querer querendo”, há males que vêm para o bem? Que de uma coisa repugnante como a lagarta surge uma coisa majestosa como a borboleta? Que o erro gera aprendizado? 40 A fim de adotarmos os aspectos positivos e abandonarmos os aspectos negativos que as diferentes fontes (povos, culturas, religiões, filosofias, ciências) possuem? 41 Significando a busca do equilíbrio, dinâmico, entre os pólos opostos. Seria o caso de equilibrar, por exemplo: (inteligência x emoção), (dinheiro x respeito), (natureza x tecnologia), (corpo x mente), (tradição x inovação), (egoísmo x altruísmo), (quantidade x qualidade), (ter x ser), (trabalho x lazer), (teoria x prática), (aparência x 25 outro”, ou, “não faças ao próximo aquilo que não queres que sejas feito a ti”. E, se se quiser ser mais preciso ainda, desdobre-se tudo isso em três princípios básicos: 1) Tudo, na vida, tem suas VANTAGENS E DESVANTAGENS; 2) tudo, na vida, tem o seu PREÇO existencial - só o vazio (em termos de conteúdo) não tem preço algum; e 3) A diferença entre o remédio e o veneno está na DOSAGEM42 – ou, analogamente, os pólos opostos ou concorrentes não devem se afastar muito, pois um precisa do outro... pois a existência implica em dependência. Aqui está o supra-sumo da vida. E, o resto é apenas o acabamento, o complemento. conteúdo), (independência x dependência), (produção x consumo), (progresso tecnológico x progresso filosófico), etc. (Observação: o que significa “equilíbrio dinâmico”? Significa que devemos estacionar no meiotermo? Não! Significa que devemos nos afastar ocasionalmente um pouco do meio-termo, mas, importante, sempre retornando ao meio termo - não indo até o fim do caminho, não indo até o extremo). 42 Para configurar este princípio, recorramos ao exemplo do café com açúcar. O que ele mostra? Ora, ele mostra que se acrescentarmos ao café nenhum ou pouquíssimo açúcar o mesmo café ficará muito amargo, com sabor desagradável, indegustável. Inversamente, se acrescentarmos ao café muitíssimo açúcar o mesmo café ficará excessivamente doce, enjoativo, mais com sabor de açúcar do que de café, indegustável também. E, finalmente, se acrescentarmos a medida certa (mediana, moderada) de açúcar ao café este ficará com sabor agradável (equilibrado), perfeitamente degustável. 26 DEUS À LUZ DA PRÁTICA Suponhamos que o leitor caminha pela rua e, de repente, é abordado por um bêbado briguento, provocador. Então, após avaliar a situação, o leitor opta por ignorar as provocações de uma pessoa debilitada ou fora de si e por evadir-se do local – deixando o bêbado falando sozinho. (Reflexão: não seria um desperdício, medir forças com quem está fora de si?) Suponhamos que o leitor seja considerado um iluminado, um Ser especial – e que todos estejam preocupados em lhe dar um uma denominação: Deus, mestre, profeta, sábio, etc. Ora, então, o suposto iluminado argumenta que o que ele é independe de convenção. Que não é esta que vai torná-lo melhor ou pior. Argumenta também que suas qualidades são relativas (e não absolutas), tornando-o do mesmo quilate dos outros mortais. Argumenta ainda que ele não é o único qualificado, e que, assim, havendo diversidade, o importante não é a fonte – mas o conteúdo. (Reflexão: porque perder tempo ou desperdiçar energia como o que não é importante?) Suponhamos que o leitor tenha impetrado uma ação judicial avaliada em vinte mil reais (R$ 20.000,00), cujo desfecho só se dará após um prazo de quatro anos. Ora, supondo-se também que o leitor esteja muito necessitado de dinheiro, no presente, não seria melhor fazer um acordo e receber menos, mas imediatamente? Pois bem, poderíamos citar muitos outros exemplos. Mas, o que se quer demonstrar é que a prática é um santo remédio – até o ponto que não se descole da ética, da civilidade. É a prática que maximiza as nossas vidas - que sinaliza para a melhor saída, para o melhor caminho. Em suma: a antítese da prática é o desperdício, a burrice – e, sem prática, não há qualidade de vida. Assim sendo, façamos, a seguir, algumas reflexões práticas sobre diferentes assuntos. 1- MATERIALISMO. Qualquer fenômeno existencial, para se realizar, depende de um gasto prévio de energia. É este o sentido. 2- O QUE GOVERNA O MUNDO? É o materialismo43. Três exemplos: 1) Se você não trabalhar, garantimos que não vai cair comida do céu, 2) Ao se passar de uma consistência física para outra, ganha-se em alguma coisa, mas perde-se também em alguma coisa – é a Lei da Compensação, da Incompletude, do preço, e 3) Geralmente, são os times grandes44 (de futebol, por exemplo) que são campeões. Portanto, mesmo que os milagres sejam possíveis de acontecer, eles serão sempre a exceção. A regra, o que manda, é o império da lógica45. 3- DOIS MATERIALISMOS. Existe o materialismo pejorativo e o materialismo não-pejorativo. 43 Não se está falando aqui do sentido pejorativo da palavra, que significa o apego excessivo ao prazer e ao conforto materiais: o egoísmo. Está-se falando, sim, do poder da LÓGICA. 44 Mais exatamente, diríamos que são os times BONS (sejam grandes ou pequenos) que ganham os torneios. Os times ruins não vão muito longe. 45 Aliás, um mundo que não fosse majoritariamente regido pela lógica seria um mundo inviável (sem fundamento, sem critério, sem ordem, caótico, bagunçado, anárquico, sem conservação, sem qualidade, sem justiça, sem compensação: estúpido, burro). E, teríamos coisas do tipo: torneios esportivos (tênis, basquete, vôlei, etc) sendo vencidos pelos piores jogadores ou times, os piores candidatos passando no vestibular, etc. Ainda, para sermos taxativos, argumentemos que um jogador de tênis que jogue mal não vence um torneio. Apenas quem joga bem. Ou, ainda, que Cuba, por exemplo, não tem a mínima condição de vencer os EUA numa guerra armada. 27 4- MATERIALISMO-ESPIRITUALISMO. Devemos ser materialistaespiritualistas. Tudo é uma questão de situação e de momento. Assim, há o momento de sermos mais materialistas46 e o momento de sermos mais espiritualistas. Ou seja, dosando o binômio razão-emoção, há o momento de sermos mais racionais (lógicos, frios) e o momento de sermos mais emocionais (ilógicos, esperançosos)47. 5- MATERIALISMO E TRANSFORMAÇÃO. O resultado do que existe hoje é fruto do desmesurado apego espiritualista. Ou seja, inverteu-se a prioridade: o que deveria ser a exceção (o espiritualismo)48 transformou-se na regra. Essa inversão de valores (miopia), muitas vezes, gera, de um lado, um conformismo masoquista e, de outro lado, um oportunismo sádico (egoísta). Essa infeliz inversão de valores tem sido decisiva na geração de miséria e na destruição predatória da Natureza. Portanto, só sob a égide da lógica (materialismo) é que o mundo poderá gerar seres humanos mais civilizados, conscientes, verdadeiros, responsáveis, protegidos, precisos, justos: só o materialismo autêntico (nãopejorativo) poderá transformar o mundo. Que lhe seja dada a oportunidade. Que lhe seja dada a vez. 6- PURO x HÍBRIDO. Se o puro (só energia) se transformasse em outro puro (só massa), não poderia retornar à sua pureza inicial (só energia). Em miúdos: de nada valem tanto a energia pura (sem intensidade alguma, mas com movimento máximo) quanto a matéria pura (com intensidade máxima, mas sem movimento). Portanto, o extremo é a negação de algo: é a dosagem suicida – tanto é assim que, no primeiro caso, energia pura, peca-se pela carência absoluta; enquanto que no segundo caso, matéria pura, peca-se pelo excesso absoluto. Concluimos, então, que o híbrido tem DUAS coisas: desvantagem (é incompleto) e vantagem (é um vivo-algo). Já o puro só tem UMA coisa: desvantagem (é um... completo-morto-nada). Quem você prefere: o puro ou o híbrido? 7- ENERGIA x MATÉRIA. A energia nos dá inteligência. No entanto, é a matéria que nos dá intensidade (dor ou prazer). Em sendo assim, de nada vale a pureza: ter inteligência máxima, mas intensidade zero... e vice-versa (intensidade máxima, mas inteligência zero). 46 Estamos falando aqui do materialismo não-pejorativo, ok? Aliás, quem pensa que a Bíblia é isenta de materialismo está redondamente enganado. Passagens como as descritas a seguir falam de lógica: 1) “porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?”; 2) “homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia”; 3) “pelo fruto se conhece a árvore”. E, não é só isso: os religiosos também têm posturas materialistas. Por exemplo, você se lembra o que foi que o papa João Paulo II fez para curar-se de um problema no intestino ou dos ferimentos decorrentes do atentado sofrido por ele? Ora, não titubeou e procurou um hospital. Seguiu a lógica, seguiu o caminho mais seguro, adotou a solução mais eficaz. 47 Lembrando-se sempre que a dosagem não deve beirar o extremo (seja para mais ou para menos). 48 Estamos falando aqui do espiritualismo sobrenatural (e não do natural), ok? Aliás, o que é o espiritualismo natural? O que ele diz? Ele diz que o espírito é como uma televisão ou câmera de vídeo: sem a energia, não se formam as imagens – da mesma forma que sem a matéria as imagens não se conservam. Assim, as imagens são o resultado da interação entre a matéria e a energia. Portanto, do mesmo modo, o espírito humano (imagem, sentimento, idéia) também é o resultado da interação entre a matéria e a energia. Outra coisa: o espiritismo kardecista massifica a idéia de que a matéria apenas abriga o espírito* - que é quem dá as cartas. Ora, esta passividade atribuída à matéria é falsa. A matéria também influi nas ações do espírito (é uma mão de via dupla): por exemplo, se alguém está com uma dengue aguda, com uma cefaléia aguda, com uma cólica renal aguda, com uma tensão pré-menstrual (TPM) o seu espírito (sentimento) será afetado pelos infortúnios do corpo – não se constata, por exemplo, que as mulheres com TPM ficam mal-humoradas, ranzinzas? *Na verdade, o espiritismo, para situações de emergência, também diz que “o espírito atua sobre a matéria, e, reciprocamente, a matéria atua sobre o espírito” (mas, no sentido de que o espírito eleva a matéria e a matéria deprecia o espírito). Apesar disso, a idéia MASSIFICADA é a de que os espíritos “agem sobre a matéria e sobre o pensamento”, unilateralmente, soberanamente. 28 8- DEUS x HOMEM. Deus é mais qualitativo (inteligente) e menos intenso 49, já o homem é mais quantitativo (intenso) e menos inteligente. 9- “CAMINHO DO MEIO”. É o que melhor compatibiliza o choque entre consciência altamente dissipativa (lado desvantajoso do Absoluto, homogêneo) e dor (lado desvantajoso do Relativo, polarizado). Assim, por tal caminho, ganha-se a consciência relativamente conservada e minimiza-se a dor – obtendo-se, assim, o paraíso não-narcisístico (humano). 10- CONHECER A SI PRÓPRIO. Quanto mais você se conhece, quanto mais você se observa... mais você maximiza a sua vida: mais você progride, melhores são os seus resultados, menos besteiras você comete – na medida em que não se subestima e nem se superestima (ambos maléficos), mas apenas estima, na medida exata de suas forças. 11- SALVAR A SI PRÓPRIO. Só nós mesmos podemos nos salvar. O máximo que os outros podem fazer é mostrar-nos o caminho. Só a nossa vontade, a nossa determinação pode conduzir-nos para a nossa felicidade. Portanto, não é Jesus Cristo, Maomé, etc, que vai-nos salvar: É NÓS MESMOS. 12- CORAGEM. É a quebra de expectativa. Como só os mortos têm expectativa zero sobre o futuro, só os mortos não têm medo algum. Por sua vez, um fator que nos faz perder o medo é a raiva – na medida em que, num momento de “loucura”, jogamos tudo para o alto e abrimos mão de todas as expectativas50. Assim, a prudência manda que não irritemos muito a outrem. 13- “COVARDIA” ESTRATÉGICA. Há momentos, às vezes, em que não devemos ser corajosos, em que devemos esconder a nossa coragem. Ou seja: há momentos em que devemos nos fingir de moscas-mortas (bobos), visando dar corda para os nossos inimigos, a fim de que os mesmos se enforquem, de que se comprometam. Assim, após estarem os mesmos fragilizados é hora de despejarmos toda a nossa coragem contra eles, derrotando-os mais facilmente. 14- AMOR x ÓDIO. A diferença entre os dois é que o amor gera aproximação e o ódio gera distanciamento. Os dois têm sua função estratégica: preservar vidas – ou solidificando o que é bom, ou, separando o que é ruim (afastando o oprimido do opressor, a fim de que o oprimido não padeça ou tire a vida do opressor). 15- ONDE HÁ ÓDIO HÁ AMOR? Longe disso. O ódio é uma frustração, uma decepção. Assim, o amor é um sentimento positivo (significando a viabilidade de um relacionamento) – enquanto o ódio é um sentimento negativo (significando a inviabilidade de um relacionamento). Portanto, onde há ódio não há amor. São coisas completamente diferentes, distantes. 16- CONDICIONAMENTOS. O homem é um arsenal de condicionamentos... e jamais se livrará deles. O máximo que conseguirá é substituí-los: trocar os velhos pelos novos. 17- INTUIÇÃO. É uma compensação, uma sombra, um substituto da consciência. É um aprendizado inconsciente automático. É um gerador de emergência, uma reserva de emergência. É uma proteção, uma benevolência, uma compaixão divina (uma chance a mais). 18- ESPONTANEIDADE. É uma das coisas mais sublimes e mágicas da vida, além de ter ligações com o caráter. Ou seja, ser espontâneo significa não esconder. E, quem 49 Em termos absolutos, considerando-se Deus ISOLADAMENTE, separado da matéria. Já quando se associa à matéria ele ganha intensidade, maximizando-se, completando-se. Mais claramente: quando se transfere a energia para a matéria ganha-se intensidade (pois a matéria acumula energia... para gastá-la depois). No entanto, quando se transfere a energia para a própria energia não se ganha intensidade (pois a energia se dissipa, se perde... sem ser usada). 50 Aliás, por conta disso, as pessoas com pavio curto tendem a ser mais corajosas que as pessoas com pavio longo. 29 não procura esconder o ser verdadeiro jeito de ser o faz por não temer. Se não teme, é porque não deve. O outro lado da questão é que quanto mais se vive espontaneamente, menos se é manipulado – de forma que as assimilações provenientes do contato com o meio social acabam sendo democráticas, autênticas, sadias, não-forçadas. 19- MASOQUISMO x SADISMO. Violência (a si) gera violência (dos outros). Ou seja, só pode existir o sádico (de um lado) se existir o masoquista (de outro). Conclusão: extremo gera extremo (oposto) e equilíbrio gera equilíbrio (semelhante). 20- REENCARNAÇÃO. Fora o lado bonito e simbólico de se homenagear alguém especial, dizendo-se que fulano é a sua reencarnação no presente, trata-se de uma grande ficção científica. O que existe, de fato, é a miscigenação evolutiva... em vida51 (a interação entre os conhecimentos passados e os presentes). Além do mais, num mundo de bilhões de pessoas, é mais do que normal que algumas poucas se pareçam, que apresentem semelhanças (ainda assim quando são treinadas, via estudo, para desempenharem determinado papel religioso). Por outro lado, a teoria espírita diz que o espírito retorna noutro corpo para suportar provas ou obstáculos (“imperfeições” de um “corpo”) que, ultrapassados, levam à evolução, podendo o espírito escolher ou não o corpo onde reencarnará. Ora, em primeiro lugar, se as imperfeições são do corpo, onde estão as imperfeições do espírito? O corpo não é um instrumento passivo, enquanto o espírito é um instrumento ativo? Aqui, a incoerência ou contradição da teoria espírita fica evidenciada de imediato, ao imputar as imperfeições ao corpo e não ao espírito. Em segundo lugar, o espírito não é algo puro, que se separa de um corpo para se reencarnar em outro. Não se trata de algo independente, separável (aliás, havendo uma separação entre espírito/energia e corpo/matéria cessa a vida de imediato: não pode haver vida nesta situação narcisística e extrema). O espírito não passa de algo híbrido: um campo de forças, resultante da interação entre a energia (criação) e a matéria (conservação). Sem a interação entre pólos opostos não há vida. Não haveria lógica no bastar a si próprio. Por exemplo: não haveria vida se existisse apenas a mulher. Tem que existir o seu pólo oposto, o homem. Em suma: sob o signo da pureza não há vida, mas apenas sob o signo do hibridismo relativo, dependente (em que o espírito atua sobre a matéria e a matéria atua sobre o espírito, numa comunhão que se acaba com a “morte” ou descanso temporário, numa comunhão que se reproduz via renovação da vida de ciclo longo – e não da vida de ciclo curto). Mais ainda: A partir do momento em que o espírito se separa do corpo, tal espírito se desfaz (só voltando a se refazer numa outra vida, nova e de ciclo longo). 21- MEMÓRIA PSÍQUICA x MEMÓRIA QUÍMICA. A diferença entre as duas é que a memória química (inconsciente) não se desativa jamais, enquanto que a memória psíquica (sob a forma de consciência) se desativa52 com a morte. E, mesmo que exista algum traço de reencarnação existencial pós-morte (memória psíquica pós-morte), tal fato não seria determinante53 – mas apenas residual. 22- REENCARNAÇÃO PSÍQUICA x REENCARNAÇÃO QUÍMICA. Não há reencarnação psíquica54. Há somente reencarnação química55. O que ocorre é que as pessoas confundem evolução psíquica (em vida) com reencarnação psíquica. 51 Vale a pena esclarecer o seguinte: a reencarnação humana em vida necessita do contato. Assim, se cada ser humano vivesse recluso/isolado numa caverna, por exemplo, não haveria migração/transmissão de idéias e não haveria a reencarnação em vida. 52 Ou, mais claramente: a memória psíquica não retorna, mas, prossegue, em parte, influenciando o mundo dos vivos – na medida em que ela é introduzida nos vivos, é transmitida culturalmente (em vida), é jogada para o futuro. 53 Na verdade, o que é determinante no comportamento humano é o aspecto sociológico, é a influência do meio social (temporal ou histórico, espacial ou geográfico, econômico, estético, religioso: cultural, enfim) sobre os indivíduos. 54 Por conta da dissipação... decorrente da baixa densidade, da fraqueza das ligações atômicas. 55 Por conta da conservação... decorrente da alta densidade, do vigor das ligações atômicas. 30 23- ESPÍRITO FECHADO x ESPÍRITO ABERTO. O fato de que os espíritas preguem que os espíritos desencarnados (de quem já morreu) influenciem os espíritos encarnados (de quem está vivo) constitui mais um fator de fragilização da teoria espírita. Assim, o espírito encarnado não seria fechado/inviolável e o ser humano seria possuidor potencialmente de muitos espíritos (abertos/influenciáveis) – e não de um espírito apenas. Por conseqüência, tal espírito encarnado seria afetado não somente pela última vida passada, mas também pelas últimas vidas passadas de cada um dos outros espíritos desencarnados influenciadores. Portanto, diferentes (últimas) vidas passadas estariam entrecruzando-se (numa mesma pessoa) – jogando por terra a teoria de que tudo é uma questão de um mérito passado apenas, de que o nível do espírito que recebemos nesta vida é o justo retributo apenas de nossa última conduta passada56 (de que é uma colheita do que plantamos apenas na última encarnação). Afinal de contas, como conciliar uma única vida passada com diferentes espíritos influenciadores (no presente)? Se é apenas uma única vida passada (a última) que define o mérito, não deveríamos ser influenciados apenas por um espírito? 24- ESPIRITISMO E ANTICRISTO. Uma boa parcela das religiões orientais57 é orientada pelo princípio espírita do “carma” 58. Ora, não é muita coincidência 56 E não de nossa conduta presente (influenciada, em parte, pela conduta dos muitos antepassados da humanidade: dos seus atos em vida, da herança que nos é legada). 57 Ressalve-se: este autor que vos escreve considera a filosofia oriental mais bonita que a ocidental, exceto em alguns pontos, ligados ao espiritismo. A primeira e principal objeção reside na questão da reencarnação – que existe... mas em vida! Que é realizada em vida (e não após a morte). A segunda objeção reside no fato de se tirar do “espírito” (energia) o seu caráter natural, imputando-lhe um caráter religioso ou sobrenatural. A terceira objeção reside no fato de se acreditar em evolução dos espíritos reencarnados, quando na verdade a evolução é totalmente realizada por “espíritos” virgens ou únicos, através da remodelação social progressiva do conhecimento (em vida). A quarta provem do seguinte questionamento: que culpa tem um corpo presente pelos pecados de um “espírito” mau do passado? Por que o meu corpo tem que pagar pelos pecados do meu “espírito”? O meu corpo não é uma criatura passiva, portanto, inocente? E, ainda, no que tange ao espiritismo ocidental especificamente kardecista temos a dizer que: 1) a afirmação de que os “espíritos” de cunho espírita vêem coloca os cegos na condição de seres sem “espírito”, de seres deserdados; 2) tal espiritismo, que se autoproclama avançado, científico, não passa de uma baita ficção reacionária* (de uma sofisticação espalhafatosa, extremada, ultra-especulativa, sensacionalista, fantasiosa, vazia – que acaba indo de encontro aos interesses da elite). Enfim, não passa de uma distorção: desconsidera-se os fatos sociais desta vida (reais) e considera-se os fatos sociais de uma vida passada que não existe. Uma mentira, uma distorção não é inócua: tem conseqüências práticas negativas para a sociedade (justificar as injustiças sociais). Uma distorção significa um problema – e não uma solução. *Reza o ensinamento espírita de que se evolui fazendo o bem e de que quem sofre hoje é porque foi egoísta e/ou mau no passado. E, quem majoritariamente sofre, hoje? Não são os 1,4 bilhão de miseráveis da Terra? Ora, então os miseráveis, para evoluírem, teriam que ser bons, ajudar o próximo, fazer caridade. Aqui é que está a crueldade: quem não tem quase nada ainda ter que dividir com o próximo. Por outro lado, quem é majoritariamente feliz hoje (os ricos ou quase ricos) já são espíritos ou seres superiores (sic)**, que têm pouco a evoluir e pouco a ajudar o próximo. Conclusão: quem não tem muito tem que dividir, quem tem muito não precisa dividir. Definitivamente, esta não é a teoria entreguista e alienante que a elite pediu a Deus? **Testemos a teoria espírita: se os 1,4 bilhão de miseráveis/ignorantes da Terra são ainda seres inferiores e sofrem expiações em função do cometimento de atos egoístas e/ou delituosos no passado, há de se concluir que os ricos e os quase ricos são o outro lado da moeda – os seres já evoluídos, superiores (sic)***. Ou, então, se os espíritas negarem que os ricos e os quase ricos são os seres evoluídos, superiores, perguntemos: então, onde eles estão? Ou eles simplesmente não existem? Ou o espiritismo é a negação da evolução? Ou o espiritismo é a alienação e o atraso? ***Pasmem: se a teoria espírita for levada a sério há de se concluir que a evolução desemboca em seres egoístas (os ricos) ou em seres alienados e alienantes/entreguistas, em cúmplices da ilusão (os quase ricos espíritas) 31 que tal princípio tenha penetração em regiões pobres (de parcela da Ásia)? Tal princípio não seria a justificativa perfeita para legitimar misérias (inclusive castas sociais)? 59 Assim, parece-nos que o espiritismo religioso pode ser encarado como um “anticristo” da vida 60 (também por ser um paradigma religioso bem FORA DA REALIDADE). 25- FALSOS PROFETAS: DEFEITOS DAS RELIGIÕES (Fundamentalmente pelo fato de pregarem determinadas coisas bem fora da realidade). 26- O ESPIRITISMO KARDECISTA É CIENTÍFICO? Em primeiro lugar, temos a dizer que o espiritismo kardecista é demasiadamente especulativo e que especulação e ciência não se combinam, são coisas incompatíveis ou inimigas. Em segundo lugar, e especificamente, jamais poderá ser científica 61 a doutrina que nega o caráter psico58 Ou seja: se somos felizes agora é porque fomos bons no passado; se somos infelizes (e pobres) agora é porque fomos maus no passado. Aliás, questionemos: o carma é tão fatalista como apregoam seus criadores? Não podemos sofrer e ser extremamente felizes numa mesma encarnação? Mais ainda: se sofremos não é por que recebemos um fardo pesado do nosso meio social - porque nos reproduzimos aos montes (e nos desvalorizamos), porque somos inocentes, porque somos desunidos, porque somos acomodados, porque somos despreparados, porque somos ignorantes, porque somos irresponsáveis, porque somos alienados, porque somos burros, porque deixamos que nos enganem, porque não sabemos como nos proteger? A resposta está aqui e nesta vida. O resto é alienação, ilusão. Mais ainda: o grande pecado do “carma” religioso é que a parte boa (a recompensa) se aplica aos ricos e a parte ruim (o castigo) se aplica aos pobres. 59 Mas, pode-se contra-argumentar: o espiritismo também prega a caridade. No que questionamos: deve-se dar o peixe ou ensinar as pessoas a pescarem? Por que não se mudar a dosagem na distribuição da riqueza, acabandose com a necessidade de se aceitar esmolas? Não seria por que a informalidade (voluntariedade) custa bem mais barato para a elite do que a formalidade (compulsoriedade)? 60 Aliás, em relação ao espiritismo reencarnacionista, a Bíblia é taxativa: “não se achará no meio de ti (...) nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor” (Deuteronômio 18: 10, 11, 12). Mesmo que consideremos que isto eventualmente se deva ao fato de que as religiões concorram entre si, trata-se de uma recomendação muito feliz. Mas, não seria interessante dar mais uma chance ao espiritismo? Ou seja: tudo não se deveria ao fato de que o mesmo espiritismo acerte no atacado (intenção teórica) e erre no varejo (desdobramentos práticos) – de modo que o certo (teórico) termina gerando o errado (prático)? Enfim, não seria caso de maldade contra os ignorantes/pobres, mas apenas ignorância ou descuido por parte dos espíritas (tal qual os socialistas/comunistas, que sonham com uma sociedade justa mas não sabem como OPERACIONALIZAR tal caminho)? Você decide! 61 Aliás, o fato de os espíritas se considerarem “científicos” não passa de uma grande piada - digna de ser inscrita no “Guinness Book”. O que eles são, na verdade, é cialienantes*. *pois, via carma religioso, nos remetem do “aqui agora” real para um mundo distante do passado, pois negam o que somos e fazemos nesta vida - só numa “próxima vida” (sic) é que vão reconhecer o que estamos fazendo agora. Aliás, tal visão é tão errada quanto um psicólogo ignorar tudo o que um paciente tem feito nesta vida. Assim, ignorar as causas sociais de nossos infortúnios (enquanto vivos) e atribuí-las às causas espirituais, aos mortos (e não aos vivos) do passado é uma grande infelicidade, um grande desserviço à humanidade: É o endeusamento do passado. É como se o presente não existisse. É como se nós não existíssemos. É como se fôssemos seres decorativos, de mentirinha (pois só o passado existe, só o passado distante explica)**. É a nossa negação. (Quer um exemplo? Pois bem, um dia um espírita teve sua mão decepada por uma máquina. Sabe qual foi a explicação dele para o fato? Ora, segundo ele, os “espíritos” tinham lhe “revelado” que aquilo era um expiação sofrida em função dele ter sido egoísta numa encarnação passada – além do mais, os “espíritos” ainda tinham lhe revelado que ele não perdeu o braço inteiro porque já estava reparando seus erros no presente. Moral da história: os espíritas criam uma sofisticação fantasiosa e desnecessária. Nesse exemplo relatado, eles estão negando um fato presente bem simples e óbvio: tal espírita simplesmente foi descuidado, inábil – o que lhe custou a mão. Aliás, só para darmos o xeque-mate, façamos o seguinte teste: coloquemos agora na máquina a mão de um espírita bem evoluído, com pouquíssimos pecados passados. Você há de convir que se a teoria espírita estiver certa, tal espírita não vai sofrer qualquer mutilação – pois os espíritos ou seres superiores são recompensados com a felicidade. Mas, garantimos que tal espírita vai se estrepar todinho - que vai ser devorado pela máquina e vai sofrer... como sofreu (sic) Jesus Cristo, que os espíritas dizem ter sido um espírito superevoluído ou puro que passou pela Terra. Afinal de contas, o problema, no caso do espírita mutilado, é a imperícia – e não uma vida passada, que não existe). Enfim, é a alienação em processo. 32 psiquiátrico-neurológico da mente (alma)62 humana, que nega as ciências psico-psiquiátriconeurológicas (notadamente nos casos mais complexos e polêmicos - em que os espíritas ignoram os fatores psico-psiquiátricos, atribuindo-os a fatores obsessivos ou a espíritos maus e/ou desorientados) – apesar de que, contraditoriamente, os espíritas também reconheçam o valor da medicina convencional. É a incoerência em processo 63. 27- CARMA. À toda ação há uma reação. À toda causa há uma conseqüência. Colhemos o que plantamos. Só há um porém: este processo lógico-compensatório está ligado a esta vida. Não tem nada a ver com vidas passadas. Aqui está a diferença entre o carma relativista e o carma religioso. 28- ESPÍRITO SOBRENATURAL (REENCARNADO)?... BAH! O que existe é a energia retirada dos alimentos, do ar e da água. O espírito provém do sangue. É a partir do sangue que tudo se forma (pele, ossos, coração, cabelo, cérebro/pensamento, etc). Aliás, quer ver como não é um “espírito” vindo do passado (reencarnado) que nos comanda? Ora, peça a um espírita que retire todo o sangue do seu corpo e peça a ele que mande o espírito vindo do passado colocar-se no lugar do sangue e dar-lhe vida (ou inteligência). Pura perda de tempo. O espírita vai pro beleléu. Não há espírito reencarnado que reanime um corpo (ou lhe dê inteligência) sem sangue. 29- SANGUE. Não é puro. É híbrido. Fica na faixa intermediária entre a energia e a matéria (sendo um pouco de cada coisa). Desse modo, tem traços de quase energia e de quase matéria (é matéria-energia). 30- DE ONDE PROVÉM O PENSAMENTO? A consciência, o pensamento é produzido no cérebro, provém do cérebro. Mas, o cérebro não é independente: o bom funcionamento deste órgão depende também do bom funcionamento de todos os outros órgãos/tecidos/células. Estes, por sua vez, se nutrem de todo tipo de elementos – simples ou compostos – extraídos da Natureza (ar, água, alimentos). Ora, sem a Natureza (fonte primitiva) não há células/tecidos/órgãos (derivações). Sem órgãos, não há pensamentos (consciências). E, se não há pensamentos/consciências, também não há Deus. Conclusões: primeira, sem a Natureza 64 Deus deixa de existir; Segunda, não foi Deus (sobrenatural) que **Mais precisamente: um materialista vai dizer que a única coisa que existe é o PRESENTE (pois o passado já passou e o futuro ainda está por vir). Já um espírita se agarra justamente no que é distante (o passado e o futuro)***, ignorando o presente – que é o que importa. ***Há uma defasagem no tempo: só se colhe no futuro, não se colhe no presente (o passado é colhido hoje e o hoje será colhido no futuro). É aquela história: viver, no presente, pode; colher, no presente, não pode. É coisa típica de conservador, de prometedor – de quem não quer distribuir e recompensar (dando a desculpa de que vai fazê-lo no futuro). 62 Para ser mais exato, a alma é o resultado da interação entre a energia (criação) e a matéria (conservação). É o resultado da interação entre a mente e o corpo. E o apogeu dessa interação se dá no cérebro. O cérebro é o laboratório ou núcleo da alma. O cérebro é o sistematizador de todo tipo de estímulo (seja orgânico, seja ambiental, seja social ou cultural). 63 O espiritismo tanto pode negar a ciência (disfarçadamente) como pode aliar-se a ela (notadamente nos casos mais simples, corriqueiros e impossíveis de serem contestados*), conforme o jogo fisiológico de seus interesses. Não há uma identidade. É a velha tática maquiaveliana de dividir para reinar. *por exemplo: se um espírita disser que uma depressão, um abscesso ou uma cefaléia são causadas por um espírito mau, tal espírita vai acabar sendo vítima de escárnios ou chacotas mil: vão rir da cara dele (mesmo as pessoas menos cultas). 64 Reforcemos a nossa argumentação. Pois bem, só temos a noção de Deus porque somos seres conscientesracionais. Diferentemente, os minérios, a flora, a fauna, não têm a noção sobrenatural de Deus. Todos eles sentem a existência (cada um a seu modo). Porém, não criam teorias ou explicações para os acontecimentos existenciais: apenas fazem, não tentam justificar seus atos (ações, reações). Todos eles são extremamente humildes, simples. Já o homem é um ser complicado: investigativo, insatisfeito, conquistador, ambicioso. E, na ânsia de atingir a completude, de reafirmar a sua “grandeza”, ele cria coisas simplesmente 33 criou a Natureza, foi a Natureza (primordial) que criou Deus (sobrenatural): Natureza => suprimentos/nutrientes => cérebro => pensamentos/consciências => Deus sobrenatural65. 31- TUDO O QUE VOCÊ TEM VOCÊ DEVE À NATUREZA. Você tem uma casa? As telhas, as madeiras, o cimento, os tijolos, as portas, as janelas, os pisos cerâmicos, as fiações, os encanamentos, etc, tudo foi produzido a partir de matérias-primas extraídas da Natureza. Você tem um computador? Você tem um carro? Você tem uma geladeira? Você tem mais coisas ainda? Pois é, tudo o que você pensar é feito de componentes (peças e mais peças). E todas elas são confeccionadas a partir de matériasprimas extraídas da Natureza. Mas, alguém pode questionar: Nem só de matéria vive o homem. Não se pode pensar apenas na matéria. O homem não necessita só de matéria. Ora, acontece que a Natureza não é só composta de matéria: não há somente os átomos pesados (e presos), há também os átomos leves (e livres) – digamos, assim, os átomos espirituais. Assim, conforme está colocado na nota de rodapé de nº 64, até o espírito/consciência/pensamento (que provém do cérebro) necessita dos nutrientes/suprimentos extraídos da Natureza. Mais ainda: até a noção psíquico-física (real) de Deus só pode ser vivenciada dentro de um contexto natural, considerando-se a existência de uma energia natural que nos envolve (vide nota de rodapé de nº 68). 32- DEUS x NATUREZA. Há alguma incompatibilidade entre Deus e a Natureza? Absolutamente não. Na verdade, é tudo uma coisa só66. Ora, pensemos: não é sabido que tudo o que está criado é fruto de muita inteligência? É sim, é fruto de muita inteligência. Mas, tal inteligência não provém senão de uma energia primordial, de uma Natureza primordial, de uma supermente ligada a criaturas e pensamentos pouco intensos/fracos (mas abrangentes, de longo alcance, inteiros). Portanto, os corpos e pensamentos fortes de hoje (mas quebrados, de pouco alcance, bloqueados) são derivados dos corpos e pensamentos fracos (existentes na “fornalha cósmica” primordial), são derivados daquela Natureza (bem mais energética que material). Só para reforçar: na Natureza primordial (matéria fraca) também há pensamento (mesmo que menos intenso) – o pensamento não é exclusividade da matéria forte. E, é justamente aquele pensamento mirabolantes/sensacionalistas... descoladas da Natureza. Ao negar o que é, ao negar a Natureza (da qual provém, da qual é filho) ele age contra si mesmo. Se não, vejamos. Ora, a consciência gera pensamentos. Os pensamentos são produzidos pelo cérebro. O cérebro é abastecido pelos elementos extraídos da Natureza: sem o ar, a água, os alimentos, nenhum cérebro se forma (no útero). Assim, sem tais elementos naturais (repassados ao feto através do cordão umbilical), seus bisavós, avós, pais, jamais teriam sido gerados... e você também. E, sem a existência corpórea (consciente) não há pensamento (forte, intenso)... não há a noção de Deus. Moral da história: quem nega a Natureza nega a Deus (o Deus real). Mais ainda: quem nega a fonte... nega o produto (nega a si mesmo). 65 Aliás, chegou a hora de darmos o xeque-mate. Tomemos duas medidas práticas. De um lado, paremos de pensar em todos os deuses sobrenaturais criados pela elite (Jeová, Alá, etc), por um período de sete meses. De outro lado, paremos de respirar/tomar água/comer, por um período também de sete meses. Ora, em se tomando a primeira medida, garantimos a você que sua vida não vai sofrer nenhum grande abalo. No entanto, se você tomar a segunda medida, o mínimo que vai acontecer-lhe é você perder a sua preciosa vida (e única). Conclusão: você pode muito bem abrir mão dos deuses sobrenaturais da elite (que não admitem a relativização/oscilação das coisas, que são dogmáticos), mas jamais poderá abrir mão da Deusa-Natureza (a verdadeira: a que faz falta, de fato – e admite a relativização/oscilação das coisas: o imprevisível, as combinações energéticas imprevisíveis, a surpresa incerta). 66 Analogicamente, poderíamos dizer o seguinte: o papo-de-peru cheio (abrangente/volumoso/fino/fraco) é o mesmo papo-de-peru vazio (limitado/diminuto/grosso/forte) – estamos falando aqui da espessura da parede do papo-de-peru (dos corpos). Da mesma forma, poderíamos dizer que pai e filho não são diferentes: o pai tem cabelos e o filho tem cabelos, o pai tem ossos e o filho tem ossos, o pai tem pele e o filho tem pele, o pai tem olhos e o filho tem olhos, etc. Em termos teológicos ficaria assim: o pai tem energia (fraca) e o filho tem energia (forte). A Natureza forte (homem) é derivada da Natureza fraca (Deus). Finalmente, ainda poderíamos dizer que Picasso não existe sem as suas telas e estas não existem sem Picasso: obreiro e obra não se separam – pois os quadros e as tintas, bem como o pintor (seu corpo), são originários de uma única fonte: a Natureza. (São as duas faces da mesma moeda – da mesma forma que Deus e o homem são as duas faces da moeda Natureza). 34 primordial fraco que rearranja os átomos (livres) e cria os corpos. Em suma: o espírito divino não é mais que aquela Natureza primordial (bem mais energética que material) 67. 33- O CRIADOR ESTÁ FORA, SEPARADO DA CRIAÇÃO? OU SERÁ TUDO UMA COISA SÓ? A resposta deve provir da observação dos fatos, da observação da realidade. E, os fatos, por uma questão hegemônica de lógica, comprovam que OS MILAGRES ACONTECEM MAS SÃO RAROS (e não acontecem muitas vezes para uma mesma pessoa). Assim, isto não seria o reflexo dos bloqueios inerentes ao aprisionamento material de parte da energia divina? Não seria a prova cabal da veracidade da teoria panteísta? Não seria a prova cabal de que a criatura é um pedaço constitutivo do criador, não se separando dele?... Da mesma forma que os seres humanos não se separam dos seus tecidos e órgãos, os quais não se separam do meio ambiente que os cercam, o qual, por sua vez, é constituído de uma energia impessoal imanente a tudo? Da mesma forma que a matéria é derivada da energia invisível, da mesma forma que tudo é originado da energia invisível (hegemônica no estágio primordial... e em parte aprisionada no estágio atual)? 34- O PANTEÍSMO MATA DEUS? Não. Não há nenhum problema em considerar o mundo material como um pedaço de Deus. Ora, a matéria não é a energia condensada (grudada, presa)? Portanto, a matéria não elimina Deus (a energia criadora) mas apenas o aprisiona e o limita – conforme estabelece a Incompletude eternizante. 35- VANTAGENS DO PANTEÍSMO. Primeira: O panteísmo nos recomenda que nos dediquemos mais à preservação deste planeta (pois não cremos num outro, supostamente supermaravilhoso no futuro). Segunda: Decorrência da primeira, não induz ninguém à troca desta vida por outra vida supostamente supermaravilhosa no futuro (o que tem gerado os famosos homens-bomba, kamikazes do oriente médio). Terceira: O panteísmo tem como outras qualidades o fato de ser equilibrado, moderado, holístico (o que o torna mais próximo da verdade). 36- POR QUE ALGUMAS RELIGIÕES TEMEM O PANTEÍSMO? Em primeiro lugar, porque o panteísmo, em parte, despotencializa Deus, tornando-o, no estágio relativo, menos poderoso do que apregoam tais religiões. Assim, ao tornar o remédio menos “atraente”, tais religiões temem perder poder junto aos seus fiéis. Em segundo lugar, porque o Deus impessoal representa uma ameaça ao título de propriedade. Ou seja: não sendo Deus propriedade de nenhuma religião, mas justamente uma presença físico-viva, implica a perda do poder do “sagrado”, do incontestável particular (privativo de tal religião... que se autoproclama como sendo a verdadeira “palavra de Deus”). Em suma: ser contra o panteísmo significa ser contra a divisão do poder, significa o apego à soberba (em detrimento do realismo humildizado e democratizado: dividido... mas... compartilhado... integrado). Significa ainda não aceitar a relativização, o questionamento, o debate, a evolução (própria desta vida que se caracteriza por uma palavrazinha mágica chamada “movimento”, ou seja, oscilação/transformação). 37- NOÇÕES DE DEUS. Existem duas: a química e a psíquica 68. A noção química é típica dos seres inorgânicos (minérios, por exemplo) e da flora (vegetais). Trata-se 67 Uma visualização prática seria a seguinte: determinados átomos livres se combinariam e formariam um ser inteligente (Deus). A partir daí, com o seu pensamento, todos os átomos livres à sua volta seriam combinados – criando todos os seres do Universo. Do ponto de vista físico, tudo seria espírito de luz, de pouca visibilidade (transparente) – tal qual, ilustrativamente, o personagem dos desenhos animados chamado “Gasparzinho”. Ora, aqui não haveria bloqueios, mas ganhar-se-ia a visão raio X (abrangência experimental), acompanhada da ininterferência e da instantaneidade. Aqui estaria configurada a potencialidade. Aqui estaria Deus experimentando e memorizando (ganhando doses crescentes de conservação), abrindo caminho para a materialização forte (em termos de definição e intensidade) que viria a ser implantada mais à frente: esculpindo os DNAs das espécies e as matérias inorgânicas. 68 Por sua vez, existem duas noções psíquicas: a física e a metafísica. Ora, o homem procura entrar em contato com Deus, ser arrebatado por ele. Até aí, tudo bem. O problema é que Deus foi, de certa forma, 35 de uma noção (reação) bastante elementar, obediente, previsível, automática. Aqui, tais seres já citados não questionam, não reinventam a roda: apenas reagem conforme a predisposição química que lhes é intrínseca (de modo a não contestar, mas, a reverenciar a Natureza). Já a noção psíquica é típica dos seres orgânicos-conscientes-racionais (homens). Aqui, a rebeldia se instala. Aqui, as possibilidades se multiplicam. Aqui, os limites podem ser ultrapassados. Aqui, a consciência criativa pode desenfrear-se e desembocar no sensacionalismo – distanciando-se da simplicidade do mundo natural, negando as bases naturais. Aqui está a diferença básica entre a noção química e a noção psíquica: enquanto a noção química tende a seguir e valorizar a Natureza, a noção psíquica (especificamente a atrasada, míope) tende a desvalorizar a Natureza. Aqui, a inconsciência parece ser mais madura e sábia que a consciência. Aqui, parece não haver progresso humano. Aqui, parece prevalecer o atraso (sobrenatural). 38- SOBRENATURALISMO. O sobrenaturalismo troca o que existe pelo que não existe. É o precipício em processo. É a traição em processo. É a hipocrisia em processo. É o pecado em processo. 39- PROGRESSO TECNOLÓGICO x PROGRESSO RELIGIOSO (FILOSÓFICO). A humanidade pode gabar-se de já ter produzido um considerável progresso tecnológico. Por outro lado, em termos de progresso religioso, encontra-se na idade da pedra. 40- SABEDORIA. É moral. Pode visar o pessoal (egoísta) ou o coletivo (solidária). Em termos de eficiência, seria a capacidade de ultrapassar obstáculos (não importando que meios sejam utilizados). Em termos de ética, seria a capacidade de gerar equilíbrio/respeito. 41- A PERGUNTA MAIS TOLA DO MUNDO: Deus existe? 42- A PERGUNTA MAIS SÁBIA DO MUNDO. Qual a sua configuração: o que é Deus? 43- O VERDADEIRO PARTIDO DE POBRE. Não é o PC (Partido Comunista): é o PF (Poucos Filhos)69. 44- O INVESTIMENTO MAIS INTELIGENTE QUE UM POBRE PODE FAZER: Não é aplicar na poupança, na bolsa de valores, na renda fixa, em um pequeno negócio, etc: é ter poucos filhos70. despotencializado (com o advento da materialização de parte de sua energia). E, outra questão fundamental é que nós já fomos brindados com boa parte de seus atributos, de forma que não devemos esperar que ele faça tudo por nós. Ele não quer pessoas mimadas, inexperientes, dependentes, acomodadas, exploradoras, abusadas – pessoas que renegam seus potenciais, não os explorando, jogando-os no lixo (só para depender de outrem). É por isto, então, que ora ele se manifesta e ora não. Então, nas ocasiões cíclicas de alta, em que ele se manifesta, ocorre uma relação bilateral - uma relação correspondida (em que procurador e procurado se encontram). Aqui, tem-se uma noção física (real) de Deus. Já nas ocasiões cíclicas de baixa, em que ele não se manifesta, ocorre uma relação unilateral – uma relação não-correspondida (em que procurador e procurado não se encontram). Já aqui, tem-se uma noção metafísica (ilusória) de Deus. 69 Ou seja: “votando” no PF o pobre deixa de depender de governo, político, empresário, igreja, etc – no tocante à parte financeira. 70 Pois, segundo prescreve a “Lei da Oferta e da Procura”, quanto menor a oferta de trabalhadores (quanto menos pessoas se oferecerem para trabalhar) maiores os salários... e vice-versa - não nos esqueçamos que a força de trabalho é uma mercadoria como outra qualquer, comprada e vendida livremente (comprada pelos empresários/Estado e vendida pelos trabalhadores). Em miúdos: a escassez valoriza (encarece) e a abundância desvaloriza (barateia). Aliás, reflitamos: o que evidencia os baixos salários em grande parte do mundo subdesenvolvido? Evidencia um excedente de seres humanos no nosso planeta. E, NÃO HÁ OUTRA MANEIRA de reverter essa desvalorização humana: um duríssimo controle da natalidade (pois o MAIS ou excesso do passado terá que ser compensado com um MENOS ou restrição no futuro). Aqui se comete excessos e aqui se paga pelos mesmos excessos. É a lei da compensação. É a penalização do futuro (como já ocorre na China, onde se limitou o número de filhos por casal). Não será uma tarefa feita da noite para o dia reduzir a população do nosso planeta. Mas, ou se faz isto (décadas após décadas) ou se perpetua o caos. 36 45- ONDE MEXER. Deve-se manter o que está equilibrado, mexendo-se apenas no que está DESEQUILIBRADO/CONCENTRADO/EXAGERADO. 46- A MAIOR TOLICE ESQUERDISTA DE TODOS OS TEMPOS. É achar que os pobres devem ter muitos filhos, justamente para engordar a camada do proletariado (dos pobres) e, assim, fazer a revolução armada71. 47- REVOLUÇÃO E MODERAÇÃO. Pode-se ser revolucionário justamente sem ser radical72. A verdadeira revolução (eficiente) é a moderada73. 48- INTERNACIONAL SOCIALISTA x INTERNACIONAL NATALISTA. A Internacional Socialista é coisa do passado. As esquerdas inteligentes do mundo inteiro deveriam se unir em prol da causa da baixa procriação. Ora, é uma burrice ter acesso aos meios de comunicação em períodos eleitorais e não recomendar aos pobres que tenham poucos filhos. Esta deveria ser a GRANDE plataforma – pois aí está o “pulo do gato”, o “xeque-mate”74. 49- BURACO NEGRO EQUALIZADOR. O controle da natalidade é o grande equalizador do universo socioeconômico. É o fator mais importante de qualquer ajuste. É ele que atrairá todas as outras variáveis socioeconômicas que estão desequilibradas e as conduzirá rumo ao equilíbrio (preservação da Natureza, controle orçamentário do governo ou orçamento equilibrado, justiça salarial, emprego, judiciário eficiente, baixa criminalidade, baixa corrupção, baixo stress nas relações de trabalho, sintonia entre investimento e consumo, estabilidade econômica, paz, etc). É o grande purificador do mundo. O seu único defeito é que é um instrumento lento, de longuíssimo prazo (apesar de ser o único eficaz). 50- QUEM VAI SALVAR O MUNDO? Será Jesus Cristo (ou qualquer outro profeta)? Não. O grande responsável pela salvação do mundo chama-se “controle da natalidade”. O resto é teoria escrita bem lá atrás, quando o homem tinha poucos conhecimentos – ou, pelo menos, quando não tinha o conhecimento que se tem hoje. O resto é teoria arcaica, ultrapassada (em parte). Além do mais, é bom esclarecer, o mundo não será salvo exclusivamente pelo trabalho de apenas uma pessoa. Todas as pessoas que agirem moderadamente contribuirão para salvá-lo. Aliás, é por causa de uma “esquerda” burra dessa que a “direita” deita e rola. Assim, como se comporta como idiota, a “esquerda” tradicional (revolucionária) acaba perdendo para a “direita” na disputa eleitoral, no campo do debate político. E, como não consegue vencer a “direita” no campo da inteligência, opta por vencê-la no campo da força bruta (batalha armada). Aliás, também, a diferença entre a esquerda e a direita é que a esquerda é burra e a direita é conservadora. Assim, os pobres ficam sem saída , sem escolha (se recorrem a um, se estrepam; se recorrem a outro, também). 72 Aliás, por que as revoluções marxistas fracassaram, enquanto outras “revoluções” triunfaram? Ora, o marxismo optou pela revolução radical (burra), enquanto países como os nórdicos (Suécia, Noruega, etc) optaram pela revolução moderada (inteligente) – centrada apenas na dosagem das coisas, e não na ineficaz e desnecessária substituição das coisas. Portanto, se a boa dosagem for atingida (ponto de equilíbrio), não há mais nada a inventar. 73 Mais claramente: as pessoas fazem uma verdadeira confusão, confundem tudo. Ou seja: elas pensam que ainda estão no estágio absoluto, onde tudo é rápido. Ora, no outro estágio, o relativo, tudo é lento. Assim, é contra a natureza relativa (materializada, humana) querer que as transformações sejam rápidas, revolucionárias – o que, na prática, é impossível. Portanto, a revolução é intrínseca ao passado (Absoluto), enquanto a evolução é intrínseca ao presente (Relativo). E, embarcar num devaneio utópico-infantilóide-ignorantóide-revolucionário só nos leva a quebrar a cara. 74 Ou seja: mesmo que os conservadores tentem bloquear quaisquer reformas sociais, tais bloqueios serão infrutíferos após um período de 300 anos, por exemplo, de aplicação do racionamento de filhos (por parte dos pobres). Quem controla a natalidade tem poder, tem força, tem proteção. Aqui está a revolução mais inteligente do mundo: não só é pacífica, civilizada, de alto nível, como é silenciosa (discreta). Aliás, se as mulheres podem recorrer à arma legítima da “greve de sexo”, por que os pobres vão ignorar a arma legítima da “greve de filhos”? Por que não utilizá-la? Por que não se proteger? (Além do mais, esta “revolução” é bem simples e fácil – ao passo que fazer revoluções armadas é uma coisa complicadíssima, desgastante, traumatizante). Observação: não se trata de conspirar contra a elite. Buscar a MODERAÇÃO, em qualquer área, é antes de tudo um ato de sabedoria: um ato de amor-próprio e de amor ao nosso planeta (enfim, um ato de responsabilidade). 71 37 51- DETALHES. A diferença entre quem pode e quem não pode está no COMO. Ou seja: de nada adianta indicar um caminho se não se descrever as rotas ou passos para se chegar até lá. Quem não entra em DETALHES, práticos, pouco contribui para melhorar o mundo. É como uma garrafa de vinho com um rótulo famosíssimo, mas vazia, sem conteúdo, sem ação. É como alguém que promete um tesouro magnífico mas não mostra o mapa do mesmo tesouro. Por exemplo: Que valor tem um político que diz “eu prometo para o povo mais educação, saúde, segurança...” mas não diz COMO, não entra em DETALHES. Do mesmo modo, que valor tem uma Ferrari lindíssima sem gasolina no tanque (sem conteúdo, sem essência, sem detalhes)? Portanto, a diferença entre quem merece o nosso respeito e quem não o merece está na existência ou não de DETALHES (em todas as áreas do conhecimento humano, e não apenas em teologia). Só para concluir: quem detalha (ou detalha muito) é INFINITAMENTE SUPERIOR a quem não detalha (ou detalha pouco) – a quem fica usando chavões vazios, com pouco poder de transformação. 52- QUAL A POPULAÇÃO IDEAL PARA O NOSSO PLANETA? Quando a Terra eliminar o desemprego, os salários forem dignos para todos (estamos falando de justiça, não de igualdade absoluta) e a Natureza estiver preservada.... ter-se-á atingido a população ideal – menor que a atual. Portanto, basta se reduzir a população atual (mais de 6 bilhões de pessoas) até atingir o quadro ou estágio com as três características já citadas. 53- SAGRADO X HUMANO. É anacrônica ou ultrapassada a visão de que para se formular coisas pertinentes ou éticas tem que ser alguém sagrado (“filho de Deus”). Ora, uma professora pode ensinar coisas corretas a seus alunos e nem por isso será chamada de Messias. O mesmo pode ocorrer com os pais em relação a seus filhos. Portanto, tiremos o manto da divindade dos ombros dos profetas. (Talvez a culpa seja daqueles que escreveram coisas sensacionalistas/exageradas sobre os mesmos profetas). 54- RELIGIÃO E ELEIÇÃO. Pelo fato de competirem entre si, algumas religiões acabaram exagerando na dose, pregando coisas fora da realidade (só para impressionar e, assim, conquistar um número maior de fiéis). Neste sentido, alguns de seus aspectos sensacionalistas terminam por promover a deseducação no seio da sociedade. (aliás, o mesmo acontece com os políticos: alguns, na hora da eleição, para se elegerem, prometem coisas sem embasamento nos fatos, coisas impossíveis de implementar na prática, coisas impossíveis de serem cumpridas). E, pergunta-se: de quem é a culpa pelo fato de que algumas pessoas se declarem atéias? Ora, a culpa é da própria igreja. Ao pregar coisas sensacionalistas, exageradas, fora da realidade, a igreja empurra tais pessoas para o ceticismo. O descompasso entre a pregação sensacionalista e os fatos observáveis conduz à negação de tal pregação sensacionalista. O tudo conduz ao nada. Extremo gera extremo (oposto). A fé total (que não tem embasamento) conduz ao ceticismo total (que também não tem embasamento). Se a igreja fizesse uma pregação moderada e relativista isto não ocorreria. 55- COISA x DOSAGEM. Uma coisa não tem valor pelo simples fato de ser coisa. Por exemplo: há quem imagine que criar cooperativas, por possibilitar a democratização do capital, é a melhor coisa para um país. Ora, a criação de uma cooperativa não quer dizer absolutamente nada75. O que vai ser benéfico para o país (e para os cooperados) é que a sua administração seja equilibrada, bem conduzida. Assim, é melhor 75 Do mesmo modo, dizem que as crianças são importantes, que são o futuro de um país. Assim, bastaria tê-las à vontade. Ora, ter crianças não é nenhuma vantagem (Índia e China que o digam). Ter por ter não quer dizer absolutamente nada. (E até pode ser uma desvantagem se elas se tornarem meninos-de-rua e/ou analfabetas, por exemplo). O importante é ter uma quantidade compatível com a renda de cada um: O importante é ter dois filhos, por exemplo, e destinar ao conforto dos mesmos uma renda mensal de R$ 1.600,00, por exemplo (cabendo R$ 800,00 a cada um, por mês) – ao invés de ter dez filhos, por exemplo, e destinar ao desconforto dos mesmos uma mesma renda mensal de R$ 1.600,00 (cabendo, agora, R$ 160,00 a cada um, por mês – o que é desumano e irresponsável). 38 estar na condição de assalariado mal pago do que na condição de proprietário de uma empresa coletiva que, mal administrada, só vá dar prejuízo. (É preferível ter +5 na mão do que –500: é preferível ter pouco positivo na mão do que muito negativo). Portanto, o que vale é o resultado, a qualidade, o conteúdo, o teor: a dosagem. 56- INCONSCIENTE CONDICIONADO. O que tem mais peso na determinação do comportamento correto das pessoas? Seria a escolha religiosa? Não. O que mais pesa são as dosagens das atitudes construídas no dia-a-dia. E, as nossas atitudes de hoje são uma resposta ao confronto das possibilidades opostas experimentadas ontem, como por exemplo: conforto/desconforto, certeza/dúvida, plenitude/vazio, sabedoria/ignorância, encontro/desencontro, supervisão adequada/mimo, equilíbrio/egoísmo, alegria/frustração, diversificação/rotina, harmonia/revolta, satisfação/trauma, experiência/inexperiência, maturidade/imaturidade, etc. Comportamentos desequilibrados ou desumanos não significam a ausência de princípios religiosos mas, sim, a prevalência considerável de fatos negativos na vida da pessoa (a existência de um inconsciente condicionado traumatizado NÃO TRATADO ou então imaturo ou narcisístico). Portanto, o mergulho profundo nos seus traumas e defeitos é que vai melhorar o ser humano – independentemente da religião que tenha, independentemente das pregações das religiões mais especulativas (que, por exemplo, atribuem a má conduta à influência do “Diabo”, uma força de fora do meio social). Em outras palavras: os atos são bons se BEM DOSADOS, e não se são pregados por esta ou aquela religião. Mais detalhadamente: os atos são bons se estiverem EQUILIBRADOS. É o distanciamento do extremismo ou do exagero (e também da imaturidade e do narcisismo), sim, é que construirá um inconsciente condicionado responsável, pacífico e justo. 57- AMOR X JUSTIÇA. Prefira a justiça ao amor. Isto porque nem todo amor é bom. Quando excessivo, o amor se torna maléfico (tanto quanto a frieza excessiva). Portanto, prefira a justiça – porque representa o EQUILÍBRIO. 58- O QUÊ x COMO. Há quem pense que a frase “o trabalho dignifica o homem”76 não passa de uma jogada ideológica da elite: de uma estratégia que visa incentivar um trabalho que, na verdade, embrutece, mutila, consome o homem. Na mesma linha, há quem critique o fato de que haja separação entre o trabalho intelectual e o manual. Ora, primeiramente, quanto à frase supra citada, cabe esclarecer que o trabalho tanto pode dignificar quanto embrutecer o homem (dependendo das condições). Portanto, a questão não é criticar o trabalho77, mas exigir que haja boas condições de trabalho e boa remuneração. Quanto à separação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, novamente, o problema não está aí: sempre vai haver hierarquia, mando. A questão é propiciar que haja respeito da parte intelectual em relação à parte manual (que tem sua importância) e que a diferença salarial entre ambos não seja tão grande quanto atualmente. Outro caso: Há quem critique as privatizações, como se elas representassem o fim do mundo. Ora, há casos (dolosos) em que quadrilhas de funcionários estatais se unem à quadrilhas privadas, metendo a mão no dinheiro público. Há casos em que a gestão estatal (culposa) é apenas irresponsável e o dinheiro público novamente sai pelo ralo. Há casos em que a gestão estatal é responsável, honesta, rigorosamente supervisionada: bem administrada. Há casos em que as privatizações resultam em demissões e piora da qualidade dos serviços prestados. Há casos em que as privatizações resultam em atingimento da eficiência econômica (abandono dos prejuízos de outrora) e em redução de preços. Mais ainda: Há esquerdista que acha que todo empresário é explorador, ganancioso. Ora, isso não é verdade sempre: há empresários de alto nível, compreensivos, humanos, pouco gananciosos – da mesma forma que há empresários desumanos, selvagens, bárbaros. Na verdade, há de tudo: empresário que rouba trabalhador, trabalhador que rouba 76 Aliás, não é comum os ociosos se sentirem entediados, imprestáveis, atolados no marasmo? Aliás, o dia em que trabalho e homem se separarem cessa a vida: é o trabalho (caça, pesca, plantio, extrativismo, manufatura, transporte, etc) que garante a sobrevivência do homem. 77 39 empresário, empresário que rouba empresário, empresário que respeita trabalhador, trabalhador que respeita empresário, empresário que respeita empresário. Conclusão: o importante não é o “o quê” (A, B, C, etc) mas o “como” (bem fiscalizado, equilibrado, justo, honesto, humano, civilizado – ou o contrário)78. 59- O QUÊ? COMO? POR QUÊ? Apesar de que todos sejam degraus importantes, os mais importantes são o “como” e o “por quê” – pois dizem respeito à lógica que está por trás de cada processo (pois, mais importante do que fazer é fazer bem feito). 60- GENERALIZAÇÃO. Pessoas radicais, que generalizam... são perigosíssimas, injustas, irresponsáveis, desastradas – pois igualam os desiguais, pois não separam o joio do trigo. Assim, por exemplo, se acham que uma determinada categoria (trabalhador, empresário, religioso, etc) é toda honesta, não vão-se dar ao trabalho de punir os membros desonestos: vão também abrigar ou também proteger os membros desonestos (em nome de um dogma, de uma vaidade ideológica). Inversamente, se acham que uma determinada categoria (trabalhador, empresário, religioso, etc) é toda desonesta, vão querer punir todos os membros de tal categoria - injustiçando os que são honestos. Portanto, desconfie e fuja dos radicalóides-corporativistas-puxa-saquistas (seja do lado do trabalhador, seja do lado do empresário, seja do lado da igreja, etc: seja de que lado for). 61- HUMILDADE. É como o salto à distância. Se você recuar cem quilômetros, antes da linha de salto, quando chegar até ela já não terá mais forças para saltar. Se o seu recuo for mínimo, a impulsão também será mínima. Portanto, quanto melhor for dosado o recuo79... maior será a impulsão. Outra coisa: se você só ganha sendo humilde (sem aspas) 80, por que não vai querer sê-lo... por que vai querer perder, se você pode ganhar? 62- INTERPRETADOR. Não basta a obra: é necessário um bom interpretador81.E, para interpretar, é crucial conhecer o básico. 78 Aliás, no que tange à política, resta esclarecer que, no mundo contemporâneo, ainda existem duas situações que precisam mudar: de um lado, a esquerda tradicional (e burra) agarra-se com unhas e dentes ao “o quê” (o que é equivocado); de outro, a direita tradicional (conservadora), corretamente, agarra-se ao “como” (só que... selvagem). Portanto, há que a esquerda se modernizar, dirigindo-se para o “como” ; e há que a direita se modernizar, tornando-se progressista, optando pelo “como” progressista ou civilizado. 79 Mais precisamente: se você está no estágio 10, comporte-se como se estivesse no estágio 8; se você está no estágio 9, comporte-se como se estivesse no estágio 7; se você está no estágio 8, comporte-se como se estivesse no estágio 6; e assim sucessivamente. Portanto, é graças a este recuo (não excessivo, é claro) que se ganha espaço para a impulsão, maximizando-a. 80 Ou seja: ser humilde... não significa ser inocente, idiota, trouxa (deixar-se dominar pelos outros). Significa adotar o bom senso – que só valoriza quem o adota. 81 Por exemplo, quando a Bíblia diz que devemos dar a outra face...ela não estaria querendo dizer que devemos aceitar o massacre, a injustiça; mas, sim, que devemos perseverar, lutar – mesmo correndo riscos, mesmo diante das dificuldades, mesmo diante dos outros “tapas” ocasionais que ainda poderão vir pela frente? Outro exemplo: quando a Bíblia diz que “o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”...ela não estaria defendendo a humilhação; mas, sim, a não-arrogância (já que a arrogância é desvantajosa)? Outro ainda: Quando a Bíblia diz que “não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor”...ela não estaria dizendo que Deus é autoritário (não permite a contestação, o contraditório); mas, sim, que a Lei dos Rendimentos Decrescentes é incontornável? Outra coisa: o escritor Joseph Murphy (livro: “A paz interior”, Editora Record: Nova Era, 2000) afirma que a Bíblia é recheada de estorinhas, feitas para serem interpretadas por nós, ao dizer que: 1) “os homens iluminados que escreveram a Bíblia indubitavelmente inventaram muitos dos personagens, com sua imaginação intensa, da mesma forma como o fazem alguns dos nossos autores de filmes”; 2) “dizer ‘João escreveu o Evangelho’ não o prova, não existe qualquer prova histórica; na verdade ninguém sabe com certeza quem foi João, cujo nome está acrescido a este Evangelho. Não sabemos exatamente quando este foi publicado” – de forma que “não espere que Deus faça alguma coisa. Deus nada fará por você, a não ser através do seu próprio pensamento” (que gera ação). Aliás, não é por acaso que existem muitas religiões (todas escritas por homens)*. Ninguém quer comer pelas mãos dos outros: Os chineses criaram a sua (pois não queriam ter que seguir os judeus ou os árabes ou os cristãos); os hindus criaram a sua (pois não queriam ter que seguir os judeus ou os árabes ou os cristãos); os judeus criaram a sua (pois não queriam ter que seguir os hindus ou os chineses ou os árabes); os árabes criaram a sua (pois não queriam ter que seguir os judeus ou os hindus ou 40 63- JESUS É O FILHO DE DEUS? De fato, é. Mas, não só ele: Todos nós somos filhos de Deus82. É claro, não podemos fazer coisas como dividir o mar em dois – até porque, isto nunca existiu: foi uma invenção dos cristãos para dizerem que o seu Deus (e a sua religião) era superior aos demais. É uma disputa pelo poder, pela hegemonia. Aliás, não é por acaso que os cristãos dizem que Jeová é um Deus único e nos conclamam a pregá-lo em todo o mundo. 64- EXISTE O DEUS SOBRENATURAL ÚNICO? Não. Se existisse um Deus sobrenatural único existiria... SOMENTE UMA... religião. Como existem muitas religiões na face da Terra (cerca de trezentas), conclui-se que a concepção de um Deus sobrenatural único é falsa 83. Na verdade, existe o Deus Natural único. 65- VERDADE. “É aquilo que permanece estável na transitoriedade (evolução) do fenômeno”. Ou seja, é o básico. 66- ARROGÂNCIA. Anula toda e qualquer sabedoria. 67- FELICIDADE. É conquistar sonhos, próprios de cada fase da vida, a um preço moderado, de modo a ter uma vida majoritariamente tranqüila. Não tem nada a ver com aquela idéia utópica de se ter um êxtase interminável, permanente. Os momentos de baixa (a exceção, os momentos de intranqüilidade) são um ingrediente necessário ao crescimento humano, são uma etapa prévia aos movimentos de alta (a regra, os momentos de tranqüilidade). 68- PROCESSO x APARÊNCIA. O processo (essencial) é imutável. Já a forma de apresentação, a consistência física (a aparência) é mutável. 69- OBSERVAR E OUVIR. Por que os homens têm dois olhos e dois ouvidos, enquanto têm apenas uma boca? Porque se deve observar e ouvir, mais do que se fala. 70- JULGAMENTO. É comum ouvir dizer que não se deve julgar, para não ser julgado. Ora, o que significa não julgar? Significa fechar os olhos, permitir tudo. E, quem não julga, acaba sendo julgado (engolido)84. Assim, o correto não seria dizer que não se deve julgar injustamente, para não ser julgado injustamente (julgamento x pre-julgamento)? os chineses). Os diferentes povos da Terra pensaram na sua independência, na sua autonomia – o que resultou num loteamento religioso do mundo. *E, diga-se de passagem, não há nenhum problema nisso: Deus se manifesta através dos homens (da mesma forma que os pais se manifestam através de seus filhos). O único problema, porém, é que, por serem escritas por homens, todas as religiões apresentam pontos positivos e pontos negativos (pontos negativos estes que tendem a ser diminuídos, em função da evolução paulatina do próprio homem). Ou seja, a capacidade humana de revelar certas “verdades” obedece a uma evolução histórica, paulatinamente crescente (potencializadora... do que foi despotencializado lá atrás). 82 Pois, tal qual Jesus Cristo, nós somos derivados de uma energia primordial – que em parte se materializou. Aliás, façamos um exame. Toquemos nas nossas mãos, nos nossos ossos. Toquemos também na nossa cadeira, na nossa TV, etc. Tudo isto é matéria (maiúsculo, visível, pesado e preso). Mas, tudo isto pode vir a se transformar em energia: basta explodirmos uma bomba atômica nos mesmos. Resultado: o que era maiúsculo, visível, pesado e preso se tornaria minúsculo, invisível, leve e livre (tal qual uma água que se evapora ou uma fumaça que flutua). 83 Na verdade, a energia natural, dispersa no Universo, é uma só (Deus é um só), mas as concepções sobrenaturais são muitas. Aliás, Deus deve achar muita graça dos homens (“quão criativos são os homens”, diria ele). 84 Já pensou se uma mãe não julgar o seu filho, se deixar ele fazer tudo o que lhe vier à cabeça? Já pensou se um patrão não julgar seu empregado, se deixar ele fazer tudo o que lhe vier à cabeça? Ora, julgar, impor limites, é algo extremamente saudável e educativo (quando feito com critério e justiça). Vale lembrar sempre: o problema não está na coisa em si, mas na sua DOSAGEM. Em miúdos: a coisa não é boa e nem má (pois é passiva). Já a dosagem poderá ser boa ou má (pois é ativa)*. *Por exemplo: 0,0000000000000000001 ml de veneno de cobra não mata, enquanto que 0,1 ml já pode matar. Portanto, o veneno é uma potencialidade que só se efetiva se apresentar uma quantidade ou dosagem mínima. Além dessa dosagem mínima, a coisa é ativa; aquém dessa dosagem mínima, a coisa é passiva. 41 Aliás, não dá para acreditar que Jesus tenha dito uma coisa tão sem fundamento quanto esta. Tá parecendo mais uma criação irresponsável de apóstolo. (Francamente, é difícil acreditar que Jesus também fizesse a apologia burra e suicida do “ou tudo ou nada” – que, seguramente, tem o poder de desembocar na desagregação, na destruição, na extinção da existência). Portanto, devemos condenar o pre-julgamento, e não o julgamento (fundamentado). 71- DEPENDÊNCIA x INDEPENDÊNCIA. Devemos ser dependentes no sentido de que as partes dependem do conjunto, do todo (precisamos das energias dos alimentos para nos alimentarmos, precisamos do ar para respirarmos, precisamos do chão para pisarmos, precisamos das outras pessoas e dos animais para nos relacionarmos, etc). E, devemos ser independentes no sentido de que não sejamos submissos, no sentido de que possamos caminhar pelas próprias pernas, no sentido de que tenhamos a liberdade de pensar (sem ter a obrigação de seguir quem quer que seja), no sentido de que possamos criar (coisas boas) seguindo os nossos anseios e intuições mais genuínos/profundos. 72- INDEPENDÊNCIA DECISÓRIA. É um direito inalienável, inegociável. Não se deve vender o direito de decidir, em hipótese alguma. Não há fortuna no mundo que compre a nossa independência. Quem faz isso já vendeu a alma (e não se ama ou se respeita o suficiente). 73- O MAIOR PATRIMÔNIO DO HOMEM. É o seu corpo: o campo de forças (energia-matéria). Sem ele, o homem não existe e nem chega a lugar algum. Assim, o homem pode conseguir consideráveis coisas boas, desde que tenha um corpo – e zele pelo seu bem-estar físico (conforto) e psíquico (contentamento ético). 74- O QUE É LIBERTAR-SE? Libertar-se é não precisar mais comer pelas mãos dos outros. É ter uma visão ampla da existência. É munir-se de conhecimento consistente. É saber se proteger contra a demagogia (exageros enganadores). É saber selecionar, filtrar tudo que chega até nós. É conhecer as propriedades da marcha evolutivoinvolutiva. É saber de onde se vem e para onde se vai (conhecer o ponto de partida e o ponto de chegada). E, no que tange aos muitos pontos intermediários, é agarrar-se ao “COMO” (dosagem) - e não, ficar perdendo tempo com o “o quê”. 75- POR QUE ALGUMAS PESSOAS USAM DROGAS? A primeira questão é que se acabasse a vontade de consumir as drogas os traficantes iriam à falência e não haveria a necessidade de haver a repressão por parte da polícia. A segunda, e mais importante, é que a droga é um substituto da droga que é a vida de certas pessoas. E, especificamente, o que torna a vida de certas pessoas uma droga? Um fator drogalizador é a miséria material (falta de moradia, saneamento básico, saúde, transporte, lazer e educação). Este fator atinge em cheio os desassistidos, os miseráveis. Já outro fator, que não necessariamente tem a ver com a pobreza financeira, é a miséria espiritual – decorrente do analfabetismo filosófico, da pobreza filosófica (e da preguiça). Tal pobreza filosófica, por sua vez, é derivada do sensacionalismo – cujas vertentes são a concentração do auto-ego; a tentativa de atingir o paraíso máximo, de atingir a completude; a tentativa de experimentar o prazer através da via mágica 85... enfim, a falta de limites (como se as pessoas fossem deuses 85 Ou seja: determinados analfabetos filosóficos simplesmente ignoram que as coisas saudáveis estão calcadas na DEPENDÊNCIA ENTRE OS OPOSTOS. Expliquemos mais detalhadamente: o prazer (como toda e qualquer coisa humana) é comandado pelo cérebro. Se o cérebro (estado emocional) não estiver devidamente balanceado, equilibrado, harmonizado, não se atingirá o prazer (não estamos falando aqui do prazer destruidor: artificial, unilateral, egoísta, isolacionista – mas sim do prazer profícuo: natural, bilateral, congraçador, relacional). E, para se colher o equilíbrio ou balanceamento emocional é necessário DAR* algo em troca (antes de receber) – num relacionamento. Mas, agora se chega ao ponto nevrálgico da questão: como é que uma sociedade calcada na hipocrisia, na mentira, no machismo, na dominação, vai se preocupar em dar? Ora, a mentira jamais vai se preocupar em dar, mas sim em tirar (conhecimento verdadeiro/benfazejo/libertador/elevado/respeitador...e renda). Aqui está um fator decisivo de drogalização da sociedade. Aqui, o entorpecimento espiritual leva ao 42 todo-poderosos). Aliás, tal sensacionalismo tem a ver, mesmo que em parte, com algumas pregações sensacionalistas que as religiões nos passam 86. 76- OS OPOSTOS SE ATRAEM? A questão não é bem essa. A questão é que, queiram ou não queiram, eles se precisam. Especificamente no caso humano e, do ponto de vista das relações de produção e/ou sociais, não é uma questão de magnetismo automático ou de gôsto. É, fundamentalmente, uma questão de inteligência, de sabedoria: não há outro caminho que leve à maximização, à realização, à qualidade de vida. Não existe outro caminho melhor que a miscigenação, que o encontro, que o diálogo, que o aprendizado, que o respeito entre as partes – entre os diferentes. Mais claramente: a questão não é atrair para dominar, mas atrair para aprender e para ensinar (para receber e para dar), atrair para transformar e ser transformado, atrair para se transformar e se enriquecer... verdadeiramente, qualitativamente. 77- PECADO: A mentira. 78- LEI: A limitação87. 79- PRESCRIÇÃO DELITUOSA. A prescrição dos delitos é uma aberração, do ponto de vista lógico 88. Do ponto de vista político, é uma forma de beneficiar a elite – de fomentar a impunidade, de proteger os ricos89. 80- VIDA: A inteligência e o movimento (pois sem a inteligência não haveria a vida e qualquer movimento). 81- VERDADE: a espontaneidade. 82- IMPRATICIDADE. Quem não é prático... desperdiça energia, joga felicidade fora90. 83- O OLHAR: Antecede o pensamento (a ação). entorpecimento químico. Aqui, descobre-se que a violação de um princípio básico (o da dependência entre os opostos) redunda na cobrança de um altíssimo preço a pagar – pois o drogado destrói sua saúde e fomenta a violência na sociedade. *Por exemplo, analisemos o caso (normal e saudável) de uma compra. Questionemos: primeiro você dá algo em troca (paga no caixa) e só depois leva o produto... ou é o contrário? Analisemos agora uma relação de trabalho, entre você e um empregador: primeiro você trabalha e só no final do mês recebe... ou é o contrário? Ora, aqui está provado que para que um relacionamento seja SAUDÁVEL/QUALITATIVO/ELEVADO/DURADOURO é preciso dar... antes de receber. (O que não quer dizer que se deva dar... sem receber, ok?). Aliás, vale relembrar aos analfabetos filosóficos do mundo o seguinte: Deus programou o homem para só ter prazer (construtor) através do amor – programação esta que as mulheres seguem mais que os homens (daí porque estarem mais próximas de Deus). Em sendo assim, o prazer fora do amor representa uma violação de tal programação e, por isso, é destruidor. E, o fato óbvio é que a destruição que se vê no mundo é o reflexo dos ensinamentos hipócritas impingidos à humanidade. Portanto, uma sociedade hipócrita não está programada para amar. Assim, não está programada para ter prazer (profícuo). Resultado: como ela não quer abrir mão do prazer, só lhe resta a alternativa de buscar o prazer destruidor e artificial das drogas. 86 Ou seja: o sensacionalismo é uma droga (independentemente de ser religioso, artístico, financeiro, etc). E, como sabemos, uma droga (a espiritual) acaba atraindo ou conduzindo à outra droga (a química). 87 Pois, se não existisse lei, não haveria limites e as pessoas poderiam tudo: matar, roubar, estuprar, caluniar, trapacear, etc – o que não seria bom e conduziria ao caos total, `a selvageria plena, ao inferno astral, à barbárie generalizada, à preocupação permanente, à infelicidade geral. 88 Pois delito é delito, independentemente de ter sido cometido agora ou no passado. Portanto, a sua gravidade independe da época em que foi cometido. 89 Por exemplo: suponhamos que um ricaço cometeu um delito grave contra você, leitor. Mas, suponhamos que você é paupérrimo, não tem onde cair morto - e, pelo fato de não poder bancar uma causa cara, acaba não processando o ricaço. Ainda: suponhamos que quinze anos após ser vitimado pelo ricaço você ganha na loteria e, assim, passa a ter condições de acionar o mesmo na justiça (contratando, aliás, excelentes e caros advogados). Mas, para seu azar, isto não será mais possível: o delito já prescreveu, caducou – e uma injustiça jamais será reparada. Conclusão: os ricos têm a proteção do tempo, enquanto os pobres são prejudicados pelo mesmo. Não é uma desigualdade de oportunidades? 90 Ressalvando, novamente, que a praticidade deve ser relativa: deve ser aplicada até o ponto em que não fira a ética, a civilidade. 43 84- O MELHOR AMIGO DO HOMEM. Não é o cachorro: é a calma. 85- O PIOR INIMIGO DO HOMEM. Seguramente, é a FALTA DE JEITO. 86- DELIMITAÇÃO. A definição de limites só traz vantagens, é um santo remédio. Quem já pensou nas mais diferentes possibilidades (com seus prós e contras), quem já comparou o tamanho de suas capacidades com o tamanho dos seus desafios, quem já ponderou e minimizou os riscos, quem já tem seus riscos calculados91, quem já sabe até onde ir, tende a atuar de forma mais tranqüila (pois tende a deixar pouco espaço para os reveses, para as baixas, para os contragolpes, para os contratempos). E, como sabemos, gozar de tranqüilidade é fundamental para se vencer na vida. 87- NÃO INVERTER PRIORIDADES. Exemplo: uma mulher só será linda se pelo menos o seu interior o for. Caso contrário, caso seu interior seja deplorável, de nada valerá a sua formosura exterior. Assim, se ela não preencher os requisitos da beleza interior, rejeite-a, por mais formosa que seja exteriormente – sob pena de pagar um alto preço por algum momento de prazer físico, de se arrepender amargamente mais tarde. Portanto, se você não quer ter dor de cabeça, se não quer quebrar a cara, JAMAIS inverta uma prioridade (jamais troque o que vale mais pelo que vale menos, jamais troque o que é mais importante pelo que é menos importante). 88- PLANEJAMENTO FAMILIAR. É injustificável a guerra da igreja católica contra o uso da camisinha e da pílula anticoncepcional. Afinal de contas, a redução da população mundial só melhoraria as condições de vida das pessoas – pois reduziria as necessidades de consumo e, conseqüentemente, de destruição da Natureza (sobrando mais, com menos destruição). Assim, tal puritanismo é, no mínimo, contraditório – haja vista que a igreja católica diz querer o bem das pessoas (e da Natureza). 89- FUTURO. O futuro a gente faz: não fica perguntando a outrem. Além do mais, o grande charme da vida é não saber o que vem pela frente, é usufruir a surpresa. 90- CARACTERÍSTICAS DO BOM CIDADÃO. Sinceridade, honestidade, humildade, temeridade e sensibilidade. Mas, é claro, não devemos perder de vista a questão da dosagem – que também é importante (para cada situação). 91- ENGANADOR. Um enganador, por mais que o seja, jamais será 100% enganador. Ou seja, como ele sobrevive da enganação, ele tem que, num primeiro momento, mostrar uma face boa... para, a seguir, mostrar suas garras e devorar a vítima. É como a pesca. Se você joga o anzol sem a minhoca, o peixe não vai cair na armadilha. Para que ele caia, você tem que oferecer algo de bom (a minhoca)... mesmo que seja pouco e por pouco tempo. Ou seja, você tem que mostrar o bom (a minhoca) e esconder o ruim (o anzol). Ou então, você tem que dizer que o ruim também é bom92. Se o enganador, de cara, mostra sua 91 Acrescentando que: tão importante quanto delimitar é aceitar os riscos calculados, é ACEITAR as possíveis conseqüências desfavoráveis. 92 Ou seja: o vestígio ou indicador de enganação é a incoerência*. Mas, questionemos: O enganador não tem também um lado bom, aproveitável? É, tem! Mas, a estratégia dele é justamente apresentar os dois lados (o bom e o ruim) para que algum trouxa adote o lado ruim e se ferre. É aquela história, o enganador não tem nada a perder: se algum trouxa cair na armadilha, ótimo. Se não, pelo menos o enganador tentou. *Como grande exemplo, citemos o livro “o segredo dos segredos” , de U.S. Andersen. Pois bem, lá estão colocadas coisas bem opostas ou incompatíveis. De um lado, ele: diz que “o dinheiro é secundário”; critica a “consciência egoística”, o preconceito, a intolerância, a vaidade, “a preocupação com as posses”, a preocupação com o “sucesso”, a preocupação com a “competição”; recomenda “equilíbrio e serenidade”, a “paz de espírito”, “a humildade, a tolerância, a generosidade”, o abandono dos “desejos pessoais”; prega que ‘não há nada mais doce do que o amor, nada mais forte, nada mais elevado, nada mais amplo; não há coisa mais alegre, mais plena e melhor no céu e na terra’; diz que “o homem tem, dentro de si, o poder de sua própria libertação”, que “só há controle se houver entendimento”, que “não se pode ganhar nada sem que se ofereça alguma coisa em troca”. São coisas de razoáveis a boas. Já de outro lado, ele: diz que só o “espírito puro” poderá nos “livrar da dor, da derrota, da morte, e da desintegração”, que “o mal é uma ilusão”, que “aos olhos de Deus o mal não existe”, que “cada coisa é 44 verdadeira face dolosa... espanta a vítima! E, aí, vai ter que ser honesto para sobreviver. Outra coisa: uma forma de desmascará-lo é enchê-lo... mas enchê-lo... de perguntas. 92- QUEM É... É POR INTEIRO. Quem é decente, é por inteiro. Quem é amigo, é por inteiro. E assim sucessivamente, para outras coisas 93. 93- QUAL É O PRINCÍPIO QUE REGE A VIDA? É o da dependência entre os opostos. 94- QUAL É O PRINCÍPIO QUE REGE A MORTE? É o da independência entre os opostos. 95- O QUE É O AMOR? É a dependência entre os opostos. Sem a dependência entre os opostos não se poderá vivenciar o “amarás ao próximo como a ti mesmo”. Ou seja: quem não se ama deixa que o oposto lhe oprima. E, no outro extremo, quem não ama ao próximo acaba oprimindo-o. Portanto, o amor não é mais do que o EQUILÍBRIO entre os meus interesses e os interesses dos outros (o respeito do princípio da dependência entre os opostos/concorrentes/diferentes). 96- O MAIOR PODER. Quem não contribui para a desagregação social... pode tudo! Ou seja: no meu direito... e com jeito... posso tudo! 97- IGREJA E CONSTITUIÇÃO. A igreja deveria ser como uma constituição: deveria ser bem sucinta e só tratar de questões realmente abrangentes/importantes/básicas, ligadas ao respeito à dignidade humana e, conseqüentemente, à preservação da paz social. Já questões suplementares, periféricas como, por exemplo: comer esta ou aquela carne, cortar ou não o cabelo, vestir esta ou aquela roupa, ter esta ou aquela opção sexual, circuncisar ou não o pênis, guardar este ou aquele dia da semana, casar no civil e/ou no religioso, casar ou não casar, etc, além de serem questões íntimas que só dizem respeito às próprias pessoas e aos seus anseios mais profundos , não afetam a paz social – de forma que deveriam ficar de fora do âmbito de atuação da igreja. Portanto, só as questões básicas deveriam ser padronizadas. Já as questões menores, e que não afetam a paz social, deveriam ser personalizadas (como popularmente se diz, deveriam “seguir o gôsto do freguês”). Em miúdos: dever-se-ia pregar que haja respeito entre as pessoas, e não que as mesmas pessoas sejam clones idênticos umas das outras. 98- HÁ MUITOS CAMINHOS PARA SE CHEGAR A DEUS? Erradíssimo! Não há muitos. Só há UM: o caminho da verdade (a sistematização das partes). feita por Deus (...), seja ela (...) malvada ou bondosa, digna de amor ou detestável, má ou boa”, que “não há há nada de bom ou de mau na vontade; nós não conduzimos os acontecimentos, mas os seguimos” (sic), que “o próprio combate é um jogo do divino”, que “o bem provem do mal”, que “o que quer que existe, existe certo”, que “nada é errôneo”; prega a miséria ao propalar que ‘o homem feliz não tem uma camisa’; prega (sem provar) que existem “outros mundos”, que se “renuncie, desista, deixe de lutar” – de modo a “afastar-se das garras do mundo material”, que “não (se) tente dirigir coisa alguma”, que “você não pode agir demais, criar demais, participar demais”, que “não é você quem pensa, cria, age” (é Deus), que “ele (Deus) me usa para seus fins”, que “o divino nos usa para seus propósitos”, que eu “sou conduzido pela vontade de Deus”. E, ele ainda coloca duas verdadeiras “preciosidades” ou “pérolas”: 1) ‘toda essa luta e esse esforço para melhorar o mundo são um grande erro; não porque seja coisa ruim melhorar o mundo, mas porque é a pior maneira de se começar a fazer qualquer coisa’; 2) “suporta tudo com alegria, sabendo que esta é a vontade de Deus”. O leitor já descobriu qual é “o segredo dos segredos”, na visão deste empresário norte-americano (U.S.Andersen)? Ora, ele prega que abramos mão de todas as nossas vontades (egos) e que entreguemos nossa vida nas mãos de Deus, que deixemo-lo atuar por nós. Assim, tudo o que nós fizermos não será a nossa vontade, mas a vontade divina. Portanto, é uma forma de se compactuar com a sacanagem e não se sentir peso na consciência (afinal de contas, segundo tal empresário, não sou eu quem age: é Deus – além do mais, “o mal é uma ilusão”). Aí está “o segredo dos segredos”, aí está a Bíblia dos enganadores. 93 É claro, não é preciso atingir a perfeição (100%). No entanto, não pode ser, por exemplo, meio a meio. Quem é meio a meio... é falso. E, tem mais: às vezes, alguns poucos malefícios são TÃO GRAVES que superam de longe uma montanha de pequeninos e hipócritas benefícios. 45 99- BOBAGEM ESPÍRITA I: “O mundo corporal não é senão secundário”. Tradução: viole o princípio da dependência entre os opostos, coloque sua saúde e seu conforto em segundo plano. Enfim, caminhe para o precipício (extremo). 100- BOBAGEM ESPÍRITA II: “Quanto mais infelizes e REBELDES, mais tristes e pesados os locais onde viveremos (após a morte)”. Ou então: “alguns (espíritos) aceitam essas provas com SUBMISSÃO e alcançam mais prontamente o fim de sua destinação”. Ainda: os espíritos “alcançam mais ou menos rapidamente (a perfeição) segundo seu desejo e sua SUBMISSÃO”. Tradução: seja um covarde, um submisso. Aceite a dominação da elite. Aliás, não é por acaso que os espíritas dizem bem claramente que devemos suportar os nossos martírios “com resignação e sem murmurar” (caladinhos). 101- BOBAGEM ESPÍRITA III: O espírito é “obscurecido pela matéria”. Ou então: as faculdades do espírito “são enfraquecidas pela grosseria da matéria”. Tradução: a matéria é um lixo incômodo e o espírito não precisa de tal matéria para conservar-se. Livremo-nos da matéria. Vivamos num mundo puro... em que num dia temos uma determinada forma, num outro dia já temos outra forma – enfim, em que não nos conservamos de um dia para o outro (em que nascemos com formato de gente e morremos com formato de um poste, por exemplo). Aliás, os espíritas deviam falar justamente o contrário: o espírito é potencializado, maximizado94, engrandecido pela matéria (pois a matéria tem o que o espírito não tem: conservação e intensidade) 95. 102- BOBAGEM ESPÍRITA IV: “Existem coisas que não compreendeis porque a vossa inteligência é limitada e isso não é razão para que as rejeiteis”. Tradução: aceite cegamente, não questione as coisas espíritas sem pé e sem cabeça (sem a mínima lógica)... pois é assim que a elite quer, pois a elite não quer alguém que questione os seus valores alienantes. 103- BOBAGEM ESPÍRITA V: “Quão enganoso é o mundo da matéria, dos sentidos”. Tradução: o mundo da matéria, que nós VEMOS, é irreal. Já o mundo dos “espíritos” (sobrenaturais), que nós NÃO vemos (porque eles simplesmente não existem), é real. Dá para acreditar? 104- BOBAGEM ESPÍRITA VI: Segundo o espiritismo, a morte sem o mesmo representaria “uma separação absoluta, eterna, de tudo aquilo que (alguém) amou”: “depois de mim nada, nada mais que o vazio; tudo acabado para sempre, ainda alguns dias e minha lembrança terá se apagado da memória daqueles que me sobrevieram e bem cedo não restará nenhum traço de minha passagem sobre a Terra”. Ora, em primeiro lugar, o espiritismo se esquece de uma coisa chamada reprodução cultural (livros, costumes, vídeos, fotos, etc – que são repassados às gerações futuras). Em segundo lugar, a morte não conduz ao “vazio” (isto porque a estrutura química não se perde, apenas se transforma, e a estrutura psíquica é repassada aos vivos do futuro). Em terceiro lugar, o espiritismo foi escrito por quem tinha inquietação e estava VIVO. Os mortos (inconscientes) não têm uma única inquietação. Ou será que os espíritas são deuses todo-poderosos, capazes de experimentar a morte (inconsciência), mesmo estando ainda VIVOS? Aliás, aqui vai um exercício para o espírita vivenciar na pele a dimensão prática da inconsciência: pise num osso de um vivo e num osso de um morto. Percebeu que o osso do morto não se manifesta, não reclama (pois não sente nada)? Bata numa mesa. Reparou que ela também não sente uma única dor? Reparou que ela 94 É bom que se esclareça o seguinte: não se está falando aqui que a matéria, isoladamente, é uma maravilha. Ela só se torna uma maravilha, ela só se maximiza se contemplar o seu oposto: se receber uma carga benfazeja de energia positiva/saudável/amorosa. Em outras palavras: o veículo (matéria) necessita do combustível (energia amorosa) para maximizar o seu rendimento – para produzir bons frutos. 95 Aliás, não é comum ouvirmos dizer que “a união (agrupamento) faz a força”? Só que a força ou intensidade tem duas vertentes. No estágio absoluto, a intensidade é mais qualitativa (pois o átomos soltos geram mais “totalidade”, abrangência, inteligência). Já no estágio relativo, a intensidade é mais quantitativa (pois os átomos presos geram mais densidade material, maximizando as sensações). 46 não reclama de nada? Portanto, se a inconsciência não sente dor e não reclama de nada, não há porque ver a morte como um fantasma estarrecedor. 105- BOBAGEM ESPÍRITA VII: O que gera a violência é a “falta de perdão” (Richard Simonetti). Ora, porta-voz dos poderosos, o perdão em profusão, ao contrário do que o senhor diz, fomenta a impunidade e, por tabela, fomenta a violência (que, via de regra, favorece os ricos)96. Na verdade, o que gera a violência, sim, e simplesmente, é a FALTA DE RESPEITO. 106- BOBAGEM ESPÍRITA VIII: Segundo o espiritismo, o materialismo levaria o homem a “pensar só em si mesmo e em colocar, acima de tudo, a satisfação dos seus prazeres materiais. Os laços sociais se quebrariam e as mais santas afeições se romperiam para sempre. (...) uma sociedade apoiada sobre essas bases carregaria em si o germe da sua dissolução, e seus membros se entredevorariam como animais ferozes”. Ora, em primeiro lugar, o espiritismo não enxerga que existem dois materialismos: o autêntico (equilibrado, solidário, lógico) e o pejorativo (desequilibrado, egoísta, ilógico). Em segundo lugar, o espiritismo se esquece que as sociedades modernas já contam com todo um aparato jurídico-policial para punir os maus cidadãos e reparar as injustiças eventualmente cometidas. (aliás, se tais punições materiais fossem substituídas por punições espirituais, jamais repararíamos as injustiças – pois o reparo só seria feito no FUTURO e, no futuro, já não mais existiria um “espírito” sobrenatural que morreu... pois a vida é ÚNICA e natural). Em terceiro lugar, só o que garante a nobreza individual é o conhecimento equilibrado, bem dosado, que contemple o princípio da dependência entre os opostos (coisas que passam longe do espiritismo – que é extremado, desequilibrado, sensacionalista, tendencioso). Ou seja: o princípio espírita do carma gera, de um lado, uma conduta masoquista (por parte dos pobres) e, de outro, uma conduta sádica ou oportunista (por parte dos ricos). E, essa distância enorme entre as classes sociais, fomentada, por exemplo, pela ideologia espírita, sim, é que contribui para a criação de uma sociedade degradante, doente, violenta. Ao contrário do que apregoa o ficcionista senhor Alan Kardec, só o materialismo autêntico poderá provocar a redenção do ser humano (a sua libertação). Ao contrário do que kardec diz, o espiritismo não tem nada de espiritual (leve, elevado – pois não é pertinente): é uma ficção de chumbo (o fardo da alienação)97. 96 Ou seja: a fonte da violência é a concentração da renda (feita pela elite e para a elite). Além do mais, a violência que a elite gera é descarregada mais sobre os pobres e sobre a classe média – pois os ricos podem blindar seus carros, contratar seguranças, comprar helicópteros, instalar alarmes/câmeras (fortificar suas empresas e casas), etc - o que já não acontece com os menos afortunados, que ficam entregues à capenga proteção do Estado (polícia). Em outras palavras: os ricos concentram a renda, gerando a violência. Péssimo para eles? Não! Eles usam suas fortunas para se proteger dela. Assim, eles unem o útil ao agradável: dinheiro e proteção. Já os pobres unem o lastimável ao desagradável: falta de dinheiro e de proteção. 97 Aliás, se o espiritismo conseguir respostas FACTÍVEIS para todas as perguntas que se seguem, este autor que vos escreve não só muda de idéia como se converte a tal doutrina religiosa: 1) Se é apenas a última vida passada que define o mérito, por que somos afetados por muitos - e não por um ÚNICO espírito?; 2) Qual a justificativa espírita para a riqueza?; 3) socialmente falando, em termos de classes sociais, onde estão os espíritos evoluídos da Terra?; 4) Alguma vez na vida o espiritismo leva em conta o PRESENTE, ou, na doutrina espírita, só existe o passado e o futuro?; 5) O que acontecerá após TODOS, TODOS, TODOS os espíritos do Universo atingirem a perfeição?; 6) Por que o espiritismo afirma que os espíritos vêem e os cegos não vêem?; 7) Se o espiritismo afirma que Jesus era um espírito evoluído, por que sofreu as mais terríveis expiações ou martírios? Ora, este autor que vos escreve já tem a resposta: nem o “Mister M” é capaz de fazer esta mágica*. *Quer a prova? Então analisemos, por exemplo, a questão de nº 5. Ora, daqui a bilhões de anos, por exemplo, (e é tempo que não acaba mais), não há como evitar que absolutamente todos os espíritos do Universo tenham atingido a perfeição (não reencarnando mais). Como fruto disso, matéria e espírito se tornariam independentes um do outro, se separando. Portanto, teríamos dois mundos distintos (e puros): de um lado, o mundo da conservação máxima (da matéria morta, acéfala), de outro, o mundo da dissipação máxima (do espírito totalmente invisível e totalmente insensível). Conclusão: o narcisismo tanto da matéria quanto do espírito os torna simplesmente imprestáveis, inviáveis, inúteis, 47 107- DESAPEGO. “Desapego não é desinteresse, indiferença ou fuga. Não devemos nos tornar indiferentes aos problemas da vida. Não devemos fugir da vida; não se pode fugir dela quando somos sinceros. A vida e seus problemas devem ser encarados e lidados de frente, mas não são coisas às quais devamos nos apegar. É verdade que o dinheiro tem sua importância, mas a pessoa que se apega a ele torna-se avarenta e escrava do dinheiro. É muito fácil nos apegarmos à nossa beleza, às nossas aptidões ou às nossas posses, e assim nos sentirmos superiores aos outros. É igualmente fácil nos apegarmos à nossa feiúra, à nossa falta de aptidões ou à nossa pobreza, e assim nos sentirmos inferiores aos outros. O apego às condições favoráveis leva à avidez e ao falso otimismo, enquanto que o apego às condições desfavoráveis leva ao ressentimento e ao pessimismo. (...) Quando adoecemos, chegamos até mesmo a nos apegar à doença. É melhor não fazermos isso. Todas as doenças serão curadas, exceto uma, que é a morte. Quando você estiver doente, aceite a doença e faça o possível para se recuperar. Aceite a doença e a transcenda... ou melhor, aceite transcendendo. A vida é mutável; todas as coisas são mutáveis; todas as condições são mutáveis. Por isso, ‘deixe ir’ as coisas. Todos os abusos, a raiva, a censura – deixe que venham e que se vão. (...) Quando o sol brilha, desfrute-o; quando a chuva cai, desfrute-a. Todas as coisas nesta vida – deixe que venham e deixe que se vão. Este é um segredo da vida que nos impede de ficar aborrecidos ou neuróticos. Buda disse que todas as coisas na vida e no mundo estão em constante mutação; por isso, não se torne apegado a elas”. Deixemos a impermanência nos livrar do apego ao prazer ou à dor (ou à recusa a se sentir dor). Só assim o nosso sofrimento será reduzido (em situações extremadas) e estaremos mais adaptados para encarar a vida de uma forma iluminada, sábia – ou, mais preparados para encarar a vida e o futuro. Resumindo: “quanto mais intenso for o desejo, mais intensa será a insatisfação ao saber que tal realização não irá durar”, ou, em outras palavras: quanto maior o apego a algo, maior a desilusão e sofrimento quando este algo for perdido (já que tudo é passageiro, um dia acabará). Assim sendo, “só é possível superar o sofrimento ao aceitar a imperfeição, a transitoriedade e interdependência entre tudo e todos no universo”. 108- AS DUAS VIDAS. Existe a vida de ciclo curto (única e momentânea) e a vida de ciclo longo (transformante e eterna). 109- CRISE. A crise é gerada pela concentração da renda 98. E, a concentração da renda beneficia a elite, os poderosos. Assim, os poderosos não só são os causadores da crise como têm pouco interesse em acabar com ela. Portanto, quando o leitor vir um poderoso falando em combatê-la, desconfie: é tudo demagogia – via de regra99. mortos. Assim, o paraíso que o espiritismo nos reserva é nada mais nada menos que uma tragédia ou aberração universal. 98 Pois a concentração da renda viola um princípio básico da existência: o da dependência entre os opostos. É justamente a tentativa egoística de tentar sugar ou engolir o seu oposto, de tentar purificar-se, de tentar autonomizar-se, de tentar isolar-se, que gera a crise. Assim, combater a crise é reverenciar a dependência, é encaminhar-se para a solidariedade (para o seu oposto). 99 Por exemplo: o “Fórum Econômico Mundial” de Davos, na Suíça, é um caso típico de mundo-de-faz-de-conta, de encenação teatral, de exercício de hipocrisia desenvolvida. Ora, o caso mais notório é o do especulador George Soros, que ganhou bilhões de dólares especulando contra o Banco Central inglês. Então, o que faz o já citado Fórum? convida na menos que o senhor Soros para falar sobre crise, como se o mesmo quisesse dar alguma contribuição verdadeira para acabar com a mesma, como se o senhor Soros quisesse dar um tiro no próprio pé. Outro exemplo: o já citado Fórum é realizado anualmente na Suíça. Então, é de se imaginar: ora, se os suíços estão discutindo sobre crise, é porque querem acabar com ela. Mas, o fato é que os suíços lucram com a crise (concentração da renda): eles são os primeiros a atrair e proteger o DINHEIRO SUJO do mundo (proveniente da corrupção, do narcotráfico, do contrabando, etc), ao criar as contas secretas ou numeradas (se bem que, atualmente, as leis suíças preconizam pela investigação da origem dos depósitos estrangeiros, a fim de evitar a lavagem de dinheiro de origem ilícita). Conclusão: é difícil acreditar que os países ricos queiram, por conta própria, mudar o mundo. O que eles querem é manter seus privilégios* (mesmo que, para tal, tenham que fingir que estão preocupados com a crise – mesmo que para tal tenham que encenar um ridículo papel: o da hipocrisia orquestrada). É isso aí: atores de Primeiro Mundo, atores “civilizados”. (O leitor quer um exemplo 48 110- POLÍTICO. Deve ser um mediador (uma pessoa independente). E não um puxa-saco... deste ou daquele lado. 111- RELIGIÃO E POLÍTICO. Devemos avaliar as religiões da mesma forma que avaliamos os políticos: aquelas que pregam coisas mirabolantes, exageradas, sensacionalistas, utópicas são como os políticos demagogos que prometem coisas impossíveis de serem cumpridas. 112- NÍVEL DE BUROCRACIA (CONTROLE). A lógica diz que se burocratizarmos demasiadamente o Estado, este acabará demasiadamente protegido. Inversamente, se burocratizarmo-lo muito timidamente, quadrilhas meter-lhe-ão a mão e privatizá-lo-ão. É então que devemos optar pelo “caminho do meio”: uma burocracia média – e cujo resultado será: nem o Estado engolir a sociedade e nem parcelas da mesma engolí-lo. 113- EQUIVALÊNCIA. A diferença entre os que se equivalem é pequena. E, às vezes, a definição é dada pela sorte. 114- CONCORRENCIALIDADE E DISPERSÃO. O Universo relativo é diferenciado. O Universo relativo é movimento. O movimento leva ao encontro. O encontro leva à comparação. A comparação leva à concorrencialidade. A concorrencialidade, para ser balanceada, necessita de equivalência/equiparação. Assim, é justamente pelo fato de se zelar pela preservação, pela continuidade, que a inteligência está dispersa no Universo100. Aliás, se toda a inteligência estivesse concentrada apenas no homem (ou, mais especificamente, apenas NUM homem), ele, com plenos poderes, sem restrições, sem impedimentos, sem limitações, poderia carreá-la para a plena satisfação de seu auto-ego - engolindo tudo ao seu redor (e, conseqüentemente, a si , autodestruindo-se – tendo em vista que ninguém é autosuficiente). 115- ENERGIA: Cria. 116- MATÉRIA: Revela. 117- MATÉRIA: Inteligência presa101. 118- ALMA HUMANA. É a inter-relação entre o corpo, a mente (cultura) e a Natureza (bruta e/ou manufaturada); entre o passado e o presente; entre o Absoluto e o Relativo102. Em outras palavras: É o campo de forças energia-matéria, campo este, vivenciado no âmbito das sociedades e da história. 119- ESPÍRITO. É a inteligência, o fundamento, a energia103. 120- ALMA x ESPÍRITO: DIFERENÇA. Enquanto a alma é detalhada/múltipla/diferenciada (o produto), o espírito é sintético/uno/indiferenciado (o ponto de partida, a fonte). prático? Pois lá vai: a ex-assessora de segurança nacional dos EUA, governo Clinton, Condoleezza Rice, declarou que “em vez de prestar ouvidos ao conto da carochinha da globalização ou do livre comércio, nossa política externa deve partir do sólido fundamento do interesse nacional, não do interesse de uma ilusória comunidade internacional”). Este é um tipo de explicação. Há outro, porém: a igreja teria sua parcela de culpa, ao pregar coisas do tipo “crescei e multiplicai” (sem recomendar a MODERAÇÃO); os pobres, ao seguir tal conselho e se desvalorizar perante os seus patrões; e os próprios patrões (os mais fortes, nem todos) que lucram monetariamente com o excesso populacional (baixos salários) mas vivem em estado de insegurança, acossados pela violência social. Há uma última explicação: o excesso populacional gera crise na medida em que tende a baixar a renda individual (de um lado) e a produzir um complexo produtivo sofisticado (de outro), complexo este que produz bens caros e exige a contrapartida da existência de uma renda individual alta. Como o capitalismo exige uma renda individual alta mas o excesso populacional baixa esta mesma renda individual, tem-se aí um choque ou uma contradição geradora de crise. *Pois é popular, dá muitos votos adotar o conselho maquiaveliano de que se deve tirar dinheiro do estrangeiro (e não, espoliar os patrícios), a fim de financiar o conforto de seus cidadãos – internamente. 100 Está dispersa entre as plantas, entre os animais, entre os homens, etc. Tudo está descentralizado, diluído. 101 Tentativas que poderiam se realizar, mas não se realizam, por estarem as energias experimentantes presas. 102 Em termos analíticos, detalhados. 103 Em termos bem sintéticos, resumidos. 49 121- SERENIDADE. Vale mais que milhões de palavras. 122- BOM SENSO. Deve estar acima dos dogmas. Assim, mesmo que ele não esteja contemplado neste ou naquele dogma, ele deve prevalecer. Ele, sim, deve ser o sagrado. 123- FATOS x ADJETIVOS. Os fatos, por falarem por si sós, são exponencialmente mais importantes que os adjetivos (negativos). Mais precisamente: por levarem obrigatoriamente a uma conclusão, os fatos podem até dispensar os adjetivos – de forma que é mais eficiente quase concluir, livrando-se do ônus de exprimir a parte baixa: o adjetivo degradante. 124- SOMOS O QUE PENSAMOS? Mais do que isso: somos o que fazemos104. 125- PERDÃO. Não devemos nos martirizar visando perdoar alguém. Se isso ocorrer espontaneamente, ótimo. Se não ocorrer, é mais do que justo que o mau pague pelo que fez, que sinta o nosso repúdio...e fique bem longe de nós. Afinal de contas, quem merece sofrer é o mau, e não o justo. 126- ABORTO: FALHAS. Se não houvesse falhas, ninguém recorreria a uma decisão difícil, como a do aborto: se não houvesse o estupro e a malformação do feto, se se adotasse métodos contraceptivos seguros (mesmo que artificiais)... não haveria o aborto. Assim, ele só ocorre porque: 1) a igreja insiste em condenar os métodos contraceptivos (artificiais) seguros e, irresponsavelmente, recomendar o uso de métodos contraceptivos naturais que apresentam baixa eficácia/segurança, como o da “tabelinha”; 2) a igreja ou prega a abstinência sexual ou prega o sexo puramente procriativo, como se o homem fosse um animal grosseiro e não um ser sofisticado, superior, que tem direito ao prazer físico – ou, então, como se a excessiva procriação 105 favorecesse os pobres (que todas as igrejas dizem defender); 3) parceiros, ou ignorantemente ou irresponsavelmente, não adotam métodos contraceptivos seguros - mesmo que artificiais; 4) ocorrem azares como as falhas metabólicas – chegando a pôr em risco a vida da mãe - ou a violência sexual (sexo forçado). 127- ABORTO: CONTRA OU A FAVOR? “Do ponto de vista médico, o aborto implica uma decisão muito simples: ou deixar que as mulheres morram (ou fiquem com seqüelas graves) em abortos clandestinos (em clínicas pouco higiênicas e/ou precárias), ou permitir que interrompam sua gravidez em segurança, atendidas por profissionais competentes”106. Ora, o fato é que, do ponto de vista ideal, o aborto jamais deveria 104 Pois, apesar de só existir ato (efetividade) se houver uma potencialidade prévia (pensamento), nem toda potencialidade se efetiva (amadurece): há pensamentos que não se realizam, que são jogados no lixo, que são abandonados – de forma que tanto faz terem existido ou não. 105 Não estamos aqui defendendo o aborto como método contraceptivo, ok? O que estamos querendo dizer é que ele é um mal menor, pouco arriscado... se realizado em clínicas devidamente aparelhadas. Ele é como a greve: só deve ser adotado em último caso, após esgotadas todas as boas razões para se ter o filho. Por outro lado, a igreja daria uma grande contribuição ao mundo se a energia gasta na condenação do aborto fosse gasta na pregação da responsabilidade, na divulgação de métodos seguros de relacionamento sexual (a fim de evitar a maternidade indesejada ou não-planejada). Evitando-se a IRRESPONSABILIDADE* evita-se, irrefutavelmente, o aborto. *a irresponsabilidade não se restringe apenas ao ato de não se usar métodos contraceptivos seguros (o que, às vezes, pode desembocar no aborto), mas reside também no fato de se contribuir para a reprodução em demasia, para a opção pela quantidade (em detrimento da qualidade), para a própria desvalorização, para o próprio empobrecimento (financeiro e cultural – pois uma coisa está ligada à outra). 106 Aliás, segundo a opinião técnica dos médicos: “na época de Hipócrates, a chance de uma mulher morrer realizando um aborto era maior do que o da gestação e do parto. Hoje, a situação é inversa. Há mais risco de uma mulher morrer no parto do que abortando. Se o aborto for provocado pela técnica de vácuo-aspiração antes de 12 semanas de gestação, o risco de morte é nove vezes menor do que o enfrentado no parto. O uso de medicamentos associados a essa técnica torna esse risco menor do que alguns tratamentos odontológicos”. Outra coisa: recentemente assisti a um programa de televisão em que se discutia sobre o aborto. Pois bem, uma das entrevistadas disse que não realizu o aborto e ficou feliz em ter gerado um filho maravilhoso. Por sua vez, a 50 acontecer. Mas, devido às falhas descritas anteriormente, ele acaba sendo adotado por pequena parcela de mulheres. Enfim, ser contra o aborto é: 1) ser a favor da mera quantidade dos seres vivos; 2) querer ter bola de cristal e achar que todo ser gerado será obrigatoriamente feliz, mesmo nascendo em condições amplamente desfavoráveis; 3) comportar-se como dono da vida alheia, roubando-se o direito ao livre-arbítrio e, em última análise, comportando-se como ditador/tirano; 4) jogar as mulheres pobres, que optam pelo aborto, em clínicas clandestinas de terceira categoria. E, por outro lado, ser a favor é: 1) ser a favor da qualidade de vida do ser humano ; 2) não querer ter bola de cristal e seguir a lógica; 3) dar o direito ao livre-arbítrio, comportando-se como democrata; 4) jogar as mulheres pobres, que optam pelo aborto, em clínicas oficiais de primeira categoria. E, responder a esta pergunta é o mesmo que responder a perguntas do tipo: “você é contra ou a favor do câncer?” Ora, não há uma única pessoa que seja a favor. Mas, por um desígnio natural, o câncer acaba existindo. Portanto, a solução não é proibir107 - tentando desviar-se de uma falha, fingindo que ela jamais existirá -, mas, solucioná-la da maneira mais racional possível: administrar o prejuízo ou, como popularmente se diz, tentar achar a melhor solução para a besteira já feita (até porque, não se pode voltar atrás e alterar o passado: o que está feito está feito). Nesse sentido, num contexto de responsabilidade, e esta deve ser a meta, a proibição do aborto não resolve o problema (mas o agrava). E, para que fique bem clara a posição deste autor que vos escreve: à primeira vista, tudo depende do cenário encontrado. Num cenário de irresponsabilidade (por exemplo, em que a igreja combate os métodos e medicamentos contraceptivos artificiais seguros e em que o Estado não os oferece gratuitamente à população de baixa renda) somos favoráveis ao aborto irrestrito. Já num cenário de responsabilidade (por exemplo, em que a igreja incentiva o uso de contraceptivos artificiais seguros e em que o Estado os põe à disposição da população carente) somos favoráveis ao aborto restrito – somente nos casos de malformação do feto, estupro e de risco de morte à mãe. Mas, este cenário é apenas romântico e pouco inteligente/sensato – de forma que, como vivemos numa realidade regida por picos de imperfeição, torna-se necessária a liberação irrestrita do aborto, para ser usado em situações de EMERGÊNCIA apenas, a fim de que se evite a geração de vidas de baixa qualidade, a fim de que se construa o paraíso terrestre para aqueles que vierem a nascer. 128- ALIMENTOS TRANSGÊNICOS. Caso a ciência venha a comprovar definitivamente que os alimentos transgênicos não representam nenhum mal à saúde humana e ao meio ambiente, o homem terá adquirido mais uma conquista na árdua tarefa de melhorar outra entrevistada disse que realizou o aborto e que não se arrependeu de tê-lo feito naquele momento, adiando a maternidade para uma época mais propícia. Aqui, fica evidente que ambas as mulheres estão contentes hoje com a decisão tomada no passado, apesar de oposta. Portanto, quem é contra o aborto, que o seja para si. É um direito legítimo. E, do mesmo modo, quem é a favor, que o seja também para si. O direito à INDIVIDUALIDADE é que deve ser garantido. Desse modo, não temos o direito de decidir sobre a vida dos outros. Cada um decide somente sobre a sua vida, o seu corpo. Cada um sabe das conseqüências dos seus atos, assumindo toda a responsabilidade pelos mesmos. Portanto, a questão do aborto é totalmente PESSOAL e de saúde pública. Aliás, não é injusto a igreja enaltecer a morte do feto e ignorar a morte de muitas mulheres que realizam abortos clandestinos? 107 Até porque, “a experiência mostra (...) que a proibição legal é inócua. As mulheres provocam o aborto. Não importa o que os médicos ou as demais pessoas pensem a respeito. Não há campanha que possa evitá-lo – mesmo nos países desenvolvidos, com mulheres bem informadas e com políticas de planejamento familiar eficientes. Quando o aborto é proibido por lei, só há uma solução: a intervenção clandestina. Resultado: alto índice de mortes”. Assim, “o maior preço da (...) proibição legal do aborto é a quantidade de mortes – ou de seqüelas graves – impingidas desnecessariamente às mulheres, notadamente às mais pobres. As que podem pagar contam com clínicas sofisticadas, ainda que clandestinas”. Portanto, infelizmente, as mulheres (pobres) do mundo todo que não têm direito ao aborto “enfrentam riscos inexistentes para americanas, russas, cubanas, francesas, inglesas...” – que podem fazê-lo em clínicas devidamente equipadas. 51 suas condições de vida na Terra108. É notório que os alimentos transgênicos reduzem o uso de pesticidas e aumentam a produtividade das lavouras. No entanto, não serão eles que melhorarão a distribuição da renda no mundo 109. A maior produtividade dos transgênicos poderá causar uma superprodução relativa, sem melhorar as condições de vida dos mais pobres. Se a revolução na biotecnologia for complementada com o controle da natalidade dos pobres, aí sim, teremos avançado de fato na tarefa de dignificar a vida de todos os seres humanos deste planeta. 129- CLONAGEM. A clonagem humana para fins procriativos deveria ser totalmente proibida. Primeiro, porque a clonagem em animais demonstrou que este processo artificial de reprodução gera defeitos genéticos graves (doenças e envelhecimento precoce). Segundo, porque não é verdade que a clonagem humana levaria o homem a atingir a “eternidade” (até porque o espírito ou a bagagem psíquica não se reproduz, mas é fruto da experiência de vida adquirida ao longo do tempo). Ora, a vida de ciclo curto é única. Não é possível eternizá-la (congelar os processos transformantes). Já a vida de longuíssimo prazo (transformante), esta sim, é eterna. Terceiro, porque o mundo já está excessivamente povoado e a clonagem significaria um meio a mais de aumentar a população do planeta. Finalmente, resta dizer que a clonagem (terapêutica) só seria defensável para a produção de órgãos para transplante ou para a produção de células-tronco embrionárias descartadas que substituiriam as células danificadas de indivíduos com doenças graves (para a regeneração de tecidos defeituosos ou desgastados). 130- CRIME PERFEITO. Tendo em vista que tudo no Universo está amarrado, não existe crime perfeito. O que existe é investigador incompetente. 131- ASSASSINATO. É desvantajoso. Isto porque quem morre perde a consciência , descansa e ainda é tido como mártir – ao passo que quem mata vai para a cadeia (ganha a consciência dolorosa)110. 132- COMPENSAÇÃO. O mínimo que perdemos quando nos movemos é a posição. Mas, para compensar a perda, ganhamos algo também. É o caso dos paradoxos (juventude x inexperiência) e (velhice x maturidade). Se assim não o fosse, o movimento não seria equivalente, humano, benevolente...e não compensaria avançar. Por exemplo, você já pensou na hipótese de um velho ter a maturidade de uma criança? Não seria cruel, desequilibrado? Aliás, até o movimento final, a “morte”, tem a sua compensação: a perda da consciência... e das potencialidades dolorosas que ela intrinsecamente carrega. 133- ALIENAÇÃO. Do ponto de vista positivo, ela é como a noite. Ela serve para o descanso111, tendo em vista que a consciência (racionalização) ininterrupta é desgastante para o homem – mais exatamente: não nos esqueçamos que “cheio é vazio” (ou 108 O estágio relativo ou posterior tem uma vantagem inequívoca em relação ao estágio primordial ou inicial: A ampliação da conservação e a focalização da inteligência num ponto específico. Isto tudo tem o poder de potencializar ou aperfeiçoar os seres criados pelo Deus abrangente, bem como suas relações sociais. Se antes o criador tinha que focalizar sua inteligência em MUITOS objetos/seres, agora, o homem pode fazê-lo em apenas UM único objeto/ser de cada vez. 109 Por acaso, a maior produtividade das lavouras vai levar a que os produtores distribuam alimentos gratuitamente à população pobre? Não. Em havendo superprodução no campo, os produtores deixarão os alimentos apodrecerem lá. Numa situação de preços excessivamente baixos, colher e transportar até os centros consumidores só pioraria a situação dos produtores. Aliás, uma superprodução agrícola ocorreu no período 198099, quando os preços da soja, do açúcar, do algodão e do trigo despencaram (conforme dados do JP Morgan). Portanto, o problema do mundo não tem sido a falta de capacidade de produção, mas a má distribuição da renda (em função da procriação excessiva dos pobres, que gera salários miseráveis – quando não os joga simplesmente na vala do desemprego). 110 No sentido de que adquire má reputação, antipatia e desconfiança – sem falar no desconforto de ter de conviver com outras pessoas igualmente rudes, violentas (bem como, de ter sua liberdade cerceada). 111 Aliás, quando a Bíblia diz que Deus descansou no sétimo dia, não estaria ela se referindo também ao descanso descondicionalizante (utópico)? 52 seja: a concentração em si ou em outrem, o total, o puro, o estacionamento no extremo, o não-recuo, o fixo, a rotina, a mesmice, a invariabilidade... empobrecem). Assim, há momentos em que ela é providencial, necessária. Há ainda outro aspecto: há momentos em que parecemos seres alienados, iludidos – pois não é sempre que somos brindados com picos de perfeição (devido aos bloqueios naturais da materialização). 134- A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? Em termos teóricos e de origem das coisas, poderíamos dizer que tudo o que existe... é Deus, reflete a presença de Deus112. (Somente o que não existe está fora de Deus.) E, no estágio relativo/corpóreo/diferenciado, o contraste (oposição)113 é necessário para reforçar/balizar a consciência... além de impulsionar a evolução: é através do “atrito” (contato) entre os opostos ou concorrentes que o fenômeno (novo) se realiza. Assim, através do contato entre o bem e o mal o homem é capaz de escolher o seu caminho (com conhecimento de causa). Cabe à sociedade, é claro, premiar o bem e punir o mal. (Quanto mais prevaleça o bem, melhor será a sociedade e mais lenta será a evolução). Mas, em termos mais concretos, podemos dizer que as Bíblias do mundo são a palavra das igrejas ou religiões. Cada igreja ou religião escreve a sua Bíblia. E cada Bíblia reflete a capacidade humana de captar ou enxergar a Deus, reflete um período histórico, um nível evolutivo da existência. É nesse sentido, então, que devemos relativizar as Bíblias do mundo, deixar espaço para incorporar o novo, permitir que elas se reciclem e recuperem em grande parte o Absoluto de outrora que foi despotencializado com o advento da materialização corpórea que caracteriza o estágio atual (relativo). Em outras palavras: devemos estar abertos às reformas, à potencialização paulatina do que foi despotencializado lá atrás. 135- O FUTURO NOS RESERVA O FIM DAS RELIGIÕES? Se uma empresa se acomoda, pára no tempo, certamente irá à falência e desaparecerá. O mesmo aconteceria com as religiões? Certamente que não. Aqui, a realidade é bem diferente: Quanto mais problemáticas são as sociedades, mais fortes são as religiões (e vice-versa). Então, a solução seria extinguir as religiões, como propôs o marxismo? Não. Seria um erro extinguílas. A solução seria reformá-las114. A maioria das religiões atuais têm vícios de origem que as torna inviáveis como instrumento de construção de um mundo melhor: céu/paraíso/inferno, outra vida/vida após a morte, “crescei e multiplicai” (sem recomendar explicitamente a MODERAÇÃO), “carma”, não incorporação de todo o conhecimento importante já gerado pela ciência (em qualquer área), etc. Mas, o vício pior das religiões é o seu grande grau de engessamento, via dogmatismo ou absolutismo (mantendo ou conservando falhas graves em seus paradigmas). Concluindo: Alguma noção de Deus (de onde viemos, para onde iremos, por que determinadas coisas acontecem em nossas vidas, etc) todo ser humano deve ter. No entanto, não devemos nos contentar com qualquer coisa (ainda mais com coisas que são antiqüíssimas e não mudam nunca – já que são consideradas sagradas, perfeitas, intocáveis). Ora, a primeira grandeza de uma religião é dizer ao seu seguidor que ela não passa de um esforço humano para compreender a Deus (que, portanto, pode ter falhas, que pode refletir um passado pouco desenvolvido) – e não, dizer que ela é a palavra pronta e acabada de Deus. Em miúdos: sempre necessitaremos de um canal de desabafo, de emergência, mas não é por Aliás, é a própria Bíblia quem diz que “o Senhor fez todas as cousas para os seus próprios fins, até ao ímpio para o dia do mal” (Provérbios 16: 4). 113 Mais detalhadamente: a consciência se dá através da comparação (alto/baixo, gordo/magro, bom/mau, etc). Mas, só pode haver comparação se houver contrastes, desigualdades, diferenciações: se tudo fosse homogêneo/único/indiferenciado... NÃO HAVERIA O QUE COMPARAR... e a consciência não teria como qualificar, medir. Assim, a consciência não teria utilidade alguma: seria um desperdício. 114 Transformá-las em filosofia holística apenas (filosofia relativista: mutável, oscilante, evolutiva). Assim, pela via relativista, evolutiva, teríamos um instrumento humano a serviço dos homens (e não um instrumento burro, engessado, sagrado). 112 53 isso que devemos nos contentar com qualquer coisa que chega até nós (sem embasamento nos fatos, sem embasamento na realidade). 136- RELIGIÃO: SAGRADO X HUMANO. Quem é burro e quem é inteligente? Ora, o sagrado é a grande besteira da humanidade, é a grande burrice: Não permite a mudança, a adaptação, a evolução. Já o humano é flexível, inteligente. Portanto, se as religiões fossem inteligentes, elas seriam as primeiras a, urgentemente, transformarem-se em instrumentos HUMANOS (de balizamento existencial). 137- A GRANDE RELIGIÃO. Não deveria basear-se apenas em teologia (apenas em um lado da questão). Muito menos em apenas uma facção teológica. Deveria, sim, ser a LEITURA HOLÍSTICA – que leve em conta todos os ramos do saber (e todas as diferentes religiões do mundo), que integre todos os pólos opostos (sendo abrangente e conciliada) e que celebre mais as idéias individualizadas e se preocupe menos com os rituais massificados/padronizados. 138- RELIGIÕES. São as várias tentativas ou ESFORÇOS de o homem compreender a Deus. Mas, o fato é que em algumas coisas o homem acerta e em outras coisas o homem erra. (Se nem Deus é 100% Absoluto, imagine o homem...). 139- SEM FINGIMENTO: ESTE AUTOR É CONTRA A RELIGIÃO? Ora, não se pode ser contra o João - mas apenas contra os DEFEITOS do João. Da mesma forma, não se pode ser contra os empresários – mas apenas contra os DEFEITOS dos empresários (daqueles que não têm conduta ilibada). E assim sucessivamente, para o que quer que seja. Neste sentido, então, o que se espera é que haja uma DEPURAÇÃO dos defeitos das religiões (exceto o espiritismo, que não tem salvação; que está condenado à extinção) 115. As religiões não podem se contradizer, têm que ser coerentes e BEM CLARAS (não devem dar margem à duplas interpretações). 140- AS RELIGIÕES SÃO VÁLIDAS? Somente se aceitarem a relativização das coisas: se aceitarem a oscilação das coisas, se aceitarem a IMPREVISIBILIDADE das coisas, se não forem dogmáticas. E, ainda, se forem mais claras e profundas. 141- IMPREVISIBILIDADE. Como parte da energia do Universo está aprisionada, na forma de matéria, a intercomunicação do todo (Deus) com as partes, em determinados momentos, sofre bloqueios – não se realizando. Só em determinados momentos especiais (picos de perfeição ou de combinações ótimas) é que ocorre tal intercomunicação. Portanto, são limitadas as tentativas de querer prever o futuro ou mudar o destino das coisas (pois isso pode ocorrer ou não). Desse modo, a reza, muitas vezes, se mostra limitada (servindo apenas de consolo psicológico prático ou de lembrete). 142- ABSOLUTO: Mundo da concepção116. 143- RELATIVO: Mundo da experimentação117. 115 Pois se não, vejamos: como é possível falar em amor, por exemplo, e se recomendar uma coisa GRAVÍSSIMA E EXPLÍCITA como o princípio do carma religioso. Ora, o carma é desamor (pois a justificação da miséria em função do cometimento de pecados em vidas passadas é pura alienação inconseqüente). Portanto, mesmo que o budismo (ou qualquer outra religião de cunho espírita) propale bilhões de mensagens de amor, tudo se anulará se estiver acompanhada do carma. O carma (religioso) é uma laranja podre que contamina todas as outras laranjas. É um câncer que contamina e destrói todo o resto do organismo. Mas, pode-se tentar uma última saída: que se acabe com o carma religioso. Ora, o problema aí é que sem o carma o espiritismo deixa de ser evolucionista. E, sem evolucionismo, não há porque haver reencarnação. Assim, reformar o espiritismo não é simplesmente fazer-lhe uma operação plástica. É mais grave: é retirar o seu coração, o seu núcleo, o seu fundamento, o seu motor. Portanto, o remédio que cura o espiritismo também o mata – de forma que tal espiritismo é um dinossauro prestes a ser extinto da face da Terra. Por outro lado, todas as outras religiões que não sejam espíritas são passíveis de serem reformadas – pois, mesmo que também tenham coisas equivocadas (e explícitas), a maioria delas é implícita (decorrente das interpretações simplistas que os fiéis fazem da palavra escrita – palavra esta, por sua vez, que é pouco precisa/clara). 116 Ou seja: mundo da qualidade (abrangência, “totalidade”, inteligência), mundo da energia. 54 144- ABSOLUTO: Puro, narcisístico, independente (hegemonicamente). 145- RELATIVO: Híbrido, polarizado, dependente (hegemonicamente). 146- ABSOLUTO: Máximo (seguro). 147- RELATIVO: Abaixo do máximo. 148- TOTAL: Fim, parada (inseguro). 149- MÁXIMO/HEGEMÔNICO: Continuidade, movimento (seguro). 150- DEUS. É um outrora máximo ... ora desmaximizado em parte (devido aos bloqueios materiais da existência relativa). 151- DEUS MÁXIMO: Inteligência. 152- DEUS MÍNIMO: Estabilidade. 153- INTELIGÊNCIA. Não resolve tudo118. 154- LIBERDADE: Vigora no meio-termo. 155- PRISÃO: Vigora nos extremos. 156- DEUS: O altruísmo... de quem pode. 157- DIABO: O egoísmo... exagerado. 158- DEUS. É como a pele. É a exteriorização protetora, encobridora119. Ele esconde os frios mecanismos internos que abastecem a existência corpórea. É a negação da relativização. É a teimosia em ser Absoluto (único, não polarizado, não negativo). É a utopia. 159- DEUS É ÚNICO? No estágio absoluto, primordial, sim – pois tudo é uma coisa só: energia indiferenciada (e pensamento abrangente, máximo: uno). Já no estágio relativo, materializado, Deus é uma diversidade – pois há diferentes corpos e seres (além de diferentes pensamentos limitados, parciais: quebrados). 160- QUE DEUS SEGUIR? No início, Deus era só energia (hegemônica). Depois, manteve uma parte da energia e com a outra parte criou a matéria. Portanto, tanto a energia (Absoluto) quanto a matéria (Relativo) são obras de Deus. Assim, tanto faz se você quiser reverenciar uma energia (sol, pensamento de Jesus, pensamento de Buda, pensamento de Maomé, pensamento de Confúcio, etc) ou uma matéria (ídolos de barro: santos, mestres)120. Aqui, o problema não está na coisa em si – mas na dosagem. Ou seja: a questão fundamental é separar o joio do trigo (depurando, pegando o que é bom e descartando o que é ruim - pois nenhum mestre ou religião são perfeitos); é descartar o fanatismo, o exagero, a imprudência, a infantilidade, a falta de embasamento (mesmo que o embasamento não seja absoluto, mesmo que seja relativo). Enfim, é não ultrapassar certos limites (preservando o bom senso). Só para reforçar: o problema não é um cristão em si. O problema é um cristão fanático (que acredita que é possível alguém dividir o mar em dois, por exemplo). O problema não é um budista em si. O problema é um budista fanático (que acredita em coisas mirabolantes como a reencarnação e o carma). O problema não é um islamita. O problema é um islamita fanático (que acha que em nome de um dogma tem o direito de tirar a vida do próximo 121 e dominar as mulheres). E assim sucessivamente. Aliás, o ideal é que se seja holístico (com visão ampla), independente (com opinião própria) e relativista (mutável, oscilante – pois vida é movimento). 117 Ou seja: mundo da quantidade (intensidade), mundo material. Aqui, referimo-nos tanto à intensidade dos sentimentos quanto à intensidade da definição (densidade, concretude física). 118 Apesar de importante, a inteligência não chega a atingir a completude, ou seja, a ganhar estabilidade – de forma que a inteligência também não é isenta de DESVANTAGENS. 119 Aliás, é a própria Bíblia quem diz que “a glória de Deus é encobrir o negócio” (provérbios 25:2). 120 Aliás, em relação a isso, temos a dizer que “alguém que adora uma pedra não está prestando homenagem à pedra em si. Venera a pedra (ponte de ligação) porque ela aponta o caminho para algo que é mais do que uma simples pedra: é o ‘sagrado’”. 121 Aliás, este autor que vos escreve tem pontos de vistas discordantes do islamismo. Mas, nem por isso acha que deve matar os islamitas, tirar suas vidas. Ter o direito de divergir, é legítimo; ter o direito de matar, não. (Não nos esqueçamos que o verdadeiro demônio é o extremo). 55 161- DEUS: A fonte. 162- DIABO: A concentração/massificação/repetição. 163- CONSERTAR UM ERRO GRAVE. É mais difícil que acertar em cheio, que acertar logo de cara. 164- LIMITE E VOLTA. Tudo, na vida, tem um limite. Até certo limite, as coisas são reversíveis, perdoáveis: há volta. Passou de certo limite, não tem mais volta: tchau e bênção. E, isto decorre do fato de que, diferentemente do sonho de Nietzsche e das pregações de diversas religiões (que querem que perdoemos todos os males que nos são feitos), não somos super-homens (mas apenas HOMENS... limitados, condicionados, sensíveis). 165- PENSAR. Não é crime. Crime é dizer o impensado, o incorreto. Até porque, ninguém será condenado pelo que disser a menos – mas pelo que disser a mais. 166- DEUS: A liberdade. 167- DIABO: A miséria. 168- SER DEUS (COMPLETO). É como ser um fogo consciente. Por um lado, é poder VER seu próprio esplendor e sua própria abrangência. Por outro, é poder sentir sua autoqueimação. Aqui, aliás, não há compensação (desvantagem)... pelo menos aparentemente. Aqui, a realidade se torna insuportável. Aqui, a recusa a se ter desvantagem... termina em punição!122 169- POR QUE À TODA VANTAGEM HÁ SEMPRE UMA DESVANTAGEM? Ora, a Lei da Compensação é estratégica. Ela serve para que se impeça de atingir a completude, a parada do tempo, a morte irreversível. Primeiro exemplo: Se Deus (a emotividade) não se completasse com o Diabo (a razão) haveria o atingimento da completude no estágio primordial, conduzindo a existência para o vazio eterno – decorrente do atingimento da perfeição absoluta (lembremo-nos: para atingir profundidades/totalidades crescentes a matéria teria que se dividir em pedaços cada vez menores, até desaparecer totalmente). Segundo exemplo: se não existissem desvantagens (cuidar das muitas mulheres, dos muitos filhos: muito dinheiro, muitas doenças, muitos conflitos, muitas responsabilidades, etc) um homem poderia se aventurar a ter um milhão de mulheres. Terceiro exemplo: se um homem não ficasse bêbado, ele seria tentado a consumir bebidas por um longo período (e em grandes quantidades). Portanto, a desvantagem conduz a ação das pessoas inteligentes à MODERAÇÃO, ao equilíbrio. É a sabedoria em processo. (É claro, quem desrespeita a lei da compensação, quem não limita os seus atos, quem se encaminha para os extremos, quem não é moderado... acaba se estrepando). 170- FOGO E INFERNO. Na Bíblia, a punição está representada pela figura do inferno, do fogo. Não seria, aliás, uma crítica ao atingimento do Absoluto total, da “fornalha cósmica” primordial levada até o último limite, do atingimento da completude, do atingimento da perfeição absoluta, do autoconsumo de si, da ida sem volta, da extinção sem volta, do vazio eterno: do maior de todos os pecados? 171- COMPLETUDE. Somente existiria se se conseguisse aliar a inteligência plena à conservação plena. Como são coisas incompatíveis123, não existe a completude. Outra coisa: a vida sempre será incompleta, ao passo que a morte seria completa (irreversível) – num ambiente de completude. O preço da completude é muito alto. Aliás, quando a Bíblia diz que “não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio: por que te destruirias a ti mesmo?”...Ela não estaria fazendo uma autocrítica? Não estaria mostrando a inutilidade, a estupidez, a impropriedade, a ineficácia, a insensatez do PERFECCIONISMO TOTAL? 123 Só para ser mais claro: a compatibilização entre os opostos implica perda de poderes, tornando a completude impossível. Assim, a matéria implica perda de inteligência e a energia implica perda de conservação e intensidade, de forma que um campo de forças compatibilizado é um campo de forças despotencializado (mas vivo). 122 56 172- COMPLETUDE: O ideal124. 173- INCOMPLETUDE: O possível125. 174- SIMPLIFICAÇÃO, RESUMO. Há momentos em que por uma questão de prática, didática, inteligibilidade, temos de ser resumidos (ocultando certos detalhes). Assim, nestes momentos, perde-se em profundidade mas ganha-se em facilidade de compreensão126. 175- COMPLETUDE. É a eliminação de etapas, é o encurtamento da revelação dos mistérios, é o encurtamento do tempo, é o devoramento do tempo, é a nutrição de si (pelo efeito do esgotamento do tempo, da altíssima velocidade com que se desenrolam os acontecimentos)127. 176- DEVEMOS SEGUIR A BÍBLIA? De cabo a rabo, jamais128. Tudo no Universo, inteligentemente, é incompleto, comandado pela Incompletude. (Lembremo-nos: a completude é burra e suicida). Então, o que nos resta fazer é nos servirmos dos pontos fortes (sensatos) de cada fonte, descartando os seus pontos fracos (insensatos). Mais ainda: simplesmente uma solução que é válida para um caso (num momento) não é válida para outro caso (noutro momento), pois o contexto muda. 177- HERESIA. É comum os cristãos, muitas vezes sem sequer conhecer o conteúdo das outras religiões do mundo, considerarem-nas como sendo “heresias” (disparates, blasfêmias). Ora, esta postura preconceituosa ou fanática não é a mais correta. Todas as religiões do mundo foram concebidas no momento em que seus autores atravessavam picos de perfeição e picos de imperfeição. Assim, os picos de imperfeição estão presentes em todas elas (em maior grau no espiritismo kardecista). Nesse sentido, e analogicamente, podemos considerar que um bom médico não deve estudar apenas o coração e o tecido adiposo. Ele deve estudar TODOS os órgãos/tecidos que compõem o corpo humano (fígado, rim, pâncreas, estômago, intestino, tecido conjuntivo, etc). Quanto mais ampla a sua visão, melhor (lembremo-nos que “parte explica apenas parte”). Portanto, quanto mais holístico formos mais picos de perfeição captaremos, mais perfeitos seremos. Mais ainda: esta dificuldade de conciliar, de aceitar as proposições diferentes (que preenchem o 124 A utopia, o sonho. Por conta da Lei da Compensação... da qual jamais se livrará, se fugirá (pois o é o poder máximo do Universo...incontornável, indestrutível). 126 Por exemplo: há momentos em que afirmamos que o Absoluto é homogêneo/indiferenciado... quando na verdade também há diferenciação em tal estágio (só que fraca, muito pouco definida). Outro exemplo: há momentos em que a Natureza é considerada apenas como meio ambiente e há momentos em que ela é considerada como o todo (incluindo o lado cultural, espiritual, religioso). Outro ainda: há momentos em que Deus é apresentado resumidamente (uno, numa só configuração, numa só palavra) e há momentos em que ele é apresentado detalhadamente (dividido, em várias configurações, em muitas palavras). Mais outro: quando se fala de Absoluto e Relativo, está-se falando de majoritariedade/hegemonia – e não de completude, totalidade. 127 Assim, o muitíssimo tempo se converte em pouquíssimo tempo... tendendo para a extinção de si, para o nada. Mais precisamente: a experimentação se torna cada vez mais rápida e abrangente... mas, mais tênue, mais fraca. Aliás, no extremo absoluto ou total não há maximização... em termos de inteligência... pois não é inteligente atingir o total... e... extinguir-se! Assim, somente quando houver um certo recuo ou distanciamento de tal extremo total haverá a maximização da inteligência. Aliás, também, não é por acaso que, sabiamente, a luz contem algum traço de matéria e não atinge a instantaneidade de propagação (leva ALGUM tempo para chegar ao destino), não atinge a completude: a mesma luz sabe que não compensa, que há um preço altíssimo a pagar. Em outras palavras, ainda: para ampliar a profundidade (totalidade) a matéria tem que se dividir em pedaços cada vez menores, que interagirão a uma velocidade cada vez maior. Este é o lado bom. Já o lado ruim, o preço, é que a matéria vai se minuscularizando, minuscularizando, minuscularizando, até o fim de si - até o encolhimento pleno, até o completo esgotamento de qualquer traço de existência, até o autoconsumo de si, até o abandono de si, até a ganância suicida, até o suicídio narcisístico, até o suicídio esvaziante: até o vazio... vazi... vaz... va... v... 128 Estamos tratando, agora, de uma análise absoluta, ISOLADA, da Bíblia. Pois, implicitamente, e do ponto de vista relativo, COMPARATIVO, ela é perfeita. Portanto, estamos tratando de passagens isoladas – sem qualquer comparação com outras passagens opostas. 125 57 quebra-cabeças, que complementam e integram o todo) é uma das fontes da intolerância humana. É uma fonte de conflito entre os homens. Em suma: da mesma forma que todos os seres humanos têm qualidades (apesar de seus defeitos), todas as religiões têm qualidades que devem ser aproveitadas. Da mesma forma que não podemos dizer: “João, você só tem defeitos, nenhuma qualidade”, também não podemos nos fechar e achar que só a nossa religião é boa, divina. 178- ISOLAMENTO X INTEGRAÇÃO. Já pensou o leitor se o coração dissesse para o rim: “não preciso mais de você, somente eu sou a verdade, somente eu sou importante”? Ora, sem a integração entre os (órgãos) diferentes não haveria vida. Isoladamente, um órgão perde utilidade e qualidade. O mesmo ocorre no caso das religiões. Cada uma das diferentes religiões têm seus picos de perfeição, que devem ser considerados ou aproveitados. 179- A CIÊNCIA É INIMIGA DE DEUS? Ora, a ciência busca a verdade (através da lógica e da observação). O fato de que descarte as especulações sensacionalistas não quer dizer que a mesma ciência seja atéia. Ela apenas diz aos extremados: “MENOS!”. E, “menos” não quer dizer “nada”. Portanto, a ciência é um pedaço da verdade. Assim, a religião deve abraçar a ciência, considerá-la – ao invés de ignorá-la: a integração entre as partes diferentes é bem vinda, pois potencializa a verdade. 180- NOÇÃO DO PERIGO. Por que existem animais que podem matar (como as cobras, os escorpiões), transmitir doenças (como os ratos, os mosquitos, os barbeiros), destruir lavouras (como as lagartas, os gafanhotos)? É justamente para dar ao homem a noção do perigo (que é o atingimento da completude). É uma mensagem extrema contra a adoção dos extremos – pois os extremos são tão perigosos quanto tais animais. Assim, é uma recomendação divina a favor da opção pelo bom senso, pela pouca oscilação em torno do meio-termo. 181- ABSOLUTO-ABSOLUTO. Não existe (na forma concreta ou visível): O vazio. 182- ABSOLUTO-RELATIVO: Deus. 183- RELATIVO: O homem. 184- RELATIVIDADE: Dependência129. 185- RISCOS. Viver é correr riscos, é estar sujeito a incertezas. Nada é imutável, eterno. Nada é certo de antemão. Tudo pode mudar. O que hoje existe pode não mais existir amanhã (amor, felicidade, conforto, apego, dedicação, interesse, etc). Tudo depende dos caminhos seguidos a cada momento, do que se planta a cada momento, das dosagens adotadas a cada momento. 186- TEMPO. É vida130. Ora, tudo passa, tudo muda, tudo oscila – pois vida é movimento. Mais ainda: como somos PARTE (e, por isso, dependentes), e não um todo completo (pois a completude é suicida), temos de a todo momento NOS TRANSFORMARMOS EM ALGO... QUE ESTÁ NOS FALTANDO (por sermos parte). Assim, a dependência nada mais é que essa oscilação/transformação adaptativa de equilíbrio. Portanto, a relatividade, em termos mais abrangentes, provem do conceito de que tudo oscila (para se transformar) – em função de que tudo é parte e tudo é dependente (sendo as três coisas intimamente ligadas entre si: parte, dependência, transformação). 130 Não estamos há mais de 2000 anos do nascimento de Cristo? De lá para cá o sol não nasceu e se pôs mais de 2000 vezes? De lá para cá não nasceram bilhões de pessoas? De lá para cá não foram produzidas incomensuráveis toneladas de trigo, de arroz, etc? De lá para cá não foram escritos muitos livros? De lá para cá não foram realizados muitos casamentos? De lá para cá não foram construídas muitas casas?... Não se vive 5060-70-80 anos, por exemplo? Aqui, detectamos uma coisa: a quantidade. Mas, só há quantidade, só há o amanhã (um dia após o outro), porque existe a vida (inserida no espaço... infinito). Se nada existisse não haveria o que desenrolar, acontecer – e não haveria contagem alguma, não haveria o que contar: não haveria o tempo (que seria nulo ou zero). Em outras palavras: o espaço vazio não gera tempo, ao passo que o espaço preenchido por uma materialidade em forma de vida (que se reproduz) gera tempo. 129 58 187- PRESSA. Há um sábio ditado popular que diz que “a pressa é inimiga da perfeição”. Além do senso comum, o que está por trás de tal ditado? Ora, em termos evolutivos, a pressa pode ser entendida como a busca frenética da evolução. Em última análise, e em termos involutivos, quer dizer a busca da perfeição absoluta, da interação sem fim à altíssima velocidade (pressa), da completude. Assim, tal ditado não estaria querendo dizer que a completude é imperfeita (burra, inviável, suicida... apesar de lindíssima)? 188- DESCONTO. Devemos dar um desconto em tudo o que lemos, vemos, sentimos, pensamos – pois a realidade objetiva não é tão maravilhosa ou tão ruim quanto pareça. E, sempre há uma coisa chamada ADAPTAÇÃO. 189- TEORIA x PRÁTICA. A prática, sem a teoria, é cega. A teoria, sem a prática, de nada vale131. 190- MEDITAÇÃO. Meditar “não significa pensar detidamente sobre um determinado assunto ou aspecto da vida. Quer dizer justamente o contrário: não pensar em nada durante uma certa parte do dia. (...) A meditação visa livrar a mente de todo e qualquer tipo de pensamento (ou preocupação) durante o máximo de tempo possível. Na sua forma mais difundida, a pessoa deve sentar-se confortavelmente no chão, com a coluna ereta e os olhos fechados. O distanciamento da mente é obtido por meio da repetição incessante de uma palavra ou de um mantra indiano. Para ter efeito, a meditação deve ser feita duas vezes por dia, de manhã e de noite, durante pelo menos vinte minutos”. Pesquisas médicas comprovam que: a meditação “diminui a pulsação, a pressão sangüínea e o ritmo respiratório. Essas reações no metabolismo são especialmente efetivas no combate à hipertensão e à enxaqueca. A meditação feita com regularidade contribui no tratamento de depressão, ansiedade, insônia e até infertilidade”. 191- IOGA. É “a prática indiana que entrelaça exercícios de alongamento, meditação e técnicas de respiração”. É composta de “uma série de posições corporais com diferentes graus de dificuldade. O objetivo primordial de cada uma dessas posições é fazer com que a pessoa esvazie a mente das atribulações cotidianas, para que possa elevar-se espiritualmente. De acordo com os princípios da ioga, os pensamentos e os sentimentos moldam o corpo – para o bem ou para o mal”. Pesquisas médicas apontam que a ioga “aumenta a flexibilidade dos músculos, melhora o padrão de sono e o processo de digestão. A ioga pode ser também extremamente benéfica para quem sofre de dor nas costas. O trabalho de respiração ajuda a controlar a ansiedade e outros distúrbios psicológicos”. 192- TAI CHI CHUAN. “É uma seqüência de movimentos que têm origem numa arte marcial chinesa. Realizados lenta e suavemente, esses movimentos trabalham a concentração, a coordenação e o equilíbrio. Por não forçar as articulações, é recomendável para quem tem mais de 60 anos. O ideal é que seja feito de manhã cedo, ao ar livre e em grupo. A concentração e o controle da respiração exigidos pelo tai chi chuan melhoram a circulação sangüínea e têm efeitos positivos sobre o sistema imunológico. Também é muito indicado para o tratamento de depressão e ansiedade”. 193- RESPIRAÇÃO PROFUNDA. O intenso processo de racionalização – seja em função de preocupações ocasionais, seja em função de uma grande e rotineira carga de trabalho intelectual – tende a gerar o estresse emocional. Como resultado, ocorre a ofuscação, o abafamento, o encurtamento da respiração. É assim que o ato de respirar profundamente (enchendo-se os pulmões até o máximo e soltando-se o ar lentamente, por um período aproximado de uma hora) provoca o “renascimento”, a depuração da mente, a limpeza do Aliás, devemos julgar alguém não pela sua teoria, mas pela sua prática: é a prática que expõe, que testa – que revela como alguém se porta diante das dificuldades e das tentações. Mais ainda: uma teoria supostamente maravilhosa e famosíssima, que não contenha detalhes, é muito inferior a uma prática, mesmo não famosa, que contenha detalhes: a utilidade está nos DETALHES. São os detalhes que tornam algo maravilhoso (com conteúdo). 131 59 lixo emocional – restabelecendo o bem-estar psíquico. Portanto, quando o leitor estiver acometido de um estresse mental basta que execute o exercício da respiração profunda para reequilibrar-se emocionalmente. (Para maiores detalhes, ler livro específico sobre respiração, de autoria do psiquiatra José Ângelo Gaiarsa). 194- REIKI. “O Reiki (imposição das mãos) é uma técnica oriental que capta a energia vinda do cosmo e a transmite à pessoa, para que haja um reequilíbrio energético (que leva ao pleno estado de saúde, harmonia e paz interior). A energia Reiki cura ao passar pelo bloqueio do campo energético, o que eleva o nível vibracional do corpo e dissolve as barreiras. O Reiki acalma as tensões, alivia a dor, limpa o organismo, cura doenças agudas e crônicas. O Reiki pode ser praticado em qualquer caso de doença física, emocional ou mental – desde uma simples dor de cabeça, stress, até câncer. Vale dizer que, em casos de doenças muito sérias, a prática do Reiki não elimina a necessidade de tratamento médico convencional”. 195- PENA DE MORTE. Deus, para fugir do seu narcisismo inicial, criou a Natureza (da qual faz parte o homem também). A Natureza, portanto, é um pedaço ou prolongamento de Deus. E, se quisermos descobrir suas leis, devemos estudar tal Natureza. Agora, especificamente sobre a questão da pena de morte, ela deve ser adotada em delitos graves (assassinatos, corrupção de grande monta132, terrorismo, etc.). Entretanto, é um erro executar alguém por suposta “bruxaria” ou adultério (como fazem países islâmicos). Pois bem, não dissemos que as leis de Deus estão impregnadas na Natureza? Sim. E o que mostra a Natureza (e já fazendo uma analogia) em relação às ervas daninhas que prejudicam as plantações, tão imprescindíveis para o nosso sustento? Ora, tais ervas daninhas não são segregadas - mas arrancadas, cortadas, eliminadas, mortas. Portanto, a própria Natureza, analogicamente, nos recomenda a adoção da pena de morte em delitos graves. Até por que, especificamente no caso brasileiro, criminosos perigosos ficam comandando o crime lá fora de dentro das cadeias. Além do mais, a reincidência no crime não é pequena e ninguém cumpre toda a pena (na legislação brasileira, em casos de crimes hediondos, cumpre-se primeiro 2/5 da pena no regime fechado; em seguida, mais 2/5 no regime semi-aberto e o 1/5 restante em liberdade - quando se presta serviço à comunidade). Quanto à questão da possível condenação de um inocente, isso é raríssimo, como mostra a realidade mundial (e a imprensa tem mostrado alguns casos desses em que houve a correção do erro em tempo hábil, antes da execução). Quanto à questão da forma da execução, deve-se evitar o estrangulamento e dar preferência para o fuzilamento (como se faz na China). Enfim, só gente decente deve viver (principalmente depois que todo o planeta controlar a natalidade, acabar a superpopulação e a miséria, não dando motivo mais para a criminalidade de cunho econômico-social). E, só para finalizar, devemos responder àqueles que argumentam que não se deve combater violência com mais violência. Ora, não se trata de mais violência, mas violência IGUAL, buscando eliminar da sociedade pessoas gravemente antissociais 133 que, ao invés de serem financiadas na cadeia pelo restante da sociedade de bem, com a pena capital, deixem mais recursos que sejam destinados para combater a desigualdade social e promover o bem-estar de todos. 196- NÃO SE DEVE “CONSERTAR” UM ERRO, GERANDO OUTRO. Exemplo 1: Os hindus, visando combater o problema da fome, em uma sociedade superpopulosa, transformaram a vaca num animal sagrado (deixando de fazer o correto, que seria o planejamento familiar). Aqui, portanto, tentou-se consertar um erro (alta taxa de natalidade) com outro erro (transformação da vaca em um animal sagrado). Ora, não se devia 132 E, somente no caso de valores vultosos, como já havíamos apontado acima, que não possam ser recuperados pela justiça. Assim, em havendo recuperação dos valores desviados, parte-se para a pena ou procedimento padrão da justiça (pena não capital). 133 Como é o caso do norueguês que assassinou 77 pessoas em 2011 e pegou a pena de 21 anos de prisão (quando deveria pegar a pena de morte, sentir na pele o que é eliminar alguém ou muitos). 60 fazer nenhuma dessas duas coisas. Ambas estão erradas. Exemplo 2: o governo gastar, em uma situação de alta concentração de renda e de procriação descontrolada, não é salutar (pois gera a dívida pública e penaliza as gerações futuras). Aqui, também, tentou-se consertar um erro (concentração da renda/excesso populacional) gerando-se outro erro (dívida pública). 197- ADMIRAÇÃO. Sem admiração... qualquer que seja... não há sexo que preste. 198- O MAIOR ADVOGADO DO MUNDO: É o passado limpo. 199- OS MELHORES MÉDICOS DO MUNDO. “São a Drª dieta, o Dr. sossego e a Drª alegria” - que, completaríamos, trabalham na clínica da Drª moderação (e são filhos da Drª educação/consciência). 200- PECADO ORIGINAL. A Bíblia diz que após Eva ter comido a maçã proibida (e ter cometido um pecado) todos os homens já nascem pecadores. Ora, o pecado original da Bíblia é uma simbologia, que indica a propensão humana à falibilidade, à falha – decorrente dos bloqueios naturais advindos da materialização corpórea, diferenciada. (Portanto, materializou-se...bloqueou-se: adquiriu-se uma potencialidade negativa – apesar de que também tenha o seu lado positivo). Indica, em conseqüência: uma incompletude, uma limitação. Apenas isso. (Até porque, não se transmite pecado para o feto, via cordão umbilical). 201- CRIACIONISMO: TEORIA TEOCÊNTRICA x TEORIA EVOLUCIONISTA. As teorias teocêntrica (que diz que o Universo foi criado em seis dias) e evolucionista (que diz que as plantas e o animais se desenvolveram a partir de elementos simples da Natureza, ganhando uma complexidade crescente, via processo adaptativo de seleção natural, conforme estabelece a teoria de Darwin) são excludentes? Parece-nos que não. Não seria um despropósito considerar que ambas as teorias se complementariam: a teoria teocêntrica representaria o desejo da criação (o “o quê” fazer); já a teoria evolucionista representaria o processo operacional (as engrenagens, as profundezas interiores, o “como” fazer). A primeira teoria teria a ver com a origem, enquanto a segunda teria a ver com o produto. No entanto, restaria uma discrepância a resolver: em quanto tempo o Universo teria sido criado? Em seis dias, como defende a religião? Ou em bilhões de anos, como defende a ciência? Parece-nos que os seis dias bíblicos134 são um período muito pequeno para a confecção de uma obra tão GIGANTESCA e complexa como o Universo (por exemplo, para percorrer galáxias viajando à velocidade da luz – 300.000 km por segundo – levar-se-ia dezenas de milhares de anos; desse modo, imaginando-se que o Universo tivesse sido criado à velocidade da luz também levaria um tempo considerável para a criação ser finalizada). Assim, seria mais pertinente acreditar nos bilhões de anos, defendidos pela ciência, até por considerar a teoria exposta por nós na página 10 (a qual leva em conta que o estágio primordial/absoluto enfrentava a problemática da baixa conservação ou da volatilidade das formas e/ou conteúdos dos corpos)135. 202- EVA E FRAQUEZA. Quando a Bíblia, implicitamente, diz que Eva foi fraca ao cair na oferta da serpente, o que ela quer dizer efetivamente? Ora, ela quer dizer que Deus (a mulher) deve ceder e contribuir para que o Diabo (o homem) provoque a saída do 134 Na verdade, os seis dias bíblicos estão ligados à preocupação da igreja em fazer com que os crentes não deixassem de se lembrar de Deus, de se dedicar a ele. Então, como já existia a semana de sete dias (sendo um dia reservado ao descanso dos trabalhadores), a igreja resolveu destinar um dia para a reverência a Deus – o dia do descanso (no caso, o sétimo dia da semana): transportou-se uma questão prática do mundo do trabalho para uma questão religiosa (teoria religiosa). Essa dedicação sazonal e especial a Deus, portanto, é uma questão burocrático-litúrgica da igreja (e nada tem a ver com o tempo real de criação do Universo). 135 Deve-se ressalvar que o problema da deficiência de conservação do estágio primordial não implica o retardamento e o conseqüente alongamento do tempo de criação do Universo. Tal deficiência de conservação apenas imprime ao Universo uma certa dose de imperfeição. (É o lado negativo, apesar de inteligente, do Movimento – da maior movimentação dos átomos hegemonicamente livres). 61 “paraíso”. Em outras palavras: Nesse momento paradisíaco, o Diabo deve ser mais forte e impedir que se atinja a completude (bem como, que se permaneça eternamente no paraíso narcisístico/indiferenciado). Nesse momento, o Diabo (a razão) deve conduzir a existência para o Relativo, para a existência diferenciada (corpórea). Só assim haverá o eterno revezamento universal (evolução => involução => evolução...). 203- INTELIGÊNCIA. Preserva-se sob a forma de memória. E, existe a inteligência inconsciente136 e a inteligência consciente. Assim, no fundo, tudo no Universo é memória137 (físico-química) – memória de contato... que se mede pela distância (no tempo e no espaço) e pelo nível de concentração (densidade) das substâncias/corpos/seres138. 204- BURRICE. Não existe (no longuíssimo prazo). Tudo no Universo é fruto de muita inteligência. Até por trás da “burrice” eventual de curto prazo há inteligência, há embasamento, há lógica. Ou seja: o que hoje parece uma impropriedade, uma coisa sem sentido...não passa de uma preparação: constitui uma metade real... da outra metade potencial (do amanhã), no afã de preencher a evolução (até atingir a involução). 205- GUERRA/VIOLÊNCIA. Quando um elemento nocivo se instala no nosso corpo, imediatamente, o mesmo corpo aciona os glóbulos brancos para combater tal elemento nocivo. Todos os sistemas possuem mecanismos forçados e automáticos de correção de rumos. No campo das relações sociais a guerra/violência representa um ajuste forçado aos excessos procriativos do homem – pois as EXCESSIVAS DEMANDAS POPULACIONAIS acirram as disputas entre os países, levando-os à guerra/violência (frise-se, dentro de um mesmo país, a disputa já se dá inter e intraclasses sociais). Da mesma forma que produtos agrícolas excedentes são destruídos no campo quando seus preços estão abaixo do custo de produção, por não encontrar mercado consumidor a preços lucrativos, a guerra/violência representa um movimento de anulação do movimento expansionista anterior: uma eliminação forçada do excedente populacional desestabilizador. Em suma: o movimento contracionista (guerra) representa um antídoto selvagem ao movimento expansionista (procriação descontrolada/irresponsável). Um MAIS (produção em massa) detona um MENOS (destruição em massa). É o mecanismo selvagem de correção. 206- INCOMPETÊNCIA: ALOCAÇÃO E PREGUIÇA. A incompetência não existe. O que existe é a pessoa errada para determinada função. Ou seja: as qualidades de um vendedor (desinibição, desenvoltura, convencimento), de um trabalhador braçal (disposição física), são menos importantes para um cientista (cuja grande qualidade é a sagacidade lógica). Da mesma forma, não se exige tanto de uma secretária o atributo da robustez física, da superinteligência, do convencimento – o que se exige fundamentalmente é organização, simpatia, domínio de línguas estrangeiras, etc. Portanto, o problema está na alocação errada. E está, ainda, na preguiça - contra a qual não há solução branda. 207- INTELIGÊNCIA E SEXUALIDADE. A inteligência se manifesta na sexualidade premiando a competência e punindo a incompetência. Ou seja: quando há romantismo, sinceridade, doação, admiração profunda num relacionamento, no momento do toque (visual, sonoro, tátil, etc), o corpo libera substâncias que lubrificam, relaxam e aquecem adequadamente os órgãos genitais para o coito – o que já não acontece com aqueles que praticam o sexo pelo sexo (o sexo superficial, apressado, dominador). Assim, a sentença da Natureza é justa: aos insensíveis e brutos a Natureza reserva apenas a ejaculação, ao passo 136 Um exemplo é o dado pelos glóbulos brancos, que atacam e tentam destruir os elementos invasores maléficos ao organismo. Assim, o cérebro não precisa dar uma ordem ao instrumento de defesa, pois ele já sabe o que fazer – dentro de suas possibilidades. 137 E, do ponto de vista estrutural, majoritariamente, ela não se perde – ou se transforma e/ou se transmite (havendo, entretanto e às vezes, falhas no processo). 138 Pelo que foi exposto, a inteligência independe de ter a faculdade de se expressar, da expressão. Assim, a inexpressão reflete apenas uma potencialidade incoberta, uma reserva temporal, um bote armado para a metamorfose expressante... futura. 62 que aos sensíveis e envolventes a Natureza reserva algo mais que a ejaculação: o orgasmo (o prazer generalizado, refrescante, rejuvenescedor, revigorante). Aliás, tal sentença não seria um recado da Natureza, não seria um incentivo ao amor abrangente e sincero, não seria um incentivo à evolução (desembrutecimento) do homem? 208- INTELIGÊNCIA E RELATIVIZAÇÃO. Quem absolutiza (inclusive Deus) não passa de um ignorante, de um insensato. Ou seja: tendo em vista que vida é movimento, que tudo oscila, que tudo se resume a probabilidades, o correto e inteligente é relativizar: há o momento certo para algo acontecer, não é sempre que algo acontece e Deus não pode tudo139 (e nem é a única força do Universo). Portanto, tente caminhar pelas próprias pernas, não transforme Deus na única muleta da sua vida, seja moderado (a fim de trilhar pelo caminho correto, a fim de não precisar da ajuda divina – que é possível acontecer, mas é incerta). 209- ADVOGADO. É um general que não manda. Ou seja: apesar de que ele possa e deva orientar o soldado (o cliente), é este quem escolhe a opção a ser seguida – dentre as várias possíveis -, é este quem dá a última palavra. 210- ESTRATÉGIA ADVOCATÍCIA. Quanto mais noção se tem dos fatos que envolvem um caso ou processo, mais chances se tem de vencê-lo. Ou seja: em se sendo a vítima e em se tendo 100% noção do que ocorreu, basta que se pergunte ao acusado: “você fez isto ou aquilo?”. Assim, ou o acusado confessa ou corre o risco de cair em contradição, caso negue, incorrendo em crime de perjúrio. Por outro lado, se a acusação tem noção de apenas 30% dos fatos ocorridos, por exemplo, não fará as perguntas-chave, não encostará suficientemente o acusado contra a parede – que optará pela saída perfeitamente legal, que é a omissão/ocultação (da verdade). 211- ESPÍRITO SANTO: Picos de perfeição. 212- ESPÍRITO SANTO ECLESIÁSTICO x ESPÍRITO SANTO NATURAL. A diferença entre os dois é que o eclesiástico se diz todo-poderoso, absoluto, atuante SEMPRE (em TODAS as situações) – enquanto que o natural é mais humilde, mais ajustado, mais calcado na realidade (pois considera o caráter cíclico e imprevisível da manifestação universal, bem como, reconhece a necessidade de ESFORÇO para se atingir os objetivos almejados). Em suma: o eclesiástico é exagerado e conduz ao fanatismo, enquanto o natural é moderado e conduz à ação embasada. 213- FÉ. A fé mais perfeita (e utópica) é a representada pelo “desapego total, esquecendo-se de tudo e de si mesmo” – enunciado pelo zen-budismo. Ou seja, o desapego significa despreocupação. Portanto, significa fé (otimismo). Mas, na prática, o ser humano não é tão perfeito assim – padece de dúvidas, inquietações, incertezas (como ser relativizado, limitado que é). Então, é assim que ele reza, faz promessas, pede ajuda, pede orientação, pede proteção. Conclusão: quanto mais se reza, menos se demonstra ter fé – e, inversamente, quanto menos se reza, mais se demonstra ter fé. Aliás, há pessoas que largam de fazer determinada coisa para rezarem, para entrarem em sintonia com Deus – como se anteriormente estivessem simplesmente afastadas de Deus. Ora, quem é ético, quem pratica a ética já está permanentemente sintonizado com Deus – de forma que não precisa nem sequer rezar (a não ser que queira dar um testemunho costumeiro de sua fraqueza, apelando para Deus). 214- ATEU. Não existe. O fato do suposto “ateu” restringir, selecionar, não significa exterminar (eliminar tudo). Ou seja: o fato de você não gostar de goiaba não quer dizer que não possa gostar de uva. Uma coisa é certa: estamos livres do vazio – e algo existe Ou seja: as pessoas se esquecem que já não estamos mais no estágio absoluto (onde as ligações da “matéria” eram fracas e fáceis de serem removidas, desfeitas). Já no estágio relativo, de materialização densa/forte, tudo é mais difícil de ser removido/desfeito, tudo depende de combinações energéticas (fortes e/ou ótimas) ocasionais, tudo depende de muita sorte. 139 63 concretamente. Isto é invariável, imutável. O que muda são as concepções de Deus (seja Jeová, seja Alá, seja Buda, seja a Natureza pura e simplesmente, seja um pouquinho de cada coisa, etc) e o nível de engajamento religioso de cada pessoa. Assim sendo, constitui uma maldade, uma pejoração, chamar alguém de ateu – mesmo que esse alguém nem saiba que acreditou em algo, pelo menos em determinados momentos marcantes ou mágicos da vida (regidos pelos picos de perfeição). Em outras palavras: ser criterioso não significa ser ateu. Sem critérios, estamos desprotegidos, entregues ao extremismo fantasioso ou ultrapassado. E, ter critério significa optar pelo bom senso, pelo meio-termo, pela moderação, pelo nãoexagero. Portanto, quem não exagera, quem se baseia na observação dos fatos, quem se baseia na realidade, quem é prudente não tem nada de ateu. Não confundamos consciência com ateísmo. (Não nos esqueçamos nunca: a verdade está no meio... e é holística). Na verdade, quando alguém se diz “ateu” ele está querendo apenas dizer: “não tenho religião institucionalizada”. 215- A BÍBLIA É PERFEITA? Se soubermos interpretá-la, ela o é. Se não soubermos, ela não o é140. 216- ABSOLUTO: Rapidez. 217- RELATIVO: Lentidão. 218- TEORIZAR E PRATICAR: Ambos são trabalhosos. 219- MILAGRES. Resumem-se à cura de doenças, sobrevivência a acidentes – por exemplo. Já coisas como ressuscitar mortos, andar sobre as águas, multiplicar pães, dividir o mar em dois, engravidar sem o expediente da relação sexual141, etc, não passam de invencionice ou puxa-saquismo de apóstolo (ou linguagem figurada). Outra coisa: enquanto no estágio absoluto os milagres eram abundantes (a regra), no estágio relativo eles passam a ser a raridade (a exceção) – em função de que se saiu de uma situação em que as ligações atômicas eram fracas (e os átomos eram facilmente removíveis) e se avançou para uma situação de densidade forte, onde as ligações atômicas são fortes e os átomos são difíceis de remover. Aliás, muitas pessoas (fanáticas) ainda vivem como se estivéssemos no estágio absoluto - onde o milagre era abundante (a regra). Aliás, os milagres feitos por Jesus Cristo estão escritos em código, significando apenas isto: No estágio primordial, Absoluto, narcisístico, Deus provia milagres em abundância. No entanto, com a materialização de parte de sua energia, isto se reduziu bastante, passou a ser raro – de forma que, no estágio relativo da atualidade o milagre está mais ligado ao esforço e ao tempo (necessita de um gasto de energia prévio, de trabalho ... E de preparação, de tempo). Dessa forma, os milagres de Jesus são uma alusão ao passado primordial, narcisístico, absoluto, energético, inicial. Apenas isso. 220- MILAGRE E INTELIGÊNCIA. A fonte de todos os milagres reside na 142 inteligência . Só a inteligência pode produzir milagres (inclusive físico-energéticos). Aliás, também na física, “o próprio ato de medir afeta o que está sendo medido”. É o que ocorre com “a famosa dualidade onda-partícula da luz”: “a luz não é partícula ou onda, mas, de certa forma, ambas! TUDO DEPENDE DE COMO NÓS DECIDIMOS INVESTIGAR SUAS PROPRIEDADES” – por exemplo, “para visualizarmos um objeto, temos de projetar luz sobre ele”. E, particularmente, “ao projetarmos luz sobre um objeto de dimensões minúsculas, obrigatoriamente mudamos sua posição; a luz, ao refletir-se sobre um objeto (minúsculo), não só o ilumina como também o empurra” – resultando em que “o mesmo experimento, repetido várias vezes sob as mesmas condições, dará resultados diferentes” (conforme a teoria probabilística da física quântica) – grifos nossos. 141 Na verdade, quando a bíblia recorre à figura da virgindade novamente ela está nos passando uma mensagem simbólica, em código, que apenas retrata Deus na forma Absoluta, que apenas diz que Deus é o Absoluto (Deus => Jesus => Maria => virgindade => pureza =>=>=> homogêneo/indiferenciado). Assim, Maria está ligada a Jesus, que está ligado a Deus. E, se Maria reflete Deus e é pura, conclui-se que Deus é o estágio absoluto (puro). 142 Esclareça-se: não estamos falando necessariamente de QI (inteligência bruta). Não é preciso ser um Einstein para se tomar atitudes sensatas (embasadas, fundamentadas). Basta que se tenha uma noção razoável da realidade, que se distinga o possível do impossível, que se utilize o “desconfiômetro”. 140 64 Portanto, a inteligência remove montanhas e, sem montanhas no caminho, estamos libertos (de forma que quem se mostra receptivo à inteligência... e a abraça... já alcançou o milagre). 221- MAXIMIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA. Por que a inteligência se maximiza no estágio absoluto? Porque os corpos hegemonicamente energéticos são quase isentos de bloqueios materiais. Assim, pode-se ver143 e sentir DE DENTRO dos próprios corpos (de todos os ângulos ou posições). Portanto, a ABRANGÊNCIA sistêmica primordial potencializa a inteligência divina (também porque as combinações de elétrons são muitas, variadas, aceleradas, permitindo a superexperimentação). 222- MILAGRE E ESFORÇO. Não há milagre sem esforço. Até os milagres DIVINOS, físico-energéticos, só ocorrem em função de um rearranjo energético especial, de um desaprisionamento energético144 intenso (quantitativo) e inteligente (qualitativo): de um esforço imenso – tal qual o milagre da vida, sintetizado no esforço do parto. 223- PARAÍSO NARCISÍSTICO (ENERGÉTICO). Diferentemente do que a massa da população imagina, o paraíso prometido na Bíblia (após a morte) é um paraíso apenas experimental: é o ambiente que servirá de palco para as experimentações de Deus no momento de recriar os planetas (após esgotada a evolução). E, tal paraíso tem alguns incovenientes importantes: falta de visibilidade, falta de intensidade e FALTA DE CONSERVAÇÃO. Portanto, ele não é propício para o gôzo de uma vida de ciclo curto, como essa que temos neste presente momento. 224- ESPÍRITO E RELATIVIDADE. Vida é movimento. Movimento é pulsação. A pulsação se propaga através de ondas. As ondas interagem segundo o nível de materialização do meio. Num meio relativo, materializado, denso, a propagação ondulatória encontra obstáculos que a retarda. O retardamento faz com que não se garanta o atingimento certeiro da revelação, da transformação, do milagre – até porque, com a perda da instantaneidade e da ininterferência, a abrangência145 pode chegar atrasada e/ou incompleta, danificada, impotente, insuficiente (com pouca intensidade e/ou qualidade - sob pico de baixa). 225- FÉ. Os extremos são maléficos: tanto a fé em nada como a fé em tudo... conduzem ao impossível! 226- SILÊNCIO. Às vezes, o silêncio é a resposta mais dura possível – além de não dar pistas sobre nossas intenções futuras (principalmente quando se está sendo acossado por inimigos). 227- ELOGIO. Aqui, deve vigorar a Lei da Compensação. Ou seja, numa situação de menos (tristeza, abatimento) deve vigorar o mais (elogio incentivador, recuperador). E, numa situação de mais (prestígio, bem-estar) deve vigorar o menos (pouco elogio ou elogio suave), a fim de não insuflar demasiadamente a vaidade ou gerar a arrogância. 228- EMOÇÕES. Nos momentos de dificuldades, elas devem ser evitadas ao máximo, lançando-se mão da racionalidade (pois é justamente nestes momentos que somos 143 Note-se: A invisibilidade hegemônica (visualização precária) do estágio primordial é compensada pelo poder da IMAGINAÇÃO da supermente energética divina. 144 Aliás, como seria mais ou menos este “desaprisionamento energético”? Questionemos: o interior de um pedaço de giz não pode ser atingido (a água, por exemplo, não pode molhá-lo, perpassá-lo, atravessá-lo)? Ou, então: o interior de uma barra de ferro não pode ser afetado pela energia dos raios do sol? Sim, a energia consegue penetrar na matéria. Nisso, não houve mudança em relação ao ambiente narcisísticoprimordial de outrora. A diferença é que agora, no ambiente relativizado ou denso, a auto-suficiência ou abrangência hegemônica se retarda bastante, em função dos bloqueios naturais da matéria (daí, aliás, por que relativizarmos os poderes do “Espírito Santo”). Mais ainda: muitas vezes, as energias liberadas pelo Universo nos chegam na forma bruta, precisando ser trabalhadas por nós, precisando de um ESFORÇO de decifração e polimento da nossa parte. 145 Ou seja: a sabedoria energética (a combinação suficientemente ampla, ótima...e apropriada para uma necessidade específica). 65 mais exigidos). Aqui, quanto mais limpos e sem interferências forem os pensamentos, melhor. Já numa situação oposta, de glória/felicidade, as emoções são muito bem vindas – pois, com suas cargas energéticas, estimulam e ampliam o prazer. 229- OPÇÃO SEXUAL. Os pais não devem dizer para a filha: “sejas lésbica”, nem dizer para o filho: “sejas gay”. No entanto, se devido ao fato de Deus ter feito coisas “tortas”, o filho (a) olha para outra pessoa do sexo oposto e não sente nada – ao passo que o coração dispara quando olha para outra pessoa do mesmo sexo -, tem mais é que ser homossexual (porém, discreto, respeitador)146. Como exceção, a homossexualidade não constitui um problema para a sociedade – e até tem a vantagem de não aumentar a população do planeta, o que redunda em menor necessidade de destruição da Natureza. Entretanto, como tudo na vida tem um preço, os homossexuais têm de pagar o preço de não criar filhos – haja vista que os mesmos devem ser influenciados por um ambiente polarizado. (Portanto, o inteligente é impor condições... e não... pura e simplesmente... proibir – o que é burrice). Finalmente, os bissexuais poderão sê-lo desde que as partes envolvidas estejam cientes e de acordo, desde que tudo seja feito às claras, desde que contribua para a felicidade das partes envolvidas – e não para a discórdia, desagregação. 230- POVO ESCOLHIDO. Seguramente, não há nenhum povo superior a outro, não há um povo perfeito e os demais imperfeitos (ou, então, não há povos de 1ª, de 2ª, de 5ª, de 10ª categorias). Entre todos os povos há um misto de bons e maus. Assim, a afirmação bíblica de que os judeus são o povo escolhido ou predileto de Deus não passa de irresponsabilidade, de puxa-saquismo, de bairrismo, de oportunismo, de fraqueza dos mesmos judeus. Aliás, e por outro lado, se a Bíblia contém alguma falha (absoluta), ela não deve ser imputada a Jesus Cristo – que não escreveu uma vírgula sequer: o que está escrito é a versão de terceiros, dos apóstolos – aliás, o fato de um deles, Judas Iscariotes, ser descrito como um traidor abominável, uma erva daninha , não coloca sob suspeita os demais apóstolos? O fato é que a elite não só matou Jesus como escreveu o que bem quis sobre ele. (Por exemplo: quem garante que Jesus não seria um comunista 147 do passado, preocupado em construir uma sociedade justa e humana, diferentemente do que é relatado pelos apóstolos?). Outro aspecto importante é que, pelo fato de a existência ser algo concreto e inegável, a elite logo se deu ao trabalho de criar uma explicação para tal existência - explicação esta muito Aliás, questionemos: o pecado não é a mentira? Ora, o correto não é o gay assumir a sua homossexualidade – ao invés de ficar enganando as mulheres? Do mesmo modo, o correto não é a lésbica assumir a sua homossexualidade – ao invés de ficar enganando os homens? Portanto, devemos lutar para que prevaleça a verdade (e não a mentira, o fingimento, a traição, a hipocrisia). 147 É bom que se esclareça o seguinte: há dois comunismos. Há o comunismo teórico e há o comunismo prático/real. O comunismo teórico prega a construção de uma sociedade sem classes, sem diferenças sociais: com igualitarismo total*. É claro, é um tanto utópico. Mas, isto não quer dizer que não se possa ficar um pouco abaixo desta meta. Assim posto, com os devidos ajustes práticos, o comunismo se torna viável e contribui para engrandecer o homem: é um requisito de civilidade, de elevação moral. Já o “comunismo” real, implantado principalmente nas ex-repúblicas socialistas do Leste Europeu, apesar de alguns pontos positivos, deixou a desejar em aspectos como: falta de liberdade, pouco investimento em bens de consumo, formação de uma classe de privilegiados (tecnoburocracia), etc. Assim, o comunismo ao qual Jesus estaria atrelado seria o teórico (e não o real, ok?). *Aliás, reflitamos: o que aconteceria se um médico ganhasse o mesmo que um gari? Ora, ninguém torraria seus miolos estudando anos a fio para ganhar o mesmo que alguém com baixa qualificação. Assim, a diferenciação salarial representa o incentivo à qualificação da mão-de-obra, o justo retributo à dedicação incansável ao estudo: é uma forma de premiar a inteligência, a competência (não descoladas da ética, é claro). No entanto, não se deve cometer abusos como, por exemplo, pagar mais de US$ 500 milhões a um executivo (por conta de uma rescisão trabalhista). Ora, ele não é um milhão de vezes superior a um funcionário do mais baixo escalão – e nem é independente: o rendimento é coletivo, provem de um trabalho de equipe (bem como, de nada vale a criação sem a execução – sem ter quem executa). Não nos esqueçamos nunca: os opostos se dependem, cada lado tem seu valor. 146 66 propensa a interpretações simplistas de cunho masoquista (que diversas vezes vão de encontro aos interesses egoístas da elite, ao induzir o povo a abrir mão do conforto material, a abrir mão do seu pedaço do bolo 148 ). Ou, então, explicação esta própria de uma época muito antiga, ainda em gestação, do início do ciclo evolutivo. 231- MOVIMENTO DOS SEM INTELIGÊNCIA (MSI). Os brasileiros conhecem muito bem o famoso MST (Movimento dos Sem Terra). Trata-se de um movimento de trabalhadores de cunho marxista, revolucionário (e não reformista). Tais trabalhadores são especialistas em promover invasões de terras (mesmo algumas produtivas). Desafiam as leis e o bom senso. Enxergam na monocultura exportadora um inimigo letal. Pobres revolucionários! Mal sabem eles que os maiores inimigos de si são eles próprios (pois não têm o hábito inteligente de promover o PLANEJAMENTO FAMILIAR entre seus membros). Mal sabem eles que somente uma baixa fecundidade das famílias é capaz de garantir uma ótima distribuição da renda produzida por todos. Mais ainda: os ex-países comunistas do Leste Europeu têm uma ótima distribuição de renda, mas a renda média ainda é baixa. Só o binômio economia de mercado/baixa fecundidade permite conciliar ótima distribuição de renda e renda média alta (como é o caso do Japão, Suécia, por exemplo). O MST é apenas um exemplo de MSI (Movimento dos Sem Inteligência). A igreja é outro exemplo de MSI. No seu caso específico, ela adota o MMU (Movimento do Método Ultrapassado). Ela alia-se à soberba, à pretensa eficácia eterna de seus dogmas, próprios de uma era muito antiga, pouco desenvolvida, inicial. Mal sabe ela que vida é MOVIMENTO, oscilação, transformação, reformulação (via processo EVOLUTIVO). O seu método de ação, baseado no (passado) sagrado, engessa o conhecimento e emburrece a ação das pessoas (até porque tal ação é estimulada pela emoção e não pela razão). Por exemplo: na sua pureza insensata, a igreja acha normal que uma pessoa viva 15 anos a fio em estado totalmente vegetativo, como foi o caso da americana Terri Schiavo. A mesma igreja não enxerga que alguém (as gerações futuras) estarão pagando as contas de determinados tipos de excentricidades do presente. Tais excentricidades são um excelente marketing junto aos fiéis da igreja, comovem corações, impressionam à primeira vista, mas prejudicam as gerações futuras (que pagarão a conta). Um pouco de UTILITARISMO RACIONAL é o que falta à igreja. Mas, acontece que o utilitarismo racional pensa no futuro (ou, na melhor das hipóteses, no equilíbrio entre o passado e o futuro), e a igreja só pensa no passado (o que representa um desequilíbrio). Aí está o problema. O método da ciência (dinâmico, crítico, técnico, equilibrado) visa o futuro, enquanto o método da igreja (estático e populista) visa o passado. Outro exemplo: a igreja é contra a utilização de embriões humanos (descartados) na cura de doenças como o derrame cerebral, diabetes, etc. Também, na sua pureza insensata, incoerente, ela é contra os métodos contraceptivos artificiais – recomendando a UTÓPICA 148 É o caso fundamentalmente da promessa de um paraíso após a morte ou noutra vida futura, promessa enganadora* esta que está presente tanto nas religiões espíritas quanto nas religiões não-espíritas (de umas para outras, só muda a roupagem: a essência é a mesma). Ou, então, é o caso de se empurrar o joio junto do trigo, de se colocar coisas contraditórias (que confundem e deseducam) – o que pode desembocar no fanatismo, no radicalismo cego, no preconceito. *Esclareça-se: do ponto de vista TEÓRICO o que as religiões anunciam, de fato, é a relatividade eterna (o eterno revezamento universal entre a evolução e a involução: a transformação eterna). No entanto, do ponto de vista PRÁTICO, isto não é captado pela maioria das pessoas (mesmo os pregadores), que confundem o tal revezamento eterno ou vida de ciclo longo com o luxo de desprezar sua vida única de ciclo curto (em troca de uma outra vida futura, também de ciclo curto/humana). Portanto, erroneamente, a maioria esmagadora das pessoas (e dos pregadores) só pensa no paraíso absoluto (hegemonicamente energético ou espiritual), desprezando o paraíso relativo (hegemonicamente materializado). Assim, a promessa captada ou interpretada, de um paraíso apenas, absoluto – quando deveria contemplar também o paraíso relativo – redunda numa promessa enganadora (desprovida de embasamento). 67 abstenção sexual como melhor método contraceptivo. Ora, a igreja deveria agir de uma forma mais REALISTA e se preocupar menos com quantidade e mais com QUALIDADE. O importante, para quem pretende ser educador da sociedade, é conhecer a realidade e agir também com racionalidade. Os políticos populistas arrebanham muitos votos, mas quem paga o pato são as gerações futuras. O populismo da igreja também ajuda a arrebanhar fiéis, mas não melhora a sociedade. O dia em que a igreja desprivatizar Deus (que não se resume à teologia) o mundo melhorará. A evolução ainda virá, apesar de que lentamente. É isso que a igreja ultrapassada teme e é disso que a sociedade precisa (principalmente os segmentos mais carentes e desinformados). Mais ainda: a igreja não padece só de burrice, mas também de falta de franqueza. Ela deveria dizer aos seus fiéis: a ideologia que transmitimos a vocês não representa a palavra pronta e acabada de Deus, mas apenas um ESFORÇO HUMANO para compreendê-lo (de forma que Deus está acima das religiões, englobando todo tipo de conhecimento, holístico e panteísta: também os diversos ramos da ciência). 232- ATOS x CÂNTICOS. Deus se sente mais louvado... quando vê alguém praticando um bom ato... ou.... quando vê alguém derramando-lhe cânticos, somente? O que é mais importante: a decência, o respeito... ou... o doce agrado, o agrado mascarado, o agrado de mentirinha, o agrado hipócrita, o agrado de fachada, o agrado interesseiro (pura e simplesmente)?149 233- IDÉIAS x PESSOAS. Não devemos seguir pessoas, mas sim, idéias150. Assim, se o cramunhão dos cramunhões nos dissesse coisas sensatas e benéficas à humanidade, deveríamos seguí-lo – ao passo que se nada menos que Deus nos dissesse o contrário, não deveríamos seguí-lo. Ainda: como somos potencialmente voláteis, ninguém está acima de qualquer suspeita – bem como, devemos considerar que ninguém é totalmente perfeito ou totalmente imperfeito (de forma que cada um possui um joio e um trigo, que devem ser separados). Portanto, quem se fixa no a priori, quem dá o ato passado como imutável (quando, na verdade, este indica apenas uma tendência)... come pelas mãos dos outros e corre o risco de, inadvertidamente/inocentemente, ser enganado ou traído – de ser vítima, na melhor das hipóteses, de um momento de fraqueza do líder ou da fonte. Além do mais, mesmo as pessoas mais iluminadas não desfrutam de picos de perfeição o tempo todo. Outro aspecto: as idéias (abrangentes) são perfeitas e eternas151, enquanto as pessoas são passageiras e falíveis. Finalmente, em função do que já foi dito, nunca é demais lembrar que “o preço da democracia (e da justiça) é a eterna vigilância”. 234- PREDESTINAÇÃO x AUTONOMIA. O nosso destino já está preestabelecido por Deus? Somos um boneco passivo? Sim e não. Ou seja: Sim, porque tudo o que acontece obedece a alguns princípios básicos que regem a ação dos seres. Não, porque Deus apenas cria o palco divino, para que nós possamos representar as peças da existência. Portanto, desde que não se dêem fora dos princípios divinos, há espaço para as representações variadas (únicas, originais, virgens, novas). Em outras palavras: os princípios divinos definem a direção, mas não estabelecem quais serão os itinerários a percorrer. O homem ganha uma procuração de Deus para criá-los. Portanto, o que está preestabelecido é apenas o começo e o fim. O meio... é feito na hora, ao vivo pelos homens (eventualmente ou excepcionalmente auxiliados por Deus). 149 Mais claramente: algumas pessoas acham que os cânticos lhes dariam direito a créditos, os quais seriam usados para abater seus pecados futuros. Assim, esgotados os créditos anteriores, bastaria entoar novos cânticos e obter novos créditos – para continuar pecando indefinidamente. 150 E, conseqüentemente, atos. 151 Aliás, é assim que, no tocante específico ao Cristo, as suas idéias (heranças espirituais) é que são sagradas – e não um simples pedaço de terra onde viveu (o que mostra quanto é ingênua a disputa entre palestinos e judeus pela posse de Jerusalém e como se comete o erro primário de sempre de se apegar às fontes materiais e não às fontes espirituais, aos conteúdos – que não têm forma, que não têm limites no espaço, que são universais). 68 235- REZA x AÇÃO. Apesar de que a reza tenha a sua utilidade psicológica, a ação vale muito mais152. 236- DEUS INVOCADO. Quando nos dirigimos a Deus, na verdade, estamos nos dirigindo à Incompletude (ao Deus dosador... resumido numa só palavra). 237- ESQUECIMENTO. Vem com a substituição. Assim, a chegada de um grande amor concorre para o esquecimento de um antigo – tendo o tempo um papel apenas secundário, contribuindo apenas para o coroamento. 238- DOGMA E PREGUIÇA. O apego das pessoas a dogmas e mais dogmas nada mais é que uma opção pela preguiça. Ou seja, pensam elas: como o dogma A diz tal coisa, nós não precisamos nem pensar sobre o assunto; como o dogma B diz tal coisa, nós também nem precisamos mais pensar se há bom senso sobre o assunto; e assim sucessivamente. Portanto, por que os preguiçosos vão querer “torrar” seus miolos pensando, se os dogmas lhes conferem legitimidade, se justificam seus atos de filósofos preguiçosos?... Sem a necessidade de relativizar, de acompanhar as pegadas do movimento da vida, de observar e investigar a cada momento, de ligar-se no mundo – sendo que tudo isso tem um preço, que é deverasmente trabalhoso? 239- TRABALHAR. É resolver problemas. Então, para os capacitados, o trabalho não constitui um problema – mas, uma satisfação. 240- AGRADECIMENTOS. Devemos agradecer a Deus pela comida que comemos? Se ela é conseguida com o suor de nosso rosto, não é preciso (pois ela não nos é dada de graça). Caso contrário, devemos agradecer. Devemos agradecer a Deus pela vida que nos foi dada? Não é preciso, pois se ela nos foi dada ela não nos foi emprestada153. Além do mais, não devemos nos esquecer que é através de nós que Deus pode obter a experimentação, a revelação forte e longeva da sua inteligência existencial. Portanto, não nos esqueçamos que nós somos criados mas também usados por Deus. (De forma que ele é grato pelo fato de nós existirmos, de nós o revelarmos de forma forte e longeva/conservada). Devemos agradecer a Deus pelo fato de nascermos perfeitos, saudáveis? Sim, pois a imperfeição acidental é algo incontornável, é uma conseqüência natural dos bloqueios advindos da materialização corpórea. Então, se nascer com alguma imperfeição já significa ser único, fazer parte da engrenagem da vida, contribuir para a complementação do todo, influenciar o todo, imagine então o quanto devemos ser gratos por nascermos perfeitos organicamente. 241- BONZINHO x JUSTO. Uma coisa (boa) é ser justo. Outra coisa (insensata) é ser “bonzinho” : permissivo, ingênuo, imprudente. 242- SEXO. Não é pecado. (A prostituição o é)154. Mas, não é por isso que se deve ser promíscuo e abusar dele. 243- SEXO E COMEMORAÇÃO. A analogia da horta é bem apropriada ao sexo. Ou seja: somente chegaremos a hortaliças de qualidade se revolvermos, adubarmos e irrigarmos adequadamente o solo. Não caprichar, não se doar previamente significa obter péssimas colheitas – desperdiçar energias, profanar energias. Assim, se você não plantar, não 152 Devemos conscientizar-nos de que Deus não pode tudo (o que comumente se ignora), que ele está subordinado a uma força maior: a Incompletude. Devemos considerar também que, como energia, como partículas energéticas, as combinações que resultam em picos de perfeição são temporárias. Assim, apesar do poder psicológico da reza, não é a sua profusão que vai gerar uma profusão de picos de perfeição. Outra coisa: de que adianta rezar bastante, mas eventualmente ser alheio aos problemas do mundo?...Ainda mais quando se constata que o mundo está em frangalhos, pedindo socorro? Mais ainda: não é a reza que vai transformar o mundo, mas sim, três coisinhas preciosas: cabeça (racionalidade, equilíbrio), sentimento (sensibilidade) e disposição (vontade de fazer). 153 Reflitamos: O que é de graça, de bom grado, não exige a contrapartida (nem a devolução). Só o que é emprestado exige um aluguel, um juro, uma cobrança... pelo uso. 154 Pois se é íntimo com quem não é íntimo. E, na maioria das vezes, o que prevalece é o fingimento, a mentira...deslavados! Então, como a mentira é pecado, a prostituição é pecado. 69 vai colher nada: sem investimento não há retorno, sem dedicação não há retorno. Mais do que isso: por ser uma coisa extremamente íntima e nobre, o sexo deve ser uma celebração. Ou seja: deve ser o coroamento, a comemoração de um relacionamento saudável, a recompensa, a justa premiação pelo alto nível (retidão e encantamento). Dessa forma, se um relacionamento não é saudável (elevado), não há o que comemorar e não há porque haver sexo. (Lembremo-nos: a espiritualidade, a admiração da existência, é o maior órgão sexual que existe). 244- SONHOS. Apesar de terem ligações com as nossas angústias, com os nossos desejos ... não revelam o futuro – via de regra. Assim, curta-os!... Sem se preocupar se vai acontecer-lhe isso ou aquilo. 245- JOGO SUJO x JOGO LIMPO. No jogo sujo, ganha o “esperto”. No jogo limpo, ganha o competente/inteligente/sensato. A conseqüência é que... o jogo limpo gera prosperidade, enquanto que o jogo sujo gera atraso. 246- O QUE É... É! Quem nega o que é, acaba não sendo (acaba se anulando). Assim, o tempo gasto para contornar o incontornável (para esconder o genuíno) resulta no vazio, no desperdício, na infelicidade. Por outro lado, resulta na distorção da história, na opressão do passado. No entanto, mais cedo ou mais tarde, a verdade tende a ser revelada, tende a prevalecer. 247- RACISMO. Hipótese A: uma pessoa é negra e comprovadamente safada. Portanto, se chamarmo-la de “negro safado” não estaremos cometendo crime de racismo. São dois fatos verdadeiros. (Aliás, se chamarmos um branco comprovadamente safado de “branco safado”, ele não ficar zangado porque foi chamado de branco, mas porque foi chamado de “safado”). Agora, hipótese B, se chamarmos de “negro safado” um negro comprovadamente honesto e decente, estaremos cometendo crime de racismo – pois o negro se tornou mau caráter independentemente de seu caráter, em função da cor de sua pele. Hipótese C: um negro e um branco concorrem a um emprego e ambos empatam na avaliação. Ora, o empregador pode optar pelo branco, sem caracterizar crime de racismo. (Até porque, se o empregador fosse negro, o candidato negro poderia levar vantagem). Mas, se o candidato negro se sai melhor na avaliação e é preterido em função da cor (não ser branca), aí se configura crime de racismo. Portanto, o crime estaria ligado ao falseamento doloso. Fora disso, a justiça não pode acobertar aqueles que acham que a palavra negro (a) é uma palavra santa e proibida... passível de condenar quem a verbalize, utilize... independentemente de dolo. (Nesse caso, aliás, os negros/judeus/etc passariam de discriminados a privilegiados.) 248- FINESSE x ÉTICA. Alguns espertinhos acham que a finesse (etiqueta burocratizante) substitui a ética, o respeito ao semelhante. Ou seja, acham que em se sendo “fino” por fora (apenas na apresentação), não se precisa ser “fino” por dentro. Ora, a finesse é apenas o complemento, enquanto a ética é a base... e totalmente indispensável. 249- ESPÍRITO x ESPIRITISMO. Pode-se acreditar no espírito, na energia, sem cair no espiritismo religioso. 250- DEUS: embasamento humanizante. 251- DIABO: ignorância. 252- AURA. Ela é uma confirmação da existência do espírito, nos moldes apregoados pelas religiões? Ora, ela apenas mostra a irradiação de energia. É um fenômeno natural – assim como o é a formação de vapor, quando do esquentamento da água. 253- “AQUI AGORA”. Questionemos: não é correto acreditar que alguém que sofreu nesta vida obtenha uma recompensa, numa vida futura? Ora, a idéia errônea e simplista da recompensa futura arrefece a promoção de reformas estruturais a nível mundial, contribui para que a sociedade não se organize satisfatoriamente, para que não se obtenha o paraíso não-narcisístico ou terrestre (qual seja, o mundo hegemonicamente constituído de classe média – sem miséria absoluta). Portanto, a justiça (judiciária, econômica, etc) depende 70 essencialmente de organização, de vigilância, de acompanhamento, de participação, de empenho, de mobilização... nesta vida. Entretanto, mesmo que se avance bastante na promoção da justiça, algum grau (mesmo mínimo) de injustiça ainda existirá – como produto dos bloqueios, das falhas ocasionais que ocorrem no processo vital, materializado/corpóreo. É o preço residual a se pagar pela concretude, pela experimentação forte. 254- PREÇO RESIDUAL. Com a perda da abrangência, ganha-se a falibilidade potencial, a limitação. Então, é justamente para não descolarmos de nós mesmos, para não negarmos o que agora somos, para não negarmos que agora somos limitados, é que o preço residual entra corriqueiramente como lembrete do estabelecimento de limites, de meiostermos, de razoabilidades, de preservabilidades, de dependência. É a Incompletude corrigindo rumos, impedindo que se saia do eixo, zelando pela eternidade – pela relatividade evolutiva (pois em regime de perfeição absoluta não há evolução). É a inteligência em processo. 255- DETERMINAÇÃO E INTERESSE. Quem é decidido, não o é em relação a tudo. Ou seja, só somos decididos em relação aos projetos que nos interessam: não direcionamos nossas energias para o que não nos chama a atenção. Assim, quanto mais nos interessamos pelo mundo, mais tendemos a ser determinados – ao passo que quem tem interesse zero pelo mundo também tem determinação zero. 256- PROJEÇÃO. As imperfeições, as falhas residuais decorrentes dos bloqueios advindos da materialização geram injustiças (dolosas e não dolosas) residuais. Então, é de se questionar: é justo que alguém de boa índole morra num acidente de trânsito, num roubo, numa enchente, etc? Ou que uma criança morra precocemente em função de uma doença, de uma violência paterna, etc? Ora, não é justo. Mas, para advertir, para reforçar a consciência, alguns sinistros (parciais ou definitivos) são necessários155. Então, o que resta fazer? Em primeiro lugar, resta torcer para que não sejamos nós os “felizardos” mártires156, os exemplos advertidores. Em segundo lugar, resta viver cada dia como se fosse o último... não adiando a felicidade para um futuro distante, não deixando para amanhã o que deve ser feito hoje (pois amanhã poderá ser muito tarde)157, lutando hoje pelos nossos direitos de cidadãos. Em terceiro lugar, resta esclarecer que a crença simplista de que os justos irão para o paraíso (não-narcisístico) após a morte (e não no presente)... não passa de uma projeção. Ou seja, comportando-se como procuradores dos mortos, tomando as dores passadas dos mortos... os vivos se esquecem de que os mortos já não têm mais consciência, já não têm mais dores, já não têm mais inquietações158. Assim, os vivos projetam para os mortos inquietações que são dos próprios vivos159. 257- HÁ ALGUM PROBLEMA EM SE TER APENAS UMA VIDA? Os espíritas ficam de cabelo em pé só de pensar na hipótese de se ter apenas uma vida. Para eles, é o fim do mundo, é a tristeza absoluta. Ora, em primeiro lugar, por que eles não lamentam o fato de uma árvore ou um animal também ter uma vida única? Por que uma árvore ou um 155 Aliás, não é por acaso que a Bíblia fala em sacrifícios de animais, em oferendas a Deus. Não estaria ela se referindo, implicitamente, nas entrelinhas, ao preço residual? 156 Entretanto, ressalvemos que os mártires têm a compensação de serem lembrados positivamente, de serem queridos pelas gerações futuras. 157 Não estamos recomendando, aqui, a pressa desastrosa: não se chega a algum lugar sem preparação. O que se está querendo recomendar é a não desistência, a perseverança, o engajamento (no terrestre mesmo): o planejamento saudável, consciente e abrangente desta vida (de hoje, terrestre) – e não numa suposta outra vida de ciclo curto (paradisíaca, celestial, por exemplo). 158 Ressaltemos: os mortos de ontem tinham inquietações... mas ... enquanto eram vivos. Hoje, quando já mortos, perderam-nas totalmente. 159 É bem provável que o leitor encontre muita dificuldade para compreender a dimensão prática da projeção, senti-la na pele... pois é bem difícil ultrapassar a barreira da vida (morrer)*... estando VIVO! Aliás, em relação a isso, o filósofo Epicuro disse o seguinte: “a morte não nos afeta, pois enquanto estamos vivos, a morte não está conosco – e quando ela está conosco, não existimos mais”. *eliminar preocupações...preocupaçõe...preocupaço...preocupaç...preocupa...preocup....preocu...preoc...preo...pre...pr...p... 71 animal nasce, cresce e morre – e não comove nenhum espírita? Se uma árvore ou um animal nasce, cresce e morre, por que nós também não podemos nascer, crescer e morrer numa boa, satisfeitos? Por outro ângulo, se as árvores ou os animais também são seres vivos160, por que não lhes dar um “espírito” (sobrenatural)? Por que não torná-las reencarnáveis, eternas? Ora, é porque as árvores ou os animais não têm que justificar as injustiças ou desigualdades sociais161. Enfim, triste não é... morrer. Triste é não viver. Triste é vegetar nesta vida, na próxima vida, na outra próxima vida, na outra da outra da outra... (iludido de que existem infinitas vidas futuras). Triste é trocar a qualidade pela quantidade (sic). Triste é trocar uma certeza por mil ilusões. Triste é os miseráveis viverem mil anos a setenta do que viverem setenta anos a mil. Por último, resta esclarecer que os espíritas, que falam tanto de mortos, se recusam a morrer162: para eles, projetadores de carteirinha, o que eles sentirão ao morrer será o mesmo que eles sentem ainda hoje enquanto vivos (tristeza... só de pensar na morte “definitiva” – como se tivessem medo de experimentá-la)163. É que a inconsciência (onde não há uma única inquietação) não entra na cabeça deles. 258- VIDA ÚNICA E DEGRAUS. A vida (caminhada) da humanidade é como uma escada. Há o ponto de subida e o ponto de descida. Há o degrau inicial e o degrau final (bem como os degraus intermediários). Viver é escalar os diferentes degraus. Mas, aí vem a pergunta: os degraus são únicos ou é o mesmo degrau que se repete muitas vezes? Ora, numa perspectiva presente, que é o que importa, não dá para haver repetição (pois não é possível transformar um mesmo degrau em vários, sob pena de destruí-lo ou fragilizá-lo)164. Somente numa perspectiva futura (e aí está a deficiência do espiritismo: prometer, prometer, prometer... no futuro... como fazem muitos políticos demagogos) é que isto poderia ser possível. Além do mais, questionemos: é possível um degrau resistir às intempéries do tempo? Ou, nada resiste ao tempo? 259- FRAGILIZAÇÃO E RELATIVIDADE: OS DOIS LADOS. A operação de transformar o UM-SINGULAR (definido)165 em TODOS-UM (indefinidos), por um lado, redunda na fragilização da concretude/definição/intensidade; por outro , fortalece a abrangência. Inversamente, a operação de transformar TODOS-UM (indefinidos) em UMSINGULAR (definido), por um lado, fragiliza a abrangência; por outro , fortalece a Aliás, cabe aqui uma reflexão: as árvores também têm “alma”? É claro que sim. Da mesma forma que nós, a “alma” de uma árvore, cachorro, etc, é o resultado da interação entre a energia (criação) e a matéria (conservação). Tanto no caso do homem, quanto do cachorro e da árvore, só há um sopro de vida porque existe este algo (híbrido e natural ) chamado “alma” – diferentemente da “alma” pura e sobrenatural (vazia, ilusória, fictícia) dos espíritas. 161 Aqui, também, fica valendo o que está colocado no rodapé de nº 60, na página 32. 162 Ora, estamos falando aqui da vida de ciclo curto, onde não se escapa da morte – e não da vida de ciclo longo, onde se escapa da morte (através do eterno revezamento universal entre a evolução e a involução, através da eterna transformação universal). 163 Na verdade, os espíritas não passam de inconsistentes lógicos, de seres atrasados: eles simplesmente trocam uma vida plena por infinitas subvidas. Eles não querem VIVER e morrer. Para compensar a morte definitiva (de ciclo curto), que eles não aceitam, eles criam infinitas vidas (sic). Viu só? A morte não é com eles. E nem a vida... pois eles desperdiçam a única que lhes é dada (basicamente no caso dos espíritas pobres). Assim, no fim de tudo, eles acabam ficando com o NADA: nem uma coisa e nem outra. 164 Por exemplo: tente dividir um palito de fósforo em 100 pedaços. (Você vai acabar pulverizando-o, exterminando-o, desfigurando-o). Da mesma forma, tente gravar uma mesma fita K-7 mais de 100 vezes. (A qualidade da fita vai ficar tão ruim que é recomendável que você a inutilize, sem pestanejar). 165 Tal colocação é apenas convencional. A realidade mostra que nós, seres limitados, às vezes, podemos ter uma certa noção de conjunto (embora isso não seja permanente – e embora não se equipare à noção divina, primordial). Ou, então, podemos dizer que, no estágio relativo, as partes interagem entre si – embora muito lentamente, atrasadamente. E, do ponto de vista convencional, o Relativo é UM e MUITOS ao mesmo tempo... em termos de definição (ou seja: São os muitos se revelando de forma forte e se transformando em singularidades únicas). Já em termos de abrangência, o Absoluto também é UM e MUITOS ao mesmo tempo (ou seja: São os muitos interagindo-se e transformando-se no UM... no conjunto abrangente, no abrangente-UM). 160 72 concretude/definição/intensidade. E, o fato relevante é que uma fragilização apenas hegemônica/majoritária não constitui um problema – diferentemente de uma fragilização total/pura (100%), que conduziria à morte definitiva/irreversível. Um outro problema efetivo é o de tentar transformar o UM-SINGULAR em TODOS-MUITOS-UM166, estando no estágio relativo (e não no estágio absoluto), como faz o espiritismo. (Aqui, aliás, os espíritas renegam a sua condição de seres individuais/limitados e passam a agir como se fossem deuses/abrangentes – ao esticar a vida, única e de ciclo curto, até o infinito). 260- MORTE E RELATIVIDADE. Há quem pense que a morte inesperada é algo injusto, que ceifa uma esperança de felicidade. Ora, tudo é relativo. Há casos em que ela é vantajosa, em que uma pessoa, ao morrer, sai lucrando – tendo em vista que a sua vida degeneraria, atravessaria fases de turbulências e/ou martírios. E é lógico, há também os casos em que alguém, por ter muitos potenciais ou qualidades, sai perdendo com a morte inesperada. Enfim, o fato de não se saber o futuro, de não se ter bola de cristal, não quer dizer que toda morte é hegemonicamente desvantajosa167. 261- PROJEÇÃO E DESCRENÇA. O que está por trás da preocupação neurótica das pessoas em tentar adivinhar o futuro, em prevê-lo, em projetá-lo após a morte?168 Ora, ao fazê-lo, tais projetadores de inquietações não estariam demonstrando ter muitas preocupações (pouca fé)? Não estariam duvidando que Deus saiba o que faça (pois Deus já vivenciou a perfeição praticamente absoluta, lá atrás)?169 262- MORTE. É o efeito do casamento do movimento com a concretude170. 263- MORTE. DESCANSO... provisório, cíclico. 264- TERIA LÓGICA A VIDA SEM A MORTE? Não. Em primeiro lugar, porque evitar a morte significa congelar as pessoas, tirar-lhes os movimentos, impedir-lhes o crescimento, matá-las. Em segundo lugar, porque se não houvesse a morte haveria uma explosão demográfica sem precedentes (incluindo-se os animais), levando a um crítico esgotamento do espaço físico e dos recursos naturais do planeta (muito mais do que já ocorre atualmente). 265- IMPERFEIÇÃO. Se ela for apenas temporária, ela é perfeita (inteligente). Se ela for permanente/irremovível, ela é imperfeita (burra). No primeiro caso, o preço geraria compensação. Já no segundo caso, não haveria compensação alguma. Em outras palavras: a imperfeição só existe no curto prazo. No longuíssimo prazo, tudo é perfeito (pois a imperfeição conduz à perfeição, pois a imperfeição dá sentido à perfeição, pois a imperfeição Ou seja: transformar uma vida única/separada (que nós denominamos de “UM-SINGULAR”) em vidas contínuas/inseparadas (que nós denominamos de “TODOS-MUITOS-UM”). 167 Ressalve-se: em momento algum estamos sequer pensando em defender o dolo, o homicídio. Estamos apenas tratando da hipótese da morte acidental, ok? 168 Ou seja: basta saber que, com a morte, perde-se a consciência. Isto é suficiente. Aceitar apenas isto é ter fé, é aceitar os mistérios divinos, é confiar em Deus. 169 Mais precisamente: o fato de Deus ter-se relativizado, de ter perdido parte dos poderes absolutos (abrangência, instantaneidade e ininterferência) não quer dizer que tais poderes nunca tenham existido em profusão (no passado). O hoje não cancela o ontem. (Por exemplo: o fato de o presidente dos EUA ficar velho e doente um dia não quer dizer que não tenha sido poderoso no passado, quando era presidente). Por isso, acredite em Deus – pois tudo o que acontece é fruto de um sentido superior, profundo, extremamente inteligente, pesquisado à exaustão (Lembremo-nos: no estágio absoluto tem-se a vantagem de experimentar até não querer mais – pois não há ligações fortes, não há bloqueios impeditivos da superexperimentação). 170 Ou seja: Se, utopicamente, pudesse haver movimento no meio vazio, não haveria a morte – pois não haveria atrito, choque, desgaste. Ótimo, não? Errado! Há também o lado ruim: a inexistência. Já inversamente, o movimento no meio concreto gera o atrito que leva à morte. Péssimo, não? Também errado! Há a vantagem das intensidades fortes da sensação, da experimentação, da visibilidade, da definição. Finalmente, só para encerrar a questão, façamos um exercício prático: tentemos ralar um milho inexistente. Aposto que daí não vai sair nenhuma pamonha, que não vamos conseguir absolutamente nada. Agora, tentemos ralar um milho concreto, com massa. Aposto que vamos conseguir ralá-lo. Conclusão: o vazio é eterno (pois não há choque: é impossível um nada se chocar com outro nada)... mas é vazio. “Grande” vantagem, não? 166 73 é o ingrediente “torto” ou necessário que compõe a perfeição, pois a imperfeição completa a perfeição). Em miúdos: a imperfeição só seria imperfeita se ela não tivesse sentido, se ela não fosse necessária ao processo de encurtamento/alongamento do tempo (segundo uma consideração quantitativa e qualitativa, respectivamente, da existência) 171. Dessa forma, errando também se acerta (pois o erro prepara o caminho para a maior perfeição do futuro). 266- IMPERFEIÇÃO. Gera evolução. (via processo dialético, a evolução se dá através do embate entre opostos, fazendo surgir sempre uma síntese nova). 267- PARAÍSO PERFEITO (UTÓPICO) x PARAÍSO PARCIAL (POSSÍVEL). Seja ambicioso, mas NÃO MUITO (lembre-se sempre: o segredo está na dosagem). Não troque o paraíso parcial (plenamente possível) pelo paraíso total/perfeito (plenamente impossível): o tudo... na outra vida... conduz ao nada... nesta vida – e, o que é pior: apenas esta vida, que você pode estar jogando fora, é que importa (pois a outra vida simplesmente não existe). Não arrisque tudo o que tem: esta vida. Em outras palavras: não pegue tudo o que tem e jogue na mega sena (querendo ficar riquíssimo). É preferível utilizar o seu dinheiro para gastar com alimentos, roupas, utensílios domésticos, remédios, móveis, livros, etc. A promessa da mega sena é tentadora mas, muito provavelmente, você jogará a vida toda e não ganhará absolutamente nada. O retorno das coisas fantásticas (e que ainda não existem, que são apenas promessas) é duvidoso. O retorno das coisas simples (e que já existem, que são reais) é certo. 268- CÉU/PARAÍSO E INFERNO. Estes termos bíblicos são um grande desserviço à humanidade. Ora, como ambos estão ligados a uma outra vida de ciclo curto (que simplesmente não existe), ambos são irreais/fantasiosos/utópicos. Portanto, uma Bíblia moderna jamais deveria utilizar tais termos (a não ser que estivessem ligados a esta vida) 172. 269- PARAÍSO. O paraíso retilíneo, onde não há dor/morte/sofrimento (picos de baixa), não passa de uma utopia – sem a mínima chance de implementação prática. Até o Para maiores detalhes, vide o tópico de nº 313, na página 83 – juntamente com a nota de rodapé de nº 216, na página 90. Além do mais, cabem outras reflexões: digamos que tudo fosse perfeito, que só vivêssemos para o lazer e para o prazer. Aí, vem a pergunta: quem iria produzir para nos alimentar, para nos vestir, por exemplo? Quem iria tratar da nossa saúde, por exemplo?* Alguém poderia argumentar: Deus! Mas, não devemos nos esquecer de que Deus é energia e que energia se dissipa. Não haveria como nos sustentarmos (por um longo período) com algo que se dissipa. Nesse caso, a impermanência seria a regra. Os fenômenos seriam muito breves, começariam e terminariam em pouquíssimo tempo. Assim, verificadas as instabilidades, insuficiências ou desbalanceamentos da energia pura, somos obrigados a nos voltar para o mundo da matéria (que, mesmo com seus defeitos, conserva a forma dos corpos e alonga a duração dos fenômenos). E, num mundo material, há a necessidade do trabalho para a sobrevivência do homem. Sem trabalho não há o beneficiamento dos recursos naturais do planeta (transformação provisória da matéria em energia - na verdade, energia-matéria - e manufaturação da matéria). Sem o trabalho não há o REVEZAMENTO ENGRANDECEDOR entre o lazer e a atividade produtiva. Sem o trabalho há a massificação, a padronização, a estagnação, a desvalorização do rendimento humano (num ambiente estático, não-cíclico). Portanto, os paraísos utópicos regidos pela perfeição absoluta, que aparecem em diversas Bíblias do mundo, não passam de sonhos. São coisas fora da realidade, sem a mínima chance de implementação prática. Tais paraísos desrespeitam a lógica. E, sem lógica, não há vida consistente. É a mais pura verdade (queiramos ou não). Se não bastasse isso, nunca devemos nos esquecer de que a perfeição absoluta significa o atingimento da completude, a minuscularização máxima da matéria, a chegada irreversível ao VAZIO... ao nada. *de modo que todas as empresas do mundo iriam à falência, pois não teriam para quem vender e nem criariam um único emprego. E, do mesmo modo, num mundo perfeito, não existiriam advogados, pois não existiriam causas para se defender. 172 Traduzindo para o lado prático: uma Bíblia moderna não deveria falar que os maus seriam lançados no inferno (após a morte), mas que, por exemplo, seriam punidos pela sociedade (cadeia, indenização, etc). E, por que isto seria mais apropriado? Ora, simplesmente porque o castigo divino noutra vida só amedronta quem teme a Deus. O incrédulo mau não vai dar a mínima bola para os castigos divinos (ao passo que já vai dar bola para os castigos da polícia e do judiciário). Por outro lado, se se promete um paraíso noutra vida (que simplesmente não existe), pessoas ignorantes acabarão abrindo mão do bem mais precioso que elas têm (esta vida) – aliás, praticando um verdadeiro atentado contra si próprias: verdadeiro biodegradabilismo humano. 171 74 paraíso narcisístico primordial tem os seus inconvenientes ou desvantajabilidades (invisibilidade, falta de intensidade, falta de conservação). O paraíso real sempre será cíclico/oscilante, governado pela Lei dos Rendimentos Decrescentes e pela Incompletude. Em miúdos: o paraíso real não trata de eliminar os picos de baixa, mas reduzi-los consideravelmente (o que se atingirá com o devido controle da natalidade e redução da população mundial). Finalizando: um ambiente qualitativamente estático (mesmo positivo) não traz aprendizado. Já um ambiente oscilante (com picos de baixa) traz aprendizado e conduz à evolução/amadurecimento. 270- PROBLEMAS x NADA. Se o leitor às vezes fica revoltado e pessimista em função de que alguns problemas cruzem o seu caminho – de que tenha que pagar um certo preço pelas coisas a obter, de que seja alvo de cobranças, de que tenha que seguir certas posturas exigidas pela ética social, de que, enfim, nem tudo seja flores –, pense num extremo que é a fuga, que é a desistência de tudo o que existe: pense no nada. Agora, passou-se a ter mais um opção, diante de tudo o que existe: tem-se o nada. Por sua vez, adotando-se o nada, acabam-se os julgamentos, os desejos, as experimentações, os desafios, as revelações, as descobertas, as novidades, os crescimentos, os progressos, as evoluções, os amadurecimentos, os aprendizados, as lições: as caminhadas. Assim, não há como fugir do óbvio: o que existe (pessoas, plantas, animais, objetos, construções, o ar, o sol, a chuva, pensamentos, alegrias, paixões, prazeres, etc, bem como, de outro lado, infortúnios ocasionais) tem conteúdo, é rico. O que existe TEM A ENSINAR. Já o que não existe é pobre pois não há diversidade geradora de luz, pois nada tem a revelar ou ensinar. Portanto, é melhor aceitarmos a existência física (com seus defeitos ou imperfeições ocasionais, com seus prós e contras) do que a inexistência – que não tem nem prós e nem contras, que não tem absolutamente NADA! 271- PERFEIÇÃO x FRANQUEZA. Devemos exigir que as pessoas sejam perfeitas? É obviamente que não! Devemos exigir que elas sejam francas, sinceras, honestas (mesmo no exercício legítimo de suas imperfeições). Apenas isso. 272- PARTE EXPLICA PARTE. Ao investigar algo, é muito importante saber até que ponto se trata de uma parte ou de um todo. E, se se tratar de uma parte, a dedução lógica é que parte explica apenas parte. Vejamos alguns exemplos. Na química: o hidrogênio é apenas parte da água. Não é água inteira. Na economia: a quantidade de moeda em circulação no mercado influencia apenas em parte a taxa de inflação - a teoria monetarista não explica tudo173: a inflação pode ser causada também por choque de oferta (pouca oferta), por choque de custos (aumento dos custos), por desvalorização cambial, por indexação conflitiva (reposição salarial desrespeitada, desmoralizada, repassada aos preços), etc. Na psicologia: não se conhece uma pessoa apenas por um primeiro contato (breve e superficial), apenas por um momento. É necessário conhecer os muitos momentos (partes) que integram a vida de tal pessoa. Na fisiologia: no estudo do corpo humano não se leva em conta apenas um órgão, mas todos os órgãos partícipes do sistema corporal. Portanto: “uma andorinha só não faz verão”, uma parte isolada é limitada; uma parte isolada não tem a capacidade de explicar tudo, de resolver tudo. Só as partes integradas explicam “tudo”. 273- PETULÂNCIA. A igreja é uma instituição petulante, pouco humilde, apegada à soberba, na medida em que quer ser TODA a verdade (quando na verdade é apenas PARTE da verdade). 274- DINHEIRO E FELICIDADE. Dinheiro não é tudo, é apenas uma parte (da felicidade). No entanto, sem dinheiro também não se é feliz. A felicidade é o resultado da interação entre o subjetivo (conforto interior, sentimento interior) e o objetivo (conforto exterior, conforto material). Achar que a pobreza é só subjetiva (psicológica) é um erro. 173 Ou seja: nem toda inflação é de demanda. 75 Achar que a pobreza é só objetiva (financeira) também é um erro. Tudo é uma questão de dosagem, de colocar o dinheiro no seu devido lugar. 275- DIGNIDADE x DINHEIRO. Primeiro a dignidade. Depois, o dinheiro. 276- NÚMEROS x SENTIMENTOS. Os números satisfazem e atingem o ego. Os sentimentos (nobres) satisfazem e atingem a alma (gerando contentamento). Os números, digamos assim, por sua “força gravitacional” imensa (insensibilidade imensa) atraem e aprisionam os seus frios detentores. Já os sentimentos (nobres), por sua benevolência e sensibilidade, libertam e realizam os seus amorosos detentores. 277- DE TUDO UM POUCO. Devemos adotar os princípios sensatos, não importando se são ensinados pela Natureza, pelas filosofias, pela ciência, pelas religiões. É como na alimentação: ingerimos os mais diversos alimentos (qualidades e quantidades), mas nem tudo é aproveitado/assimilado pelo organismo – uma parte é eliminada, excretada174. Assim, o importante não é a fonte, mas o conteúdo – venha de onde vier. 278- CRISTIANISMO. Ponto positivo: a noção de preço existencial (“morte”, doação em prol da humanidade... e dos demais seres, despotencialização relativa (via materialização considerável da energia divina primordial). Pontos negativos: a sofisticação ou falta de explicitação, detalhamento, clareza da Bíblia e a apregoação da fé em tudo, de exageros de ordem sobrenatural. 279- RELIGIÕES ORIENTAIS. Pontos positivos: as noções de complementaridade dos opostos e de descondicionalização dinâmica (flexibilização), bem como a visão panteísta da divindade 175. Ponto negativo: a inconsistência hegemônica do reencarnacionismo. 280- ESPIRITISMO KARDECISTA. Ponto positivo: a noção de evolução, culminando na fusão do Absoluto com o Relativo (no atingimento do paraíso relativo). Ponto negativo: também, a inconsistência lógica dos demais fundamentos reencarnacionistas (especificamente kardecistas). 281- RELIGIÕES OCIDENTAIS x RELIGIÕES ORIENTAIS: BALANÇO. As religiões ocidentais têm como mérito a negação do carma e da reencarnação, ao passo que têm como defeito os exageros de ordem sobrenatural (fundamentalmente). Já as religiões orientais têm como mérito o fato de possuírem uma filosofia mais avançada e bonita, ao passo que têm como defeito a adoção do carma e da reencarnação (nada menos que verdadeiros cânceres da humanidade) 176. Enfim, tanto as religiões ocidentais quanto as religiões orientais dão com uma mão e tiram com a outra – e a humanidade é que fica com o prejuízo. Aliás, podemos dizer que uma religião moderna seria aquela que apenas dá (coerente: apenas educa), enquanto uma religião atrasada seria aquela que dá e tira 174 Analogamente, indaguemos: um bolo, para ser bom, não necessita de diferentes ingredientes? Não seria muito ruim um bolo com apenas um ingrediente (apenas trigo, por exemplo... sem açúcar, manteiga, leite, fermento, chocolate, côco ralado, ovos, etc)? Ou, ainda, pensemos: o que seria de nós se ingeríssemos apenas uma categoria de alimentos (os energéticos, por exemplo)? Não teríamos uma saúde debilitada? Ora, para sermos fortes e saudáveis necessitamos ingerir as mais diversas categorias de alimentos: os energéticos (arroz, batata, abacate, açúcar, etc), os construtores (proteínicos... como a castanha, a carne, o leite, etc) e os protetores (vitaminas e sais minerais... presentes na banana, na maçã, na cenoura, na beterraba, na alface, no agrião, etc). São as sábias dicas da Natureza. 175 A visão panteísta da divindade, presente no hinduísmo, por exemplo, que também tem algo de moderno, diz que a divindade não é um ser pessoal – mas uma força, uma energia que permeia tudo e a todos: os objetos inanimados (prédios, pontes, etc), os seres inorgânicos (solo/chão, sol, minérios, ar, água), as plantas (todos estes formando a vida inconsciente), os animais e os homens (os dois últimos formando a vida consciente). 176 Realmente, os orientais criaram umas coisas avançadas. No entanto, eles também são os legítimos criadores da COISA MAIS ATRASADA DA TERRA: o princípio religioso do “carma” (o maior desserviço já impingido à humanidade). Aliás, este autor que vos escreve pede encarecidamente aos orientais que tenham a hombridade de extinguir o tal princípio do “carma” – a fim de não entrar em choque com os seus postulados éticos maravilhosos, a fim de não cancelá-los. 76 (incoerente: educa e deseduca). Mas, se as religiões atuais são insuficientes isto acontece em função de não serem holísticas (já que se prendem EXCLUSIVAMENTE à teologia). Modernidade e holismo andam juntos, é bom que se diga. 282- A FUNÇÃO DA IGREJA. Não é mudar o mundo, não é construir o mundo da qualidade (razão). Sua função é eternizar ou reverenciar o passado, é frear a evolução natural das coisas, olhando o mundo sob a ótica da emoção 177. 283- MENTE DIVINA x MENTE HUMANA. A diferença é que a supermente divina é pura (apenas energia) 178 e a mente humana é híbrida (energia + matéria). Enquanto a supermente divina é abrangente (“inteira”) e dissipativa, a mente humana é parcial e conservada. Portanto, por associar-se à matéria, a mente humana ganha o atributo da conservação (apesar de, compensatoriamente, passar a ser parcial). 284- CONHECIMENTO E QUANTIDADE. O conhecimento é o alimento que nutre o homem. “Conhecimento é poder”, já diziam os sábios. É poder em qualidade. Mas, não é só em qualidade: é também em quantidade. Por sua vez, a quantidade depende de conservação (matéria memorificante). Se antes (no estágio absoluto) a quantidade relativa se dava em termos de abrangência, agora, ela se dá em termos de conservação. Mas, nem mesmo a mente humana significa conservação total ou plena. A memória humana também se perde (mesmo que parcialmente)179. Na verdade, não há como fugir da Incompletude. A Incompletude é a mão que ao mesmo tempo nos acaricia (nos cria, nos viabiliza) e nos esbofeteia (nos limita). Se antes ela nos livra do nada, agora ela nos livra do tudo. Tudo e nada são a mesma coisa, pois o tudo conduz ao nada. 285- DEUS x DIABO. Em termos bem sintéticos, Deus é tudo o que possa existir. Em termos mais detalhados, já há variações, diferenciações – perdendo-se a unicidade. Assim, a energia primordial passa a apresentar subdivisões. Nesse contexto, então, passa a existir oposição, interferência. Aqui, podemos subdividir a força primordial em duas forças opostas básicas: Deus e o Diabo180. Deus representaria a sensibilidade, o coração mole, a emotividade abundante181 (e narcisística, perfeccionista). Por conta disso, ele tenderia a almejar a tentação do Absoluto total (100%), experimentando o finito (caso isso ocorresse). Já a outra força, que nós chamamos de “Diabo”, representaria a frieza, o coração 177 E o resultado está aí para todos verem: explosão demográfica, com todas as implicações problemáticas que isso implica. (A deficiência da igreja está no fato de colocar o passado na frente da DOSAGEM, de eventualmente negligenciar a questão da dosagem equilibrada. Assim, a igreja acaba caminhando de frente para o passado e de costas para o futuro). 178 Não nos esqueçamos nunca de que a totalidade é apenas convencional. Ou seja: não existe a totalidade. Na prática, o que existe é hegemonia/majoritariedade. Por outro lado, em relação à supermente divina, reflitamos: se a mente humana (pequena) já faz prodígios, imagine então o poder de uma supermente (do tamanho do Universo). 179 Ou seja: por ser híbrida (energia e matéria) a mente ou memória humana tem traços, respectivamente, de dissipação e conservação. Ela não chega a ser infalível ou completa (totalmente pura). (O processo de perda pode ser compreendido fazendo-se a analogia da areia do deserto: num determinado momento, um grão de areia está por cima dos outros. Já com o passar do tempo outros grãos de areia passam a encobri-lo, pela ação do vento. Assim, o que antes estava por cima passa a estar por baixo. E este revezamento se dá continuamente. O processo de lembrança/esquecimento cerebral também se dá nestes mesmos moldes). Caso quisesse ser completa, caso quisesse atingir a conservação total (100%), ela teria que pagar um preço altíssimo: o da materialização total, o da estagnação aniquilante. 180 Poderíamos arbitrar quaisquer outras denominações. Por exemplo, alfa e ômega, X e Y, etc. Os nomes escolhidos não têm a menor importância. (Aliás, pensemos: Se por ventura mudarmos o nome da figueira, ela deixará de produzir figos? É claro que não!...O conteúdo não muda, com a mudança da forma – outra conseqüência é que a mudança dos nomes não alterará os destinos do Universo). Mas, como a oposição (interferência existencial) é representada na Bíblia com os nomes “Deus” e “Diabo”, resolvemos adotá-los. 181 Na verdade, nada é fixo: tudo é variável. Assim, a emotividade tende a variar: tende a estar mais equilibrada (no meio-termo) ou menos equilibrada (nos extremos). Portanto, no meio-termo, a emotividade e a razão se confundem, são a mesma coisa: não há diferenças. Mas, como era necessário realçar uma situação de diferenciação, tivemos que colocar tanto a emotividade quanto a razão nos extremos (apenas ilustrativamente). 77 de pedra, a racionalidade abundante182. Por conta disso, ela tenderia a podar (via interferências) os anseios mais profundos de absolutização total, da outra força, que nós chamamos de “Deus”. Assim, da mesma forma que é a gravidade que põe ordem no Universo, é o que nós chamamos de “Diabo” que garante o infinito183 – o revezamento eterno, a relatividade/incompletude eterna. Outra conclusão é que o “Diabo” está mais para o homem (racional), enquanto “Deus” está mais para a mulher (emocional). Aliás, quando a Bíblia diz que as mulheres devem ser “sujeitas a seus maridos”, ela não estaria pregando o machismo; mas sim, que “Deus” (a emoção) deve sujeitar-se ao “Diabo” (à razão)?184... Para que não se estacione no Absoluto?... Para que não se estacione na energia SEM FORMA? Para que se escape do Absoluto e se atinja a forma (a matéria)?185 (Por último, nunca é demais reiterar que, neste momento, estamos tratando da aparência do Ser, que é múltipla – e não da essência, que é una)186. 286- DEUS X DIABO (NÃO-PEJORATIVO). Essa visão pequena e neurótica apresentada pelas religiões de que Deus deve destruir o Diabo (não-pejorativo)... não passa de ignorância, de pobreza filosófica. Na verdade, deve haver uma confraternização (equilíbrio) entre Deus e o Diabo – e não uma guerra, uma carnificina 187. Negar tal 182 Deus e o Diabo podem ser vistos sob um outro ângulo ainda. Deus seria o gênio, que sabe tudo... mas que não é craque no empreendimento, na execução. Já o Diabo, inversamente, seria fraco na criação e soberbo na viabilização, na execução. Assim, Deus seria mais teórico e o Diabo mais prático. Então, quando os dois se cooperassem ocorreria a maximização da existência, a transformação do desperdício em algo de utilidade prática, experimentável – e, assim, ocorreria a realização ampla, a consciência de si, o encontro de si, o provar de si (a felicidade de ser, de EFETIVAMENTE ser). Aqui, evidencia-se a complementaridade dos opostos. Assim, analogamente, para se resolver um problema os opostos (patrão e empregado, por exemplo) não precisam destruir um ao outro, mas cooperar entre si. 183 O leitor pode estar espantado...e indagar: será que é o Diabo (não-pejorativo) quem dá as cartas? Será que ele é superior a Deus? Ora, tudo é relativo. Há momentos em que a emotividade se mostra mais vantajosa e há momentos em que a razão se mostra mais vantajosa: tudo depende da base de que se parte, da situação encontrada (da distância em relação a este ou aquele extremo). Analogamente, podemos dizer que o remédio indicado para a pneumonia não é o mesmo indicado para a gastrite. Tudo é uma questão de momento, de teor, de especificidade, de circunstância. Portanto, todos os integrantes do Universo têm uma função estratégica: não vieram a passeio, não vieram a existir para serem inúteis. Aliás, não é por acaso que no Universo vigora, providencialmente, uma coisa chamada “CAMPO DE FORÇAS” opostas/diferentes. Como na política, ele desempenha o papel da oposição. É ele que permite a vigilância, a fiscalização, a correção de rumos, o engrandecimento, a maximização. É este SANTÍSSIMO campo de forças que permite o movimento, o recuo que impede o atingimento do extremo total, estacionário, inútil (platônico, idealizado... mas irrealizável). Sem tal campo de forças, analogamente falando, seria como alimentar-se SOMENTE de alface por toda a vida. Seria o total... revertido em mesmice; em experiência única; em reducionismo empobrecedor, esclerosante, esgotante. 184 Assim como Deus tem várias facetas (g), o Diabo também tem várias (maldade, razão, etc). Aqui, neste momento, ressalte-se, a faceta invocada é a da razão (seca, fria) – e não a da maldade. (g) Para quem tem dúvidas, basta examinar as contradições existentes na Bíblia (algumas, aliás, elencadas neste livro. 185 Aliás, na Bíblia, o Diabo não é identificado com a riqueza, com o material? Portanto, com a matéria? Só para reforçar, façamos a analogia da moeda. Assim, Deus é como a moeda: em termos bem sintéticos (energéticos), só existe a moeda (a energia); em termos analíticos (detalhados, materiais), já aparecem as faces – Deus e Diabo e suas subdivisões. 187 Deus e o Diabo são como o Brasil e a Argentina: ambos devem buscar a cooperação e não a tentativa de um país aniquilar o outro. (Lembremo-nos: o Brasil tem o açúcar que a Argentina precisa e a Argentina tem o trigo que o Brasil precisa, por exemplo). Ou, então, são como o homem e a mulher (opostos): o dia em que o homem destruir a mulher ou a mulher destruir o homem, cessa a vida na Terra. Há ainda a questão apontada no tópico de nº 316 (páginas 84-85) e, uma última questão: se o Diabo (não-pejorativo) não estivesse presente no estágio primordial, Deus, estando puro (desbalanceado), atingiria a perfeição absoluta e ocasionaria a extinção irreversível da existência. Portanto, é graças ao Diabo (balanceador) que Deus não comete este “pecado” (o maior de todos) e a humanidade se torna uma relatividade eterna. 186 78 complementaridade é agir contra nós mesmos, é negar a dependência entre os opostos – é negar os benefícios advindos de tal aceitação 188. 287- DEUS x DIABO: QUEM CRIOU QUEM? Um não criou o outro. Ambos não criaram. Ambos não são criadores. Ambos são meras criaturas. Ambos são criados pela Incompletude. A Incompletude é o verdadeiro e único criador 189. Por isto mesmo, Deus e o Diabo (não-pejorativo) não devem nada um ao outro. Mas, nem por isso um deve virar as costas para o outro (isolar-se do outro, esnobar o outro). Em termos analógicos, poderíamos dizer que você não precisa dever ao padeiro. Mas, apesar de estar com as contas em dia, você não pode abrir mão do seu precioso pão. Em suma: apesar de que os opostos se necessitem, isso não implica que um tenha que aceitar a opressão do outro: dependência, sim, mas com dignidade/respeito. 288- MALDADE. É uma derivação, uma cumulatividade. É apenas a frieza em excesso, extrema. Portanto, é uma disfunção acidental e temporária da frieza (o que não quer dizer que a frieza, bem dosada, não seja benéfica). 289- NÃO HÁ DIABO (PEJORATIVO) SEM CAUSA PRÓXIMA. Os pregadores religiosos dizem que a todo momento somos tentados pelo Diabo190. Assim, à primeira vista, não haveria nenhum problema nesse tipo de pregação. No entanto, tal pregação parece insinuar que tudo depende de uma simples e distante batalha entre Deus (que nos protege) e o Diabo (que nos prejudica). Ora, esse tipo de abordagem não tem embasamento, na medida em que não considera a qualidade dos nossos atos como o reflexo do DESFECHO DA NOSSA REALIDADE PRÓXIMA (mundana) 191. Portanto, não devemos seguir tais pregações simplistas pois as mesmas enxergam efeito sem causa, pois desconhecem que tudo é um reflexo de uma CUMULATIVIDADE PASSADA (seja orgânica, seja ambiental, seja cultural, seja econômica, seja emocional e/ou sexual, etc – conforme estabelecem a psicologia e a psiquiatria). Mas, talvez a Bíblia esteja considerando o “Diabo” como sendo a encarnação da Elite (do extremo)*. Assim sendo, seria a previsão do controle da elite, por parte do povo? Seria a vitória de Davi contra Golias? Seria a libertação do povo? *Ou seja: da frieza extrema, má dosada, maléfica (e não da frieza bem dosada, benéfica). 189 É necessário fazer um esclarecimento, em relação à seguinte indagação: Por que Deus ora aparece de uma forma e ora de outra? Ora, sabemos que a vida é uma caminhada – com um ponto de partida, um ponto de chegada e os muitos pontos intermediários. Então, se nos fixarmos momentaneamente no ponto de partida, veremos que só há uma fonte (uma origem). Assim, neste ponto, Deus é único/uno e é representado por uma palavra apenas (seja ela qual for). Aqui, em seu aspecto primitivo, tal fonte ou origem pode ser chamada de “Deus” (de acordo com o senso comum do povo) ou de “Incompletude” (de acordo com o rigor da ciência). Já no seu aspecto derivado, o produto apresenta dois pontos intermediários básicos ou duas forças opostas básicas da Natureza: “Deus” (emotividade) e o “Diabo” (racionalidade). Portanto, no seu estágio primitivo/inicial/sintético, o termo técnico Incompletude pode ser substituído pelo termo popular “Deus” – termo este que também aparece no estágio derivado/diferenciado/detalhado (onde convivem as duas forças opostas básicas da Natureza já citadas). Em suma: Quando usamos a palavra “Deus” podemos tanto ser sintéticos (resumidos... em termos de conteúdo) quanto analíticos (detalhados... em termos de formas): o conteúdo é um só (sintético), mas as formas são muitas e diferentes (detalhadas). Em outras palavras: podemos tanto estar se referindo a Deus enquanto ponto de partida (que é igual ao ponto de chegada) ou aos diferentes pontos intermediários. 190 Ressalve-se, existem dois Diabos: o pejorativo e o não-pejorativo. O conceito pejorativo (que estamos considerando neste momento) é o de um ser mau, maquiavélico, sádico – que sente prazer em prejudicar a outrem; enquanto que o conceito não-pejorativo ou científico é o que considera o Diabo como sendo a frieza excessiva/desequilibrada ou a razão ou ainda a matéria (dependendo do contexto, da situação, do caso). 191 Por exemplo: se cravarmos o machado numa árvore... ficará ali estampado o sinal, o corte, o trauma. Tal ato radical deixará marcas no Ser, difíceis de remover e que tenderão a retornar em determinados momentos da sua vida. Portanto, trata-se de uma cumulatividade passada, gerada na realidade mundana que nos cerca – e não a partir de uma distante batalha entre “Deus” e o “Diabo”. Este é conceito moderno do “Diabo”. Nestes moldes, sim, podemos dizer que o “Diabo” existe. 188 79 290- DIABO SOBRENATURAL (PEJORATIVO). Admitir a existência do Diabo sobrenatural significa admitir a falta de poder de Deus ou a sua irresponsabilidade ao permitir que um ser cruel interfira negativamente na sua criação, prejudicando os seus filhos. Por que o Diabo não morreria como os homens? Por que lhe dar uma eternidade (apesar de que o aprisione temporariamente)? Não seria atestar a mediocridade de Deus? Concretamente, ao criar a figura do Diabo sobrenatural, o que a igreja pretende é submeter as pessoas ao seu controle (no sentido de que passa o seguinte recado para tais pessoas: recorra a nós a fim de se proteger da ação do Diabo, fora de nós o Diabo os devorará). A igreja não gosta de ensinar as pessoas a pescarem, mas de dar o peixe. Ela teme que as pessoas sejam independentes e não precisem mais de seus conselhos e assistência. Ser influente junto às pessoas é o que importa, mesmo que implique distorcer as verdadeiras propriedades de Deus e engessar a evolução. Mas, ainda poderia ser apenas uma simples falta de poder explicativo da realidade, ignorância mesmo, daqueles homens primitivos (do início do ciclo evolutivo). Só para reforçar o argumento e encerrar a questão: alguém poderia afirmar que o Diabo sobrenatural seria criado por Deus, sim, para testar as pessoas. Mas, aí usaríamos a seguinte contra-argumentação: No meio humano já existem outras pessoas (e animais) que agem, às vezes, de forma demoníaca, de forma extremada/insensível/fria. Assim, não seria necessário criar um ser especializado em fazer o mal pois no próprio meio social e natural já existem seres (oscilantes, instáveis) que nos testam em determinados momentos de nossas vidas. Um leão faminto não devora um outro animal por maldade, mas pelo instinto de sobrevivência (ele sabe que se não se alimentar morrerá de fome). Não há nenhuma necessidade da interferência do Diabo sobrenatural nesse processo instintivo. Os homens, por sua vez, quando agem friamente, o fazem devido ao acúmulo de disfunções ou negatividades geradas no meio social, no próprio processo INTERNO de relacionar-se afetivamente ou produtivamente num ambiente oscilante, naturalmente instável - reagindo segundo os estímulos produzidos à sua volta e recebidos a todo momento. 291- MEIO-TERMO x EXTREMO. No meio-termo, Deus e o Diabo são uma coisa só. Já nos extremos, são coisas diferentes – o que quer dizer que a emotividade, a sensibilidade: a bondade... em excesso... também seja maléfica192. 292- DESREGULAR-SE. Tanto o Diabo quanto Deus podem desregular-se (transformar-se) – mesmo que provisoriamente. Aliás, para sermos mais exatos, a frieza desregulada (Diabo) não seria um efeito colateral do máximo instável (Deus)? O Diabo não seria o máximo instável desregulado provisoriamente? O Diabo não seria um subproduto natural da imanente instabilidade energética de Deus? (Lembremo-nos: a energia é instável por sua própria natureza - decorrente do seu desbalanceamento, carência, pureza). Assim, não se trataria de duas faces da MESMA MOEDA? Não se trataria de uma face equilibrada e outra face desequilibrada de uma mesma fonte, faces estas que se sucedem no tempo, conforme estabelece a Lei dos Rendimentos Decrescentes/enjoativos/revezantes? 192 Aliás, qualquer extremo é maléfico (tanto de Deus quanto do Diabo). Por exemplo: se dengarmos demais uma criança , se fizermos todas as suas vontades, se formos excessivamente bonzinhos, terminaremos sendo explorados – ela montará em nós e ainda adquirirá uma personalidade deformada (o que a tornará despreparada para a vida). Assim, o hábito de ver o Diabo como permanentemente mau decorre de uma visão estática da realidade – como se o Diabo (não-pejorativo) fosse mau sempre*... mesmo no meio-termo... e como se Deus e o Diabo não tivessem a propriedade de se transformar um no outro... no extremo (da mesma forma que massa e energia podem transformar-se uma na outra , ou, então, da mesma forma que o frio excessivo acaba queimando como o seu oposto, o calor... transformando-se no mesmo calor queimante e oposto). Aliás, a figura do arrependimento bíblico também reflete a possibilidade da mudança, da transformação, de uma coisa em outra coisa oposta (do mal no bem, do Diabo em Deus) – refletindo o novo, tanto em termos de um retorno involutivo quanto duma chegada evolutiva. *Analogicamente falando, como se o fato de alguém utilizar uma faca para matar transformasse todas as outras facas do mundo em objetos maléficos à humanidade (como se elas também não pudessem ser utilizadas para o bem: preparar um alimento, etc). 80 293- DIABO: o extremo. 294- DIABO: A mentira193. 295- O PROBLEMA. Não é nem Deus194 nem o Diabo195: é o extremo196. 296- DEUS E DIABO: QUEM É BOM E QUEM É MAU? Ora, o problema não está na coisa em si. Assim, algo só será bom ou mau (Deus, Diabo, etc) de acordo com a dosagem que tal coisa apresentar. Portanto, a priori (antecipadamente), nada é mau: somente a posteriori poderá sê-lo197. 297- EXISTE O DIABO BOM198 E O DIABO MAU199. Tudo é uma questão de dosagem. 298- EXISTE O DEUS BOM200 E O DEUS MAU201. Tudo é uma questão de dosagem. 299- DINAMISMO. Deus não é sempre Deus (a bondade também pode se tornar má) e o Diabo não é sempre o Diabo (a frieza também pode se tornar boa). Ambos podem ser diferentes e ambos podem ser iguais (no meio-termo), bem como um pode se transformar no outro. Tudo vai depender da dosagem que cada um apresentar. Tudo é uma questão de momento. Tudo é transitório 202. 300- A VERDADEIRA GUERRA. Não é entre Deus (o Deus bom) e o Diabo (o Diabo mau). É entre o Deus da elite (o sobrenatural, o mau) 203 e o Deus dos pobres (o natural, o bom). 193 Que provém do EXAGERO. Aliás, há obras literárias bem críticas e geniais que mostram isso. É o caso da novela “Roque Santeiro” que, além de nos emocionar e nos divertir, foi escrita com a intenção de nos passar uma mensagem (de abrir nossos olhos). 194 Aqui, Deus está considerado como estando em equilíbrio. 195 Aqui, o Diabo também está considerado como estando em equilíbrio. 196 Tendo em vista que o extremo conduz à autodestruição, ao autoconsumo, à autoliquidação, à negação, ao vazio solitário: à inviabilidade. 197 Esclareça-se: diferentemente da nossa posição, U.S. Andersen afirma que “o que quer que existe, existe certo” – ou seja: que todo e qualquer a posteriori (factual, efetivo) é bom ... mesmo que esteja mal dosado (mesmo que seja mau). Ora, somente o a priori (o potencial, apenas) é isento de maldade - de implementação prática, de danosidade prática. Portanto, a questão da bondade/maldade poder ser encarada do mesmo ângulo da questão do pensamento: um pensamento só poderá ser julgado quando transformado em ação – pois um eventual pensamento mau só produz frutos (maus) quando é levado a cabo, quando é transformado em ato. 198 O que é o Diabo? Não é a frieza? Um exemplo de frieza boa ou Diabo bom é o seguinte: se um cirurgião que trabalhasse num pronto socorro não tivesse uma certa frieza (não-excessiva, é claro), ele simplesmente desmaiaria ou entraria em pânico – diante de coisas como: fraturas expostas, sangue jorrando, gritos intensos de dor, etc –, o que prejudicaria o seu desempenho profissional e o tratamento do paciente. 199 No entanto, se o mesmo cirurgião tivesse uma frieza excessiva, ele simplesmente poderia deixar um paciente com fratura exposta se contorcendo de dores e abandonar o plantão para ir tomar uma cervejinha (inclusive invocando que o paciente é que tinha sido irresponsável e mereceria sofrer). Tal insensibilidade ou frieza excessiva é um exemplo de Diabo mau. 200 O que é Deus? Não é a emotividade, a sensibilidade, a bondade? Um exemplo de bondade boa ou Deus bom é o de uma mãe que ouve seus filhos, que lhes dá espaço para o desenvolvimento de suas personalidades: que não é ditatorial e nem superpermissiva (equilibrada). 201 No entanto, se uma mãe é superpermissiva ela acaba criando verdadeiros monstrinhos: filhos mimados, acomodados, abusados, inexperientes, tirânicos, desrespeitadores, desregrados. Tal sensibilidade ou bondade excessiva é um exemplo de Deus mau. 202 Desse modo, a visão estática do bem e do mal, apresentada pelas religiões, representa um atraso de vida (uma ignorância considerável – a ser superada pelo homem do futuro). Portanto, não é só o conceito do Diabo que está errado: o de Deus também. 203 Aliás, os “falsos profetas” a que se refere a Bíblia não são nada mais nada menos que as religiões institucionalizadas/massificadas/padronizadas/sobrenaturais criadas pela elite, com os respectivos deuses-elite – religiões estas que, infelizmente, nos passam coisas boas e coisas más (quando deveriam passar SÓ coisas boas). Ou então, os “falsos profetas” seriam os DEFEITOS apresentados pelas religiões do passado, criadas ainda no início do ciclo evolutivo, carentes de aperfeiçoamentos mais evoluídos, carentes de avanços modernizantes e embasantes. 81 301- DEUS E DIABO: QUEM É SUPERIOR? Ora, em situação de equilíbrio, os dois se equivalem. Já em situação de desequilíbrio, um poderá ser superior ao outro – dependendo da situação encontrada. Ou seja: em situações que exigem uma dose maior de racionalidade o Diabo (não-pejorativo) se mostra mais vantajoso, superior. E, em situações que exigem uma dose maior de emotividade Deus se mostra mais vantajoso, superior. 302- DANÇA. Como permeia emotividade, está diretamente ligada a Deus204. Só há um problema: a dança em excesso pode transformar-se no seu oposto (na frieza má, desregulada). Portanto, não devemos condená-la – mas apenas dosá-la corretamente (em termos de freqüência e intensidade)205. 303- COMBINAÇÕES. Tendo em vista que vida é movimento e que o movimento gera infindáveis transformações, o resultado é que (a cada momento) ocorre uma profusão de combinações materiais-espirituais206. 304- FORÇAS DA NATUREZA. Anteriormente, dissemos que existem duas forças básicas da natureza: Deus e o Diabo. Para ser mais exato, existe uma terceira: a Incompletude. É esta que impede que Deus destrua o Diabo por completo e vice-versa. É a Incompletude que impede que se atinja tanto a perfeição absoluta quanto a imperfeição absoluta. Assim, a Incompletude é a força mais poderosa de todas – resultando em que Deus e o Diabo (não-pejorativo) sejam os atores do Universo e a Incompletude o seu dramaturgo. 305- DEUS É PERFEITO? Se ele souber se completar/potencializar com o Diabo não-pejorativo207 e seguir os ditames da Incompletude ele o será. 306- PURISMO E EXTINÇÃO. Quem não se mistura, quem não se completa com outrem... se extingue!208 307- DEUS EXISTE OBJETIVAMENTE? Sim e não. Ou seja: também condicionalizado (não-autônomo), também vítima de seus próprios ditames oscilatórios, ora ele se manifesta (em picos de alta) e ora não (em picos de baixa) 209. Dessa forma, a surpresa ou o inesperado nos proporciona um misto de provocação, teste, abandono, negação (por um lado) e de abrigo, amparo, acolhimento, reconhecimento (por outro). Em outras palavras: Deus existe pois não podemos negar a nós e a tudo o que nos rodeia. A obra está aí. Não podemos ignorá-la ou negá-la. No entanto, devemos compreender que aquela supermente hegemonicamente fraca materialmente de outrora (supermente energética) materializou-se em parte, perdendo parte de seus poderes de criação (mas ganhando intensidade e visibilidade 204 Aliás, não é por acaso que tribos indígenas têm o costume de, em reverência a Deus, oferecer-lhe o atributo da dança. 205 De forma que devemos diversificar nossas atividades, fugindo da rotina, da concentração, da repetição massiva. 206 Aliás, é graças a este dinamismo compensatório que surge a figura da Incompletude. Ou seja, a mudança de lado se dá pelas duas vias: ao mesmo tempo que algo passa para um lado, outro algo passa para outro lado... gerando um certo equilíbrio, evitando a concentração (somente num lado), evitando a completude. 207 Mais precisamente: da mesma forma que a mulher cria (procria) apenas se for potencializada ou completada com o homem, Deus, o criador, só se conserva longevamente se for potencializado ou completado com o Diabo (a matéria intensificante mas imperfeitizante) – se, humildemente e inteligentemente, optar pela desvantajabilidade eterna (recomendada pela Incompletude). 208 Ou seja: se a mulher não se completar com o homem, ambos se extinguem. O mesmo acontece com Deus e o Diabo: um tem o que o outro não tem – um se corrige com o outro, um se maximiza com o outro. Aliás, o extremo é o abandono de outrem, o abandono da dependência, o abandono do hibridismo complementar, o narcisismo egoísta, o egocentrismo: o purismo burro, suicida. Mais explicitamente: o extremo é Deus querer ser só Deus e o Diabo querer ser só o Diabo (é o isolamento, o não contato, a não fusão, a não mistura). 209 Analogicamente falando, indaguemos: não é um absurdo um pai fazer tudo para o seu filho? Quem faz tal tipo de coisa não está prejudicando o seu filho - tornando-o mimado, acomodado, inexperiente? Não é patente que quem recebe tudo de mão beijada pouco valoriza o que tem? Não é “saindo da toca” (paterna) que o filho vai se preparar para a vida? Não é correndo riscos, se expondo que o filho vai amadurecer e aprender a defender-se? Pois é, o mesmo raciocínio vale para Deus em relação a nós. 82 física). Portanto, Aquele Deus superpoderoso está inserido dentro do Deus Material, que é o mundo físico que conhecemos – onde convivem energia (criatividade/movimento/concepção/pensamento/inteligência) e matéria (conservação). E, este Deus superpoderoso primordial, num eterno processo de metamorfose, voltará a recuperar os seus poderes (embora volte a perder visibilidade e intensidade). Este revezamento é eterno. Em suma: o Deus primordial é inteligência livre e o Deus material é inteligência em parte aprisionada. O Deus primordial é poder livre e o Deus material é poder em parte aprisionado. Ambos são as duas faces da mesma moeda. 308- O QUE É DEUS? Deus é a união ou intercomunicação de todos os corpos existentes no Universo. É eu, você, os animais, as plantas, o chão, os prédios, os minérios, etc. É a liberação de todos os átomos aprisionados do mundo relativo. É a situação especial em que a energia liberada potencializa a inteligência (num ambiente especial de abrangência, instantaneidade e ininterferência). 309- DEUS INTEIRO. No estágio relativo não somos Deus inteiro. Somos apenas um pedaço dele (um pedaço despotencializado)210. Somente no estágio absoluto é que seremos Deus inteiro. 310- RETORNO INESPERADO. A Bíblia cristã diz que quando todos menos esperarem Jesus Cristo retornará. O que ela quer dizer com isso realmente? Ora, isso tem a ver com o paraíso (construído num ambiente relativo). Ou seja: a evolução do homem, levando-o a atingir uma elevação moral e tecnológica cada vez maior, dá-lhe a impressão de que não haveria motivo para Deus destruir o mundo (encerrando provisoriamente mais uma civilização de ciclo longo)211. Pura ilusão. Devemos nos lembrar de que o tudo conduz ao nada: a aproximação dos opostos, via paraíso relativo, conduz, finalmente, à fusão do Absoluto e do Relativo (resultando tudo o que existia antes numa coisa só: o Absoluto). A evolução, no seu estágio final, leva à involução. 311- QUAL A PROPRIEDADE MAIS IMPORTANTE DE DEUS? A Incompletude. 312- EXISTÊNCIA E DEPENDÊNCIA. Uma criança que não foi gerada, que ainda não existe, depende de alguém? É claro que não! Já uma criança que foi gerada, que existe, depende de muitos cuidados por parte dos pais (pré-natal, lactação, banho, troca de fraldas, carinho, atenção, etc). Portanto, tudo o que existe é dependente. Só o vazio, o nada, é independente/autônomo212. Assim, como Deus existe, ele também é dependente (condicionalizado). 210 Principalmente no início do ciclo evolutivo da humanidade. No entanto, ao longo do tempo, tal despotencialização vai diminuindo, até chegar ao ponto máximo da potencialização – em que evolução e involução se confundem ou se fundem ou se aproximam (em que o restrito material se torna abrangente espiritual, em que prevalece a hegemonia do abrangente - agora maximizado, agora material: o casamento dos opostos, o paraíso, num ambiente relativo, pré-absoluto). 211 O leitor pode até achar que seria cômodo e recomendável Deus não destruir o mundo quando o homem conseguisse construir o paraíso relativo, no estágio mais avançado da evolução. Por que não estacionar no paraíso, por que não eternizá-lo? Acontece que vida é MOVIMENTO, revezamento. Vida não é parada. Parada é morte, não tem a ver com a vida. Parada é a negação do princípio vital que se chama movimento. Por isso a caminhada tem que continuar, só que no caminho inverso: da involução. Em outras palavras: Chegará um momento em que o cinema já fez todos os filmes possíveis de serem feitos, em que os escritores já escreveram todos os livros possíveis. A evolução atingirá um ponto de exaustão e a história atingirá o seu fim (dando lugar à ociosidade em determinadas ocupações). Mas, o fim não é a extinção da vida: é o seu recomeço. Portanto, a ociosidade significará um retrocesso, sintoma indicativo da necessidade de uma nova gênese, a seguir. 212 Aliás, tem muito sentido: por que o vazio (indefinido total) haveria de ser dependente? Por que haveria de precisar de cuidados? Como ele é um zero `a esquerda, como ele não existe, ele pode “tudo” – inclusive não depender de quem quer que seja. Seria um desperdício ele depender. Ele não teria o que fazer com a dependência. Não teria para o quê usá-la. Não há como usar algo para o nada. Em outras palavras: A DEFINIÇÃO (existência) gera limitação/prisão no espaço, incompletude – que gera dependência. 83 313- SUPEREVOLUÇÃO x ESTAGNAÇÃO. A Incompletude, sabiamente, impede que a imperfeição absoluta gere a evolução aceleradíssima e que a perfeição absoluta mate a evolução (a exploração, a descoberta paulatina de parte considerável das potencialidades da Natureza). Portanto, ambos os extremos (barbárie superacelerante x perfeição estagnante) trariam prejuízos irreparáveis à vida. Assim, sempre haverá a necessidade de um grande árbitro, de um grande dosador, de um grande guardião213. 314- NEGATIVIDADES. Os espíritas atribuem as negatividades que acometem alguns (enquanto não acometem outros) ao carma. Ora, o carma é uma explicação falsa, vazia. Raciocinemos: Por que uma laranja se desenvolve majestosamente, enquanto outra se atrofia e outra nem sequer se vinga após a floração? A sua negatividade também seria uma decorrência de ter cometido atos injustos ou egoístas no passado? Não. São desdobramentos explicados pelo metabolismo da laranjeira (limitações genéticas e ambientais, próprias de uma realidade imperfeita ou cíclica – governada pela Incompletude). O mesmo raciocínio vale para as negatividades humanas, acrescentando que os caminhos das pessoas são diferentes pelo fato de as mesmas serem DIFERENTES umas das outras e que viver implica RISCOS214 (de eventualmente ser atingido por negatividades). 315- DOIS LADOS. Todo ser humano tem dois lados: um bom e um ruim. Em sendo assim, o que não podemos deixar acontecer é fraquejar, deixar o lado ruim engolir o lado bom. Quando isso acontece, resulta em casos como o do assassinato da menina Isabella. Devemos ter o cuidado de perseverar para que o lado bom sempre seja bem maior que o lado ruim (e, quando precisar, procurar ajuda de profissionais especializados da área psicomédica). Enfim, devemos desenvolver o lado bom e atrofiar ou adormecer o lado ruim (deixá-lo tal qual um vulcão adormecido). 316- A LÓGICA DA CADEIA ALIMENTAR: PERNILONGOS. O leitor, certamente, gosta de admirar a beleza e o canto de um passarinho. Passarinhos são bem vindos, não é mesmo? Palmas para Deus, que os criou. No entanto, o leitor já detesta os pernilongos, que nos picam e se alimentam do nosso sangue. Por que então Deus também os criou? Mais ainda: Por que Deus não os alimenta diretamente e poupa o nosso sangue e o incômodo das picadas? Ora, acontece que Deus é energia PURA, altamente dissipativa. Uma energia pura tem pouca duração, pouca conservação. Seria muito problemático prover um ser com uma energia pura. Só uma energia híbrida (energia-matéria) consegue ter uma duração ou conservação maior. Isso implica criar um mundo material. Por seu turno, um mundo material, ao contrário do mundo narcisístico primordial, é um mundo dependente (um mundo conservado é um mundo dependente). Um mundo dependente necessariamente é constituído de uma cadeia alimentar, onde uns seres servem de alimentos para outros (sem a providência divina direta, a solução é uns fornecerem energia híbrida para outros): água, gás carbônico e luz solar ← algas e plantas (vegetais) ← preá ← cobra ← águia ← homem ← pernilongo ← sapo ← cobra ← homem ← plantas. Portanto, Deus criou pernilongos sanguessugas porque um mundo independente, onde Deus tudo provê diretamente, onde os pernilongos não são sanguessugas, é um mundo problemático, anárquico, altamente instável, pouco conservado. A cadeia alimentar, onde Deus não provê tudo diretamente, mas indiretamente (via seres materiais), é o preço da conservação. A matéria, por um lado, é Que possibilite, idealmente, o atingimento do meio-termo: uma evolução lenta ou média – para que uma geração gere e experimente ALGUM traço de evolução (e não... nenhum... ou todos... os traços de evolução). 214 Sobre a questão dos riscos, seria oportuno fazermos a seguinte reflexão: o que aconteceria se não existissem riscos? Ora, viveríamos no mundo da bagunça total (já apontado no início do livro, na página 10). Por exemplo: suponhamos que não acontecesse nada se cortássemos uma das nossas veias jugulares que correm ao longo do nosso pescoço. Então, teríamos que conviver com a terrível cena de vermos o nosso sangue jorrando o tempo todo diante de nós. Aliás, imagine o quão seria “romântico” namorarmos (ou fazermos amor) numa situação de sangue jorrando o tempo todo. Portanto, na ausência de riscos vigora o CAOS TOTAL (a ausência de plasticidade, de beleza... mesmo que a beleza, num ambiente de risco, não seja permanente o tempo todo). 213 84 solução; por outro, é preço. Ainda, resta esclarecer que é graças à existência dos pernilongos (materiais, conservados: energia-matéria) que existem os sapos e lagartos que, por sua vez, fornecem energia híbrida para outros animais (materiais, conservados: energia-matéria), formando uma DIVERSIDADE material, conservada (formando uma cadeia de muitos animais diferentes). Sem os pernilongos (materiais, conservados: energia-matéria) a Natureza seria monótona, com pouca diversidade, com poucas espécies, com pouca beleza para nós contemplarmos. Finalmente, perguntemos: Por que Deus não criou somente animais VEGETARIANOS, acabando de vez com a existência do predador na Natureza? Acontece que determinados animais não têm conformação corporal apropriada para nutrir-se de vegetais. Imagine, por exemplo, como seria difícil um pernilongo, sem dentes e minúsculo, quebrar a matéria vegetal e armazená-la dentro de si para posterior digestão. Não teria como fazê-lo, não é mesmo? Além do mais, os vegetais não fornecem todos os nutrientes que muitos seres, como os homens, por exemplo, necessitam. Em suma: Deus não cria nada aleatoriamente, sem lógica, sem um sentido maior, sem uma visão de conjunto, sem uma visão abrangente. Sendo energia pura, Deus alcança os níveis mais altos de inteligência, capazes de elaborar um intrincado complexo vital interdependente, perfeito ciclicamente. 317- DEUS DOMINA O ÁTOMO. E é isto que lhe permite esbanjar inteligência e elaborar criações fantásticas e maravilhosas. 318- ORDEM x DESORDEM CRIATIVAS. No momento da concepção dos seres podem ocorrer perfeições ou algumas imperfeições, decorrentes da instabilidade energética, que é uma característica imanente à própria energia. Assim, se houver ordem ou perfeição no momento da concepção do DNA do ser isto se refletirá na beleza e saudabilidade do mesmo. Já se houver desordem ou imperfeição no momento da concepção do DNA do ser isto se refletirá na baixa plasticidade e possibilidade de ocorrência de doenças congênitas ou alterações no mesmo ser. Em suma: a inteligência é instável, apesar de criativa e poderosa. 319- MATÉRIA E INTELIGÊNCIA. A matéria é filha e escrava da inteligência. 320- A INTELIGÊNCIA (ENERGIA PURA) SE FEZ CARNE (MATÉRIA). E isto significa a “morte” ou sacrifício da inteligência. 321- DEUS CRIOU CRIADORES. Por exemplo: a criação homem foi capaz de criar tecnologias avançadíssimas, como o telefone celular, tomógrafos computadorizados, etc. Da mesma forma, um vírus pode sofrer mutações e se autocriar. 322- LIVRO IMPORTANTE. Leiam o livro “as religiões que o mundo esqueceu” (Editora Contexto). O livro mostra que as principais religiões ocidentais da atualidade não passam de cópia ou herança dos povos antigos, como os sumérios, persas, etc. Dessa forma, tais religiões, que pretendem ser “a palavra de Deus”, não passam de mera cultura humana. 323- A PALAVRA MAIS IMPORTANTE DO UNIVERSO. Seria Deus, seria vida, por exemplo? Não. Apesar de que Deus tenha um importante papel na criação da vida, a palavra mais importante do universo chama-se.... EQUILÍBRIO. Explicando: a vida, por si só, sem medir a sua qualidade, quer dizer pouco. Deus, por si só, sem discernimento de suas verdadeiras propriedades (instáveis, é bom que se diga) também quer dizer pouco. O diferencial está no equilíbrio de Deus (sem fanatismo ou fantasias), da vida, da família, da economia, da Natureza, do amor, do trabalho, etc. Equilíbrio é qualidade e saudabilidade – que resulta na felicidade humana nesta nossa vida. 324- A CLASSE DE PALAVRAS MAIS IMPORTANTE. Seria o verbo? Ou o substantivo? Ou o advérbio? Ou o pronome? Ou o numeral? Ou a interjeição? Não. A classe de palavras mais importante que existe é o ADJETIVO, pois indica a qualidade das coisas (e, por decorrência, a viabilidade, a eficácia das coisas). 85 325- O MAIOR PROBLEMA DO UNIVERSO. Seria a falta de fé? Seria a maldade ou insensibilidade de algumas pessoas? Não. A fé em dogmas antiqüíssimos é mais um problema que uma solução. Nada é mais grave que um fator desestabilizador chamado SUPERPOPULAÇÃO. Ela é responsável pela má distribuição de renda no mundo e pela destruição acelerada da Natureza. As mudanças climáticas são um recado claro de que o planeta corre sérios riscos se não houver o controle reprodutivo da população. Portanto, a cura ou redenção do planeta não virá de uma medida religiosa, mas de uma medida política e econômica. Em outras palavras: as religiões, além de brigarem ou disputarem entre si (gerando intolerância e mortes em nome de “Deus” – de origem humana e não o verdadeiro, natural) desviam a atenção das pessoas para coisas sem muita importância (reza, missa, batismo, hinos de louvor, sermão, etc). Enquanto isso, a coisa mais importante da atualidade (a necessidade de controle populacional) fica ignorada e o problema da degeneração do planeta cada vez mais se agrava. Enfim, enquanto a verdadeira espiritualidade (“valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade”) independa de opção religiosa, as religiões negligenciam o monstro GRAVÍSSIMO da superpopulação – praticando um ato de ignorância, burrice, irresponsabilidade – motivo suficiente para justificar a incorporação dos aspectos positivos das religiões pela filosofia holística e a posterior extinção da parte operacional (igrejas) das mesmas religiões, substituindo-as pela racionalidade e competência que devem prevalecer no seio das sociedades modernas. 326- RACIONAL x EMOCIONAL. Primeiro, o racional. Depois, o emocional. E jamais devemos inverter isto, como fazem as religiões mais sensacionalistas (aliás, um erro gravíssimo, que pode conduzir a humanidade à precariedade existencial – em função da degradação da Natureza – ou, num caso extremo, à extinção). Esta escala de importância se deve ao fato de que, analogicamente, se compararmos o racional e o emocional a um carro, o racional seria o volante (que dá a direção) e o emocional o combustível (que dá a potência, a disposição para fazer algo). Assim, a direção é mais importante que a disposição. 327- SALVAÇÃO CRISTÃ. Em Gênesis está escrito que Adão e Eva comeram a fruta proibida e foram expulsos do paraíso, resultando em que todos os homens, a partir de então, passaram a já nascer pecadores. Então, para resolver o problema, relata a Bíblia cristã que Deus enviou seu filho ao mundo para morrer na cruz e livrar os homens daquele pecado original. Entretanto, tal Bíblia também relata que, com a volta do pretenso “filho de Deus”, os homens serão julgados por seus atos no “juízo final”. Então, é de se perguntar: se a morte de Jesus na cruz nos livrou dos nossos pecados, por que haverá então o “juízo final”, anulando tal perdão concedido anteriormente por Jesus? Ora, apenas este simples exemplo mostra que a Bíblia cristã é um livro confuso, sem lógica, sem sentido (podendo dar contribuições positivas à humanidade se forem aproveitadas algumas passagens isoladas e entendidas holisticamente, em conjunto com outras religiões e as diversas áreas da ciência). 328- QUEM VAI SALVAR E QUEM VAI DESTRUIR O MUNDO? Os cristãos dizem que Jesus Cristo e, por conseqüência, o cristianismo é o salvador do mundo. Será verdade ou mentira? A Bíblia cristã incentiva o agravamento da superpopulação ao pregar o “crescei e multiplicai-vos” (sem alertar para a necessidade de moderação). Os muçulmanos não ficam atrás. A população muçulmana é uma das que mais cresce no mundo. Assim, os muçulmanos rezam cinco vezes ao dia para o mundo melhorar mas, sem saber, são um dos que contribuem para a degradação da vida no planeta Terra. A Flora e Fauna, tanto marinhas quanto terrestres, já começam a sofrer processo acelerado de extinção e/ou precarização (com sérias conseqüências para a coexistência humana e o futuro das novas gerações). O problema das religiões é que elas não são holísticas, mas isolacionistas, reducionistas (não contemplam os conhecimentos e os alertas da ciência). É como um médico que se especializou em pele e só entende de dermatologia, deixando as outras partes do corpo 86 abandonadas ou ignoradas (deixando de ser um clínico geral). Desse modo, já é hora de dar mais importância à racionalidade do que à reza, por exemplo. De que adianta rezar e praticar atos exagerados/excessivos, que geram problemas para o próprio homem? Em suma: só uma visão holística poderá salvar o mundo. Assim, não é verdade que Jesus Cristo salvou o mundo (ou qualquer outro profeta). As religiões, concentradas apenas em teologia, são um dos destruidores do planeta. Só para finalizar: a moderação/equilíbrio dos nossos atos será o salvador do mundo (e não a fé em dogmas religiosos – muitas vezes supérfluos, com falsa importância). 329- POBREZA FILOSÓFICA: MOTOR DO MUNDO. Apesar de alguns avanços da humanidade em relação à qualidade de suas ações, persistem ainda um número nada desprezível de exemplos de ações absurdas, irracionais – enfim, desequilibradas. A seguir, citaremos alguns poucos exemplos de irracionalidades presentes no mundo, nas áreas: religiosa, política e econômica. Na área religiosa, temos o endeusamento de religiões que, burramente, autoproclamam-se “palavra de Deus” – caracterizadas, no seu lado negativo, pelo preconceito, machismo, sensacionalismo, radicalismo, por algumas mentiras e diversas informações sem importância algumas para os destinos da humanidade (enquanto questões realmente importantes são ignoradas). Enfim, pregações engessadas e primitivas ainda são reproduzidas cotidianamente pela maioria das religiões do mundo, por serem consideradas divinas – e não humanas -, o que impede a evolução do conhecimento ou educação filosófica que é oferecida às pessoas. Por exemplo, há quem acredite que após a morte haverá o “juízo final” e os escolhidos por Deus vão viver no “paraíso”, onde não haverá mais dor, sofrimento, morte – somente o gôzo da felicidade plena, permanente, inacabável, ininterrupta. Ora, isto é algo totalmente irreal ou fantasioso (pois numa vida de ciclo curto ou de carne e osso não há como deixar de conviver com a imperfeição momentânea e a morte – pois vida é movimento e movimento gera atrito, atrito gera desgaste e desgaste resulta na morte temporária). Enfim, Deus já fez muito em criar o Universo e a vida e é demais querermos que ele ainda construa um paraíso para nós. O paraíso relativo deve ser construído pelos próprios homens, utilizando o grande legado que Deus nos deixou: a inteligência (fonte da vida criada por Deus-energia e do paraíso a ser construído pelos homens). Outro exemplo: mulheres muçulmanas se sujeitam a ficar cobertas das cabeças aos pés, como se fossem bruxas horrorosas e tivessem vergonha de mostrar o corpo. Mais outro: mulheres muçulmanas são barbaramente mortas à pedradas quando praticam o adultério. Outro ainda: muçulmanos que cometem desvios de conduta são punidos com chibatadas em praça pública. Quanto primitivismo! Na área política temos, por exemplo, a ordem bizarra estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) de que alguns poucos países têm poder de veto sobre as resoluções tomadas pela maioria dos países-membros da organização. Ora, isso é totalmente irracional, desequilibrado, antidemocrático. Assim, por que a Rússia e a China, por exemplo, têm o direito de vetar a aplicação de sanções contra o ditador sanguinário da Síria, que é odiado pela população? Pode existir lógica ou sensatez por trás deste privilégio desfrutado pela Rússia e pela China? Não se deveria simplesmente acabar com essa ordem antiga e absurda e passar a prevalecer a vontade da maioria dos signatários da ONU? Outro: No mundo atual observa-se a feitura de plebiscitos para se permitir ou não a união gay. Ora, isso jamais deveria ser feito, na medida em que a coletividade não deve impor sua vontade à individualidade. A legalização da escolha sexual deve ser definida pela individualidade e não pela coletividade (na medida em que seria uma tirania da maioria tentar mandar na vida dos outros homens adultos – e como sabemos, só devemos mandar na nossa vida, deixando a vida dos outros de lado). Portanto, plebiscitos só devem ser feitos quando afetam a coletividade, como, por exemplo, sobre a restrição da venda de armas de fogo (e não sobre escolhas pessoais, como é o caso também da legalização da prática eventual do aborto, que deve ser decidido por cada mulher, que é a única dona de seu corpo). Na área econômica temos, por 87 exemplo, a tolerância da existência de paraísos fiscais que abrigam o dinheiro sujo do mundo, obtido via corrupção, tráfico de drogas, etc. Ora, tais paraísos fiscais deveriam ser proibidos por uma lei internacional. O mesmo deveria ocorrer em relação à adoção de alguma moeda considerada “forte” como moeda de outros países. Ora, cada país deve ter sua própria moeda. A agonia enfrentada atualmente pelo euro é uma constatação desta verdade, já que cada moeda deve refletir a realidade política, econômica, tecnológica, educacional, etc, de cada diferente e específico país. Outro exemplo de burrice é o de apenas algumas poucas moedas serem aceitas nas transações internacionais, o que desemboca no problema de as outras economias do mundo se voltarem para esses países privilegiados (e para suas respectivas moedas) e causarem déficit na balança comercial da maioria deles – o que traz uma grande instabilidade para a economia mundial. Concluindo: os exemplos já citados acima demonstram como a pobreza filosófica ainda prevalece nas decisões das pessoas, gerando desequilíbrios e injustiças graves no mundo. E essa realidade só vai mudar a partir do momento em que as pessoas passarem a adotar posturas filosóficas avançadas/críticas/sensatas como os ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), como a recomendação budista da busca pelo “caminho do meio” (meio-termo: moderação, equilíbrio... inclusão!). E como deveríamos saber, extremo gera extremo (oposto) e equilíbrio gera equilíbrio (semelhante). Ou as pessoas passam a compreender esta lógica dialética da existência e a tomar medidas diferentes das atuais (excludentes, discriminatórias), passando a incluir os excluídos, a promover de fato a igualdade de oportunidades entre pessoas e países, ou continuaremos distantes da construção do paraíso nesse lindo e ainda injusto planeta. Mas, para nossa sorte, tudo é uma questão de tempo: a boa filosofia nos ensina que nenhum desequilíbrio (que se origina na pobreza filosófica) consegue se manter ou perpetuar no longuíssimo prazo (mesmo que dinamicamente, permitindo desvios ou desníveis temporários). 330- PETULÂNCIA. A maioria das religiões do mundo (e, principalmente, as maiores, em número de seguidores) não são nada humildes. Elas querem explicar tudo, governar a todos e a tudo. Por exemplo, tentam explicar certos postulados que não são da sua alçada ou competência, mas são da alçada da ciência – como é o caso, por exemplo, da pseudo-explicação do carma, que não esclarece as causas das negatividades existenciais (negatividades estas melhor esclarecidas pela ciência). Portanto, seria mais nobre por parte das religiões reconhecerem os seus limites de abrangência, deixando para a ciência a palavra final sobre questões que são da alçada exclusiva ou intrínseca da própria ciência. Por isto mesmo, podemos dizer que as religiões pregam a humildade, mas são as primeiras a não praticar tal pregação. 331- SUBTRAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE. A igreja é uma instituição especializada em proibir e padronizar, o que acaba oprimindo as pessoas, na medida em que cada pessoa é única (tanto fisicamente quanto psicologicamente). Assim, cada pessoa tem o direito à opção individual, a decidir sobre seus passos e gostos, que são diferentes de pessoa para pessoa. Enfim, não devemos deixar que a igreja subtraia o direito à nossa individualidade. Isto é cidadania, civilidade. Viva a liberdade individual a que todos temos direito! As leis têm que garantir essa liberdade. Só para encerrar a questão: o papa, por exemplo, não tem o direito de impedir que alguém em estado terminal opte pela eutanásia. Afinal de contas, o papa é dono apenas de sua própria e vida e não da vida dos outros. Isto vale para a opção sexual ou qualquer outro tipo de opção que se tome na vida. Se a vida é nossa, cabe a nós e somente a nós decidir o que fazer, em relação a qualquer coisa. Assim, nós sabemos o que é melhor para nós. Não precisamos pedir orientação ao papa. O homem civilizado é aquele que tem personalidade e não depende de outrem, na hora de tomar uma decisão legítima. 88 332- ENERGIA. TUDO é energia. No entanto, se presa, a energia passa a se chamar massa/matéria. Portanto, a energia é a fonte de tudo o que existe. 333- A FONTE DA VIDA: inteligência215. 334- A VISUALIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA: matéria. 335- PARADOXO: Se Deus é inteligência, como podem as igrejas, que diversas vezes agem de forma burra216, desejarem ser “a palavra de Deus”? 336- O NADA. SÓ EXISTE NA FORMA OU APARÊNCIA (NA INVISIBILIDADE). Mas o nada é o tudo... em termos de CONTEÚDO... energético-físicoquímico... que é eterno. Ou seja: o nada (apenas hegemônico, não total) pode chegar a tudo (também hegemônico, não total) sem se perder, sem se extinguir – e o tudo pode chegar a nada, sem se perder (em termos de conteúdo físico-químico). Em outras palavras: Não ver não impede de sentir o substrato energético. A energia, em determinadas situações, não poderá ser vista, mas nem por isso deixará de estar presente no Universo. Apenas estará escondida, para, no momento oportuno, ser revelada materialmente. 337- COMPLETUDE. Só seria possível se Deus conseguisse se estabilizar. Mas, como energia (inteligência) e estabilidade são conflitantes, não existe a Completude. 338- PUREZA E DESBALANCEAMENTO. A pureza é fascinante, mas é problemática. Por exemplo: Deus, no estágio primordial, distancia-se bastante do meiotermo, sendo hegemonicamente energia, abandonando a matéria. Isto, por um lado, potencializa um dos pólos (a inteligência). Por outro lado, despotencializa o outro pólo (a estabilidade). Ganhar em um pólo significa perder em outro oposto. Por isto, viver na pureza significa viver no fio da navalha, estar por um triz, maximizar os riscos, estar próximo do fim (enfim, estar desbalanceado). Outro exemplo: Experimentar drogas pode fazer-nos atingir o êxtase (mesmo que artificial). No entanto, a nossa saúde passa a correr sérios riscos de degeneração. Assim, ganha-se em um pólo (êxtase) e perde-se em outro pólo (saúde). Dessa forma, é mais prudente estar balanceado, equilibrado, adotar o meio-termo, adotar o “caminho do meio” (onde, por exemplo, também pode-se experimentar o êxtase... só que de uma forma mais lenta, trabalhosa, natural, harmônica... e menos arriscada). Enfim, as facilidades são mais arriscadas e problemáticas (por estarem desbalanceadas). 339- EXCEÇÃO: HOMOSSEXUALISMO X MILAGRE. As pessoas costumam acolher o milagre, desejá-lo, e rejeitar o homossexualismo. Ora, ambos são duas exceções da existência. Então, por que bendizer uma e amaldiçoar a outra? Por que dois pesos e duas medidas? 340- INDEPENDÊNCIA. No início da vida, quando somos bebês, somos bastante dependentes dos nossos pais. Com o passar do tempo, no entanto, com o nosso crescimento/desenvolvimento, passamos a ganhar uma considerável independência. O mesmo vale para nós em relação a Deus: No estágio primordial, energético, narcisístico, sistêmico, inseparado, não somos UM mas somos TODOS. Aqui, os bloqueios são mínimos e o nosso contato com Deus praticamente não se quebra, não se interrompe. Aqui, a influência de Deus sobre nós é máxima. Já no estágio posterior, relativo, material passamos a ser UM. Agora, a influência de Deus sobre nós se reduz bastante, devido a existência de bloqueios materiais entre ele e nós. Aqui, em certa medida, é cortado o cordão umbilical divino que cuida de nós. Antes, as barreiras eram praticamente inexistentes. Agora, passam a ser significativas. Portanto, de dependentes/inseparados (pouquíssimos bloqueios materiais) passamos a relativamente independentes/separados (muitos bloqueios materiais). Como tudo na vida, a independência também tem seu preço. 215 Sem inteligência não seria possível criar uma coisa simples como uma rocha. Imagine então criar um organismo supercomplexo como o corpo humano.... 216 As igrejas não são iguais. Há umas melhorezinhas e outras piorezinhas (como o cristianismo, o islamismo e o kardecismo). 89 341- VERDADE. A realidade. 342- RESSURREIÇÃO E SIMBOLOGIA. Quando a Bíblia diz que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, a que ela está se referindo? Ora, a ressurreição não quer dizer reviver uma vida de ciclo curto – mas sim, reviver uma vida de ciclo longo. Assim, na verdade, a Bíblia está utilizando-se de uma simbologia, querendo referir-se ao eterno revezamento universal entre o Absoluto (involução) e o Relativo (evolução). 343- DIABO. É a nossa impaciente revolta contra os ditames da Incompletude. É a nossa intolerância decorrente de não sentirmos a harmonia (dependência) entre os opostos. É o insuflamento do nosso auto-ego, é a tentativa de atingirmos o Absoluto – de negarmos as nossas limitações, de querermos uma realidade sempre perfeita (sem ciclos, sem oscilações, sem negatividades provisórias, sem revezamento entre a perfeição e a imperfeição). 344- EXTREMOS. São arriscados217. 345- ATOS PERFEITOS SE ANULAM. Por exemplo: Um drible perfeito se anula com um desarme perfeito. Mais ainda: uma disputa de pênaltis se estenderia indefinidamente se os goleiros defendessem todas as cobranças ou, inversamente, se os batedores acertassem todas as cobranças 218. Então, visando quebrar a monotonia, a Incompletude (o Deus dosador, tanto o absoluto quanto o relativo) determina que os atos de um dos lados em disputa sejam imperfeitos (encurtando o tempo e premiando os mais qualificados, os vencedores). É a inteligência em processo. 346- OS DOIS DEUSES. Seria absurdo considerar a existência de dois deuses em nossas vidas? Não. Em momentos especiais ou excepcionais de desaprisionamento energético manifesta-se o Deus primordial, abrangente. Em momentos comuns, de aprisionamento energético, manifesta-se o Deus relativo ou material – representado pelo homem (o que mais de perto lembra o Deus primordial). 347- RELATIVIDADE ETERNA. Segundo o teólogo cristão Orígenes, “as almas que pecaram na Terra irão depois da morte para um fogo purificador; pouco a pouco, porém, todas, inclusive os demônios, subirão, de degrau em degrau, até que, por fim, inteiramente purificados, ressuscitarão com corpos etéreos e, novamente, Deus será tudo em todos” (conforme pregam o taoismo, o hinduísmo e o islamismo: nosso retorno aos braços de Deus). No entanto, esta restauração não significa o fim definitivo do planeta e, sim, um fim provisório. Antes de nosso planeta atual existiram outros planetas e, depois destes, ainda 217 Por exemplo, no futebol: se um time vai com muita sede ao ataque (ataca com muitos jogadores) corre o risco de fazer muitos gols... mas... de levar também muitos gols (pois deixa a defesa desguarnecida, desprotegida). Mais ainda: se um time só se preocupa em se defender, não faz nenhum gol e ainda termina levando gols (pois empurra o adversário para cima de si). Conclusão: os extremos são maléficos (tanto para mais como para menos). Viver nos extremos é viver no limite (entre o tudo e o nada). E, por incrível que pareça, conseguir o tudo é alcançar o NADA – pois a ganância do tudo exclui o (amor pelo) próximo, o diferente, o complemento, a dependência ou harmonia entre os opostos. Em suma: o caminho que é verdadeiramente vantajoso, harmonioso, amoroso... é o “CAMINHO DO MEIO”. 218 Aliás, uma análise simplista da questão temporal concluiria que (no estágio relativo) a perfeição atua no sentido de alongar o tempo – e a imperfeição (no mesmo estágio relativo) atua no sentido inverso de abreviar o tempo*. Na verdade, tanto a imperfeição (mais característica do estágio relativo) quanto a perfeição (mais característica do estágio absoluto) possuem propriedades antagônicas que tanto contribuem para alongar quanto para abreviar o tempo: em termos de estágio relativo, temos que a sua lentidão contribui para alongar o tempo, enquanto que a sua imperfeição contribui para abreviá-lo; em termos de estágio absoluto, temos que a sua aceleração/instantaneidade contribui para abreviar o tempo, enquanto que a sua perfeição contribui para alongálo. Em suma: tanto num estágio quanto noutro há uma compensação balanceadora. É a inteligência em processo. *Na verdade, para sermos mais precisos, há também o lado qualitativo da questão: a imperfeição leva ao contraditório. O contraditório leva à evolução. A evolução leva ao alongamento qualitativo do tempo. Portanto, no estágio relativo, a imperfeição quantitativa (movimento de imprecisão... em termos de dias/meses/anos) abrevia o tempo – ao passo que a imperfeição qualitativa (movimento dialético... em termos de avanços) alonga este mesmo tempo. 90 outros virão a seguir. Portanto, sucedem-se os mundos, em mutações intermináveis. Em função disso, aliás, Orígenes negava a eternidade do inferno: antes de significar o castigo eterno, significava a anulação, o esquecimento (ponto de partida para um novo recomeço, para novas civilizações de ciclo longo que virão após nós). 348- CIVILIZAÇÕES DE CICLO LONGO. Esgotada a evolução, após a desmaterialização provisória do nosso planeta, como reapareceremos na nova civilização? Ora, reapareceremos renovados, livres da memória psíquica da civilização passada – mas sujeitos aos mesmos princípios básicos existenciais de outrora. Ou seja: mudam-se as partidas (que serão sempre únicas) mas as regras serão as mesmas. Portanto, como a memória química continua sendo a mesma da civilização passada, reproduz-se o mesmo arcabouço de espécies criadas por Deus, embora mudem os papéis a desempenhar por cada ser (via reagrupamento genético da estrutura química existente no Universo). Em suma: perde-se a memória psíquica (consciente) e transmigra-se a memória química (inconsciente) 219. 349- CURTO E JUSTO. Atenha-se ao básico ou principal (não perdendo tempo com superfluozidades, marginalidades, adjacências)220 e seja justo. Não há coisa mais saudável, salutar, sensata, pertinente, sadia no mundo. É o melhor caminho para se atingir a felicidade. 350- O MELHOR CAMINHO. Para se atingir um objetivo, sempre haverá diversos caminhos221. E, o mais indicado será sempre aquele que resultar em menor gasto de energia, em menor dor de cabeça, em menor desgaste – e, inteligentemente, em maior preservabilidade de si, em maior amor de si. 351- AMOR E MISTURA. Quem mistura amor com outras coisas (dinheiro, política, religião, etc) acaba quebrando a cara – pois dá pouco valor ao amor, profanando-o, utilizando-o como trampolim para conseguir outras coisas que não são tão importantes. 352- O QUE É O SEXO? O sexo não passa de brincadeira de gente grande. Quando criança, brinca-se de boneca, carrinho, bola, etc. Quando adulto, mudam-se os brinquedos – utilizando-se a dança, a poesia, o beijo, o amasso, o romantismo, os órgãos sexuais, etc. Mas, o carro-chefe do sexo não são os órgãos sexuais, mas o cérebro (o contentamento, a admiração, a contemplação de um relacionamento saudável/respeitoso/criativo). Portanto, devemos encarar o sexo como uma brincadeira criativa e não como uma relação de penetração pura e simplesmente (o que nos encaminha para a prática do sexo tântrico, holístico, de qualidade). 353- BÁSICO x DERIVADO. Com o básico, chega-se ao derivado. Com o derivado, não se chega ao básico222. Esta é a grande diferença (de poder) entre os dois. 354- TEMPO E LINGUAGEM. Cada período histórico tem um conteúdo, uma estrutura, uma linguagem. Assim, o conteúdo é hierárquico: evolui no tempo, mas ainda 219 Por exemplo: numa outra vida de ciclo longo, alguns átomos nossos poderiam abrigar um minério, outros uma árvore, outros um animal, outros uma rocha, etc. 220 Ou seja, o rendimento do básico é muito, mas muito superior ao rendimento do supérfluo. Assim, mais precisamente, o básico deve ser a regra e o supérfluo a exceção. Observação: Aqui não se está afirmando que o lazer (na medida certa: nem muito e nem pouco) seja maléfico e condenável, ok? Outra coisa: o básico é mutável, varia conforme a situação. Assim, numa situação de extrema fome, a prioridade nº 1, o básico, é a obtenção de um prato de comida. Já numa situação de doença, a prioridade nº 1, o básico, é a procura de tratamento médico. Do mesmo modo, numa situação de extrema fragilidade emocional, a prioridade nº 1, o básico, é a procura de um ombro amigo (familiares, psicólogo, etc). E, numa situação de estresse, a prioridade nº 1, o básico, é o desfrute de lazer e/ou descanso. Finalmente, nunca é demais repetir que o que ora foi apontado deriva-se do princípio básico de que “vida é movimento” – aliás, vida inteligente é movimento (pois vida estática... é burra). 221 Estamos falando aqui de caminhos lícitos, limpos, legais, decentes, honestos, éticos. Não estamos falando aqui de jogo sujo, ok? 222 Por exemplo: com o manganês se chega ao ferro, ao passo que com o ferro não se chega ao manganês (pelo menos de forma barata). 91 subordinado ao materialismo (às limitações do preço, da implacabilidade, da compensação, da Incompletude)223. 355- CHARME DESTE LIVRO. Não é tanto negar as coisas ou idéias preexistentes, mas poli-las, ajustá-las, corrigi-las (separando o joio do trigo, mostrando que é correto e o que é errado). Ou seja, é dizer: isto existe, mas não devido a isto... mas devido a aquilo – ou, então: não desta forma... mas daquela forma. Portanto, não se trata de reinventar a roda, mas apenas de aparar as suas arestas. Trata-se de fazer com que não se dê com uma mão e se tire com a outra. Trata-se de construir um discurso coerente, uniforme, harmônico. 356- RELIGIOSO x FILOSÓFICO. Este livro não pretende ser religioso: não só não está a serviço de nenhuma religião, como não trata da educação emocional (mais própria das religiões). Pretende, sim, ser um livro filosófico – na medida em que trata apenas da educação racional, da questão lógica do comportamento humano, da questão lógica da existência (da boa filosofia). Portanto, se você tem um problema financeiro, emocional, familiar, etc, talvez você não encontre muito amparo neste livro. O objetivo do mesmo não é resolver lamentações ou dores conjunturais, mas tratar de questões estruturais. O objetivo é apenas discutir a lógica do mundo224. 357- QUEM VAI MUDAR O MUNDO: RELIGIÃO OU CIÊNCIA? Certamente, a ciência (capitaneada pela filosofia holística). Primeiro, porque a ciência não eterniza o passado e busca a verdade (pesquisando, analisando e descobrindo os mistérios do Universo – mistérios estes que vão se revelando aos poucos). Segundo, porque aprende com seus erros e busca a evolução, sempre. O processo evolutivo só cessa com a chegada da involução. Antes disso, é continuo, incansável, permanente. Terceiro, porque não fantasia a realidade, mas age de acordo com o apontado pelos fatos – evitando o sensacionalismo entorpecedor, deseducativo. 358- IMPOSSÍVEL PARA DEUS. Deus não pode influenciar na definição das bolas numeradas que apontarão o ganhador ou os ganhadores da mega-sena. Sendo energia, ele não pode manipular o movimento das bolas, misturadas umas com as outras. A definição das bolas sorteadas é totalmente fruto do acaso. Da mesma forma, sendo apenas energia, Deus não é aparelhado fisicamente para impedir o desabamento do telhado de uma igreja (pois a energia não pode suportar o peso da matéria, de modo que não pode bloqueá-la ou pará-la). Assim, Deus é uma Incompletude e não pode tudo. Aceitar isto é compreender, de fato, o que é Deus225. 359- REALIDADE E APROXIMAÇÃO. As religiões mais especulativas costumam, em nome da soberba, distanciar-se da realidade (propondo idéias sensacionalistas que impressionam mas, por não terem lógica, não funcionarão nunca). E isto não é bom. O bom é nos aproximarmos cada vez mais da realidade. A realidade liberta, a fantasia ou ficção entorpece e representa perda de tempo (inutilidade). Quem se aproxima da realidade vive melhor porque descobre as verdadeiras PROPRIEDADES de algo, os meandros do seu verdadeiro funcionamento. 223 Exemplifiquemos: conceitos importantes para a explicação da realidade, como o da relatividade, por exemplo, soariam estranhos para os homens das cavernas – que ficariam pirados, não entenderiam nada: seria muita sofisticação para muito primitivismo. Assim, só o tempo, só a evolução capacita o homem para cada vez mais entender a realidade. 224 Por outro lado, a diferença básica entre a religião e a filosofia é que a religião pensa no passado, com o intuito de nos EMOCIONAR – enquanto a filosofia pensa no futuro, com o intuito de nos fazer RACIOCINAR. 225 Deus é apenas uma energia INTELIGENTE (e, sem inteligência seria impossível criar a vida e coisas como, por exemplo, o útero, que permite a reprodução dos seres humanos). Assim, num ambiente narcisístico a inteligência tem um papel importantíssimo e totalmente necessário para a criação da vida. Já num ambiente relativo esta mesma energia inteligente encontra limitações próprias de uma NOVA realidade. Portanto, trata-se de DUAS realidades bem diferentes. Aceitar isto é agir com inteligência e sensatez. 92 360- AMBIGÜIDADE. Cessada a ambigüidade, cessa a vida. A ambigüidade (oposição, polarização) significa não atingir o narcisismo total (inteligência total ou conservação total). Significa depender de quem é diferente de você, do seu oposto. Significa declarar seu amor ao seu oposto. Essa miscigenação, esse casamento com o seu oposto, sim, é que garante a vida eterna. Aqui, por um lado, reduzem-se poderes; por outro, reduzem-se riscos. A humildade miscigenante garante a vida, a soberba isolacionista a destrói. A confraternização entre os opostos, a ambigüidade, sim, é o caminho. 361- GUARDIÃO AUTOMÁTICO. O universo possui um mecanismo automático ou força automática de correção de rumos, tal qual o magnetismo de um ímã. É esse mecanismo ou força que garante a eternidade. A eternidade se dá pelo mecanismo ou força de COMPENSAÇÃO: Um MAIS, de um lado, gera um MENOS de outro; uma VANTAGEM, de um lado, gera uma DESVANTAGEM, de outro. Sem essa migração em direção ao seu contrário a morte seria certeira e irreversível. Essa migração é o DNA de equilíbrio do Universo. Essa lei ou inteligência maior é intrínseca à matéria. Essa lei é inquebrantável. 362- INTELIGÊNCIA RACIONAL x INTELIGÊNCIA INTUITIVA. Quem seria mais inteligente? Sem sombra de dúvidas, a inteligência intuitiva. Ela é mais completa porque não é resultado apenas do esforço cerebral. Ela é o resultado do esforço divino em proteger-nos, em nos mostrar a melhor direção. Ela representa o Deus-abrangente, enquanto a inteligência racional representa o Deus-relativo. 363- PRESSÃO ATRAVÉS DA ORAÇÃO. Da mesma forma que o filho não gosta de ser pressionado pelo pai, o pai não gosta de ser pressionado pelo filho. Essa é a lógica da convivência familiar. No campo teológico ocorre o mesmo. O ato de pressionar Deus a interceder a favor de alguém, através da ORAÇÃO, significa várias coisas: primeira, um ato de pouca fé (pois quem tem fé não precisa pedir); segunda, uma ignorância das verdadeiras propriedades de Deus (que é energia, significando inteligência, inteligência esta que nos é repassada aos poucos e cada vez mais, via processo evolutivo de relativização da energia primordial, via processo de desaprisionamento energético, para que possamos nós mesmos resolvermos os nossos problemas, para que possamos executar os nossos atos com competência ou precisão); terceira, desconhecer que o Universo tem mecanismos automáticos de correção de rumos – mecanismos estes que não são retilíneos, mas cíclicos, irregulares, mecanismos estes que sempre apontam um saída para todo tipo de problema (através do processo de tentativas de erros e acertos). Dessa forma, já é hora de a igreja conhecer as verdadeiras propriedades de Deus, deixando de distorcê-lo, deixando de substituir a competência pela pressão através da oração. Ou, então, simplesmente aceitando pacificamente as conseqüências das leis da Natureza, aceitando pacificamente a sua densa e engenhosa lógica de longuíssimo prazo ou de ciclo longo, ao invés de pressionar através da oração. 364- MORRER É PRECISO. Este é o título de um poema do famoso poeta Fernando Pessoa: “Num artigo muito interessante, Paulo Angelim, que é arquiteto, pósgraduado em marketing, dizia mais ou menos o seguinte: Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do espermatozóide, não existe borboleta sem a morte da lagarta, isso é óbvio. A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo, a fronteira entre o passado e o futuro. Se você quer ser um bom universitário mate dentro de você um bom secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente. Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas. Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você 93 o jovem inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta ou o solteiro solto que pensa que pode fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém. Quer ter boas amizades? Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita e descompromissada, que só pensa em si mesmo. Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência. Respeite seus amigos, colegas de trabalho e vizinhos. Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso ‘eu’ passado, inferior. E qual o risco de agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo essa produtividade, e, por fim, prejudicando nosso sucesso. Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam se transformando em projetos acabados, híbridos, adultos infantilizados. Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não mantemos as virtudes de criança que também são necessários anos, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade, tolerância, etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar atitudes infantis, para passarmos a agir como adultos. Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e evoluído? Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, é o ‘egoísmo’, é o ‘egocentrismo’, para que nasça o ser que você tanto deseja ser. Pense nisso e morra. Mas não se esqueça de nascer melhor ainda. O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Mas, enfim, você descobriu o significado da palavra morrer? Não? Significa simplesmente evoluir, transformar-se! 365- SEJA UM MESSIAS. Tire o peso dos ombros de Jesus. Não queira que ele seja o único messias do mundo. E, como você pode ser um messias? É simples: basta agir MODERADAMENTE, sem extremismo, sem exagero (seja no trabalho, na religião, no esporte, na política, no relacionamento amoroso e social, nos hábitos alimentares, etc). Esta regrinha preciosa vale para tudo o que você pensar: o “caminho do meio” é o melhor maná da humanidade. Nutrindo-se dele a humanidade será mais sadia, pacífica, justa... feliz! Então, mãos à obra, seja um messias e ajude a salvar e/ou melhorar o mundo. Em suma: abandone as muletas e seja o messias de si mesmo (Deus já nos deu inteligência para atingir este estágio). 366- UM. Existem o UM-ABRANGENTE (Absoluto) e o UM-SINGULAR (Relativo). 367- TEOLOGIA X FILOSOFIA. Com a evolução do homem, este tenderá a, paulatinamente, substituir a teologia pela filosofia holística. O mundo do futuro será o mundo da filosofia holística226. 368- FÉ x RAZÃO. O movimento iluminista do século XVIII “quis substituir a fé pelo conhecimento”. Ou seja, “com base nos ideais iluministas, filósofos pretendiam, através do saber, criar o ‘cidadão esclarecido’, voltado para a libertação do indivíduo”. E por que isto? Porque a fé conduz à imprudência que, por sua vez, conduz ao caos – ao passo que a razão conduz à prudência e ao bem-estar. 369- PRINCIPAL. Competência (no gerenciamento geral da vida). 370- ACESSÓRIO. Milagre. 371- UM GRANDE PROBLEMA. Seguramente, além da problemática do sagrado227, Bíblias, como a cristã, por exemplo, enfrentam um outro problema gravíssimo: O 226 Ou seja: o mundo da análise DESINTERESSADA e equilibrada dos fatos (sem a preocupação em arrebanhar fiéis ou seguir os ditames de uma hierarquia administrativa que controla tudo com mão de ferro – enfim, sem a preocupação em constituir-se numa instituição). Por outro lado, a filosofia não irá anular a religião, mas apenas e tão somente incorporá-la e depurá-la (conduzi-la para um patamar mais evoluído, moderno, individualizado, centrado, embasado). 227 O sagrado não só engessa o conhecimento como pode servir de veículo para a discórdia entre povos. O melhor exemplo é o do conflito israelenses-palestinos. Os judeus, após séculos de perseguição, expulsão e 94 da incoerência permissiva. Ou seja, tais Bíblias permitem de tudo. Desde a amar da forma mais nobre e elevada possível (conforme descreve a passagem bíblica de Coríntios I, Capítulo 13, que diz: “ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar monte, se não tiver amor, nada serei”) até a odiar e destruir da forma mais brutal possível (conforme descreve passagens do tipo: “O Senhor vosso Deus porá sobre toda a Terra que pisardes o vosso terror” ou, ainda, do tipo: Quando alguém te incitar a servir a outros deuses “não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás; mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo”). Permitir tudo, desde o bem até o mal, seguramente, não servirá para construir uma sociedade elevada, competente e harmônica. Os homens-bomba do oriente médio e os Hitlers da vida são um retrato ou efeito dessa permissividade geradora de extremismo. 372- PASSADO x PRESENTE x FUTURO. Não é raro ver e ouvir filósofos profissionais e amadores recomendando que devemos nos ater somente ao presente (pois o passado já passou e o futuro ainda está por vir). Ora, por um ângulo, isto não deixa de ser verdadeiro. No entanto, por outro ângulo, devemos nos ater também ao passado e ao futuro (e não somente ao presente). Por quê? Porque conhecendo o passado podemos deixar de repetir os erros do mesmo passado. E, pensando no futuro, deixaremos de cometer farras (exageros) no presente, que comprometerão a qualidade de vida das gerações futuras228. 373- O QUE CONTA DE FATO. As religiões nos dizem que somos todos irmãos uns dos outros, de modo automático, a priori. Ora, isto é falso. Só a posteriori é que podemos considerar outro ser humano como nosso irmão. Somente quando os outros nos respeitam e agem com bons modos de convivência é que podemos considerá-los irmãos. Assim, os irmãos são os que têm pontos de vista iguais, que têm condutas parecidas (sejam boas ou más). Portanto, o que conta não é ter esta ou aquela religião, mas ter uma conduta civilizada, ter bons modos de convivência em grupo, respeito, competência, sensatez. 374- HIPOCRISIA. O papa Bento XVI não cansa de pedir aos seus fiéis que tenham fé em Deus (principalmente quando se está passando por dificuldades de quaisquer ordens, seja por falta de saúde, de dinheiro, etc). Mas, ele mesmo dispensa a necessidade de ter fé para si quando se trata de visitar outros países. Tanto é assim que recebe a proteção de milhares de policiais (como ocorreu em sua visita ao Brasil) e anda de carro blindado, à prova de balas, chamado papamóvel. Assim, para os fiéis a fé; para si, a segurança dos anteparos e da polícia, da proteção humana (a dispensa da fé). E o que falar, então, dos padres pedófilos, que pregam o amor ao próximo mas abusam sexualmente de adolescentes? Aí estão exemplos de hipocrisia da igreja. 375- A IGREJA É A FAVOR DA VIDA. Mesmo que subumana. Qualidade de vida é apenas um detalhe a mais, sem a menor importância para a igreja. Definitivamente, dispersão pelo mundo acreditavam que a Palestina ou Terra de Canaã seria a terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes. Deuteronômio 1: 6-8 diz: “Já permanecestes bastante nessa montanha.Voltai-vos e parti! Ide à montanha dos amorreus, e a todos os que habitam no Arabá, na montanha , na planície, no Negueb, no litoral; à terra dos cananeus e ao Líbano, até ao grande rio, o Eufrates. Eis a terra que eu vos dei! Entrai para possuir a terra que Iahweh, sob juramento, prometera dar a vossos pais, Abraão, Isaac e Jacó, e depois deles à sua descendência”. Pois bem, calcados nessa crença os judeus invadiram um território ocupado por 60% de palestinos (e também sagrado para os mesmos), expulsando-os de suas terrras e criando o Estado de Israel. O resultado de tudo isso tem sido mais de 60 anos de discórdia, de intolerância, de luta armada e, mais recentemente, de terrorismo. Portanto, o sagrado também pode ser um veículo de ódio e destruição. O abandono do sagrado, então, evitaria coisas desse tipo. Essa flexibilização ou relativização é o melhor caminho para trilhar pelo bom-senso e construir a harmonia e tolerância entre pessoas e povos. 228 Um exemplo bastante importante é o da superpopulação do nosso planeta. Após se reproduzir descontroladamente ou excessivamente o homem tem levado o mesmo planeta a atingir um grau crítico de esgotamento de seus recursos naturais, comprometendo as gerações futuras. 95 devemos pensar duas vezes antes de aceitar instituições burras, como a igreja, como nossas educadoras. 376- EVOLUÇÃO. A caminhada do homem é evolutiva. O homem primitivo vivia nas cavernas e sobrevivia da caça e do extrativismo vegetal. Tinha quase nenhum conforto material. Suas possibilidades eram bem limitadas. Milhões de anos depois, com o advento das sociedades modernas encravadas nas cidades, as mudanças já são bem visíveis: já dispomos de antibióticos, robôs, tomógrafos computadorizados, raios laser, jatos supersônicos, ônibus espaciais, satélites, televisão digital, internet, usinas nucleares, telefones celulares, clonagem, etc. Do nada já chegamos à modernidade contemporânea. E, não pararemos aí: O futuro será mais avançado ainda. O conhecimento humano ainda tem muito o que evoluir. Chegaremos onde nunca pensamos que chegaríamos. Nem as religiões escaparão da evolução (via filosofia holística). Como diria o poeta, isto já estava “escrito nas estrelas”. 377- COMO SERÃO AS IGREJAS DAQUI A CEM MILHÕES DE ANOS? Resumir-se-ão a centros de meditação. Acabar-se-ão coisas como: sermão de padres/pastores, missas, etc229. Finalmente os homens serão suficientemente esclarecidos para não precisar mais da tutela da igreja no direcionamento de suas vidas. As igrejas serão engolidas pela suas próprias mediocridades filosóficas e incoerências (principalmente as ocidentais). Neste estágio, cada um será senhor de si, cada um será um messias, não necessitando mais de muletas externas salvadoras. O sensacionalismo definhará e o realismo ganhará força. O mundo será bem melhor que hoje, pois a prudência anulará a imprudência fomentada pelas igrejas atuais (principalmente as ocidentais). A coerência racional tomará lugar da incoerência irracional das igrejas (que, por exemplo, ao mesmo tempo que pregam a paz também pregam a guerra230 – a maior estupidez humana, que aumenta a dívida pública sem construir nada, ao contrário, destruindo patrimônios construídos com o suor humano de muitos e com a devastação da Natureza: devastação inútil, devastação para nada, quando deveria ser devastação para o conforto humano). 378- NOSSA CRENÇA. Podemos definir-nos como holístico-anarcorelativista-panteísta. 379- “VAZIO É CHEIO”. Em agosto de 2000, não foi transmitido pela televisão o reencontro emocionado de parentes norte-coreanos com parentes sul-coreanos, após décadas de separação? Não se viu o choro descontrolado, a emoção transbordante? Pois é, esse reencontro caloroso ou ardente é mais uma demonstração inconteste de que “vazio é cheio”: de que a dissipação, o esquecimento, leva à valorização (ao passo que a concentração, a massificação, a repetição massiva leva à desvalorização - aliás, em economia, esse paradoxo ganha o nome de “Lei da Oferta e da Procura”). 380- MILAGRES DA NATUREZA. O que dizer de um aparelho de som que capta e reproduz a música, sem ter músicos e instrumentos musicais tocando dentro do 229 É bom que se esclareça a diferença entre as religiões (paradigmas filosóficos) e as igrejas (estruturas administrativo- operacionais). As religiões não devem acabar, pois já constituem um patrimônio da humanidade e quem quiser ter acesso a elas deve comprar seus livros escritos e publicados. Outra coisa, já não isenta, problemática são as mensagens de intermediários – que apelam para o sensacionalismo irrealista e emburrecedor presente nas práticas eclesiásticas inúteis, ineficazes (verdadeira perda de tempo), além de que, ao mesmo tempo que pregam coisas corretas como a prática do amor, da bondade, da solidariedade, etc, pregam coisas incorretas como a barbárie, o machismo, o preconceito, a discriminação, etc. Enfim, devemos conhecer o conteúdo das diferentes religiões mas não devemos perder tempo com coisas que geram a incompetência no gerenciamento geral da vida e, mais importante, devemos preocupar-se com coisas realmente relevantes para a conquista da felicidade (coisas dosadas MODERADAMENTE e hegemonicamente sociológicas, ou seja, encaradas como humanas e não como divinas – Já que Deus não escreveu uma única Bíblia sequer, mas justamente os homens ou povos é que as elaboraram). 230 Passagens da Bíblia cristã e do Alcorão muçulmano, por exemplo, comprovam isto. E tem mais: os cristãos cantam hinos de louvor a Jesus chamando-o de “senhor dos exércitos”. Que heresia, não? O senhor da vida é, ao mesmo tempo, o senhor da morte (guerra). 96 mesmo aparelho? O que dizer de um avião que sai do Brasil, perde-se no espaço afora e consegue pousar exatamente no ponto de destino, numa pista de pouso tão distante, como a de Tóquio? O que dizer de uma criança ou de uma fruta, que se gestam a partir do “nada”?231 Pois é, estes e outros casos são verdadeiros milagres da Natureza. São exemplos da grandeza, da magnificência, do poder de Deus. 381- DEUS ESTÁ EM VOCÊ. Você foi tirado das entranhas de Deus (da energia primordial, da energia que em parte se materializou). O ar que você respira é Deus. O alimento que você come é Deus. O seu cabelo é Deus. O seu olho é Deus. A sua pele é Deus. A roupa que você veste é Deus. O seu cachorro é Deus. O livro que você lê é Deus. O perfume que você sente é Deus. O medicamento é Deus. O sangue que circula em suas veias é Deus (você tem o sangue divino). O cântico que você entoa é Deus. A sua voz é Deus. A dor e a alegria que você sente é Deus. A música que você ouve é Deus. O pensamento que você tem é Deus. A energia que não se materializou é Deus. Sinteticamente, tudo é Deus. Você é um Deus vivo... intenso e conservado... mas limitado, bloqueado. Se antes você era um todo fraco232 (diluído), hoje você é uma parte intensa (concentrada). O que você era... é o que você é. O que você é... é o que você era. 382- DEUS. ESTÁ ACIMA DAS RELIGIÕES. É muito mais que religião. É muito mais que intermediários. 383- DEUS NÃO ESCREVEU NENHUMA BÍBLIA 233. Os homens, sim. Deus apenas criou a vida para que cada um exerça a sua individualidade, correndo riscos. 384- MALDADE x LÓGICA. Deus não é mau. Ele é apenas EXTREMAMENTE LÓGICO234. 385- LÓGICA... DE UM MODO OU DE OUTRO: Ainda que não prevaleça a lógica, a lógica prevalece 235. 386- PALAVRAS PRECIOSAS: “Lei dos Rendimentos Decrescentes”236. Procure ter tais palavras mágicas sempre no seu coração, sempre na sua mente. Elas são o 231 Aliás, pensemos mais profundamente: como é que uma semente de melancia vai parar dentro da mesma, sem que ninguém a tenha colocado lá? E, como é que a semente fica localizada exatamente no meio da polpa – e não da casca, por exemplo? E, ainda: como é que elementos duros e moles (e de diferentes cores, tamanhos) se gestam a partir da mesma fonte (a terra)? Mais ainda: e o que falar do acabamento final dos seres (contornos e formas harmônicas, plásticas, precisas)? Enfim, o comando ou a memória genético-criadora-transformante da Natureza não seria a verdadeira magia (sem truques)? 232 Ou seja: sutil, leve. 233 Aliás, você já viu Deus-energia escrevendo à mão, datilografando ou digitando num computador as páginas de uma Bíblia? Claro que não. Somente os homens podem fazê-lo. 234 É claro, estamos falando do Deus real (holístico) e não do Deus fantasioso (e isolacionista) apregoado por muitas religiões. Por exemplo: Por que Deus permitiu que Hitler viesse a existir e produzisse toda aquela monstruosidade étnica que bem conhecemos? Ora, para que as gerações futuras não repetissem o erro. As crianças não aprendem errando de vez em quando? Os adultos também. Evoluímos justamente através do processo de tentativas e erros eventuais. O erro também é lógico, também é necessário para alongar o tempo (do ponto de vista qualitativo, evolutivo). Em outras palavras: Podemos agir desta ou daquela forma ou ainda daquela outra. As possibilidades são enormes. É aqui que entra o papel estratégico da HISTÓRIA. Ela vai registrando os atos humanos que são praticados no dia-a-dia. Tanto os certos quanto os errados. E, ao registrar os atos errados, vai-se esgotando, com o passar do tempo e via evolução, o número de novas possibilidades à disposição do homem. Assim, o homem tenderia a errar menos no futuro – construindo um paraíso próximo da perfeição (quando do atingimento do auge do processo evolutivo). 235 Parece estranho, não é? Mas, explicando, não é tão estranho assim. Por exemplo, e por um lado, se um time ainda desconhecido ganha um campeonato, dá a entender que não prevaleceu a lógica (que seria o campeonato ser ganho pelos times tradicionais ou grandes). Por outro lado, o fato de um time sem muita expressão ganhar um campeonato tem o seu lado lógico também: vida é movimento, oscilação, REVEZAMENTO – deixando espaço para a ocorrência da exceção. Outro exemplo: uma pessoa desenganada pelos médicos acaba se curando inexplicavelmente. Aqui também, a lógica é lógica justamente ao deixar um espaço para a atuação do seu contrário: a exceção (e o revezamento). 97 verdadeiro anjo da guarda, o melhor professor, o melhor amigo, o melhor conselheiro, o melhor guia, o melhor mestre. 387- EMOÇÕES DIFERENTES. Este livro não vai mudar a vida do leitor, da água para o vinho237. (Até porque, a leitura do mesmo não vai eliminar os efeitos da Lei dos Rendimentos Decrescentes – que são eternos, indestrutíveis, incontornáveis.) Apenas vai propiciar que o contato com o eventualmente novo possibilite o experimento de emoções também novas. Este é o sentido da vida: experimentar as fases que se sucedem, o novo238... mesmo que somente por algum momento. 236 Significando que tudo o que se concentra (no tempo), que se torna excessivo... acaba decrescendo, acaba se desvalorizando, acaba se tornando problemático. Então, tudo é uma questão de não exagerar, de bem dosar: de variar, visando equilibrar (visando evitar a concentração, num só lado ou numa só direção; visando desconcentrar, visando liberar, visando dissipar, visando esvaziar, visando esquecer, visando renovar – não nos esqueçamos de que “vazio é cheio”)... sob pena de colher confusão, dor de cabeça, infelicidade. 237 Ou seja: este livro recomenda que não se encaminhe para os extremos. Mas, não vai impedir que a eventual existência de um lixo emocional ou lógico o faça – mesmo que temporariamente. (Lembremo-nos: a produção de lixo é intrínseca à vida, é um subproduto natural: vida é movimento; movimento gera atrito; atrito gera fusão, resíduo, lixo.) 238 Não estamos falando aqui de coisas que viciam e que podem tornar-se irreversíveis, como as drogas. 98 POR QUE DEVEMOS CANONIZAR JOÃO PAULO II Em 2005 os meios de comunicação noticiaram que o Vaticano pretendia acelerar o processo de canonização do falecido papa João Paulo II. Como sabemos, só quem já operou MILAGRES pode virar santo. Assim, este artigo visa responder à óbvia questão: João Paulo II merece ser declarado santo? Achamos que sim. Veja, a seguir, a nossa fundamentação, veja os milagres que ele já operou. Ele já operou o milagre do PRECONCEITO, discriminando homossexuais, como se esta ou aquela opção sexual fosse crime (e não as condutas antiéticas como: matar, roubar, mentir, etc). Aliás, que seja incentivada a hipocrisia, a enganação, a falsidade, a heterossexualidade apenas de fachada. Ele já operou o milagre da IGNORÂNCIA, ao ser contra os métodos contraceptivos artificiais, que são os únicos instrumentos que possibilitam a valorização dos pobres (perante os seus patrões). Os papas defendem uma melhor distribuição da renda, mas não sabem quais são os caminhos para obtê-la. Os caminhos que eles defendem passam pelo descontrole reprodutivo dos pobres, justamente o caminho do caos, da destruição da Natureza, dos baixos salários, do desemprego, da violência. Basicamente, o problema é que os papas se sentem superiores, ungidos por Deus. Assim, por que SE MISTURAR com o restante da sociedade, por que aprender um pouco também com os economistas, sociólogos, psicólogos, etc? Para eles, é mais cômodo ficar reclusos, fechados em seu mundinho teológico de antigamente. Por tudo o que já foi dito nos dois parágrafos anteriores, ele já operou o milagre da INCOERÊNCIA: Quer isso, mas dá também aquilo; quer tudo de bom, mas dá também um pouco de coisa ruim; dá com uma mão e tira com a outra. Pelos três milagres já contabilizados, que incentivam a quantidade e não a qualidade, a conclusão óbvia é que o falecido papa João Paulo II deveria ser canonizado urgentemente. Mais ainda: TODOS os papas da igreja católica deveriam ser canonizados (e não somente João Paulo II). O critério de canonizar em função de um MILAGRE (que induz o povo ao fanatismo) e não em função de promover uma EDUCAÇÃO equilibrada, coerente, sensata, é mais um milagre da igreja: O milagre do SENSACIONALISMO que impressiona mas deseduca (ao priorizar a exceção – e não a regra, a normalidade, normalidade esta em que o aspecto educativo ou preventivo se sobressai sobre qualquer outro). Por tudo isto, viva o anarquismo! Vale mais comer pelas nossas próprias mãos do que comer pelas mãos dos outros. O quem vem de baixo é melhor do que o que vem de cima (güela abaixo). Mas, como a perfeição passa pela imperfeição (como a imperfeição induz à perfeição, via processo de embate dialético, de choque entre contrários), achamos tudo isto normal. Achamos que a igreja ainda se reciclará, ainda evoluirá. O mundo, antes da involução “final”, só tem um caminho: O da evolução. Tudo é uma questão de tempo. 99 AS MULETAS EM QUESTÃO Todos nós sabemos que as muletas mecânicas são muito úteis para aqueles que têm dificuldades de locomoção. São um auxílio importante, diminuem as limitações humanas. Mas, e como ficam outras espécies de muletas? Como ficam as muletas mentais de cunho religiosas? Tendo familiares cristãos (pouco escolarizados) entre os membros de minha família, eu sou um observador privilegiado para responder a esta questão. Por que o cristianismo é a maior religião do mundo, em número de seguidores? Ora, ela só o é a maior justamente devido ao seu caráter sensacionalista. É sensacionalista, por exemplo, dizer que antigamente pessoas viviam mais de 800 anos de idade (o que é uma grande mentira: hoje se vive bem mais que antigamente, graças aos avanços da medicina e aos benefícios do Estado do bem-estar social contemporâneos). Mas, o sensacionalismo maior do cristianismo está justamente na pregação dos milagres em abundância, nos moldes do “tudo é possível a aquele que crê”. Quem se alimenta mal, quem come açúcar e gordura em profusão crê que, num passe de mágica, vai recuperar a saúde já debilitada. A conduta guiada por uma educação correta (via reações químicas saudáveis, decorrentes de um planejamento alimentar prévio) dá lugar a uma conduta desesperada calcada no “posso tudo”: Posso comer de tudo e exageradamente que Jesus Cristo vai me salvar da doença e da morte. Aqui, a lógica e a racionalidade (prevenção) é trocada pela fé em tudo (posso tudo, não há o que temer, Jesus me provê tudo o que eu necessito). Esta fé sem limites, é bom que se diga, é mais apregoada e praticada pelos cristãos evangélicos do que pelos católicos. Esta fé sem limites é perniciosa pois gera a imprudência e o cometimento de abusos (já que a fé resolveria qualquer problema futuro). Ora, na verdade, a fé defendida na Bíblia deveria significar apenas a busca ou criação de uma fortaleza interior que nos permita livrar da depressão, do esmorecimento, enfim, que nos permita lutar de cabeça erguida contra os obstáculos que a vida nos impõe em determinados momentos. Quem negligencia as relações interpessoais desta vida, quem tem poucas expectativas em relação a esta vida, em nome da expectativa de uma vida paradisíaca após a morte, acaba se tornando uma pessoa desinformada em relação aos problemas deste mundo. E, como sabemos, a desinformação é um inimigo letal. Desinformação gera repetição dos erros do passado e prejudica o desenvolvimento humano. É graças à desinformação que pobres têm filhos a perder de vista, gerando: superpopulação, destruição acelerada da Natureza, má distribuição da renda, desemprego, violência. É graças à desinformação que políticos de passado sujo ou radicais ou demagogos ou fisiológicos ou corruptos são eleitos. É graças à desinformação que Deus acaba sendo distorcido ou fantasiado pelas pessoas. É graças à desinformação que se inverte tudo: troca-se a regra pela exceção. Ou seja: convertese a exceção na regra. Tudo se converte em Jesus Cristo. Tudo se resume a Jesus Cristo. É Jesus Cristo para cá e para acolá. Jesus Cristo acaba se tornando pau para toda obra (a grande muleta da humanidade, o substituto para a competência humana ... que deixa a desejar). Pessoas deixam de se apaixonar por pessoas próximas e pela Natureza para se apaixonar por Jesus Cristo (fato mais comum entre os pobres do que entre aqueles de uma classe social mais elevada ou mais escolarizada). Aperfeiçoar a conduta humana (via paixão por esta vida) deixa de ser a meta: a meta é focar a atenção no injustiçado Jesus Cristo. A meta é oferecer-lhe cânticos todos os dias, ao invés de priorizar a atenção às pessoas que nos cercam (meta da 100 psicologia). É graças à desinformação que se ignora o grande recado, simbólico, escrito em código, do cristianismo: a “morte” de Deus, no sentido da DESPOTENCIALIZAÇÃO PARCIAL da energia divina primordial (que se materializou em parte no mundo material ou relativo da atualidade). Apenas isso, e não o fanatismo religioso. Realmente, o mundo precisa de novos paradigmas espirituais, calcados mais na REALIDADE e menos na fantasia (deseducativa). E, só a absorção pela religião de paradigmas da ciência é que trará este meio-termo. Só esta confraternização entre opostos é que poderá acelerar a construção do paraíso prometido por muitas religiões. Só uma visão holística, uma visão do todo poderá revelar o funcionamento real do sistema: Parte explica parte, todo explica “tudo”. Realmente, só Hollywood tem direito a fabricar fantasias para a nossa diversão, para o nosso lazer. É claro, justamente por saber que se trata de ficção é que não levaremos muito a sério os filmes do cinema. Já as religiões não podem continuar a vender fantasias às pessoas. Se o podiam no passado, início do CICLO EVOLUTIVO, já não o podem na atualidade (mais avançada) e no futuro (mais avançado ainda). É justamente por compreender que tudo tem o seu tempo para frutificar que entendemos os erros religiosos do passado e damos as nossas contribuições para a construção do novo, do futuro. 101 EU TAMBÉM MEREÇO SER HIPÓCRITA, IGNORANTE E BURRO Os políticos sabem muito bem que o futuro de um país está na EDUCAÇÃO. Mas, enganam-se eles quando pensam apenas na educação profissionalizante. A educação mais básica de todas é a educação FILOSÓFICA. Ela é a liga que junta os tijolos da vida. Ela é o mais básico, o estrutural, a lógica de tudo, a lógica que deve governar os atos de todas as instituições da sociedade. O que tem acontecido, no entanto, é que a lógica das instituições sociais não tem sido tão lógica assim, uma lógica canhestra, uma lógica que deixa muito a desejar, uma lógica que permite abrigar a hipocrisia, a ignorância e a burrice. O pior dos mundos é o mundo teocrático, onde o Estado é dirigido pela igreja. Aí impera a mão de ferro, a opressão, a falta de liberdade239, o estágio máximo da falta de diversidade geradora de evolução. Mas, não são só os Estados teocráticos que são avessos à evolução. Mesmo onde houve a separação entre o Estado e a igreja, mesmo nos ditos Estados “democráticos” ainda existem muitos empecilhos à evolução. Tanto o Estado quanto a igreja ainda teimam em se pautar pela hipocrisia, pela ignorância e pela burrice. No que tange à igreja, esta tem um problema estrutural insolúvel: O sagrado. O sagrado a torna uma instituição INVIÁVEL para o futuro. O sagrado não permite a relativização, a reciclagem, a evolução (ao eternizar um passado em gestação, inicial, pouco desenvolvido). Somente o abandono do sagrado, a HUMANIZAÇÃO dos paradigmas da igreja é que permitirá tirar-lhe diversas de suas aspas (defeitos). Somente assim é que a igreja deixará de discriminar os homossexuais (seja por terem características femininas de nascença ou simplesmente por uma questão de afinidade ou adesão psicológica legítima), somente assim é que a igreja deixará de combater os métodos contraceptivos artificiais (contribuindo para o desaparecimento da miséria na face da Terra, via melhoria automática da distribuição da renda), etc. Somente assim é que o amor pregado pela igreja não será hipócrita, ignorante e burro (ao contrário, será PLENO, INTEGRAL, COERENTE, LÚCIDO, INTELIGENTE). No que tange ao Estado, este, no caso do países subdesenvolvidos, ainda não jogou todas as suas fichas no CONTROLE DA NATALIDADE. Falta inteligência aos políticos. Eles ainda não descobriram que se os pobres souberem que seus salários e empregos aumentarão quando se tornarem escassos os mesmos pobres terão todo o interesse em ter poucos filhos. Os pobres serão os primeiros a cobrar a disponibilização gratuita de métodos e produtos contraceptivos artificiais por parte do governo. Eles serão os mais interessados no processo de planejamento familiar. Falta motivá-los via bolso. Os pobres ainda acham que miséria não tem nada a ver com o descontrole reprodutivo, mas somente a ver com a roubalheira dos políticos (o que é, em grande parte, um engano – até porque, o planejamento familiar leva ao desenvolvimento e este leva à redução da corrupção). Enfim, ao invés de rezar, esperando que a competência caia do céu, eu dou minhas humildes contribuições à melhoria da competência humana (que muitas vezes é substituída pela espera do milagre divino, o que é um grande equívoco do homem). Mas, enquanto a competência humana ainda é pequena, eu acabo me sentindo muito solitário, meio que remando contra a maré. Tão solitário estou que acabo achando que minha tristeza pode se transformar em depressão. Antes que isso ocorra, no entanto, acho melhor remar a favor da maré, acho melhor me juntar à multidão de desorientados, de seres inerciais (sem personalidade). Assim, peço permissão à ala da hipocrisia, da ignorância e da burrice para que 239 O exemplo maior é o dos religiosos talibãs que comandaram o Afeganistão, antes de serem derrubados pelos EUA, talibãs estes que impunham ao povo as proibições mais absurdas possíveis, principalmente às mulheres. 102 possa integrar as suas fileiras. Afinal de contas, também sou cristão. Afinal de contas, não posso perder essa “boquinha” (não posso deixar de fazer parte do samba do criolo doido)240. 240 Você já reparou como acontecem coisas estranhas em algumas religiões? Por exemplo: o catolicismo tem como mestre Jesus Cristo, aquele que operaria milagres e mais milagres. No entanto, os católicos reverenciam um grande quantidade de santos que também promoveriam milagres, colocando Jesus Cristo, neste momento, para escanteio, substituindo-o, desconsiderando-o, anulando-o completamente. Bem estranho, não é mesmo? Outro exemplo: alguns muçulmanos acham que irão para o paraíso se praticarem atos terroristas contra israelenses. Pensar que matar os outros garantiria o paraíso a quem o praticasse, não é mesmo um disparate, uma loucura? Mais outro exemplo: o cristianismo se apoderou do judaísmo ao incorporar na Bíblia cristã o Antigo Testamento (que é o livro sagrado dos judeus, a Torá) – da mesma forma que o islamismo se apoderou do cristianismo ao considerar Jesus como um profeta do islã. Aliás, se as três religiões têm pontos em comum, por que são cultuados dois deuses diferentes (Jeová e Alá)? Tem mais: os muçulmanos iraquianos se dividem entre sunitas e xiitas, que competem entre si, que matam entre si. Estranhamente, a religião, que deveria uni-los, acaba desunindo-os, sendo fonte de intolerância, ódio, matança. Finalmente, o alcorão islamita diz que os homens podem bater nas mulheres rebeldes porque “gastam de suas posses para sustentá-las”, como se essas mesmas mulheres fossem umas vagabundas e não fizessem nada o dia inteiro (como se não educassem os filhos, como se não cozinhassem , como se não lavassem e passassem roupa, como se não limpassem a casa, etc., suposto motivo para justificar a superioridade masculina, o machismo e a violência). Definitivamente, esses cinco exemplos não são meio estranhos, meio malucos? 103 A PEQUENEZ DO SAGRADO No passado remoto o homem vivia nas cavernas, em condições primitivas e bem precárias (de conforto e conhecimento). Naquela época ninguém imaginaria que o homem do futuro viesse a fazer viagens ao espaço, viesse a transmitir imagens via satélite, criasse tomógrafos computadorizados, se beneficiasse da praticidade da internet, etc. O conhecimento científico evoluiu consideravelmente. Por que isto foi possível? Ora, isto só foi possível porque a ciência não engessa o conhecimento. A todo momento as suas “verdades” são colocadas à prova. Os paradigmas velhos são substituídos por paradigmas novos, mais modernos, mais exatos ou mais perfeitos. Enfim, o sagrado simplesmente mataria a ciência. Se Isaac Newton, por exemplo, fosse considerado intocável Albert Einstein ficaria proibido de criar a teoria da relatividade e o mundo jamais seria beneficiado pelos inventos práticos ou avanços que tal teoria propiciou. Sorte da ciência. O mesmo não acontece no meio religioso. Coisas da idade da pedra lascada ainda são empurradas güela abaixo do povo, como se fossem corretas, como se fossem a mais pura revelação do “espírito santo” de Deus. O Alcorão muçulmano, por exemplo, defende coisas do tipo: 1) “sede bondosos para com (...) os escravos”; 2) “os homens têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e porque gastam de suas posses para sustentá-las. As boas esposas são obedientes e guardam sua virtude na ausência de seu marido conforme Deus estabeleceu. Aquelas de quem temeis a rebelião, exortai-as, bani-as de vossa cama e batei nelas. Se vos obedecerem, não mais a maltrateis”. A Bíblia cristã não fica atrás. Lá vemos páginas e mais páginas descrevendo inutilidades do tipo: 1) “os trinta e um reis que Josué feriu”, 2) “Nabote recusa vender a sua vinha a Acabe”, 3) “Eliseu aumenta o azeite da viúva”, 4) “a lista dos que voltaram da Babilônia para Jerusalém com Zorobabel”. São descrições históricas que não passam nenhum ensinamento proveitoso ou útil para as pessoas. São um lixo inútil para as mesmas pessoas (exceto para a história). Tais pessoas querem saber, sim, de respostas para coisas importantes do tipo: de onde viemos? Para onde iremos? Qual a lógica que governa o mundo e a vida? Como é Deus no estágio primordial, no estágio intermediário e no estágio mais avançado? Quais são as suas propriedades verdadeiras, reais? Além de inutilidades, ainda vemos coisas deseducativas do tipo: 1) “as leis da guerra”: “Porém, das cidades destas nações, que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma cousa que têm fôlego deixarás com vida: Antes destruí-las-ás totalmente (...) como te ordenou o Senhor teu Deus”; 2) “se uma mulher conceber e tiver um varão, será imunda sete dias (...), mas, se tiver uma fêmea, será imunda duas semanas...”; 3) “E, se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela (mulher), e a sua imundícia estiver sobre ele, imundo será por sete dias...”; 4) “o Senhor vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror...”; 5) Quando alguém te incitar a servir a outros deuses “não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás; mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo”. E ainda vemos coisas sensacionalistas do tipo: 1) “a vara de Moisés torna-se uma cobra”; 2) “Moisés fere a rocha e as águas saem”; 3) “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro: Elias subiu ao céu num redemoinho”. Convenhamos, não dá para detectar a presença de qualquer “espírito santo” nestas passagens acima. São o mais puro retrato da MÃO DO HOMEM, na tentativa ou esforço de delinear Deus. São o mais puro retrato do conhecimento ainda em gestação, 104 primitivo. Mais ainda: qual o grande legado positivo do cristianismo? Seguramente é a recomendação corretíssima do “amarás ao próximo como a ti mesmo”. Por outro lado, a atribuição do mal ao “Diabo”, seguramente, não passa de uma grande bobagem, totalmente irreal, fantasiosa. A idéia de que devemos recorrer a Jesus para usufruir de seus propalados milagres só conduz o povo ao fanatismo (como se não existissem a medicina, o Reiki e outras práticas que curassem doenças; como se não devêssemos aceitar a morte numa boa, resultado do atrito ou desgaste gerado pelo MOVIMENTO; como se não pudéssemos romper a barreira da PROJEÇÃO das preocupações da vida sobre a morte – morte esta totalmente inofensiva; como se precisássemos de milagres e orações – e não de competência). A promessa de um paraíso após a morte é outra coisa irreal, primitiva, desprovida de lógica. Assim, como acabamos de apontar, basicamente apenas um ponto é positivo e moderno no cristianismo. O resto é pequenez e atraso. O resto é deseducação sexual, deseducação econômica (“crescei e multiplicai”), deseducação filosófica (atropelo da lógica), distorção do Deus real, enfim. Concluindo: já é chegada a hora de deixarmos de achar que um frankstein é uma branca de neve, já é chegada a hora de deixarmos de encher a bola da igreja ultrapassada e cheia de defeitos. Já é chegada a hora de deixarmos de ser doutrinados, de só a igreja ter o direito de dizer o que devemos fazer, como se não soubéssemos ensinar nada à mesma igreja. Substituamos o monólogo doutrinador, autoritário, pelo diálogo democrático, em que somos ouvidos também, em que influenciamos também. Já é chegada a hora de substituirmos a “palavra de Deus” primitiva (estática, hipócrita, contraditória, incoerente, isolacionista: irrealista) pela palavra de Deus moderna (panteísta, dinâmica, relativista, holística: realista). 105 CONCLUSÃO: O QUE É SER CRISTÃO? Nos tempos atuais seria oportuno, sob o ponto de vista da modernidade e da civilidade, discutirmos o que é DE FATO ser cristão. Seria permitir que as pessoas tenham muitos filhos? (“crescei e multiplicai”, sem vetar o excesso). Não. A superpopulação mundial só contribui para devastar a Natureza, promover o desemprego e os baixos salários. Resultado de tudo isso: Violência, miséria e baixa qualidade de vida. Seria atribuir as mazelas humanas à ação do “Diabo”? Não. O Diabo pejorativo (um espírito mau que sente prazer em prejudicar as pessoas) não existe. Concretamente, o “Diabo” não passa de uma frieza excessiva, mal dosada (uma cumulatividade negativa do passado que em determinados momentos explode nas pessoas). Portanto, seria ingenuidade acharmos que tudo se resume a uma distante batalha entre Deus (que nos protege) e o Diabo (que nos prejudica). Assim, o Diabo (não-pejorativo, real) é gerado no meio social e reflete as disfunções do convívio em sociedade. O resto é alienação, ignorância, coisa da antigüidade (atrasada ou pouco desenvolvida). Seria acreditar que tudo é possível para quem crê? Não. A fé é apenas um ingrediente do êxito. Não é o único (podemos citar outros, como o esforço, por exemplo). O milagre pode ocorrer pouquíssimas vezes para uma mesma pessoa e não ocorre sempre (depende de momento, de se superar os bloqueios advindos da materialização corpórea da existência, de sermos brindados com eventuais combinações ótimas de liberação energética do Universo). Deus não pode cuidar de todos ao mesmo tempo. Primeiro, cuida de um; depois, de outro; depois, de mais outro; e assim sucessivamente (de forma que alguém vai sobrar, ficar de fora da graça, em determinado momento – até porque Deus é apenas uma ENERGIA INTELIGENTE, que freqüentemente é despotencializada em função dos bloqueios do mundo material). É como nós cuidamos dos nossos filhos: um de cada vez. Seria seguir pessoas (fontes) em vez de idéias (conteúdos)? Ora, o importante não é a fonte, mas o conteúdo (venha de onde vier). Assim, quanto mais acesso tivermos a mais idéias, melhor! Muitas pessoas pensam melhor que poucas pessoas ou só uma pessoa (com seus picos de imperfeição). Portanto, devemos considerar o conteúdo (picos de perfeição... selecionados... de uma diversidade) e não a fonte (principalmente se for apenas uma). É essa postura HOLÍSTICA que nos permitirá ter uma conduta mais correta e equilibrada na vida. Seria afirmar que é possível dividir o mar em duas partes? Não. Para sermos felizes não precisamos destes supostos milagres. Basta se controlar a natalidade dos pobres e seguir princípios éticos. É claro, com isso não atingiremos o paraíso perfeito/total/absoluto (ainda conviveremos eventualmente ou provisoriamente com picos de imperfeição, que são necessários ao nosso amadurecimento como seres humanos). Aliás, essa mania de tentar almejar a perfeição absoluta, após a morte, não passa de PROJEÇÃO defensiva. Ou seja: ao invés de nos lembrarmos que os mortos não têm NENHUMA preocupação (pois são inconscientes) ficamos justamente nos lembrando das nossas preocupações de VIVOS (sonhando com a sua eliminação numa vida após a morte). Seria negar o carma e a reencarnação? Sim. O carma é uma mentira, nasce com uma grande mentira. Na verdade, colhemos o que plantamos NESTA vida. Não tem nada a ver com vidas passadas. A reencarnação psíquica ocorre em decorrência da miscigenação em sociedade (o passado é repassado às gerações futuras a partir da cultura: livros, fotos, vídeos, teatro, cinema, música, etc – não tem nada a ver com espírito de outrem que viveu no passado). Já a reencarnação química (inconsciente) ocorrerá após a desmaterialização vindoura e provisória dos planetas (após esgotada a evolução). Mas, o mais 106 grave é que uma mentira ou DISTORÇÃO da realidade pode acabar justamente servindo para justificar injustiças sociais (se eu sou pobre é porque fui mau numa encarnação passada; se eu sou rico é porque fui bom numa encarnação passada: o pobre, para evoluir, tem que dividir com os outros, praticar a caridade; o rico, já sendo evoluído, não precisa dividir, praticar a caridade). Seria pregar que apenas Jesus seria a verdade e a vida? Não. Existem outras verdades importantes encontradas em outras religiões (juntamente com defeitos importantes). Esta postura isolacionista não é uma postura humilde, confraternizadora (e só contribui para gerar a intolerância entre os homens). Seria ser dogmático, prender-se a “verdades” imutáveis (por serem consideradas sagradas)? Não. A falta de flexibilidade, de mudança, de evolução é um defeito grave das religiões. (O que já não ocorre com a ciência, que sempre está colocando suas “verdades” à prova, terminando por reciclar-se, por renovar-se). Nunca devemos nos esquecer que vida é MOVIMENTO (a todo momento nosso sangue se move, nossos membros se movem, nossos olhos se movem, a Terra se move, o vento se move, etc). Mais ainda: nunca devemos nos esquecer de que as religiões são as várias tentativas de o homem compreender ou enxergar a Deus. São esforços humanos e, por conta disso, deveriam reconhecer que apenas refletem o nível de conhecimento, o nível evolutivo de uma época histórica. Cada época é apenas um pedaço da história (e não a história TODA). Por isso mesmo, a igreja deveria movimentar-se, evoluir, deixar espaço para a criação de novos paradigmas, deixar espaço para que o novo período histórico se instale (até que seja sucedido por outro, futuro). Ficar parado (no tempo) é morrer, é estagnar-se, é perder a maratona da vida, é ficar para trás. Seria prometer o tentador “paraíso” após a morte? Não. Mesmo o paraíso narcisístico hegemonicamente energético que ainda virá após a desmaterialização provisória dos planetas tem seus inconvenientes: falta de visibilidade, falta de intensidade e falta de conservação. Portanto, não é propício para o gozo de uma vida material como esta que temos neste presente momento (o paraíso narcisístico hegemonicamente energético apenas servirá de palco para a superexperimentação divina que permitirá recriar materialmente os planetas, iniciando-se um novo ciclo evolutivo). Mais ainda: é justamente a promessa tentadora do paraíso futuro que tem levado os famosos homens-bomba do oriente médio a cometer atrocidades para com o seu semelhante. Seria pregar a máxima “amarás ao próximo como a ti mesmo”? Sim. Pregações equilibradas como esta contribuem para construir um mundo melhor. Infelizmente, outras pregações infelizes (como o “crescei e multiplicai”, sem vetar o excesso) vão no sentido contrário. Seria pregar que não devemos julgar (para não sermos julgados)? Não. Julgar é necessário e importante. Quem não avalia, quem não julga, permite tudo (e acaba sendo engolido). Não devemos, sim, prejulgar (julgar sem embasamento, sem o devido conhecimento dos fatos). Portanto, devemos fugir dos extremos (tudo ou nada), que são instáveis, potencialmente suicidas, potencialmente desastrosos. Devemos, então, optar pelo “caminho do meio”, pelo meio-termo. Concluindo: pelo que vimos, até aqui, ser cristão, em certa medida, é justamente ser anticristão. Ou seja: o cristianismo (apostolicismo) para chegar a ser verdadeiramente cristão ainda terá que cortar a própria carne, ainda terá que evoluir bastante. Ele ainda é recheado de sensacionalismo, demasiado emocionalismo (quando deveria complementar-se com uma certa dose de racionalidade), soberba, isolacionismo e, principalmente, absolutismo. Em suma: esta sua postura absolutista é uma pedra no seu próprio sapato. Só uma postura relativista (menos radical, menos exagerada, que reconheça defeitos, que reconheça limites, que encontre o meio-termo, que reconheça a dependência ou 107 harmonia entre os opostos, que descarte o “tudo ou nada”, que reconheça a hegemônica sociologia real da existência e celebre o gozo desta vida – e não de uma vida futura) poderálhe tirar as aspas que ainda pesam sobre si. 108 ENCERRAMENTO POÉTICO Cá-dê a resposta sobre o Absoluto? Lá-mento, mas tens que esperar. Ciência e religião dizem que ele há de retornar. Por caminhos diversos, espera-se o momento do seu usufruto. Ele nos livrou do nada, do ausente... Desde sempre existiu. Assim, nada se interpõe ao poderio... Da Natureza transformante. Como Absoluto, esbanjava inteligência. Mas, era latente, incoberta. Como Relativo, ganha a consciência... E se torna sublime: se vê, se reconhece, se expressa... se desperta! De (ih! Mortal!) a imortal... A Natureza se reveza, Comunicando-se pela via transcendental, E revelando toda sua beleza. Revelando, através do Tempo, A engenhosidade da polarização, A engenhosidade da compensação. Enfim, a engenhosidade do Movimento. A engenhosidade do Movimento, Com toda sua rica simbologia, Constitui, no nosso dia-a-dia, O instrumento do nosso benfazejo descanso. Mas, a existência precisa de revezamento. Não só de descanso. Mas de recomeço. Precisa de suor, de sofrimento... Da revelação evolutiva, que tem um preço. Precisa, temporariamente, de dor e ardor. Precisa de dependência. Precisa de fé no futuro, de paciência, de persistência... Dos atributos do amor. 109 Para o desfecho, precisa de momento. Mas, não é tudo: precisa de muitos esforços. Pois, algumas vezes, para o nosso lamento, O desfecho se dá por caminhos tortos. Em função da existência de tortas direções... Há a necessidade não somente da obra, Mas também do bom interpretador. Por este caminho o futuro se desdobra... E se torna revelador, Iluminando os nossos destinos, confortando os nossos corações. A fim de iluminar os nossos destinos, De superar as nossas limitações, os nossos lutos, Temos de ser humildes, pequeninos. E, assim, com toda a emoção, Entrar em sintonia com os mistérios do Absoluto... E atingir picos de perfeição. Aqui, o homem evolui, se renova. Prepara o caminho da justiça, da dignidade. Por este caminho, dá uma prova... De que se pode conquistar a felicidade. Mesmo assim, a felicidade não é ininterrupta. Apesar de se superar a força bruta, A força oculta, animal, Não se perde o caráter cíclico da manifestação universal. Assim, de perfeição em imperfeição, O Ser trilha o caminho da existência, Pagando o preço da consciência, Pagando o preço da Incompletude, da relatividade. Mas, em compensação... Perpetuando-se por toda a eternidade. 110 ORAÇÃO: UM LEMBRETE Pai-Mãe Natureza, fonte-conteúdo de tudo e de todos (energia do Universo): Fazei com que minimizemos os efeitos da dissipação energética das informações. Fazei com que não nos esqueçamos de coisas preciosas, valiosas no nosso dia-a-dia. Fazei com que lembremo-nos de afastar os pensamentos negativos (picos de imperfeição). Fazei com que saibamos contornar as nossas dificuldades diárias e ir até o fim do caminho. Fazei com que possamos estar de pé para experimentar os picos de perfeição do futuro. Dai-nos paciência. Dai-nos compreensão. Dai-nos respeito. Dai-nos tolerância. Dai-nos correção. Dai-nos interesse. Dai-nos disposição. Dai-nos motivação. Dai-nos esforço. Dai-nos coragem. Dai-nos ação. Dai-nos inteligência. Dai-nos inspiração. Dai-nos bom senso. Dai-nos sabedoria. Dai-nos equilíbrio. Dai-nos discernimento. Dai-nos senso de justiça. Dai-nos embasamento. Dai-nos bom humor. Dai-nos contentamento. Dai-nos alegria. Dai-nos afetuosidade. Dai-nos humildade. Dai-nos sensibilidade. Dai-nos solidariedade. Dai-nos responsabilidade. Dai-nos perseverança. Fazei com que possamos dignificar a nós e ao nosso próximo. Fazei com que possamos preservar a Natureza. Fazei com que possamos viver em harmonia. Fazei com que nos afastemos dos extremos. Fazei com que não desperdicemos as boas oportunidades que a vida nos traz. Fazei com que não nos esqueçamos das conseqüências dos nossos atos. Fazei com que nos lembremos das necessidades das gerações futuras. Fazei com que tenhamos postura de estadista e visão de longo prazo. Fazei com que possamos aceitar os bloqueios inerentes à materialidade da vida. Fazei com que possamos aceitar as perdas inerentes à espiritualidade (energia) da vida. Fazei com que nos acostumemos ao caráter cíclico ou oscilante da existência (altos e baixos). Fazei com que toleremos os nossos defeitos e os defeitos dos outros: a imperfeição ocasional. 111 Fazei com que optemos por uma vida saudável e construtiva. Fazei com que saibamos construir a felicidade de todos. Fazei com que possamos honrar o vosso nome, o nome de Deus (e ser o vosso orgulho). 112 113 114 115 PROVA MATEMÁTICA DA EXISTÊNCIA DE DEUS 1+1+1+1+1+1=6 1+1+1+1+1=5 1+1+1+1=4 1+1+1=3 1+1=2 0+1=1 Você notou que em todos os números existe a UNIDADE? Pois é, a unidade (pedacinho, energia) é a fonte de tudo. Quer tirar a prova? Então faça o seguinte: Tire uma unidade do nº 6... e ele não mais existirá. Tire uma unidade do n° 5... e ele não mais existirá. Tire uma unidade do nº 4... e ele não mais existirá. Tire uma unidade do nº 3... e ele não mais existirá. Tire uma unidade do nº 2... e ele não mais existirá. Tire uma unidade do nº 1... e ele não mais existirá. CONCLUSÃO: sem a unidade, nenhum número se forma. Da mesma forma, traduzindo para o mundo concreto, temos que: sem os PEDACINHOS DE ENERGIA, o mundo não se forma e, sem o mundo, DEUS simplesmente deixa de existir: sem o pai (energia), não existe o filho (mundo material). Portanto, o pai (Deus) é a energia – que é onipresente, que está presente em tudo. 116 117 MATEMÁTICA: DEUS NÃO PRECISA APARECER 1° = 1¹ = 1 Explicando: Enquanto energia imanente a tudo, não há a necessidade de Deus aparecer (só de ser percebido, através dos sentidos). Quais as implicações da equação 1¹ = 1? Ora, o expoente zero existe sem precisar aparecer. Mas, ressalve-se, no caso da divindade, o zero não representa o conjunto vazio, mas justamente a energia invisível (majoritária no estágio inicial/absoluto e minoritária no estágio derivado/posterior/relativo). 118 119 120 121 122 BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL - ALMEIDA, João Ferreira de (tradução). “Bíblia Sagrada”. Edição revista e atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. Rio de Janeiro. - CHALLITA, Mansour (tradução). “O Alcorão”. Associação Cultural Internacional Gibran (ACIGI). Rio de Janeiro. -GLEISER, Marcelo. “A Dança do Universo: Dos Mitos de Criação ao Big Bang”. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. -HANDA, Francisco. “O Que é Zen”. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, l991. -SOBRINHO, J. Vasconcelos. “Ciência, Religião Sem Dogmas”. São Paulo: Paz e Terra, l972. 123 124