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Cultura Dos Citros

Apostila citros

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CULTURA DOS CITROS ALVES, P.R B. MELO, B.       1 – Introdução   De origem asiática, as plantas cítricas foram introduzidas no Brasil pelas primeiras expedições colonizadoras, provavelmente na Bahia. Entretanto aqui, com melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, as citrinas se expandiram para todo o país. A citricultura brasileira, que detém a liderança mundial, têm se destacado pela promoção do crescimento sócio-econômico, contribuindo com a balança comercial nacional e principalmente, como geradora direta e indireta de empregos na área rural. O estado de Minas Gerais ocupa o quarto lugar no cenário nacional entre os maiores Estados produtores de citros do país e, pelo seu tamanho e variedade agroclimática, possibilita uma citricultura diversificada e, de certo modo, regionalizada, com a produção de ótimas frutas frescas.   2 – Classificação Botânica   Os citros têm origem nas regiões tropicais e subtropicais do Continente Asiático e no Arquipélago Malaio.   Famílias: a) a) Meliáceas b) b) Simaruláceas c) c) Rutáceas Espécies: Citrus sinensis Osbek – laranja doce C. deliciosa Tenore – mexirica do Rio C. limonia Osbek – limão cravo C. reshui Nortex-tan – tangerina Cleópatra C. paradisi – pomelo C. sunki Nortex Jan – tangerina sunki C. reticulada Blanco – tangerina pokan, cravo C. medica – cidra C. reticulada sinensis – tangerina murcot C. fortunella spp. – tangerina murcot C. aurantifolia swingle – lima ácida galego C. máxima – toranja C. latifolia Tanaka – lima ácida tarti C. aurantium – laranja azeda Poncirus trifoliata – limão azedo C. limon Burn – limão siciliano   3 – Descrição Botânica   Caule: tronco cilíndrico, com ramificação normal. Quando novo apresenta coloração verde e a medida que a planta envelhece esta coloração passa para o marrom. Os galhos e os ramos menores suportam a copa. A madeira é dura, compacta e de coloração amarelo-claro.   Raízes São do tipo pivotante atingindo 60cm na vertical e até 2m na horizontal .   Folhas São persistentes, verde-claro quando novas e passam para o verde mais escuro a medida que envelhecem. Variam de simples a compostas, unifoliatas, com limbos inteiros. Sua forma é elíptica, oval ou lanciolada e, de aspecto coreácea.   Flor São inflorescências solitárias ou agrupadas definidas ou não, do tipo cacho ou sub-tipo corimbo. Apresentam pedúnculo curto, liso e articulado. São pequenas, hermafroditas e apresentam coloração branca.   Fruto São hesperidium, podendo ser globulosos ou subglobulosos. Dividem-se em pericarpo e sementes.   4 – Utilização   O fruto é consumido na forma "in natura", porém, 50 a 55% é industrializado para a produção de suco. O caule das plantas podem ser utilizados na forma de lenha. Algumas espécies são utilizadas na produção de ácido cítrico e também na produção de matéria-prima para a indústria farmacêutica.   5 – Valor Nutritivo – composição química   "Composição "Quantidade em % " "Água "86 a 92% " "Açúcar "5 a 8% " "Pectina "1 a 2% " "Lipídeos "0,2 a 0,5% " "Minerais "0,5 a 0,9% " "Nitrogenados "0,7 a 0,8% " "Óleos "0,2 a 0,2% " "Vitaminas, " " "outros " "       6 – Principais produtores mundiais (em %) " " "Países "% " " " " "Brasil "21,86 " " " " "USS "17,21 " " " " "China "8,51 " " " " "Espanha "5,74 " " " " "México "4,77 " " " " "Itália "3,71 " " " " "Egito "3,09 " " " " "Turquia "2,21 " " " " "Marrocos "1,57 " " " " "Argentina "2,46 " " "Produção mundial: 53 milhões de " "toneladas "   7 – Principais produtores de laranja (milhões/ton.)   Brasil 16,1 USA 10,9 China 4,7 México 2,2 Espanha 2,2   8 – Principais produtores de tangerina (milhões/ton.)   Japão: 2,3 m t Espanha: 1,2 m t Brasil: 0,46 m t   9 – Principais produtores de lima ácida (milhões/ton.) Espanha: 0,73 Itália: 0,69 Brasil: 0,53   10 – Principais produtores de pomelo (milhões/ton.) USA: 2,5 México: 0,38 Israel: 0,36 Brasil: 0,24   11 – Principais importadores USA Japão CEE Rússia     12 – Principais estados produtores do Brasil (laranja) " " "Estado "Área (há) "Produção (t) "Rend. (t/há) " "SP "758.200 "94.800,00 "127,1 " "BA "58.544 "3.798,13 "75,4 " "MG "54.422 "4.382,47 "80,5 " "RJ "43.999 "2.792,55 "63,4 " "PR "11.496 "793.571 "69 " "GO "88.000 "1.058.400 "98 " " "5.997 "523.456 "87,2 " "Obs.: Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba 48% da produção de MG, " "num total de 30.800 há. "     13 – Produção de Mudas   Atualmente, os órgãos controladores da fitossanidade em citros preconizam a produção em ambientes protegidos, porém, ainda ocorrem alguns viveiros a céu aberto porém, já sujeitos ao impedimento para comercialização das mudas produzidas. 1. Borbulheira: depende da finalidade e do tipo da exploração. Geralmente eliminam as expansões indesejáveis. 2. Porta enxertos: principais características: Conservar as características Cavalo e porta enxertos de sementes numa espécie Afinidade e congeneidade. 3. Porta enxertos mais utilizados Limão cravo Tangerina cleópatra Tangerina sunki Limão volkamericano (incompatível com laranja pêra) Poncirus trifoliata   4. Gêneros afins com citros Clymenia Fortunella Euromocitrus Poncirus Trifoliata Microcitrus   5. Outros híbridos afins Orangelo – laranja + pomelo Tangelo – tangerina + pomelo Citrange – trifoliata + laranja Limequats – lima ácida + kunkat Citrumelo – trifoliata + pomelo Citrangequat – citrange + kunkat 6. Obtenção de sementes Corte do fruto maduro Retirada das sementes Despolpamento Secagem à sombra Armazenamento quando necessário 7. Sementeiras 1 kg de sementes = 1.500 sementes   8. Canteiros adubação espaçamento semeadura cobertura do canteiro sombreamento aclimatação e transplantio   9. Viveiros preparo do solo irrigação adubações, mediante análise do solo espaçamento, linha simples: 1 x 0,3 m linha dupla: 1 x 0, 5 x 0,3 m controle de plantas daninhas e tratos fitossanitários.   10. Enxertia A realização da enxertia necessita dos seguintes materiais: porta enxerto, ferramentas e fitas ou fitilhos. Etapas: desbrota, enxertia geralmente realizada em "T" invertido, amarrio de enxerto, pegamento, desamarrio, corte do porta- enxerto, formação da muda, aclimatação e comercialização. 11. Cultivares Para laranja (83%)   11.1 Precoce: Hamlim, Piralima, Baia, Baianinha, sanguinea. 11.2 Semiprecoce: Barão, Westin, Rubi. 11.3 Tardia: Pera, Valência, Natal, Lima Tardia, Folha murcha. Lima ácida e Limão Verdadeiro 11.4 Lima ácida Taiti 11.5 Lima ácida Galego 11.6 Siciliano 11.7 Limão Verdadeiro Para Tangerinas 11.8 Precoce: cravo 11.9 Semi precoce: mexerica Rio 11.10 Tardia: Ponkan, Tangor Murcot 11.11 Outras: Dancy, Satsuma, King, Cristal, África do Sul ou Express. Para Pomelos: Red Bulsh. (vermelho), Marsh seedless (amarelo), Rubi (vermelho). 14 - PLANEJAMENTO DO POMAR 1- Definir o que plantar, levando em conta dois aspectos fundamentais: o econômico e o técnico.   1.1- Econômico: prevenção da evolução da procura no mercado interno e externo e suas respectivas rentabilidades.   1.2- Técnico: escolha das espécies e variedades a serem cultivadas bem como o local, observando sempre as circunstâncias adversas, como as condições climáticas.   2- Drenagem atmosférica: são prejuízos devido às baixas temperaturas em conjunto aos movimentos do ar que são verificados em noites calmas e de céu limpo, o que resulta na substituição das camadas de ar em contato com o solo por outras camadas (geadas).   3- Escolha da região e da área para o plantio: escolher solo arejado com topografia que permita a drenagem atmosférica, que sejam solos profundos e que principalmente apresentem leve declividade. O perfil do solo escolhido atende melhor a cultura se apresentar as seguintes características físicas: 3.1 – Argila: com diâmetro menor que 0,02 mm 3.2 – Limo: com diâmetro entre 0,02 e 0,2 mm 3.3 – Areia fina: com diâmetro ente 0,02 e 0,2 3.4 – Areia grossa: com diâmetro entre 0,2 e 2 mm.   Os elementos grosseiros com diâmetro maior que 2 para manter a disponibilidade de água, sendo esta de qualidade igual a: " "< 05 " "Na " " " " " "Na+Mg+Ca " "           4 – Divisão dos talhões   Os talhões devem ser divididos em gleba de 20 a 25 há, de acordo com a rede de irrigação e o trânsito. A densidade de plantio deve ser estabelecida considerando-se a espécie, a variedade, o porta-enxerto, a textura e a profundidade do solo, as características do clima e os tratos culturais que deverão ser empregados no pomar. A densidade de plantas na área pode ser obtida através da seguinte fórmula:     Nº = 2 . A / C (I + P ) Onde: nº = número de plantas S = área; C = distância entre duas plantas na mesma linha; I = distância entre as linhas; P = distância entre os talhões.     CLIMA   A exigência de água dos citros situa-se entre 1900-2400mm, com um mínimo ao redor de 1300mm; a falta de chuvas ou a distribuição inadequada podem limitar a produção: os rendimentos máximos são, em geral, obtidos em áreas irrigadas. As exigências de temperatura são as seguintes:   Mínima: 10ºC Ótima: 20-30ºC Máxima: 35ºC A Tabela abaixo resume as condições de clima que prevalecem nas principais regiões produtoras brasileiras. Condições gerais de clima nos estados produtores.¹ "Condição " "Região " " " "SP, MG, RJ "BA, SE "RS " "Altitude (m) "0-600 (500) "100-1300 "50-100 " "Chuva " " " " "(mm/ano) "1200-1800 "1200-1300 "1200-1600 " " "(1400) " " " "(mm/primavera-verão) "1000 "700 "1000 " "Temperatura(ºC) " " " " " Média "21 "25 "19 " " Média mínima "9 "10 "4 " " Média máxima "36 "38 "30 " "Umidade relativa do ar"77 "80 "77 " "(%) " " " " ¹ Números entre parênteses = médias.       SOLO   Considerações abrangentes sobre solos para citros foram feitas por RODRIGUEZ (1984). STOLF (1987) deu atenção às propriedades físicas, particularmente à possibilidade de compactação. OLIVEIRA (1986) resumiu muito bem as exigências edáficas das plantas cítricas: "(1) o sistema radicular dos citros apresenta grande proporção nos 40- 60 cm superiores, podendo se aprofundar até 5m; (2) são sensíveis à acidez e muito exigentes em magnésio e principalmente cálcio; (3) crescem bem em solos com ampla variação textural, porém são os de textura média (em torno de 20% de argila) os mais adequados; (4) nenhuma característica do solo é mais essencial para os citros do que a boa drenagem; raramente são encontrados bons pomares com plantas crescendo satisfatoriamente em menos de 100 cm de solo bem drenado; (5) são plantas de folhas persistentes ao longo do ano, requerendo, portanto, água continuamente; (6) a fertilidade (natural) do solo, para citros, é menos importante que as características físicas." Os teores de argila ajudam a entender: drenagem e armazenamento de água e possibilidade de compactação e, junto com o teor de matéria orgânica (C %) os valores para soma de bases (S). A saturação em alumínio (m), tanto na superfície como em profundidade, conseqüência do baixo teor de cálcio no complexo de troca, representa uma "compactação química" ao crescimento das raízes, portanto, menor possibilidade de aproveitar água e nutrientes do solo ou do adubo aplicado: compare-se a Terra Roxa Estruturada com o Latossolo Vermelho Amarelo e as Areias Quartzosas. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS As plantas cítricas são verdes durante o ano todo, não apresentando período de repouso e podendo viver vários séculos (SMITH, 1966ª). Apresentam dois ciclos anuais de crescimento: De primavera = crescimento vegetativo e floral; De verão = principalmente vegetativo. O crescimento dos brotos termina com 3-9 folhas expandindo-se quase simultaneamente. As folhas podem persistir durante 1-3 anos, havendo então num mesmo ramo folhas de ciclos diferentes. Uma planta adulta apresenta 50 mil a 100 mil folhas, produzindo na primavera 10 mil flores, das quais somente 1.000 aproximadamente podem chegar à maturação que se completa entre 8 a 15 meses depois do florescimento. Temperaturas maiores que 35ºC durante 1-3 dias podem causar abortamento das flores. De acordo com ERICKSON (1968) são necessários 2,3 m² de folhas para produzir 1 kg de fruta em plantas com 9 anos de idade. No Japão foi estimado que devem existir 25 folhas para nutrir 1 fruto. O índice de área foliar (IAF) mais adequado está ao redor de 7 (7 m² de folhas para cada m² da área da copa projetada. As raízes apresentam baixa capacidade de absorção de nutrientes, o que tem sido atribuído ao pequeno número de pêlos absorventes. Mostram alta necessidade de oxigênio, embora alguns porta-enxertos, como trifoliata, sejam menos exigentes. A distribuição e a quantidade de raízes depende do porta-enxerto, da copa, da idade e das condições do solo. Laranjeiras adultas (10-23 anos de idade) têm cerca de 90% das raízes na profundidade de 60 cm. Entre 75 a 99% das raízes encontram-se na área compreendida num raio de 2 m a partir do tronco (MONTENEGRO, 1960). Embora as plantas possam viver dezenas de anos, mais de 1 século, a vida útil varia entre 20 e 30 anos, aproximadamente.   IRRIGAÇÃO   Estima-se que existam hoje 30 milhas de laranjais irrigados no estado de São Paulo (1998). O primeiro grande projeto de irrigação na citricultura paulista foi instalado no inicio da década de 70, por iniciativa da Fazenda Sete Lagoas, no município de Conchal, em área de 2.200 há de laranjeiras natal, valência, pêra e murcote. Nos últimos seis anos grandes empresas, assim como pequenos e médios citricultores, têm contribuído para o aumento da área irrigada.   Registram-se resultados positivos na irrigação de pomares de laranja em muitas propriedades, mas verificam-se também casos de insucesso. Com freqüência atribui-se o fracasso ao equipamento e não à falta de experiência do operador do equipamento no manejo da água.   Ao analisar tecnicamente os projetos de irrigação de laranja que deram errado, observa-se que, na maioria das vezes, o problema foi o desconhecimento da hora certa de iniciar a irrigação e também da quantidade de irrigação necessária.   Convém saber que altas produtividades em pomares de laranja dependem da emissão de floradas intensas na área. E a indução fisiológica da florada na planta baseia-se na falta de água (déficit hídrico) no solo ou na ocorrência de baixas temperaturas ambientais.   Na região do mar Mediterrâneo (Espanha, Israel, etc.), por exemplo, a indução floral da laranja é comandada pelas baixas temperaturas no inverno. Quando chega a primavera, todas as variedades tendem a florescer simultaneamente e o escalonamento da produção para suprir a demanda anual só pode ser obtido pela utilização conjugada de variedades precoces, médias e tardias. Já na região da Flórida, nos Estados Unidos, a indução floral pode ser comandada tanto pelas temperaturas baixas no inverno, quanto pelo déficit hídrico no solo, dependendo das condições climáticas de cada ano. Isso confere à região maior capacidade de floradas defasadas no tempo.   Nas zonas citrícolas tradicionais do Brasil, localizadas no centro- oeste do estado de São Paulo (Bebedouro, Matão, São José do Rio Preto, etc), o que comanda a emissão floral é somente o déficit hídrico no solo, porque as temperaturas de inverno não são suficientemente baixas. Já na região sudeste do Estado de SP (Itapetininga, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, etc), tanto as baixas temperaturas de inverno e o déficit hídrico no solo, poderão comandar a emissão floral de acordo com as condições climáticas de cada ano agrícola. Assim, quem tenha comprado um equipamento de irrigação e comece a irrigar tão logo pare de chover, corre o risco de reduzir a produtividade de seus pomares, se o déficit hídrico não tiver sido suficiente para induzir a floração, principalmente na região centro- oeste de SP. Em suma, água fora de hora mais atrapalha do que ajuda o produtor a colher mais.   A experiência do manejo da irrigação em pomares de laranja mostra ser impossível oferecer uma recomendação pronta e acabada sobre a conduta a seguir, à maneira de uma receita de bolo, porque as condições climáticas variam de ano para ano. A estratégia de irrigação que funciona em um ano mais seco pode não servir para ano mais úmido. Outros fatores também influenciam: posição do talhão na área, combinação variedade-porta-enxerto, profundidade do sistema radicular e tipo de solo.   A solução técnica para o manejo racional da irrigação em pomares está no monitoramento rigoroso da umidade do solo. A introdução recente no Brasil do tensiômetro digital de punção tem contribuído para assegurar o sucesso da irrigação em citros. O que diferencia a nova tecnologia em tensiômetros é a alta precisão do leitor digital, associado ao baixo custo de instalação em larga escala do equipamento.     Fertirrigação, recurso poderoso.   A irrigação localizada, além de possibilitar a aplicação de adubos por seu intermédio, mostra vantagens inesperadas, como a melhor convivência das plantas com o amarelinho.   O grande interesse pela irrigação localizada se deve especialmente à economia de água, energia elétrica e mão-de-obra, além do substancial aumento de produtividade e qualidade das frutas por ela proporcionado. Verificou-se também que pomares irrigados de forma localizada convivem melhor com a clorose variegada dos citros (CVC).   Suas principais vantagens podem ser assim relacionadas: - Economia de fatores de produção, como água e energia elétrica, por haver o umidecimento de apenas parte do volume do solo (quando comparado aos sistemas de irrigação não localizada). - Por ser a água levada diretamente à zona das raízes, perdas por percolação ou evaporação são mínimas. - Desestímulo ao crescimento de plantas invasoras por supressão da irrigação nas entrelinhas da cultura. - Garantia de precisão no fornecimento de água e distribuição uniforme, graças à evolução dos equipamentos, como emissores autocompensáveis, válvulas hidráulicas e filtros. - Alta eficiência no fornecimento de água, alcançando facilmente 90% no gotejamento e 85% na microaspersão (contra 60 a 70% da aspersão convencional).   Essas características criam as condições necessárias para a aplicação de fertilizantes via água de irrigação – fertirrigação -, que constitui a maior vantagem do sistema e a mais poderosa ferramenta para a condução da cultura.   Fertilizantes utilizados na fertirrigação "Nitrogenados " "Sólidos "Líquidos " "Nitrato de amônio "Uran " "Nitrato de cálcio "Sulfuran " "Nitrato de potássio " " "Uréia " " "Sulfato de amônio " " "Potássicos " "Sólidos " "Cloreto de potássio (branco " " "em pó) " " "Sulfato de potássio " " "Nitrato de potássio " " "Fosfatados " "Sólidos "Líquidos " "MAP purificado "Ácido " " "fosfórico " " " " " " Calagem e adubação dos citros   Critérios e Recomendação da Calagem e Adubação dos Citros   Dada a relação entre a disponibilidade dos nutrientes no solo, sua concentração no tecido vegetal, o crescimento e a produção de frutos, estudos desenvolvidos no Brasil, desde a década de 60, têm trazido contribuições significativas para o estabelecimento de padrões de interpretação e de manejo do estado nutricional dos citros através das análises químicas de solo e de folhas.   Análise de solo A amostragem de solo para os citros é feita em glebas ou talhões homogêneos quanto a cor e textura do solo, posição no relevo e manejo do pomar, idade das árvores, combinações de copa e porta-enxerto e produtividade. As amostras de solo devem ser coletadas na faixa de adubação, nas profundidades de 0-20cm, com o intuito de recomendar a adubação e calagem, e 20-40cm, com o objetivo de diagnosticar barreiras químicas ao desenvolvimento das raízes, ou seja, deficiências de Ca com ou sem excesso de Al+3. Recomenda-se a coleta de pelo menos 20 subamostras que comporão a amostra representativa do talhão a ser encaminhada para o laboratório. As amostras, com cerca de 250cm3, devem ser secas ao ara e acondicionadas em sacos ou caixas de papel. A época mais apropriada para coleta é de fevereiro a abril, garantindo-se um intervalo mínimo de 60 dias após a última adubação. Para garantir maior eficiência e representatividade da amostragem, a coleta das subamostras deve ser feita com trados do tipo holandês, sonda ou similares. Os padrões de fertilidade do solo com base na amostragem da camada de 0-20cm foram obtidos com curvas de calibração das análises de macro (Quadro 1) e micronutrientes (Quadro 2) no solo, específicas para citros.   QUADRO 1 – Padrões de fertilidade para a interpretação de resultados de análise de solo para citros(1) "Classes de "P-resina "K "Mg "Saturação " "teores "(mg/dm3) "(1)(mmol/dm3)"(1)(mmol/dm3)"por bases " " " " " "(%) " " " " " " " "Muito baixo "<6 "<0,8 "- "<26 " " " " " " " "Baixo "6-12 "0,8-1,5 "<4 "26-50 " " " " " " " "Médio "13-30 "1,6-3,0 "4-8 "51-70 " " " " " " " "Alto "<30 "<3,0 "<8 "<70 " 1) (1) Esta é a nova representação, pelo Sistema Internacional de Unidades (SI). Os resultados expressos em mmol/dm3 (milimos de carga por decímetro cúbico) são dez vezes maiores do que os expressos em meq/100cm3, usados anteriormente.               QUADRO 2 – Interpretação de resultados de análise de solo para S e micronutrientes "Classes de"S-SO4 "B "Cu "Mn "Zn " "teores "(mg/dm3) "(mg/dm3) "(mg/dm3) "(mg/dm3) "(mg/dm3) " " " " " " " " "Baixo "<5 "<0,20 "<0,3 "<1,5 "<0,7 " " " " " " " " "Médio "5-10 "0,20-0,60 "0,3-1,0 "1,5-5,0 "0,7-1,5 " " " " " " " " "Alto ">10 ">0,60 ">1,0 ">5,0 ">1,5 "   Análise foliar   Os teores totais obtidos com a análise foliar não dependem unicamente da disponibilidade do nutriente no solo, pois estão sujeitos à influência de vários outros fatores como taxa de crescimento do tecido vegetal, idade da folha, combinações copa e porta enxerto, e interações com outros nutrientes. Os teores de N, P e K diminuem com a idade da folha, enquanto os de Ca, por exemplo, aumentam nas folhas mais maduras. Também, não se dispõe de informações precisas para interpretar os resultados da análise foliar de forma diferenciada para combinações de copas e porta-enxertos específicas. Pelos motivos citados, as folhas coletadas para análise devem apresentar a mesma idade e provir de plantas cultivadas em condições semelhantes. A amostragem é feita coletando-se a terceira ou quarta folha a partir do fruto, geradas na primavera, com aproximadamente seis meses de idade, normalmente de fevereiro e março, em ramos com frutos de 2cm a 4cm de diâmetro. Recomenda-se amostrar pelo menos 25 árvores em áreas de no máximo dez hectares. Coletam-se quatro folhas não danificadas por árvore, uma em cada quadrante e na altura mediana, no mínimo 30 dias após a última pulverização. As amostras devem ser acondicionadas em sacos de papel ou plásticos e guardadas em geladeira, à temperatura aproximada de 5ºC, até o envio para o laboratório, num período inferior a dois dias após a coleta no campo.   Calagem   A avaliação da acidez do solo para a recomendação de calagem para citros é feita por meio da determinação da acidez tampão (H+AI), da soma de bases (Ca+Mg+K) e da capacidade de troca catiônica (CTC) a pH 7,0 (Sistema IAC de análise de solo). A necessidade de calcário é calculada para elevar a saturação por bases (V) a 70% na camada superficial do solo (0-20cm de profundidade). Este valor corresponde a pH 5,5 determinado em solução de CaCl2. Recomenda- se também o manejo da calagem para elevar e manter os níveis de Mg no solo em pelo menos 4mmol/dm3 ou, idealmente, 8mmol/dm3. A produção máxima de laranjas foi observada para valores de V de 60% e Mg no solo ao redor de 9,0 mmol/dm3. O cálculo da calagem é feito com a seguinte fórmula:           " "   NC = em que:   NC = necessidade de calagem, t/há; CTC = capacidade de troca de cátions, mmol/dm3; V1 = saturação por bases atual do solo, da camada arável de 0-20 cm, %; V2 = saturação por bases desejada para os citros, %; PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário.   Para culturas perenes, como os citros, é importante fazer a correção da acidez antes da implantação do pomar, com a incorporação mais profunda possível do calcário. Além disso, recomenda-se a aplicação de uma quantidade adicional de calcário (250g/m de sulco) no sulco, onde serão colocadas as mudas, junto ao P, para estimular o crescimento do sistema radicular.   Adubação NPK   Trabalhos realizados no Brasil permitiram, pela primeira vez, fazer a calibração da análise de solo para P e K em citros, com base na extração com resina de troca iônica. Os resultados mostraram que a análise de solo é uma excelente ferramenta para o diagnóstico da disponibilidade desses elementos para os citros. Os limites das faixas de interpretação de teores (muito baixo, baixo, médio etc) para o K são semelhantes aos usados para as culturas anuais, mas, para o P, os valores para culturas perenes são um pouco mais baixos. Existe uma correlação bastante estreita entre os níveis de P no solo e a produção relativa de frutos de árvores adultas. A resposta da produção de frutos à adubação com K é também bastante significativa. O incremento da produção é maior para valores muito baixos e baixo de K no solo, definidos de acordo com os padrões de fertilidade do solo. As tabelas de recomendação da adubação N, P e K para os citros são divididas em três fases na cultura: plantio, árvores jovens (até cinco anos de idade) e árvores adultas (em produção). Na implantação do pomar, recomenda-se a aplicação apenas de P nos sulcos, em doses que variam de 20 a 80g de P2O5/m linear de sulco, junto com o calcário. Para a fase de formação, as doses de N, P2O5 e K2O recomendadas levam em conta a idade do pomar e os resultados da análise de solo para P e K para atender às necessidades de crescimento da copa e ao início de produção de frutos (Quadro 3). QUADRO 3 – Recomendações de adubação para citros em formação, por idade e em função da análise do solo(1) "Idade "N "P-resina "K trocável " "(anos)"(g/planta"(mg/dm3) "(mmol/dm³) " " ") " " " " " "0-5 "6-12 " "0-1 "80 "0 "0 "0 " " Ácaro da falsa " " " " " "ferrugem "0,36 "CE 18 "7 "I " " Abameclim² "20,0 "CE 500 "21 "III " " Bromopropilato "320,0 "PM 800 "Livre "IV " " Enxofre³ "30,0 "SC 500 "14 "III " " Oxido de "25,0 "PM 250 "14 "III " "lenbulatina "25,0 "PM 500 "30 "III " " Quinometionato "10,0 "CE 250 "7 "I " " Cihexatim4 "75,0 "CE 500 "15 "I " " Carbossulfam " " " " " " Etiom "1,5 "PM 500 "30 "III " " Ácaro da leprose "40,0 "SC 500 "14 "III " " Hexitiazox5 "25,0 "PM 500 "30 "III " " Oxido de "15,0 "CE 300 "28 "III " "fembulatina "37,5 "CE 500 "21 "III " " Cihexatim4 "30,0 "PM 250 "14 "II " " Fenpropatrim5 " " " " " " Bromopropilato "25,0 "PM 500 "30 "III " " Quinometionato "100,0 "CE 500 "15 "I " " Acaro purpúreo " " " " " " Cihexatim4 "400,0 "PM 800 "Livre "IV " " Etlhion " " " " " " Ácaro branco " " " " " " Enxofre³ " " " " "   ¹I: altamente tóxico; II: medianamente tóxico; III: pouco tóxico; IV: praticamente atóxico. ²Usar sempre associado a óleo mineral (dose:250ml/100l água). Primeiro misturar o produto e o óleo, a seguir colocar a mistura no tanque de pulverização. Após sua diluição, o produto deve ser aplicado no mesmo dia. ³Não aplicar em condições de temperatura superiores a 30ºC. Observar intervalo mínimo de 20 dias para pulverização com óleo mineral. 4Não aplicar em mistura com óleo emulsionável. Não pulverizar na presença de brotação nova sob condições de alta temperatura e seca prolongada. 5Não dever ser reaplicado num período de 12 meses. COCHONILHAS São insetos pequenos que formam colônias e permanecem a maior parte do tempo fixados à superfície do caule, ramos, folhas, frutos e até raízes das plantas cítricas. As cochonilhas recobertas por escamas ou carapaças, devido ao aspecto distinto que cada espécie apresenta, são conhecidas por: cabeça-de-prego, escama-vírgula, escama-farinha, pardinha e picuinha. COCHONILHAS DE CARAPAÇA CABEÇA-DE-PREGO Descrição As fêmeas apresentam carapaça de forma circular, convexa e de cor violácea escura, medindo cerca de 2mm de diâmetro. As colônias são formadas geralmente na página inferior das folhas. Sintomas Esta cochonilha deprecia os frutos para comércio in natura devido à dificuldade de remoção das escamas aderidas à casca. É acentuada a ocorrência em plantas em viveiros, pomares em formação e pomares domésticos. Controle Deve ser feito com pulverizações de óleo mineral mais inseticidas nas reboleiras de ataque. Alguns produtos indicados para controle de cochonilhas. "Nome "Dose "Formulação e "Período de"Classe " "Técnico¹ "(g "concentração "carência "tóxico- " " "i.a./100 I"(g i.a./kg ou"(dias) "lógica² " " "de água) "I) " " " "Óleo mineral "760 – 1600"CE 756 "Livre "IV " "emulsionável³ "60 "CE 400 "3 "I " "Dimetoato "60 "CE 600 "14 "II " "Diazinon "40 "CE 400 "28 "I " "Metidation "24 "CE 300 "30 "II " "Vamidotion " " " " "   ESCAMA-VÍRGULA   Descrição Este coccídeo possui escama semelhante a virgula ou marisco. A escama da fêmea é curva e mede cerca de 3mm de comprimento, enquanto que a do macho é reta e menor. A coloração varia de marrom clara a marrom violácea.   Sintomas Os frutos infestados são depreciados para o mercado interno e imprestáveis para exportação, pois apresentam manchas verdes nas áreas onde as cochonilhas se fixam. As folhas ficam manchadas de amarelo e encarquilhadas. Quando o ataque é severo pode ocorrer a queda de frutos e folhas, bem como a morte de ramos mais novos.   Controle Inseticidas indicados para controle desta praga encontram-se na acima. ESCAMA-FARINHA As fêmeas apresentam a forma de concha alongada de coloração marrom. A escama do macho é como um pequeno casulo branco notando-se no dorso três carenas longitudinais. Os machos formam aglomerações, dando as plantas o aspecto de terem as partes atacadas pulverizadas de branco.   Sintomas São ectoparasitas, infestando folhas, frutos, ramos e tronco. Sugam a seiva debilitando a planta e inoculando toxinas, e prejudicam a qualidade dos frutos. Devido Pa secreção de uma substancia açucarada, propiciam o desenvolvimento de fungos (Capnodium sp.) causadores da fumagina, além de atrair formigas que contribuem para a sua multiplicação. Altas infestações no tronco ocasionam o fendilhamento longitudinal da casca podendo levar à morte quando o ataque for em plantas   Controle Nas folhas e frutos pode ser feita pulverização com óleo emulsionável. No tronco e nos ramos recomenda-se o pincelamento com a seguinte formula: 1,0 kg de enxofre molhável 3,0 kg de cal hidratada 0,5 kg de sal de cozinha 10,0 litros de água   PARDINHA   O macho adulto é alado e a fêmea é revestida por uma carapaça quase circular, achatada e de coloração pardo-amarelada clara, levemente avermelhada na parte central, com 2 a 3mm de diâmetro.   PICUINHA   Atualmente é considerada uma das principais pragas da citricultura paulista, em função dos danos que provoca e pelas dificuldades de controle.   COCHONILHAS DESPROVIDAS DE CARAPAÇAS   Ocorre também, outro grupo de cochonilhas, denominado sem carapaça, no qual destacam-se pela importância as seguintes: cochonilha branca, cochonilha verde e cochonilha-de-placas.     COCHONILHA BRANCA   Descrição A fêmea adulta é recoberta por uma secreção branca, pulverulenta, formando 17 apêndices de cada lado, dos quais os dois últimos são maiores. Tem corpo oval, de coloração pardo-avermelhada e mede de 3 a 5mm de comprimento.   COCHONILHA VERDE   Descrição São coccídeos de forma oval, achatados e de consistência mole. Medem cerca de 5mm de comprimento e tem coloração verde-clara. As espécies diferenciam-se pela presença de pontuações escuras no dorso de C. hesperidium.   PULGÃO   Descrição São insetos sugadores, pequenos, medindo 1,5 a 2mm de comprimento, com formato periforme, de coloração marrom na forma jovem e preta nos adultos. Vivem em colônias compostas por fêmeas ápteras. Quando as colônias tornam-se muito populosas, surgem formas aladas que irão colonizar outros órgãos ou plantas.   Prejuízos Sugam a seiva continuamente, causando o encarquilhamento das folhas e brotos novos, podendo ocasionar redução no desenvolvimento da planta. São vetores do vírus que ocasiona a doença denominada "tristeza dos citros" e, ainda, pelo excesso de líquido açucarado que excretam, ocasionam o desenvolvimento de fungos causadores de fumagina, que escurece as folhas e reduz a capacidade fotossintética das plantas.   BICHO-FURÃO   BICHO-FURÃO   Descrição O inseto adulto é um microlepidoptero acinzentado, com 17mm de envergadura. A postura é efetuada na superfície dos frutos. As larvas, inicialmente marrom-claras, penetram em frutos verdes e maduros, construindo galerias internas e alimentando-se da polpa. Quando completamente desenvolvidas medem cerca de 18mm de comprimento, são branco- acinzentadas, com oito estrias longitudinais de pontuações negras dispostas simetricamente sob o corpo. O ciclo de vida completa-se entre 12 e 20 dias.     Prejuízos Segundo Pinto (1986), muitos frutos caem das plantas contendo a lagarta no seu interior. Essa queda deve-se especialmente a infecções secundárias, originadas por fungos e bactérias que penetram através da perfuração efetuada pela lagarta. Esses microrganismos promovem a decomposição da região do fruto próxima ao orifício de penetração da larva. Os nematóides do gênero Meloidogyne geralmente não completam o ciclo de vida em citros, o que é atribuído à impossibilidade de estabelecerem sítios de alimentação (Orion & Cohn, 1975). M. javanica tem sido a espécie mais freqüentemente encontrada associada a citros (Inserra et al., 1978), sendo que sua reprodução na cultura foi observada apenas na Califórnia. No Brasil, as espécies de Meloidogyne não têm causado danos às plantas cítricas. Porém, M. javanica foi observada em diferentes porta- enxertos cítricos que têm como copa a laranjeira 'Hamlin' (Citrus sinensis Osbeck) e a laranjeira 'Pera'(C. sinensis)( Sharma & Genu, 1982a; 1982b). Em outros países produtores, as infecções também são raras e de limitada importância econômica (Inserra et al., 1978). A espécie Pratylenchus coffeae, constatada no estado de São Paulo, é de ocorrência bastante restrita. Neste capítulo será dada ênfase à espécie T. Semipenetrans, por ser considerada a mais disseminada e importante para a citricultura nacional.   COLHEITA   A operação de colheita deve ser realizada com o uso de equipamentos apropriados e sob condições climáticas adequadas. O ponto ideal do fruto para o início da colheita depende do destino deste, que pode ser para o consumo in natura ou para a indústria de suco. Em ambas as situações são necessários cuidados para se obter produtos de boa qualidade.   PONTO DE COLHEITA   Ao contrário dos frutos climatéricos, como a banana, a maçã e o abacate, os quais podem completar a maturação durante o armazenamento ou transporte, os frutos cítricos devem ser colhidos quando estiverem fisiologicamente desenvolvidos e maduros. A maturação caracteriza-se pelo aumento gradual de suco, decréscimo de teor de acidez, aumento dos sólidos solúveis e desenvolvimento da cor, aroma e sabor. Existem alguns métodos que indicam o estado de maturação dos frutos, a saber: Coloração da casca. Normalmente as plantas sob clima mais ameno apresentam frutas com coloração da casca mais intensa do que aqueles conduzidas sob clima quente. Na colheita, e aconselhável que as laranjas apresentem pelo menos 50% da superfície da casca corada: os limões e limas ácidas devem apresentar cascas lisas e brilhantes e as tangerinas no mínimo 5% da superfície corada, com exceção da tangerina 'Murcote' e 'Dancy' que exigem maior percentagem de coloração. Número de dias desde plena floração até a maturação. Variável em função dos fatores climáticos, do manejo e das cultivares; para as laranjas varia de sete a oito meses nas cultivares precoces e de 11 a 12 meses nas tardias. Quantidade de suco. Determinada a partir de amostras representativas coletadas no pomar (12 a 15 frutos); a extração do suco é feita utilizando- se espremedor manual ou centrífuga elétrica. O percentual de suco é calculado em relação ao peso total das frutas amostradas. É desejável teor de suco superior a 40% para as laranjas, 30% para os limões e limas ácidas e 35% para as tangerinas. Relação acidez/sólidos solúveis. É o melhor método de medir o estado de maturação dos frutos; com o amadurecimento, a um decréscimo gradativo de ácidos e um acréscimo de açúcares. Os açúcares, ou sólidos solúveis, são determinados em refratômetros, e os resultados expressos em graus brix; a acidez é obtida pela titulação da amostra de suco com hidróxido de sódio 0,1 N. A relação acidez/sólidos solúveis (ratio) é obtida dividindo-se a percentagem de sólidos solúveis pela percentagem de acidez total. Essa relação pode variar de 6 a 20, sendo ideal a faixa compreendida entre 11 e 14.   CUIDADOS NA COLHEITA E NO TRANSPORTE   Tanto os frutos para consumo in natura quanto aqueles destinados à indústria de suco, devem ser colhidos com o máximo cuidado. Injúrias na casca, favorecem o desenvolvimento de fungos, reduzem o período de armazenamento, e causam perda do óleo contido nela. Frutos batidos podem sofrer transformações físico-químicas, que acarretam redução no período de armazenamento e na qualidade do suco. Para que a operação de colheita se faça com menores danos aos frutos, recomendam-se as seguintes precauções: - - colher os frutos em sacolas de lona com fundo aberto, preso por ganchos; - - manter os colhedores com as unhas aparadas para evitar injúrias aos frutos; - - manter as caixas de colheita limpas, sem a presença de materiais estranhos como areia ou pedregulhos; - - evitar a coleta de frutos molhados ou orvalhados; - - evitar a coleta de frutos, utilizando-se varas ou ganchos; - - manter os frutos colhidos em local ventilado e sombreado. MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A COLHEITA: Na operação da colheita, dependendo da cultivar e da idade das plantas, são necessários os seguintes equipamentos: - - Sacolas de lona, com fundo falso; - - Caixas de madeira ou plástico, com capacidade para 25 a 40,8kg; - - Tesouras com lâminas curtas, pontas arredondadas, e molas que as conservem aberta, especialmente para a colheita de tangerinas; - - Caixões (bins) com capacidade para 400kg, quando as frutas são destinadas à indústria; - - Escadas leves e resistentes. MANEJO PÓS-COLHEITA   O transporte dos frutos pode ser feita em caixa, à granel em vagões, caminhões ou navios. Na colheita, geralmente são usados 'sacos de colheita' apropriados, dos quais os frutos passam para as caixas que serão transportadas para o armazém de acondicionamento ou descarregados a granel. Os frutos destinados à indústria, normalmente sofrem apenas uma lavagem, cuja finalidade é livrá-los de impurezas prejudiciais à indústria (pedras, galhos, areia, folhas, etc.). Os frutos para consumo in natura sofrem, também, a lavagem, para limpá-los de resíduos aderidos à casca, cochonilhas e fumagina, com água aquecida (45ºC) e agitação constante promovida por palhetas na presença de detergentes especiais. Após a lavagem os frutos recebem o polimento, posteriormente são calibrados, classificados e embalados de acordo com seu destino (mercado interno ou externo), seguindo normas e padrões do Ministério da Agricultura, os frutos devem ser classificados em grupos, classes e tipos.      MERCADO & PERSPECTIVAS   O Brasil, maior exportador mundial de suco de laranja, tem nas cotações da Bolsa de Nova York o principal balizador dos preços domésticos. O consumo interno da fruta não é desprezível, pelo contrário. Mas para cada laranja produzida para consumo in natura, produzem-se três para a indústria. Enquanto não se equilibrar essa proporção, a Bolsa de Nova York continuará apontando se o produtor colherá com lucro ou prejuízo. Desde o final de 1996, o mercado esteve frouxo. As cotações do suco não alcançavam a média histórica. Os citricultores brasileiros amargavam prejuízos ou mal obtinham o suficiente para cobrir os custos de produção. Em fevereiro de 1998, iniciou-se uma virada nas cotações. A safra seria reduzida, anunciava-se, em aproximadamente 20%. Mais tarde, a estimativa foi revista e amais recente avaliação dá conta de uma colheita mais de 30% inferior à de 1997. As razões da redução são várias. Fala-se em uma tendência natural a uma variação da produtividade, com uma safra boa alternando-se com outra ruim. Também se apontam condições climáticas desfavoráveis – temperaturas muito elevadas e déficit hídrico – na época da florada. Tratos culturais pouco rigorosos, sobretudo adubações insuficientes, são arrolados, justificados pelo desânimo dos produtores com os preços baixos. Finalmente atribui-se a quebra a doenças, como a CVC (amarelinho) e o cancro cítrico, e ao ataque de pragas. O mercado foi mais agitado em agosto de 1998, com a divulgação das primeiras estimativas da safra norte-americana. As avaliações indicavam também uma redução da ordem de 10%, causada por condições climáticas desfavoráveis na florada. Em conseqüência disso, houve nova rodada de alta no mercado internacional. As projeções dão conta de um mercado em alta pelo menos até meados de 1999, em função da redução dos estoques internacionais. A quebra da produção brasileira não afetou o mercado internacional de fruta in natura, porquanto nosso país não tem participação significativa nele. Ainda assim, as exportações espanholas aumentaram. Normalmente a Espanha supre 40% do mercado mundial de laranjas frescas. Talvez os bons preços da laranja se mantenham por algum tempo, mas o produtor deve manter-se alerta. A valorização do produto é a passageira e a atividade continua requerendo cada vez mais profissionalismo. O enfoque constante na redução de custos e no aumento da produtividade é exigência básica para permanecer nesse mercado a longo prazo. COMERCIALIZAÇÃO: Pode se dar das seguintes maneiras: Produção própria da indústria; Fruta para indústria; Venda da fruta na planta ou no "pé"; Fruta para galpão de embalagens e varejistas; Por consignação; Consórcio ou pool; Pelo produtor diretamente nos Ceasas; Feiras livres, supermercados, sacolões e ambulantes, etc.   MAIORES PAÍSES PRODUTORES   "Suco Concentrado de Laranja – Balanço Mundial " "Toneladas Métricas – 65º Brix " "Países "1991/92"1992/93"1993/94"1994/95"1995/96"1996/97"1997/98" " " " " " " " "** " "PRODUÇÃO "2.015.1"2.162.4"2.128.3"2.204.9"2.298.2"2.583.9"n.d. " " "78 "47 "70 "37 "72 "98 " " " Estados"661.495"858.678"801.891"894.239"913.070"1.029.0"1.130.0" "Unidos " " " " " "00 "00 " " México "14.000 "25.000 "36.000 "65.000 "45.000 "40.000 "41.000 " " Espanha"33.000 "24.000 "25.000 "48.000 "59.000 "39.000 "43.000 " " Itália "49.248 "38.475 "34.628 "30.780 "36.936 "33.858 "32.319 " Fonte: USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos         REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS   ABECITRUS.Exportações: série histórica. São Paulo, 2001. Disponível em .Acesso em:5 mar. 2001.   IBGE.Agricultura mineira – 1999. Belo Horizonte, 2000. 351p.   SANTOS, V.V. dos. Perspectiva da citricultura na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. In:DIA DE PALESTRAS E DEBATES SOBRE A CITRICULTURA DO TRIANGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA, 1999,Uberaba. Anais... Uberaba: EPAMIG, 1999. p. 7-18   CITRICULTURA: INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 22, n. 209, p. 8-20, mar. /abr. 2001   CARVALHO, S.A. 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