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CULTURA DO ABACAXIZEIRO
1.0 - Introdução
Ainda não foi possível determinar com certeza a origem do abacaxi e
sua domesticação, a qual acredita-se que iniciou-se na própria região de
origem, ou próximo a ela. Estudos indicam ser o local de origem o Brasil
Central e sul, norte da Argentina e Paraguai, ou seja, uma área limitada
por 15o N e 30o S de latitude e 40o L e 60o W de longitude. Estudos em
relação à distribuição do gênero Ananás, indicam que o seu local de origem
é a região da Amazônia, por se encontrar nela o maior número de espécies
consideradas válidas até o momento. Então, a região Norte do Brasil pode
ser considerada um segundo centro de diversificação desse gênero.
A expansão do gênero ananás no mundo, foi seguindo de perto a
abertura de grandes vias marítimas pelos espanhóis e portugueses durante o
século XVI. Os navegadores foram responsáveis por essa difusão, talvez por
acaso, com o carregamento dos frutos para consumo a bordo durante as
viagens e o abandono das coroas nos vários portos de desembarque da África
e da Ásia, e que ali se prestam como primeiro material de multiplicação
natural. Assinala-se, assim, a sua presença em Santa Helena, desde 1505; em
Madagascar, em 1548. Na Ásia, a introdução teve lugar, ao que parece, lá
pela Segunda metade do século XVI. Acredita-se que no final do século XVII,
a planta já era conhecida na maioria das áreas tropicais do globo.
Hoje, o abacaxi é um autêntico fruto-símbolo das regiões tropicais e
subtropicais, cabendo-lhe, com muita justiça, pelo seu sabor e aroma ímpar,
o título de Rei dos frutos.
2.0 - Aspectos socioeconômicos
O continente asiático é, na atualidade, o principal produtor de
abacaxi. Tailândia e China destacam-se como principais países produtores
desse continente, produzindo 1.250.000 e 916.000 toneladas,
respectivamente. Em seguida, vem o continente americano, com destaque para
USA e Brasil, com uma produção média de 635.000 e 569.000 toneladas,
respectivamente. E em terceiro lugar vem o continente africano, com
destaque para a África do Sul e Costa do Marfim.
O abacaxizeiro é, praticamente, cultivado em todos os estados
brasileiros. Na década de 90, a abacaxicultura brasileira experimentou um
crescimento expressivo, tanto na área plantada como no volume produzido,
expandindo-se, também, em regiões que antes não se caracterizavam como
grandes produtores, como é o caso da região Norte, onde se destacam os
estados do Pará, Paraíba e São Paulo, que correspondem juntos por 60% da
produção brasileira aproximadamente.
Independentemente de sua importância econômica, a cultura do abacaxi
merece destaque pela sua condição de atividade absorvedora de mão-de-obra
no meio rural, contribuindo para a geração de empregos. Na abacaxicultura
irrigada, assentada em bases tecnológicas melhor estabelecidas, tais
perspectivas sociais tornam-se mais evidentes, na medida em que a irrigação
pode viabilizar a sua expansão para áreas não tradicionais, ampliando sobre
maneira as alternativas de ocupação de mão-de-obra, normalmente em regiões
semi-áridas, onde são reduzidas as alternativas de trabalho. Esses aspectos
positivos são sentidos nas indústrias de beneficiamento e transformação de
produtos de abacaxi.
3.0 - Clima
O abacaxizeiro é uma planta de clima tropical, apresentando ótimo
crescimento e melhor qualidade do fruto na faixa de temperatura de 22o C a
14o C. Temperaturas acima de 32o C reduzem o crescimento da planta e,
quando coincidem com elevada insolação, podem causar queimas em frutos na
fase de maturação final. Temperaturas abaixo de 20o C também afetam o
crescimento da planta e, quando combinadas com período de dias mais curtos
e/ou insolação mais baixa e nebulosidade mais alta, são propícias à
ocorrência de florações naturais precoces das plantas, o que pode levar à
perda de frutos e dificultar o manejo da cultura. A planta é seriamente
prejudicada por geadas, mas suporta períodos com temperaturas reduzidas,
porém, superiores a 0o C.
A planta é exigente em luz, desenvolvendo-se melhor em locais com alta
incidência de radiação solar. A insolação anual ótima é de 2.500 a 3.000
horas, ou seja, 6,8 a 8,2 horas de brilho solar por dia (tempo de
incidência direta da luz solar, isto é, sem encobrimento do sol por
nuvens). Não tolera sombreamento, o que deve ser considerado na escolha de
locais para o seu cultivo e no plantio consorciado com outras culturas.
Frutos de boa qualidade e bons rendimentos são obtidos quando a
cultura é bem suprida com água. Chuvas de 1200 mm a 1.500 mm anuais, bem
distribuídas, são adequadas para a cultura. Períodos de umidade relativa
menor que 50%, podem causar fendilhamento e rachaduras em frutos durante a
sua fase de maturação.
4.0 - Solos
Visto possuir um sistema radicular superficial, o abacaxizeiro é muito
sensível ao encharcamento do solo, que pode prejudicar o seu crescimento e
a sua produção. Portanto, boas condições de aeração e de drenagem do solo
são requisitos básicos para o seu cultivo.
Além de comprometerem diretamente o desenvolvimento do abacaxizeiro,
as condições de má drenagem também favorecem o apodrecimento de raízes e a
morte de plantas, causados por fungos do gênero Phytophthora.
Os solos de textura média (15% a 35% de argila e mais de 15% de
areia), sem impedimentos a uma livre drenagem do excesso de água, são os
mais indicados para essa cultura. Os solos de textura arenosa (até 15% de
argila e mais de 70% de areia), que não apresentam problemas de
encharcamento, são também recomendados para a abacaxicultura, requerendo
quase sempre a incorporação de resíduos vegetais e adubos orgânicos que
melhorem as suas capacidades de retenção de água e de fornecimento de
nutrientes. Essa cultura pode também se desenvolver bem em solos argilosos
(mais de 35% de argila), desde que apresentem boa aeração e drenagem.
O abacaxizeiro é considerado uma planta bem adaptada aos solos ácidos,
sendo a faixa de pH de 4,5 a 5,5, mais recomendada para o seu cultivo.
Os aspectos relativos às características edáficas e nutricionais na
escolha da área devem ser considerados, além da localização da cultura
próximo a centros consumidores industriais de processamento,
disponibilidade e custo de mão-de-obra, as vias de acesso e a existência de
fontes de água.
5.0 - Descrição Botânica
O abacaxizeiro (Ananas comosus L., Merril) é uma planta
monocotiledônea, herbácea perene, da família Bromeliaceae, cujas espécies
podem ser divididas, em relação a seus hábitos, em dois grupos distintos:
as epífitas, que crescem sobre outras plantas, e as terrestres, que crescem
no solo. Os abacaxis pertencem ao segundo grupo, mais precisamente aos
gêneros Ananas e Pseudonanas.
Aproximadamente 50 gêneros e 2000 espécies de Bromeliaceae são conhecidos.
O abacaxizeiro compõe-se de um caule (talo) curto e grosso, ao redor
do qual crescem as folhas. O sistema radicular é fasciculado, superficial e
fibroso, encontrado em geral a 30 cm e, raras vezes a mais de 60 cm de
profundidade. A planta adulta das variedades comerciais mede 1,00 m a 1,20
m de altura e 1,00 m a 1,50 m de diâmetro.
As folhas são classificadas, segundo seu formato e sua posição na
planta, em A, B, C, D, E, F, da mais velha e externa para a maior e
interna. A folha D é a mais importante do ponto de vista do manejo da
cultura; sendo a mais jovem dentre as folhas adultas e metabolicamente, a
mais ativa de todas é, por conseguinte, usada na análise do crescimento e
do estudo nutricional da planta. Em geral, a folha D forma um ângulo de 45o
entre o nível do solo e um eixo imaginário que passa pelo centro da planta,
apresenta os bordos da parte inferior perpendiculares à base, e é fácil de
ser destacada da planta.
No caule insere-se, também, o pedúnculo que sustenta a inflorescência
e o fruto daí resultante. É um fruto composto ou múltiplo chamado sincarpo
ou sorose, formado pela coalescência dos frutos individuais, do tipo baga,
numa espiral sobre o eixo central que é a continuidade do pedúnculo. Compõe-
se de 100 a 200 flores individuais arrumadas em espiral em volta de um
eixo.
Os rebentos, ou mudas, desenvolvem-se a partir de gemas axilares
localizadas no caule (rebentões) e no pedúnculo (filhotes).
6.0 - Ciclo da planta
O ciclo do abacaxizeiro é dividido em três fases: a primeira, a fase
vegetativa ou de crescimento vegetativo (folhas), vai do plantio ao dia do
tratamento de indução floral (TIF) ou da iniciação floral natural. Tem
duração variável, mas corresponde ao período de 8 a 12 meses. A Segunda, a
fase reprodutiva ou de formação do fruto, tem duração bastante estável para
cada região, sendo 5 a 6 meses. O primeiro ciclo completo da cultura dura,
portanto de 13 a 18 meses, nas regiões quentes do Brasil.
A terceira fase do ciclo denomina-se de propagativa, de formação de mudas
(filhotes e rebentões), sobrepõe-se, parcialmente, à segunda fase. A fase
propagativa tem duração variável de 4 a 10 meses para mudas do tipo
filhote, cuja formação se inicia no período pré-floração, de 2 a 6 meses
para mudas do tipo rebentão. Essas mudas dão origem ao segundo ciclo da
planta, chamado de soca que também passa por três fases. A primeira é mais
curta (6 a 7 meses) que no primeiro ciclo, determinando um segundo ciclo
com duração total de apenas 11 a 13 meses. Caso seja permitido o
desenvolvimento de rebentão da soca, a planta poderá passar por um terceiro
ciclo ou Segunda soca e, assim sucessivamente, mostrando que o abacaxizeiro
é, sob o aspecto botânico, uma planta perene. No entanto, do ponto de vista
comercial, exploram-se no Brasil, via de regra, apenas um a dois ciclos da
cultura.
7.0 - Variedades
Todas as variedades de abacaxis de interesse da fruticultura pertencem à
espécie Ananas comosus (L) Merril. Mais recentemente, alguns clones de
Ananas lucides, Ananas ananassoides e Ananas bracteatus estão sendo
cultivadas para produção de fibra ou com fins ornamentais.
Na escolha de uma variedade de abacaxis, deve-se considerar a adaptação ao
local de plantio às exigências do mercado, a disponibilidade e a qualidade
da muda.
7.1 - Características Varietais
As principais características desejadas em uma variedade de abacaxi são:
crescimento rápido; folhas curtas, largas e sem espinhos; produção precoce
de rebentões localizados na base da planta próxima ao solo; produção de
filhotes situados a mais de dois centímetros da base do fruto; fruto de
casca de cor amarelo-alaranjada, olhos planos, polpa amarela, firme mas não
fibrosa, teor de açúcar elevado, acidez moderada; coroa média a pequena.
Associadas a essas características procuram-se ainda variedades que
proporcionem altos rendimentos e que sejam, resistentes e ou tolerantes às
principais pragas e doenças que ocorrem nos locais de plantio.
7.2 - Classificação em grupos
As variedades de abacaxis mais conhecidas no mundo foram classificadas
em cinco grupos distintos: Cayenne, Spanish, Queen, Pernambuco e Perolera
(Mordilona), de acordo com um conjunto de características comuns, relativos
ao porte da planta, forma do fruto e características morfológicas das
folhas.
Seria mais conveniente a utilização da terminologia clássica usada em
fruteiras de propagação vegetativa, formada pelo nome da variedade
acompanhando essa o nome ou código do clone, como por exemplo, Cayenne
Champaka, Queen Mc Gregor, Pérola Jupi.
7.3 - Principais variedades
A produção comercial de abacaxi é baseada nas variedades Smooth Cayenne,
Pérola, Queen, Singapore, Spanish, Española Roja e Perolera. Contudo,
estima-se que cerca de 70% da produção mundial de abacaxi provém de Smooth
Cayenne.
7.3.1 - Smooth Cayenne:
Conhecida vulgarmente como abacaxi havaiano, é a variedade mais
plantada no mundo. É considerada, atualmente, a rainha das variedades de
abacaxi, porque possui muitas características favoráveis. É uma planta
robusta, de porte semi-ereto, cujas folhas não apresentam espinhos, a não
ser alguns encontrados na extremidade apical da borda da folha. O fruto é
atraente, ligeiramente cilíndrico, pesa de 1,5 kg a 2,5 kg, apresentando
casca de cor amarelo-alaranjada quando madura, polpa amarela, rico em
açúcar (13o Brix a 19o Brix) e de acidez maior do que as outras variedades.
Essas características a tornam adequada apara a industrialização e a
exportação como fruta fresca. A coroa é relativamente pequena e a planta
produz poucas mudas do tipo filhote. Em condições de clima úmido e quente,
produz fruto frágil para transporte e processamento industrial. É bastante
suscetível à murcha associada à cochonilha e à fusariose.
7.3.2 - Singapore Spanish
É a Segunda variedade em importância para a industrialização, sendo
amplamente cultivada na Malásia, porque é adaptada aos solos tufosos desse
e de outros países do sul da Ásia.
A planta apresenta porte médio, com folhas verde-escuras cujo
comprimento varia de 35 cm a 70 cm. A espinescência é variável, ocorrendo
clones completamente sem espinhos e outros com poucos espinhos nas
extremidades das bordas das folhas. O fruto é pequeno, pesando de 1,0 kg a
1,5 Kg, cilíndrico, com baixo teor de açúcar (10o Brix – 12o Brix) e baixa
acidez. É freqüente a ocorrência de coroa múltipla. Apresenta algumas
resistências a pragas e doenças.
7.3.3 - Queen
Variedade amplamente cultivada na África do Sul e na Austrália. A
planta é pequena, com 60cm a 80 cm de altura, vigorosa, com folhas
prateadas, pequenas e com ocorrência de espinhos densos. Produz grande
número de rebentões, porém, a quantidade de filhotes e variável e são pouco
desenvolvidos. O fruto é pequeno (0,5 Kg a 1,0 Kg) com casca amarela, olhos
pequenos e proeminentes. A polpa é amarela e doce (14o Brix a 16o Brix),
pouco ácida, de longo tempo de vida pós-colheita e excelente sabor. Tem
potencial para ser explorada no Brasil, em razão de apresentar algumas
características semelhantes à variedade Pérola.
7.3.4 - Española Roja
Conhecida também como Red Spanish, suas plantas são de tamanho médio,
vigorosas, com folhas verde-escuras, espinhos pequenos e curtos, podem ser
espinhosas ou parcialmente espinhosas. Fruto de tamanho médio (1,2 Kg a 2,0
Kg) em forma de barril, polpa branca ou amarelo-pálida, sucosa, de sabor
adocicado (sólidos solúveis totais em torno de 12o Brix) e baixa acidez,
com agradável aroma. Produz normalmente poucos filhotes e rebentões.
7.3.5 - Pérola
Cultivada amplamente no Brasil, é também conhecida como Pernambuco ou
Branco de Pernambuco. A planta possui porte médio e crescimento ereto, é
vigoroso, com folhas com cerca de 65 cm de comprimento e espinhos nas
bordas. O pedúnculo do fruto é longo (em torno de 30 cm). Produzem muitos
filhotes (5 a 15) presos ao pedúnculo, próximos da base do fruto, o qual
apresenta forma cônica, casca amarelada (quando maduro), polpa branca,
sucosa, com sólidos solúveis totais de 14o Brix a 16o Brix, pouca acidez,
sendo agradável ao paladar do brasileiro. O fruto pesa de 1,0 Kg a 1,5 Kg,
possui coroa grande e têm sido pouco utilizado para a exportação in natura
e industrialização sob a forma de rodelas. Apresenta tolerância à murcha
associada a cochonilha Dysmicoccus brevipes e é suscetível à fusariose,
doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans.
7.3.6 - Perolera
Variedade plantada comercialmente na Colômbia e na Venezuela, adaptada a
altitudes de até 1.500 m. É resistente a fusariose. A planta apresenta uma
altura (distância do solo à base do fruto) de 51,0 cm, pedúnculo longo com
29,2 cm de comprimento, folha verde-escura e bordo inerme, evidenciando
faixa prateada pouco pronunciada, produção de um a dois rebentões e oito
filhotes. Fruto de forma cilíndrica, com peso médio de 1,8 Kg de casca e
polpa amarelas, com teor de sólidos solúveis totais ao redor de 13o Brix,
acidez titulável em torno de 10,0 meq/100 ml e alto teor de ácido ascórbico-
vitamina C. Pode ocorrer tombamento de frutos, em razão de possuir
pedúnculo longo.
8.0 - Conceitos para instalação de viveiros
1. Proximidade de fonte de água;
2. Solo de textura leve, bem drenado e livre de ervas daninhas;
3. Uso de adubação fosfatada (cerca de 10kg.m-2);
4. Uso de herbicidas pré-emergentes;
5. Cuidados com a posição e profundidade de plantio das seções;
6. Densidade do plantio (variando de 66 a 100 seções/m2) em função do
tamanho das seções.
7. Uso de coberturas acima dos canteiros (50 a 100 cm) para minimizar
os efeitos de insolação;
8. Aplicação de adubações nitrogenadas e potássicas em doses e épocas
necessárias;
9. Manutenção da limpeza através de capinas;
10. Inspeções periódicas semanais;
11. Manutenção do nível ideal de umidade (80 mm/mês).
9.0 - Tipos de mudas e suas características.
Os plantios de abacaxi são feitos com mudas de vários tipos, tais como
coroa (brotação do ápice do fruto), filhote (brotação do pedúnculo, que é a
haste que sustenta o fruto), filhote-rebentão (brotação da região de
inserção do pedúnculo no caule ou talo) e rebentão (brotação do caule).
9.1 - Coroa
Muda pouco disponível, pois permanece nos frutos vendidos nos mercados de
frutas frescas; é menos vigorosa, de ciclo (do plantio à colheita) mais
longo, mais facilmente afetadas por podridões, sobretudo podridão-negra,
mais uniforme em tamanho e peso, gerando plantas de porte e desenvolvimento
mais uniformes.
9.2 - Filhote ou muda-de-cacho
Muda de vigor e ciclo intermediários, menos uniforme que as coroas. É de
fácil colheita e grande disponibilidade no caso da variedade Pérola, a mais
cultivada no Brasil.
9.3 - Rebentão.
Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, menor
uniformidade em tamanho e peso, baixa disponibilidade na variedade Pérola e
mais usada no caso da variedade Smooth Cayenne. É mais suscetível à
ocorrência de florações naturais precoces.
9.4 - Filhote-rebentão
Muda de reduzida expressão, pois é de produção limitada, apresenta
características intermediárias entre filhote e rebentão, podendo ser usada
indistintamente com os dois últimos tipos de mudas apresentadas.
9.5 - Muda de seccionamento do caule
Muda produzida em viveiros, a partir de pedaços do talo (caule) das
plantas, caracterizando-se pela melhor sanidade, sobre tudo em relação 'a
fusariose; pelo vigor e pelas demais características (ciclo, grau de
uniformidade) próximos às mudas do tipo coroa.
9.6 - Muda produzida in vitro
Muda produzida em laboratório por meio de técnicas de cultura de tecidos,
de excelente sanidade, mais cara, uso mais restrito, porém importante para
a multiplicação rápida de novas variedades geradas em programas de
melhoramento genético.
10.0 - Obtenção e Manejo de mudas convencionais
A muda de boa qualidade é a base para o sucesso de qualquer cultura.
As mudas colhidas em plantas sadias devem ser isentas de pragas, doenças e
danos mecânicos, devendo-se descartar rigorosamente aquelas que
apresentarem o menor sinal de goma ou resina.
Os tipos de mudas mais usados no Brasil são os filhotes ou mudas-de-cacho,
que aparecem logo abaixo da base do fruto, e os rebentões, que brotam do
talo da planta.
Após a colheita dos frutos, as mudas do tipo filhote devem permanecer
aderidas à planta-mãe para continuarem o seu crescimento e atingirem o
tamanho adequado (mínimo de 30 cm) para o plantio. Essa etapa é chamada de
cerva, que pode ter a duração de dois a seis meses.
São recomendadas as seguintes práticas culturais: continuação da
irrigação, em áreas irrigadas; pulverização com inseticida-acaricida para o
controle das cochonilhas e dos ácaros que infestam a cultura; adubação
suplementar, via pulverização foliar, com uréia a 3% e cloreto de potássio
a 2%.
A colheita das mudas deve ser feita quando a maioria delas atingir o
tamanho adequado. Corta-se o pedúnculo com todo o cacho, o que facilita o
transporte e aumenta o rendimento do trabalho. Em seguida, os filhotes são
destacados do cacho, fazendo-se, nesta ocasião, uma seleção preliminar.
Eliminam-se todas as mudas doentes, com presença de goma, murchas e muito
pequenas. Algumas vezes, parece na base da muda tipo filhote um fruto em
miniatura, que deve ser arrancado nesta fase, para evitar que se constitua
em foco de podridão da muda após o plantio.
A colheita de rebentões é mais difícil e mais exigente em relação à
mão-de-obra necessária, haja vista estarem fortemente ligados ao talo da
planta mãe, sendo necessário um puxão lateral antes de arranca-los.
A etapa seguinte, chamada de cura, consiste na exposição das mudas ao
sol, com a base virada para cima, sobre as próprias plantas-mãe ou
espalhando-as sobre o solo em local próximo do plantio, durante três a dez
dias. A cura visa cicatrizar a ferida que ocorre quando a muda é destacada
da planta, além de diminuir a população de cochonilhas.
As mudas curadas devem ser selecionadas por tipo (separando os
filhotes dos rebentões) e faixas de tamanho (30 cm a 40 cm; 40 cm a 50 cm;
50 cm a 60 cm), para plantio em talhões separados.
Caso se observe alta infestação das mudas com cochonilhas, é
recomendado o seu tratamento por meio de imersão, durante três a cinco
minutos, numa calda com inseticida-acaricida fosforado.
11.0 - Produção de mudas sadias em viveiros
Esta forma de propagação do abacaxi consiste na produção de mudas
(plântulas) a partir de gemas existentes nas axilas das folhas, inseridas
no talo (caule) das plantas. As gemas brotam e crescem quando o talo é
cortado em pedaços, contendo pelo menos uma gema cada uma, cujas secções de
talo são adequadamente cultivados em viveiros. O seccionamento do talo
permite o exame visual das suas partes internas e, portanto, o descarte de
todo o material afetado pela fusariose e por outras podridões.
Esta técnica pode ser uma atividade altamente rentável, permitindo a
oferta de mudas de qualidade e sanidade excelentes ao longo de todo o ano.
Após o arranquio da planta, o caule é cortado em pedaços
longitudinais ou em discos, descartando-se, rigorosamente, todos os pedaços
com sintomas internos ou externos de fusariose. Depois, de seccionados, os
pedaços são submetidos a tratamento fungicida-inseticida por imersão.
12.0 - Produção de mudas em laboratórios.
Em laboratório, num espaço físico reduzido e sob condições de
temperatura e luminosidade controladas, Pode-se produzir rapidamente
grandes quantidades de mudas de abacaxizeiro, geneticamente uniformes e de
excelente qualidade fitossanitária.
No entanto, apesar dessas vantagens, dois aspectos devem ser
considerados com respeito à produção das mudas: o custo elevado e o
surgimento de variações somaclonais. Efetivamente, o alto custo de produção
ainda não permite que uma grande parte de agricultores tenha acesso às
mudas produzidas em vitro. Quanto às variações somaclonais, ou seja, o
surgimento de características indesejáveis que proporcionam a formação de
plantas anormais do abacaxizeiro, a mais freqüente é a presença de espinhos
nas extremidades das folhas de variedades inermes. Entretanto, outras
variações já foram encontradas, referentes à forma, à coloração e a
arquitetura e à densidade das folhas, à altura das plantas e, ao peso e à
coloração dos frutos.
Empregando-se a metodologia adequada e a depender da variedade, pode-
se obter, num período de 18 meses, a partir de uma planta, aproximadamente,
50.000 mudas, enquanto seriam necessários 7 anos e 6 meses para se
conseguir cerca de 32.000 plantas, partindo-se também de uma planta que
produza em média 8 mudas, mediante a aplicação do método de propagação
vegetativa tradicional.
13.0 - Biotecnologia na produção de mudas
Em síntese a biotecnologia consiste na produção de mudas originadas de
células, protoplastos e de tecidos de plantas em laboratório sobre um meio
nutritivo artificial.
As vantagens da técnica podem ser:
- Mudas de elevado vigor
- Mudas livres de pragas e doenças
- Grande quantidade do material obtido
As desvantagens da técnica:
- Alto custo
- Indisponibilidade aos produtos
1. Micropropagação
É uma técnica muito eficiente em relação à qualidade e quantidade de mudas
produzidas, porém pouco empregada. Consiste em se produzir plantas
diretamente de gemas axilares ou terminais (explantes)
2. Melhoramento genético do abacaxizeiro:
Não obstante a grande variabilidade genética disponível, a cultura do
abacaxizeiro é muito vulnerável em virtude de basear-se em um número muito
restrito de genótipos efetivamente trabalhados.
Embora existam inúmeros programas de melhoramento, pouco se tem
conseguido no sentido de se obter novas variedades (cultivares capazes de
superar as variedades exploradas). Atualmente, à medida que se levam em
conta as características preconizadas: crescimento rápido da planta, alto
vigor, porte semi-ereto, folhas largas e curtas ou com poucos espinhos,
poucos filhotes na base do fruto, rebentão precoce vigoroso, pedúnculo
curto e grosso, resistência as principais pragas, adaptação às condições
locais, fruto com elevado peso, forma cilíndrica, maturação homogênea,
casca de cor amarelo-alaranjada, cavidade floral pouco profunda, coroa
pequena, polpa amarela firme e pouco fibrosa, eixo de diâmetro pequeno,
alto teor de sólidos solúveis, acidez moderada, alto teor de ácido
ascórbico e sabor desagradável.
O melhoramento geralmente é iniciado baseado em diversos
procedimentos:
a) Seleção Clonal:
Visa explorar a variabilidade intravarietal, ou seja, selecionar as
melhores plantas dentro de uma população de uma determinada cultivar e
multiplicá-las ou selecionar fenótipos excepcionais.
b) Hibridação direta:
Técnica que considera a heterozigose dos parentais, caracterizando-se por
trabalhar com grandes populações híbridas das quais são selecionadas
genótipos promissores, que posteriormente são submetidos a avaliações
clonais, com as quais se procura observar principalmente a estabilidade dos
caracteres desejáveis.
c) Utilização de progenitores escolhidos para serem melhorados: é um
procedimento que após serem escolhidos os progenitores, promove-se a
indução floral, a polinização, a germinação das sementes híbridas, o
transplante dos "seedlings" e finalmente três seleções clonais a fim de
se obter os clones elites.
CONSIDERAÇÕES
Devido ao pouco sucesso obtido pelos diversos programas de
melhoramento, a demanda para a diversificação varietal é fator de
sobrevivência da cultura, haja vista que a simples adoção de cultivares
resistentes a fusariose é capaz de aumentar a produtividade de 30 a 40%,
aumentar a rentabilidade e oferecer frutos de melhor qualidade e menos
agredidos por defensivos. Assim torna-se imprescindível as ampliações das
bases genéticas, realizar estudos de genética básica tais como:
citogenética, herdabilidade, homozigose,etc: Estruturar as técnicas de
biologia molecular e celular entre outras técnicas defini cultivares para
consumo in natura das de uso industrial e consequentemente promover a
diversificação varietal.
3. Armazenamento de mudas:
Preferencialmente as mudas não devem ser armazenadas durante muito tempo e,
quando necessário deve-se evitar que elas fiquem amontoadas para não criar
ambiente favorável ao desenvolvimento de colônias de cochonilhas e surtos
de fusariose.
4. Efeito da idade da muda na época de produção:
Muda do tipo coroa, além de apresentar menor reserva nutritiva, é produzida
tardiamente em relação aos outros tipos e por uso determina um ciclo mais
longo à cultura podendo variar do plantio a colheita de 22 a 24 meses. O
tipo filhote um pouco mais precoce varia o ciclo entre 20 a 22 meses e
rebentão de 16 a 18 meses.
5. Preparo da área definitiva e plantio:
Planejamento dos talhões – Os talhões devem ser instalados observando-se os
seguintes detalhes: grau de tecnologia que será adotado:
- Melhor controle fitossanitário;
- Melhor qualidade dos frutos;
- Maior rendimento;
- Melhor aproveitamento da mão-de-obra;
- Utilização da soca.
Entretanto, alguns aspectos negativos também são registrados:
- Frutos pequenos com grandes coroas em lavouras desuniformes;
- Tombamento dos frutos, provocado pelo alongamento dos pedúnculos,
quando a indução é feita em plantas imaturas;
- Redução do número de mudas, causada por altas concentrações e épocas
inadequadas de aplicação;
- Prejuízo nos frutos, devido a aplicação em épocas e climas
desfavoráveis;
- Deformação nos frutos devido a aplicação incorreta.
14.0 - Preparo do solo
Um bom preparo do solo é fundamental para a cultura do abacaxizeiro,
a fim de favorecer o desenvolvimento e o aprofundamento do sistema
radicular da planta, normalmente limitado e superficial.
Faz-se a aração e duas gradagens, realizadas nos dois sentidos do
terreno, procurando atingir uma profundidade de 30 cm, para facilitar o
desenvolvimento das raízes.
No caso de áreas anteriormente plantadas com abacaxi, deve-se de
início proceder à eliminação dos restos culturais, mediante a sua
incorporação ao solo, após a decomposição parcial do material. Mesmo
trabalhosa essa operação tem a vantagem de incorporar ao solo um grande
volume de massa vegetal (60 t/ha a 100 t/ha), restituindo-lhe os nutrientes
e melhorando as características físicas.
14.1. Correção de acidez (calagem)
A calagem deve ser providenciada antes do estabelecimento da cultura,
de modo que a aplicação e a incorporação, possam ser feitas com uma
antecedência de 30 a 90 dias em relação ao plantio.
Deve-se dar preferência aos calcários dolomíticos, considerando a
demanda do abacaxizeiro pelo magnésio.
A calagem em excesso pode elevar o pH do solo a valores acima da faixa mais
adequada para a cultura (4,5 a 5,5), concorrendo para limitar a
disponibilidade e a absorção de alguns micronutrientes, como zinco, cobre,
ferro e manganês, e para favorecer o desenvolvimento de microorganismos
prejudiciais à cultura, como fungos do gênero Phytophthora.
15.0 - Plantio
O plantio das mudas pode ser feito em covas, abertas com enxada ou
enxadeta, ou em sulcos, dando-se preferência aos sulcos. Após a abertura
das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas, para o plantio
propriamente dito. A profundidade do plantio deve corresponder,
aproximadamente, à terça parte do comprimento da muda, tomando-se o cuidado
de evitar que caia terra no seu olho.
No plantio em terrenos de declive acentuado, deve-se usar curvas de
nível e outras práticas de conservação do solo.
Quanto ao posicionamento do plantio, deve-se dar preferência à
exposição leste, evitando-se a exposição oeste que favorece a ocorrência de
queima solar nos frutos.
15.1 - Sistema de plantio e espaçamento.
Os espaçamentos utilizados na cultura do abacaxizeiro variam bastante
de acordo com a cultivar, o destino da produção, o nível de mecanização e
outros fatores.
Os plantios podem ser estabelecidos em sistemas de filas simples ou
duplas. Para alcançar altas produtividades, o ideal é utilizar densidades
de plantio elevadas, com um mínimo de 37.000 plantas hectare.
Além do uso de herbicidas, recomenda-se que o plantio em filas duplas
seja alternado (plantas descasadas), isto é, as plantas de uma fila
colocadas na direção dos espaços vazios da outra fila para um melhor
controle das plantas daninhas.
São recomendados os seguintes espaçamentos: a) filas simples: 0,90 m
x 0,30 m e 0,80 m x 0,30 m, correspondendo a 37.030 e 41.660 plantas/ha,
respectivamente. B) filas duplas: 0,90 m X 0,40 m X 0,40 m ou 0,90 m X 0,40
m x 0,35 m ou 0,90 m X 0,40 m X 0,30 m, isto é, 38.460, 43.950 e 51.280
plantas/ha, respectivamente. Para a cultivar Smooth Cayenne e plantios com
irrigação, recomendam-se densidades mais altas.
Mesmo que o peso em média dos frutos seja menor, a tendência é que a
produção por área seja maior.
15.2 - Época de plantio.
A escolha da melhor época de plantio é crucial para o cultivo de
abacaxi de sequeiro. A época de plantio mais indicado é aquela relativa ao
período de final da estação seca e início da estação chuvosa. Isto
corresponde ao período de janeiro a maio em regiões com chuvas de inverno,
a exemplo dos tabuleiros costeiros do Nordeste e Sudeste do Brasil, e ao
período de outubro a dezembro na região do Cerrado Brasileiro.
Deve-se evitar, porém, os períodos de chuvas intensas, que dificultam
trabalhar o solo e podem propiciar a incidência de doenças.
15.3 - Consorciação.
A consorciação do abacaxi com outras culturas é uma opção viável,
sobretudo, para pequenos agricultores que façam uso muito limitado da
mecanização na propriedade e que tenham interesse em ter uma produção
adicional para a subsistência ou o mercado. No entanto, as culturas
consorciadas devem ser de baixo porte para evitar o sombreamento excessivo
do abacaxi, ter ciclo curto (não superior a 120 dias) e devem ser
cultivadas nas entrelinhas, de preferência em filas alternadas e apenas na
fase inicial do ciclo do abacaxizeiro, restritas aos primeiros três a cinco
meses. Feijão (Phaseolus spp), feijão (Vigna spp) e amendoim são algumas
culturas adequadas ao consórcio com abacaxi.
O plantio do abacaxi nas entrelinhas de pomares de citros, manga,
coco, abacate e de outras fruteiras de porte arbóreo, de ciclo longo ou
perene, é uma boa opção para a exploração mais intensiva da terra
disponível, servindo para custear a instalação da cultura principal. Um
cuidado importante neste tipo de consórcio é a manutenção de uma distância
adequada entre as fruteiras perenes e as linhas adjacentes do abacaxi, a
qual não deve ser inferior a 1,50 m no caso da laranjeira. Além disso, o
manejo do abacaxi tem que seguir as recomendações técnicas para esta
cultura.
16.0 - Controle de plantas daninhas
Planta de crescimento lento e de sistema radicular superficial, o
abacaxizeiro ressente-se bastante da concorrência de plantas daninhas, que
contribuem para atrasar o desenvolvimento da cultura e reduzir a sua
produção. Por isso, recomenda-se manter a cultura sempre limpa,
principalmente nos primeiros cinco a seis meses após o plantio.
As plantas daninhas devem ser controladas por meio de capinas manuais
(enxada), ou de herbicidas. Uma alternativa, ainda pouco empregada, é a
cobertura morta. A palha seca de diversos produtos (milho, feijão, capins,
etc.) ou os restos culturais (folhas) do próprio abacaxi devem ser
uniformemente distribuídos sobre a superfície do solo, sobretudo nas linhas
de plantio. Além de diminuir o aparecimento de plantas daninhas, minimiza a
erosão.
O uso de herbicidas reduz a mão-de-obra e é o método mais eficiente,
principalmente, em grandes plantios e em períodos chuvosos, quando as
plantas daninhas crescem rapidamente. Entretanto, a aplicação deve ser
feita com cuidado para evitar que a cultura sofra com os efeitos tóxicos
dos produtos químicos. Um dos pontos básicos para aplicação da dosagem
correta do herbicida na área de plantio da cultura, é a calibração adequada
do pulverizador.
A aplicação dos herbicidas deve ser de preferência em pré-emergência
das plantas daninhas e no máximo nos quinze primeiros dias após o plantio
da cultura (antes do enraizamento). Caso seja preciso, faz-se aplicação em
pós-emergência da cultura, com a planta daninha em faze inicial do
desenvolvimento. A pulverização deve ser uniforme e ser feita em solos
úmidos. Utiliza-se de 500 a 1000 litros de calda por hectare. Usar bicos em
leque 80.02 a 80.04. A aplicação dos herbicidas deve ser feita a 50 cm do
solo. Quando for necessária a aplicação em pós-emergência, a altura da
aplicação deve ser feita a 50 cm acima do topo das plantas daninhas e ser
em jato dirigido evitando-se atingir a roseta foliar central das plantas. É
importante em pós-emergência, adicionar um espalhamento adesivo, para
melhor distribuição do herbicida. O total de aplicações de herbicidas, não
deve ultrapassar de 3 no primeiro ciclo de cultivo da cultura. Uma
aplicação bem feita em pré-emergência da cultura, pode controlar as plantas
daninhas por um período de até 6 meses, o que facilita as capinas
subseqüentes.
A irrigação deve ser suspensa por um período de dois a três dias,
após a aplicação dos herbicidas. Em áreas infestadas por plantas daninhas
de difícil controle como: tiririca, capim-sapé, grama-seda, etc, recomenda-
se a aplicação de herbicidas à base de glifosate, 3 a 6 litros do produto
comercial/ha, uma a duas semanas antes do preparo do solo.
Mesmo que o produtor opine pelo controle de plantas daninhas com o
uso de produtos químicos (herbicidas), capinas manuais complementares são
necessárias, visando limpar o solo para aplicação de herbicidas, a
cobertura de adubos e a amontoa.
A Tabela 1 contém alguns herbicidas utilizados pelos produtores na
cultura do abacaxizeiro. É importante observar que alguns herbicidas
indicados para a cultura do abacaxizeiro, são tóxicos para algumas culturas
que poderiam ser usadas em consórcio com o mesmo.
"Tabela 1 - Principais herbicidas usados na cultura do "
"abacaxizeiro "
"Nome Químico "Formulação "Dose (kg ou litros do "
" " "produto comercial por "
" " "ha) "
"Diuron "PM 80 % "2,0 – 4,0 "
"Diuron "SC 50 % "3,2 – 6,4 "
"Diuron + Bromacil "PM 80 % "2,0 – 4,0 "
"Ametryn + Simazine "SC 50 % "4,0 – 8,0 "
"Ametryn "SC 50 % "4,0 – 6,0 "
"Simazine "PM 80 % "2,5 – 5,0 "
"Simazine "SC 50 % "40,0 – 8,0 "
- Fonte: Frutas do Brasil 2000
17.0 - Concentração de nutrientes
A deficiência e o excesso de nutrientes refletem-se principalmente
nas folhas, que por isso é a parte da planta mais indicada como amostra
para determinação da concentração dos nutrientes.
17.1 - Funções dos nutrientes: sintomas de deficiência e excessos
a) Nitrogênio:
Principal componente da proteína responsável pelo crescimento
vegetativo, atua no aumento de produção e no aumento de peso do fruto.
Quando em deficiência, o N é transportado das folhas velhas, que se
tornam amareladas, para as folhas em desenvolvimento (crescimento reduzido
da planta). Deficiência severa de nitrogênio, provoca ausência de frutos,
de mudas do tipo filhotes e rebentões ou existência de frutos muitos
pequenos.
Excesso de N atrasa o florescimento e provoca alongamento do
pedúnculo, o que acarreta o tombamento do fruto.
b) Fósforo
Participa das reações de síntese das proteínas. É indispensável na ocasião
da diferenciação floral e no desenvolvimento do fruto. O P melhora a
qualidade dos frutos, aumentando o teor de vitamina C, a firmeza da polpa e
o tamanho.
Deficiência de P acarreta a formação de frutos pequenos, com
coloração avermelhada ou arroxeada. Deficiência severa ocasiona ausência de
frutos brotos e filhotes.
Doses excessivas de P aceleram a frutificação e maturação dos frutos,
quando a aplicação do fertilizante é feita numa época em que as reservas de
carboidratos e proteínas não são suficientes para produzir mais polpa,
resultando em diminuição da produção.
c) Potássio:
Importante ativador de enzimas e responsável pela abertura e fechamento dos
estômatos e transporte de carboidratos. O K aumenta o teor de sólidos
solúveis totais e acidez, melhora a coloração e a firmeza da casca e da
polpa e aumenta o peso médio e diâmetro do fruto.
A escassez de K causa o aparecimento de pontuações pardas. Há ressecamento
a partir do ápice das folhas para a base, aparecendo primeiro nas folhas
velhas. A deficiência é favorecida pela adubação pesada em N, pela
lixiviação e em solos ricos em Ca e Mg.
O excesso de K acarreta a formação de frutos muito ácidos, com miolo
muito desenvolvido, polpa pálida e enrijecida, enquanto que a maturação é
tardia e incompleta, ficando a parte superior sem amadurecer.
d) Cálcio:
Importante na diferenciação da inflorescência e no desenvolvimento dos
frutos. As doses elevadas podem provocar diminuição do K nas folhas,
ocasionando a clorose calcária e plantas menores.
Quando ocorre deficiência, as regiões de crescimento (gemas e pontas
das raízes) são as primeiras a serem afetadas.
e) Magnésio:
Elemento constituinte da clorofila e ativador de enzimas
transferidoras de fosfato.
A deficiência de magnésio causa clorose nas folhas velhas, diminui a
frutificação e favorece a formação de raízes grossas, pouco ativas.
f) Enxofre:
Responsável pelo equilíbrio entre acidez e açúcares dos frutos, dando-
lhes sabor.
A deficiência caracteriza-se por folhagem amarelo-pálida, tons
avermelhados nas folhas, sobretudo em folhas velhas, necrose começando nas
áreas cloróticas; planta de porte normal; fruto muito pequeno; buraco
central do fruto e amadurecimento da ponta para base.
g) Boro:
Essencial na formação da parede celular, na divisão e no aumento do
tamanho das células.
Os sintomas de deficiência do B são folhas mais espessas, duras, sendo as
do centro retorcidas. A deficiência aparece em solos com pH muito elevado,
alto teor de Ca, baixo nível de matéria orgânica.
h) Cobre:
É um constituinte das enzimas de oxidação e redução e, juntamente com
Zn forma um par de catalisadores.
A carência de cobre torna as folhas finas curtas e estreitas, de
coloração verde-clara, bordas onduladas, ponta necrosada. A deficiência de
cobre ocorre pela complexação desse elemento com a matéria orgânica, e em
solos com valores altos de pH.
i) Ferro:
Importante na síntese da clorofila, oxidação de carboidratos e na
redução de sulfatos e nitratos
A deficiência de Fe ocorre em solos com pH elevados, ricos em Mn,
relação Mn/Fe2 alta, compactos e com condições redutoras. O excesso de Fe
pode causar translucidez da polpa.
j) Manganês
Participa do transporte de elétrons na fotossíntese, sendo essencial
para a formação da clorofila. É pouco redistribuído na planta, razão pela
qual os sintomas de carência aparecem inicialmente nas folhas novas.
Os sintomas de deficiência não são bem definidos. As folhas têm
aspecto de mármore, com coloração verde-clara, rodeada de verde mais
escuro.
K) Molibdênio
A deficiência desse elemento não foi assinalada e nem obtida em
condições hidropônicas, mas é provável em solos com pH abaixo de 4, em
associação com toxicidade do alumínio (AL).
L) Zinco
Importante na síntese do triptofano, produto intermediário na
formação do ácido indolacético (AIA), que é uma auxina necessária para o
aumento do volume celular, reguladora da atividade enzimática.
Sua deficiência acarreta diminuição do teor de auxina, com deformação
da planta, que sofre uma torção inicial das folhas jovens do centro. As
folhas apresentam-se cloróticas, secas e com necrose nas pontas.
18.0 - Calagem
O cálcio (Ca) é extraído em grandes quantidades pelo abacaxizeiro. Em
solos muito ácidos (pH 4,0), a aplicação do calcário é favorável.
Devem ser consideradas, na calagem, as necessidades da planta em Ca e
Mg trocáveis. Quando esses teores são baixos é aconselhável colocar
calcário dolomítico.
A faixa adequada de pH para o abacaxizeiro apresenta valores que vão
de 4,5 a 6,0, dependendo do cultivo e das condições. Alguns autores
consideram adequado valores 5,5 a 6,0, enquanto entre 4,5 a 5,5. A elevação
do pH a valores acima destas faixas pode induzir, nas tantas, deficiências
de alguns micronutrientes, entre os quais Fe e Zn.
Excesso de calcário pode provocar também defici6encia de K. É
importante assegurar uma relação K : Mg = Ca no solo que melhor atenda a
nutrição mineral do abacaxizeiro.
Embora cultivado em solos de baixa fertilidade, o abacaxizeiro é
muito exigente em elementos minerais.
19.0 - Adubação
A adubação na cultura do abacaxizeiro é uma prática essencial nos
plantios comerciais, devido ao elevado grau de exigência nutricional das
plantas.
Recomenda-se que se faça sempre análise do solo da área em que se vai
cultivar o abacaxizeiro, para uma melhor orientação do programa de
adubação. O nível tecnológico adotado na exploração da cultura, destino da
produção e rentabilidade devem ser levados em conta para a definição das
quantidades de adubos a serem aplicados na cultura do abacaxizeiro.
A Tabela 2 contém recomendações de adubações para o abacaxizeiro, com
base em resultados analíticos do solo. Deve-se considerar, contudo, que
essa tabela tem caráter bastante generalizado, a qual deve receber ajustes
e adaptações para atender as diferentes regiões produtoras.
"Tabela 2 – Recomendação da adubação para a cultura do abacaxizeiro,"
"com base em resultados analíticos do solo "
" "Em cobertura – Após o plantio "
"Nutrientes "1º ao 2º mês "5º ao 6º mês "8º ao 9º mês "
" " "N (kg/ha) " "
"Nitrogênio "80 "110 "130 "
" "P2O5 (kg/ha) "
"Fósforo no solo " " " "
"(Mehlich) mg " " " "
"P/dm3 " " " "
"Até 5 "80 " " "
"6 a 10 "60 " " "
"11 a 15 "40 " " "
" "K2o (kg/ha) "
"Potássio e solo " " " "
"(Mehlich) mg " " " "
"K/dm3 " " " "
"Até 30 "120 "160 "200 "
"31 a 60 "80 "110 "130 "
"61 a 90 "60 "80 "100 "
19.1 - Adubação orgânica
A planta alimenta-se quase exclusivamente por suas raízes, que
exercem também a função de sustentação. Por isso, quanto maior for a
expansão delas, maior será a possibilidade de absorção dos nutrientes e,
conseqüentemente melhor desenvolvimento da planta.
A adubação orgânica na cultura do abacaxizeiro, de acordo com a
disponibilidade do produto na propriedade deve ser aplicada sempre na cova
ou no sulco de plantio, na base de 1 a 3 Kg por metro linear.
19.2 - Adubação química
Para elaboração de um bom programa de adubação, é recomendável que se
faça sempre análise do solo da área a qual irá ser implantada a cultura. As
amostras de solo devem ser coletadas e enviadas para o laboratório antes da
implantação da cultura.
A indução artificial da floração e o período de chuvas indicam o
parcelamento da adubação e a época de aplicação. As pesquisas indicam a
operação artificial da floração entre o 9o ou o 10o mês pós-plantio. As
adubações em coberturas deverão ser feitas entre o 1o e o 2o, 5o e 6o e 8o
e 9o mês, em períodos com boa distribuição das chuvas.
Deve-se considerar que as influências do nitrogênio e do potássio são
antagônicas em relação à maioria de qualidade do fruto, o que deverá
determinar a necessidade de opção por diferentes relações
potássio/nitrogênio, nas adubações, para atender a situações adversas,
relacionadas, sobretudo com o destino da produção. É conveniente que a
relação K2o/N na adubação situe-se numa faixa mais ampla (entre 1,5 - 2,5),
não só para ajustar a relação SST/acidez da polpa com a preferência dos
consumidores, mas também buscando conferir ao fruto maior resistência ao
transporte de longas distâncias. A mesma relação deve ter a relação K2o/N
quando o destino da produção for a indústria de fatias, visto que polpas
mais consistentes poderão ser cortadas mais facilmente. Entretanto, se a
produção destina-se a mercados menos exigentes, próximos da área produtora,
a relação K2o/N ma adubação pode situar-se em faixas mais estreitas.
19.3 - Análise Foliar
A avaliação do estado nutricional da planta, após o estabelecimento
da cultura, pode ser feita mediante análises foliares. Para fazer esse tipo
de análise, normalmente coleta-se a folha "D", considerada como a que
melhor representa o estado nutricional da planta. Pode-se avaliar, para as
análises, o terço mediano não clorofilado da zona basal (técnica havaiana)
ou a folha inteira (técnica francesa).
Para se fazer amostragem, é recomendado coletar no mínimo 25 folhas
tomadas ao acaso, para cada talhão, sendo no máximo uma folha por planta. O
momento da indução do florescimento (com variação de 25 dias) tem sido
adotado como estádio principal para a coleta das folhas. Dependendo do
objetivo da avaliação a época de coleta pode variar ao longo do ciclo
vegetativo da planta (do plantio à indução floral).
19.4 - Modos de aplicação dos adubos.
As adubações podem ser feitas tanto por meio sólido como por meio
líquido. Por via sólida os fertilizantes podem ser aplicados nas covas ou
nos sulcos de plantio (opção mais utilizada para os adubos orgânicos e
adubos fosfatados), ou em cobertura junto das plantas ou nas axilas das
folhas basais, sendo a melhor opção para os adubos nitrogenados e
potássicos, podendo ser utilizados essa forma para os fertilizantes
fosfatados solúveis em água. Adaptações podem ser desenvolvidas por via
sólida, para aumentar o rendimento da operação e/ou torna-la mais
confortável. Um bom exemplo de adaptações é o funil acoplado a um tubo
plástico rígido de, aproximadamente, 80 cm, desenvolvido no estado da
Paraíba, o qual contribui para reduzir o contato direto das mãos e braços
com os espinhos das folhas. Deve-se sempre evitar que os adubos caiam nas
folhas superiores (mais novas) ou no olho da planta, em razão dos danos que
podem causar. É conveniente, que após as adubações, se faça uma amontoa,
para cobrir os fertilizantes. Essa operação evita a perda de nutrientes e
fixa melhor a planta no solo.
A adubação foliar pela forma líquida é mais utilizada para a
aplicação de nitrogênio, potássio e micronutrientes, podendo ser uma
alternativa para a aplicação de magnésio. Pode-se utilizar pulverizadores
costais ou barras de pulverização, acopladas a tanques tracionados
mecanicamente. Deve-se evitar as horas mais quentes do dia, escorrimento
excessivo e o acúmulo das soluções nas axilas das folhas, para que não
ocorram queimas. É bom evitar que a concentração total de adubos na solução
não ultrapasse a 10%. Em plantios irrigados, pode-se utilizar a
fertirrigação para a aplicação de nutrientes, com exceção do fósforo, que
deve ser aplicado sob a forma sólida.
20.0 - Florescimento e uso de fitorreguladores na cultura do abacaxizeiro
20.1 - Florescimento natural
No abacaxizeiro o mesmo meristema que dá origem às estruturas
vegetativas a um dado momento passa a formar estruturas reprodutivas, as
flores, findo o que retorna ao estado vegetativo (Collins, 1960).
O ciclo da cultura é dividido em três etapas (Cunha, 2000):
1. Fase vegetativa – do plantio à diferenciação floral.
2. Fase produtiva – da diferenciação floral até a colheita do fruto.
3. Fase propagativa – esta fase tem início ainda durante a fase produtiva e
se segue à colheita do fruto, abrangendo o desenvolvimento e colheita das
mudas.
Os principais fatores ambientais envolvidos na diferenciação floral
natural são:
- Encurtamento dos dias.
- Baixa temperatura – noturna que aumenta a atividade de auxina na
planta.
- Baixa insolação.
Para que a planta consiga responder a esses estímulos, é necessário
que esta tenha atingido um porte adequado.
A diferenciação natural do florescimento ocorre, comumente, entre o final
do outono e o começo do inverno, no ano posterior ao do plantio.
Medidas para evitar a floração natural precoce, que incluem fatores
ambientais envolvidos na floração (Cunha, 2000):
- Indução artificial antecipada.
- Inibição do florescimento:
Uso de Monuron, Diuron, Diquat, ANA (ácido alfanaftaleno
acético), Ácido 2-(3-clorofenoxi) propiônico, Paclobutrazol
20.2 - Indução artificial do florescimento
Acredita-se que os indutores atuam por promover o aumento do teor de
etileno (fator indutor) no interior da planta, mais precisamente na região
meristemática, onde a absorção dos produtos é mais rápida por conta de sua
maior atividade celular, o que torna o ápice mais sensível aos efeitos da
auxina natural (principalmente o AIA). A concentração deste ácido na planta
é alta ou baixa, e quando está média, numa concentração ótima favorece ou
provoca a floração.
Daí por que se observa uma maior eficiência dos produtos quando
aplicados diretamente no centro da roseta foliar.
A floração ocorre em resposta à elevação seqüencial de metabólitos na
gema apical, como açúcares, proteínas e ácidos.
Fatores que influenciam na indução do florescimento (Medcalf, 1982
apud Manica, 1999):
- Idade da planta: plantas mais velhas, que já passaram pelo
crescimento vegetativo, respondem melhor à indução. E aquelas em fase de
crescimento ativo não respondem bem.
- Teor dos nutrientes: as plantas com elevado teor de nitrogênio e
baixo teor de carboidratos apresentam menor porcentagem de florescimento e
é recomendado fazer a indução 15 dias antes ou 90 dias depois da adubação
nitrogenada.
- Clima: em condições adversas deve-se aumentar a dose de indutores.
- Tipo de Mudas: mudas maiores e com maior peso apresentam maior
porcentagem de florescimento. As mudas seguem ordem em porcentagem de
florescimento: rebentões> filhotes> coroa.
20.2.1 - Hora da aplicação do produto
A eficiência é maior a noite, em dias nublados ou bem cedo. O
abacaxizeiro tem o metabolismo ácido das crassuláceas, que assimilam gás
carbônico e abre os estômatos à noite. A alta temperatura diurna aumenta a
descarboxilação, aumenta o teor de gás carbônico que é inibidor do etileno
inibindo a floração ou reduz a eficiência do produto.
20.2.2 - Relação entre tamanho da planta e peso do fruto
O peso do fruto, como já descrito acima, está relacionado ao clima e ao
tamanho da planta e o desenvolvimento em geral é mais lento em altas
densidades de plantio. Alguns autores recomendam a medição da folha 'D'
para detecção da fase ideal da planta para aplicação de indutores. Para a
obtenção de frutos de 1,7 Kg, por exemplo, a folha 'D' deve estar com 90g a
95g, ou para frutos de 1,5 Kg, por exemplo, a folha deve ter no mínimo 80
centímetros ou 70 g (Pinon, 1978 apud Cunha, 1999).
20.2.3 - Escolha do produto para a indução do florescimento
Após a indução floral:
- Após quatro dias diferenciação
- Entumescimento do meristema apical
- Produção dos primórdios florais
Surgimento da inflorescência (40-50
dias)
20.2.4 - Principais indutores do florescimento
Carbureto de cálcio, é um redutor de etileno que pode ser utilizado para
indução floral, principalmente da cultivar Pérola. O carbureto de cálcio
não inibe a produção de filhotes e não provoca o problema de coroa grande,
como causado por outros indutores.
CaO + 3 C ( CaC2 + CO
(cal virgem) (coque) (carbureto de
cálcio) (monóxido de carbono)
No interior da roseta foliar:
CaC2 + 2H2O ( C2H2 + Ca (O
H) 2
(carbureto de cálcio) (água)
(acetileno) (hidróxido de cálcio)
A aplicação de carbureto de cálcio pode ser realizada nas formas:
- Pó
- Pedra: de 0.5 a 3 g/planta – sendo mais comum e eficiente de 2 a 3
gramas.
Em períodos chuvosos, usa-se solução aquosa de gás acetileno
30 a 50 mL/planta. Em épocas secas, usa-se Ethephon ou Ácido-2-cloro-etil-
fosfônico, o qual, deve ser utilizado para a indução do cultivar Smooth
Cayenne, pois sua aplicação é mais econômica e este não causa nenhum
problema a esta cultivar, quando aplicado corretamente.
CI – CH2CH2 – PO3H2 + OH- ( CH2 + CI - + H3PO4
(etephon)
(etileno)
Dose geralmente recomendada:
- 1 a 4 L do p.c./1000 L de água/ha (concentração de até 1000 ppm)
- Solução de concentração reduzida para 25 a 100 ppm + hidróxido de
cálcio (35 g/100L da solução) - 30 a 50 mL de solução/planta. Esta
alcaliniza o meio para facilitar a liberação do etileno a partir do
ethephon. Também usa-se ainda adição de uréia 92 a 3%, que vai promover uma
melhor difusão do ethephon, facilitando sua absorção pelo abacaxizeiro. A
uréia promove uma melhor difusão do ethephon (ação sinérgica), facilitando
a sua absorção pelo abacaxizeiro.
21.0 - Pragas
- Cochonilha-do-abacaxi - Dysmicocus brevipes
Adultos e ninfas em colônias localizadas nas raízes e axilas das folhas e
podem ser observadas em toda planta, inclusive frutos, quando as colônias
atingem grandes populações.
Sintomas: descoloração das folhas passando do verde para o vermelho
bronzeado, posteriormente para o rosa-vivo e amarelo, as folhas perdem a
turgescência, surgindo sobre elas manchas necróticas de cor bege;
dobragidez das folhas e debilitação do sistema radicular.
Controle:
- seleção de mudas isentas de colônias, realização da cura, tratamento
das mudas com temperatura controlada (50o C por 30'); destruição dos restos
culturais; controle eficiente de plantas hospedeiras; tratamento de mudas
através de imersão do material em solução inseticida (diazinon, vamidothion
e parathion metílico) ou pulverização das mudas, ainda aderidas a planta-
mãe durante a "ceva".
- Broca-do-fruto-do-abacaxi - Thecla basilides
Sintomas: a lagarta penetra no frutilho rompendo o tecido parenquimatoso,
causando a exsudação de uma resina incolor e pouco viscosa, que em contato
com o ar torna-se marrom e mais consistente (resinose).
Os danos são causados em função de formação de galerias no interior do
fruto, ficando tomados pela resina, transmitindo odor e sabor desagradáveis
ao fruto tornando-o impróprio para o consumo.
Controle: monitoramento da praga a partir do início do florescimento e
pulverizações periódicas após a emergência da inflorescência até o
fechamento das últimas flores com inseticidas, tais como diazinon,
carbaryl, ethion, etc.
- Ácaros - Dolichotetranychus floridanus
Sintomas: também conhecido como ácaro vermelho ou ácaro-alaranjado. É uma
praga secundária que provoca lesões necróticas nas partes aclorofiladas da
base das folhas prejudicando a circulação da seiva.
Controle: destruição dos restos culturais, controle químico com produtos
iguais aos empregados no controle de D. brevipes no tratamento das mudas ou
durante o ciclo vegetativo.
- Broca-do-talo - Castnia icarus
Sintomas: as plantas atacadas pelas lagartas, apresentam folhas
seccionadas na região basal que começam a secar até atingir um
amarelecimento geral (olho morto) e é comum o surgimento de resina
misturada com fezes da lagarta e a emissão de rebentão.
Controle: execução de rouguing para retirar e destruir as plantas
atacadas.
- Broca-do-colo-do-abacaxi - Paradiophorus crenatus
Sintomas: aparecimento de plantas enfraquecidas com folhas secas; plantas
que facilmente podem ser arrancadas do solo.
Controle: execução de rouguing para eliminação e destruição das plantas
atacadas.
22.0 - Doenças
- Podridão negra - Ceratocystes paradoxa L. paradoxa
Sintomas: ocorre lesão de coloração amarelo-intensa que progride em
direção ao ápice do fruto, a partir da base, a polpa se liquefaz e culmina
com exsudação do suco devido a pressão de gases formados internamente
decorrente da fermentação da glicose exalando odor acético.
- Fusariose - Fusarium subglutinaus
É a principal doença do abacaxizeiro, juntamente com a podridão negra,
capaz de limitar o cultivo, a expansão e a produtividade.
Sintomas: a doença pode-se manifestar em qualquer órgão da planta. No
caule as lesões ocorrem na parede basal, sob a forma de "podridão mole";
plantas jovens geralmente morrem quando atacadas. No fruto o principal
sintoma é a exsudação gomosa oriunda da cavidade floral que o deixa
deformado e com aspecto mumificado.
Controle: uso de variedade resistentes.
- Podridão-do-olho - Phytophttora xicotiana var. parasítica
Sintomas: as folhas mais novas que a folha "D" apresentam coloração que
vai de verde-fosca a acinzentada mantendo, entretanto o ar verde normal das
folhas mais velhas, ocorrendo posteriormente o apodrecimento e a morte da
parte apical da planta a qual pode ser facilmente destacada.
Controle: plantio em camalhões com solos bem drenados e pulverizações com
fosetil.
- Nematóides: Meloiologyne spp (galhas)
Pratylenchuss brachyurus (radículas)
Ratyleuchulus reniformes (reniforme)
Sintomas: formação de galhas, escurecimento de raízes devido às lesões
necróticas e formação de emaranhados de radículas.
Controle: bom preparo do solo, rotação de culturas, adubação orgânica,
variedades resistentes (trabalhos incipientes) e uso de nematicidas.
23.0 - Irrigação no abacaxizeiro
O abacaxizeiro necessita de 1000 a 1500 mm/ano de chuvas bem distribuídas,
ressaltando-se que o período crítico está na fase da floração à colheita.
Nas áreas onde a precipitação for inferior a 500 mm, recomenda-se o uso
intensivo da irrigação. O momento de irrigar será determinado através de
observações e em função dos estádios de desenvolvimento das plantas.
24.0 - Sistema de irrigação
24.1 - Irrigação por superfície ou por subsuperfície.
É a menos recomendada para o abacaxizeiro, posto que este sistema exige
interferência no lençol freático afim de elevá-lo próximo ao sistema
radicular, podendo ocorrer encharcamento em solos (terrenos) mal
sistematizados e salinização, causando grandes danos a cultura.
24.2 - Irrigação localizada:
Neste sistema estão embutidos a micro-aspersão, gotejamento, tubo
gotejador, micro-difusão e outros. Este é um sistema talvez mais utilizado,
principalmente onde a água é pouco disponível e a mão-de-obra é limitada ou
cara. Por necessitar de água limpa e filtrada e constante manutenção dos
equipamentos, este sistema tem custo inicial mais elevado em relação a
dispersão, entretanto, tem como vantagem o menor consumo e maior eficiência
no uso da água, menor demanda de mão-de-obra, menor relação c.v./ha
irrigado, melhor controle de água aplicada e menores perdas por exportação,
se adapta bem nas diversas condições e permite a fertirrigação.
24.3 - Irrigação por aspersão
Nesse sistema compreende o pivô-central, autopropelidos e outros. É sistema
de menor custo inicial que se adapta bem a cultura do abacaxi, haja vista,
o aumento de absorção de água pelas plantas através das raízes advertências
superiores.
Tanto no Brasil como em outros países produtores, o sistema de irrigação
por aspersão é o mais utilizado nas áreas dos viveiros para produção rápida
de mudas sadias e nas plantações que visam a produção de frutos destinados
ao consumo natural, à indústria ou exportação.
25.0 - Colheita, acondicionamento e transporte
Na colheita, o operário segura o fruto com uma mão, e o pedúnculo é
cortado 3 a 5 cm abaixo da base do fruto, de maneira que apenas dois a
quatro (filhotes) sejam levados para servirem de embalagem natural do fruto
(processo chamado sangria), sendo que as demais mudas permanecem na planta
para uso como material de plantio. A operação é realizada manualmente sem
nenhum tipo de ferramenta ou utilizando-se facões.
Frutos destinados a mercados próximos, podem ser colhidos sem as
mudas. O mesmo processo é feito no caso para cv. Smooth Cayenne, por falta
de mudas e ter frutos mais fibrosos e mais resistentes.
A colheita inicia-se no 1o ano após 15 a 18 meses do plantio e no 2o
ano próximo dos 12 meses. A forma de apresentação dos frutos a serem
comercializados depende do destino dos mesmos, se para mercado interno,
industrial ou exportação.
Os frutos devem ser colhidos em diversos estágios de maturação, de
acordo com seu destino e a distância do mercado consumidor. Para a
indústria os frutos devem estar totalmente maduros (casca mais amarela que
verde), quando o teor de solos solúveis totais e o conteúdo de suco estão
mais elevados. Destinados ao consumo "in natura", os frutos devem ser
colhidos "de vez", quando os frutilhos achatados adquirirem coloração clara
e a casca apresentar os primeiros sinais de amadurecimento.
Após a colheita, os frutos que serão exportados ou destinados a mercados
internos mais exigentes, devem ir para galpões para posterior seleção
quanto à qualidade e à sanidade, e classificado quanto ao tamanho peso e o
grau de maturação.
Para reduzir o risco de ocorrência de podridões durante o transporte
e a comercialização, a parte do pedúnculo deve ser tratada com fungicida.
Esse tratamento é imprescindível para frutos destinados à exportação. Pois,
a presença de podridão-negra, acarreta a condenação de todo um lote.
Frutos destinados ao mercado interno e, em geral ao Mercosul são
normalmente transportados a granel, mas é fundamental que haja uma boa
circulação de ar entre as camadas de frutos.
O abacaxi destinado à exportação não deve permanecer em temperatura
ambiente, além de 24horas após a colheita. Devem ser acondicionados em
caixas de madeira ou papelão (as caixas apresentam fundo duplo com
perfurações para fixação dos pedúnculos), na posição vertical sobre os
pedúnculos, ou na posição horizontal, alternado-se, frutos e coroa, para
permitir uma maior densidade dos mesmos.
O manuseio nas fazes de colheita e pós-colheita é um dos problemas da
cultura do abacaxizeiro para fins de exportação, devido que, o mercado
frutícola internacional só admitir produtos de qualidade. O fator qualidade
está logicamente, associado à destinação do fruto. Consumo ao natural ou
industrialização, determina as práticas culturais adotadas, tanto no
cultivo como na colheita. Como vendem mais em função de seu tamanho, forma,
cor, sanidade e odor, podem, por conseguinte, compensar maiores
investimentos na sua produção.
26 - Ponto de maturação:
Os frutos devem ser colhidos em estádio de maturação diferentes, de
acordo com o seu destino e a distância do mercado consumidor. Quando
destinado à indústria deve ser colhido maduro, tendo teor de sólidos
solúveis elevados e maior conteúdo de suco. Frutos que serão colocados in-
natura devem ser colhidos com os espaços entre os frutílhos estendendo-se e
adquirindo cor clara, ou seja, ainda "de vez". No caso de mercados locais
ou regionais, frutos com até a metade da superfície amarela são, também,
viáveis.
Para uniformizar a coloração da casca, frutos que se encontram
próximos ao estádio de maturação adequado para a colheita e a
comercialização, podem ser submetidos a tratamento com produtos à base de
Ethefon, utilizando-se 1ml a 2ml do produto comercial a 24% de Ethefon por
litro de água. No caso da cv. Smooth Cayenne, esse tratamento pode ser
feito por pulverização dirigida aos frutos, realizada cerca de quatro a
sete dias antes da colheita. No caso da cv. Pérola é mais indicado efetuar
o tratamento dos frutos por imersão, sem atingir a coroa, logo após a
colheita, uma vez que o Ethefon não deve atingir as mudas tipo filhote,
localizadas muito próximas do fruto. Esse processo não promove o
amadurecimento interno do fruto e, portanto, não deve ser aplicado em
frutos imaturos (verdes) porque, nesse caso, embora a casca adquira
coloração amarela, não estarão no ponto ideal de maturação para consumo,
apresentando acidez elevada e baixo teor de sólidos solúveis. O tratamento
pós-colheita dos frutos com Etefon, em câmaras de armazenamento, provoca a
descoloração das coroas, não sendo recomendado.
27.0 - Uso do abacaxizeiro
Da planta do abacaxizeiro, 25% é representado pelo fruto cujo destino, a
maior parte da produção brasileira, é o mercado interno consumo "in natura"
(60 a 65%), ou restante destinado às indústrias onde são processados para
compota, na forma cristalizada, suco e geléia.
Na industrialização são gerados como sub produtos o álcool, ácidos
cítricos, málico e ascórbico, e a bromelina.
Do caule e das folhas também é extraída a bromelina, além do que, estas
partes da planta podem ser usadas na alimentação animal e para a produção
de fibras utilizadas na confecção de cordas e similares.
28 – Indústrias implantadas na região do Triângulo Mineiro
São três indústrias em Araguari, três em Canápolis-MG, duas em Monte Alegre-
MG e uma em Tupaciguara-MG.
29 - Principais países produtores
A Ásia com 55% da produção mundial continua sendo a principal zona de
produção, com destaque para a Tailândia que com dois milhões de toneladas é
o maior produtor mundial isolado, seguida das Filipinas (1,5 milhões de
toneladas) e Brasil (1 milhão de toneladas), outros grandes produtores são
a China, África do Sul, Costa do Marfim, Cuba e Camarões.
30 - Manejo da soca
A cv. Smooth Cayenne é mais apropriada para exploração da soca do que
a Pérola, pois possui capacidade superior para a formação de frutos com
pesos adequados, além de ser menos susceptível a perdas de frutos por
tombamento.
A soca exige manejos similares àquele recebido pelas plantas do
primeiro ciclo, sobretudo no que se refere a adubação, irrigação e aos
tratos fitossanitários. Em geral, as quantidades de adubos, podem ser
reduzidas à metade das doses fornecidas no primeiro ciclo. Recomenda-se
parcelar a adubação em duas aplicações, realizando a primeira antes da
amontoa, e a segunda cerca de um mês antes do tratamento de indução floral.
A infestação da área por plantas daninhas é normalmente pequena, dada
a grande cobertura vegetal existente. Algumas capinas manuais são
suficientes para o seu efetivo controle. Os demais tratos culturais são
semelhantes ao primeiro ciclo da cultura. Embora a produtividade da soca,
tenda a ser inferior a do primeiro ciclo, a sua rentabilidade pode ser
similar àquela do primeiro ciclo, pois o seu custo de produção é também
inferior.
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