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CULTURA DA GOIABEIRA
1 INTRODUÇÃO
A fruticultura apresenta inúmeras vantagens econômicas e sociais,
como elevação do nível de emprego, fixação do homem no campo, a melhor
distribuição da renda regional, a geração de produtos de alto valor
comercial e importantes receitas e impostos, além de excelentes
expectativas de mercado interno e externo gerando divisas. Entre as novas
alternativas, encontra-se a cultura da goiaba, atividade de alta
rentabilidade e com grande possibilidade de expansão no país.
Originária da América Tropical, a goiabeira adapta-se a diferentes
condições climáticas e de solo, fornecendo frutos que são aproveitados
deste a forma artesanal até a industrial. É cultivada no Brasil e em outros
países sul americanos, bem como nas Antilhas e nas partes mais quentes dos
Estados Unidos, como a Flórida e a Califórnia. O Brasil é um dos maiores
produtores mundiais juntamente com a Índia, Paquistão, México, Egito e
Venezuela.
Irrigando a lavoura e fazendo podas programadas é possível colher
durante todo o ano, permitindo ao produtor a comercialização dos frutos no
período de entressafra. Efetuando-se o devido controle de pragas e doenças,
é possível obter 800 frutos por planta adulta, com produtividade superior a
40 toneladas por hectare.
Na região sudeste, destaca-se os estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro como os maiores produtores; Bahia, Pernambuco e Paraíba, na
região nordeste; Goiás, no centro-oeste e Rio Grande do Sul e Paraná na
região sul (Quadro 1).
Quadro 1: Produção de goiaba no Brasil por região, em toneladas, 1988/97.
"ANOS "FATORES "REGIÕES "
" " "NORTE "NORDESTE "SUDESTE "SUL "C.OESTE "BRASIL "
"1988 "Produção "151 "104211 "97280 "7258 "27 "208927 "
" "Área "12 "2958 "3126 "623 "80 "6799 "
" "Colhida " " " " " " "
"1989 "Produção "180 "109759 "101282 "11779"27 "223027 "
" "Área "12 "3420 "3576 "702 "80 "7790 "
" "Colhida " " " " " " "
"1990 "Produção "0 "114186 "103500 "11889"810 "230385 "
" "Área "0 "3802 "3630 "708 "70 "8210 "
" "Colhida " " " " " " "
"1991 "Produção "0 "127713 "91146 "13689"951 "233499 "
" "Área "0 "3366 "3458 "691 "125 "7640 "
" "Colhida " " " " " " "
"1992 "Produção "0 "122804 "117596 "11875"2486 "254761 "
" "Área "0 "3394 "3640 "771 "136 "7941 "
" "Colhida " " " " " " "
"1993 "Produção "0 "93223 "140682 "12672"3988 "250565 "
" "Área "0 "3836 "4126 "832 "124 "8636 "
" "Colhida " " " " " " "
"1994 "Produção "45 "68678 "143639 "14918"5806 "233086 "
" "Área "10 "2886 "4371 "820 "425 "8512 "
" "Colhida " " " " " " "
"1995 "Produção "132 "76189 "159100 "16918"6227 "258566 "
" "Área "14 "3091 "4713 "883 "471 "9172 "
" "Colhida " " " " " " "
"1996 "Produção "136 "78474 "163872 "17415"6415 "266322 "
" "Área "15 "3184 "4854 "909 "764 "9726 "
" "Colhida " " " " " " "
"1997 "Produção "140 "80843 "168819 "17951"6609 "274362 "
" "Área "17 "3698 "5639 "1056 "564 "10974 "
" "Colhida " " " " " " "
Fonte: LSPA/SIDRA 97/IBGE, AGRIANUAL 96. – Revista Pesagro – Rio –
Maio 2001
2 ASPECTOS BOTÂNICOS
A goiabeira pertence ao gênero Psidium, da família Mitaceae, que é
composta por mais de 70 gêneros e 2.800 espécies, sendo que 110 a 130
espécies são naturais da América Tropical e Subtropical.
A planta é um arbusto de árvore de pequeno porte (Koller, 1979), que
pode atingir de 3 a 6 metros de altura. As folhas são opostas, tem formato
elíptico-ablongo e caem após a maturação.
As flores são brancas, hermafroditas, eclodem em botões isolados ou
em grupos de dois ou três, sempre nas axilas das folhas e nas brotações
surgidas em ramos maduros.
No que diz respeito à polinização, sabe-se que a goiabeira apresenta
fecundação cruzada, que pode variar entre plantas 25,7 a 41,3 %,
considerando-se 35,6 como o índice médio (Soubihe Sobrinho & Gurgel, 1962).
A abelha Apis melífera é o principal polinizador.
Os frutos da goiabeira são bagas que tem tamanho, forma e coloração
de polpa variável em função da cultivar. A frutificação começa no segundo
ou terceiro ano após o plantio no local definitivo ou menos dependendo se a
cultivar foi oriunda de propagação por estaquia. A floração ocorre entre
71 e 84 dias após a poda. Os botões florais são formados entre 47 a 70 dias
após a poda. O pegamento dos frutos ocorre, aproximadamente, 90 dias após a
poda.
3 IMPORTÂNCIA ALIMENTAR E SOCIAL
A goiaba é um alimento de grande valor nutritivo. Possui quantidade
razoável de sais minerais, como cálcio e fósforo. É rica em vitaminas como
A, B1 (Tiamina), e B2 (Riboflavina), B6 (Piridoxina). Em matéria de
vitamina C, tem poucos rivais. Algumas variedades nacionais acusam em média
um teor de ácido ascórbico de 80 miligramas por 100 gramas. A goiaba branca
e a amarela são mais ricas que a vermelha. O limão contém cerca de 40 mg
por 100g, que corresponde à metade da concentração da goiaba branca.
O conteúdo de vitamina C vai descendo de fora para dentro do fruto.
Nessas condições, a casca é mais rica do que a polpa interna.
Graças à descoberta do elevado teor de vitamina C da goiaba, esta
fruta foi, durante a Segunda Guerra Mundial, utilizada como suplemento na
alimentação dos soldados aliados nas regiões frias. Desidratada e reduzida
a pó tinha por finalidade aumentar a resistência orgânica contra as
afecções do aparelho respiratório.
O suco de goiaba, no Brasil, poderá a vir a ser um substituto do suco
de laranja e limão na alimentação não só das crianças, mas na do adulto,
ajudando-os a ter uma alimentação balanceada, indispensável no equilíbrio
da saúde.
3.1 Composição química
Sabendo do valor nutricional da goiaba, faz-se necessário saber a sua
composição química em 100 gramas de fruto (quadro 2,3 e 4).
Quadro 2 – Composição química da
goiaba
"Composição química "Quantidade "
"Calorias "39,60kcal "
"Água "90,11g "
"Carboidratos " 7,98g "
"Proteínas " 0,75g "
"Lipídios " 0,50g "
"Cinzas " 0,66g "
Fonte: As frutas na medicina
natural
Quadro 3 – Composição química (Vitaminas)
" Espécie " " " "
" "Goiaba "Goiaba "Goiaba "
"Composição "vermelha "amarela "branca "
"Química " " " "
"Vitamina A (retinol "24mcg "- "33mcg "
"equivalente) " " " "
"Vitamina B1 (Tiamina) "190,00mcg "- "- "
"Vitamina B2 "154,00mcg "183,00mcg "156,00mcg "
"(Riboflavina) " " " "
"Vitamina C (Ácido "45,60mg "80,20mg "80,10mg "
"Ascórbico) " " " "
"Niacina "1,20mg "0,77mg "- "
Fonte: SAPS
Quadro 4 – Composição Química – Sais Minerais
"Sais Minerais"Quantidade "
"Cálcio "14,00mg "
"Fósforo "30,00mg "
"Ferro "0,50mg "
Fonte: SAPS
4 VARIEDADES
O produtor que optar pelo mercado externo deverá dar preferência às
variedades que produzam frutos com polpa branca e para o mercado interno,
para consumo in natura ou para fins industriais, as variedades que produzam
frutos de polpa avermelhada (Quadro 5).
Quadro 5 Características das principais variedades de goiaba. Macaé-RJ,
1997.
"VARIEDADE "ORIGEM "CARACTÉRISTICAS DOS FRUTOS "VIGOR DAS"
" " " "ÁRVORES "
" " "COLORAÇÃO "TAMANHO "FORMA " "
"Kumagai "Campinas-S"Branca "Grande "Arredondada"Médio "
" "P " " " " "
"Ogawa 1 "Seropédica"Branca "Grande "Oblonga "Vigorosa "
" "-RJ " " " " "
"Ogawa 2 "Seropédica"Vermelha "Grande "Oblonga "Vigorosa "
" "-RJ " " " " "
"Ogawa 3 "Seropédica"Rosada "Grande "Arredondada"Médio "
" "-RJ " " " " "
"Paluma "Jaboticaba"Vermelha "Grande "Piriforme "Vigorosa "
" "l-SP " " " " "
"Rica "Jaboticaba"Vermelha "Médio "Piriforme "Vigorosa "
" "l-SP " " " " "
"Pedro Sato "Nova "Vermelha "Grande "Oblonga "Vigorosa "
" "Iguaçu-RJ " " " " "
"Sassaoca "Valinhos-S"Vermelho "Grande "Arredondada"Bom "
" "P " " " " "
Fonte: PESAGRO-RIO
5 ECOLOGIA
5.1 Clima
Apesar de ser nativa de região tropical, a goiabeira vegeta e produz
bem, desde ao nível do mar até à altitude de l.700 m, sendo, por essa
razão, amplamente difundida em várias regiões do país. Segundo Manica,
citado por Pereira & Martínez Júnior (1986), é possível encontrar pomares
comerciais de goiabeira do Rio Grande do Sul ao Nordeste brasileiro.
No Planalto Paulista, onde, de um modo geral, o inverno é brando e
pouco chuvoso e o verão é longo e úmido, a goiabeira, segundo Pereira &
Martínez Júnior (1986), apresenta ótimo desenvolvimento. Levantamentos
realizados por Maia et al. (1988) dão conta da produção de goiaba de mesa
em 94 municípios do Estado de São Paulo, destacando-se os de Campinas e
Valinhos.
Não obstante a adaptabilidade da goiabeira a uma faixa climática
bastante ampla, alguns fatores exercem grande influência sobre o seu
desempenho agronômico.
5.1.1 Temperatura
A temperatura ideal para a vegetação e produção situa-se entre 25 e
30°, sendo muito exigente ao fotoperíodo. A temperatura não só limita, mas
determina a época de produção da goiabeira. As goiabeiras sofrem danos em
regiões sujeitas a geadas e ventos fortes.
5.1.2 Chuvas
A quantidade de chuvas por ano não deve ser inferior a 600mm, sendo
que o intervalo ideal é de 1000 a 1600mm anuais, com boa distribuição ao
longo do ano.
Nas regiões onde a estação das secas se prolonga, torna-se necessário
fazer irrigação.
5.1.3 Umidade relativa
A umidade relativa do ar, outro fator importante para o cultivo da
goiabeira, pode influir tanto no aspecto fisiológico como nas condições
fitossanitárias dos frutos produzidos.
A faixa de umidade relativa do ar mais favorável ao cultivo da
goiabeira parece situar-se entre 50 e 80%.
É importante assinalar aqui que independentemente da existência de
faixas adequadas de temperatura e umidade, isoladamente consideradas, é
imprescindível que os demais fatores de crescimento sejam otimizados.
5.1.4 Geadas
A goiabeira não tolera geada, causando, as mais rigorosas, queimas de
folhas e ramos. Em plantas podadas, os danos são mais drásticos pela maior
exposição dos ramos internos. Em algumas áreas da região Sudeste sujeitas a
geadas o produtor devera evitar poda drástica entre os meses de junho e
julho.
5.1.5 Solo
Por ser uma planta dotada de grande rusticidade, a goiabeira adapta-se
aos mais variados tipos de solo. Recomenda-se, porém, que sejam evitados os
solos pesados e mal drenados principalmente nas áreas irrigadas onde existe
o risco de salinização.
Os solos adequados ao cultivo da goiabeira, sobretudo no caso da
instalação de pomares destinados à produção de frutas para consumo in
natura e exportação, são os areno-argilosos profundos, bem drenados, ricos
em matéria orgânica e com pH em torno 5,5 a 6,0. Em solos com pH igual ou
superior a sete normalmente aparecem deficiências de ferro. Deve-se também
sempre que possível preferir o plantio em terrenos protegidos dos ventos
frios ou do frio vindos do sul.
6 PROPAGAÇÃO
A goiabeira pode ser propagada através de semente, alporquia
(mergulhia), estaquia, enxertia e cultura de tecido.
6.1 Semente
Muitos pomares ainda são constituídos por plantas oriundas de sementes
(pé franco), porém, atualmente, não se aconselha essa forma de propagação,
pois o pomar demora a produzir e o vigor das plantas difere de uma para
outra. Mesmo que se tirem as sementes de um único fruto, colhem-se frutos
sem padrão definido (vermelho, branco, pequeno, grande, redondo, em forma
de pêra, etc.).
O plantio por sementes é aconselhável somente para os porta-enxertos,
quando 4 ou 5 sementes são plantadas em sacos de 5 litros contendo
substrato de esterco, areia e terra, podendo-se utilizar ou não calcário e
superfosfato.
6.2 Enxertia
A goiabeira pode ser propagada por diversos tipos de borbulhia (T
normal; T invertido e em placa ou escudo) e garfagem, sendo a mais
utilizada a borbulhia em placa ou escudo.
Procede-se à enxertia quando o diâmetro do porta-enxerto (ou cavalo)
atingir l cm no local do enxerto, o que ocorre após 11 a 15 meses após o
plantio. Uma ou duas semanas antes da enxertia, os ramos da planta mãe
(borbulheira) devem ser podados para que intumesçam as gemas. Com a ajuda
de um vazador de l cm de diâmetro, retira-se a casca do porta-enxerto e
coloca-se no lugar um pedaço da casca da copa com uma borbulha, também
retirada com o mesmo vazador. Enrola-se com fita de enxertia por duas
semanas até o pegamento, quando é retirada a fita e feita a poda apical l
cm acima do ponto de enxertia.
6.3 Estaca herbácea
É um processo mais recente, cujas principais vantagens são o curto
período necessário para a formação das mudas e a uniformidade genética da
planta obtida.
A estaquia herbácea é realizada dentro de câmaras de nebulização
intermitente. As câmaras de nebulização, que podem ser instaladas sob
estufa, ripado ou a céu aberto, são compartimentos que dispõe de um
conjunto de bicos nebulizadores cujo volume de água no ambiente é
controlado por uma válvula solenóide sempre aberta. A distribuição da água,
cuja função é manter uma fina camada de umidade sobre a superfície das
folhas, é regulada por um "Timer", que comanda a válvula solenóide,
permitindo que os intervalos de aproximadamente um a dois minutos estejam
distribuídos no interior da câmara, através dos bicos nebulizadores, jatos
de água com duração de 5 a 10 segundos.
As estacas retiradas das partes verdes dos ramos de crescimento do ano
são preparadas com dois nós, mantendo-se o par de folhas intacto no nó
superior, retirando-se as folhas basais. O corte basal na estaca deve ser
realizado logo abaixo do nó e o corte apical deve ser feito l cm acima do
par de folhas. Estacas preparadas com partes lenhosas (amareladas ou
achocolatadas) dos ramos têm enraizamento praticamente nulo.
As estacas herbáceas devem ser esfaqueadas em caixas de madeira "tipo
uva", tendo como substrato a vermiculita fina. Normalmente em uma caixa
tipo uva (11 x 40 x 22 cm) são estaqueadas cerca de 24 a 28 estacas.
Quando a estaquia é realizada nos períodos quentes do ano o
enraizamento é normalmente muito satisfatório (aproximadamente 70%). No
inverno esta porcentagem tende a cair de modo significativo, sendo
aconselhável nesta época a utilização de reguladores de crescimento.
O regulador de crescimento que traz melhores resultados é o IBA (Ácido
indolbutirico) que em doses de 200 ppm através de aplicações por imersão da
base das estacas por 12 a 14 horas, em ambiente escuro e temperatura
próxima a 23°C, propicia satisfatório acréscimo no enraizamento.
Normalmente o período necessário para o enraizamento varia em função
das condições climáticas, ocorrendo normalmente entre 45 a 65 dias.
Após o enraizamento, as estacas devem ser transplantadas para sacos
plásticos com 2 a 3 litros de volume, tendo como substrato mistura de terra
argilosa, areia e matéria orgânica na proporção de 1:1:1.
Nos sacos plásticos, mantidos sob sombra durante o primeiro mês, ocorre
o início da brotação das duas gemas existentes na "axila" das folhas.
Procedendo-se a condução de um único broto, aproximadamente 6 meses
após a estaquia pode se obter uma muda com haste única de 50 cm de altura,
em condições de ser levada ao campo.
" " "
"Estacas folhadas comenraizamento "Mudas de goiaba enxertada "
"Fonte: Cultura dagoiabeira-1995. "emviveiro "
" "Fonte: FRUPEX. "
Sete Tipos de Recipientes que podem ser utilizados na produção de
mudas
Vários são os recipientes utilizados na produção de mudas de goiaba.
Entre estes, podem ser citados: sacos plásticos, tubetes, citropotes,
bandejas plásticas ou de isopor, caixas de madeira ou metal, vasos
plásticos, entre outros. A seguir, serão descritos alguns dos principais
recipientes utilizados na propagação comercial:
7.1 Sacos plásticos
São recipientes que podem apresentar as mais diferentes dimensões,
tais como 8 cm (diâmetro) x 12 cm (altura) e 12 x 20 cm. Normalmente,
apresentam coloração preta ou escura para impedir o desenvolvimento de
algas e invasoras dentro do recipiente e proporcionar melhores condições de
desenvolvimento para as raízes. São perfurados na sua base para a drenagem
da água. Apresentam a vantagem de serem muito versáteis, adaptando-se a uma
grande variedade de situações, além de terem baixo custo de aquisição,
serem reutilizáveis e serem de fácil manejo. Porém, se o plástico for de
pouca espessura, facilmente rompem devido ao peso do substrato ou ao
crescimento das raízes e não permitem a sua reutilização por várias vezes.
Além disso, se as perfurações devem estar localizadas próximo à base da
embalagem, caso contrário, não permitem um bom escoamento da água em
excesso, prejudicando o crescimento da muda. É importante atentar-se para a
qualidade do plástico, além do número e posição das perfurações no momento
da aquisição.
7.2 Tubetes
São recipientes de formato cônico, construídos em plástico rígido e
de cor escura. Internamente, apresentam estrias que impedem o enovelamento
das raízes. Podem acondicionar diferentes volumes de substrato. Para o uso
dos tubetes, é necessário um sistema de suporte, que pode ser uma bandeja
de isopor, de plástico ou metal, bem como uma bancada com fios de arame
distanciados de forma a possibilitar a colocação dos tubetes. Assim, os
tubetes ficam suspensos, de modo que a sua base fique exposta ao ar,
proporcionando a denominada "poda pelo vento" das raízes. Apresentam a
vantagem de serem reutilizáveis por muitas vezes, além de permitir a
produção de um grande número de mudas por unidade de área. Por serem
unidades independentes, os tubetes permitem a seleção das mudas com a
embalagem. Por reterem um pequeno volume de substrato, requerem que se
retire a muda tão logo as raízes ocupem todo o substrato - por isso, são
úteis para a primeira etapa da propagação, além de necessitarem de
irrigações periódicas, visto que o substrato facilmente se resseca.
Dependendo do substrato, o tubete pode não reter o mesmo, que é perdido
pelo orifício na base.
7.3 Bandejas
Podem ser confeccionadas em plástico, normalmente apresentando um
espaço único e contínuo para acondicionamento do substrato, bem como podem
ser feitas de poliestireno expandido (isopor), constituídas de um número
variável de células, nas quais é feita a produção da muda. As células
apresentam forma piramidal invertida, com capacidade de até 120 cm3 de
substrato por célula. Na base, a célula apresenta um orifício para
escoamento da água. As bandejas podem ser reutilizadas por diversas vezes.
Assim como o tubete, as bandejas são úteis na primeira etapa da propagação,
pois acondicionam pequeno volume de substrato. Preferencialmente, as
bandejas devem ficar suspensas, permitindo a "poda pelo vento". A
durabilidade da bandeja está em função do ambiente onde é feita a
propagação e do cuidado no manuseio das mesmas. Para uma dada espécies, em
sistemas tradicionais de propagação (viveiros), podem ser produzidas cerca
de 25 a 30.000 mudas/ha, enquanto com uso de bandejas, podem ser produzidas
cerca de 200.000 mudas/ha.
7.4 Citropotes
Também conhecidos como "containers", apresentam esta denominação, por
terem sido desenvolvidos e difundidos para a produção de mudas cítricas.
São confeccionados em plástico preto rígido e acondicionam grande volume de
substrato, de modo a permitir que a muda seja mantida neste recipiente
desde a repicagem da muda (produzida em tubetes ou bandejas) até a
comercialização e apresentam diversas vantagens, dentre as quais a
facilidade de manuseio da muda, a possibilidade de produção de mudas numa
mesma área durante vários anos (desde que o substrato seja oriundo de local
isento de patógenos), bem como permitindo o plantio da muda no pomar sem
danos ao sistema radicular. Uma das principais limitações ao uso do
citropote é o levado custo.
Na propagação por sementes, são comumente utilizados os sacos
plásticos, as bandejas e os tubetes, já na propagação por estacas, é mais
comum o uso de sacos plásticos, embora ensaios feitos com bandejas e
tubetes tenham, até o momento, proporcionado resultados bastante
promissores.
8 ESCOLHA DAS MUDAS
Atualmente, em plantios comerciais, não se plantam mudas oriundas de
sementes, já que elas não produzem de forma homogênea devido à diversidade
genética. Utilizam-se mudas enxertadas e de estacas herbáceas.
As mudas enxertadas são mais caras, pois levam 18 meses para serem
produzidas, porém suas plantas apresentam raízes pivotantes e copas mais
vigorosas. As mudas de estacas são obtidas em apenas quatro meses em
câmaras de nebulização e são mais baratas. Só produzem raízes adventícias
e, por isso, as plantas são menos resistentes a estiagens prolongadas e
ventos fortes.
Os produtores devem adquirir mudas de boa procedência, livres de pragas
e doenças (com folhas inteiras e sem manchas) e sem ramificações laterais,
evitando comprar mudas cujas raízes já tenham rompido os sacos de
polietileno.
9 PREPARO DO SOLO E PLANTIO
Antes da abertura das covas, geralmente, faz-se uma calagem de acordo
com a análise de solo, seguida de aração e gradagem.
O plantio direto também pode ser utilizado, adotando-se espaçamento de
7m x 5m ou 6m x 6m, abrindo-se covas de 60cm x 60cm x 60cm. A camada
superior do solo, retirada das covas (até 20 cm de profundidade),
acrescentam-se esterco de curral ou esterco de aves e calcário dolomítico.
Adubos fosfatados devem ser aplicados apenas na hora do plantio, no mínimo
após duas semanas. No ato do plantio, o colo das plantas deve ficar ao
nível do terreno, eliminando-se o saco plástico (ou jaca), firmando-se o
solo ao redor do torrão. Ao lado de cada muda, deve-se fincar uma estaca de
bambu ou outra madeira de l,5m e providenciar o amarrio das mudas. Ao redor
da planta, pode ser colocada cobertura morta (capim seco, palha de arroz e
outras), deixando apenas 5 a 10 cm ao redor da planta sem cobrir, para
evitar que doenças possam atingir o colo da muda pelo excesso de umidade.
10 TRATOS CULTURAIS
10.1 Poda da goiabeira
Existem, basicamente, três tipos de podas em goiabeiras: poda de
formação, poda de limpeza e poda de frutificação.
10.1.1 Poda de formação
É dividida em duas fases: na primeira, deve-se fazer a poda do ramo
apical quando o local do corte, à altura de 40 a 60 cm, dependendo da
variedade, estiver lenhoso. Nesta fase, a casca tem coloração acastanhada.
Na segunda fase, após ramificação abundante ocasionada pela poda apical,
escolhem-se de três a cinco ramos bem distribuídos, saindo de pontos
diferentes do tronco.
Fonte:Cultura da goiaba -1995
Goiabeiracom formação adequada de copa
Fonte:Foto do Autor.
Goiabeira com primeira poda de formação
Fonte:FRUPEX
10.1.2 Poda de frutificação
Como a goiabeira produz em ramos, em crescimento, a poda de
frutificação consiste no encurtamento dos ramos que já produziram, de modo
a manter a planta em atividade, pelo estimulo à nova brotação, que devera
ser frutífera. Para que isso aconteça, o ramo devera ser podado no
comprimento correto. Ramos vigorosos, podados em esporão, resultaram em
crescimento vegetativo, enquanto a poda longa de ramos fracos tende a
enfraquecer a nova brotação.
A poda pode ser continua ou total. Na poda continua, cada ramo é podado
individualmente a cada repasse do pomar, quando é realizado o encurtamento
dos ramos produtivos primários cerca de um mês apos a colheita dos últimos
frutos para que produzam uma segunda safra, de forma que cada planta
produza continuadamente ao longo de todo o ano.
É importante que se de ao ramo esse período de repouso de pelo menos
trinta dias, par que haja acumulo de reservas, tanto nutritivas quanto
hormonais, necessárias a uma brotação e frutificação adequada.
Na poda total, todos os ramos são podados de uma só vez, de forma que
a produção ocorra ao mesmo tempo. Essa poda deve ser feita em duas etapas.
Na primeira é deixado um ramo pulmão por planta, para a finalidade de
manter a transpiração, assegurando a uniformidade da brotação e a produção
de maior número de ramos frutíferos. Na segunda com inicio da brotação
resultante da primeira poda, é feita a poda do ramo pulmão.
Em lavouras irrigadas, a época de poda define a época de colheita,
sendo possível planejar a safra para qualquer mês do ano (6 a 7 meses após
a poda ocorre a maturação dos frutos).
Na execução da poda de frutificação, podem-se adotar certas regras
úteis, por estabelecerem uma seqüência lógica para a operação:
- - Remova os ramos quebrados, mortos, e doentes;
- - Remova os ramos "ladrões";
- - Remova os ramos que, por estarem encostados, se atritam com o
movimento da planta;
- - Remova os ramos que crescem em direção ao centro da planta ou que
cruzam na copa;
- - Remova os ramos que crescem para baixo, pois, geralmente são
improdutivos;
- - Execute a poda dos ramos remanescentes com o objetivo de manter o
equilíbrio entre as funções reprodutivas e vegetativas da planta,
baseando, dentro dos limites do possível, realçá-las ao máximo.
- -
Nos pomares destinados à produção de goiabas de mesa, após as operações
anteriormente relacionadas, devem-se submeter os ramos remanescentes a uma
poda de encurtamento. Este encurtamento, que depende do vigor dos ramos, é
realizado em ramos normais deixando de 2 a 3 pares de folhas. A intensa
brotação que ocorre após a poda, deve ser reduzida através de sucessivas
desbrotas, deixando-se em média dois brotos, em posições distintas, por
ramos podado. Os frutos que se desenvolvem nestes brotos devem ser
desbastados, quando apresentam de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se em média
2 frutos por broto.
Com o objetivo de se obter uma sobre-colheita que irá prolongar o
período de safra, muitos produtores costumam despontar estes ramos deixando
no mínimo 6 pares de folhas acima dos frutos. Deste desponte, que
possibilita nova brotação na extremidade dos ramos, deixa-se apenas dois
brotos localizados em posições opostas por ramo, para que frutifiquem.
Durante todo o período de crescimento da brotação devem ser feitas
sucessivas desbrotas para reduzir os ramos em excesso e manter o centro da
copa aberto, a fim de assegurar adequada penetração de ar e luz no interior
da planta, garantindo assim a sua sanidade e a qualidade de sua produção.
Tanto o desbaste como o encurtamento são praticas importantes na
formação e manejo da goiabeira. O encurtamento é mais importante na fase de
formação, tendo por finalidade obtenção de uma copa bem formada, enquanto o
desbaste favorece a produção de ramos frutíferos e a sua manutenção em boas
condições. A medida que a planta vai ficando mais velha, há maior
necessidade de mais desbaste e menos encurtamento.
Entre outras formas de supressão de ramos ou de suas partes os mais
importantes são:
- Desponte: é o encurtamento praticado em verde, sobre a extremidade do
ramo novo. Sua prática diminui o vigor da planta.
- Desbrota: é a intervenção que se faz em verde, para eliminar ramos
supérfluos e concorrentes.
- Poda em coroa: é o encurtamento total do ramo, que fica reduzido à
"coroa", que é a porção mais grossa existente em sua base e onde existe um
cordão de gemas.
- Poda em esporão: é o encurtamento deixando-se apenas a base do ramo,
geralmente com duas ou três gemas, ou com quatro a seis centímetros de
comprimento.
- Poda em vara: é o encurtamento em que se deixa o ramo com um número
maior de gemas, em geral com 10 a 20 cm de comprimento.
" " "
" Poda total com ramos pulmões "Poda de encurtamento dos ramos "
" "produtivos para obtenção de uma "
"Fonte: Foto do autor. "segunda safra. "
" " "
" "Fonte: Foto doAutor. "
" " "
" " "
"Brotação intensa sem desbaste. "Poda emesporão "
"Fonte: CATI – 1994. "Fonte: CATI-1994. "
" " "
" " "
10.2 Desbaste e o Ensacamento dos Frutos
Em pomares exclusivos de goiaba de mesa o desbaste de frutos é
obrigatório para a obtenção de frutos grandes com ótimo aspecto.
O desbaste deve ser feito quando os frutos apresentarem de 2 a 3cm
de diâmetro, deixando-se de 2 a 3 frutos por ramo. Em plantas adultas são
deixados entre 600 a 800 frutos. Durante a operação de desbaste devem ser
retirados os restos do cálice floral existentes na base dos frutos, para
melhorar o seu aspecto.
Nos mais tecnificados pomares, os frutos remanescentes são
protegidos por sacos de papel manteiga com dimensões usuais de 15x12cm.
Estes sacos são presos no pedúnculo do fruto ou no ramo que o sustenta,
sendo no ramo mais aconselhável.
Vantagens do ensacamento:
- Melhora o aspecto do fruto, que quando maduro apresenta a casca
uniforme completamente sem manchas;
-É o mais eficiente método de controle da mosca das frutas, do
gorgulho e de eventuais ataques do besouro amarelo e;
-Permite a colheita de frutos sem resíduos tóxicos na casca.
" " "
"Ramos sem desbaste "Ramos com desbaste "
"Fonte: Cultura da Goiabeira - " "
"1995 "Fonte: Cultura da Goiabeira - 1995 "
" " "
" " "
" " "
10.3 Cuidados a serem observados na poda
- Os cortes deverão ser sempre lisos e inclinados, para facilitar a
cicatrização e evitar o acumulo de água na sua superfície.
- Deve-se utilizar tesoura com lamina devidamente afiada e serrotes
bem travados;
- O desbaste de ramo deve ser feito com corte bem rente a sua base,
sem danificar a "coroa" de gemas ai existentes.
- Os encurtamentos deverão ser feitos 2cm acima de uma gema, de forma
a favorecer a brotação da mesma.
10.4 Cuidados após a poda
- Fazer a aplicação de uma pasta ou uma calda de um fungicida a base
de cobre nas partes feridas para evitar a invasão de organismos causadores
de doenças e podridões.
- Nos pomares submetidos a poda total, recomenda-se a sua
pulverização imediatamente após o termino da operação com calda
sulfocálcica, na diluição de um litro de calda para 8 litros de água.
10.5 Irrigação e drenagem
A goiabeira é uma planta que responde bem à irrigação. Além de
apresentar excelente produtividade, o goiabal irrigado pode produzir duas
ou mais safras por ano. Este é de fato uma grande vantagem, pois com o
manejo adequado da poda é possível direcionar a safra para períodos
economicamente desejáveis. A irrigação é uma técnica que está associada a
uma série de fatores que influem diretamente na produtividade da goiabeira
e na qualidade de seus frutos.
- Necessidade de Água:
A necessidade de água que tem a planta é um parâmetro extremamente
importante, seja para o dimensionamento do sistema de irrigação, seja
para o manejo da água ao longo do ciclo fenológico da planta. Para
culturas frutícolas como a goiabeira, recomenda-se que a demanda de água
seja calculada para períodos semanais ou quinzenais.
- Evapotranspiração de Referência:
Eto= Kp x Et
Eto= evapotranspiração de referência mm/dia
Kp= fator do tanque - variável
Et= evaporação do tanque – mm/dia
- Cálculo da Precipitação Efetiva:
Pe= f x p
Pe= precipitação efetiva mm.
f= fator de correção.
p= precipitação real (pluviômetro)mm.
- Cálculo da Lâmina de Irrigação
Lb= Kc x Eto –Pe
Ei
Lb= Lâmina de irrigação (mm).
Kc= Coeficiente cultura (quadro 4).
Ei= Eficiência do Sistema de irrigação %.
Vap= Lb x Ep x Ef
D
Vap= Volume de água aplicado por planta (litros/planta/dia)
Ep= Espaçamento entre plantas (m).
Ef= Espaçamento entre linhas de plantas (m)
D= número de dias no intervalo de irrigação (dia)
No caso de sistemas automatizados em que o manejo de água se baseia
no volume desta determina-se tal volume por umidade de rega.
V= 10 x Lb x A
V= volume de água por umidade de rega (m3 ),
A= área da umidade de rega ( ha).
- Freqüência da Irrigação
A freqüência da irrigação vai depender da necessidade de água que
tem a planta e da capacidade de retenção de água pelo solo na
profundidade efetiva das raízes.
- Cálculo do Tempo de Irrigação
Ti= Vap
N x Qe
Ti= tempo de irrigação por umidade de rega (h);
N= número de emissores por planta,
Qe= vazão do emissor (l/h) obtida em teste de campo.
- Manejo da água:
O manejo da água está diretamente associado ao tipo de solo, à
profundidade efetiva do sistema radicular e ao sistema de irrigação
selecionado.
Na irrigação localizada, o nível de água disponível no solo não deve
ser inferior a 80%.
Recomenda-se suspender a irrigação por um período de um a dois meses
antes da poda, a fim de submeter a planta a um estresse hídrico cuja
duração vai depender do tipo do solo a do sistema de irrigação usado.
É recomendável que na irrigação localizada o manejo de água seja
monitorado por tensiômetros instalados em pontos correspondentes a 50% da
profundidade efetiva das raízes. O número recomendado é de três a quatro
estações de tensiômetros numa parcela de solo uniforme de tamanho não
superior a 2 ha.
A tensão hídrica do solo aceitável para o manejo das regas depende
do tipo dos solos explorados. Para os arenosos, a tensão pode variar
entre 15 e 25 centibares; para os argilosos, pode alcançar de 40 a 60
centibares.
Quadro 6: Coeficiente de cultura, coeficiente de sombreamento para a
goiabeira.
"Discriminação"Percentagem de área molhada "
" "10 "20 "30 "40 "
"Sulfato de amônio "600 "1000 "2000 "2500 "
"(g) " " " " "
"Superfosfato "600 "1000 "1500 "1500 "
"simples (g) " " " " "
"Cloreto de "120 "200 "400 "600 "
"potássio (g) " " " " "
Fonte: Pesagro – Rio – Maio-2001.
Em pomares produtivos, recomenda-se a aplicação anual, após a poda de
frutificação de esterco de curral bem curtido, aproveitando-se a ocasião
para aplicar o adubo fosfatado, os micronutrientes (FTE) e o calcário, que
deverão ser aplicados apenas uma vez por ano. Também após a poda de
frutificação devem ser aplicados parte do nitrogênio e do potássio, com o
objetivo de formar ramos produtivos, vigorosos e em abundância, carregados
de botões florais. Depois do desbastes e ensacamento dos frutos, faz-se
nova adubação potássica e a nitrogenada visando aumentar o peso e a
qualidade dos frutos. Após a colheita, o potássio e o nitrogênio são
novamente aplicados com o objetivo de recuperar a planta exaurida pela
frutificação.
10.7 Manejo de plantas invasoras
A região abaixo da copa deve ser mantida limpa através de capinas
manuais periódicas ou aplicação de herbicidas, processo chamado de
coroamento.
As entrelinhas e a região entre as plantas não devem ser capinadas,
apenas roçadas, o que poderá ser feito com roçadeira mecanizada.
11 CULTURA INTERCALAR
A prática de intercalar culturas em pomares de goiabeira orientados
para a exportação de frutas poderá ser adotada, embora apresente algumas
restrições. A principal condição restritiva diz respeito ao método de
irrigação empregado: a consorciação só é possível quando se adota a
irrigação por aspersão, que é o sistema menos aconselhável para o cultivo
da goiabeira cujos frutos se destinem à exportação. Restará, pois, a
consorciação no período das chuvas, uma atividade pouco atraente, dada a
irregularidade temporal e espacial das precipitações no Nordeste.
Entre as culturas que podem ser consorciadas com a goiabeira, desde que
se use irrigação por aspersão, incluem-se o caupi, o milho, o tomate
industrial e a melancia, entre outras.
É importante frisar, entretanto, que em virtude do alto padrão de
qualidade exigido pelo mercado importador de frutas frescas, não se
aconselha a prática da consorciação nos pomares destinados a produzir
goiabas de exportação. Neste caso, os produtores deverão dedicar o máximo
de atenção possível ao seu principal empreendimento, a fim de obter frutas
dentro dos padrões internacionais exigidos, ou correrão o risco de não
alcançar a capacidade necessária para competir em um mercado cada vez mais
exigente, do qual são automaticamente excluídos os fruticultores que não
apresentarem produtos com as devidas qualificações.
A consorciação poderá e deverá ser incentivada apenas na fase de
formação do goiabal, até mesmo como um possível meio de amortizar parte do
investimento financeiro realizado ou de agilizar o seu retorno.
12 MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS
12.1 Principais pragas
A goiabeira, durante as diferentes fases de seu desenvolvimento,
pode sofrer ataques de um número de pragas relativamente grande. Entre as
mais importantes merecem destaque:
12.1.1 Broca das Mirtáceas - Timocratica albella (ZELLER, 1959).
Conhecida como "broca de goiabeira", esta lagarta de mariposa que mede
de 25 a 35mm de comprimento, destrói ramos e tronco. Com o seu ataque note-
se no tronco e nos ramos aglomerações de excrementos e pedaços de casca
ligadas entre si por fios de seda.
O controle deve ser efetuado anualmente, raspando-se a superfície do
tronco com escovas ou luvas grossa, de forma a expor o inseto. Este deve
ser destruído caso encontrado, após o que faz um pincelamento no tronco e
pernadas principais com solução de carbaryl e fungicida cúprico.
12.1.2 Coleobroca: Trachyderes thoracicus (Oliv. 1790).
As larvas com comprimento em torno de 30mm se alimenta de uma parte da
madeira desintegrada com suas mandíbulas. A outra parte, que é serragem, é
expelida pelos orifícios abertos nos tronco e ramos mais grossos.
Para controle da coleobroca pode ser efetuada uma injeção de 1 a 2ml de
solução de Carbaryl nos orifícios ou então da mesma forma do que para a
broca dos mirtáceas.
12.1.3 Besouro da Goiabeira - Besouro Amarelo - Costalimaita ferruginea
vulgata (Lefevre, 1885).
O adulto tem forma quase elíptica, mede 5 a 6,5mm de comprimento e o
apresenta cor creme-amarelada.
O besouro ataca as folhas novas e relativamente novas da goiabeira,
deixando-as cheias de orifícios. Os brotos também podem ser atacados. E em
flores a casos que chegam a destruir a superfície dos frutos, deformando-
os.
O período de maior ataque é quando a goiabeira inicia as brotações. O
controle pode ser feito através de pulverização com inseticidas
organofosforados ou carbonatos.
12.1.4 Psilídio - Trizoida sp.
São insetos sugadores de seiva cujos adultos mede de 2,0 a 2,4mm de
comprimento. As ninfas sugam a seiva das bordas das folhas, que devido as
toxinas que são injetadas, enrolam-se e deformam-se adquirindo uma
coloração amarelada ou avermelhada, tornando-se depois necróticas.
Examinando-se o interior das partes enroladas, encontram-se as colônias
de psilídeos, recobertos pela secreção cerosa, entre gotículas de
substâncias açucaradas e esbranquiçadas.
Para controle pode utilizar pulverizações com inseticidas
organofosforados ou carbamatos.
12.1.5 Percevejo da Verrugose- Monalonium annulipes (Sign, 1858).
Os danos causados por este inseto podem ser grandes, pois, afetam desde
botões florais até frutos desenvolvidos, porém antes do início da
maturação. Inicialmente observam-se manchas aquosas, irregulares, com cerca
de 1mm de diâmetro, há uma reação do próprio fruto, de modo a cicatrizar
estas lesões. Os tecidos da parte central da lesão ficam necrosados e
permanecem na superfície do fruto como um ponto, duro, que atinge de 2 a
5mm de diâmetro, podendo ser destacado manual ou naturalmente.
Estas lesões, dependendo da intensidade e da época de surgimento, podem-
se desprender do fruto ou permanecer depreciando. O controle deve ser feito
com inseticidas fosforados não sistêmicos.
12.1.6 Gorgulho das Goiabas – Conotrachelus psidii (Marshal – 1922).
O inseto é um pequeno besouro de aproximadamente 6mm de comprimento por
4mm de largura, de coloração parda escura, com peças bucais cilíndricas e
alongadas.
A larva é branca com a cabeça negra; o corpo enrugado transversalmente
mede, quando desenvolvido 12 mm de comprimento por 4mm na maior largura.
Ao iniciarem a postura, as fêmeas dos gorgulhos procuram os frutos
verdes, cavando com a mandíbula orifícios onde depositam os ovos.
Este local não acompanha o desenvolvimento do restante do fruto, ficando
enegrecido e tornando uma cicatriz circular deprimida com um ponto negro no
centro. Após a eclosão a larva penetra no fruto e se alimenta da semente,
ficando parte da polpa e as sementes destruídas e enegrecidas.
No fruto maduro, a larva do gorgulho não ataca a polpa e só se alimenta
de sementes, ocasionando a podridão seca.
O controle pode ser efetuado através de aplicações de inseticidas
organofosforados e deve ser iniciado quando os frutos ainda são verdes, do
tamanho de uma "azeitona".
12.1.7 Moscas das Frutas – Anastrepha fraterculus (Wied; 1830).
- Ceratitis capitata (Wied;
1824).
- Anastrepha fraterculus: Larva vermiforme, completamente desenvolvida,
mede cerca de 12 mm de comprimento.
- Ceratitis capitata: Larva com a região anterior do corpo bastante
afilada, medindo quando completamente desenvolvida de 7 a 9mm de
comprimento. Por meio do ovopositor a fêmea perfura os frutos e efetua a
postura. As larvas novas passam a viver no interior dos frutos, tornando-o
imprestável.
Para controle das moscas das frutas, várias medidas são indicadas, desde
a proteção dos frutos através de ensacamento, com iscas envenenadas ou em
pulverizações em área total. Os produtos mais utilizados e que vem
mostrando bom resultado no controle das moscas das frutas são os
organofosforados, tais como o malathion, parathion menthyl, fenthion, etc.
12.1.8 Outras Pragas Secundárias
São pragas que normalmente não apresentam danos econômicos à cultura e
que tem sido mantidas sob controle através do esquema de tratamento
fitossanitário para controle das pragas principais; são elas:
- - Cochonilhas;
- - Lagartas;
- - Percevejos;
- - Coleópteros;
- - Cupins, formigas, abelhas, mosca, etc;
- - Tripes, e;
- - Nematóides.
Quadro 8- Principais pragas da goiabeira
"PRAGA "PARTE "CONTROLE "CONTROLE "
" "AFETADA "CULTURAL "QUÍMICO "
"Broca "Tronco "Esmagamento, calda "Injeção de Carbariy (0,1 "
"coleobroca " "bordalesa "%) "
"Cochonilha de"Caule "- "Folidol 600 (0,l %) "
"cera " " " "
"Psilídios "Folhas "- "Lebaycid 500 (0,1%), "
"tingídios " " "folidol 600 (0,1%) "
"Tripés "Folhas e "Ensacamento de "Lebaycid 500 (0,1%), "
"percevejos "frutos "frutos "folidol 600 (0,1%) "
"Gorgulho "Fruto "Ensacamento de "Folidol 600 (0,1%) "
" " "frutos " "
"Mosca-das-fru"Fruto "Ensacamento, "Dipterex (0,3%), Lebaycid "
"tas " "armadilhas "(0,1%) "
"Lagartas "aérea "- "Dipel (0,l%) "
Fonte: PESAGRO-RIO MAIO-2002
Nota: Tomar cuidado de observar a carência dos produtos antes de iniciar a
colheita
12.2 Principais doenças
12.2.1 Ferrugem da Goiabeira:
Causada pelo fungo Puccina psidii wint, trata-se de uma infestação
fúngica que ataca, indistintamente, todos os tecidos novos dos vários
órgãos da planta em desenvolvimento. Produz manchas necróticas, circulares
de diâmetro variável. As manchas se recobrem rapidamente por uma densa
massa pulverulenta, de cor amarela viva.
Em geral, o aparecimento da doença é registrado nas condições
ambientais de temperatura moderada, e alta umidade atmosférica.
O controle da ferrugem é feito conjulgando-se algumas práticas
culturais:
- Poda de limpeza, que promove maior aeração no interior da copa;
- Controle de ervas daninhas;
- Aplicação preventiva ou curativa de fungicidas.
12.2.2 Verrugose
Pode ocorrer em botões e frutos em desenvolvimento, antes da
maturação. Esta doença provoca deformações no fruto que pode levá-lo à
queda. O controle é feito com aplicações de fungicidas cúpricos.
12.2.3 Antracnose
Causada pelo fungo Sphcelona psidii bit, a antracnose ataca as folhas
e os ramos novos, mas pode atingir os frutos em qualquer estádio de
desenvolvimento. Seu controle, quando necessário, pode ser feito por meio
de podas de limpeza. Deve-se evitar também a permanência, na planta, de
frutos sobremaduros.
12.2.4 Seca Bacteriana ou Bacteriose
Doença causada pela bactéria Erwiria psidii, Ocorre nas extremidades
dos ramos provocando o muchamento repentino dos brotos, que adquirem um tom
pardo-avermelhado. A doença ocorre com maior gravidade em condições de alta
temperatura e umidade.
Aconselha-se que sejam evitadas as operações de poda ou colheita
quando os tecidos da planta estiverem umedecidos, seja, por orvalho, por
chuva ou irrigação.
Para medida de controle recomenda-se:
- - Condução da planta visando bom arejamento, insolação e
penetração da calda fúngica.
- - Devem-se evitar podas contínuas numa mesma planta.
- - Os ramos eliminados, doentes devem ser queimados.
- - Os ramos doentes devem ser retirados à base ao primeiro
sintoma da doença.
- - Proteção dos ferimentos de poda com pasta cúprica.
- - Desinfecção das ferramentas para poda com hipoclorito de
sódio; na diluição 1:3 a cada corte.
- - Após a poda aplicação de calda sulfocálcica na diluição 1:8.
- - Pulverização com fungicidas cúprico desde o início da brotação
até que os frutos atinjam o diâmetro de 3cm.
- - Limitar as adubações nitrogenadas à necessidade mínimas, para
que não provoquem formações excessivas de órgãos tenros.
O combate às doenças através de agrotóxicos deve obedecer a um cronograma
rigoroso de aplicação. É importante a conscientização dos produtores sobre
os riscos à saúde quando utilizados de forma indiscriminada.
Quadro 9 - Principais doenças da goiabeira.
"DOENÇA "PARTE "CONTROLE "
" "AFETADA " "
"Ferrugem"Aérea "Poda de arejamento, aplicação de Oxicloreto de"
" " "Cobre a 0,2% e Folicur a 0,1%, altemadamente. "
"Verrugos"Frutos "Oxicloreto de Cobre a 0,2 % "
"e " " "
"Bacterio"Ramos novos e "Oxicloreto de Cobre a 0,2% e eliminação dos "
"se "frutos "ramos afetados. "
Fonte: Adaptado de PEREIRA, F.M. Goiabas para industrialização, 1996.
O combate às doenças através de agrotóxicos deve obedecer a um
cronograma rigoroso de aplicação (Quadro 10). E importante a
conscientização dos produtores sobre os riscos à sua saúde quando
utilizados de forma indiscriminada.
Alguns cuidados devem ser tomados, como por exemplo:
- só manipular o produto ao ar livre;
- usar equipamento de proteção (máscara, luvas, botas, macacão e chapéu
impermeável);
- aplicar as doses de acordo com as recomendações técnicas;
- evitar as horas mais quentes do dia e aplicar o produto a favor do vento;
- crianças e animais devem ser mantidos afastados das áreas de aplicação;
- banhar-se com muita água e sabão imediatamente após o término do serviço.
Quadro 10 - Cronograma de aplicação de agrotóxicos.
"MÊS "PRODUTO "DOSAGEM "PRAGA OU DOENÇA "FREQUÊNCIA "
"Julho "Oxicloreto "Pasta "Pincelamento local da"- "
" "de cobre " "poda " "
"Setembro"Oxicloreto "0,5% "Ferrugem "1x "
" "de cobre " " " "
"Outubro "Oxicloreto "0,5% "Ferrugem "2x "
" "de cobre "0,2% "Gorgulho/Psilídeo "2x "
" "Parathion " " " "
" "metílico " " " "
"Novembro"Oxicloreto "0,5% "Ferrugem "2x "
" "de cobre "0,2% "Gorgulho/Psilídeo "1x "
" "Parathion "0,2% "Gorgulho "1x "
" "metílico " " " "
" "Trichiorfon " " " "
"Dezembro"Oxicloreto "0,5% "Ferrugem "2x "
" "de cobre "0,2% "Gorgulho/Mosca-das-fr"1x "
" "Parathion "0,2% "utas "- "
" "metílico " "Gorgulho/Mosca-das-fr" "
" "Trichiorfon " "utas " "
"Janeiro "Trichiorfon "0,2% "Mosca-das-frutas "2x "
"Fevereir"Trichiorfon "0,2% "Mosca-das-frutas "2x "
"o " " " " "
"Março "Trichiorfon "0,2% "Mosca-das-frutas "2x "
Fonte: Adaptado de PEREIRA, F.M., Goiabas para industrialização, 1996.
13 COLHEITA
A colheita da goiaba é feita duas a três vezes por semana. Embora se
costume colher as goiabas quando a coloração verde-escuro brilhante começa
a clarear, o ponto ideal de colheita depende da variedade e do destino dos
frutos.
As goiabas devem ser colhidas com cuidado e colocadas em jacas ou
diretamente em caixas plásticas de 20 kg e transportadas para um barracão
para seleção e embalagem.
13.1 Classificação
Classificação é a separação de unidades do produto por cor, tamanho,
formato e categoria. Utilizar a classificação da goiaba é unificar a
linguagem do mercado. Produtores, atacadistas, varejistas e consumidores
devem ter os mesmos padrões para determinar a qualidade do produto. Só
assim, obteremos transparência na comercialização, melhores preços para
produtores e consumidores, menores perdas e maior qualidade.
" " "
" " "
13.1.1 Grupo ou cor de polpa
13.1.2 Sub-grupo ou cor da casca
" " " "
"Amarela "Verde-amarelada "Verde-clara "
13.1.3 Classe ou calibre
" " " "
"de 7 a 8 cm "de 6 a 7 cm "de 5 a 6 cm "
" " " "
"> que 10 cm "de 9 a 10 cm "de 8 a 9 cm "
A classificação da goiaba deve ser feita de forma que se consiga a
homogeneidade de formato, coloração, comprimento, diâmetro ou calibre, bem
como, a identificação da qualidade pela caracterização e quantificação dos
defeitos.
13.1.4 Tipo ou Categoria
O quadro abaixo estabelece os limites de tolerância de defeitos graves
e leves para cada categoria de qualidade e permite a classificação em:
Extra Categoria I, Categoria II e Categoria III.
"DEFEITOS GRAVES "EXTRA "CATEGORIA I "CATEGORIA II"CATEGORIA "
" " " " "III "
"Imaturo "1% "2% "3% "30% "
"Dano profundo "1% "2% "3% "20% "
"Podridão "1% "2% "3% "10%* "
"Alterações "1% "3% "4% "40% "
"Fisiológicas " " " " "
"Totais graves "1% "5% "7% "40% "
"Total leve "5% "10% "15% "100% "
"Total geral "5% "10% "15% "100% "
*Acima de 10% de podridão a goiaba não deverá ser reclassificada.
Fonte: CEAGESP
- Defeitos graves
" " "
"Dano profundo "Imaturo "
" " "
"Podridão "Alterações fisiológicas "
Defeitos leves
" " "
" " "
" " "
"As goiabas deverão apresentar as características do cultivar bem "
"definidas, serem sãs, inteiras, limpas e livres de umidade externa "
"anormal. A goiaba não deve apresentar nenhuma das características "
"abaixo: a) resíduos de substâncias nocivas à saúde acima dos "
"limites de tolerância admitidos no âmbito do Mercosul; b) mau estado "
"de conservação, sabor e/ou odor estranho ao produto. 13.2 "
"Embalagem A qualidade da goiaba é feita na roça, A conservação "
"dessa qualidade exige uma embalagem que ofereça proteção, boa "
"apresentação, informações sobre o produto, racionalização do "
"transporte e armazenagem e que tenha baixo custo, As goiabas deverão "
"ser acondicionadas em embalagens paletizáveis, limpas e secas. "
" "
"13.3 Rotulagem "
"Figura 1: Exemplo de rótulo. "
" "
"3.4 Armazenagem "
" "
"Armazenar as caixas em ambiente refrigerado a 8°C, com 85 a 90% de "
"umidade relativa. Nestas condições é possível conservar os frutos por"
"até 21 dias. Armazenamentos prolongados com temperaturas inferiores a"
"8°C ocasionam danos aos frutos - "Chilling". "
" As goiabas deverão apresentar as características do "
"cultivar bem definidas, serem sãs, inteiras, limpas e livres de "
"umidade externa anormal. "
"A goiaba não deve apresentar nenhuma das características abaixo: "
"a) resíduos de substâncias nocivas à saúde acima dos limites de "
"tolerância admitidos no âmbito do Mercosul; "
"b) mau estado de conservação, sabor e/ou odor estranho ao produto. "
" "
" "
"14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Empresa de pesquisa Agropecuária do "
"Estado do Rio de janeiro. Pesagro - Rio Doc.72 Maio – 2001. Goiabrás"
"– Associação Brasileira de produtores de Goiaba. "Produção de goiaba "
"– manual nº 103". Viçosa, CPT, 1997. Neto, L G; Soares; J.M. Goiaba"
"para exportação. Aspecto técnico da Produção. Brasília Embrapa – SPI,"
"1996. Pereira, F. M. Cultura da Goiabeira. Jaboticabal: FUNEP, "
"1995. Piza Jr., C.T. A poda da Goiabeira de mesa. Jaboticabal: "
"FUNEP, 1995. "
" "
" "
" "
" "
" "
" "
" "