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Criação De Tambaqui No Amazonas

Colossoma macropomum

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ISSN 1517-3135 Dezembro, 2001 18 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/ Barragens no Estado do Amazonas ISSN 1517-3135 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Dezembro, 2001 Documentos18 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/ Barragens no Estado do Amazonas Luiz Antelmo Silva Melo Antônio Cláudio Uchôa Izel Francisco Mendes Rodrigues Manaus, AM 2001 Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Amazônia Ocidental Rodovia AM-010, km 29, Estrada Manaus/Itacoatiara Caixa Postal 319 Fone: (92) 3303-7800 Fax: (92) 3303-7820 http: www.cpaa.embrapa.br Comitê de Publicações da Unidade Presidente: Aparecida das Graças Claret de Souza Membros: Gladys Ferreira de Sousa Gleise Maria Teles de Oliveira Maria Perpétua Beleza Pereira Marinice Oliveira Cardoso Mirza Carla Normando Pereira Regina Caetano Quisen Sebastião Eudes Lopes da Silva Terezinha Batista Garcia Vicente Haroldo de F. Moraes Revisor de texto: Maria Perpétua Beleza Pereira Normalização bibliográfica: Maria de Fátima Andrade Costa Foto da capa: Luiz Antelmo S. Melo e Neuza Campelo Editoração eletrônica: Gleise M. T. de Oliveira 1ª edição 1ª impressão (2001): 300 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Amazônia Ocidental MELO, L. A. S.; IZEL, A. C. U.; RODRIGUES, F. M. Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em viveiros de argila/barragens no Estado do Amazonas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2001. 30 p. : il. ; 21 cm. – (Embrapa Amazônia Ocidental ; ISSN 1517-3135 ; 18). Bibliografia: p. 25. 1. Piscicultura. 2. Aquicultura. 3. Colossoma macropomum - Brasil Amazonas. I. Título. II. Série. © Embrapa 2001 Autores Luiz Antelmo Silva Melo M.Sc., Eng.º Agr.º, Rodovia AM-010, km 29, Caixa Postal 319, 69011-970, Manaus-AM, fone (92) 6210300, [email protected]. Antônio Cláudio Uchôa Izel M.Sc., Zootecnista, Rodovia AM-010, km 29, Caixa Postal 319, 69011-970, Manaus-AM, fone (92) 6210300, [email protected]. Francisco Mendes Rodrigues Dr., Economista, Rodovia AM-010, km 29, Estrada Manaus/Itacoatiara, C. P. 319, 69011-970, ManausAM, fone (92) 621-0300, [email protected]. Apresentação A Amazônia dispõe de vários fatores que favorecem a piscicultura: clima, solos, água abundante e com qualidade e, principalmente, a diversidade da fauna ictiológica, com mais de 2 mil espécies. A piscicultura pode ser praticada em diversos tipos de instalações, como: barragens, tanques escavados em argila e tanques-rede. No Amazonas, a atividade é desenvolvida principalmente em viveiros do tipo barragens, sendo o tambaqui a espécie predominante. Fatores como baixas produção e produtividade, verificados na atividade, estimularam a Embrapa Amazônia Ocidental a realizar estudos para definir um sistema sustentável de criação de tambaqui, capaz de incrementar a piscicultura nesse ambiente, aumentar, em curto prazo, a oferta de tambaqui no mercado amazonense e contribuir com as políticas governamentais para restabelecer os estoques naturais de peixes. Os resultados obtidos permitem afirmar que é economicamente vantajosa a criação de tambaqui em viveiros de argila/barragens, podendo ser realizada por pequenos, médios e grandes produtores. Considera-se como condições básicas para o desenvolvimento do agronegócio da piscicultura na Região Amazônica, o advento da hidrovia do Rio Madeira, o que vem possibilitar o suprimento regular de grãos no mercado local, e a instalação de uma esmagadora de soja na sede do Município de Itacoatiara - AM, assegurando, assim, os ingredientes básicos para a composição de rações a preços competitivos. A Embrapa Amazônia Ocidental sente-se honrada em lançar a presente publicação na expectativa de sua utilidade para agentes de desenvolvimento e do setor produtivo da Amazônia. Edson Barcelos Chefe-Geral Sumário Criação de Tambaqui (Colossoma macrocarpum) em viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas.......................9 Introdução....................................................................9 Objetivo...............................................................10 Materiais e Métodos.....................................................10 Preparo dos viveiros..................................................................12 Recepção de alevinos e juvenis................................................12 Povoamento.............................................................................13 Manejo alimentar......................................................................13 Biometrias...............................................................................13 Monitoramento da qualidade da água dos viveiros...........................13 Ciclo (meses).......................................................................14 Análise financeira.................................................................14 Resultados e Discussão.................................................22 Monitoramento da qualidade da água...........................................22 Parâmetros técnicos do cultivo...................................................23 Custos de produção e rentabilidade do sistema de cultivo.................24 Retorno ao investimento e tempo de recuperação do capital............24 Conclusão...................................................................25 Referências Bibliográficas.............................................25 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/ Barragens no Estado do Amazonas Luiz Antelmo Silva Melo Antônio Cláudio Uchôa Izel Francisco Mendes Rodrigues Introdução Análise adequada do cenário futuro da agropecuária amazonense leva à previsão de crescimento potencial do setor de produção animal. O suporte a essa interpretação é o atual deslocamento, no País, da área de produção de grãos na direção do Centro-Oeste e, mais recentemente, rumo ao Norte na busca das vantagens oferecidas pela hidrovia do Rio Madeira, para escoamento da produção, assim como a implantação de uma esmagadora de soja no Município de Itacoatiara/AM. Dentre as atividades zootécnicas que sofrerão grande incremento com o aumento da oferta de matérias-primas de origem vegetal, pode-se destacar: avicultura (corte e postura), pecuária leiteira, suinocultura e, principalmente, piscicultura. No caso da piscicultura, para atender à demanda de Manaus, somente para a espécie tambaqui (Colossoma macropomum), o crescimento, em curto prazo, terá que ser da ordem de 705 ha, no tocante à área explorada, e de 8.800 t/ano, quando se refere à produção. Adicionalmente, considera-se que os 585 ha hoje explorados aumentem a atual produtividade de 4 mil para 7 mil kg/ha/ano. A afirmativa referida anteriormente consubstancia-se, entre outros, na cultura da população local, que tem preferência acentuada pelo consumo de peixe, na substantiva redução no consumo per capita de pescado no mercado local, devido à insuficiência de oferta e à elevação de preço do produto, e em razão de ser o peixe, mormente o tambaqui, um produto de demanda elástica em relação a renda, o que assegura a possibilidade de que seu consumo retorne aos níveis prevalecentes no início dos anos 80, cerca de 60 kg per capita/ano. Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Antecedentes A Embrapa Amazônia Ocidental iniciou seus trabalhos na área de piscicultura em 1994, com base em diagnóstico realizado em 1993, que se resumiu no seguinte: ! A oferta de peixes em Manaus, em 1993, foi da ordem de 40 mil toneladas, idêntica a de 1983 (Falabela, 1995); ! Em dez anos (83 a 93), o consumo per capita de peixes na capital amazonense caiu de 60 para 42 kg/ano, considerando-se a mesma oferta e populações diferentes naquelas datas, 650 mil e 950 mil habitantes, respectivamente (Falabela, 1995); ! Tendência de queda da produção extrativa de pescados, como de resto em todo o mundo; ! A oferta de tambaqui, em 1993, representou 20% (8 mil toneladas) do total de peixes ofertados, da mesma forma que em 1983 (Falabela, 1995); ! Tomando como referência o consumo histórico de 60 kg/hab/ano, em 1993 houve um déficit na oferta de peixes, em geral, de 17.000 t e de 3.400 t de tambaqui; ! Existência de 225 piscicultores (1993) com área média alagada de 1,28 ha, totalizando uma área de 288 ha (Rolim, 1995); ! Inexistência de agroindústrias produtoras de ração; ! Pequena oferta de alevinos; ! Sistema de produção de outras regiões adaptado às condições locais; ! Pouco conhecimento em áreas básicas da piscicultura, como: nutrição, manejo do cultivo, qualidade da água e sanidade; ! Baixa produtividade; ! Piscicultura praticada de forma amadorística. Objetivos Os trabalhos tiveram como objetivos: ! Definir um sistema sustentável de criação de tambaqui possível de ser utilizado pela maioria dos piscicultores do Estado, que dispõem de instalações constituídas de viveiros na forma de barragens; ! Propiciar informações técnicas que, entre outros fatores, permitam aumentar, em curto prazo, a oferta de tambaqui no mercado amazonense; ! Contribuir para o fortalecimento da criação de tambaqui na região e possibilitar a diminuição da pressão de pesca sobre a espécie, beneficiando, com isso, as políticas governamentais para restabelecimento dos estoques naturais. Materiais e Métodos Inicialmente, utilizou-se como base física o campo experimental situado no quilômetro 30 da Rodovia AM-010, sede da Embrapa no Amazonas, e, posteriormente, por carência de espaço físico e de recursos (humanos, financeiros e materiais), áreas de terceiros, com os quais a Empresa mantém parcerias. Tanto na área da Empresa quanto na dos parceiros, a tônica dos trabalhos foi sempre voltada para apontar soluções para os problemas identificados no diagnóstico. Dada a existência, nas propriedades parceiras, de uma área total de 10 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas 20 ha de represas, com área média de 2,5 ha por viveiro, destinada à engorda, assim como de 2 ha de tanques escavados divididos em oito viveiros com dimensões que variavam de 500 a 4.000 m2/tanque, cada um com média de 2.500 m2, destinados à produção de alevinos avançados/juvenis, a Embrapa desenvolveu pesquisas para identificar requerimentos nutricionais de tambaqui nas diferentes fases de sua vida, testando quatro formulações de rações, isocalóricas [Energia Digestível Peixes (EDigPeixes) = 3.000 kcal/kg] e com diferentes concentrações de proteína bruta (PB), 22%, 25%, 28% e 32%. Identificadas as formulações que apresentaram melhor desempenho dos peixes e maior economicidade, 32% de PB para produção de juvenis e 28% de PB para crescimento/engorda, a Embrapa instalou, nos viveiros de engorda, Unidades de Observação (UOs) para validação do conhecimento gerado. Nessa segunda fase (Pereira Filho, 1995), ela optou, de comum acordo com os parceiros, por testar quatro diferentes lotações por unidade de área: 3.250, 5.000, 7.500 e 10.000 peixes/ ha. Para cada uma dessas taxas de lotação foi utilizada uma área de 5 ha. Objetivou-se levantar parâmetros técnicos, tais como: ciclo do cultivo, densidade (kg de peixe/m2) à despesca, ganho de biomassa, crescimento em comprimento, consumo de ração em relação ao peso vivo (nas diversas fases do ciclo), conversão alimentar - no período e acumulada -, idade e peso ideal para comercialização (considerando aspectos técnicos, econômicos e exigências do mercado), assim como manejo alimentar e do cultivo. Além disso, realizou-se o monitoramento da qualidade da água para os seguintes parâmetros: pH, O2D, temperatura, transparência, alcalinidade total, dureza total, amônia total e nitrito. Ao final de dois anos de coleta e análise de dados, a lotação de 3.250 peixes/ha foi a que apresentou os melhores resultados, com produção de 10.075 kg/ha/ano, com peixes pesando em média, ao final do ciclo, 3,1 kg. Em 1998, implantaram-se Unidades de Observação (UOs), em módulos comerciais, para validar os resultados anteriormente obtidos. Os resultados alcançados após três anos de observações confirmaram plenamente aqueles descritos no parágrafo anterior. Os dados utilizados no trabalho foram coletados pelos autores, durante três anos consecutivos, em formulários adotados pela Embrapa Amazônia Ocidental (Formulários A 1, 2, 3, 4 e 5), em oito Uos. Esses formulários estão incluídos como sugestão para uso por produtores. Cada uma dessas unidades ocupava uma área média de 2,5 ha, perfazendo o total de 20 ha de área alagada. As UOs estavam localizadas em duas piscigranjas de parceiros privados, situadas no Município de Rio Preto da Eva/AM, quatro em cada propriedade. As condições edafoclimáticas predominantes na região são: Latossolo Amarelo: textura muito argilosa; precipitação pluviométrica anual da ordem de 2.400 mm; temperatura média anual de 26,5ºC; média de umidade relativa do ar de 88%; média diária de brilho solar de 5,4h; velocidade média do vento de 0,7 m. s-1, e 11 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Todas as UOs, independente da sua localização, foram implantadas em viveiros (tanques e barragens) recebendo água, por gravidade, oriundas de igarapés de águas pretas, ácidas (pH ± 5) e com baixa fertilidade natural. Em ambos os tipos de corpo d'água, a renovação diária de água era, em média, de 5%. Em todas as unidades, utilizou-se o processo produtivo a seguir descrito: Preparo dos viveiros Ambas as áreas (tanques e barragens) eram preparadas anualmente para recepção de alevinos e juvenis, respectivamente, na seguinte seqüência: ! Limpeza - após, no mínimo, uma semana de exposição aos raios solares, procedia-se a limpeza do fundo e das laterais dos viveiros, deixando-os livres de tocos, pedras, restos de obras, plásticos e do excesso de lama do cultivo anterior; ! Correção da acidez do solo - a correção da acidez do solo do fundo dos viveiros foi realizada pela aplicação de calcário agrícola, 4 t no primeiro ano de cultivo e 2 t/ha/ano nos anos subseqüentes; ! Abastecimento dos viveiros - logo após a distribuição do calcário, iniciava-se o abastecimento dos viveiros; ! Fertilização dos viveiros - quinze dias após a aplicação de calcário quando a água dos viveiros apresentava pH variando de 6,5 a 8,5, e alcalinidade e dureza totais encontravam-se superiores a 30 mg de CaCO3, fazia-se fertilização com uréia (20 kg/ha) e superfosfato triplo (60 kg/ha), para estimular a produção primária dos viveiros (Plâncton zôo e fito). Essa prática, sempre que necessária, foi repetida, objetivando-se a manutenção satisfatória da produção primária. Recepção de alevinos e juvenis ! Alevinos - após correção da acidez (pH de 6,5 a 8,5) e fertilização (água verdeclara e transparência ± 40 cm), os alevinos eram colocados nos viveiros/tanques escavados. Programava-se a chegada deles à piscigranja logo cedo ou no fim da tarde (horas mais frescas). Os sacos com alevinos retirados do veículo de transporte eram colocados sobre a superfície da água do tanque, onde permaneciam de 10 a 20 minutos, dependendo da quantidade de oxigênio no saco (cheio ou meio murcho) e do tempo de transporte. Nesse período, para que houvesse equilíbrio da temperatura entre a água da embalagem (saco) e a do ambiente, sem movimentos bruscos, os sacos eram abertos e, com a mão em forma de concha, promovia-se a mistura das águas, colocando água do tanque nos sacos. Em seguida, lentamente, soltavam-se os alevinos, procurando fazê-lo em local com água límpida (não toldada). ! Juvenis - os mesmos cuidados e procedimentos anteriores eram tomados quando da recepção de juvenis nos viveiros de argila/barragens. 12 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Povoamento O povoamento dos viveiros obedecia às seguintes densidades populacionais: ! Fase de alevinos avançados/juvenis: conduzida em viveiros de argila/tanques com densidade populacional de 10 alevinos/m2; ! Fase de engorda: conduzida em viveiros de argila/barragens com densidade populacional de 3.250 peixes/ha. Manejo alimentar ! Fase de produção de alevinos/juvenis: conduzida em viveiros de argila/tanques escavados, com duração de dois meses. Nessa fase, os alevinos eram alimentados quatro vezes por dia, com ração extrusada e posteriormente triturada, contendo 32% de proteína bruta (PB) e energia digestível peixes (EDig Peixes) da ordem de 3.500 kcal/kg. O consumo diário variou de 5% a 10% do peso vivo (biomassa). ! Fase de engorda: conduzida em viveiros de argila/barragens, com duração de dez meses. Nessa fase, os peixes eram alimentados duas vezes por dia, com uma dieta à base de ração extrusada contendo 28% PB e 3 mil kcal de EDig Peixes. Procurou-se manter os mesmos horários dos arraçoamentos, com maior intervalo possível entre eles, dez horas no mínimo. Nesse período, o consumo diário variou de 1% a 5% do peso vivo, com média de cerca de 3% da biomassa. Biometrias ! Tanto na fase de alevinagem quanto na de engorda, utilizou-se uma amostra de 3% do lote para biometrias mensais, com intuito de medir o desenvolvimento corporal (comprimento), ganho de peso e conversão alimentar. Nessas práticas, todos os peixes manuseados foram submetidos a tratamento profilático, durante 15 minutos, em uma solução de água e sal de cozinha (NaCl) a 3%. Monitoramento da qualidade da água dos viveiros Com a finalidade de fazer com que a qualidade da água fosse mantida dentro da zona de conforto dos peixes, fez-se o monitoramento com base nos seguintes parâmetros físico-químicos: ! Diariamente (7h e 17h) Temperatura (ºC); Oxigênio Dissolvido (mg de O2D/L); Transparência (cm). 13 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas ! Quinzenalmente (7h) Alcalinidade Total (mg de CaCO3/L); Dureza Total (mg de CaCO3/L). ! Quinzenalmente (7h e 17h) Potencial Hidrogeniônico (pH) ! Mensalmente (17h) Amônia Total (mg de NH3/L); Nitrito (mg de NO2). Ciclo (meses) ! Fase de produção de juvenis: Dois ! Fase de engorda: Dez ! Ciclo total: Doze Análise financeira Esse segmento teve como pilar metodológico os trabalhos de Martin et al. (1998) e Scorvo Filho et al. (1998). Inicialmente, foram levantados os custos, que se compõem de: ! Custo operacional efetivo (COE); ! Custo operacional total (COT); ! Custo total de produção (CTP) Os valores correspondentes aos custos acima encontram-se na Tabela 1. 14 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Tabela 1. Custos de produção da criação de tambaqui em barragens, área 1 ha, valores expressos em R$1,00 de setembro de 2001. Discriminação Unid. Custo Operacional Efetivo (COE) Alevino Ração -Alevino Crescimento Mão-de-obra Encargos Sociais (43,73%) Medicamentos Sal Uréia Superfosfato triplo Calcário Transporte Outras Despesas (5% itens anteriores) SUBTOTAL 1 Custo Operacional Total (COT) SUBTOTAL 1 Manutenção Depreciação Remuneração do capital de custeio (9,75% a.a. sobre metade do custeio) SUBTOTAL 2 Custo Total de Produção (CTP) SUBTOTAL 2 Remuneração do capital investido (9,75% a.a. sobre metade do valor) TOTAL - Valor Unitário R$1,00 - Mil Ano 1 Quant. - Valor Total R$ 1,00 - Ano 2 Valor Total** Quant. - R$ - US$ - 80,0 4,3 344 4,3 344 127.41 1,2 0,9 180,0 250 11.840 6 300 10.655 1.080 472 250 14.850 6 300 13.365 1.080 472 111.11 4,950.00 400.00 174.81 -//kg kg kg t km 0,2 0,8 0,8 180,0 0,5 500 250 250 4 1.000 300 100 200 200 360 550 864 111.11 37.04 74.07 74.07 133.33 203.71 320.01 -//- - 18.135 - 6,716.67 - 18.135 680 1.587 884 6,716.67 251.83 587.77 327.41 21.286 - 7,883.70 - 18.699 1.229 21.286 1.229 7,883.70 455.19 19.928 22.515 8,338.89 kg kg H/M* -//- - -//- - 300 100 200 200 720 550 746 15.668 - 500 250 250 2 1.000 - 15.668 680 1.587 764 - - -//- 18.699 - - *H/M Relação 1 homem: 2 ha ** Taxa de câmbio de US$ 1,00 = R$ 2,70 A seguir, estimou-se a receita bruta (RB) do empreendimento para um hectare de área, que corresponde à quantidade produzida anualmente multiplicada pelo preço médio de mercado (Tabela 2). 15 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Tabela 2. Custos de produção e rentabilidade de cultivo de tambaqui, área 1 ha, valores expressos em R$ 1,00 de setembro de 2001. Discriminação Preço de Venda Custo de Produção Custo Operacional Efetivo Custo Operacional Total Custo Total de Produção Rentabilidade Renda Líquida I Renda Líquida II Renda Líquida III Rentabilidade Lucratividade (%) I R$kg 2,60 1,80 2,11 2,23 0,80 0,49 0,37 0,44 19,00 US$kg 0,96 0,67 0,78 0,83 0,29 0,18 0,13 0,16 19,00 II R$kg 2,75 1,80 2,11 2,23 0,95 0,64 0,52 0,53 23,00 US$kg 1,02 0,67 0,78 0,83 0,35 0,24 0,19 0,20 23,00 Ano III R$kg US$kg 3,00 1,11 1,80 0,67 2,11 0,78 2,23 0,83 1,20 0,40 0,89 0,33 0,77 0,28 0,67 0,25 30,00 30,00 IV R$kg 3,25 1,80 2,11 2,23 1,45 1,14 1,02 0,81 35,00 US$kg 1,20 0,67 0,78 0,83 0,53 0,42 0,37 0,30 35,00 V R$kg 3,50 1,80 2,11 2,23 1,70 1,39 1,27 0,94 40,00 US$kg 1,30 0,67 0,78 0,83 0,63 0,52 0,47 0,35 40,00 Obs.: taxa de câmbio de US$1,00 = R$ 2,70 Com base nos parâmetros supra, estimaram-se: !Receita líquida I: Diferença entre receita bruta e custo operacional efetivo; !Receita líquida II: Diferença entre receita bruta e custo operacional total; !Receita líquida III: Diferença entre receita bruta e custo total de produção; !Rentabilidade: Relação entre receita líquida I e COE; !Lucratividade: Relação entre receita líquida II e receita bruta, em percentagem. Para análises de custos e retornos, utilizaram-se os seguintes parâmetros técnicos e preços: !Investimentos - fixos R$ 25.200,00 que envolveram a construção de viveiros (1 ha de barragem e 500 m2 de tanques), arrastão/rede, tarrafa e balança (Tabela 3). Considerou-se a depreciação dos investimentos pelo método linear, sem considerar o valor de sucatas. Para estimativa dos juros sobre o capital fixo, considerou-se a taxa de 9,75% a.a. sobre a metade do valor investido, pois levou-se em consideração a depreciação ao longo do tempo, o que tornou o valor do capital fixo igual a zero ao final de sua vida útil. 16 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Área: 1,05ha Tabela 3. Investimentos e aquisição de equipamentos necessários ao cultivo de tambaqui. Investimentos/ha Discriminação Vida Útil R$1,00* US$** Barragens (1ha)/tanques (500m2)/monge 20 23.000 8,518.52 Arrastão/rede 3 (4,7,10,13,16,19)*** 1.500 555.56 Tarrafa 3 (4,7,10,13,16,19) 200 74.07 Balança 5 (6,11,16) 500 185.18 TOTAL -//25.200 9,333.33 * - Preços de setembro de 2001 ** - A taxa de câmbio foi de US$1,00 = R$2,70 *** - Entre Parênteses = anos de novas aquisições (reposição) Dentre os fatores de produção é crucial considerar o capital de giro; sem a existência desse capital, torna-se inviável todo processo produtivo. A Tabela 4 mostra, em detalhe, os fins aos quais se destinam tais recursos. Tabela 4. Capital de giro necessário ao custeio da produção de tambaqui e barragem com área de 1 ha nos primeiros anos do cultivo. Discriminação Alevino Ração Alevino Ração Crescimento Mão-de-obra*** Encargos sociais (43,73%) Medicamentos Sal Uréia Superfosfato triplo Calcário Transporte Outras despesas (5%) Total 4,3 250 11.840 6 -//- Valor Unitário* R$1,00 80 1,2 0,9 180 -//- Valor Total R$ US$** 344 127.41 300 111.11 10.656 3,946.67 1.080 400.00 472 174.81 -//500 250 250 4 1.000 -//-//- -//0,2 0,8 0,8 180 0,55 -//-//- 300 111.11 100 37.04 200 74.07 200 74.07 720 266.67 550 203.70 746 276.30 15.668 5,802.96 Unid. Quant. mil kg kg H/M -//-//kg kg kg t km -//-//- * - Preços de setembro de 2001 ** - A taxa de câmbio foi de US$1,00 = R$2,70 *** - Necessidade de mão-de-obra 1 homem:2ha Para tanto, consideraram-se: encargos sociais (43,73%) sobre a folha de pagamentos anual; a proporção 1 homem:2 ha de área explorada; salário mínimo R$ 180,00/mês; e taxa de juros 9,75% a.a. sobre metade do custo operacional efetivo. Os valores de manutenção e depreciação adotados encontram-se na Tabela 5. 17 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Tabela 5. Custo de manutenção e depreciação de construções civis e equipamentos. Discriminação Viveiros (barragens e tanques) Rede/Arrastão Tarrafa Balança Total Valor do Manutenção Investimento % a.a. Valor Anual R$ R$ 23.000 2 460 1.500 200 500 25.200 10 10 10 -//- 150 20 50 680 Depreciação % a.a. Valor Anual R$ 4,00 920 33,33 33,33 20,00 -//- 500 67 100 1.687 Para o sistema de cultivo analisado, os itens do custo operacional total, por ordem de importância, foram: ração, depreciação, mão-de-obra, juros de custeio, outras despesas, manutenção, transporte, calcário, alevinos, medicamentos, superfosfato triplo, uréia e sal (Tabela 6). Tabela 6. Composição do custo operacional total de um cultivo estabilizado de tambaqui numa área de 1 ha. Discriminação Alevinos Ração Mão-de-obra Encargos sociais Medicamentos Sal Superfosfato triplo Uréia Calcário Transporte Outras despesas Manutenção Depreciação Juros de custeio Custo operacional total 18 Em percentagem (%) 1,62 64,20 5,07 2,22 1,41 0,47 0,94 0,93 1,69 2,58 4,07 3,19 7,46 4,15 100 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas O componente mais importante do custo operacional total foi a ração, com participação de 64,20%. A importância da ração no COT chama a atenção para sua qualidade e preço. Em relação ao preço de aquisição, este pode variar muito de um fornecedor para outro, dependendo do poder de negociação do piscicultor, quer pela escala de aquisição própria, quer pela compra em grupo de produtores. Uma redução de 10% no preço da ração pode proporcionar redução de 2,45% no custo de produção. Os custos fixos do COT, todos menos ração, alevinos, juros de custeio e transporte, decrescem à medida que se aumenta a produtividade do sistema de cultivo. É na administração dos custos fixos que será possível reduzir o custo médio por quilograma produzido, principalmente intensificando o processo produtivo ou cortando os custos fixos possíveis. Os investimentos foram analisados pelo método da taxa interna de retorno e do tempo de recuperação do capital investido na atividade. Considerou-se, para composição do fluxo de caixa de diferentes partes de venda (Tabelas 7, 8, 9, 10 e 11) o horizonte de vinte anos, sendo o ano zero o período correspondente à implantação do projeto. Tabela 7. Fluxo de caixa ao preço de venda: R$ 2,60/kg. Anos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9/20 Inversões 25.200 -//-//-//-//-//-//-//-//-//- Valores em R$1,00 Custo Anual Receita -//-//19.928 120.956 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 22.515 26.195 19 FC 25.200 (24.172) (20.492) (16.812) (13.132) (9.452) (5.772) (2.092) 1.588 3.680 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Tabela 8. Fluxo de caixa ao preço de venda: R$2,75/kg. Anos 0 1 2 3 4 5 5 7/20 Inversões 25.200 -//-//-//-//-//-//-//- Valores em R$1,00 Custo Anual Receita -//-//19.928 22.165 22.515 27.706 22.515 27.706 22.515 27.706 22.515 27.706 22.515 27.706 22.515 27.706 FC (25.200) (22.963) (17.772) (12.581) (7.390) (2.191) 2.992 5.191 Tabela 9. Fluxo de caixa ao preço de venda: R$3,00/kg. Anos 0 1 2 3 4 5/20 Inversões 25.200 -//-//-//-//-//- Valores em R$1,00 Custo Anual Receita FC -//-//(25.200) 19.928 24.180 (20.948) 22.515 30.225 (13.238) 22.515 30.225 (6.382) 22.515 30.225 1.328 22.515 30.225 7.710 Tabela 10. Fluxo de caixa ao preço de venda: R$3,25/kg. Anos 0 1 2 3 4/20 Inversões 26.200 -//-//-//-//- Valores em R$1,00 Custo Anual Receita FC -//-//(25.200) 19.928 26.195 (18.933) 22.515 32.744 (8.704) 22.515 32.744 1.525 22.515 32.744 10.229 Tabela 11. Fluxo de caixa ao preço de venda: R$3,50/kg. Anos 0 1 2 3 4/20 Inversões 25.200 -//-//-//-//- Valores em R$1,00 Custo Anual Receita FC -//-//(25.200) 19.928 28.210 (16.930) 22.515 35.263 (4.182) 22.515 35.263 8.566 22.515 35.263 12.748 20 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas As saídas resultaram dos investimentos fixos realizados no ano zero e, a partir daí, do custo total da produção anual. Os fluxos de entrada de caixa foram constituídos pelas vendas anuais no final do ciclo de produção. No primeiro ano, considerou-se a produção como sendo de 80% do previsto para o sistema de cultivo estabilizado, pela necessidade de ajustes no início da produção. Na análise do custo de oportunidade do capital, considerou-se como taxa de desconto a utilizada pelo FNO/Basa, 9,75% a.a., em set/2001, para financiamento de investimentos em piscicultura. Também considerada taxa mínima de atratividade para investimentos em piscicultura (Faro, 1979). Para análise do retorno dos investimentos realizados, optou-se pelo método da taxa interna de retorno (TIR), que é a taxa de juros (j), real e não negativa, para a qual se verifica a relação (Faro, 1979): Onde: Bi - Benefício do projeto, em unidades monetárias, no ano i; Ci - Custos do projeto, em unidades monetárias, no ano i; j - Taxa interna de retorno (TIR); n - Horizonte do projeto (n=20). Analisou-se a viabilidade do projeto comparando-se a TIR obtida com o custo de oportunidade do capital (9,75%a.a.). (Tabela 12). Tabela 12. Preço de venda, taxa interna de retorno (TIR) e tempo de retorno do capital (TRC), na produção de tambaqui, área 1 ha. Preço (R$/kg) TIR (%) TRC (ANO) 2,60 10 8,67 2,75 16 5,83 3,00 26 3,92 3,25 35 2,83 3,50 44 2,80 Determinou-se a TIR para diferentes níveis de preços de venda, com o objetivo de analisar a sensibilidade do sistema de cultivo. Utilizou-se a fórmula (Faro, 1979): Onde: Fi - fluxo de caixa do projeto no ano I; K - tempo de recuperação do capital (TRC), em anos. 21 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Determinou-se o tempo de recuperação do capital (TRC), que é definido como sendo o número de anos em que a soma do fluxo de caixa, a partir do investimento inicial, torna-se nulo (Tabela 12). Resultados e Discussão Monitoramento da qualidade da água Os resultados apresentados na Tabela 13 representam média de três anos de coleta. Tabela 13. Parâmetros considerados na determinação da qualidade da água dos viveiros. Discriminação Parâmetros: Oxigênio Dissolvido Saturação de O2D Amônia Total Nitrito Alcalinidade Total Dureza Total PH Transparência Temperatura da água Unidade -//mg/L % mg/L mg/L mgCaCO3/L mgCaCO3/L Unidade cm ºC Desejável 4–8 50 – 100 <1 > 30 > 30 6,5 – 8,5 40 28 - 30 Tanques Escavados Resultados Alcançados Manhã Tarde 6,3 82,3 -//-//-//-//-//-//-//- 12,4 > 100 <1 0,1 36 40 7,5 50,2 28,3 Barragens Resultados Alcançados Manhã Tarde 3,2 40,0 <1 -//-//-//-//-//-//- 9,1 > 100 <1 0,1 24 30 6,7 70 28,9 Na fase de produção de alevinos avançados/juvenis, em viveiros sem troca de água, os valores dos parâmetros físico-químicos da água apresentaram-se dentro dos limites considerados zona de conforto dos peixes. O oxigênio dissolvido variou de 6,3 a 12,4 mg de O2D/L, às 6h e 18h, respectivamente. A temperatura foi de 28,9ºC, a transparência de 50,2 cm e o pH da ordem de 7,5. As concentrações de amônia total e nitrito foram da ordem de 1mg de NH3/L e 0,09 mg de NO2/L, respectivamente. A alcalinidade total foi 36 mg de CaCO3/L e a dureza total foi 40 mg de CaCO3/L. Nos viveiros de engorda, onde não se tinha controle de entrada e saída da água, a qualidade deixou a desejar em relação a vários parâmetros físico-químicos, quando comparados aos alcançados nos viveiros de alevinagem. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 3,2 a 9,1 mg de O2D/L às 6h e 17h, respectivamente. A temperatura foi de 28,3ºC, a transparência de 72 cm e o pH de 6,7. As concentrações de amônia total e nitrito foram de 1 mg de NH3/L e 0,1 mg de NO2/L, respectivamente. A alcalinidade total foi 24 mg CaCO3/L e a dureza total 40 mg CaCO3/L. 22 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Parâmetros técnicos do cultivo Os resultados médios alcançados em três anos de exploração do sistema de cultivo são apresentados nas Tabelas 14 e 15. A maioria dos parâmetros representa avanços quando comparada aos obtidos nos sistemas de cultivo em uso na região (Emater-AM, 1991), principalmente quanto ao ciclo de produção (12 meses), à conversão alimentar acumulada (1,50:1), à produtividade (3,10 kg/peixe/ano), à produção (10.075 kg/ha/ano) e à sobrevivência total (76%). Tabela 14. Parâmetros técnicos de um cultivo de tambaqui em barragens, numa área de 1 Discriminação Ciclo de produção (em meses) Densidade na produção de juvenis (alevinos/m2) Densidade de engorda (juvenis/m2) Taxa de conversão alimentar acumulada (kg de ração/kg de peixe) Taxa de sobrevivência total (%) Peso médio de venda (kg) Rendimento (kg/ha/ciclo) Parâmetros Trabalho 12 10 Técnicos Sistema de produção em uso* 36 20 3.250 1,50:1 2.500 3,50:1 76 3,1 10.075 54 4 10.000 * Fonte: Emater-AM (1991). Sistema de produção de tambaqui para o Estado do Amazonas Tabela 15. Indicadores do desenvolvimento do tambaqui em tanque escavado (2 meses) e barragem. Discriminação Tempo na piscigranja (mês) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 TIP (cm) 1,5 6,0 10,5 15,0 19,5 24,0 28,5 33,0 37,5 42,0 46,5 51,0 TFP (cm) 6,0 10,5 15,0 19,5 24,0 28,5 33,0 37,5 42,0 46,5 51,0 55,5 BIP/P (g) 0,3 15,0 45,0 125,0 250,0 475,0 800,0 1.200,0 1.700,0 2.125,0 2.550,0 2.900,0 BFP/P (g) 15,0 45,0 125,0 250,0 475,0 800,0 1.200,0 1.700,0 2.125,0 2.550,0 2.900,0 3.100,0 Observação: TIP (cm) - tamanho no início do período, em centímetros; TFP (cm) - tamanho no final do período, em centímetros; BIP/P (g) - biomassa no início do período por peixe, em grama; BFP/P (g) - biomassa no final do período por peixe, em gramas. 23 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Custos de produção e rentabilidade do sistema de cultivo A Tabela 2 resume os custos de produção e a rentabilidade do sistema de cultivo. O custo operacional efetivo (COE) do sistema de cultivo trabalhado, depois da estabilização, foi de R$ 1,80/kg. Considerando os diferentes preços de venda, verificou-se que a receita líquida I variou de R$ 0,80 a R$ 1,70/kg. Esses resultados indicam que para todos os preços de venda a renda líquida foi superior a 100% do custo operacional efetivo. De cada real aplicado diretamente na produção, o piscicultor obteve rentabilidade que varia de R$ 0,44 a 0,94, quando vende sua produção pelo menor e maior preços, respectivamente. O custo operacional total (COT) do cultivo foi de R$ 2,11/kg, o que resultou em rendas líquidas II que variaram de R$ 0,49 a 1,39/kg, dependendo da variação do preço de venda. Os resultados obtidos mostraram que o índice de lucratividade foram de 19% a 40%, indicando que o sistema de cultivo de tambaqui analisado foi lucrativo para os diferentes preços de venda. Considerando o custo total de produção, verificou-se que foi de R$ 2,23/kg, o que permitiu a obtenção de rendas líquidas que variaram de R$ 0,37 a 1,27/kg, dependendo do preço de venda. As receitas líquidas III variaram de R$ 3.728,75 a 12.795,25/ha/ciclo (ano), quando os preços de venda foram de R$ 2,60 e 3,50/kg de peixe, respectivamente. Retorno ao investimento e tempo de recuperação do capital A Tabela 1 apresenta TIRs e TRCs para diferentes preços de venda. Pelos valores da TIR, que se situam entre 10% e 44%, aos preços de R$ 2,60/kg e 3,50/kg, respectivamente, pode-se inferir que é significativa a diferença de rentabilidade resultante da variação de preço. Note-se que, nesse intervalo, o preço aumenta em 40%, enquanto a TIR eleva-se em 340%. Considerando como custo de oportunidade do capital a taxa de juros de longo prazo oficial, cerca de 18% ao ano, a viabilidade financeira do empreendimento dá-se a partir do preço de venda de R$ 3,00/kg. No entanto, tomando-se como custo de oportunidade de capital a taxa de juros oficial, específica para atividades agropecuárias na região, 9,75% ao ano, mesmo ao preço de R$ 2,60/kg o empreendimento é viável financeiramente. Pela análise dos períodos correspondentes ao TRC, que se situam entre 8,67 e 2,80 anos, pode-se deduzir que há substantiva redução no risco do empreendimento decorrente de pequena elevação no preço do produto. 24 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Conclusão ! É economicamente vantajoso produzir tambaqui em viveiros de argila/barragens no Estado do Amazonas, principalmente nos municípios próximos a Manaus. ! Sistema de cultivo de tambaqui em viveiros de argila/barragens pode ser utilizado por produtores rurais com esse tipo de instalação, munido de sistema de drenagem adequado (monge), independente da escala de produção, desde que resolvidos problemas outros (fundiário, creditício, de assistência técnica, etc.). ! A produção de tambaqui em viveiros de argila/barragens é uma das mais atrativas alternativas de investimentos na agropecuária amazonense. Referências Bibliográficas EMATER-AM (19). Sistema de produção para criação de tambaqui no Estado do Amazonas. Manaus: Governo do Estado, 1991. 35 p. FALABELA, P. G. R. A pesca no Amazonas: problemas e soluções. 2. ed. Manaus: FUAM,1995.108 p. FARO, C. Elementos de Engenharia econômica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1979. 328 p. MARTIN, N. B. et al. Custos e retornos na piscicultura em São Paulo. São Paulo, Informações Econômicas, v. 25, n. 1, p. 947, jan. 1955 PEREIRA FILHO, M. Nutrição de peixes em cativeiro. In: Criando peixes na Amazônia. VAL, A.; HONCZARYK, A. (Ed.). 1995. p. 61-74. ROLIM, P. A infra-estrutura básica para criação de peixes no Amazonas. In: Criando peixes na Amazônia. VAL, A.; HONCZARYK, A. (Ed.). 1995. p. 7-16. SCORVO FILHO, J. D.; MARTIN, N. B.; AYROZA, L. M. da S. Piscicultura em São Paulo: custos e retornos de diferentes sistemas de produção na safra 1996/97. Informações Econômicas, v. 28, n. 3, p. 41-60, mar. 1998. 25 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas ANEXOS Embrapa Amazônia Ocidental AVALIAÇÃO BIOMÉTRICA PISCICULTURA Fazenda Formulário A:1 Local: Data: Período Avaliado: / a / / População do Viveiro: Área: m2 Espécie Cultivada: Número Tamanho Peso Tamanho Peso de Ordem (cm) (g) (cm) (g) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 TOTAL Média Xt= Xp= Consumo de ração no período: kg Conversão Alimentar: Biomassa Atual no viv. kg Biomassa Anterior no viv. kg Incremento kg(%) Consumo de ração no dia da avaliação em relação à biomassa do viveiro % 26 Data Temp Cº pH Fazenda: Local: Espécie Cultivada: Alcal. Tot. CaCO3 mg/L Embrapa Amazônia Ocidental Dureza Tot. CaCO3 mg/L Amônia NH4 mg/L O2D Prof. 0,2m Manhã O2D Prof. 1,0m Tarde O2D Prof. 0,2m Manhã S=sol C=chuva O2D Prof. 1,0m Tarde Formulário A:2 Gás Carb. CO2mg/L N=nublado V=vento Transparência (cm) MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS VIVEIROS Condição do tempo Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas 27 Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Embrapa Amazônia Ocidental LEVANTAMENTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO Fazenda: Local: tanque nº Área: m2 Espécie Cultivada: População Inicial: Discriminação Custo Operacional Efetivo (COE) Alevino Ração -Alevino Crescimento Mão-de-obra Encargos Sociais (43,73%) Medicamentos** Sal Uréia Superfosfato triplo Calcário Transporte Outras Despesas (5% itens anteriores) SUBTOTAL 1 Custo Operacional Total (COT) SUBTOTAL 1 Manutenção Depreciação Remuneração do capital de custeio (9,75% a.a. sobre metade do custeio) SUBTOTAL 2 Custo Total de Produção (CTP) SUBTOTAL 2 Remuneração do capital investido (9,75% a.a. sobre metade do valor) TOTAL Formulário A:3 Mês: Ano: peixes Unidade Quantidade Valor Unitário R$1,00 Valor Total R$1,00 Composição dos custos (%) -//- -//- -//kg kg kg T km -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- -//- Mil kg kg H/M* -//- 100,00 -//-//-//-//- -//- -//- *H/M Relação = 1 homem:2ha ** Medicamentos R$25,00/ha/mês 28 -//- -//- 29 Data Pop. Do Viv. TIP (cm) TFP (cm) BIP (g) BFP (g) GEBV IPPV (kg) (%) Formulário A:4 DESEMPENHO DO CULTIVO CRP (kg) CAP CAA CDRPV CRERPV (kg) (%) Legenda: TIP tamanho inicial por peixe (cm); TFP tamanho final por peixe (cm); BIP biomassa inicial por peixe (g); BFP biomassa final por peixe (g); GEBV ganho em biomassa por viveiro (kg); IPPV incremento percentual por viveiro (%); CRP consumo de ração no período (kg); CAP conversão alimentar no período; CAA conversão alimentar acumulada; CDRV consumo diário de ração por viveiro (kg); CDRPV consumo diário de ração ao peso vivo (%) ; CRERPV consumo de ração em relação ao peso vivo (%). Povoamento Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Avaliação Biométrica Discriminação Fazenda: Local: Área: m2 Espécie Cultiva: Embrapa Amazônia Ocidental Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Mil Alevinos Ração Alevino Crescimento Calcário Uréia Superfosfato Triplo Cal Hidratada Cal Virgem Medicamentos Sal Azul de metileno Outros Energia Combustível Gasolina Óleo Diesel TOTAL 30 L L -//- Kwh kg g kg kg kg kg kg kg kg Unidade Discriminação Fazenda: Local: -//- Quantidade -//- Valor Unitário R$1,00 CONTROLE MENSAL DO CONSUMO DE INSUMOS Embrapa Amazônia Ocidental Valor Total R$1,00 Formulário A:5 Mês: Ano: Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas Amazônia Ocidental