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Conservação Do Solo E Da água

A conservação de solo constitui, sem dúvida, um dos aspectos mais importantes da agricultura moderna. A segurança da coletividade e os próprios interesses dos agricultores requerem que seja dada uma orientação técnica ao uso do solo. As atividades do homem que trabalha a terra, assim como as dos responsáveis pelo bem estar coletivo, terão que ser pautar pelos princípios conservacionistas como garantia da própria estabilidade.

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INTRODUÇÃO A conservação de solo constitui, sem dúvida, um dos aspectos mais importantes da agricultura moderna. A segurança da coletividade e os próprios interesses dos agricultores requerem que seja dada uma orientação técnica ao uso do solo. As atividades do homem que trabalha a terra, assim como as dos responsáveis pelo bem estar coletivo, terão que ser pautar pelos princípios conservacionistas como garantia da própria estabilidade. Segundo (LEPSCH et al,1991), o levantamento técnico das terras permite, através da análise conjunta das características morfológicas a propriedades físicas e químicas dos solos dos vários ambientes, identificar as classes de capacidade de uso das terras, pra então servir de base no planejamento agropecuário, fundamentando no uso racional das terras, ou em caso mais específico, fornecer subsídios para a avaliação de propriedades rurais. Este trabalho visa apresentar as explorações agrícolas sendo conduzidas em bases conservacionistas, sem descuidar, ao mesmo tempo dos interesses financeiros dos agricultores, para isso, é necessária a planificação racional do uso a ser dado a cada área de terra, tendo em vista o conjunto de suas principais características físicas ecológicas e econômicas. LEVANTAMENTO E PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA Um planejamento conservacionista requer um levantamento das características condicionadoras da capacidade de uso do solo, uma vez que a utilização racional terá que levar em conta a potencialidade de exploração de cada gleba. O controle de erosão por práticas conservacionistas, a adoção de modernas técnicas de mecanização e das melhores variedades das culturas, e o uso científico dos fertilizantes e corretivos, podem, para que tudo isso seja eficiente, o uso da terra precisa ser correto. Trabalho realizado por (MARQUES et allii) lançou as bases dos critérios para o levantamento e planejamento conservacionista a serem adotados no Brasil; anos após, os mesmos autores propuseram um trabalho mais avançado. Planejamento conservacionista é o estabelecimento de um esquema de trabalhos para propriedade agrícola, e tal forma que se assegure a conservação do solo juntamente com sua exploração lucrativa, redundando em completa renovação dos sistemas de trabalho, das práticas agrícolas, e mesmo, da organização das propriedades. Culturas e explorações serão trocadas de lugar, eliminadas totalmente ou introduzidas. Caminhos e cercas serão mudados de posição. Barragens, canais diques serão construídos. Tudo dentro das normas econômicas e em escalonamento compatível com as possibilidades do agricultor. Para conseguir seu objetivo, o planejamento conservacionista terá que se basear no conhecimento de todas as condições de ordem física, econômica e social que se inter-relacionam dentro da propriedade de modo a afetar ab sua exploração. Esse conhecimento se adquire mediante o que se denomina levantamento conservacionista, que nada mais é senão um breve e expedito inventário de todas as condições que podem modificar o uso do solo. As principais características condicionadoras da capacidade de uso do solo e que, assim, deverão ser tomadas como bases na execução do planejamento conservacionista, são: a unidade do solo a declividade do terreno a erosão e o uso atual que vem sendo dado. DECLIVIDADE DO TERRENO Para fins de planejamento conservacionista, não há necessidade, de modo geral, de discriminar no levantamento os graus de declive do terreno em suas mínimas variações. Será suficiente delimitar as zonas em que ocorrem de terminadas classes de declive, e, bem assim, a direção e o sentido do declive. De acordo com o Manual Brasileiro de Levantamentos da Capacidade de Uso são quatro grupos de declive. Declives suaves , inferiores à 2.5% Declives moderados entre 2.5 e 12% Declives Fortes entre12 e 50% Declives muito fortes superior a 50%. UNIDADE DE SOLO O conhecimento do tipo de solo de cada uma das glebas da propriedade é essencial para qualquer plano conservacionista. Realmente, conhecendo-se a natureza e as características do solo é que se poderá, com segurança, traçar normas para sua conservação. As unidades de solo nos levantamentos conservacionistas são separadas, entre si, em função das diferenças identificáveis, por exame sumário de campo, nas características do solo reconhecidamente importantes para determinação da capacidade de produção e para realização do planejamento conservacionista. Algumas dessas características podem ser identificadas por observação direta, tais como textura, cor, estrutura, porosidade; outras vezes, terão de ser inferidas dedutivamente em face das condições características que puderem ser observadas, como a fertilidade o teor de matéria orgânica e a reação de pH. EROSÃO Nos levantamentos conservacionistas, distinguem-se apenas as formas de erosão hídrica por arrastamento, pois a erosão por impacto apresenta seus efeitos somados àqueles da erosão por arrastamento. São levantados três tipos de desgaste pela erosão, erosão laminar, erosão em sulcos e erosão em voçorocas ou desbarrancados. São também levantados as acumulações ou deposições de sedimentos transportados. USO ATUAL DO SOLO Para determinar a capacidade de uso do solo, assim como planejar as necessárias mudanças na sua utilização, é de grande importância conhecer o seu uso atual. No levantamento, podem ser delimitados os diferentes tipos de uso do solo, assinalando-os com letras simbólicas conservacionistas, segundo o Manual Brasileiro de Levantamentos Conservacionistas. Os símbolos e as cores adotadas para a caracterização dos diferentes tipos de uso ou cobertura são, por exemplo: 1- Mato (verde dominante) 1. Vegetação espontânea F: Mata tropical e subtropical de terras altas (verde escuro) Co: cocais (predomínio de coqueiros) Pi: pinhais ou pinheirais Sad: savana densa Uso de Práticas Conservacionista A solução dos problemas decorrentes da erosão não depende da ação isolada de um produtor na sua propriedade. Um plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar com o envolvimento efetivo do produtor, do técnico, dos dirigentes e da comunidade. Princípios Básicos Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-se um maior aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por escoamento superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto, além de garantir o suprimento de água para as culturas, criações e comunidades, previne a erosão, evita inundações e assoreamento dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que alimentam os cursos de água. Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que escorrem sobre o terreno, possibilitando maior infiltração de água no solo e, diminuição do carreamento das suas partículas. Práticas Vegetativas Florestamento e reflorestamento Plantas de cobertura Cobertura morta Rotação de culturas Formação e manejo de pastagem Cultura em faixa Faixa de bordadura Quebra vento e bosque sombreador Cordão vegetativo permanente Manejo do mato e alternância de capinas Práticas Edáficas Cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra Controle do fogo Adubação: verde, química, orgânica Calagem Práticas Mecânicas Preparo do solo e plantio em nível Distribuição adequada dos caminhos Sulcos e camalhões em pastagens Enleiramento em contorno Terraceamento Subsolagem Irrigação e drenagem A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos aspectos ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região.  Cada prática, aplicada isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção adequada da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto de práticas. Apresentam-se, a seguir, comentários resumidos acerca de algumas destas práticas conservacionistas: Plantio em nível - neste método todas as operações de preparo do terreno, balizamento, semeadura, etc, são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a infiltração d'água no solo. Este pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo e da água. Porém, as práticas devem ser adotadas em conjunto para a maior eficiência conservacionista. Cultivo de acordo com a capacidade de uso - as terras devem ser utilizadas em função da sua aptidão agrícola, que pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas, cultivos perenes, cultivos anuais, pastagens, etc, racionalizando, assim, o aproveitamento do potencial das áreas e sua conservação. Reflorestamento - áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa capacidade de produção devem ser mantidas recobertas com vegetação permanente. Isto permite seu uso econômico, de forma sustentável, e proporciona sua conservação. Este cuidado deve ser adotado em locais estratégicos, que podem estar em nascentes de rios, topos de morros e/ou margem dos cursos d'água. Plantas de cobertura - objetivam manter o solo coberto no período chuvoso, diminuindo os riscos de erosão e melhorando as condições físicas, químicas e biológicas do solo. Pastagem - o manejo racional das pastagens pode representar uma grande proteção contra os efeitos da erosão. O pasto mal conduzido, pelo contrário, torna-se uma das maiores causas de degradação de terras agrícolas. Cordões de vegetação permanente - são fileiras de plantas perenes de crescimento denso, dispostas em contorno. Algumas espécies recomendadas: cana-de-açúcar, capim-vetiver, erva-cidreira, capim-gordura, etc. Controle do fogo - o fogo, apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de limpar o terreno, quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de degradação do solo e do ambiente. Correção e adubação do solo - como parte de uma agricultura racional, estas práticas proporcionam melhoramento do sistema solo, no sentido de se dispor de uma plantação mais produtiva e protetora das áreas agrícolas. A conservação do solo e da água melhora o rendimento das culturas e garante um ambiente mais saudável e produtivo, para a atual e as futuras gerações. (*) 1. Terreno desmatado. 2. Terreno cultivado morro abaixo. 3. Assoreamento de rios e açudes. 4. Erosão com voçoroca invade terras cultivadas. 5.Êxodo rural. 6. Lavouras cultivadas sem proteção. 7.Pastagem exposta à erosão. 8. Inundações (*) 1. Terreno com exploração florestal. 2. Terreno cultivado em curva de nível e outras práticas conservacionistas. 3. Rios e açudes livres de assoreamento. 4. Culturas com práticas conservacionistas. 5. Desenvolvimento de comunidades agrícolas. 6. Áreas de pastagens protegidas contra a erosão. 7. Áreas de pastagens protegidas. 8. Inundações controladas e áreas agrícolas reaproveitadas Quintino Reis de Araújo Engº Agronomo, DSc. Paulo César Lima Marrocos Engº Agronomo, DSc. Maria Helena de C. F. Serôdio Química Industrial, BSc Ceplac - Cepec-BA EXEMPLO DE UMA PROPRIEDADE QUE UTILIZOU O PLANEJAMENTO LEVANTAMENTO DO MEIO FÍSICO E CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS NO SISTEMA DE CAPACIDADE DE USO. (FAZENDA CASTELLI). RESUMO A propriedade se encontra na rodovia MT 130, Km 15 próximo à Primavera do Leste – MT. Esta sob a cobertura de um detrito-laterítica , em superfície aplainada, constituída por solos argilo-arenosos de coloração avermelhada, onde se encontra banhada pelo Rio Várzea Grande, no qual tem suas águas utilizadas para abastecimento de um pivô central. A região apresenta clima tropical, com uma temperatura média de 25 C com precipitação anual de 1800mm/ano, com chuvas abundantes e com umidade relativa em torno de 98%. A vegetação original presente é tipicamente Savana Arbórea Aberta com Floresta de Galeria constituída de campos cerrados, apresentando manchas de matas nas cabeceiras dos rios. Usualmente se encontra sob plantio intensivo de soja com uma produtividade média 58 sc/há na área de sistema de cultivo mínimo e 69sc/há na área sob pivô. Na propriedade foram encontradas basicamente duas classes de solos LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico e Gleissolo Húmico. Possui as seguintes classes, sub-classes e unidades de capacidade de uso das terras IIs-5 em 90,2% da área, IIIs-5,6 (5,0%), Va- 1;s-5,6 (4,3%) e Vis-3,5,6 com (0,50%) do total da área. Como sugestão de uso e manejo foram recomendadas para a área de classe II-s- 5, utilizada de forma intensiva com cultivos anuais sucessivos, práticas conservacionistas simples de melhoramento e manutenção da sua fertilidade, como calagens periódicas e adubações de manutenção, plantio em nível, cultivo em faixa, manutenção dos terraços de base larga. Como sistema de plantio o uso sistemático de Plantio direto na palha. Para áreas classificadas na classe IIIs-5,6 e Va-1;s-5,6, demarcadas como áreas de Reserva Legal e Preservação permanente, a única recomendação é a preservação contra o fogo e impedir possíveis desmatamentos. Para área classificada como Vis-3,5,6, área degradada, recomenda-se a sua recuperação com reflorestamento com essências naturais, aumentando a área de Reserva Legal da propriedade. CONCLUSÃO Ao iniciar um planejamento conservacionista, faz-se primeiro um mapa da propriedade: atualmente, isso é mais fácil com o uso de aerofotografia, que revelam os mais importantes fatores físicos de cuja influência se desenvolve uma combinação específica de práticas para cada unidade de área no mapa. Ao pensar em todos os tipos de solo, em todos os graus de declive e em todos os tipos de clima do país, combinados de diferentes maneiras, vê- se como pode diferir grandemente o uso do solo e a avaliação da capacidade de uso das terras . Para a otimização do potencial dos recursos naturais, economia de insumos e garantia da sustentabilidade dos sistemas de produção, é fundamental que se realize um planejamento conservacionista da propriedade agrícola. Este planejamento deve buscar a implementação de um conjunto de boas práticas agrícolas, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis. Referências Bibliográficas MARQUES, J. Q. A. BERTONI, J. & GROHMANN, F. Levantamentos conservacionistas. Campinas, Instituto Agronômico, 1957. 33p. (boletim 67). BERTONI, José, Conservação do solo/ Joaquim Bertoni, Francisco Lombardi Neto. – São Paulo : Ícone, 2005 – 5 edição. http://www.agrosoft.org.br/agropag/209507.htm http://www.ceplac.gov.br/radar/conservacaosolo.htm