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Conservação Do Solo A Preservação Ambiental

Manejo e Conservação do Solo e da Água

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Conservação do Solo a Preservação Ambiental 1 INDICE 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4 1.1. As terras virgens e a colonização do país ................................................................. 4 1.2. A erosão .................................................................................................................... 4 1.3. Responsabilidade de se defender o solo .................................................................. 5 1.4. OUESTIONÁRIO ....................................................................................................... 6 2 - A EROSÃO DO SOLO.................................................................................................... 7 2.1. A erosão e seus efeitos ............................................................................................. 7 2.2. Tipos e formas de erosão .......................................................................................... 7 2.2.1. Erosão pela Água ............................................................................................... 7 2.2.2. Erosão pelo Vento ............................................................................................ 10 2.2.3. Erosão pelas Ondas ............................................................................................. 10 2.3. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 11 3 - FATORES DETERMINANTES DA EROSÃO ............................................................... 12 3.1. A diversidade de fatores que influenciam a quantidade de enxurrada e a erosão .. 12 3.2. Efeito da chuva........................................................................................................ 13 3.3. Efeito do vento ........................................................................................................ 14 3.4. Efeito das ondas...................................................................................................... 15 3.5. Efeito da cobertura do solo ..................................................................................... 15 3.6. Efeito do manejo do solo ......................................................................................... 16 3.7. Efeito da declividade e do comprimento da rampa.................................................. 16 3.8. Efeito das propriedades do solo .............................................................................. 17 3.9. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 19 4 - PLANEJAMENTO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA-ÁGUA ................................ 20 4.1. Princípios básicos de conservação ......................................................................... 20 4.2. A eficiência dos meios que se empregam para a conservação do solo e da água . 20 4.3. O planejamento ....................................................................................................... 21 4.4. Capacidade de uso das terras ................................................................................ 21 4.4.1. Definição das Classes de Capacidade de Uso ................................................. 21 4.4.2. Classificação das Terras em Capacidade de Uso ............................................ 23 4.4.3. Código da Classificação das Terras em Capacidade de Uso ........................... 30 4.5. Considerações finais ............................................................................................... 31 4.6. OUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 32 5 - CONSERVAÇÃO DO SOLO ........................................................................................ 33 5.1. Práticas de controle da erosão ................................................................................ 33 5.2. Escolha da prática mais adequada de controle da erosão ...................................... 34 5.3. Determinação da declividade e locação de linhas niveladas .................................. 37 5.3.1. Determinação da Declividade do Terreno ........................................................ 37 5.3.2. Locação de Linhas Niveladas Básicas ............................................................. 37 5.4. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 39 6 - PRÁTICAS VEGETATIVAS DE CONTROLE DA EROSÃO ......................................... 40 6.1. Rotação de culturas ................................................................................................ 40 6.2. Culturas em faixas de rotação ................................................................................. 41 6.3. Culturas em faixas de retenção ............................................................................... 42 6.4. Culturas de proteção e adubação verde ................................................................. 43 6.5. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 44 7 - PRÁTICAS MECÂNICAS DE CONTROLE DA EROSÃO ............................................ 45 7.1. Plantio em nível ....................................................................................................... 45 7.2. Terraceamento ........................................................................................................ 46 2 7.2.1. Introdução ......................................................................................................... 46 7.2.2. Classificação dos Terraços .................................................................................. 46 7.2.3. Planejamento de um Sistema de Terraços ....................................................... 48 7.2.4. Considerações sobre Áreas Vizinhas ............................................................... 50 7.2.5. Análise do Declive ............................................................................................ 52 7.2.6. Comprimento dos Terraços .............................................................................. 53 7.2.7. Gradientes dos Terraços de Drenagem ............................................................ 55 7.2.8. Localização das Estradas, Carreadores e Cercas na Área a ser Terraceada .. 55 7.2.9. Espaçamento .................................................................................................... 56 7.2. 10. Quantidade de Terraços por Unidade de Área .............................................. 58 7.2.11. Cálculo das Dimensões dos Terraços ............................................................ 59 7.2.12. Locação de Terraços ...................................................................................... 61 7.2.13. Processos para Construção de Terraços ....................................................... 65 7.2.14. Manutenção dos Terraços .............................................................................. 68 7.2.15. Operação em Áreas Terraceadas ................................................................... 69 7.3. Cordões em contorno .............................................................................................. 72 7.4. Banquetas individuais ............................................................................................. 74 7.6. QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 77 8 - BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 78 LEI Nº 6225 de 14/07/75. ................................................................................................... 79 DIÁRIO OFICIAL DE 15/07/75. .......................................................................................... 79 3 1 - INTRODUÇÃO 1.1. As terras virgens e a colonização do país A terra virgem que os colonizadores encontraram era "dadivosa e boa" e totalmente coberta por uma vegetação natural compatível com o clima dominante na região. Havia pois, um equilíbrio natural que pode ser definido da seguinte maneira: o solo permitia o desenvolvimento de uma vegetação que protegia e fertilizava o solo com matéria orgânica abundante. A água infiltrava-se no solo e constituía um armazenamento capaz de suprir as necessidades vegetais e mantinha um lençol freático abundante, o qual fornecia água para as fontes e cursos d'água delas formados. Estes eram límpidos e as cheias, moderadas. Sob tais condições, a velocidade de, formação dos solos nunca era sobrepujada pela velocidade de remoção das camadas superficiais. Com a chegada dos colonizadores, a vegetação natural foi sendo eliminada paulatinamente; vagarosamente a princípio e cada vez mais rapidamente a medida que as culturas foram sendo estabelecidas e as estradas de ferro foram alcançando os mais longínquos rincões. Estabeleceu-se então uma verdadeira devastação de recursos naturais. O equilíbrio. entre o solo e a vegetação natural foi rompido. Os declives anteriormente cobertos pela vegetação foram despidos e as terras, profundamente erodidas ou cobertas pelos sedimentos. 1.2. A erosão O solo é, possivelmente um dos recursos naturais mais instáveis, quando desprotegido. Sob condições naturais, o efeito da erosão se faz sentir moderadamente como um processo normal que se desenvolve através dos séculos. Este fenômeno que esculpe o relevo terrestre é chamado Erosão Geológica ou Normal. Quando o solo é despido da sua vegetação natural ou submetido ao cultivo, fica exposto diretamente às forças erosivas. Neste caso, a água e o vento removem material com uma intensidade mil vezes maior do que a intensidade que se verifica quando o solo está naturalmente coberto. Esta remoção acelerada do material do solo é chamada simplesmente de Erosão: o fenômeno mais eficiente de depauperamento do solo. 4 Alguns dados sugerem que cerca de 20 cm de solo perdidos pela erosão desperdiçam de 1400 a 7000 anos de trabalho da natureza. Grandes quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, além de húmus, microorganismos benéficos e partes do corpo do solo são perdidos pela ação da erosão. Os nutrientes vegetais podem ser repostos num solo lavado, mas o solo se foi, ele mesmo, carregado para os rios e oceanos, a natureza só poderá reconstruí-lo no decorrer de muitos séculos. Por isso costumasse dizer que o solo é um recurso natural irreparável. 1.3. Responsabilidade de se defender o solo O cultivo de um solo erodido quase sempre é sinônimo de insucesso; uma vez que, as camadas mais profundas do solo são geralmente menos produtivas do que a camada superficial. Além do empobrecimento e da destruição do solo, a erosão causa danos à navegação, às represas destinadas a obtenção de energia e ao suprimento de água, e aos canais de irrigação e de drenagem. Deve-se ainda considerar que as plantas sofrem mais devido à seca quando o solo foi danificado pela erosão. Os danos causados pela erosão não atingem apenas o agricultor, mas toda a nação. A manutenção de uma agricultura permanente, depende de uma luta constante contra a erosão das terras de cultura, o que constitui o primeiro passo na direção do correto uso das terras. A responsabilidade de controlar a erosão recai, portanto, sobre o agricultor e sobre a nação: o primeiro protegendo o seu interesse particular e a segunda protegendo o bem estar de uma sociedade. 5 1.4. OUESTIONÁRIO 01. Descreva as condições de equilíbrio mantidos entre o solo e o ambiente antes da colonização. 02. Quais são as conseqüências da quebra do equilíbrio entre o solo e o ambiente? 03. O que é erosão? 04. O solo é um recurso natural facilmente recuperável? 05. Qual é a diferença entre o empobrecimento do solo pela erosão e o empobrecimento pelas culturas? 06. Discuta a responsabilidade individual e da nação de conservar o solo. 6 2 - A EROSÃO DO SOLO 2.1. A erosão e seus efeitos Erosão é o arrastamento de partículas constituintes do solo pela ação da água em movimento, resultante da precipitação, e pela ação do vento e das ondas. Os solos erodidos são, geralmente, difíceis de serem arados; uma vez que a facilidade de aração depende da consistência e da rugosidade do solo. Quando o arrastamento progressivo do solo atinge a rocha, muitas vezes as glebas tem que ser abandonadas por não se prestarem mais para a agricultura. No entanto, alguns solos, apesar de severamente erodidos ainda se mantêm produtivos, quando adequadamente tratados. Nesse caso, a presença de ravinas é que seria o fator limitante para o seu aproveitamento agrícola. Nos Estados Unidos da América do Norte, apesar do tremendo esforço de se aumentar a produção, na década de 30, o rendimento médio da produção de milho era menor do que nos fins do século passado Esse fato foi atribuído a perdas de solo pela erosão. Pode-se esperar, de maneira geral, que os solos não erodidos produzam de 1,5 a 30 vezes mais do que solos erodidos que tenham recebido os mesmos tratamentos. 2.2. Tipos e formas de erosão A erosão geológica ou normal constitui um fenômeno de tendência niveladora da superfície terrestre. Seu efeito carece de importância agrícola porque é equilibrada pelo processo de gênese do solo. A erosão acelerada se estabelece quando são destruídos os elementos naturais de equilíbrio, constituindo em fenômeno de alto significado, especialmente devido à rapidez com que se processa. Os fatores responsáveis por esse tipo de erosão são: a água, o vento e as ondas. 2.2.1. Erosão pela Água A erosão causada pela água em movimento é, nos climas úmidos, a de conseqüências mais dramáticas. A erosão pela água pode apresentar-se em seis diferentes formas: em lençol, em sulcos, por embate, por desabamento, em queda e vertical. 7 Erosão em Lençol A erosão em lençol, ou superficial, ou laminar, caracteriza-se por desgastar uniformemente a superfície do solo. Esta forma de erosão é, muitas vezes, imperceptível em seu primeiro estágio. Quando se manifesta um estágio avançado, o solo passa a apresentar uma cor mais clara, a enxurrada se apresenta lodosa, há decréscimo no rendimento das colheitas e finalmente, há o afloramento das raízes das plantas perenes. Erosão em Sulcos A erosão em sulcos, ou em canais, ou em ravinas, caracteriza-se pela presença de sulcos sinuosos que se localizam ao longo dos declives em conseqüência das correntes de água que escorrem sobre o terreno por ocasião das chuvas intensas. Muitas vezes, a erosão laminar evolui para a erosão em sulcos; embora nem sempre seja o início desta forma de erosão. Muitos fatores podem determinar o estabelecimento da erosão em sulcos. Deve-se, no entanto, salientar que a aração acompanhando o declive do terreno é um poderoso aliado da erosão em sulcos na sua obra destruidora. Além de desgastar e empobrecer o solo, como qualquer outra forma de erosão, a erosão em sulcos em estágio avançado representa um grave empecilho ao preparo do solo e aos cultivos, devido à dificuldade das máquinas transporem aqueles obstáculos. Erosão por Embate Quando a gota de chuva animada de alta energia atinge o solo, os agregados são destruídos, ficando grande quantidade de partículas texturais em estado individual. A ação deslocadora da enxurrada nem sempre tem capacidade de desagregara solo. Entretanto, se a água que se desloca na superfície do solo encontrar partículas desagregadas, a quantidade de material arrastado aumenta consideravelmente. O impacto da gota de chuva desagrega o solo e projeta as suas partículas a distâncias consideráveis, predispondo-as ao deslocamento pela água em movimento. Partículas finas em suspensão podem ser eluviadas indo se depositar em camadas mais profundas do perfil, onde pode ocorrer um horizonte de impedimento que vem agravar ainda mais o efeito destrutivo da erosão presente na superfície. A proteção do solo mais eficiente contra essa forma de erosão consiste em mantêlo com vegetação, principalmente no período chuvoso. 8 Erosão por Desabamento Essa forma de erosão pela água é muito comum nos terrenos arenosos. Os Regossois são particularmente sujeitos à erosão por desabamento. Essa forma de erosão se processa nos sulcos deixados pela enxurrada que são, geralmente, tortuosos. A corrente d'água atrita fortemente com as margens sinuosas, provocando desmoronamentos. Com o correr do tempo, os sulcos vão aumentando suas dimensões. A essa forma de erosão são atribuídos os desmoronamentos de aterros de estradas e os bruscos desabamentos, resultantes da erosão subterrânea que forma enormes gargantas denominadas voçorocas. Erosão em Queda A erosão em queda é de relativamente pequena importância agrícola. Essa forma de erosão se manifesta, principalmente, em canais escoadouros, quando a água se precipita de um barranco formando uma pequena queda d'água. Essa queda provoca o solapamento da base do barranco, ocasionando desmoronamentos periódicos que determinam a formação de um sulco que progride no sentido contrário do sentido da corrente d'água. Erosão Vertical Este fenômeno consiste no arrastamento de partículas e materiais solúveis através do solo. A erosão vertical não é mais do que a eluviação: a causa fundamental da diferenciação dos horizontes dos perfis de solos. A porosidade, a agregação e a natureza dos iônios saturantes dos complexo coloidal exercem grande influência sobre a natureza e a intensidade dessa forma de erosão. A conseqüência indesejável dessa forma de erosão está ligada à alta intensidade do processo, que pode se manifestar em determinadas condições, dando formação a horizontes de impedimento ou deslocando os nutrientes vegetais para camadas profundas inexploráveis pelas raízes das plantas. 9 2.2.2. Erosão pelo Vento A erosão eólica consiste no transporte aéreo ou por rolamento de partículas do solo pela ação do vento. Essa forma de erosão é de grande importância em regiões onde sopram fortes ventos. Em nosso ambiente, a erosão eólica apresenta efeitos dignos de nota, apenas, em regiões planas do planalto central e em alguns pontos do litoral. O teor de umidade do solo é um fator limitante da intensidade com que a erosão eólica pode ocorrer. Os prejuízos causados pela erosão eólica se referem principalmente ao enterramento de solos férteis pela sedimentação do material transportado; o que pode ocorrer mesmo a grandes distâncias do ponto em que o vento agiu ativamente. 2.2.3. Erosão pelas Ondas A ação conjunta do vento e da água provoca a formação de ondas. O efeito das ondas se manifesta nas regiões litorâneas, lacustres e nas margens dos rios. As ondas avançam sobre a terra desagregando-a e suspendendo grande quantidade de material. Ao retomarem, carregam o material em suspensão que será depositado seletivamente no fundo dos mares, dos lagos, e represas, nos deltas e no lado centrífugo dos meandros dos rios. No Brasil, apenas em alguns pontos esparsos. essa forma de erosão apresenta uma intensidade digna de nota. 10 2.3. QUESTIONÁRIO 01. Quais são os principais efeitos da erosão que apresentam significado agrícola? 02. Quais são os tipos de erosão e qual é o mais danoso para a agricultura? Por que? 03. Quais são as principais formas de erosão? 04. Qual é a forma de erosão mais prejudicial à agricultura? 05. Quais são os prejuízos pela erosão por desabamento em solos de pastagens? 11 3 - FATORES DETERMINANTES DA EROSÃO 3.1. A diversidade de fatores que influenciam a quantidade de enxurrada e a erosão A vegetação, declividade, natureza do solo e clima influenciam grandemente a quantidade de enxurrada e a erosão. A cobertura vegetal influencia a enxurrada e a erosão muito mais do que qualquer outro fator tomado isoladamente. A declividade e o comprimento da rampa e condições em que o solo se encontra são, também, fatores que contribuem grandemente para a intensidade do processo erosivo. As chuvas intensas causam muito mais erosão do que as chuvas leves. O solo, considerado isoladamente, devido à grande variação de lugar para lugar, introduz, condições muito variáveis que influenciam a quantidade de enxurrada de erosão. O sistema de manejo das culturas e práticas de pastoreio, assim como os métodos de preparo do solo, também, introduzem condições que devem ser cuidadosamente examinadas quando se planeja o controle da erosão. Em muitas terras, no entanto, o controle eficiente da erosão pode ser estabelecido pelo emprego de práticas simples. Mas, as condições essenciais nem sempre podem ser facilmente reconhecidas; conseqüentemente, teoria e vivência dos problemas conservacionistas são necessárias para assegurar o sucesso de um trabalho de conservação do solo. Em relação ao solo, os fatores determinantes da erosão podem ser classificados da seguinte maneira:  Fatores extrínsecos a) Naturais: chuva, vento e ondas b) Ocasionais: cobertura do solo e manejo do solo.  Fatores intrínsecos a) Topografia: declividade e comprimento da rampa b) Propriedades do solo: textura, estrutura, porosidade e permeabilidade, capacidade de infiltração, matéria orgânica, natureza do complexo coloidal e natureza dos cátions adsorvidos. 12 3.2. Efeito da chuva As chuvas intensas causam sempre muito mais erosão do que as chuvas pouco intensas, embora prolongadas. Se a chuva atinge vagarosamente o solo, a água tem tempo de se infiltrar e se distribuir no solo. Se a chuva atinge rapidamente o solo, as primeiras camadas ficam logo saturadas e a água escorre violentamente na superfície provocando enxurrada na direção do curso d'água mais próximo. Quando a velocidade da água que escorre na superfície aumenta, a sua capacidade de arrastamento de partículas é grandemente aumentada. Dobrando a velocidade, a capacidade de arrastamento pode aumentar de duas, quatro ou oito vezes, dependendo dos obstáculos que a água possa encontrar no seu percurso. O regime pluviométrico é conservacionista numa certa região. de grande importância para o planejamento As médias de precipitação anual tem relativamente pouca importância. As chuvas devem ser analisadas individualmente quanto à quantidade e duração. Quanto maior a sua intensidade, tanto maior será a sua erosividade. Vários índices de erosividade tem sido propostos, dentre os quais o índice KE > 25 mm tem sido recomendado como sendo o mais apropriado para o clima tropical e subtropical. O valor do índice KE = Q.E onde: Q = quantidade de chuva com intensidade maior do que 25 mm/h; E = energia da chuva em joules/m2 por mm de chuva. Ec = 12,14 + 8,88 log l O valor de Q deve ser buscado em dados meteorológicos da região e o valor de E, em tabelas especiais ou gráficos que relacionam energia cinética da chuva com a intensidade. Vários gráficos tem sido propostos por diferentes autores em diferentes regiões. A Figura 3.1. representa algumas dessas curvas. O acesso aos valores da erosidade da chuva tem duas aplicações principais: a) auxilia a melhorar o planejamento dos trabalhos de controle à erosão; 13 b) aumenta o conhecimento e a compreensão do fenômeno de erosão pela chuva. Figura 3.1. Relação entre energia cinética da chuva e intensidade. Os estudos foram realizados nos seguintes países: Hudson, Rodésia, Kelkar, Índia, Ker, Trindade, Mihard, Japão, Wischmeier, USA 3.3. Efeito do vento Quase todos os solos estão mais ou menos sujeitos à erosão eólica, dependendo da topografia, natureza do solo, clima, umidade do solo e cobertura vegetal. Em algumas regiões essa forma de erosão constitui seríssimo problema e em outras, embora existente, seus efeitos são insignificantes. Entretanto, o simples fator de existir poeira no ar, prova a presença do fenômeno. Contrariamente do que acontece com a erosão pela água, a topografia plana é a que oferece condições mais favoráveis para a erosão eólica. Embora esta forma de erosão seja mais comum nas regiões áridas e semi áridas, pode ocorrer sob outros climas, especialmente na estação seca. A cobertura vegetal é também um fator dê grande importância. Outros fatores podem influenciar a erosão eólica, como: uso excessivo do solo, saturação do complexo coloidal do solo e natureza dos iônios adsorvidos. A estruturação do solo é um fator de grande eficiência, que pode contrariar a susceptibilidade do solo a essa forma de erosão. Solos argilosos bem estruturados podem 14 ser resistentes; enquanto outros de textura mais grossa podem ser vulneráveis, se não apresentarem boa estruturação. A erosão eólica é, também, duplamente danosa. Prejudica tanto a região de onde o material se desloca como aquela onde o material se deposita. 3.4. Efeito das ondas A influência da ação conjunta da água e do vento se dá pelo fluxo e refluxo das ondas. A medida que essa forma de erosão progride, pode haver afloramento das rochas, característico das margens dos oceanos, lagos e grandes rios. Outras vezes, quando as margens são constituídas por materiais retransportados ou decompostos, o embate das ondas provoca solapamentos progressivos e conseqüentes desmoronamentos, às vezes de grande vulto. 3.5. Efeito da cobertura do solo A experiência e a observação tem demonstrado a eficiência da vegetação para aumentar a absorção da água da chuva pelo solo e, conseqüentemente, reduzir a enxurrada e diminuir a erosão. Os desbravamentos foram necessários para a adaptação das terras às culturas, mas raramente foram acompanhados da aplicação de meios para que o equilíbrio solo x vegetação não fosse rompido. Há que considerar, ainda, a proporção assustadora que os desbravamentos tomaram, quando a desvalorização do café provocou o incremento da cultura algodoeira. Devido à exigência de nutrientes e por expor o solo à erosão, essa cultura determinou a busca incessante de novas terras. Na defesa do solo contra a erosão, as culturas densas e dotadas de um sistema radicular superficial e abundante são as mais eficientes. A média anual de solo perdido de uma área, cuja cultura mantenha o solo descoberto, é de 3 a 6 vezes maior do que numa área semelhante densamente coberta com vegetação. As perdas de água, no primeiro caso, chegam a ser de 2,5 a 355 vezes maiores do que no segundo caso. A grande variação nas perdas de solo e água, em solos sob a mesma cultura, é devida à variação de outros fatores, como: natureza do solo, declividade e precipitação. O tipo de cobertura mais eficiente para controlar a erosão é a vegetação natural constituída por árvores e vegetação baixa. Nessas condições, o solo fica protegido contra o embate das gotas de chuva, o solo apresenta boa capacidade de infiltração e a água, que por ventura escorra na superfície encontra grande quantidade de obstáculos que não permitem que sua velocidade atinja uma intensidade capaz de causar danos apreciáveis. 15 3.6. Efeito do manejo do solo Para o caso de certas culturas, como a cana-de-açúcar, a erosão pode ser controlada apenas por meio de práticas culturais. O preparo do solo e o plantio segundo as linhas de nível controla o efeito da erosão. Infelizmente, esse fato não se verifica para todas as culturas. Entretanto, experimentos realizados com algodoeiro demonstraram que o plantio em nível determinou uma redução de 50% nas perdas de solo e de 0,3% nas perdas de água. Além do plantio em nível, o plantio de faixas, em nível com vegetação densa, intercaladas entre as linhas de outras culturas, é altamente eficiente no controle da enxurrada e da erosão. A rotação de culturas, por fornecer em média, maior cobertura do solo do que uma cultura contínua, e por melhorar as condições físicas do solo, reduzem a erosão e a enxurrada. 3.7. Efeito da declividade e do comprimento da rampa A importância da declividade em relação às perdas de solo e de água das terras cultivadas tem sido demonstrada por experimentos conduzidos em condições semelhantes de cobertura, solo e precipitação. Um acréscimo na declividade é sempre acompanhado de um aumento na velocidade de escoamento da água e conseqüentemente, aumento na sua força erosiva. O Quadro 3.1 apresenta o efeito da velocidade da água sobre o tamanho das partículas arrastáveis. Quadro 3.1. Relação entre velocidade da água e tamanho das partículas arrastáveis. Velocidade da Água (cm/s) 7,6 15,3 20,3 30,5 61,0 91,5 Tamanho das Partículas (separado do solo) argila areia fina areia muito grossa cascalho fino cascalho grosso seixos Desses dados, pode-se concluir sobre a importância do solo apresentar uma agregação estável, em relação à sua resistência à erosão. 16 A influência da declividade sobre as perdas de solo e da água varia consideravelmente com a natureza do solo. A erosão aumenta, também quando aumenta o comprimento da rampa. Isto se dá porque há aumento de água ao longo da rampa e conseqüentemente, aumento da velocidade de escoamento. Alguns experimentos demonstraram que, no entanto, isso nem sempre ocorre. Há casos em que a enxurrada e a erosão diminuem com o aumento do comprimento da rampa. Esse fato, paradoxal à primeira vista, pode ser explicado considerando-se a alta capacidade de infiltração e permeabilidade dos solos. 3.8. Efeito das propriedades do solo A textura é a propriedade que determina grande parte do comportamento do solo. Os solos de textura grossa apresentam macroporosidade mais elevada do que os solos argilosos nas mesmas condições de agregação. Por esse motivo, os solos arenosos apresentam maior capacidade de infiltração e maior permeabilidade. Assim sendo, os solos arenosos estão menos sujeitos à erosão do que os argilosos. Esse fato, no entanto, nem sempre se verifica, uma vez que nos solos podzólicos, por exemplo, há um horizonte B textural que pode constituir um verdadeiro "pan" que controla a hidrologia do perfil. No caso da presença de um horizonte de impedimento, as camadas arenosas se encharcam rapidamente e, embora suas partículas texturais sejam grandes, podem ser facilmente removidas pela erosão. A estrutura é uma propriedade muito instável, mas pode modificar as manifestações da própria textura. Um solo argiloso bem estruturado pode ser muito resistente à erosão. Como exemplo, pode-se citar o caso do Latossolo Roxo e do Latossolo Vermelho Escuro. A porosidade e a permeabilidade são uma conseqüência da interação textura x estrutura. Os solos que apresentam boa porosidade são capazes de deixar infiltrar abundantemente a água e de permitir que essa água se distribua rapidamente. Dessa forma não se formam deflúvios e a erosão é de menor significado. As incorporações de matéria orgânica são geralmente eficazes para reduzir a erosão. Mesmo os solos sem vegetação são beneficiados pelas incorporações orgânicas. A matéria orgânica melhora as condições do solo que favorecem a penetração de raízes e o desenvolvimento de microorganismos benéficos. Isso ajuda o processamento dos constituintes inorgânicos; transformando materiais inaproveitáveis em formas 17 aproveitáveis pelos vegetais. Ajuda, ainda a manutenção dos constituintes facilmente solúveis do solo, assim como os contidos nos fertilizantes. Entretanto, o efeito direto da matéria orgânica para aumentar a agregação do solo e para aumentar a capacidade de água disponível é um assunto discutível. No entanto, os benefícios da matéria orgânica se refletem num aumento da vegetação; a qual por sua vez, previne as perdas de solo e de água. Os catiônios adsorvidos às argilas, influindo sobre a agregação, também modificam a erodibilidade do solo. Catiônios, como o Na+, K+ e o radical NH4+, são dispersantes, salvo em quantidade muito elevada, quando podem provocar depressão na dupla camada iônica dos colóides e provocar a sua floculação. Um exemplo é o caso da agregação provocada pelo Na+ nos Solonetz. Outros catiônios, como o Ca+ +, Mg+ + e H+, são floculantes. Obviamente os solos que contem altos teores de Ca+ + são melhores para a maioria das culturas do que os que contem altos teores de H+. Mas, do ponto de vista da estruturação a calagem num solo ácido nunca será eficiente, uma vez que o H+ é muito mais eficiente do que o Ca+ +. Como no caso da matéria orgânica, o efeito das adubações e da calagem resulta sempre uma melhoria da resistência do solo à erosão. A composição química do complexo coloidal, expressa pela relação molecular SiO2/R2O3 é também um bom índice da erodibilidade do solo. Quanto mais alto for o valor dessa relação, tanto menos plástico e conseqüentemente, mais erodível será o solo. As argilas dos solos tropicais apresentam relações SiO2/R2O3, mais baixas do que as dos solos das regiões temperadas e frias. Segundo MIDDLETON (11), as relações SiO2/R2O3 de solos erodíveis e não erodíveis são as apresentadas no Quadro 3.2. Quadro 3.2. Relações Si02/R203 de solos erodíveis e não erodíveis. Solo SiO2 (%) Série Memphis Série Orang Série Nipe Série Aikin 80,90 90,63 7,96 40,57 Fe2O3 (%) Al2O3 (%) SiO2/R2O3 (relação molecular) 2,74 1,40 3,09 17,71 7,94 3,72 9,29 24,11 7,50 17,60 0,64 0,98 18 3.9. QUESTIONÁRIO 01. Quais são os principais fatores que determinam a erosão? 02. Qual é a diferença entre erosividade e erodibilidade? 03. O que significa e para que serve o índice KE > 25 mm? 04. Qual é a influência da cobertura vegetal sobre a erodibilidade do solo? 05. Quais os melhores vegetais para proteger o solo contra a erosão? 06. Por que a rotação de culturas é benéfica para proteger o solo contra a erosão? 07. Por que a declividade influencia a erosão? 08. Por que o comprimento da rampa influencia a erosão? 09. Qual é a propriedade física do solo mais importante em relação à erosão? 10. Discuta o efeito da adubação sobre a erodibilidade do solo. 11. Discuta o efeito da adubação sobre a erodibilidade do solo. 12. Discuta o efeito da calagem sobre a erodibilidade do solo. 13. Qual é a relação entre plasticidade e erodibilidade do solo. 14. Discuta os dados apresentados no quadro 3.2. 19 4 - PLANEJAMENTO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA-ÁGUA Os princípios básicos que norteiam os programas de conservação do solo e da água são dois. Muitas pessoas classificam esses princípios de impraticáveis e extremamente teóricos. 4.1. Princípios básicos de conservação O primeiro princípio pode ser enunciado da seguinte maneira: a prevenção e controle efetivo da erosão e conservação da água no solo, em qualquer unidade agrícola, requer a consideração de todos os tipos de terra, abrangendo a área de acordo com suas necessidades e capacidades, sem levar em conta a sua extensão. Fica fora de dúvida que o uso e o tratamento de uma gleba não devem ser determinados apenas em função das suas características físicas; mas, também deve-se considerar as facilidades, tais como: maquinaria, financiamento, preferência do agricultor, suas habilidades, vontade de experimentar novos métodos e sua inclinação. Outro comentário, a respeito desse primeiro princípio, é que cada parcela distinta deve ser considerada em relação às outras parcelas adjacentes, ou em relação a toda a fazenda, ou em relação a toda a bacia hidrográfica. O segundo princípio é o seguinte: "A aplicação eficiente das medidas conservacionistas requer a presença do técnico no campo". De acordo com esse princípio, o conservacionista não deve tratar com o agricultor no escritório, nem procurar realizar conservação do solo, apenas, dando-lhe boletins ou fichas para preencher. Deve ir ao campo com o agricultor e cooperativamente, traçar o plano que melhor se adapte à fazenda. Esse trabalho necessita de um técnico especial: o conservacionista, que deve ser experiente em avaliar o solo sob o ponto de vista da conservação do solo e da água, e que saiba elaborar um planejamento e aplicá-lo às diferentes parcelas de uma fazenda. 4.2. A eficiência dos meios que se empregam para a conservação do solo e da água O conservacionista dispõe de muitos meios para o controle da erosão. Entretanto, práticas eficientes ainda não foram encontradas para resolver todos os problemas ou todas as combinações de problemas conservacionistas. É necessário pesquisar constantemente em busca de soluções mais baratas e mais eficientes. A Conservação do solo é o ramo mais recente da Ciência do Solo e vem sendo suportada por um grande número de experimentos que procuram melhores métodos e melhor equipamento para realizar o trabalho. 20 A pesquisa e a experiência prática vem rapidamente trazendo novos conhecimentos e novos métodos de campo para atender às necessidades de cada região agrícola; uma vez que não haja um método de aplicação geral que possa ser indiscriminadamente aplicado em todos os solos sob quaisquer condições. 4.3. O planejamento Trabalhando de comum acordo com o agricultor, o conservacionista prepara o plano conservacionista baseado nas informações obtidas no campo. Em alguns casos o plano pode não estar inteiramente de acordo com o agricultor. Se isso acontecer, do ponto de vista prático, não pode ser considerado um bom plano; deve ser ajustado para atender, se possível, as necessidades do agricultor e de sua família e as oportunidades dos mercados. Do ponto de vista da conservação do solo, o plano baseado na análise das condições da terra, é ideal. Quanto mais o agricultor puder se aproximar desse plano ideal, tanto mais produtivo e estável será o seu empreendimento. 4.4. Capacidade de uso das terras O planejamento de uma gleba é baseado grandemente na capacidade de uso da terra. As informações sobre o meio físico, previamente necessárias para a realização do planejamento são: declividade, grau de erosão, susceptibilidade a inundações, pedregosidade, salinidade, presença de lençol freático superficial, uso atual, textura, profundidade efetiva, relação solo x água e fertilidade. Essas informações são levadas ao agricultor em forma bem esquemática; usualmente como um "croquis" sobre uma fotografia aérea. Esse esquema deve mostrar as 8 classes de capacidade de uso, que variam desde as terras de qualidade e condições favoráveis, que não necessitam tratamentos especiais para produzir e para proteção contra a erosão até as que necessitam tratamentos especiais e as que jamais devem ser cultivadas. 4.4.1. Definição das Classes de Capacidade de Uso  Terras próprias para serem cultivadas - Classe I. Terras de boa produtividade, praticamente livres de erosão e próprias para serem cultivadas sem tratamentos especiais; algumas áreas podem necessitar adaptação aos cultivos, como: desbravamento ou drenagem simples. 21 - Classe II. Terras de produtividade de moderada a boa, próprias Para serem cultivadas com os tratamentos ordinários ou práticas simples de controle à erosão, tais como: plantio em contorno, culturas de cobertura, práticas simples de drenagem, com pequenos canais onde forem necessários. - Classe III. Terras de moderada a boa produtividade próprias para os cultivos com intensas práticas de controle à erosão, tais como: terraceamento, culturas em faixas, pesadas adubações ou instalações de sistema de drenagem.  Terras próprias para culturas limitadas - Classe IV. Terras de moderada produtividade, próprias principalmente para pastagens, devido a declividade ou erosão. Ocasionalmente podem ser utilizadas para culturas em linha, necessitando, neste caso, de práticas intensivas para prevenir a erosão.  Terras impróprias para serem cultivadas - Classe V. Terras impróprias para culturas, mas utilizáveis para pastagens ou florestas, desde que se adotem práticas adequadas para assegurar sua utilização constante. Geralmente são planas. Suas limitações se referem a encharcamento ou a pedregosidade. - Classe VI. Terras impróprias para culturas, mas adequadas para pastagem ou reflorestamento, desde que se adotem práticas especiais para assegurar uso constante. A declividade ou a profundidade efetiva são os principais fatores limitantes para o seu uso agrícola. - Classe VII. Terras próprias para pastagem e florestas, quando utilizadas com extremo cuidado para prevenir a erosão. São muito declivosas, erodidas, de superfície irregular, rasas, muito secas ou pantanosas. Em climas úmidos deve ser utilizada apenas para florestamento. - Classe VIII. Terras que não se prestam para culturas, pastagens ou florestas, embora tenham certo valor para abrigo da vida silvestre e recreação. Essas terras, geralmente, são de superfície muito irregular, pedregosas, arenosas, encharcadas ou expostas a erosão muito severa. Tudo que esta classificação técnica mostra é que intensidade de uso é melhor e com que cuidado o seu manejo deve ser realizado. Deve-se salientar que esse sistema de classificação se refere mais ao risco de erosão e não tanto à produtividade. Terras da Classe II ou III, por exemplo, não quer dizer que possam apenas produzir colheitas de rendimento inferior. Essas terras podem, em casos especiais, produzir melhor do que as terras da Classe I. 22 4.4.2. Classificação das Terras em Capacidade de Uso A classificação e o mapeamento das terras em classes de capacidade de uso são grandemente facilitados quando se dispõe de uma carta de solos da região.  Carta de solos ao nível de Grande-Grupo Nesse caso, há necessidade de se detalhar, com as informações especificamente necessárias ao propósito que se tem em vista, a carta de solos ao nível de Grande-Grupo. Posteriormente, procede-se ao grupamento interpretativo, informações acerca das propriedades e condições do solo. com base nas  Carta de solos ao nível de Série Quando se dispõe de uma carta de solos ao nível de Série, o trabalho fica bem simplificado, reduzindo-se à coleta de algumas informações suplementares e agrupamento dos solos de acordo com suas propriedades e condições limitantes para o uso agrícola.  Ausência de carta de Solos Não se dispondo de uma carta de solos tem-se que realizar uma classificação e mapeamento técnico dos solos da região. Para o levantamento deve-se contar com uma planta da fazenda ou, preferivelmente, com um mosaico fotográfico. Além disso é necessário um levantamento hipsométrico ou uma restituição a partir dos pares fotográficos. Percorrendo detalhadamente o terreno, o conservacionista deverá levantar: natureza do solo, aproximadamente ao nível de Séries; declividade; profundidade efetiva; drenagem; forma e grau de erosão; pedregosidade; fertilidade aparente. Avaliação das Propriedades e Condições do Solo Declividade vem a ser a percentagem de inclinação do terreno. Pode ser expressa pela seguinte fórmula: D = V x 100; H onde, D = declividade em % V = distância vertical em metros H = distância horizontal entre os dois pontos considerados. 23 No Quadro 4.1 estão apresentadas as classes de declive em função da textura do solo. Quadro 4.1. Classes de declive. Classe A B C D E F Textura do Horizonte Superficial Arenosa 0-1 1-4 4-8 8 - 15 15 - 30 > 30 Barrenta 0-2 2-6 6 - 12 12 - 20 20 - 40 > 40 Argilosa 0-3 3-8 8 - 16 16 - 30 30 - 45 > 45 A textura se refere à composição mecânica da camada superior do solo. Nos solos virgens, considera-se o horizonte A e nos solos cultivados, a zona arada que apresenta de 15 a 25 cm. A textura pode ser avaliada no campo, manipulando-se uma amostra molhada ao nível de pegajosidade. A textura de solos que apresentam problemas para a avaliação da textura pelo tato, ou pertencentes a unidades ainda não identificadas, deve ser determinada no laboratório. Os símbolos correspondentes a cada uma das classes texturais, segundo RANZANI (12), são apresentados no Quadro 4.2. Quadro 4.2. As classes texturais e seus símbolos. Classe Textural 1 - Areia 2 - Areia barrenta 3 - Barro arenoso 4 - Barro 5 - Barro limoso 6 - Limo 7 - Barro argilo-arenoso 8 - Barro argiloso 9 - Barro argilo-limoso 10 - Argila arenosa 11 - Argila limosa 12 - Argila Símbolo a ab ba b b1 1 bra br br1 ra r1 r 24 A profundidade efetiva é a profundidade que o solo oferece à penetração das raízes vegetais. Essa característica é avaliada independentemente dos horizontes que o perfil de solo possa apresentar. Lençol freático, rocha consolidada e pans limitam a profundidade efetiva de um solo. No entanto um solo, cuja rocha subjacente seja inconsolidada, pode apresentar uma profundidade efetiva maior do que a profundidade do próprio perfil. A estimativa da profundidade efetiva pode ser feita segundo o critério apresentado no Quadro 4.3. Quadro 4.3. Classes de profundidade efetiva. Classe Muito profundo Profundo Moderadamente profundo Raso Muito raso Profundidade (cm) > 200 100 - 200 50 - 100 50 - 25 < 25 A drenagem do Solo refere-se à maior ou menor facilidade que o solo apresenta de permitir que escoe o excesso de água, isto é, da água gravitacional. A melhor indicação morfológica da drenagem de um solo é a cor dos seus horizontes. As classes de drenagem consideradas são as seguintes: muito pobre; pobre; moderada; boa; excessiva. Deflúvio vem a ser a água que escorre na superfície do solo após a precipitação. A quantidade e a velocidade do deflúvio depende da infiltração, permeabilidade, declive, comprimento de rampa e da precipitação. As classes de deflúvio são as seguintes: nulo; muito lento; moderado; rápido; muito rápido. A estimativa da forma e grau de erosão é uma das mais difíceis de ser feita; pois, envolveria o conhecimento do solo antes de ter sofrido os efeitos do fenômeno erosivo. O critério utilizado para a avaliação do grau de erosão laminar é a espessura do horizonte superficial. As classes de erosão laminar estão apresentadas no Quadro 4.4. 25 Quadro 4.4. Classes de erosão laminar. Classe Espessura do horizonte superficial (cm) Não aparente Ligeira Moderada Severa Muito severa Extremamente severa 25 25 - 15 15 - 5, podendo atingir o B horizonte B exposto horizonte B severamente erodido horizonte B severamente erodido e afloramentos ocasionais do C. A avaliação da erosão em sulcos é feita em função da freqüência e profundidade dos sulcos. O Quadro 4.5 apresenta as classes de erosão em sulco quanto a freqüência e profundidade. Quadro 4.5. Classes de erosão em sulcos. Classe Ocasional Freqüente Muito freqüente Classe Raso Profundo Muito Profundo Distância entre sulcos (m) 30 30; ocupando menos de 75% da área Ocupando mais de 75% da área Profundidade Desfeitos pelo preparo do solo Podem ser cruzados pelas máquinas agrícolas, mas não são desfeitos pelo preparo do solo Não podem ser cruzados pelas máquinas agrícolas Os riscos de inundação são avaliados em função de dois critérios: freqüência e duração. O Quadro 4.6 apresenta as classes de risco de inundação. 26 Quadro 4.6. Classes de risco de inundação. Classe Período (anos) Ocasional Freqüente Muito freqüente 5 1-5 anualmente Classe Duração (dias) Curta Média Longa 2 2 - 30 30 A presença de pedras num terreno pode interferir com as operações agrícolas mecanizadas. Se o solo não apresenta condições para a produção agrícola, pouco importa a pedregosidade; mas, solos que são adequados para serem cultivados devem ter a pedregosidade cuidadosamente avaliada. O critério para a avaliação da pedregosidade é a porcentagem da área que o cobrem. O Quadro 4.7 apresenta as classes de pedregosidade. Quadro 4.7. Classes de pedregosidade. Classe Não mencionável Ligeiramente pedregoso Moderadamente pedregoso Pedregoso Muito pedregoso Extremamente pedregoso % Área < 0,01 % ou 1 m2/ha 0,01 -1 %ou 1 a 100 m2/ha 1 - 10% ou de 100 a 1000 m2/ha 10 - 30% ou de 1000 a 3000 m2/ha 30 - 50% ou de 3000 a 5000 m2/ha > 50% ou 5,000 m2/ha A fertilidade pode ser deduzida a partir da apreciação dos dados analíticos do solo e observações feitas no campo. Podem-se considerar 5 níveis ou classes de fertilidade que se deve dispor, para a determinação das classes de capacidade de uso das terras; entretanto, outras informações podem ser de grande ajuda, como: seca edafológica; água disponível; riscos de geada. 27 Determinação da Classe de Capacidade de Uso do Solo Os itens apresentados podem ser comparados às aduelas de um barril; o que estiver em nível menor é que regula a capacidade de uso das terras. Essa comparação é semelhante à utilizada para explicar a "Lei dos mínimos de Liebig". De posse da avaliação das propriedades e condições do solo pode-se utilizar a Tabela 4.1. As Subclasses de Capacidade de Uso Dentro das principais classes de capacidade de uso, subclasses mais específicas são utilizadas para detalhar problemas particulares. No Sistema Americano são reconhecidas subclasses, apenas, para as classes II, III e IV. As subclasses são identificadas pela adição das seguintes letras às classes: e = vulnerabilidade do solo à erosão é o principal problema para o seu uso; a = quando o excesso de água é o principal problema; c = quando o clima (temperatura ou falta d'água) é o principal problema; s = quando as limitações do solo (salinidade, fertilidade, etc.) constituem o principal problema. Tabela 4.1. Fatores determinantes das classes de capacidade de uso das terras. LIMITAÇÃO Fertilidade Aparente Profundidade Efetiva (cm) Drenagem Interna Classes de Capacidade de Uso ________________________________________________ I II III IV V VI VII VIII muito alta alta média baixa muito baixa x x muito profundo profundo moderada raso muito raso x x excessiva boa moderada pobre muito pobre x x x x x x x x x x 28 LIMITAÇÃO Deflúvio Superficial Pedregosidade Risco de Inundação Classe de Declive Grau de Erosão Laminar Sulcos Rasos Sulcos Médios Sulcos Profundos muito rápido rápido moderado lento muito lento sem pedra menor que 1 % 1 a 10% 10 a 30% 30 a 50% maior que 50% Classes de Capacidade de Uso ________________________________________________ I II III IV V VI VII VIII x x x x x x x x x x x ocasional freqüente muito freqüente x x x A (0 - 2%) B (2 - 6%) C (6 - 12%) D (12 - 20%) E (20 - 40%) F(maior que 40%) x não aparente ligeira moderada severa muito severa Extr. severa x ocasionais freqüente muito freqüente ocasionais freqüente muito freqüente ocasionais freqüente muito freqüente x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 29 LIMITAÇÃO Classes de Capacidade de Uso ________________________________________________ I II III IV V VI VII VIII Voçorocas Seca Edafológica x muito longa longa média curta muito curta x x x x x A Unidade de Capacidade de Uso A unidade de capacidade de uso é o grupo de manejo em que melhor se enquadre o solo. Grupo de manejo é o conjunto das subclasses de capacidade de uso de uma gleba que deverão, em vista das propriedades e condições dos solos, receber os mesmos tratamentos agrícolas ou o mesmo sistema de manejo. Pode-se dizer, ainda, que unidade de capacidade de uso é o conjunto de subclasses de capacidade de uso, cuja limitação se refere à mesma causa. Considere-se as seguintes subclasses de capacidade de uso: 1 IIs; 2 - IIs e 3 - IIs. Nas duas primeiras, a limitação se refere à fertilidade e na terceira, se refere à profundidade efetiva. Nesse caso, as subclasses 1 e 2 pertencerão à mesma unidade de capacidade de uso. A identificação da unidade de capacidade de uso se faz adicionando um número arábico antes do símbolo da subclasse. Exemplo: 1 - lls, 2 - lls, etc. A classificação em classe, subclasse e unidade de capacidade de uso não é fixa e definitiva. Corrigida uma certa limitação, a seguinte em importância, passará a ser a limitante para a classificação. Conseqüentemente, a classificação de uma área pode modificar toda vez que uma limitação for corrigida. 4.4.3. Código da Classificação das Terras em Capacidade de Uso O código da classificação em capacidade de uso tem dois propósitos: 1 - cada informação é sempre colocada na mesma posição, onde pode ser sempre facilmente encontrada; 2 - constitui uma forma conveniente para resumir, grande número de informações num espaço limitado, diretamente sobre um mapa ou fotografia aérea. 30 Esse código consiste de uma série de letras e algarismos cada um dos quais indica o valor de uma característica. A representação do código é feita da seguinte maneira: Profundidade Textura Declividade Por exemplo: Permeabilidade; Erosão 2 b1 3 D 4 Esses são os principais fatores que são incluídos em todos os sistemas de códigos; embora cada sistema tenha sua própria escala de valores. 4.5. Considerações finais Pode-se dizer que planejar é um processo consciente de selecionar e desenvolver a melhor linha de ação no sentido de atingir um objetivo. No caso do planejamento do uso da terra, o objetivo é o uso eficiente e intensivo da terra. Planejar significa, portanto, avançar através de uma seqüência lógica de degraus, que são: coleta das informações necessárias, análise das informações, ponderação das alternativas, tomada de decisões e chegada aos resultados. A classificação de capacidade de uso das terras é de muita valia no planejamento do uso da terra; pois, encerra uma coleção lógica e sistemática de informações sobre o solo. Evidentemente, outras informações, como as de ordem política, econômica e social, também devem ser consideradas para se atingir a decisão mais acertada quanto ao uso da terra. 31 4.6. OUESTIONÁRIO 01. Quais são os princípios que devem nortear os programas de conservação do solo? 02. Quando um planejamento conservacionista pode ser considerado bom? 03. Como é feito um planejamento conservacionista? 04. Qual o material necessário em cada uma das fases , do planejamento conservacionista? 05. O que é capacidade de uso de uma terra? 06. O que, além das condições físicas, deve ser considerado no desenvolvimento de um planejamento de uso da terra? 07. Enumere os itens de informações físicas para o planejamento de uso de terra. 08. Quais são os fatores que podem determinar subclasses de capacidade de uso? 09. O que é unidade de capacidade de uso? 10. Para que serve o código de classificação das terras em capacidade de uso? 32 5 - CONSERVAÇÃO DO SOLO As práticas de controle da erosão visam manter o solo permanentemente produtivo. Muitas vezes o agricultor é levado a explorar o solo na esperança de altos lucros; entretanto, se esquece que o solo é um recurso natural que se perde facilmente se não for racionalmente tratado. Por outro lado, a população da Terra aumenta numa proporção de 3% ao ano; esperando-se que por volta do ano 2000, o número de habitantes da terra atinja 7,5 bilhões de seres humanos. Nessa época a população brasileira, provavelmente, atinja 260 milhões de habitantes. Embora o problema de espaço ainda não preocupe, o problema de alimentação, agasalho e abrigo já ameaça a humanidade, desde longa data. A área agricultável da terra foi estimada em 1.000.000.000 de hectares; mas, está diminuindo rapidamente devido aos efeitos desastrosos da erosão. De maneira geral, estima-se que a produtividade dessa área possa ser triplicada ou até, quintuplicada. A conservação do solo é o campo da ciência do solo que visa obter essa elevação da produtividade dos solos sem que corram o risco de sofrerem desgaste. 5.1. Práticas de controle da erosão O controle da erosão é apenas um capítulo da Conservação do Solo, que se preocupa com a aplicação de técnicas que visam o controle das perdas de solo e de água das terras utilizadas para fins agrícolas. As práticas vegetativas são o conjunto de técnicas de controle da erosão que não envolvem movimento de terra ou obras de engenharia. Essas práticas são recomendadas para terras, cuja declividade seja menor do que 6%, não apresentem sulcos e nem estejam sujeitas à erosão muito intensa. As práticas vegetativas incluem o plantio em nível, faixas de rotação ou de retenção e reflorestamento. As práticas mecânicas são as que envolvem movimentos de terras ou obras de engenharia para contenção das enxurradas. Dentre as práticas mecânicas pode-se citar: a construção de terraços, de cordões de contorno e de banquetes. 33 Essas práticas são recomendadas para terrenos cuja declividade seja maior do que 6%, ou esteja, sujeitos à erosão intensa. Em muitos casos, o controle da erosão é feito associando-se práticas mecânicas e práticas vegetativas. 5.2. Escolha da prática mais adequada de controle da erosão Para a escolha da prática conservacionista que se deve adotar, deve-se considerar: a declividade e a natureza do solo. A declividade é expressa em porcentagem de declive, sendo calculada de acordo com a fórmula: D = V x 100; H sendo: D = declividade em % V = distância vertical entre dois pontos e H = distância horizontal entre esses dois pontos Determina-se a declividade de um terreno sempre segundo a linha de maior declive. A Tabela 5.1 apresenta a transformação de ângulos de inclinação para declividade. Determinada a declividade a que o solo está sujeito, pode-se escolher a prática conservacionista mais adequada. A Tabela 5.2 apresenta sugestões para a escolha da prática conservacionista. A natureza do solo é de importância muito grande na manifestação da erodibilidade. Solos podzólicos e regossois são muito mais facilmente erodíveis do que os latossois, especialmente os bem estruturados. Combinando-se a declividade com a natureza do solo, pode-se calcular o espaçamento mais adequado para as práticas conservacionistas. A fórmula de BENTLEY para o cálculo do espaçamento vertical entre duas niveladas básicas é a seguinte: EV = ( 2 + D ) . 0,305; x onde, 34 EV = espaçamento vertical em metros D = declividade em % X = fator que depende do solo, cultura e da prática conservacionista que se vai empregar. Tabela 5. 1. Transformação de ângulos de inclinação para declividade. Declividade (%) Ângulo de inclinação Declividade (%) Ângulo de inclinação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 0º34' 1º81 1º43' 2º16' 2º51' 3º26' 4º0' 4º34' 5º8' 5º42' 6º16' 6º50' 7º24' 7º58' 8º38' 9º5’ 9º38' 10º12' 10º45' 11º18’ 11º51’ 12º24' 12º57' 13º29' 14º2' 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 14º34' 15º6' 15º38' 16º10' 16º41' 17º13' 17º44' 18º15' 18º46' 19º17' 19º47' 20º18' 20º48' 21º18' 21º48' 22º17' 22º46' 23º16' 23º44' 24º13' 24º42' 25º10' 25º38' 26º6' 26º33' 35 Tabela 5.2. Escolha da prática conservacionista em função da declividade do terreno. Declividade Prática Recomendada 0 - 3% Aradura, sulcamento e plantio em nível 3 - 6% Aradura, sulcamento e plantio em faixas de rotação ou faixas de retenção, conforme a natureza do solo. 6 - 12% Terraceamento em nível ou com gradiente, conforme o tipo de solo. Em culturas perenes, já plantadas em esquadro, costuma-se empregar cordões em contorno. 12 - 18% Terraceamento em nível ou com gradiente e faixas de retenção, dependendo da natureza do solo. Quando se trata de cultura perene já plantada em esquadro, empregam-se cordões em contorno. > 18% Eventualmente, pode-se usar o critério anterior até uma declividade de 24%. Em culturas perenes, empregam-se banquetes individuais, até uma declividade de 30%. Para terrenos acidentados, recomenda-se pastagem ou reflorestamento. TABELA 5.3. Valores de X. Natureza do Solo Prática Conservacionista Vegetativa Mecânica Terraço Cultura Perene Com gradiente alta média baixa Nivelada alta média baixa Cordões em Contorno Cultura Anual Com gradiente Nivelada Faixas de Retenção Cultura Perene Com gradiente Nivelada Cultura Anual Nivelada alta média baixa alta média baixa alta média baixa alta média baixa alta média Valores de x 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 36 baixa 6,0 O espaçamento vertical pode ser transformado em espaçamento horizontal pela seguinte fórmula: EH = EV x 100 D ; onde, EH = espaçamento horizontal em metros EV = espaçamento vertical em metros D = declividade 5.3. Determinação da declividade e locação de linhas niveladas Tanto para a determinação da declividade do terreno, como para a locação de linhas niveladas básicas, utilizam-se aparelhos denominados níveis. O nível de precisão, ou nível de engenharia, é o aparelho mais recomendado; entretanto, em casos especiais, ou quando não se dispõe desse aparelho, outros mais simples podem, também, ser empregados. Dentre os aparelhos mais simples que podem ser utilizados, estão: o clinômetro, o nível de borracha e os níveis de pedreiro montados sobre um tripé triangular ou trapezoidal. 5.3.1. Determinação da Declividade do Terreno Em uma planta hipsométrica, ou sobre fotografias aéreas, ou observando-se no terreno as linhas onde se concentram as águas que escorrem, determina-se a linha de maior declive. Nessa linha de maior declive escolhe-se dois pontos, os quais devem ser identificados por piquetes. Mede-se a distância vertical com um nível. Calcula-se, a seguir, a declividade. 5.3.2. Locação de Linhas Niveladas Básicas As niveladas básicas são linhas, em nível ou com gradiente locadas no terreno para identificar o lugar em que será construído um terraço, ou que servirão como linhas de referência, às quais serão tiradas paralelas para se locarem faixas, etc. Conhecendo-se a declividade do terreno e a natureza do solo recorre-se a uma tabela que indica o espaçamento recomendável ou recorre-se à fórmula de Bentley. 37 Inicia-se a locação das niveladas básicas a partir da parte mais elevada do terreno. A primeira linha nivelada deve ser marcada a uma distância, a partir do topo, igual à metade da distância recomendada nas tabelas, na direção do maior declive. As linhas seguintes devem ser marcadas a distâncias, de acordo com as tabelas, medidas sempre segundo a linha de maior declive. A técnica para locação das linhas básicas em nível ou com gradiente depende do tipo de nível utilizado. Quando o terreno não apresenta uma inclinação uniforme, convém fazer nova determinação da declividade todas as vezes que ocorrerem variações. Se as diferenças não forem muito grandes, pode-se tomar a média das declividades como a declividade média do terreno. 38 5.4. QUESTIONÁRIO 01. Faça a distinção entre Conservação do Solo e Controle da Erosão. 02. Como podem ser classificados as práticas de controle da erosão? 03. Quais são os critérios para a escolha da prática conservacionista mais adequada a ser aplicada a um certo terreno? 04. Como se determina a declividade de um terreno? 05. Para que serve a fórmula de Bentley.? 06. Como se pode transformar a distância vertical das niveladas básicas em distância horizontal? 39 6 - PRÁTICAS VEGETATIVAS DE CONTROLE DA EROSÃO Terras completamente cobertas de vegetação, seja leguminosa, gramínea, arbusto ou árvore, estão em condições ideais para resistir à erosão e absorver a água da chuva. Evidentemente, não é possível restaurar as condições originais de vegetação e ao mesmo tempo, manter a economia agrícola do país. A solução é, portanto, usar, o mais possível, plantas que cresçam juntas e manter vegetação de cobertura, tanto quanto possível. Existem várias razões para se usar plantas que cresçam juntas e se manterem os restos de cultura sobre o solo. Essa cobertura serve para reduzir, ou mesmo eliminar, o impacto das gotas de chuva sobre o solo é diminuir a velocidade da água que escorre. A diminuição da velocidade da água diminui grandemente a sua capacidade de desagregar e de carregar partículas de solo, enquanto dá mais tempo para que penetre no solo. A cobertura vegetal aumenta, ainda, a quantidade de matéria orgânica no solo que favorece a absorção de água. Esse fato ajuda a controlar, não só a erosão pela água mas, também, a erosão eólica. A cobertura vegetal, devido à ação das raízes, tem um efeito favorável sobre a estruturação do solo, que é um dos fatores mais decisivos na manifestação da resistência do solo a qualquer forma de erosão. Todos os métodos vegetativos de controle da erosão podem ser usados em associação com métodos mecânicos, dependendo da declividade e da natureza do solo. Os principais métodos vegetativos para a conservação do solo e da água são: rotação de culturas, culturas em faixas de rotação e de retenção, pastagens, prados, cobertura vegetal e adubação verde. A vegetação é utilizada, ainda, para o controle da erosão em sulcos, estabilização de canais divergentes, quebra-ventos e proteção dos bordos dos campos de cultura. 6.1. Rotação de culturas Pode-se definir a rotação de culturas como uma sucessão mais ou menos regular de diferentes culturas numa mesma gleba. As culturas comumente utilizadas são: cultura principal, grãos, gramíneas, leguminosas ou consorciação de gramíneas e leguminosas. Dessas culturas, a cultura principal é a que mais expõe o solo à erosão, os grãos permitem menos erosão. O resultado final da rotação deve ser sempre, uma redução na perda de solo e água, em relação às perdas que ocorreriam se o solo fosse cultivado continuamente com a cultura principal. A rotação de culturas é feita com a finalidade principal de manter a produtividade do solo. No entanto, outras vantagens podem ser esperadas, tais como: sistematização dos trabalhos agrícolas, economia de trabalho, ajuda no controle das ervas más, insetos e 40 doenças das plantas. Evidentemente, do ponto de vista estritamente conservacionista, esperam-se outras vantagens, como: manutenção de altos % de matéria orgânica, de nitrogênio e diminuição das perdas por erosão. O tipo de rotação de culturas varia com a natureza da terra, condições econômicas, sistema de manejo e especialização agrícola da região. O tipo que inclui uma cultura principal, grãos e gramíneas ou consorciação de gramíneas e leguminosas, pode ser considerado básico. Esse tipo básico pode, no entanto, ser modificado de várias maneiras, quer tirando-se uma cultura, quer mantendo-se a mesma cultura no mesmo local por mais de um ano, aumentando-se o período da rotação para 4,5 ou mais anos. Os princípios básicos para a idealização de um tipo de rotação que visa principalmente a conservação do solo são os seguintes: reduzir o tempo que o solo é ocupado pela cultura principal, tanto as condições da fazenda permitirem; aumentar o tempo que o solo possa ser coberto por uma gramínea ou por uma leguminosa; reduzir ao mínimo possível, as mobilizações do solo. Muitas vezes, a rotação de culturas é associada com plantio em nível. Quando o terreno é declivoso e se deseja reduzir as perdas de água e solo, ao mínimo, além da associação com o plantio em nível, a rotação de culturas pode ser associada com terraceamento, culturas em faixas de rotação e culturas de cobertura. As culturas em faixas de rotação podem incluir pastagens, quando o agricultor achar vantajoso. Nesse caso, o uso de cercas elétricas portáteis é necessário para permitir o pastoreio nas faixas com pastagens intercaladas com faixas cultivadas. 6.2. Culturas em faixas de rotação A água escorrendo sobre o solo desprotegido, submetido a um declive, aumenta em volume e em velocidade a medida que se move; conseqüentemente, o seu poder erosivo aumenta com o comprimento da rampa. As culturas em faixas, como o terraceamento, dividem a rampa em segmentos mais curtos. Seu efeito se baseia no princípio de que qualquer coisa que intercepte o escorrimento da água, reduz a sua capacidade tanto de suspender as partículas do solo, quanto de arrastá-las. As culturas em faixas consistem na disposição das culturas em faixas niveladas, de largura variável, alternadas, de maneira que enquanto algumas faixas contém plantas densamente distribuídas, outra é plantada com vegetação que oferece pouca proteção ao solo. Nos anos seguintes, as várias culturas são distribuídas em faixas diferentes, de acordo com um plano que permita que as culturas densas, como o milho, arroz, feijão e os adubos verdes, possam proteger, periodicamente, todas as faixas da gleba. . Essa prática conservacionista consta, portanto, da alternância de culturas associada ao plantio em nível. Recomenda-se a cultura em faixas de rotação para terrenos cuja declividade varie de 3 a 6% e espécies vegetais anuais ou bianuais. Planeja-se a instalação de uma cultura em faixas de rotação determinando-se as propriedades do solo e a sua declividade, segundo a linha de maior declive. Com esses 41 dados avalia-se a erodibilidade do solo e pela fórmula de Bentley, calcula-se o espaçamento das linhas niveladas básicas. Demarcam-se as linhas niveladas do terreno, como já foi descrito no item 5.3. O custo dessa prática conservacionista é o mesmo que se teria no caso da cultura convencional, acrescido do preço de demarcação das niveladas básicas. Pode-se estimar essa despesa adicional da seguinte maneira: um topógrafo e dois ajudantes demarcam em média, por dia de 1 a 2 alqueires. As culturas em faixas não exigem nenhum cuidado especial de conservação. 6.3. Culturas em faixas de retenção COM FINALIDADES ESPECIAIS, COMO POR EXEMPLO: proteger declives muito acentuados, pode ser conveniente o emprego de faixas de retenção. Essas faixas permanentes ou temporárias não fazem parte do plano de rotação. São constituídas de leguminosas perenes, gramíneas ou arbustos. Freqüentemente, essas faixas são delicadas à produção de moirões e forragem. Em condições especiais, poderiam se prestar para frutas silvestres, principalmente, para alimentação e abrigo da fauna. Essa prática, muitas vezes, deve ser associada a práticas mecânicas de proteção para atingir sua eficiência máxima. A cultura em faixas de retenção consiste, portanto, na disposição da cultura comercial em faixas niveladas intercaladas, de espaço em espaço, com faixas perenes de plantas protetoras. Dentre as plantas mais utilizadas para constituir as faixas de retenção pode-se citar: a cana-de-açúcar, erva cidreira, capins e leguminosas empregadas como adubo verde. As faixas de retenção, uma vez instaladas, apresentam vantagem de constituir um guia permanente para as mobilizações do solo e para o plantio em nível. Essa prática conservacionista é recomendada, para terrenos com declive de 3 a 6%, plantados com culturas anuais ou perenes e especialmente, para declives irregulares, onde alguns pontos necessitam de proteção especial. O planejamento e a demarcação é o mesmo que já foi descrito para as culturas em faixas de rotação. A faixa de retenção é constituída de 3 a 5 linhas da planta protetora escolhida, em espaçamento bem mais reduzido do que o geralmente recomendado. As faixas de retenção podem ser localizadas sobre os terraços, quando essa prática é associada com métodos mecânicos de controle da erosão. O aumento de custo é o mesmo a que já se fez referência no item 6.2. 42 A desvantagem dessa prática é a perda da área do terreno ocupada com as faixas de retenção. Esse fator é, em parte, atenuado quando as faixas de retenção são constituídas por cana-de-açúcar e capins de cortes. As faixas de retenção, também, dispensam cuidados especiais de manutenção, podendo haver necessidade, apenas, de replantes nas falhas que por ventura tenham ocorrido no início da instalação. 6.4. Culturas de proteção e adubação verde Essa prática é muito importante para proteger o solo contra a erosão. Servem, também, para absorver nutrientes vegetais, que de outra maneira seriam perdidos por lavagem, ajudando a preservá-los para o uso da próxima cultura. O termo cultura de proteção é quase um sinônimo de adubação verde. Essas culturas são importantes para manter o teor de matéria orgânica no solo, fixar nitratos e nitrogênio, como no caso das leguminosas. A escolha da cobertura vegetal depende de condições locais, preço e uso das colheitas eventuais. São empregadas entre os períodos de colheita da cultura comercial e o próximo plantio. A crotalária, soja, ervilhas e outras espécies podem ser utilizadas como culturas de proteção. As gramíneas, também podem ser empregadas, especialmente, em culturas perenes. A produção de sementes mantém uma boa cobertura. Os cortes periódicos, produzem grande quantidade de matéria orgânica na superfície do solo, que constitui um verdadeiro "mulch". No entanto, a praticabilidade das coberturas vegetais, em culturas perenes, necessita comprovação e estudos mais profundos quanto ao seu manejo. 43 6.5. QUESTIONÁRIO 01. Como a vegetação age como um meio de controle da erosão? 02. Explique o efeito da rotação de culturas sobre a erosão do solo de uma gleba. 03. O que é cultura em faixas de rotação? 04. O que é cultura com faixas de retenção? 05. O que é vegetação de cobertura? 06. Quando se deve usar vegetação de cobertura? 07. Em que casos se recomenda a cultura em faixas de rotação? 08. Em que casos se recomenda a cultura em faixas de retenção? 09. Como se calcula a largura de uma faixa, num sistema de cultura em faixas de rotação? 10. Qual deve ser a largura de uma faixa de retenção? 11. Qual deve ser a distância entre as faixas de retenção? 12. As práticas vegetativas de controle da erosão podem ser associadas a práticas mecânicas? 44 7 - PRÁTICAS MECÂNICAS DE CONTROLE DA EROSÃO Todas as práticas mecânicas de controle da erosão são realizadas em contorno. Essa expressão "em Contorno" se refere a qualquer mobilização do solo aplicada cruzando o declive em nível. Qualquer operação em contorno não leva em consideração os limites do terreno, seguindo linhas curvas para manter sempre a mesma cota. Em regiões de baixa precipitação, a principal finalidade das práticas em nível é aumentar o armazenamento de água do solo. Em regiões úmidas, a finalidade principal é reduzir as perdas de solo e de água. Os sulcos deixados no solo pelo cultivo em nível retêm a água, ou parte dela, reduzindo a enxurrada, e a erosão, condicionando melhor distribuição da água no solo. A realização das operações em contorno é coadjuvante nas culturas em faixas e deve ser usada em associação com o terraceamento para dar, proteção adicional às áreas localizadas entre os terraços. Em algumas áreas de declive suave, apenas, o plantio e realização dos cultivos em nível são suficientes para proteger adequadamente o solo contra a erosão. 7.1. Plantio em nível É o mais simples dos métodos de controle da erosão. Recomenda- se para terrenos de baixa declividade, isto é, que não ultrapasse 3%. Essa prática, em declives mais acentuados, é utilizada em associação com outras práticas, quer vegetativas, quer mecânicas, sendo uma complementação indispensável das culturas em faixas e do terraceamento. Para a instalação do plantio em contorno, como uma prática conservacionista isolada, demarcam-se niveladas básicas distanciadas de 50 em 50 metros, sem necessidade de se recorrer a tabelas ou à fórmula de Bentley. Deve-se proceder a uma harmonização dessas niveladas básicas para que se obtenham linhas de curvas suaves, sem zigue-zague. Em seguida, inicia-se a aração derrubando as estacas da primeira nivelada básica. Tiram-se depois, linhas de aração paralelas à linha nivelada básica até se encontrar a linha nivelada básica seguinte. A gradagem deve ser feita acompanhando-se as linhas de aração. Preparado o terreno, procede-se a nova demarcação de niveladas básicas espaçadas de 50 em 50 metros. Procede-se à correção das niveladas básicas e sulca-se o terreno para o plantio da mesma forma que se procedeu a aração e a gradeação. 45 Para a instalação de culturas perenes em nível, plantadas em covas, demarcam-se paralelas às niveladas básicas com auxilio de uma corda com nós a distâncias iguais ao espaçamento entre as linhas da cultura. Pode-se, ainda, utilizar uma régua de comprimento igual ao espaçamento da cultura presa ao meio de uma corda de 10 m. O espaçamento entre as covas pode ser marcado com uma régua de comprimento adequado. A demarcação das covas sobre as linhas em nível deve começar sempre em um carreador ou estrada, para efeito de estética. O aumento do custo dessa prática de controle da erosão é igual ao preço de um ou de dois nivelamentos, conforme se tratar de cultura perene ou de cultura anual, respectivamente. 7.2. Terraceamento 7.2.1. Introdução O terraceamento é uma prática conservacionista de caráter mecânico, que tem por objetivo principal o controle da erosão. Baseia-se no conhecido princípio do parcelamento dos declives e consta de uma série de terraços, que são uma combinação de um canal relativamente largo e raso com um camalhão ou dique de terra, dispostos transversalmente ao declive, e que tem por função interceptar o deflúvio ou escoamento superficial, forçando a absorção pelo solo ou drenagem lenta e segura do excesso de água. Assim, cada terraço protege a faixa de terra que lhe fica imediatamente abaixo, e, para a proteção de todo o terreno, o sistema deve começar na parte mais alta, antes que o deflúvio adquira volume e velocidade com capacidade erosiva. O terraceamento é uma prática eficiente para o controle da erosão pelo deflúvio, desde que seja bem planejado, executado e mantido. Porém, não controla a erosão pelo impacto das gotas de chuva sobre as superfícies de solo expostas, de maneira que precisa ser associado com outras práticas, especialmente vegetativas, as quais proporcionam ao solo necessária cobertura protetora; e também com práticas de manejo que visem a manutenção ou melhoramento da fertilidade e das propriedades físicas do solo. 7.2.2. Classificação dos Terraços Do ponto de vista funcional os terraços são classificados em:  Terraços de intercepção e diversão, ou com gradiente ou de drenagem superficial São construídos com a finalidade de interceptar a movimentação da água e escoar o excesso desta sem causar erosão no canal, São construídos com um desnível progressivo a fim de conduzir toda a água coletada para um canal escoadouro, que pode ser artificial ou natural. 46  Terraços com absorção ou em nível São construídos com a finalidade de interceptar o movimento da água e eliminar o excesso por drenagem interna. Do ponto de vista da construção os terraços são classificados em:  Tipo mangum ou de camalhão Neste tipo de construção, a terra que deve formar o dique ou camalhão é retirada de ambos os lados da linha demarcadora do terraço. A secção resultante é ondulada, conforme se pode observar na Figura 7.1. Figura 7.1. Perfil de um terraço tipo Mangum. O terraço tipo Mangum é indicado para as seguintes condições: solo permeável, declives suaves (até cerca de 8%), quando não se dispõe de equipamento reversível e onde as chuvas não são de grande intensidade.  Tipo Nichols ou de Canal Neste tipo de construção a movimentação da terra, para formar o dique, faz-se apenas do lado superior da encosta, removendo a terra para baixo. A secção resultante é aproximadamente triangular, conforme se pode observar na Figura 7.2. O terraço tipo Nichols pode ser construído em declividade maiores, porém requer equipamento reversível. Em geral, é recomendado para até 20%. Através das Figuras 7.1 e 7.2 pode-se notar que o terraço tipo Nichols é normalmente mais resistente que o primeiro, devido ao modo de construção; enquanto o terraço tipo Nichols tem mais canal, o tipo Mangum tem mais camalhão. 47 Figura 7.2. Terraço tipo Nichols. Do ponto de vista da largura do movimento de terra Com relação à base ou largura da faixa de movimento de terra, os terraços são classificados em:  Terraço de Base Estreita É aquele em que a largura da faixa de movimento de terra, é de 2-3 m. Sob estes aspectos, os cordões em contorno podem ser considerados como terraços de base estreita adaptados para culturas perenes.  Terraço de Base Média A largura do movimento de terra é de 3 - 6 m. É o tipo de terraço mais freqüentemente construído entre nós.  Terraço de Base Larga Quando a largura do movimento de terra estiver entre 6 - 12 m., obviamente, a sua construção só é viável em terrenos com declives suaves. Do ponto de vista da construção deve-se incluir ainda um terceiro tipo, que é o terraço em banco ou tipo patamar, o qual se recomenda para declividades superiores a 20% e para culturas de alto rendimento econômico, devido ao elevado custo de construção. 7.2.3. Planejamento de um Sistema de Terraços Seria economicamente injustificável o terraceamento de terras para culturas que pudessem ser protegidas por medidas de conservação do solo menos dispendiosas. Por outro lado os terraços devem sempre ser combinados com outras práticas de cultivo, pois 48 uma prática isolada não pode resolver um problema complexo como é o da conservação do solo. Uma gleba devidamente terraceada produzirá, no correr dos anos, safras maiores que as glebas não terraceadas, cuja fertilidade poderá diminuir em virtude das perdas ocasionadas pela erosão. Estudo do Campo a ser Terraceado Uma vez constatada a necessidade de um sistema de terraços para a proteção de uma área, deve-se fazer um estudo prévio, observando a natureza do solo, os escoadouros naturais ou as possíveis posições para o escoadouro artificial; verifica-se o excesso de água do terreno vizinho, ou de estradas, poderá acarretar problema; qual é gradiente forma e comprimento do declive; a presença de sulcos de erosão, a questão do comprimento dos terraços, a localização das estradas e carreadores, bem como informações sobre o regime de chuvas da região. Localização de Canais Escoadouros Os sistemas de terraços com gradientes exigem como complemento, um canal que colete o excesso de água é o conduza a lugares seguros, onde não causem erosão. Um dos itens mais importantes dentro do planejamento de um sistema de terraços visando a drenagem dó excesso de água, é este.  Escoadouros Naturais Na escolha do local para os escoadouros, deve-se sempre aproveitar o máximo possível os escoadouros naturais, tais como cursos d'água existentes na gleba por terracear, ou as depressões naturais da bacia de drenagem, desde que estejam estabilizadas com vegetação. Qualquer canal, depressão ou outra superfície suficientemente estabilizada com vegetação para permitir uma descarga segura dos terraços, pode servir como escoadouro. É comum utilizar-se um prado escoadouro, que vem a ser uma depressão relativamente pouco profunda e bastante larga, a qual deve ser protegida com gramíneas ou leguminosas adequadas e cuja área suficiente para ser usada economicamente como campo de produção de forragem verde, silagem ou feno, e que possa servir ainda como escoadouro. Não se deve fazer uso de voçorocas para receber a descarga de terraços, pois iria, este excesso de água, acelerar o seu crescimento.  Escoadouros Artificiais São canais construídos por meio de máquinas, previamente calculados para suportar a descarga do sistema de terraços. Deverão ser construídos e revestidos com 49 uma cobertura vegetal rasteira e densa pelo menos um ano antes de serem construídos os terraços, a fim de que possam suportar a descarga sem sofrer erosão. A escolha da vegetação para o revestimento dos canais escoadouros, constitui uma tarefa difícil para o conservacionista. As espécies vegetais tem que reunir características tais como: a) não serem invasoras de terrenos adjacentes; b) formarem vegetação densa, tanto na parte aérea (cobertura) como na parte subterrânea (travamento); c) serem resistentes à intempéries e de propagação fácil. d) serem boas forrageiras ou possuírem outro marcante valor econômico; e) serem resistentes ao pisoteio quando empregadas em prados situados em áreas de pastagens. As espécies que apresentam maiores possibilidades para revestimento de canais escoadouros são as seguintes: grama batatais (Paspalum notatum, Flugge), grama jesuíta (Axonepus compressus), grama seda ou Bermuda (Cynodon dacmon), Kudzu comum (Pueraria thumbergiana), Rhodes (Chloris goyana Kunth), Kikuio (Pennisetum clandestinum, Chiov.). Em condições médias, pode-se tomar os seguintes limites como base para as velocidades de escoamento de acordo com o tipo de vegetação (HAMILTON - Terrace outlets and farm draingeways). Gramas Capins Leguminosas 2,0 - 2,5 m/s 1,5 - 2,0 m/s 1,0 - 1,5 m/s Com a finalidade de diminuir a velocidade da água em canais escoadouros e conseqüentemente risco de erosão, são colocados interceptares ou paliçadas, em forma de semicírculos. 7.2.4. Considerações sobre Áreas Vizinhas Propriedades contíguas que possuírem as vezes, culturas em uma mesma unidade natural de drenagem, pode-se perfeitamente estabelecer um único sistema de terraceamento, vantajoso para ambos os terrenos, isto se os proprietários estiverem de acordo quanto à construção e a conservação dos terraços e coletores. Mas, se a gleba a ser terraceada receber considerável volume de água proveniente de áreas adjacentes, cumpre interceptar e desviá-lo por meio de um canal de divergência. Caso contrário, o volume adicional de água causará possivelmente o transbordamento do primeiro terraço 50 que encontrar, acarretando com isso o rompimento dos demais terraços. Este canal de interceptação deve ter capacidade suficiente quanto ao volume de água a receber e ter pequena declividade para não permitir erosão em seu fundo. Figura 7.3. Esquema representando uma gleba terraceada com um canal escoadouro. As setas indicam o movimento da água. 51 Figura 7.4. Esquema representando duas glebas, a primeira não terraceada e a segunda com um sistema de terraços, canais escoadouros e canal de divergência. 7.2.5. Análise do Declive Áreas com declives moderados, que não apresentam grandes irregularidades, sulcos de erosão ou pequenas voçorocas, são normalmente mais fáceis para serem terraceadas. Outras áreas mais declivosas, com declives superiores a 20% serão destinadas, no planejamento da propriedade, para modalidades de uso que não necessitam de terraços, como pastagens ou reflorestamento. Em resumo, as glebas a serem terraceadas devem pertencer às classes, I, II, III e IV de capacidade de uso. 52 7.2.6. Comprimento dos Terraços Comprimento do Terraço de Drenagem O comprimento destes terraços é em geral determinado pela distância entre os escoadouros. Contudo, convém evitar comprimentos excessivos, especialmente nos terrenos de permeabilidade moderada e nos terrenos já muito danificados pela erosão. O comprimento normalmente recomendado é em torno de 500 m, não devendo exceder a 700 m. No caso de um terreno ser maior que as dimensões mencionadas, pode-se proceder de duas maneiras, segundo a topografia e o comprimento do campo: a) abre-se um canal escoadouro no meio do terreno e orienta-se o gradiente dos terraços para ele (Figura 7.5). b) demarca-se uma linha de crista (divisor) no meio do terreno, que servirá de ponto de partida para terraços que irão desembocar em escoadouros localizados lateralmente (Figura 7.6). 53 Figura 7.5. e 7.6. Esquema representando a divisão de uma gleba por um canal escoadouro, possibilitando a construção de terraços com comprimento no máximo de 700 m. Comprimento do Terraço em Nível Teoricamente, o comprimento dos terraços em nível não tem limite, pois estão em nível. Mas devido às irregularidades que podem ocorrer na locação ou na construção destes terraços, é aconselhável construir a cada 100 - 200 m um "travesseiro", que nada mais é do que um aterro no canal do terraço, para evitar a movimentação da água. O terraço em nível é indicado para solos profundos e permeáveis e chuvas de intensidade não muito elevadas. 54 7.2.7. Gradientes dos Terraços de Drenagem De acordo com a capacidade de absorção de água e a natureza do solo, os terraços poderão ser em nível absoluto para retenção total das águas de chuva, ou poderão ser ligeiramente inclinadas para promover a drenagem lenta e segura do excesso de água. Neste último caso o gradiente do terraço poderá ser uniforme em toda a extensão do terreno, ou poderá ir aumentando gradativamente com o comprimento deste, distinguindo-se, portanto, dois tipos de terraços de drenagem: gradiente constante e gradiente progressivo. Por razões óbvias, recomenda-se sempre a construção de terraços com gradiente progressivo, podendo o gradiente ser o seguinte: Distância (m) Gradiente 0 - 100 100 - 200 200 - 300 300 - 400 400 - 500 500 - 600 em nível 1 por mil 2 por mil 3 por mil 4 por mil 5 por mil Não é aconselhável, para este tipo de terraço, comprimento acima de 700 m. Se o terreno tiver dimensões superiores a 700 m aconselha-se fazer como está indicado em Comprimento do Terraço de Drenagem. 7.2.8. Localização das Estradas, Carreadores e Cercas na Área a ser Terraceada Estradas dentro ou fora da gleba terraceada devem ser planejadas de acordo com o sistema de terraços adotado, pois poderão, se incorretamente localizada, danificar o sistema de proteção do solo. De uma maneira geral as estradas deverão ser locadas em curvas de nível e no caso de ser isso impossível, devido a várias razões, a orientação recomendada é a seguinte: na parte inicial ou final dos terraços de modo a não interferir na manutenção dos sistemas. Elas nunca deverão ser locadas e construídas nas partes terminais dos terraços. Havendo possibilidades de locação de estradas em contorno, deverão situar-se logo abaixo do terraço. A locação de uma cerca em campo terraceado, deverá ser feita na parte inicial ou final dos terraços, e nunca no meio do sistema. Por exemplo: 55 a) Parte inicial dos terraços b) Parte final dos terraços c) Nunca no meio dos terraços 7.2.9. Espaçamento O espaçamento ideal para os terraços seria aquele que propiciasse a mais uniforme distribuição da umidade, aliada ao mínimo da erosão do solo entre os terraços, 56 apresentando, ao mesmo tempo, o mínimo de embaraços ao cultivo e cuja construção fosse econômica. A capacidade de armazenamento de água de um terraço em nível com extremidades fechadas representa um fator importante, muitas vezes decisivo, na determinação dos intervalos. O espaçamento entre os terraços dependerá especialmente da natureza do solo, do grau de declive do terreno e da capacidade, ou seja das dimensões e do gradiente que se pretende dar ao terraço, isto no caso do terraço com gradiente. Devido à falta de dados experimentais para determinar com exatidão os espaçamentos mais adequados para as nossas condições, vamos considerar apenas a fórmula de Bentley, que é a seguinte: EV = ( D + 2 ) x 0,305 x X onde: EV = espaçamento vertical em m D = declividade do terreno expressa em % X = fator que varia entre 1,5 e 6 sendo dependente da natureza do solo e sua resistência à erosão do tipo de prática conservacionista e do tipo de cultura, além das características das chuvas da região considerada. Quanto mais adversas as condições, maiores serão os valores do x . Na Tabela 7.1, apresentamos o s valores de "x" a serem empregados na determinação do espaçamento vertical. Exemplo: Suponhamos que a área a ser terraceada seja um Latossolo Roxo, cuja resistência à erosão é alta, devido à textura fina e estrutura moderada a forte do horizonte A. combinadas à elevada permeabilidade do perfil. Suponhamos ainda que o declive seja 6%, a cultura a ser instalada seja anual e a prática adotada seja terraço em nível. EV = ( 6 + 2 ) x 30,5 = 134 cm 2,5 O espaçamento horizontal pode ser determinado da seguinte maneira: EH = EV x 100 D , expresso em metros 57 No exemplo dado, teremos: EH = 1,34 x 100 = 22,33 m 6 7.2. 10. Quantidade de Terraços por Unidade de Área Esta informação pode ser facilmente conseguida em função do grau de declive do terreno, do espaçamento vertical e do espaçamento horizontal entre terraços, pelas seguintes expressões: m/ha = 100 . D EV e m/ha = 10.000 EH Tabela 7.1. Valores de "X" de acordo com as práticas conservacionistas, tipos de cultura e resistência do solo à erosão. Práticas Mecânicas Práticas Vegetat. Terraços Cultura Permanente C/ Grad. Nível Cord. Cont. Cultura Anual C/ Grad. Nível Cultura Permanente C/ Grad. Nível alta média alta baixa média baixa alta média baixa alta média baixa Faixa de Retenção Cultura Anual Nivelados alta média baixa alta média baixa alta média baixa Form. Bentley EV=(2 D/K)30,5 Valores de "X" 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 58 7.2.11. Cálculo das Dimensões dos Terraços As medidas do dique e do canal variam conforme o tipo de terraço, se de base estreita, média ou larga; estes por sua vez, dependem da declividade do terraço e do equipamento utilizado na construção. A largura do canal pode variar de 1,50 m a 7,5 m e a profundidade de 0,20 a 0,60 m; a altura do dique pode também variar de 0,30 a 0,60 m, dependendo do declive e do tipo de terraço. Alguns autores recomendam que o terraço tenha uma secção de área mínima de 0,70 m2. De acordo com a precipitação pluviométrica da região, as medidas do terraço serão maiores ou menores, de modo que o canal tenha capacidade suficiente para interceptar toda a água que escorrer sobre a faixa do terreno que lhe fica à montante (entre dois terraços). Em geral, calculamos as medidas do canal para reter a enxurrada produzida pela chuva de maior intensidade em uma hora, ocorrida no período dos últimos 10 anos. Vejamos um exemplo: inicialmente teremos que calcular a vazão do canal, que é dada pela expressão: Q = S.V onde: S = área do canal (m2) V = velocidade média (m/s) Q = vazão (m3/s) Para o cálculo de (S) temos que considerar dois tipos de secção, o canal em forma de trapézio (Figura 7.7) e o canal em forma de triângulo (Figura 7.8). Figura 7.7 Corte de um terraço de secção trapezoidal onde: CD AB CDEF CF DE GH = = = = = = talude anterior do dique. talude posterior do dique. canal (perímetro molhado). base maior do canal. base menor do canal. profundidade do canal ou altura do dique. 59 Figura 7.8. Corte de um terraço de secção triangular onde: CD AB CDE FD = = = = talude anterior do dique. talude posterior do dique. canal profundidade do canal ou altura do dique. O cálculo de (S) para os terraços de área trapezoidal e triangular é muito simples, a saber: S = ( B + b ) x h 2 e S = B x h 2 A velocidade média é calculada pela fórmula de Manning: 2/3 V = R n 1/2 . i onde: r = raio hidráulico n = coeficiente de atrito i = declividade do canal O raio hidráulico é calculado através da seguinte expressão: R = Pm S S = secção do canal Pm = perímetro molhado 60 O perímetro molhado é obtido da seguinte maneira: Pm = L1 + L2 7.2.12. Locação de Terraços Os terraços de acordo com o tipo que vai ser construído, ou seja, de absorção ou de drenagem, serão locados em nível ou em desnível. Vejamos primeiramente a locação de terraços em nível. Locação de Terraços em Nível A locação deste tipo de terraço não oferece nenhuma dificuldade, devendo-se observar algumas particularidades, ou seja: a) o aparelho utilizado é o nível de engenharia; b) o estaqueamento será feito de 10 em 10, 15 em 15 ou 20 em 20m, conforme a uniformidade do terreno e a facilidade que proporcionarem ao construtor; c) as estacas devem ser de altura que se tornem bem visíveis aos operários encarregados da construção do terraço, sendo recomendado estacas de 1 a 2 m; d) a locação do primeiro terraço deve ser feita com a metade do espaçamento vertical. Vejamos um exemplo: Declividade do terreno: 9% Solo: Latossol Roxo Textura e estrutura do horizonte A = fina, esferoidal, pequena a média, moderada a forte. Permeabilidade do perfil: rápida Resistência à erosão: alta Tipos de prática: terraços em nível Tipo de cultura: anual (algodão) Valor de x = 4,5 61 Cálculo do espaçamento vertical: EV = ( D + 2 ) 0,305 X EV = ( 4,5 9 + 2 ) x 0,305 = 1,220 m A mira é colocada na parte mais alta do terreno e com o nível faz-se uma visada, vamos supor que a leitura foi de 0,90 m. A esta leitura adiciona-se 1,.220 m; temos: 1,220 + 0,90 = 2,120 m Este resultado seria o valor da leitura para iniciar a locação, mas corno o primeiro terraço deve ser locado com a metade do espaçamento vertical, a leitura a ser usada será: 1,220 + 0,90 = 1,510 m 2 Tendo o valor do intervalo vertical - 1,510 m, o trabalho consiste somente em um simples nivelamento. Na mudança do aparelho, visa-se a estaca anterior e usa-se a leitura obtida para locar novos pontos. (Figura 7.9). Vamos supor que a visada de ré deu a leitura de 1,450 m portanto, os demais pontos serão locados com 1,450 m. Após a locação do 1º terraço, faz-se a locação do 2º terraço, da seguinte maneira: com o nível na posição original, ou qualquer outra posição, visa-se qualquer ponto já locado do 1º terraço, adiciona-se à leitura o espaçamento vertical calculado, e procede-se à locação. Exemplo: Visada ao ponto de 1º terraço: 1,510 m. Leitura para o 2º terraço .= 1,50 + 1,220 = 2,730 m Inicia-se a locação do 22 terraço visando sempre 2,730 m. Na mudança do aparelho, visa-se à ré por exemplo 2,670 m; as leituras seguintes serão 2,670 m (Figura 7.10). 62 Figura 7.9. Esquema representativo da locação de terraço em nível mostrando inclusive a mudança de posição do aparelho. Figura 7.10. Esquema representativo da locação do 2º terraço em nível. A 1ª visada é ao ponto original ou em qualquer ponto do 1º terraço, por exemplo 1,510 m. A esta leitura adiciona-se o valor do espaçamento vertical: 1,510 + 1.220 = 2,730 metros e faz-se a locação do 2º terraço com 2,730. Na mudança de posição do aparelho, visa-se a ré, por exemplo, 2,670 m e continua-se a locação com este novo valor. 63 Depois de feita a locação da curva, esta deve ser suavizada, o que significa serem alternadamente compensadas ou realinhadas as estacas, para cima e para baixo, a fim de que os alinhamentos não façam bicos ou pontas, em locais afastados da direção geral da curva, por dificultarem a ação dos implementos na construção dos terraços. Locação de Terraços com Gradiente A operação de locação consiste inicialmente em saber a classe de declive do terreno para o conhecimento da distância vertical ou diferença da cota que deverão ter os terraços. Conhecido o declive, calcula-se o espaçamento vertical usando o valor de "x" conforme a Tabela 7.1, e começa-se a locação do 1º terraço de cima para baixo, iniciando-se pela estaca "0" colocada na parte mais elevada do terreno. Com a leitura obtida, adiciona-se o valor da EV/2 e faz-se visada para a 1ª estaca. Vamos fazer a locação de um terraço de 20 em 20 m, em um terreno de 500 m de largura. As cinco primeiras estacas serão locadas em nível (ou seja os primeiros 100 m em nível). Da estaca 5 a estaca 10, dá-se 2 cm de desnível; da estaca 10 a estaca 15, 4 cm de queda por estaca; da estaca 15 à estaca 20, 6 cm de queda por estaca, da estaca 20 à estaca 25, 8 cm de queda por estaca. A estaca 25, corresponde aos 500 m, deve estar situada no extremo do terreno, onde será construído o canal escoadouro. É aconselhável locar o 1º terraço com a metade do espaçamento vertical. A estaca nº 1 do 2º terraço terá uma diferença de cota igual à distância vertical encontrada no início da operação. Leitura da estaca zero = 50 cm Valor do espaçamento vertical = 120 cm, logo EV/2 = 60 cm Estacas nos 1, 2, 3, 4 e 5 leituras = 60 + 50 = 110 cm Estacas nos 6, 7, 8, 9 e 10 leituras = 112, 114, 116, 118 e 120 Estacas nos 11, 12, 13, 14, 15 leituras = 124, 128, 132, 136 e 140 Estacas nos 16, 17, 18, 19 e 20 leituras = 146, 152, 158, 164, 170 Estacas nos 21, 22, 23, 24 e 25 leituras = 178, 186, 194, 202 e 210 64 Figura 7.11. Esquema representativo da locação do primeiro terraço com gradiente progressivo. A mudança do aparelho não apresenta dificuldade quando coincide com os primeiros 100 m, pois a locação é em nível. Nos 100 metros seguintes (1 por mil) muda-se o aparelho, visa-se à ré e adiciona-se 4 cm para cada estaca, em nº de 5. No trecho de 100 m correspondente ao declive de 3 por mil, adiciona-se 6 cm; e assim por diante. 7.2.13. Processos para Construção de Terraços A construção de terraços pode ser feita com auxilio do equipamento disponível na fazenda, usando-se: a) ferramentas manuais, isoladamente ou em combinação com arados; b) implementos de tração animal; c) implementos de tração mecânica. Com qualquer implemento, o que se tem em vista é construir um canal, utilizando a terra removida para a formação de um dique ou camalhão. Em qualquer método de construção, os terraços deverão sempre ser construídos começando na parte superior e vir descendo a encosta, à medida que se constrói cada terraço sucessivo. Construindo em primeiro lugar os terraços inferiores, corre-se o risco de serem os mesmos seriamente danificados, no caso de ocorrer uma chuva, antes de concluídos os de cima. O terraço superior não deve apenas ser terminado em primeiro lugar, mas deve também ser muito bem construído, porque dele depende a segurança de todo o sistema. 65 Como processos de construção veremos somente o exemplo de alguns utilizando um trator e arado de disco com levante hidráulico. Processo para construção de terraço de base média, tipo Magnum Processo para construção de terraço de base média, para arado de disco irreversível tipo Magnum 66 Processo de construção de terraço de base estreita, para arado de disco irreversível tipo Magnum Terraço de base larga, com arado de 3 discos irreversíveis, suspensão hidráulica tipo Magnum 67 Processo de construção de terraços de base média, com arado de discos (2 ou 3) irreversível suspensão hidráulica em 3 pontos (RODRIGUES), Sistema 4 x 3 x 2, tipo Nichols O Sistema 4 x 3 x 2 pode ser construído com arado reversível, ganhando-se uma volta. 7.2.14. Manutenção dos Terraços Depois de construídos, os terraços devem ser conservados, pois caso contrário haveria o risco de perder-se todo o trabalho. A manutenção ou conservação consiste, em linhas gerais em retirar periodicamente a terra do canal e colocá-la no dique. Essa terra que se acumula no canal, pode ser proveniente da parte do terreno que lhe fica à montante, ou do próprio dique. Em geral, no primeiro ano, após a construção do terraço, esse deslocamento é maior, pois a terra no dique não se consolidou, fato que ocorre no segundo ou terceiro ano, dependendo do tipo de solo. Os pontos de dique que se apresentam enfraquecidos, representando pontos vulneráveis onde os terraços podem ser rompidos pela água, devem ser consertados. Estes pontos normalmente se observam após uma chuva forte. 68 7.2.15. Operação em Áreas Terraceadas A construção de um sistema de terraços, embora bem planejada, não evita a erosão. E apenas o começo, pois o êxito ou fracasso dos terraços dependerá de serem ou não convenientemente conservados e cultivados. Aração em Terrenos Terraceados Há muitos métodos de aração em áreas terraceadas. Daremos apenas os fundamentos desta operação. Inicialmente faz-se a aração na área do terraço, esta área, como sabemos, é constituída por um canal e por um camalhão. As leivas devem ser divergentes no canal e convergentes no camalhão. A operação se inicia arando a partir do canal em direção ao dique, jogando terra para o lado de baixo. A área situada entre o canal do 2º terraço com o dique do 1º terraço é arada a partir do canal em direção ao dique jogando-se terra para o lado de cima. Com esta precaução nós aumentamos a secção do terraço e reforçamos o camalhão. Semeadura em áreas terraceadas Esta operação é feita em curva de nível, seguindo um dos três processos seguintes: a) Em linhas paralelas, tomando como referência o terraço superior. Neste caso, as linhas mortas ou incompletas terminarão na faixa do terraço inferior. b) Em linhas paralelas, tendo o terraço inferior como guia. Neste caso a semeadura é feita de baixo para cima, e as linhas mortas terminarão na faixa do terraço superior. (Figura 7.14). c) Em linhas paralelas, tomando alternativamente como referência o terraço superior e o inferior limitam cada faixa. (Figura 7.15). 69 Figura 7.12. Aração em Área Terraceada. Figura 7.13. Esquema de uma área terraceada apresentando os sulcos de semeadura. Nota-se que as linhas paralelas são tomadas tendo por referência a linha do terraço superior. Os números indicam a seqüência a ser seguida. 70 Figura 7.14. Esquema de uma área terraceada apresentando os sulcos de semeadura. A linha paralela de referência é a do terraço inferior. Os números indicam a seqüência a ser seguida. Figura 7.15. Esquema da semeadura em gleba terraceada. Os números indicam a seqüência a ser seguida. 71 7.3. Cordões em contorno Os cordões em contorno são, também, denominados terraços de base estreita, em oposição aos terraços anteriormente estudados que são denominados terraços de base larga. Os cordões em contorno são constituídos de um estreito canal e de um dique destinados a interceptar e reter a água que escoa sobre a superfície de solos cultivados sujeitos à erosão. Os terraços de base estreita, geralmente, são construídos com septos transversais separando o canal em vários compartimentos. Recomendam-se os cordões em contorno para a proteção de culturas perenes, já plantadas em esquadro, em terrenos cuja declividade seja, no máximo, de 24%. Em casos especiais, esta prática é usada até em declives de 30%. Nesse caso, os cordões devem ser locados e construídos com todo o cuidado. Os cordões em contorno são recomendados, também, para culturas perenes a serem instalados em terrenos recém-desbravados ou com pedregosidade elevada, onde o emprego de plaina seria praticamente impossível. Nas culturas perenes instaladas em nível que necessitem proteção adicional, pode-se instalar cordões de contorno com muita facilidade. O planejamento de um sistema de cordões em contorno se baseia na natureza do solo e na declividade do terreno. A fórmula de Bentley pode ser utilizada para o cálculo do espaçamento, quando não se dispõe de tabelas cuja eficiência já tenha sido comprovada. Quando o solo é pouco permeável e o sistema de cordões é planejado antes do plantio, pode-se locar as linhas básicas com gradiente, como no caso dos terraços de base larga. No caso de culturas perenes já instaladas o único tipo de nível que pode ser utilizado é o de borracha. A demarcação deve ser feita seguindo-se a mesma regra da demarcação de linhas básicas para terraços de base larga. Quando uma das linhas básicas coincidir com uma planta de cultura pode-se deslocá-la seguindo-se a seguinte regra: 1 - se a linha estiver até 30 cm abaixo da planta, deve-se mudá-la para 60 cm acima da planta; 2 - se a linha estiver abaixo da planta mais do que 30 cm, deve-se mudá-la para 60 cm abaixo da planta. 72 Isso porque 60 cm é a distância mínima que permite a construção do cordão em contorno. Por meio dessas alterações da linha básica pode-se evitar que algumas plantas sejam sacrificadas. A configuração e as dimensões de um cordão em contorno estão apresentadas na Figura 7.16. Figura 7.16. Configuração e dimensões de um cordão em contorno AC = EG = BF = CH = GD = AD = Largura superior do canal: 1,30 - 1,80 m Largura inferior do canal: 0,50 m Profundidade do canal Altura do dique Largura do dique: 1,30 - 1,80 m Largura do cordão em contorno: 2,60 - 3,00 m A secção mínima do canal de um cordão em contorno deve ser de 0,5 m 2 , isto é, ser capaz de conter 500 litros de água por metro linear. O equipamento para a construção do terraço de base estreita se limita a arado de aiveca reversível e ferramentas para movimentação da terra. As fases da construção são as seguintes: 01 - Passar o arado derrubando as estacas indicadores da linha básica; 02 - Fazer mais 3 ou 4 sulcos paralelos com o arado; 03 - Remover manualmente a terra solta na direção ajuzante; 04 - Fazer mais 3 sulcos de arado para aprofundar o canal, dando-lhe forma trapezoidal; 05 - Remover manualmente a terra solta, aplainando o fundo do canal; 06 - Construir travesseiros de secção transversal trapezoidal, cuja base superior seja de uns 20 cm, a inferior de uns 40 cm e altura igual à do terraço, espaçados de 5 a 8 m. 73 A conservação dos terraços de base estreita é feita da mesma forma que a conservação dos terraços de base larga; entretanto as operações tem que ser feitas manualmente. Os cordões em contorno apresentam desvantagens em relação aos terraços de base larga; uma vez que o seu custo é mais elevado, sua capacidade é menor, devem ser projetados a espaçamento menor e sua conservação é, também, mais dispendiosa. 7.4. Banquetas individuais As banquetes individuais são terraços tipo patamar descontínuos, destinados a conter apenas uma planta ou uma única cova, como no caso dos cafezais. Esse tipo de terraço é recomendado para tornar agricultável os terrenos que apresentam declives de 18 a 30% e evitar que a enxurrada leve a área cultivada, facilitando a infiltração da água. Essa prática conservacionista se aplica para culturas arbóreas e arbustivas. No caso de cafezais, apresenta, ainda, a vantagem de facilitar a colheita. Quando a cultura já está instalada, as banquetes são construídas no local em que se acham as plantas. Quando se planeia um sistema de banquetas antes do plantio, locam-se linhas básicas, a espaçamentos iguais aos recomendados pela fórmula de Bentley. As linhas básicas traçam-se paralelas a distâncias iguais ao espaçamento entre as linhas básicas da cultura e sobre estas linhas, marcam-se as banquetes a intervalos iguais ao espaçamento dás covas dentro das linhas. A demarcação das covas deve começar sempre de um carreador por questão de estética. É aconselhável que a disposição das banquetes, em uma linha, fique desencontrada em relação à disposição nas linhas contíguas. As fases da construção das banquetes individuais são as seguintes: 01 - Riscar no solo uma circunferência que corresponda à projeção da copa da planta, porém nunca superior a 2 m de diâmetro; 02 - Remover a camada superficial do solo de dentro da área marcada, guardando-a de lado até o final da construção; 03 - Cortar o terreno da calota superior da circunferência marcada e removê-Ia sobre a calota inferior, até que se obtenha a configuração representada na Figura 7.17. 04 - Repor o material superficial do solo, que fora anteriormente retirado, sobre a banqueta. 74 Figura 7.17. Configuração e dimensões de uma banqueta individual. AD = Diâmetro total da banqueta BC = Diâmetro da superfície aproveitável; 2 m, com inclinação de 15%. O custo da construção das banquetes individuais pode ser calculado da seguinte maneira: um operário pode construir de 15 a 30 banquetes por dia, dependendo do solo e das condições em que se encontre. Deve-se, ainda, levar em conta o custo da locação das linhas básicas. A conservação das banquetes consiste em se remover, periodicamente, a terra que se acumula sobre a parte mais baixa da superfície, As capinas devem ser feitas acompanhando as linhas de planta e de cima para baixo. Quando faltar terra numa banqueta, tirá-la sempre das linhas, entre duas banquetes. Dessa forma, pouco a pouco, vai-se interligando as banquetes obtendo-se um terraço patamar contínuo. Como as banquetes são utilizadas em terrenos sujeitos a fortes declives, é conveniente que se proceda à estabilização dos aterros com vegetação apropriada, ou mesmo com vegetação natural, que poderia constituir uma verdadeira faixa de retenção. Muitos estudos têm sido feitos em relação aos terraços, entretanto, até o momento, pouca atenção tem sido dada aos canais escoadouros. Estes devem ser locados numa cota alguns centímetros mais baixa do que o canal dos terraços e apresentar uma inclinação que não permita o refluxo da água, mas sem causar erosão. Os canais escoadouros podem ser naturais e artificiais. Entre os escoadouros naturais estão os rios, córregos, pastos e matas e grotas. A vegetação é extremamente importante para proteger as margens e também o fundo dos escoadouros em que a água corre intermitentemente. Geralmente, depressões largas, rasas e densamente vegetadas são preferíveis às estreitas e profundas, ou mesmo aos canais vegetados. 75 Onde se utiliza uma gramínea ou uma leguminosa para proteger um escoadouro natural pode-se obter um bom suplemento de forragem para o gado. Nesse caso, o escoadouro natural é denominado um prado escoadouro. Em alguns campos de cultura, onde não existem depressões naturais, é preciso construírem-se escoadouros artificiais que condicionam aumento da velocidade e do volume de água muita cautela é necessária no seu planejamento, construção e estabilização. Os canais escoadouros não são, apenas, um complemento indispensável dos sistemas de terraços com gradientes. Essas construções devem ser utilizadas sempre que se necessitar desviar água, sem perigo de erosão. Os escoadouros artificiais são canais de 30 a 40 m de largura e com concavidade suave, cuja flexa não ultrapasse 30 ou 40 cm. Recomenda-se, também, que se construa um canal de 15 m de largura para receber a água do primeiro terraço do sistema e se aumente sua largura de 6 m para receber a água de cada um dos demais terraços seguintes. Os canais escoadouros com declividade de até 3% podem ser usados mesmo sem vegetação. Quando a sua declividade for de 3 a 6% devem ser vegetados antes da construção dos terraços. No caso de declividade de 6 a 12%, além de deverem ser previamente vegetados, recomenda-se a construção de obstáculos de pedra ou de madeira. Esses obstáculos devem ter uma altura de 30 a 50 cm e se localizarem a 2 ou 3 m abaixo do ponto de descarga de cada terraço. Os canais escoadouros não podem ser projetados com declividade maior do que 12%. Deve-se levar em conta, ainda, que o fundo do canal do terraço, no ponto em que encontra o canal escoadouro, deve estar alguns centímetros mais alto do que este, para evitar refluxo da enxurrada. É aconselhável, ainda, que os pontos em que os terraços desaguem, numa pastagem ou capineira, não se disponham numa mesma linha segundo o declive do terreno; pois, isso acarretaria grande acúmulo de água, cuja conseqüência seria a formação de sulcos. 76 7.6. QUESTIONÁRIO 01. Defina os principais tipos de terraços. 02. Quando se justifica a construção de terraços com gradiente? 03. Quando se justifica a construção de terraços patamar? 04. Qual é a principal limitação de terraços patamar? 05. Descreva todas as operações, desde o planejamento até a construção, envolvidas no estabelecimento de um sistema de terraços com gradiente. 06. Como se deve cultivar um terraço? 07. Quando se justifica a construção de cordões em contorno? 08. Quais são as diferenças entre terraços de base larga e cordões em contorno? 09. Quando se justifica o estabelecimento de um sistema de banquetas individuais? 10. Qual deve ser a capacidade dos vários tipos de terraços? 77 8 - BIBLIOGRAFIA 01. BENNETT, H. H. - Soil Conservation. McGraw-Hill Book Company, Inc. New York, 1939. 02. CASTRO, F. S. - Conservacion de Suelos. Salvat Ed. S.A. Barcelona. 1956. 03. CORREA, A.A.M. - Métodos de combate à erosão do solo. Ministério da Agricultura. S.I.A. - 1959. 04. FOSTER, A.B. - Approved Practies in Soil Conservation. U.S. Soil Conservation Service. 1955. 05. FREIRE, S.L. - A erosão dos solos. Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, São Paulo, 1941. 06. FREVERT, R., G. O. SCHWAB, T.W. EDMINSTER e K.K. BARNES. – Soil and water Conservation Engineering. John Wiley & Sons, lnc. New York. 1959. 07. HUDSON, N. - Soil Conservation. Cornell University Press, Ithaca, lst. ed. 1971. 08. LIMA, O.F. - Métodos de Controle a erosão. - Centro de Ensaio e Treinamento da Fazenda lpanema. Apostila. 1965. 09. ______ - Processos para construção de terraços. Centro de Ensaio e Treinamento da Fazenda Ipanema. Apostila. 1965. 10. MARQUES, J.Q. - Conservação do solo em cafezal. Superintendência dos serviços de café. Secretaria da Fazenda. São Paulo. 1950. 11. MIDDLETON, H.E. The physical and chemical characteristics of the soils from the erosin experimental statiens. Second Report. U.S.D.A. Tech. Bull. 430. 1934. 12. RANZANI, G. Manual de levantamento de solos. Editora Edgard Blucher Ltda. U.S.P., 2ª ed. 1969. 13. RODRIGUES, N.S. - Construção de terraços em terrenos acidentados. I Congresso Nacional de Conservação de Solo. Campinas. 1960. 14. SERVIÇO DE CONSERVAÇÃO - Manual de Conservação do solo. Missão Norte Americana de Cooperação Econômica e Técnica no Brasil. Rio de Janeiro. 1950. 15. STALLINGS, J.H. El Suelo, Su uso y Mejeramiente. Campaniã Ed. Continental S.A. México. 1962. 78 LEI Nº 6225 de 14/07/75. DIÁRIO OFICIAL DE 15/07/75. Recentemente foi sancionada pelo presidente Ernesto Geisel uma lei que dispõe sobre a discriminação de regiões cujas terras só poderão ser cultivadas ou exploradas economicamente mediante a prévia execução de planos de conservação do solo e combate à erosão. Esta é a íntegra da lei: Art. 1º - O Ministério da Agricultura, dentro do prazo de 180 (cento e oitenta) dias, discriminará regiões cujas terras somente poderão ser cultivadas, ou por qualquer forma exploradas economicamente, mediante prévia execução de planos de proteção e combate à erosão. Parágrafo único - A discriminação de terras de que trata este artigo poderá ser renovada anualmente. Art. 2º - Os proprietários de terras localizadas nas regiões abrangidas pelas disposições desta lei, que as explorem diretamente, terão prazo de 6 (seis) meses para efetivamente dar início aos trabalhos de proteção ao solo e de combate à erosão e de 2 (dois) anos para concluí-los, contados ambos da data em que a medida for obrigatória. Parágrafo único - Quando se tratar de arrendatário de terras, o prazo de conclusão dos trabalhos de que trata este artigo será de 1 (um) ano, mantidas as demais condições. Art. 3º - Qualquer pedido de financiamento da lavoura ou pecuária, destinada à aplicação em terras onde for exigida a execução de planos de proteção ao solo e combate à erosão, somente poderá ser concedido, por estabelecimentos de crédito, oficiais ou não, se acompanhado de certificado comprobatório dessa execução. Parágrago 1º - Dentro do prazo de 90 (noventa) dias, a partir da entrada em vigor desta lei, o Ministério da Agricultura enviará ao Banco Central, para distribuição à rede bancária nacional, instruções sobre as medidas exigidas nas áreas indicadas no art. 1º., para serem distribuídas, através das carteiras de crédito rural, aos agricultores que delas se utilizem. O cumprimento dessas instruções passará a ser exigido pelos agentes financeiros no ano agrícola seguinte. Parágrafo 2º - Tratando-se de financiamento específico para custeio de planos de proteção ao solo e de combate à erosão, a sua tramitação nos estabelecimentos de crédito preferirá a quaisquer outros. Parágrafo 3º - As instruções mencionadas poderão ser reformuladas pelo Ministério da Agricultura sempre que necessário, objetivando o aperfeiçoamento de práticas conservacionistas. 79 Art. 4º - O certificado comprobatório de execuções dos trabalhos será passado por engenheiro agrônomo do Ministério da Agricultura, ou de outro órgão federal, estadual ou municipal, ou de iniciativa privada, através de competência outorgada pelo Ministério. Parágrafo único - O certificado deverá conter especificações do sistema de proteção ao solo e de combate à erosão, empregado pelo interessado. Art. 5º - O poder executivo regulamentará o disposto nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar de sua publicação. Art. 6º - Ao Departamento Nacional de Engenharia Rural (DNGE), do Ministério da Agricultura, através de sua Divisão de Conservação do Solo e da Água (DICOSA), compete promover, supervisionar e orientar a política nacional de Conservação do Solo. Art. 7º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 80