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Comparação Do Bh Normal Entre 1911-2009 Em Picui

O objetivo deste trabalho foi comparar o balanço hídrico do ano de 2010 com o do período entre

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COMPARAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO NORMAL CLIMATOLÓGICO ENTRE 1911 E 2009 EM RELAÇÃO A 2010 EM PICUÍ - PB Raimundo Mainar de Medeiros1, Paulo Roberto Megna Francisco2, Manoel Francisco Gomes Filho3, Lucílio José dos Santos Vieira4, Maria Marle Bandeira5 & Ricardo Correia Cunha Lima6 Resumo: O objetivo deste trabalho foi comparar o balanço hídrico do ano de 2010 com o do período entre 1911 a 2009 do município de Picuí - PB, subsidiando o conhecimento sobre o comportamento hidroclimatológico do município visando a demanda hídrica na produção de agrícola e urbana, contribuindo ainda para o auxilio futuros dos planejamentos rural, urbano e ambiental. Para tal finalidade utilizou-se dados históricos de precipitação de noventa e oito anos de observações coletado pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste e Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. As temperaturas foram estimadas pelos métodos da reta de regressões múltiplas levando em consideração as coordenadas geográficas. Verificouse que não ocorreram excedentes hídricos nos anos estudados, os valores das deficiências foram mais significativas nos anos de 1911-2009; as evapotranspirações potenciais e as evaporações reais foram mais elevadas no ano de 2010; ocorreu um acréscimo na precipitação de 3,5mm para o ano de 2010. Palavras-chave: deficiência, reposição, chuva, temperatura. INTRODUÇÃO Uma das várias maneiras de se monitorar a variação do armazenamento de água no solo é através do balanço hídrico climatológico desenvolvido por Thornthwaite & Mather (1955). O balanço hídrico consiste em contabilizar a disponibilidade hídrica do solo computando os fluxos positivos e negativos que decorrem de trocas com a atmosfera (precipitação, condensação, evaporação e transpiração) e do próprio movimento superficial e subterrâneo da água (Varejão Silva, 2005). Sendo possível estimar a evapotranspiração real (ETR), da deficiência hídrica (DEF) ou o excedente hídrico (EXC), como também o armazenamento de água no solo (ARM), elaborados conforme escala diária até  mensal (Camargo, 1971; Pereira et al., 1997). Segundo Bertoni (1990), o clima tem forte influencia sobre o processo de desertificação, pois a intensa degradação é consequência dos processos de erosão hídrica, pela ação das águas sobre solos extremamente friáveis, pois na época chuvosa o processo se agrava devido à ação erosiva dos índices pluviométricos. Pois quanto maior a intensidade da chuva maior a perda pela erosão, pois a ação erosiva depende do volume, da velocidade da chuva e da declividade do terreno e a capacidade de absorção do solo. De acordo com Carneiro (2003), uma espécie animal e/ou planta no século XVI era extinta a cada dez anos, no novo século XXI é fácil encontrar o desaparecimento de animais e vegetais por dia ou em processo de declínio, devido ao acelerado desmatamento, queimadas, poluição do solo, dentre outros fatores. Medeiros et al (2011) demonstrou o comportamento dos elementos meteorológicos da região de Gilbués, como: temperaturas (máximas; mínimas; média; temperatura do ponto de orvalho e amplitude térmica); umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, pressão atmosférica, radiação solar, precipitação pluvial; para o período horário em UTC de 16 de maio de 2009 a novembro de 2010. Através desses elementos pode-se elaborar um modelo preditivo da área em relação aos elementos meteorológicos possibilitando o desenvolvimento 1 Doutorando em Meteorologia, UFCG, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected] Doutorando em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected] Professor Dr., UFCG, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected] 4 Engenheiro Civil – AESA, UFCG. E-mail: [email protected] 5 Meteorologista AESA, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]; [email protected] 6 Tecnologista, INSA, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected] 2 3 de programas de sustentabilidade para a região de Gilbués, principalmente nas áreas críticas à desertificação e a seca. A análise das variáveis meteorológicas analisadas podem ser fatores contribuintes para o processo de degradação ambiental. Considerando que em anos consecutivos os extremos vistos ocorram de forma sistemática, podemos ter fatores que somados induziriam a degradação e desertificação do solo causando problemas diretamente relacionados à flora e a fauna do local em estudo. (Medeiros, 2011). Atualmente, os ecossistemas estão cada vez mais impactados, gerando uma crise ambiental intensa. Neste sentido, é possível citar uma série de consequências na natureza e no ambiente como um todo, devido ao alto índice de exploração humana, haja vista que o desequilíbrio da fauna e flora acarrete a tantas outras situações alarmantes, que refletem no cotidiano da humanidade. O balanço hídrico em regiões semiáridas é de grande importância, evidenciando a sustentabilidade da região, o planejamento e reestruturação dos solos, da implantação de espécies nativas da região, introdução de espécies silvestres e finalmente o planejamento e manejo das culturas. Sabemos que naturalmente o ambiente degradado demoraria muito tempo para se recuperar, a intervenção humana é condição indispensável para essa estruturação. É importante conhecer a distribuição de chuvas em uma região, pois o balanço hídrico do ponto de vista agronômico oferece um planejamento agrícola racional. Sabendo-se da relevância de se verificar o comportamento sazonal dos períodos de deficiência, excedente, retirada e reposição, esse trabalho foi desenvolvido para o município de Picuí - PB, com o objetivo de comparar o balanço hídrico do ano de 2010 com o balanço hídrico climatológico do período de 1911 a 2009. MATERIAL E MÉTODO Conforme Francisco et al. (2011) a área de estudo encontra-se localizada no município de Picuí no Estado da Paraíba e apresenta uma área de 66.646,68 ha. Encontra-se inserido na Bacia Hidrográfica do Seridó e seu posicionamento encontra-se entre os paralelos 6028’ e 6069’ de latitude sul e entre os meridianos de 36021’ e 36046’ de longitude oeste. Está inserido na mesorregião da Borborema e na microrregião do Seridó Oriental, limitando-se com os municípios de Frei Martinho, Nova Floresta, Cuité, Baraúna e Nova Palmeira com uma altitude média em relação ao nível do mar de 386 metros, conforme podemos observar na Figura 1. Fonte: Francisco et al. (2011) Figura 1. Mapa de localização da área de estudo De acordo com a classificação de Köppen o clima da área de estudo é considerado do tipo Bsh - Semiárido quente, seco com oscilação de temperatura média mensal entre 21,8ºC a 24,7ºC e sua temperatura anual por volta dos 23,5ºC. A precipitação predominantemente é abaixo de 600 mm.ano-1 e nesta região as chuvas da região sofrem influência das massas Atlânticas de sudeste e do norte (Francisco et al, 2011). Para a realização deste trabalho foi utilizado o método de Thornthwaite e Mather (1955), que demanda de informações de precipitação e temperatura para a realização dos cálculos do balanço hídrico do município. Os dados de precipitações climatológicas médias mensais e anuais foram adquiridos do banco de dados da SUDENE e AESA-PB, para o período de 1911 a 2010. Os valores mensais e anuais de temperatura do ar foram estimados pelo método das retas de regressões utilizando-se do software T-Estima desenvolvido pelo núcleo de meteorologia aplicada da Universidade Federal de Campina Grande, que está disponibilizado no site: www.dca.ufcg.edu.br. Os dados climatológicos médios mensais foram agrupados em 98 anos, caracterizando um período de normal climatológica, onde, empregou-se do software Excel, para extrair os valores das médias mensais e anuais de temperatura e precipitação. Foram calculadas as médias mensais dos referidos parâmetros de interesse para o ano de 2010. RESULTADO E DISCUSSÃO Na Tabela 1 observamos o balanço hídrico mensal do período dos anos de 1911 a 2009 e do ano de 2010 onde se verifica a ocorrência de excedente hídrico em todos nos meses dos períodos estudados. Comparandose os índices de deficiências pode observar que nos meses de janeiro e junho de 2010 foram nulos, e que os demais meses ocorreram deficiências significativas quando comparadas às series estudadas, e as mesmas variabilidade podem ser observadas para os índices de evapotranspiração potencial. Podemos observar que as variações nos índices foram mais significativas no índice de aridez e no índice hídrico. As deficiências ocorreram entre os meses de fevereiro a maio com variação de 46,0 a 78,1mm e com continuidade nos meses de julho a dezembro com uma variação de oscilação de 62,1 a 112,9 mm. ComparandoTabela 1. Representações dos valores das deficiências, excedentes hídricos dos períodos de 1911-2009 e de 2010 Anos Parâmetros/Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro DEF 082,7 055,0 008,2 021,7 057,5 060,2 066,9 075,4 085,1 100,2 100,3 107,7 1911-2009 EXC 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ETP 114,7 105,9 112,8 102,6 096,0 081,1 078,0 080,7 087,6 102,8 108,0 116,9 DEF 000,0 050,4 078,1 046,0 047,3 000,0 062,1 076,2 084,6 099,5 105,1 112,9 2010 EXC 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ETP 123,7 113,6 122,0 111,1 101,7 084,6 079,1 080,1 086,5 100,4 105,4 113,1 Tabela 2. Representações dos Índices hídricos, aridez e de umidade para as series estudada Índices Umidade Aridez Hídrico Anos 1911-2009 -0,11 -0,69 -0,42 2010 -0,10 -0,62 -0,37 se os valores dos balanços tem-se temperatura média de 23,5ºC para o período de 1911 a 2009, para o ano de 2010 ocorreu uma elevação na temperatura média de 0,3ºC a precipitação média anual do período de 1911 a 2009 foi de 362,6 mm, ao passo que para o ano de 2010 a precipitação de 459,0 mm, ocorreu uma elevação nos índices das precipitações em relação ao anos estudados de 21,75%. Os modelos agrometeorológicos e a interpretação de dados climáticos relacionados com o crescimento, desenvolvimento e produtividade das culturas fornecem informações que permitem ao setor agrícola tomar importantes decisões, tais como: melhor planejamento do uso do solo, adaptação de culturas, monitoramento e previsão de safras, controle de pragas e doenças estratégias de pesquisa e planejamento (Lazinski, 1993). A ação predatória do homem sobre os ecossistemas a curto e médio prazo conduzem o ambiente a um processo de instabilidade irreversível, modificando todo o ciclo biológico, social e cultural de determinadas regiões afetando diretamente a geração presente e principalmente as futuras, é por isso que providências precisam ser tomadas a fim de que as gerações futuras possam ter os recursos necessários a uma vida socialmente justa. CONCLUSÕES Verifica-se que não ocorreram excedentes hídricos nos anos estudados, os valores das deficiências foram mais significativas nos anos de 1911-2009; as evapotranspirações potenciais e as evaporações reais foram mais elevadas no ano de 2010; ocorreu um acréscimo na precipitação de 3,5mm para o ano de 2010. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa de Ação Nacional de Combate a Desertificação. Brasil.[s.n.], 2004. Disponível em . Acesso em:11/08/2011. Bertoni, J.; Lombardi Neto, F. Conservação do solo. Livroceres. 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