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Clinica Medica

HIPERTENSÃO ARTERIAL ATEROSCLEROSE ANGINA PECTORIS INFARTO DO MIOCÁRDIO INSUFICIENCIA CARDÍACA CONGESTIVA

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Universidade Católica do Salvador Curso: Fisioterapia (Bacharelado) Disciplina: CLÍNICA MÉDICA Professor: Edilberto Antônio Souza de Oliveira (www.easo.com.br) Ano: 2008 HIPERTENSÃO ARTERIAL ATEROSCLEROSE ANGINA PECTORIS INFARTO DO MIOCÁRDIO INSUFICIENCIA CARDÍACA CONGESTIVA HIPERTENSÃO ARTERIAL Etiologia e incidência A Hipertensão Arterial também denominada Doença Vascular Hipertensiva constitui a patologia crônica mais freqüente entre a população adulta a nível mundial, constituindo um problema importante de saúde pública, mesmo em países desenvolvidos, e, inclusive sendo também fator de risco para a doença arterial coronariana, acidentes vasculares cerebrais, e, insuficiência renal. Portanto, a Hipertensão Arterial provoca elevada incidência de lesões vasculares, principalmente no coração, cérebro, e, rins, tornando-se indispensável o tratamento precoce com o objetivo de evitar as seqüelas. O limite entre a pressão arterial normal e a elevada tem sido modificado nos últimos vinte anos, tendo em vista o índice elevado de óbitos devido a complicações da hipertensão arterial, embora de caráter universal, em cerca de 90 a 95 % dos casos a etiologia ainda é desconhecida, especialmente no mundo ocidental. A Organização Mundial de Saúde tem se preocupado com o controle e cuidados para controlar a hipertensão arterial, pois, a incidência afeta cerca de 40% dos adultos negros, e, mais de 50% de toda a população, constituindo uma das principais causas de morbidade e mortalidade, sendo os homens são mais acometidos da doença antes dos 50 anos. Após esta idade, a prevalência ocorre com as mulheres. Alguns fatores podem modificar a evolução da hipertensão essencial, podendo alterar o prognóstico, como: Raça, idade, uso do fumo, ingestão de álcool em excesso, colesterol sérico, intolerância à glicose, e, o excesso do peso corporal. O estilo de vida estressante também tem sido importante fator na incidência da Hipertensão arterial. Acredita-se que a raça negra tem sido mais comprometida pela hipertensão arterial devido a fatores como: 1) A alimentação com excesso de sal (cloreto de sódio), tendo em vista que a grande maioria dos negros, não possuindo boas condições financeiras, alimentam-se muito de carnes e peixes salgados devido ao baixo preço destes produtos alimentícios; 2) O estresse emocional, devido ao preconceito racial que, infelizmente, ainda de forma velada continua existindo no mundo atual, além das dificuldades financeiras citadas; 3) E, acredita-se que fatores genéticos levam a predisposição da doença. Em mulheres com mais de 35 anos de idade, com história familiar de Hipertensão Arterial e/ou obesidade, tem ocorrido aumento da incidência da hipertensão, principalmente quando usam anticoncepcionais orais, tendo em vista que estes estimulam a síntese hepática do substrato de renina, o angiotensinogênio. Fisiopatologia A fisiopatologia da hipertensão arterial tem sido muito pesquisada, entretanto, ainda existem dificuldades para o esclarecimento da hipertensão essencial, tendo em vista os vários sistemas que estão envolvidos na regulação da pressão arterial. A pressão sangüínea pode ser conceituada como a força que essa pressão exerce contra as paredes das artérias e arteríolas, à medida que esses respectivos vasos transportam o sangue impulsionado pelo coração. Diferentes fatores podem levar ao aumento da pressão sangüínea. Os fatores ambientais, incluindo o estresse, a sensibilidade ao sal (cerca de 60% das pessoas hipertensas são sensíveis ao sal), e, fatores genéticos constituem as principais causas, sendo que estes últimos interferem no sistema renina-angiotensina-aldosterona, nos canais de cálcio, e, na bomba sódio-potássio dos sistemas de transporte da membrana celular (que serão estudados em sala de aula). O músculo liso vascular também tem papel importante na regulação da pressão arterial, sendo que este músculo é controlado por mediadores secretados pelos nervos simpáticos, pelo endotélio vascular e por hormônios circulantes. A contração da célula muscular lisa é iniciada pela ativação da quinase de miosina de cadeia leve (com a participação de íons cálcio), causando a fosforilação da miosina ou pela sensibilização dos miofilamentos aos íons cálcio através da inibição da miosina fosfatase. As células endoteliais liberam várias substancias vasoativas como a prostaciclina e o óxido nítrico que são vasodilatadoras, e, a endotelina 1 que é vasoconstritora potente e de ação prolongada. Estudos recentes tem verificado que a produção de endotelina 1 pode ser estimulada por variados fatores, incluindo a adrenalina, plaquetas ativadas, hipóxia e a angiotensina II. O sistema de renina-angiotensina atua de modo simultâneo com o sistema nervoso simpático (cujas terminações liberam a noradrenalina), e, estimula a secreção de aldosterona, além de exercer atividade no controle da excreção do sódio, no volume sangüíneo, e, no tônus vascular. Este sistema inicia de modo ainda parcialmente esclarecido através da liberação de renina que é provocada por fatores como: diminuição de sódio do liquido no túbulo distal, aumento da atividade simpática renal, e, aumento da prostaciclina. A renina é uma enzima proetolítica produzida por células do aparelho justaglomerular. Este aparelho consiste em uma ilha de tecido situada no local onde a arteríola aferente fica justaposta a uma parte especializada do túbulo distal, denominado mácula densa. Enquanto a noradrenalina (neurotransmissor das terminações nervosas simpáticas p;os-ganglionares) produz o aumento da resistência vascular elevando a pressão arterial sistólica e diastólica, a adrenalina (hormônio circulante produzido pela medula supra-renal) eleva a pressão arterial sistólica, mas não a diastólica. A renina atua sobre uma globulina plasmática produzida no fígado denominada angiotensinogênio formando a angiotensina I. Embora a angiotensina I não tenha atividade direta, mas é convertida em angiotensina II através da ação da enzima conversora de angiotensina. A angiotensina II provoca na parede vascular: o aumento do cálcio intracelular, da síntese de DNA e proteínas, e, provoca a hiperplasia e a hipertrofia das células musculares lisas (através de mecanismo que eleva o pH intracelular, e, do estímulo ao fator de crescimento derivado das plaquetas-A ou FCDP-A), e, o aumento da expressão da pré-pró- endotelina a partir das células musculares lisas e das células endoteliais, estimula a secreção da aldosterona (que retém o sódio), e, indiretamente, o aumento da liberação de norepinefrina (noradrenalina) nas junções pré-sinápticas, o que também provoca a vasoconstricão. A angiotensina II é convertida em angiotensina III através da enzima aminopeptidase A. A angiotensina III também estimula a secreção da aldosterona e encontra-se envolvida com o mecanismo da sede. Através da ação da enzima aminopeptidase N, tanto a angiotensina II como a angiotensina III podem ser convertidas em angiotensina IV que, embora não parece ter influência na hipertensão arterial, libera o inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1) do endotélio (o plasminogênio é necessário para a formação da plasmina que é útil para degradar a fibrina existente também no trombo da placa aterosclerótica). A hipertensão arterial é agravada com o remodelamento e a hipertrofia associados à proliferação de células musculares lisas na camada média das artérias, em resposta à pressão elevada (e incluindo também a ação da angiotensina II), o que reduz a relação entre o diâmetro da luz vascular e a espessura da parede do vaso, aumentando a resistência periférica. Estudos têm verificado que os tromboxanos (derivados do ácido araquidônico) também tem ação vasoconstritora, assim como o estresse com importante papel na estimulação do sistema nervoso simpático também contribui para o crescimento da parede vascular, influenciando, em conseqüência, os fatores estruturais. As mudanças vasculares induzidas pela elevação prévia da atividade simpática, como hipertrofia da célula muscular lisa, provavelmente contribuem para a manutenção da pressão arterial elevada. Independente de seu papel na patogênese da hipertensão, associa-se à atividade do simpático o aumento da morbidade e mortalidade cardiovasculares que acometem os pacientes durante as primeiras horas da manhã. Nesse período, associado à fase do pré-despertar, e, também ao ato de se levantar após uma noite em decúbito, ocorre um aumento da atividade simpática (substituindo a queda da atividade durante o sono), estabelecendo o nível de atividade existente na vigília. Como conseqüência, há vasoconstrição arterial, e, a pressão arterial se eleva de forma abrupta. Esse aumento é parcialmente responsável pela maior ocorrência de morte súbita, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio nas primeiras horas da manhã. As complicações vasculares cardíacas e cerebrais, segundo estudos epidemiológicos recentes, ocorrem freqüentemente, mesmo em hipertensos que não são sensíveis ao sal. Formas de hipertensão arterial Denominamos de Hipertensão arterial essencial, primária ou idiopática, a hipertensão de causa desconhecida, que corresponde a 95% dos casos; enquanto, a hipertensão de causa conhecida, cerca de 5%, é chamada de hipertensão secundária. A hipertensão secundária pode ter várias causas incluindo: doenças renais, endócrinas, distúrbios neurológicos, coarctação da aorta, eclâmpsia (na gravidez), e alguns medicamentos. Freqüentemente, a hipertensão arterial secundária manifesta-se antes dos 35 ou depois dos 55 anos de idade, deve-se suspeitar de hipertensão renovascular em todo paciente com início súbito de hipertensão, principalmente em pessoas jovens e/ou de idade avançada. Hipertensão complicada é definida a hipertensão arterial de qualquer etiologia desde que existam evidências de lesão cardiovascular relacionada com a elevação da pressão arterial. E, a hipertrofia ventricular esquerda constitui a alteração cardíaca inicial. Assim, com a excessiva carga de trabalho para o ventrículo esquerdo determinado pelo aumento da pressão arterial sistêmica, pode levar ao aumento da espessura da parede ventricular, aumentando as necessidades de oxigênio pelo miocárdio, predispondo a Angina Pectoris. Denominamos de hipertensão acelerada quando a pressão diastólica atinge > 140mmHg e com a fundoscopia (exame do fundo de olho) revelando hemorragias e exsudatos. E, classificamos como hipertensão maligna quando, chegando a essa medida, apresenta também associada a papiledema. O exame do fundo de olho torna-se também importante para a avaliação do comprometimento vascular, tendo em vista que a retina é o único tecido no qual as artérias e arteríolas podem ser examinadas diretamente. Tem sido denominada de hipertensão "de consultório" ou "hipertensão do jaleco branco" quando o paciente apresenta significativa elevação da pressão arterial quando é atendido por um profissional de saúde. VALORES DA TENSÃO ARTERIAL E QUADRO CLÍNICO Atualmente, os valores da tensão arterial, são classificados do seguinte modo: Pressão arterial diastólica: Igual ou inferior a 85 mmHg - normal (alguns autores recomenda que seja igual ou inferior a 80 mmHg) 85 a 89 mmHg: Hipertensão limítrofe ou normal elevada; 90 a 99 mmHg – leve; 100 a 109 mmHg - moderada 110 a 119 mmHg - severa; > 120 mmHg - muito severa. Pressão arterial sistólica: < 130 mmHg - normal 130 a 139 mmHg - normal elevada; 140 a 159 mmHg - leve. 160 a 179 mmHg - moderada. 180 a 209 mmHg - severa. 1. 210 mmHg - muito severa. Quando a pressão arterial sistólica e diastólica se encaixam em categorias diferentes, a categoria maior deve ser escolhida para classificar a pressão arterial, pois, contrariamente à crença comum, a hipertensão sistólica é um fator de risco tão importante para a doença cardiovascular quanto a diastólica. Deve-se observar que, em pessoas hipertensas idosas ou com coronariopatia, não se recomenda que a pressão arterial seja inferior a 130/80mmHg. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas, quando aparecem sintomas, geralmente apresentam como tonturas, palpitações, fatigabilidade fácil, irritabilidade, cefaléia que pode ser hipertensão grave, principalmente localizada na região occipital, e, presente quando o paciente acorda pela manhã podendo melhorar espontaneamente após algumas horas. Podem apresentar outros sintomas de acordo com a patologia subjacente. Um dos sintomas da Hipertensão Arterial pode ser a Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (também denominada como síndrome da apnéia obstrutiva do sono) que é definida como episódios recorrentes de parada (apnéia) ou redução (hipopnéia) do fluxo aéreo nas vias aéreas superiores durante o sono, com duração maior que 10 segundos. Com base em estudos experimentais, epidemiológicos e clínicos, a síndrome da apnéia obstrutiva do sono é reconhecida também como causa secundária de hipertensão arterial sistêmica. Um dado que reforça essa informação é que cerca de 60% dos pacientes portadores da Síndrome são hipertensos, e, possui maior tendência a causar lesão de órgão-alvo, como a hipertrofia ventricular esquerda. Entre os sintomas da Síndrome são incluídos: Sonolência diurna excessiva, roncos noturnos, obesidade, aumento do número de vezes para urinar durante a noite, refluxo gastroesofágico, fadiga diurna excessiva, diminuição da libido, despertar freqüentemente durante a noite, depressão, e, irritabilidade. Na medição da pressão arterial, se apresentar diferença de 10 mmHg ou mais, seja na medida sistólica ou diastólica, de uma extremidade em relação a outra extremidade, pode ser indicação de problemas vasculares que devem ser pesquisados. Deve ser lembrado com a mudança de posição, deitada para sentada, a flutuação da pressão arterial é normal aumentando cerca de 5 mmHg tanto para a pressão sistólica como a diastólica, assim como, a freqüência cardíaca que também aumenta de modo discreto, de 5 a 10 batimentos por minuto. Em de paciente utilizar doses muito altas de medicamentos anti- hipertensivos, pode ocorrer a hipotensão arterial caracterizada pela pressão sistólica inferior a 95 mmHg, e, pressão diastólica inferior a 60 mmHg, o que causa tonturas, e, podendo provocar quedas. A hipotensão ortostática ou postural é definida como a diminuição excessiva da pressão sangüínea que ocorre quando o paciente muda de posição (deitado para sentado ou sentado para a posição ereta) provocando a diminuição 20 mmHg ou mais da pressão sistólica ou a diminuição de 10 mmHg ou mais tanto da pressão sistólica quanto da diastólica. A hipotensão ortostática é mais freqüente após repouso prolongado no leito ou sob anestesia prolongada devido à cirurgia, mas, pode ser também provocada por fármacos anti-hipertensivos do grupo dos alfa-1-bloqueadores. A hipotensão postural é mais freqüente pela manhã, e, pode ser agravada pelo calor, umidade, exercícios, e, refeições consideradas pesadas. A pressão sistólica aumenta com o esforço, e, com a idade. Em caso de esforço físico (aumento da carga) se não ocorrer aumento da pressão sistólica ou essa pressão diminuir pode significar que a capacidade do coração foi excedida devendo o paciente ser encaminhado para avaliação médica antes de continuar qualquer exercício. Para qualquer paciente que a pressão sistólica for superior a 225 mmHg ou que a pressão diastólica for superior 130 mmHg, os exercícios devem interrompidos ou reduzidos. Deve ser lembrado que a subida ou diminuição persistente da pressão arterial ou apenas o surgimento de sintomas como palpitações, palidez ou fadiga podem significar complicações que necessitam de avaliação médica, e, de possível intervenção. Torna-se recomendável para se determinar uma freqüência segura de exercícios, avaliar a freqüência cardíaca antes e após os exercícios, pois, a freqüência cardíaca deve retornar ao nível do repouso dois minutos após parar os exercícios. Pacientes que estão em uso dos medicamentos anti-hipertensivos do grupo dos betabloqueadores (como o propranolol) ou dos bloqueadores dos canais de cálcio (como a nifedipina) a freqüência cardíaca pode não atingir a 90 batimentos por minuto. Exames Para avaliar se existem complicações e/ou outros riscos para o paciente, devemos solicitar os seguintes exames: Sumário de urina, glicemia, creatinina sérica, uréia sanguinea, ácido úrico, colesterol HDL e total, triglicerídios, potássio sérico, eletrocardiograma, ecocardiograma (atualmente, mais sensível para identificar a hipertrofia ventricular esquerda, do que o eletrocardiograma), e, a radiografia de tórax. O exame HDL – colesterol baixo (abaixo de 35 mg/dl) é um fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose. Além da prevenção da doença Gota, a dosagem de ácido úrico é importante, tendo em vista que, a literatura médica internacional vem sendo enriquecida com a publicação de diversos trabalhos específicos demonstrando que níveis elevados de ácido úrico, estão relacionados a maiores taxas de mortalidade e incidência aumentada de complicações cardiovasculares. Tratamento não-farmacológico Estudos epidemiológicos revelam que a hipertensão não tratada está associada com diminuição do tempo de vida de 10 a 20 anos, e, mesmo em sua forma leve, se não tratada, constitui uma doença de caráter progressivo e letal, na maioria, relacionado com a aceleração do processo de aterosclerose. Embora o tabagismo não tenha influência sobre a tensão arterial, entretanto, tem sido fator de causa da aterosclerose, uma das principais conseqüências da hipertensão arterial, inclusive a prática do tabagismo deve ser evitada imediatamente antes de medição da pressão, do mesmo modo, o uso de café (com exceção do café descafeinado), pois, tanto a nicotina como a cafeína aumentam temporariamente a pressão arterial. Deve-se também evitar o estresse pois, tem influência no sistema nervoso simpático, assim como a ansiedade e ressentimentos, o abuso de bebidas alcoólicas. Embora o vinho tinto contenha flavonóides que são antioxidantes protetores de coronariopatias, não existe a necessidade da ingestão de bebidas alcoólicas, pois, o suco de uvas vermelhas (sem o álcool) também possui flavonóides protetores, e, não apresenta o risco de alcoolismo crônico. Estudos têm comprovado que quanto mais alto o consumo de álcool etílico, conseqüentemente, mais elevadas as cifras tensionais, possivelmente devido à maior facilidade da entrada de cálcio na célula da musculatura vascular provocada pelo etanol que, ao mesmo tempo dificulta a saída do cálcio provocando o aumento do tono muscular (maior contração muscular) aumentando a tensão arterial. Tem sido observado também que o álcool etílico causa perda transitória de magnésio pela urina, e, a deficiência do magnésio causa acumulação de cálcio no músculo liso, aumentando o tono vascular, predispondo ao aumento da pressão arterial. Este aumento do cálcio no músculo potencializa a ação das catecolaminas (principalmente a adrenalina e a noradrenalina) sobre a citada pressão, ocorrendo freqüentemente na abstinência alcoólica, e, provoca também a hipertensão arterial. O uso de magnésio, sob orientação médica, torna-se necessário para o tratamento da hipomagnesemia. A prática do relaxamento, e, a caminhada diária devem ser estimuladas, assim como o exercício físico com orientação especializada, sendo recomendável evitar exercícios que necessitem de esforços físicos como o levantamento de pesos com acentuado esforço fisico. Quanto ao uso do sal, não deve ser ultrapassado o total de 4 a 6 gramas de sal por dia, tendo em vista que o sódio acima desta quantidade eleva a pressão arterial. A orientação nutricional adequada incluindo os alimentos ricos em cálcio, e, potássio são importantes, mas, se necessário, a critério médico, a administração do cálcio na dosagem de 1 (uma) grama diária, e, o uso do potássio, em torno de 100 mEq/dia, podem ser também importantes complementos (aumentando a ingestão de frutas frescas e outros vegetais), tendo também o cuidado com o peso corporal, pois, 20% acima do peso normal torna-se risco de doença cardiovascular. Para a avaliação do estado nutricional, a Organização Mundial da Saúde preconiza a utilização do índice de massa corpórea (IMC), assim esse índice é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de obesidade. O IMC é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (m²). Para a análise do resultado deverá ser utilizada a classificação descrita na Tabela 1, apresentada a seguir. "IMC (kg/m²) "Classificação " "18,5-24,9 "Eutrofia " "25,0-29,9 "Pré-obesidade " "30,0-34,9 "Obesidade grau I " "35,0-39,9 "Obesidade grau II " "> 40 "Obesidade grau III " "IMC = índice de massa corpórea. " Além da definição do estado nutricional, estudos têm demonstrado que é necessária também a verificação do padrão de distribuição da gordura corporal. Para tanto, pode ser utilizada a circunferência abdominal, importante para a avaliação de risco cardiovascular, cuja mensuração é feita por meio de fita métrica (não elástica) na região da cicatriz umbilical. Os parâmetros de referência encontram-se normais até 80 cm para as mulheres, e, 94 cm para os homens. Quando o acúmulo de gordura é abdominal, visceral, andróide, central ou do tipo "maçã" (termo usado por alguns autores) há correlação positiva com os fatores de risco associados com doenças cardiovasculares, especialmente doença arterial coronariana. As pessoas que, embora tenham utilizado o tratamento não-farmacológico, apresentarem pressão arterial diastólica durante 3 a 6 meses acima de 90 mmHg, devem usar medicamentos anti-hipertensivos. Complicações A possibilidade de complicações cardiovasculares é proporcional ao grau de elevação da pressão arterial associado a: idade, raça, sexo, ingestão de álcool, colesterol sérico, intolerância à glicose e ao peso corporal. São considerados como órgãos-alvo da doença hipertensiva, os vasos sangüíneos principalmente os existentes nos rins, coração, e, no cérebro, sofrendo a ação de vários fatores, entre eles mecânicos, metabólicos, e, humorais, que ao longo do tempo levam à insuficiência, e, posterior falência destes órgãos quando submetidos a níveis pressóricos persistentemente elevados. As principais complicações da hipertensão arterial são: Aterosclerose, angina pectoris, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma arterial, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e insuficiência renal. ATEROSCLEROSE O estudo da aterosclerose é importante na doença arterial coronariana, tendo em vista que a maioria dos casos das patologias da coronária é provocada pela aterosclerose, sendo que a isquemia miocárdica é conseqüente ao desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio (O2) no miocárdio. A aterosclerose consiste nas lesões espessadas e endurecidas das artérias musculares e elásticas de calibre grande e médio, na camada mais interna da artéria, a íntima, geralmente com lesões concêntricas e ricas em lipídios, que podem obstruir parcialmente ou totalmente a artéria resultando em isquemia ou necrose para o tecido ou órgão correspondente. A aterosclerose se manifesta através de duas formas: Lesão inicial ou faixa gordurosa - pode se encontrar mais raramente desde o nascimento, sendo comum na sociedade ocidental em crianças pequenas e mais freqüentemente iniciando na adolescência, consistindo na presença de macrófagos contendo lipídios e linfócitos T, sendo que os macrófagos posteriormente transformam-se em células espumosas. Os macrófagos derivam dos monócitos que depositaram na íntima. As células musculares lisas migram da média para a íntima e também começam a acumular lipídios. Com a progressão, ocorre maior número de células musculares lisas, juntamente a linfócitos, com predominância dos macrófagos. Em jovens, essas lesões podem regredir ou permanecer como faixas de gorduras durante toda a vida com possibilidade de ocorrer lesões avançadas nos mesmos locais das lesões iniciais. Placa fibrosa - se encontra localizada na íntima recoberta por tecido conjuntivo em seu interior, e, logo abaixo contendo muitas células musculares lisas, macrófagos com a forma de células espumosas, e, linfócitos T, superpostos a uma área mais profunda de células espumosas necróticas e restos celulares, sendo que a área necrótica pode se tornar calcificada e com cristais de colesterol. Geralmente, a placa fibrosa invade a luz da artéria devido à proliferação. Denomina-se de lesão complicada a ocorrência de degeneração extensa na placa fibrosa, (incluindo necrose, trombose e ulceração) que pode levar a oclusão repentina da artéria. No processo são secretados fatores de crescimento pelos monócitos (inicialmente), e, posteriormente pelos macrófagos, algumas células musculares lisas e plaquetas que aderem a agressão endotelial. Existe a relação direta entre a aterosclerose e o estresse psicológico através do dano ao endotélio, pois, provavelmente, a tensão mental e a exposição aumentada à adrenalina conduzem à ativação, agregação e ao depósito de plaquetas, com agravamento pelo tabagismo, hipertensão arterial e aumento do colesterol VLDL e LDL, principalmente em pessoas que tem personalidade considerada agressiva procurando continuamente obter cada vez mais em menor espaço de tempo (denominada personalidade tipo A), lembrando que a sociedade ocidental estimula este tipo de comportamento valorizando quem se comunica e age com maior rapidez e agressividade. Artérias mais acometidas pela aterosclerose As artérias mais acometidas pela aterosclerose são: Aorta, artérias femurais, poplíteas, tibiais, coronárias, carótidas interna e externa, e, cerebrais. Em relação a aorta, a porção abdominal é mais acometida em idade mais precoce, enquanto na aorta torácica ocorre mais nas bifurcações e ao redor de orifícios dos ramos. São relativamente raras as lesões nas artérias dos membros superiores, enquanto nos membros inferiores e nas coronárias acomete mais freqüentemente os fumantes. As artérias pulmonares na maioria das vezes são poupadas, exceto quando existe associação com a hipertensão pulmonar. Fatores de risco da aterosclerose Os fatores de risco modificáveis obtidos a partir de estudos epidemiológicos são: tabagismo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, estresse, hiperlipidemia, inatividade física; e, os fatores não modificáveis são: idade avançada, sexo masculino e história familiar de cardiopatia prematura (antes dos 55 anos de idade). Prevenção da aterosclerose A prevenção da aterosclerose consiste em evitar os fatores de risco modificáveis, além do uso de antiplaquetários a longo prazo, e, se necessário, para evitar a hiperlipidemia o tratamento farmacológico apropriado. Além da aterosclerose, os principais distúrbios das artérias coronárias são: a Angina pectoris, e, o Infarto agudo do miocárdio. Embora possa ter outras causas, a patologia de base mais comum é a doença arterial coronária aterosclerótica. Em pacientes com história de doença coronariana pode ser recomendável (se não houver intolerância) o uso da aspirina, pois, tem a ação de inibir a agregação das plaquetas. RESUMO SOBRE A ANGINA PECTORIS A doença arterial coronariana é a principal causa de morte entre os adultos de países industrializados. Segundo estudos internacionais, em homens com a idade entre 35 e 74 anos, a Finlândia apresenta a maior taxa de morte do mundo devido à doença, (1000 homens em cada 100000), possivelmente relacionada ao elevado consumo per capita de gordura animal. Enquanto o Japão apresenta uma taxa baixa de 275 homens em cada 100000, na mesma faixa etária. Os homens constituem mais de 70% dos pacientes portadores de cardiopatia isquêmica entre pessoas com menos de 50 anos de idade, entretanto, estudos epidemiológicos atuais indicam que, entre 65 e 74 anos, a doença cardíaca isquêmica também é a principal causa de morte em mulheres (entre 45 e 54 anos, em mulheres, a principal causa de morte é o câncer de mama). As mulheres apresentam angina pectoris mais freqüentemente como manifestação inicial da cardiopatia isquêmica, enquanto os homens apresentam como o infarto do miocárdio com maior freqüência, como manifestação inicial. Consiste num sintoma de isquemia miocárdica em que o suprimento de oxigênio para o miocárdio é insuficiente atender a necessidade de um ou de outro ventrículo. O sintoma principal da Angina Pectoris é o desconforto ou dor no tórax ou em região próxima, na maioria referida atrás do esterno (retroesternal), mas pode irradiar-se para o ombro esquerdo ou ambos os braços, antebraços e mãos, com duração de um a cinco minutos, mas pode também se originar ou se irradiar para as costas, pescoço, mandíbula, dentes e para a região epigástrica. A dor pode ser provocada pelo esforço físico ou ansiedade (causada pela emoção, como raiva, medo, estresse ou frustração), aliviando pelo repouso (embora em alguns casos possa ocorrer também em repouso), e, não resultando em necrose miocárdica. Outros sintomas que exigem o encaminhamento para avaliação médica consistem em piora progressiva da dispnéia ou dorso superior anormalmente frio, suado ou úmido ao toque, pois, podem significar sintomas de doença coronariana. Freqüentemente a pressão arterial se encontra elevada, mas pode também ocorrer a hipotensão arterial, sopro sistólico, e, ritmo de galope. A taquicardia supra-ventricular pode ser fator precipitante ou conseqüência da isquemia. A angina estável corresponde a Angina Pectoris que se comporta de modo previsível, ou seja, a dor surge com certos tipos de esforços físicos ou estresse emocional, e, alivia rapidamente com o repouso ou com nitritos. A angina instável é considerada a Angina que é imprevisível, ou seja, piora subitamente e espontaneamente mesmo durante o repouso, e, não melhora significativamente com nitritos, significando um avanço da doença, e, se a dor precordial for mais intensa deve-se suspeitar da Síndrome intermediária coronariana que precede o infarto agudo do miocárdio (IAM), devendo o paciente ser hospitalizado até que se exclua o diagnóstico do IAM. Freqüentemente a pressão arterial se encontra elevada, mas pode também ocorrer a hipotensão arterial, sopro sistólico e ritmo de galope. A taquicardia supra-ventricular pode ser fator precipitante ou conseqüência da isquemia. Os exames mais importantes são: Teste ergométrico, também chamado eletrocardiograma de esforço, e, a arteriografia coronária, além da avaliação laboratorial para pesquisar a ocorrência de hiperlipidemia. O tratamento não-farmacológico consiste na observação dos fatores de risco modificáveis da aterosclerose. Além do tratamento farmacológico, o tratamento cirúrgico como a revascularização miocárdica conhecida como a "ponte de safena", e, a angioplastia podem ser necessárias. Embora não seja de responsabilidade do(a) fisioterapeuta diferenciar o diagnóstico das diferentes causas de dor torácica, esse profissional deve reconhecer os sinais e sintomas de origem sistêmica que são semelhantes aos provocados por distúrbios do sistema musculoesquelético. Além disso, muitas vezes, os pacientes confiam muito nos fisioterapeutas referindo sintomas até então desconhecidos pelo médico, assim, torna-se importante o encaminhamento do paciente, em caso de sinais ou sintomas que possam provocados por distúrbios cardiovasculares. RESUMO SOBRE O INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Essa cardiopatia que, geralmente tem as mesmas causas e fatores de risco da angina pectoris, é a causa principal de mortes por doença. Os sintomas podem ser semelhantes ao da angina pectoris, a fadiga, o mal- estar, o desconforto torácico, e, inclusive a dor torácica superior a 20 minutos podem ser os únicos sintomas, mas, na maioria, a dor típica é intensa, grave, dura 30 a 60 minutos, em caráter de aperto ou esmagamento, retroesternal, e, muitas vezes, irradiando-se para baixo ao longo da face ulnar do braço esquerdo (em 30% dos casos, a dor irradia para os braços), para o pescoço, dentes ou mandíbula, mas a dor pode ser epigástrica. São comuns também a fraqueza, sensação de catástrofe iminente, inquietação profunda, confusão, pré-síncope, soluços, palpitações, náuseas e vômitos. A maioria das pessoas acometidas fica com agitação e ansiedade, ocorrendo também palidez que pode associar a transpiração e esfriamento das extremidades. Deve-se suspeitar de infarto do miocárdio em pacientes com sudorese associada a dor retroesternal com duração superior a 30 minutos. Enquanto na angina pectoris a dor é atenuada quando cessa a atividade física, geralmente no infarto não ocorre melhora da dor após esforço físico. Embora possa ocorrer a qualquer momento, ocorre mais freqüentemente pela manhã, poucas horas após o despertar. Cerca de 15 a 20% dos casos, são indolores, principalmente nas mulheres e nos pacientes com diabetes mellitus, aumentando a incidência com a idade. Em 1% dos pacientes pode ocorrer o infarto do miocárdio silencioso clinicamente, em que o paciente se lembra apenas de uma "indigestão", sendo o diagnóstico realizado casualmente por eletrocardiograma. Para o diagnóstico, o eletrocardiograma e a dosagem de enzimas como a creatinoquinase e a desidrogenase nas primeiras horas são importantes, enquanto posteriormente a dosagem da isoenzima MB confirmam o diagnóstico. O tratamento deve ser realizado em Centro de TRATAMENTO INTENSIVO (CTI). RESUMO SOBRE A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC) A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) consiste na condição em que o coração se torna incapaz de bombear sangue suficiente para as necessidades do corpo, seja em repouso ou durante o exercício. A ICC leva ao aumento da pressão venosa, o que aumenta a filtração capilar e o conseqüente edema. A contratilidade intrínseca do miocárdio e fatores circulatórios extrínsecos são os fatores que controlam a contração miocárdica. A contratilidade depende fundamentalmente do cálcio intracelular, portanto, da entrada de cálcio através da membrana celular, e, armazenamento deste elemento no retículo sarcoplasmático. Os fatores circulatórios extrínsecos são os que afetam o volume diastólico final. A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) pode ter várias causas, sendo mais freqüente a cardiopatia isquêmica decorrente da aterosclerose das artérias coronárias, vindo em seguida a hipertensão arterial. A ICC é uma conseqüência freqüente do infarto agudo do miocárdio. Tem ocorrido o aumento da incidência da insuficiência cardíaca congestiva também porque mais pacientes tem sobrevivido ao infarto do miocárdio. Outras causas da ICC podem ser: Valvulopatias, especialmente, na Febre Reumática, cardiopatias valvulares degenerativas, miocardiopatias, especialmente a miocardiopatia chagásica (por Doença de Chagas) em nossa região, e, também por miocardiopatias como a de forma idiopática, alcoólica, viral, puerperal, e, várias miocardites. As etiologias da ICC menos freqüentes são provocadas cardiopatias congênitas, doenças do endocárdio, doenças infiltrativas. Em resumo, existe um número muito grande de doenças e alterações que proporcionam o desenvolvimento de IC, porém pode ser classificado em três grupos quanto à etiologia: 1. distúrbios da contratilidade ventricular. Ex: a doença de Chagas e o infarto agudo do miocárdio; 2. sobrecarga de pressão e volume. Ex: hipertensão arterial e doenças valvulares; 3. distúrbios do enchimento ventricular. Ex: hipertrofias ventriculares. Estudos recentes indicam que a angiotensina II provoca na parede vascular: o aumento do cálcio intracelular, da síntese de DNA e proteínas, a hipertrofia das células musculares lisas, o aumento da expressão da pré-pró- endotelina a partir das células musculares lisas e das células endoteliais, e, indiretamente, o aumento da liberação de norepinefrina nas junções pré- sinápticas. Com aumento do trabalho do ventrículo esquerdo, a hipertensão arterial predispõe à hipertrofia ventricular esquerda cuja resposta miocárdica para hipertrofia surge em todos os seus componentes musculares e fibrilares. O aumento da síntese de angiotensina II miocárdica depende da atividade de uma serinoprotease, a quimase cardíaca. Essa enzima é responsável pela produção de 90% da angiotensina II no miocárdio, sugerindo que aqui a enzima conversora possui um papel secundário. A quimase é a responsável pela formação de angiotensina II no miocárdio do homem e do cão, enquanto a enzima conversora predominou no rato, coelho e camundongo. Esse achado é de fundamental importância, pois explicaria o motivo pelo qual os inibidores da ECA não bloqueariam totalmente os efeitos da angiotensina II em nível miocárdico, enquanto os antagonistas do receptor AT1 seriam mais específicos e efetivos em nível miocárdico. Com esses achados, pode-se concluir que o miocárdio é rico em quimase cardíaca, e os vasos, em enzima conversora. Os principais sintomas da insuficiência cardíaca esquerda são: Fadiga e dispnéia após esforço físico ou exercício leve; taquicardia; fadiga e fraqueza muscular; edema (principalmente das pernas e tornozelos); dispnéia paroxística noturna; e, ortopnéia. A ortopnéia ocorre no estagio mais avançado da dispnéia devido ao aumento do volume sangüíneo que retorna das extremidades inferiores ao coração e pulmões quando o paciente se deita. A finalidade do tratamento farmacológico para a ICC é aumentar o débito cardíaco, para que ocorra a redução dos sintomas e prolongue a vida do paciente. Obs: Objetivando reduzir o quantitativo de folhas a serem impressas pelo aluno(a), as referências bibliográficas de todas as Apostilas encontram-se no Plano de Aprendizagem.