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XVI JEPEX 2016 – Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão
CLIMATOLOGIA DA PRECIPITAÇÃO EM RECIFE- PE, BRASIL
Romildo Morant de Holanda
Prof. Dr. Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPR, e-mail:
[email protected]
Raimundo Mainar de Medeiros
Pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco, e-mail:
[email protected]
Ana Paula Xavier de Gondra Bezerra
Mestranda em Engenharia Ambiental, UFRPE, e-mail:
[email protected]
Emmanuelle Maria Gonçalves Lorena
Mestranda em Engenharia Ambiental, UFRPE, e-mail:
[email protected]
Gleide de Lima Ferreira
Mestranda em Engenharia Ambiental, UFRPE, e-mail:
[email protected]
Thaís Jeruzza Maciel Póvoas Souto
Mestranda em Engenharia Ambiental, UFRPE, e-mail:
[email protected]
RESUMO
O artigo vem demonstrar a variabilidade pluviométrica no grande Recife –
PE, Brasil esperando contribuir com o planejamento da captação de água
de chuva para o homem do campo e urbano, na ajuda a irrigação e a
fruticultura e a defesa civil em apoio no caso de enchente, alagamento,
desmoronamento e cheia. Os dados de precipitações mensais foram gentilmente
Os referidos dados foram adquiridos da Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste (SUDENE, 1990) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET,
2015). As distribuições pluviométricas ocorrem de forma irregular e com
variação durante todos os anos. Recife localiza-se nas coordenadas
geográficas: latitude 08º01'S e de Longitude 34º51'W, com altitude de 72 m.
No diagnóstico dos dados foram utilizados totais mensais e anuais, as
médias mensais e anuais do período, e os seus respectivos valores máximos
e mínimos absolutos da série histórica (1911-2015). A análise da
variabilidade espacial e temporal das chuvas proporciona informações de
como o homem rural e urbano deverá estabelecer medidas para captura de
águas de chuvas e seu armazenamento usando o período mais chuvoso, além do
mais reduzir o consumo de água e energia elétricas e assim como tempo de
bombeamento de água nos produtos da fruticultura, além de contribuir nas
decisões de setores como a economia, agropecuária e ao setor hídrico.
Durante os 105 ano de registro ocorreu 45 anos com chuvas acima da normal
climatológica, ocorreram 19 anos com chuvas normalizadas entre a média e 41
anos com chuvas abaixo da média, os totais anuais extremos de precipitação
pluviométrica foram registrados nos anos de 1946 que choveu 762,4 mm e o
ano de 1986 quando o total anual registrado foi de 3.441,3 mm, estes
extremos são decorrentes dos fenômenos de larga escala atuante durante o
período estudado.
PALAVRAS-CHAVE: máxima e mínima precipitação, eventos extremos,
variabilidade.
SUMMARY
The article demonstrates the rainfall variability in the great Recife - PE,
Brazil hoping to contribute to the planning of rainwater catchment for the
farmer and urban, in aid irrigation and horticulture and civil defense
support in the event of flooding , flooding, landslide and flood. The data
of monthly precipitation were kindly These data were obtained from sudene
(SUDENE, 1990) and the National Institute of Meteorology (INMET, 2015). The
rainfall distributions occur irregularly and variation throughout the
years. Recife is located in geographic coordinates: latitude 08º01'S and
Longitude 34º51'W, with an altitude of 72 m. The diagnosis data were total
monthly and annual used, monthly and annual averages of the period and
their maximum and minimum absolute values of the time series (1911-2015).
Analysis of the spatial and temporal variability of rainfall provides such
information to rural and urban man shall establish measures for rain water
capture and its storage using the wettest period, besides reducing the
consumption of water and electrical energy and as water pumping time in the
fruit products, and contribute in decisions in sectors such as the economy,
agriculture and water sector. During the 105 years of record occurred 45
years with rainfall above the climatological normal, occurred 19 years with
rainfall normalized between the average and 41 years with below-average
rainfall, extreme total annual rainfall were recorded in 1946 it rained 762
4 mm and 1986 when the annual total recorded was 3441.3 mm, these extremes
are the result of large-scale phenomena active during the study period
KEYWORDS: maximum and minimum precipitation, extreme events, variability.
INTRODUÇÃO
Dentre os elementos do clima, a precipitação é o que mais influencia
na produtividade agrícola em conformidade com os autores Ortolani e Camargo
(1987), especialmente nas regiões tropicais onde o regime de chuvas é
caracterizado por eventos de curta duração e alta intensidade segundo
Santana et al. (2007). Por ser um elemento essencial na classificação
climática de regiões tropicais, a precipitação e sua variabilidade
associada a outros elementos do clima, provoca uma flutuação no
comportamento geral dos climas locais. O monitoramento do regime
pluviométrico da região nos últimos anos tem mostrado que a escassez de
recursos hídricos acentua os problemas socioeconômicos, em particular ao
final de cada ano, com os totais pluviométricos em torno ou abaixo da média
da região de acordo com Marengo e Silva Dias (2006).
Dos fenômenos meteorológicos de importância econômica para a
sociedade, agropecuária, armazenamento de água, geração de energia entre
tantas outras a precipitação é sem dúvidas um dos mais importantes, uma vez
que a abundância ou regime de chuvas muitas vezes limita a presença e o
cultivo de determinadas espécies vegetais a áreas restritas e, além disso,
grandes empresas e todas as pessoas de modo geral dependem da água para
sobreviver.
O clima constituído de um conjunto de elementos integrados,
determinante para a vida, este adquire relevância, visto que sua
configuração pode facilitar ou dificultar a fixação do homem e o
desenvolvimento de suas atividades nas diversas regiões do planeta. Dentre
os elementos climáticos, a precipitação tem papel preponderante no
desenvolvimento das atividades humanas, produzindo resultados na economia
de acordo com Sleiman (2008).
Silva et al (2011) Utilizaram-se das séries climatológicas normais
referentes aos anos de 1931 – 1960 e de 1961 - 1990 do Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET) dos seguintes elementos meteorológicos:
temperaturas (máxima, mínima e média), umidade relativa do ar,
precipitação, deficiência e excedente hídrico, realizaram-se os cálculos do
balanço hídrico climatológico para os períodos estudados. Foram realizadas
a classificação climática e as análises das indicações de mudanças
climáticas no município de Recife do estado de Pernambuco. Para tanto, as
metodologias de cálculo do Balanço Hídrico Climático foram utilizados de
acordo com Thornthwaite e Mather (1955) e as abordagens das mudanças
climáticas e de classificação de Thornthwaite (1955). Realizou-se um
levantamento histórico para o município de Recife-PE, visando entendermos
as possíveis variações do tempo e clima com as mudanças ocorridas entre
bairros, vilas, córregos e aterros que vem contribuindo para indícios de
mudanças climáticas na área referenciada.
Costa et al. (2015) Analisaram a distribuição temporal da série
histórica e a tendência da precipitação pluvial para 25 municípios e 24
fazendas que compõem a área da bacia hidrográfica do rio Uruçuí Preto, PI
(BHRUP), realizaram neste estudo a regressão linear e medidas de tendência
central e de dispersão dos índices pluviométricos mensais e anual. Com base
nos resultados verificou-se que a mediana é a medida de tendência central
com maior probabilidade de ocorrer. A estação chuvosa ocorre entre os meses
outubro a abril com valor médio do período de 936,8 mm, correspondendo a
96% da precipitação anual. Os meses com os menores índices pluviométricos
oscilaram entre maio a setembro, correspondem a 4% do total anual,
mostrando-se ao longo do tempo, uma variabilidade temporal característico
da região dos cerrados e cerradão.
Medeiros (2012) realizou uma análise climatológica da precipitação no
município de Cabaceiras-PB no período de 1930-2011, como contribuição a
Agroindústria e constatou que os índices pluviômetros são essenciais a
sustentabilidade agroindustrial.
Meneses et al. (2015) mostraram que a análise do comportamento da
precipitação nas cidades de grande e médio porte é de extrema importância
para o gerenciamento dos recursos hídricos, uma vez que se trata de áreas
densamente urbanizadas. Muitas vezes, sem uma estruturação urbana adequada,
estas cidades se encaixam perfeitamente nesse contexto. Utilizaram dados
mensais observados e anuais de precipitação pluviométrica no período de
1913 a 2010, com 97 anos de observações em Teresina - PI. Os resultados
mostraram a recorrência de valores máximos de precipitação anual dentro de
um intervalo de 18, 11 e 8 anos. Na análise dos desvios-padrões, os
resultados mostraram predominância dos desvios negativos em relação aos
desvios positivos.
Tem-se como objetivo realizar uma análise climatológica da
precipitação pluvial histórica mensal e dos seus máximos e mínimos valores
absolutos ocorridos na série de 1911 a 2015 na grande região metropolitano
da Recife - PE, visando contribuir nas decisões de setores como a
economia, agropecuária e ao setor hídrico do município em estudo.
MATERIAL e MÉTODOS
Recife localiza-se na latitude 08º01'S e de Longitude 34º51'W, com
altitude média de 72 metros. Limita-se ao norte com as cidades de Olinda e
Paulista, ao sul com o município de Jaboatão dos Guararapes, a oeste com
São Lourenço da Mata e Camaragibe, e a leste com o Oceano Atlântico.
Medeiros (2016) mostrar que os sistemas atmosféricos, que contribuem
na precipitação da Região Metropolitana do Recife, são as penetrações de
vestígios de Sistemas Frontais, os Distúrbios Ondulatórios de Leste e a
Brisas Marítimas e Terrestres, as Ondas de Leste são mais comuns no
outono/inverno, empurradas pelos alísios de sudeste, elas atingem a costa
oriental do Nordeste, trazendo chuvas fortes, outro indutor de
precipitações é a Zona da Convergência Intertropical (ZCIT), a ZCIT atinge
o Recife, principalmente no outono, e causa chuvas com trovoadas e
mudança na direção dos ventos de SE para NE, ou mesmo, calmarias. As
formações dos sistemas de Vórtices Ciclones de Altos Níveis (VCAS) quando
de suas formações nos meses de fevereiro a abril e com suas bordas sobre o
NEB em especial acima do estado do Pernambuco aumenta a cobertura de nuvem
e provocam chuvas de alta intensidade e curto intervalo de tempo, causando
prejuízo às comunidades como alagamento, enchentes, inundações e ao setor
socioeconômico, agropecuário e ao transporte urbano. E os efeitos locais
como formações de Aglomerados convectivos; Linha de instabilidade e a troca
de calor latente por calor sensível (Figura 1).
Figura 1. Fatores provocadores de precipitações no Estado do Pernambuco.
De acordo com a classificação climática de Köppen Recife e classificado
como o clima Am – clima de monção.
Os dados de precipitações mensais utilizados consistiram da série
histórica de 105 anos (1911 a 2015). Para análise dos dados foi utilizado
um programa em planilha eletrônica. Os referidos dados foram adquiridos da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE, 1990) e do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2015). As distribuições
pluviométricas ocorrem de forma irregular e com variação durante todos os
anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1, observar-se o comportamento da precipitação em termos de
médias mensais climatológicas e os seus respectivos valores máximos e
mínimos absolutos registrados em Recife - PE no período 1911-2015.
O período chuvoso inicia-se no mês de fevereiro com chuvas de pré-
estação e prolonga-se ate o mês de agosto com variabilidade pluviométrica
oscilando entre 113,7 a 318,1 mm. A média histórica dos totais mensais da
precipitação oscila entre 37,1 no mês de novembro a 318,1 em junho. O
trimestre chuvoso ocorre entre os meses de maio a julho e seus índices
pluviométricos oscilam entre 287,9 a 300,1 mm respectivamente. O trimestre
seco ocorre entre os meses de outubro a dezembro e seus índices
pluviométricos flutuam entre 37,1 a 49,7 mm.
A incidência de precipitações máximas absolutas ocorre durante todos
os meses do ano suas maiores precipitações absolutas registada foram dos
meses dos anos compreendidos entre 2011 e 2015. No mês de abril de 1922 foi
registrada chuva máxima de 775,7 mm, em maio de 2011 registrou-se chuva
máxima de 755,7 mm e em junho de 2005 no mês de junho com 709 mm.
Normalmente a precipitação mínima absoluta que ocorrem na maioria dos
estados do nordeste brasileiro tem o valor de 0 mm. Mas Recife – PE foge
desta realidade, por ser uma capital que usufruí da brisa marítima-
terrestre chove quase que cotidianamente em todos os meses e sua
variabilidade mínima registrada oscilam entre 0 mm no mês de novembro a
56,1 no mês de junho mm.
Figura 1. Precipitação pluviométrica histórica mensal e os seus respectivos
valores máximos e mínimos registrados em Recife - PE no período 1911-2015.
A Figura 2 mostra a distribuição anual de precipitação pluviométrica e
a média histórica para o município do grande Recife – PE. A precipitação
histórica dos 105 anos com observações totaliza 1.923,9 mm. Durante o
período analisado ocorreu grande variabilidade dos totais anuais de chuva
podendo esta variabilidade ser observada com destaque para o ano de maior
índice pluviométrico 1986 com total anual de 3.441,1 mm 1985, enquanto que
o ano de menor índice foi o de 1946 com uma precipitação anual de 762,4 mm.
Em 45 anos as chuvas foram acima da normal climatológica, ocorreram 19 anos
com chuvas normalizadas entre a média e 41 anos com chuvas abaixo da média.
Figura 2. Precipitação anual e histórica ocorrida em Recife - PE no período
de 1911 a 2015.
CONCLUSÕES
A flutuação pluviométrica mensais é grandemente variável na sua
distribuição espaço temporal ao longo dos anos. O quadrimestre chuvoso
centra-se nos meses de abril a julho com totais mensais médios oscilando
entre 243,6 a 318,1 mm o quadrimestre seco ocorre entre os meses de outubro
a janeiro e oscila com índices mensais de 37,1 a 79,9 mm, a precipitação
média climatológica é de 1.923,9 mm;
Durante os 105 anos estudados os totais anuais extremos de
precipitação pluviométrica foram registrados nos anos de 1946 que choveu
762,4 mm e o ano de 1986 quando o total anual registrado foi de 3.441,3 mm,
estes extremos são decorrentes dos fenômenos de larga escala atuante
durante o período estudado;
A análise da variabilidade espacial e temporal das chuvas proporciona
informações de como o homem rural e urbano deverá estabelecer medidas para
captura de águas de chuvas e seu armazenamento usando o período mais
chuvoso, além do mais reduzir o consumo de água e energia elétricas e assim
como tempo de bombeamento de água nos produtos da fruticultura.
AGRADECIMENTO
Os autores agradecem a FACEPE e a CAPES (Fundação de Amparo à Ciência
e Tecnologia de Pernambuco e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior,) pela concessão de bolsa de estudo do mestrado e pós-doc e
a realização da pesquisa.
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