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Classificação De Terras Para Mecanização Agrícola E Sua Aplicação Para O Estado...

Classificação de terras para mecanização agrícola e sua aplicação para o Estado da Paraíba

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XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil Classificação de terras para mecanização agrícola e sua aplicação para o Estado da Paraíba Iêde de Brito Chaves (1); Paulo Roberto Megna Francisco (2) & Eduardo Rodrigues Viana de Lima (3) (1) Pesquisador, bolsista do Instituto Nacional do Semiárido INSA/MCT, Campina Grande-PB, Cep: 58.400-165, [email protected] (apresentador do trabalho); (2) Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola - Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, CEP 58109-970, [email protected]; (3) Professor Adjunto, Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa, PB, CEP 58059-900 [email protected] RESUMO: O trabalho teve por objetivo oferecer subsídio metodológico para avaliação e classificação das terras, visando à utilização de máquinas e implementos agrícolas em operações de preparo do solo, no Estado da Paraíba (56.424 km²). Os dados foram obtidos do Levantamento Exploratório-Reconhecimento de Solos e de dados altimétricos orbitais (SRTM). Para a classe de solo representativa de cada unidade de mapeamento foram interpretados os atributos diagnósticos relativos à textura, profundidade efetiva, pedregosidade e drenagem; classificados segundo o grau de impedimento à mecanização: nulo, ligeiro, moderado, forte, muito forte. A declividade foi gerada no SPRING, a partir dos dados altimétricos das imagens SRTM. No LEGAL foi cruzado o mapa da interpretação parcial, relativo aos fatores intrínsecos dos solos, com o mapa de declividade, resultando no mapa de classes e subclasses de terras para mecanização agrícola. Os resultados mostram que com o método de classificação proposto, 82% das terras do Estado apresentam grau forte a muito forte de impedimento à mecanização. viu de base para a evolução do trabalho de Ramalho Filho & Beek (1995). Nestes trabalhos, a avaliação das condições agrícolas dos solos é feita, levando-se em conta a: deficiência de fertilidade natural, deficiência de água, excesso de água, susceptibilidade à erosão e impedimentos ao uso de implementos agrícolas. Em BRASIL (1972) uma chave interpretativa dos atributos do solo relacionados à mecanização é apresentada, onde são estabelecidas as condições e os limites relativos à: declividade, pedregosidade e rochosidade, profundidade do solo, drenagem, textura e tipo de argila. Condições complementares, relativas às possibilidades de uso, rendimento e tipo de máquinas (tração mecânica e animal), embora subjetivas, são também estabelecidas. Pretende-se com este trabalho, dar uma contribuição para a sistematização da análise e interpretação dos atributos da terra, com vista ao uso de máquinas e implementos agrícolas em operações de preparo do solo; devendo, nesta oportunidade, ser aplicada ao mapeamento das terras do Estado da Paraíba. Palavras-chave: impedimentos à mecanização, aptidão agrícola, capacidade de uso. MATERIAL E MÉTODOS INTRODUÇÃO A inadequação do uso e do manejo das terras tem degradado os solos, acelerando o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente, particularmente, nas regiões semiáridas do Nordeste Brasileiro, onde a vulnerabilidade ambiental é acentuada pelos limites restritivos dos atributos dos solos e da agressividade climática. O Mapeamento dos Solos do Nordeste, a exemplo do trabalho de Levantamento Exploratório e Reconhecimento de Solos do Estado das Paraíba (BRASIL, 1972), já apresentava uma interpretação da Aptidão Agrícola dos Solos, que ser- O Estado da Paraíba apresenta uma extensão territorial de 56.372 km², que corresponde a 0,662% do território nacional. Localiza-se entre os paralelos de 6002’12” e de 8019’18” de latitude sul e entre os meridianos de 34045’54” e 38045’45” de longitude oeste (Figura 1). O clima caracteriza-se por temperaturas elevadas e uma amplitude térmica anual muito pequena, em função da baixa latitude e de pequenas elevações. A precipitação varia de 400 a 800 mm anuais, na região interior semiárida, e no Litoral, mais úmido, podendo ultrapassar aos 1600 mm. (Atlas Geográfico da Paraíba, 1985). Neste trabalho, a base principal de dados, é o Boletim Técnico (N.o 15), do Levantamento Ex- 1 XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil ploratório e de Reconhecimento dos Solos do Estado da Paraíba (BRASIL, 1972), e o mapa de solos, na escala de 1:500.000. O mapa de declividade foi obtido do arquivo digital SRTM, que no programa SPRING gerou o mapa com as seguintes classes: Plano (0-3%), Suave ondulado (36%), Ondulado (6-12%), Forte ondulado (1220%), Montanhoso (20-40%) e Escarpado (>40%), como mostra a (Tabela 1). Figura 1. Mapa de localização da área de estudo Para a elaboração do mapa de classes e subclasses de mecanização foram interpretados os dados dos atributos diagnósticos do solo representativa de cada unidade de mapeamento: textura (t), declividade (d), pedregosidade (s), profundidade efetiva (p), drenagem (a); de acordo com os critérios estabelecidos para a definição dos graus de impedimento: nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte (Tabela 1). Da Classificação de Terras para Mecanização Agrícola – baseada em atributos da terra facilmente obtidos ou estimados, relacionados à prática de preparo de solo mecanizada, a classificação proposta, pretende, de forma preliminar e exploratória, ser uma ferramenta técnica auxiliar, norteadora de práticas agrícolas mecanizadas para o Estado da Paraíba. A – Pressupostos: 1. A ordenação e o enquadramento das terras devem ser feitos, segundo a adequação ao preparo convencional para o plantio de culturas anuais, utilizando-se arado e grade de discos e trator de média potência, máquinas e equipamentos, mais comumente utilizados na agricultura do Estado; 2. A profundidade limite, adotada para avaliação do grau de impedimento a mecanização, devido à pedregosidade e a textura, é de 40 cm, por se considerar que este é o alcance máximo de penetração dos referidos implementos no solo; 3. A profundidade efetiva e não a profundidade do solo foi considerada como parâmetro de avaliação para a mecanização, mais pelo efeito da conservação do solo, do que pelas condições de resistência a mecanização; 4. Os valores limites das classes relativas à declividade são adotados da classificação conservacionista de Capacidade de Uso, considerando-se que estas classes têm uma relação direta com o grau de dificuldade do trabalho com máquinas agrícolas, em operação de preparo do solo; 5. A drenabilidade do solo foi obtida da descrição pedológica do perfil, independente das variações climáticas, relativas à duração e a frequência da precipitação e da capacidade de armazenamento de água do solo; 6. Unidades de mapeamento, na maioria dos casos, representam associações de classes de solos. Sendo assim, a interpretação dos atributos diagnósticos para o enquadramento das terras foi feito para a classe de solo representativa de cada unidade de mapeamento. B – Estrutura da Classificação A classificação de terras para mecanização é composta de dois níveis categóricos, Classes e Subclasses. A exemplo da Classificação de Capacidade de Uso das Terras (Lepsch et al, 1991), as Classes de Terras para Mecanização são definidas pelo mais alto grau de limitação imposto por um, ou mais, atributo diagnóstico. Estas são em número de seis, e são representadas por números romanos, de I a VI, sendo assim definidas: Classe I – São terras que não apresentam nenhuma restrição ao preparo mecanizado, apresentando um grau nulo de limitação à mecanização, para todos os atributos diagnósticos considerados nesta classificação. Ou seja, declividade inferior a 3%, ausência de pedras, profundidade efetiva superior a 80 cm, textura arenosa e drenagem forte a acentuada. Classe II – São terras que apresentam um ou mais atributos diagnósticos com um grau de limitação considerado ligeiro. Ou seja, declividade entre 3% a 6%, poucas pedras na superfície ou até 5% da massa do solo, profundidade efetiva entre 60 e 80cm, textura média/siltosa e bem drenado. Classe III – São terras que apresentam um ou mais atributos diagnósticos com um grau de limitação considerado moderado. Ou seja, declividade entre 6% a 12%, muitas pedras na superfície ou até 20% da massa do solo, profundidade efetiva entre 40 e 60cm, textura argilosa e moderadamente drenado. 2 XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil Classe IV – São terras que apresentam um ou mais atributos diagnósticos com um grau de limitação considerado forte. Ou seja, declividade entre 12% a 20%, bastante pedras na superfície ou até 50% da massa do solo, profundidade efetiva entre 20 e 40cm, textura muito argilosa ou argilosa 2:1 e imperfeitamente drenado. Classe V – São terras que apresentam um ou mais atributos diagnósticos com um grau de limitação considerado muito forte. Ou seja, declividade entre 20% a 40%, grande quantidade de pedras na superfície ou mais de 50% da massa do solo, profundidade efetiva de 0 e 20cm, textura muito argilosa 2:1 e má drenada. Classe VI - São terras que apresentam declividade superior a 40%, independente do grau de limitação dos demais atributos diagnósticos. As Subclasses são subdivisões das Classes, e especificam a natureza, ou naturezas, dos seus fatores limitantes. A representação da subclasse é feita utilizando-se letras minúsculas, em seguida 3 do número da classe, obedecendo a seguinte ordem hierárquica de representação: declividade (d), profundidade efetiva (p), pedregosidade (s), textura (t) e drenabilidade (a). A classe I, como não tem fator limitante, não tem subclasse. A classe VI, obrigatoriamente, tem a declividade (d) como fator limitante, em grau extremamente forte (>40%). As demais classes apresentam subclasses, que devem ser representadas, pelos três primeiros fatores de maiores graus de limitações. Para um mesmo grau de limitação, é obedecida a seqüência da ordenação hierárquica dos fatores limitantes, apresentada acima. Para graus diferentes, utilizase uma, ou mais vírgulas, representando a redução de nível, do grau de limitação. Exemplo: IVd,pt (Classe IV devido ao grau forte de declividade e moderado devido à profundidade efetiva e textura). Tabela 1: Chave de interpretação dos graus de impedimento à mecanização agrícola. Declividade 0-3% 3-6% 6-12% 12-20% 20-40% Graus de impedimento à mecanização agrícola Pedregosidade ProfundiTextura Drenagem dade efetiva Ausente 0% > 0,8 Arenosa Fortemente/ Acentuadamente Poucas < 1% 0,6 a 0,8 Média/Siltosa Bem drenada Muitas < 0,4 a 0,6 Argilosa Moderadamente 15% Bastante < 0,2 a 0,4 Argilosa 2:1/ Imperfeitamente 40% Muito Argilosa Grande > 0 a 0,2 Muito Argilosa Mal drenada Quant. 40% 2:1 >40% Impedimentos Classe Nula I Ligeira Moderada II III Forte IV Muito forte V Extremamente Forte VI Fonte: Limites e nomenclatura adaptados de BRASIL (1972); Ramalho Filho & Beek (1995); Sistema Brasileiro de Classificação de Solos EMBRAPA (2006); Lepsch et al. (1991); EMBRAPA-CNPS (1999) RESULTADOS E CONCLUSÕES A classificação de terras para mecanização proposta, não pretende ser definitiva, nem tão pouco universal, podendo ser melhorada e adaptada às particularidades edafoclimáticas e culturais de diferentes localidades. Espera-se que esta classificação de terras para mecanização agrícola, a depender do nível de detalhamento do mapeamento de solos, possa dar suporte técnico ao planejamento do uso de máquinas agrícolas, em operações de preparo do so- lo, contribuindo para a racionalidade do uso, o manejo e a conservação dos solos. As classes IV e V de terras, com grau forte e muito forte de impedimento a mecanização, abrangem, respectivamente, 49,6% e 32,4% da área do Estado, totalizando 82% do total (Figura 2). Esta área corresponde em grande parte, às regiões de clima semiárido do Estado. Os principais fatores limitantes que contribuem para a restrição da mecanização é a profundidade efetiva (p) e a pedregosidade (s), ocorrendo com grau forte e muito forte de impedimento, em 56% e 43,7% das terras do Estado, respectivamente. XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil As áreas mais favoráveis à mecanização, das classes I, II e III, ocorrem predominantemente no Litoral, em solos arenosos, originados dos Sedimentos do Grupo Barreiras (BRASIL, 1972). Em áreas interiores estão relacionados à Neossolos Regolíticos e Latossolos, sobre o Planalto da Borborema, a Cambissolos e Argissolos, sobre o Planalto de Princesa, e Argissolos no Alto Sertão. Figura 2. Mapa de classes das terras para mecanização do Estado da Paraíba. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento Exploratório e de Reconhecimento dos Solos do Estado da Paraíba. Rio de Janeiro. Convênio MA/CONTA/USAID/BRASIL, 1972 (Boletins DPFS-EPE-MA, 15 - Pedologia, 8). EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306p. PARAÍBA, GOVERNO DO ESTADO - Secretaria da Educação – UFPB. Atlas Geográfico da Paraíba. João Pessoa. Grafset, 1985. LEPSCH, I. F.; BELLINAZZI JR., R.; BERTOLINI, D.; ESPÍNDOLA, C. R. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. 4a Aprox. SBCS, Campinas-SP. 1996. 175p. RAMALHO FILHO, A. & BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3.a ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1995. 65p. 4