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CINÉTICA QUÍMICA – VELOCIDADE DAS REAÇÕES
LARISSA DIAS SANTOS
JEQUIÉ-BA
MARÇO - 2012
INTRODUÇÃO
Toda reação química necessita de certo tempo para se completar. Algumas reações são extremamente rápidas, como, por exemplo, a neutralização entre um ácido e uma base em solução aquosa. Existem, por outro lado, reações extremamente lentas, com velocidade praticamente igual a zero. O ramo da ciência que se preocupa em estudar a velocidade das reações químicas e os fatores que a influenciam é denominado cinética química. (Canto,1998)
Como as reações envolvem a quebra e a formação de ligações, as respectivas velocidades dependem da natureza dos reagentes em si. Entretanto existem quatro fatores que permitem a variação das velocidades nas quais reações específicas ocorrem (Brown, 2005):
O estado físico dos reagentes: Os reagentes devem entrar em contato para que reajam. Quanto mais rapidamente as moléculas se chocam, mais rapidamente elas reagem. A maioria das reações que consideramos é homogênea, envolvendo gases ou soluções líquidas. Quando os reagentes estão em fases diferentes, como quando um é gás e o outro é sólido, a reação está limitada à área de contato. Portanto, as reações que envolvem sólidos tendem a prosseguir mais rapidamente se a área superficial do solido for aumentada.
As concentrações dos reagentes: A maioria das reações químicas prossegue mais rapidamente se a concentração de um ou mais dos reagentes é aumentada. À medida que a concentração aumenta, a freqüência com a qual as moléculas se chocam também o faz, levando a um aumento das velocidades.
A temperatura na qual a reação ocorre: As velocidades de reações químicas aumentam conforme a temperatura aumenta. O aumento da temperatura faz aumentar as energias cinéticas das moléculas. À proporção que as moléculas movem-se mais velozmente, elas se chocam com mais freqüência e também com energia mais alta, ocasionando aumento de suas velocidades.
A presença de um catalisador: Os catalisadores são agentes que aumentam as velocidades de reação sem serem usados. Eles afetam os tipos de colisões (o mecanismo) que levam à reação.
Modelo de colisão
Baseado na teoria cinética molecular, este modelo explica os efeitos no nível molecular, a idéia central é de que as moléculas devem colidir para reagir. Quanto maior o número de colisões por segundo, maior a velocidade da reação. Para que reajam, as moléculas que colidem devem ter energia cinética total igual ou maior que um valor mínimo. A energia mínima necessária para iniciar uma reação é chamada de energia de ativação. (Brown, 2005)
Velocidade de reação é uma grandeza que indica como a concentração de um reagente ou produto varia com o passar o tempo. Defini-se velocidade média de formação de um produto ou de consumo de um reagente por meio da seguinte expressão:
Vm = " quantidade"
tempo
Na qual: " quantidade" = módulo da variação da quantidade de um reagente ou produto, isto é, quantidade final – quantidade inicial. Essa quantidade pode ser expressa em massa, número de mols, concentração ou volume (volume é usado apenas no caso de gases).
tempo = intervalo de tempo no qual ocorreu a variação quantidade (Canto,1998).
O objetivo desta prática foi analisar a influência da natureza dos reagentes, da concentração dos reagentes, da temperatura, da superfície específica dos reagentes e da adição de catalisadores na velocidade de algumas reações químicas.
EXPERIMENTAL
MATERIAIS E REAGENTES:
Béquer
Conta-gotas
Cronômetro
Espátula
Proveta
Tubo de ensaio
Termometro
Água destilada
Água gelada
Álcool etílico
Sódio metálico
Ácido clorídrico a 0,2 mol/L e a 1,0 mol/L
Magnésio metálico
Permanganato de potássio a 0,1 mol/L
Solução de sacarose a 0,5 mol/L
Comprimido antiácido (sonrisal)
Cloreto férrico
Cloreto de cobre (II)
Peróxido de hidrogênio a 6%
PROCEDIMENTO
I – A natureza dos reagentes
Adicionou-se 1mL de água destilada em um tubo de ensaio e colocou-se um pequeno pedaço de sódio metálico e observou-se.
Adicionou-se 1 mL de álcool etílico em um tubo de ensaio e colocou-se um pequeno pedaço de sódio metálico e observou-se.
II – Fator concentração
Reação do HCl com magnésio
Em um tubo de ensaio, adicionou-se 5mL de solução de ácido clorídrico a 0,2 mol/L e em outro tubo adicionou-se 5 mL de solução do mesmo ácido a 1,0 mol/L. Colocou-se dois pedaços aproximadamente iguais de magnésio sólido em cada tudo e observou-se.
Reação de sacarose com permanganato de potássio
Preparou-se 4 tubos de ensaio da seguinte maneira:
Tubo 1: 10 mL de solução de sacarose a 0,5 mol/L.
Tubo 2: 7 mL de solução de sacarose a 0,5 mol/L + 3 mL de água destilada.
Tubo 3: 5 mL de solução de sacarose a 0,5 mol/L + 5 mL de água destilada.
Tubo 4: 3 mL de solução de sacarose a 0,5 mol/L + 7 mL de água destilada.
Adicionou-se 1 mL de solução de permanganato de potássio a cada tubo de ensaio e com o cronômetro mediu-se o tempo gasto em cada reação.
III – Fator Temperatura
Adicionou-se 10 mL de solução de sacarose a 1,0 mol/L em um tubo de ensaio e adicionou-se 3 gotas de permanganato de potássio à temperatura ambiente e anotou-se o tempo gasto na reação.
Colocou-se em banho-maria a 50º, um tubo de ensaio contendo 10 mL de solução de sacarose a 1,0 mol/L e adicionou-se 3 gotas de permanganato de potássio, observou-se e anotou-se o tempo gasto na reação.
Colocou-se em um béquer contendo água destilada, um tubo de ensaio com 10 mL de solução de sacarose a 1,0 mol/L e adicionou-se ao tubo 3 gotas de permanganato de potássio, observou-se e anotou-se o tempo gasto na reação.
IV – Superfície de contato
Colocou-se 100 mL de água destilada em um béquer e adicionou-se um comprimido antiácido inteiro. Em outro béquer contendo 100 mL de água destilada, adicionou-se um comprimido antiácido triturado. Observou-se e anotou-se os tempos que foram gastos nas reações.
V – Ação de um catalisador
Adicionou-se à 3 tubos de ensaio, 1,0 mL de peróxido de hidrogênio, em cada. No primeiro tubo adicionou-se uma gota de solução de cloreto férrico, no segundo um cristal de cloreto de cobre (II) e no terceiro, uma gota de cloreto férrico e um cristal de cloreto de cobre (II) ao mesmo tempo. Observou-se e comparou-se a velocidade das reações nos três tubos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
I – A natureza dos reagentes
Ao adicionar o pedaço de sódio ao tubo de ensaio contendo água destilada, percebeu-se que o sódio reage vigorosamente e rapidamente com a água. Nesta reação observou-se uma pequena chama e aquecimento, logo, percebe-se que é uma reação exotérmica, com liberação de calor. Fazendo a equação química já balanceada dessa reação, tem-se:
2Na(s) + 2H2O(l) 2Na(OH)(aq) + H2(g)
De acordo com a equação descrita acima, observa-se que a reação química tem como um de seus produtos o hidróxido de sódio. Na prática, observou-se também que houve formação de pequenas bolhas, logo a reação estava liberando gás, no caso desta, o hidrogênio, também produto da reação.
Ao adicionar o pedaço de sódio metálico ao tubo contendo álcool etílico observou-se liberação de gás pela formação de bolhas. A equação que descreve esta reação química é:
2Na(s) + 2CH3-CH2-OH(l) 2CH3-CH2-ONa(aq) + H2(g)
Observou-se de acordo com a equação, formação do etóxido de sódio e liberação de gás hidrogênio.
Comparando as duas reações químicas, percebeu-se que a primeira ocorre em menor tempo, ou seja, com maior velocidade, pois, libera maior quantidade de calor.
II – Fator concentração
Reação do HCl com magnésio
Ao adicionar magnésio metálico aos tubos de ensaio contendo ácido clorídrico, percebeu-se que no ácido a 0,2 mol/L, a fita foi consumida de forma lenta e no tubo contendo ácido a 1,0 mol/L a fita foi consumida de forma rápida.
A equação abaixo descreve a reação química destes dois elementos:
Mg(s) + 2HCl(l) MgCl2(aq) + H2(g) + Calor
A reação produz cloreto de magnésio, libera gás hidrogênio e calor (exotérmica). De acordo com a reação do magnésio com o ácido à concentrações diferentes, percebeu-se que à medida que a concentração aumenta, a velocidade da reação também aumenta.
Reação de sacarose com permanganato de potássio
Inicialmente ao misturar o permanganato de potássio à sacarose, percebeu-se que a solução demorou a ser homogeneizada, apresentando duas fases: uma incolor e a outra roxa. Com o passar do tempo, a reação foi ocorrendo e a solução apresentou coloração marrom. A reação dessas substâncias é caracterizada pela seguinte equação química:
KMnO4 + C12H22O11 K2CO3 + MnO2 + CO2 + H2O
Reação na qual há formação de carbonato de potássio, dióxido de manganês (responsável pela coloração marrom), gás carbônico e água.
A tabela abaixo apresenta o tempo gasto para a ocorrência das reações em diferentes tubos:
Solução
Tempo gasto
Tubo 01
10 ml de solução de sacarose 1,0mol/L
39 seg.
Tubo 02
7ml de solução de sacarose 1,0mol/L + 3ml de água destilada
1 min. 52 seg.
Tubo 03
5ml de solução de sacarose 1,0mol/L + 5ml de água destilada
04 min. 01 seg.
Tubo 04
3ml de solução de sacarose 1,5mol/L + 7ml de água destilada
06 min. 20 seg.
Tabela 1: Tempo gasto na reação do permanganato de potássio com a sacarose.
De acordo com os valores observados, percebeu-se que ao diminuir a quantidade de sacarose, o tempo para a ocorrência da reação aumenta e a velocidade diminui.
III – Fator temperatura
A reação do permanganato de potássio com a sacarose foi feita à diferentes temperaturas, os valores do tempo gasto e a temperatura estão expressas na seguinte tabela:
Tubos
Fator temperatura
Tempo gasto
01
Ambiente
2 min. 45 seg.
02
Banho-maria a 50º
01 min. 07 seg.
03
Água gelada
04 min. 56 seg.
Tabela 2: Tempo gasto para reação do permanganato de potássio com sacarose em diferentes temperaturas.
Em temperatura ambiente em torno de 25ºC, percebeu-se que a reação ocorreu de forma lenta. Observou-se que à temperatura alta, ou seja, a 50ºC, a velocidade da reação foi maior, ocorreu em menor tempo. E à baixa temperatura (água gelada) a reação ocorreu de forma bastante lenta. Com isso, foi possível perceber que ao aumentar a temperatura, aumenta-se também a velocidade da reação.
IV – Superfície de contato
Na dissolução do comprimido inteiro, percebeu-se um tempo de 1 minuto, 12 segundos e 59 milésimos e no comprimido triturado observou-se 50 segundos e 07 milésimos. Com isso, é possível notar que quando a superfície de contato aumenta, a velocidade da reação aumenta.
V – Ação de um catalisador
Catalisadores são substâncias que aumentam a velocidade de uma reação sem serem consumidos na mesma. Adicionou-se 3 catalisadores diferentes para que se observasse a velocidade da decomposição do peróxido de hidrogênio. Os resultados observados estão expressos na seguinte tabela:
Reação química
Velocidade
FeCl3
2H2O2(aq) 2H2O(aq) + 3O2(g)
Lenta
CuCl2
2H2O2(aq) 2H2O(aq) + 3O2(g)
Rápida
FeCl3 + CuCl2
2H2O2(aq) 2H2O(aq) + 3O2(g)
Muito rápida
Tabela 3: Velocidade de decomposição do peróxido de hidrogênio na presença de catalisadores.
Devido aos catalisadores, as reações se processam por um caminho alternativo com menores energias de ativação, acelerando assim, o tempo de decomposição do peróxido de hidrogênio. Neste procedimento, percebeu-se que o Cloreto de cobre (II) é responsável pelo aumento da velocidade da reação.
CONCLUSÃO
De acordo com o procedimento experimental foi possível identificar os fatores que influenciam na velocidade das reações. Observou-se que quanto maiores forem a temperatura, concentração e superfície de contato, a reação ocorrerá em menor tempo, ou seja, com maior velocidade. Percebeu-se que os catalisadores influenciam no aumento da velocidade de uma reação abaixando sua energia de ativação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANTO, Eduardo Leite do, 1996 –II; Química Ensino Básico; 2. Ed. – São Paulo: Moderna, 1998.
BROWN, T... Química, a ciência central. Trad. Robson Matos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.