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Cerade Abelhas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL CERA DE ABELHAS Organizadores: Prof. Alfredo Alcides Goicochea Huertas (Departamento de Biologia Animal – UFV) Luís Gustavo Garay (Graduando Agronomia – UFV) Veríssimo Gibran Mendes de Sá (Doutorando – Entomologia – UFV) Viçosa - MG 2009 Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Índice História e Origem ...................................................................................02 Função da Cera na Colméia.....................................................................03 Características físico-químicas da cera...................................................04 Cera: Importância para apicultura ..........................................................04 Cera Alveolada .......................................................................................05 Produção e Comercialização ..................................................................05 Produção Comercial ...............................................................................06 Métodos e técnicas para purificar cera ...................................................07 Processo do Saco .........................................................................07 Derretedor ou Purificador Solar ..................................................08 Derreterdor ou Purificador à Vapor ............................................08 Cera bruta ...............................................................................................10 Confecção de lâminas lisas ....................................................................10 Confecção de cera alveolada ..................................................................11 Utilização da cera alveolada ..................................................................12 Inimigos da cera .....................................................................................13 Conclusão ...............................................................................................15 Sugestões de leitura ................................................................................16 Anexos ....................................................................................................17 1 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 História e Origem A cera de abelhas é tão antiga quanto a própria história das abelhas e de sua exploração pelo homem. Como possui oxidação lenta, dura por muito tempo, desde que não seja atacada por traças da cera ou exposta a elevadas temperaturas. Provavelmente, por isso que, antigamente, os Egípcios utilizavam a cera para mumificação de cadáveres: eram retiradas as vísceras e colocado no lugar uma mistuda de própolis e cera, posteriormente o corpo era envolto em tecido, o que impedia o contato com o ar, mantendo o corpo intacto por muito tempo. A palavra múmia não é precisamente de origem Egípcia e sim da palavra moum, de origem persa, que significa cera. Praticamente todos os povos da Antigüidade usavam cera nas cerimônias religiosas e há registros de que a cera também era utilizada para pagamento de taxas, tributos e multas, pois foram encontrados tabletes de cera em registros tributários de Roma e em navios naufragados. A cera é produzida por quatro pares de glândulas cerígenas ou gordurosas, localizados entre o quarto e o sétimo segmento da parte ventral do abdômen das abelhas operárias Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae) com idade variando de 12 a 18 dias, fase em que elas são chamadas de construtoras. As abelhas secretam a cera em forma líquida que em contato com o ar se solidifica formando pequenas escamas transparentes. As operárias trabalham essa cera (amassando e moldando) com as mandíbulas juntamente com outras secreções das próprias abelhas, sob a forma de alvéolos hexagonais na construção dos favos. Para a secreção da cera é imprescindível a ocorrência de certos fatores, tais como: temperatura no interior da colméia de 33 à 36ºC, em média; presença de abelhas operárias com idade de 12 a 18 dias; alimentação abundante e a necessidade da construção de favos. Cerca de 45 dias após a chegada de um enxame, 90% dos favos já foram construídos. 2 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Função da Cera na colméia A matéria–prima da cera é o próprio mel que as abelhas transformam em gordura. É necessário ingerir aproximadamente 6 a 7 quilos de mel para produzir 1 quilo de cera e a média de produção de cera é de 2% da produção de mel. Por isso, que a presença da cera alveolada é de grande importância para reduzir o consumo de mel e o tempo gasto pelas abelhas na construção dos favos. A forma hexagonal dos favos é importante para a sustentação dos mesmos na colméia devido a sua estruturação e também para o armazenamento de suas crias e de seus alimentos: mel, pólen, água, além da geléia real. Centenas de abelhas operárias participam na edificação de um só alvéolo, e cada operária se mantém em atividade por aproximadamente um minuto. Para a abelha a cera representa seu primeiro e principal material de construção, na arquitetura de suas colméias. Com as minúsculas placas de cera ela inicia a construção dos seus depósitos de mel, pólen e berços para a prole, os alvéolos de base hexagonal. Sempre emprega a cera nos trabalhos mais delicados, e nunca o desperdiça em obras secundárias. A cera é, portanto, um elemento vital para o enxame, sem o qual não existiria a colméia. 3 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Características físico-químicas da cera A cera apresenta densidade de aproximadamente 0,960 a 0,987 g/cm³ e seu ponto de fusão varia entre 60 a 65°C. É insolúvel em água e solúvel em óleos voláteis, éter, clorofórmio e benzeno. Sua coloração pode variar de acordo com a contaminação por pólen e também por partículas de própolis. Os favos se tornam escuros por causa da saliva das abelhas, da própolis e de fragmentos deixados pelas crias por ocasião das mudas da pele, dejeções das crias e emanações do corpo das abelhas adultas. A cera de A. mellifera é constituída por mais de 300 componentes que podem ser resumidos de seguinte forma: encontra-se 70 a 72% de ésteres, 14 a 15% de ácidos céricos livres, 12% de hidrocarbonetos (principalmente saturados) e 1% de alcoóis. Apesar de sua composição ser bastante complexa, a cera é de fácil identificação, pois suas características físicas são estáveis. Apresenta consistência plástica acima de 30°C, podendo ser moldada, porém é dura e quebradiça quando fria. Dentre as várias características a cera das abelhas possui propriedades impermeabilizantes, emolientes, amaciantes, moldantes, cicatrizantes, purificantes, antiinflamatórias. O Regulamento Técnico, do Ministério da Agricultura, que fixa a identidade e qualidade de cera de abelhas define a mesma como um produto de consistência plástica, de cor amarelada, muito fusível, secretada pelas abelhas para formação dos favos nas colméias. Cera: Importância para apicultura Para o apicultor a cera é um produto indispensável para o manejo racional de suas colméias, podendo ser obtida de raspas de quadros, favos velhos e quebrados, dentre outros. Esta cera deve ser purificada para ser reutilizada pelo apicultor. A cera que o apicultor beneficiará é proveniente dos materiais dos favos em geral, num processo conhecido como extração de cera. A transformação de cera bruta em cera alveolada é um processo delicado que exige bastantes cuidados para não danificar a cera, tais como: extrair a cera dos favos velhos (mais escuros), que contêm maior quantidade de impurezas, separadamente da cera dos opérculos e dos favos claros (mais novos) que ainda não foram utilizados para postura e desenvolvimento de crias. Também é preciso retirar os favos que foram atacados por traças, evitando, assim, uma possível contaminação. 4 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Cera Alveolada Outro importante aperfeiçoamento da apicultura moderna foi o desenvolvimento da cera alveolada. Com este material o produtor poupa trabalho de suas abelhas e ganha tempo na produção de mel. A cera alveolada é uma lâmina de cera de abelha prensada, que apresenta, de ambos os lados, o relevo de um hexágono do mesmo tamanho do alvéolo, que servirá de guia para a construção dos alvéolos ou celas dos favos. Produção e Comercialização Os maiores consumidores da cera de abelhas são as indústrias de cosméticos, que a utilizam na confecção de pomadas, loções, cremes faciais e labiais, para depilação e na indústria de velas. E também a indústria apícola na utilização de cera alveolada que facilita e diminui o trabalho das abelhas, que muito estimuladas aumentam a produção de mel. 5 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Outros usos estão na fabricação de cremes para calçados; em materiais para impermeabilização; indústria de armamento; lustres para pisos; móveis, couros e lentes telescópicas; na fabricação de graxas, ungüentos; na composição de fitas adesivas, gomas de mascar, tintas; em enxertos e vernizes. A produção mundial de cera de abelhas é em torno de 11.500 a 19.000 toneladas e o Brasil é o 13º produtor mundial. Os principais importadores são os Estados Unidos (consome cerca de 30% da cera existente no mercado internacional) seguidos da Alemanha, Reino Unido, Japão e França. Os maiores exportadores são o Chile, Tanzânia, Brasil, Holanda e Austrália. Vários autores concordam que as melhores ceras do mundo são produzidas no Brasil e no Chile. Produção comercial Até 1977, os principais estados brasileiros produtores de cera de abelhas eram Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, alternando-se no 1º lugar. A partir daí, as maiores produções passaram a ser dos estados do Piauí e Bahia. A produção de cera no Brasil foi crescente até 1966, quando chegou a 1.432 toneladas sendo que a produção de mel apresentou situação semelhante. Desde então, a produção de cera foi se reduzindo até 1981 quando atingiu a quantia e 505 toneladas. A partir dessa data a produção vem aumentando consideravelmente, atingindo 1.000 toneladas. Matéria-prima para a produção apícola, a cera foi muito utilizada e valorizada no passado, porém passou por um período de depreciação, sendo substituída por ceras sintéticas, que possuem um custo menor. Contudo, devido a suas características peculiares de aroma e plasticidade, seus efeitos medicinais e a tendência mundial em se consumir produtos naturais, a demanda por cera de abelhas retomou seu crescimento. Atualmente existe uma escassez total ou sazonal desse produto nos países industrializados. Em 2003 e 2004, o Piauí foi o maior exportador de cera de abelha bruta no Brasil, comercializando, nesse período, 10.200 e 5.000 quilos, respectivamente. Embora o montante exportado tenha sido reduzido em quase metade, devido à alta do preço, a arrecadação foi maior em 2004 (US$ 35.274,00) do que em 2003 (US$ 31.584,00). A Holanda é o maior importador da cera de abelha piauiense, seguido dos Estados Unidos e da Alemanha. 6 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Métodos e técnicas para purificar a cera Há diversas técnicas para o processo de purificação de cera que baseia-se essencialmente, no seu derretimento e filtração. Os principais métodos de purificação da cera são: Processo do Saco É um processo antigo utilizado para o beneficiamento da cera. É o método mais simples e, por isso, mais utilizado pelos iniciantes na apicultura. Porém, seu rendimento é baixo e a qualidade da cera extraída costuma ser inferior, pois não há controle da temperatura nesse processo. Os materiais utilizados são: recipiente com água, saco de tecido poroso e uma fonte de calor. Assim, os favos são colocados dentro do saco e junto é colocado um peso para o saco afundar, e esses são colocados dentro do recipiente contendo água, porém o saco de tecido com a cera e os pesos não devem tocar o fundo do recipiente, que é colocado sob a fonte de calor. A cera derreterá e atravessará o tecido, se juntando com a água. Então, o saco de tecido, com todas as impurezas são retirados do recipiente. A água com a cera que restaram no recipiente são retiradas da fonte de calor e então deixadas em repouso até a cera se solidificar, quando então pode ser retirada. Posteriormente, é necessário raspar as impurezas superficiais contidas na cera. E aquela que apresentar cor escura deve ser purificada novamente, em água limpa, para remover ainda mais os resíduos solúveis. O processo é repetido quantas vezes forem necessárias. É preciso cuidado ao se realizar esse processo pois o material é inflamável. 7 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Derretedor ou Purificador Solar Trata-se de um tambor, caixa de madeira ou recipiente que é pintado de preto internamente para absorver calor. Há um compartimento onde os favos são colocados e este possui uma tela que retém as impurezas e resíduos. Após a tela, fica um outro recipiente de maior diâmetro onde a cera derretida é armazenada. Esse derretedor é coberto com dois vidros planos e paralelos, com uma declividade de 15 a 20% para que a cera derretida possa escorrer. O derretedor deve ficar voltado para a direção do sol, aproveitando assim, o máximo da luminosidade disponível. A cera obtida através desse processo é de boa qualidade e de cor clara. Uma das vantagens desse método é que não se trabalha com fogo, o que elimina a necessidade de constante observação. É um processo excelente para cera de opérculo e pequenas quantidades de cera da tampa. Utiliza energia totalmente gratuita, limpa e renovável, que permite o beneficiamento da cera a baixíssimo custo, desde que haja sol. Entretanto, apresenta algumas desvantagens, como a dificuldade em derreter favos muito velhos e a baixa eficiência do método, que permite a purificação de pequenas quantidades de cera por dia. Derretedores ou Purificadores à Vapor No derretimento por vapor há um beneficiamento mais rápido da cera. São utilizados tanto favos velhos quanto favos operculados. Esses são colocados em um recipiente de parede dupla, sendo que entre elas contém água. O derretedor por vapor é colocado sobre uma fonte de calor, que vai produzir o vapor da água que sai através de orifícios da parede interna e que entra em contato com os favos, derretendo-os. O aquecimento da cera é rápido e ela escorre para um compartimento externo que recebe o material. 8 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 É aconselhável que haja uma peneira com malha de 2 a 3 mm dentro do dispositivo que receberá a cera, evitando dessa forma que o bagaço se misture com ela. Dentre as vantagens do método é possível enumerar a possibilidade de derretimento de todo tipo de cera, além das impurezas ficarem aderidas à tela do tambor, o que melhora a qualidade da cera. Entretanto, é preciso estar atento ao nível da água todo o tempo e a limpeza da tela deve ser feita enquanto a mesma permanece aquecida, o que ajuda a retirada da sujeira, uma vez que a cera residual e a sujeira se solidificam rapidamente. 9 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Cera Bruta Cera bruta é a cera purificada obtida através dos diferentes métodos de purificação anteriormente mencionados. Depois do processo de extração ela é derretida novamente e colocada em fôrmas ou recipientes a fim de se obter blocos homogêneos em tamanho e peso, que serão armazenados, preferencialmente em local coberto, fresco, com luminosidade, em sacos plásticos de primeiro uso, com boa ventilação e fazendo observações periódicas. Todos esses cuidados são necessários para evitar possíveis ataques de traças da cera. Confecção de lâminas lisas (processo semi-industrial) Os blocos de cera bruta, depois de purificados, são utilizados na fabricação de lâminas de cera lisa e posteriormente, alveolada. Para isso, esses blocos são derretidos em banho-maria a uma temperatura máxima de 75ºC para a produção das lâminas lisas. Para se produzir essas lâminas são utilizados moldes de madeira (material que não adere cera), com as mesmas medidas da parte interna de um quadro ou caixilho de ninho. Se os moldes tiverem tamanho maior, juntamente com o cilindro alveolador, é preciso cortar as lâminas no tamanho padrão. 10 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Confecção de cera alveolada O cilindro utilizado na alveolação imprime os alvéolos nas placas de cera, de modo manual ou mecânico. O sistema é composto de dois cilindros justapostos e, por entre eles, passam as lâminas lisas de cera que são prensadas recebendo a estampa dos alvéolos dos dois lados. O processo de beneficiamento da cera, ou seja, a transformação da cera bruta em cera alveolada é um pouco delicado, precisa de alguma aptidão e cuidados para não danificar a cera. Assim, é recomendado limpar toda sujeira que esteja nos blocos antes 11 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 do seu derretimento, preparar o cilindro alveolador com água e detergente neutro e esperar 24 horas para alveolar as lâminas lisas. A cera alveolada apresenta diversas vantagens para o apicultor e para a colméia, dentre elas: guia e alinhamento para a construção de favos; garante a construção de favos perfeitos; economia de tempo com menor desgaste das abelhas; economia de mel na nutrição; limita o nascimento de zangões, que necessitam de alvéolos maiores; favos mais resistentes; precocidade para a produção de mel, resultando em melhor aproveitamento das floradas. Utilização da cera alveolada A cera alveolada é utilizada nos quadros que irão para as caixas de colméias. A fixação da cera ocorre da seguinte maneira: na parte superior do quadro, há um friso onde a cera é fixada jogando-se a própria cera derretida. Depois, é utilizado um incrustador elétrico, de aproximadamente 12 volts, fazendo uma circulação de carga elétrica, onde os arames se aquecem e a cera sofre um derretimento superficial no local em contato, fixando-se neles após o resfriamento. 12 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Inimigos da cera Os principais inimigos da cera são as traças. Existem dois tipos de traças que atacam a cera, a menor Achroia grisella e a maior Galleria mellonella (Lepidoptera: Pyrallidae). No Brasil, ambas as espécies são relacionadas à A. mellifera desde 1938. A traça da cera encontra-se disseminada em condições naturais, podendo-se afirmar que não existem colméias ou enxames encontrados em condições de campo livres da presença dessa praga, ocorrendo invasão das colônias por mariposas que ovipositam em frestas das colméias. As perdas de cera podem atingir até 645g por melgueira quando não se utiliza nenhuma técnica de armazenamento e manejo dos favos. Os prejuízos são enormes para a colméia e para o apicultor. Para o armazenamento dos favos de cera durante a entressafra é necessária a utilização de técnicas de conservação dos favos para evitar o aparecimento da traça. Os prejuízos causados pela traça da cera têm incentivado pesquisadores a buscarem métodos alternativos de controle. Inicialmente, métodos químicos foram desenvolvidos 13 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 utilizando-se os produtos paradiclorobenzeno, ácido cianídrico, brometo de metila, sulfureto de carbono, anidrido sulfuroso e fosfina. Embora esses compostos fossem utilizados para o controle dessas traças, seu emprego apresentava inúmeros problemas, podendo-se destacar as intoxicações às abelhas nas diversas fases do seu desenvolvimento e também a contaminação do mel, cera, própolis, pólen e geléia real. Diante disto, a maneira mais eficaz de proteger a colméia das duas espécies de traça, até que surja um novo produto para o controle da traça da cera, é o manejo adequado da colméia. Se as colméias possuírem baixa densidade populacional, danos por essas lagartas poderão ocorrer. No caso de colméias não populosas, deve-se realizar um manejo que mantenha, em cada uma, números adequados de favos, evitando que estes sejam atacados. As abelhas, através de seu comportamento higiênico, são capazes de repelir as mariposas e, mesmo quando surgem algumas lagartas da traça, as operárias prontamente realizam a limpeza do favo, impedindo seu desenvolvimento. Dessa maneira, a melhor forma de evitar prejuízos com a traça da cera, ainda é manter enxames populosos através de revisões periódicas nas colméias, sendo que, o apicultor deve estar sempre atualizado visando o aumento de produção através de manejo adequado. Cera mal armazenada: 14 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Conclusão A cera purificada tem menor probabilidade de ser atacada pela traça, ainda mais se acondicionada imediatamente em sacos plásticos de preferência de primeiro uso, e guardado em lugar iluminado e arejado. A cera é um produto da colméia que tem seu valor tanto para as abelhas como para o homem e cabe a nós apicultores saber produzi-la com qualidade e economia. Atualmente a produção de cera pode ser uma atividade a ser desenvolvida na entressafra do mel, pois ao utilizar a nutrição artificial das abelhas, é possível obter boa quantidade de cera branca, de qualidade e com altos valores no mercado, gerando mais renda no apiário. 15 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Sugestões de leitura Sites da internet: Ambiente Brasil - http://www.ambientebrasil.com.br Apiário-UFV - http://www.ufv.br/dbg/bee/bem-vindo.htm Apiguarda - http://www.apiguarda.com Breyer & Cia - http://www.breyer.ind.br Macmel - http://www.macmel.net Zovaro - http://www.zovaro.com.br Livros e outras produções técnicas: COSTA, P.S.C.; OLIVEIRA, J.S. Manual Prático de criação de abelhas. 1ª ed. Aprenda Fácil, 2005. 424 p. : il. MARTINHO, M.R. A criação de abelhas. 2ª ed. Globo, 1989. 180 p. : il. SCHENK, E. O apicultor brasileiro. Guia completo de Apicultura no Brasil. 7ª ed. Continente, 1938. 324 p. : il. GUERRA, M. DE S. Bionomia das traças de cera (Galleria mellonella L. e Achroia grisella F. Lepidoptera, Galleridae). Piracicaba, São Paulo: Dissertação de Mestrado ESALQ-USP, 1973 133 p. MAGALHÃES, E. O. Manual de Apicultura. Modulo I. CD p/ ADRs/Ba. 2004 ZOVARO, R. Cera: Seu Beneficiamento e Utilização. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Apicultura, 14 a 17/11/2000. Florianópolis, SC. DIAS, L. F. Controle biológico da traça da cera. Informativo Zum Zum, Florianópolis: v.35, n.301, 7 p., 2001. BRIGHENTI, D.M.; CARVALHO, C.F.; BRIGHENTI, C.R.G. e CARVALHO, S.M. Perda de cera em favos de Apis mellifera Linnaeus, 1758 (Hymenoptera: Apidae) por Galleria mellonella (Linnaeus, 1758) e Achroia grisella (Fabricius, 1794) In: XII Congresso Brasileiro de Entomologia, 2004. Gramado. Anais... Gramado, 2004. 695 p. 16 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 Anexos: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3, DE 19 DE JANEIRO DE 2001. O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA, SUBSTITUTO, DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 83, inciso IV do Regimento Interno da Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998, considerando que é necessário instituir medidas que normatizem a industrialização de produtos de origem animal, garantindo condições de igualdade entre os produtores e assegurando a transparência na produção, processamento e comercialização, e o que consta do Processo nº 21000.002814/200067, resolve: Art. 1º Aprovar os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Apitoxina, Cera de Abelha, Geléia Real, Geléia Real Liofilizada, Pólen Apícola, Própolis e Extrato de Própolis, conforme consta dos Anexos desta Instrução Normativa. Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. RUI EDUARDO SALDANHA VARGAS REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE CERA DE ABELHAS 1. Alcance 1.1. Objetivo: Estabelecer a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deve atender a cera de abelhas. 1.2. Âmbito de Aplicação: O presente Regulamento se refere à cera de abelhas destinada ao comércio nacional ou internacional. 2. Descrição: 2.1. Definição: Entende-se por cera de abelhas o produto de consistência plástica, de cor amarelada, muito fusível, secretado pelas abelhas para formação dos favos nas colméias. 2.2. Classificação: 2.2.1. Cera de abelhas bruta - Quando não tiver sofrido qualquer processo de purificação, apresenta cor desde o amarelo até o pardo, untuosa ao tato, mole e plástica 17 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 ao calor da mão, fratura granulosa, odor lembrando o do mel, sabor levemente balsâmico e ainda com traços de mel; 2.2.2. Cera de abelhas branca ou pré-beneficiada - Quando tiver sido descolorida pela ação da luz, do ar ou por processos químicos, isenta de restos de mel, apresentando-se de cor branca ou creme, frágil, pouco untuosa e de odor acentuado. 2.3. Designação (Denominação de Venda): Cera de Abelhas. 3. Referências: - ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normas ABNT. Plano de Amostragem e Procedimentos na Inspeção por atributos- 03.011 - NBR 5426 JAN/1985. - AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Analitical Chemists. Arlington, , 1992. - AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Analitical Chemists, 16 th Edition, cap. 4.1.03, 1995. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria nº 368, de 04/09/97 – Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores / Industrializadores de Alimentos, 1997. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Resolução GMC 36/93 Mercosul, Portaria nº. 371, de 04/09/97 – Regulamento técnico para Rotulagem de Alimentos. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria 001, de 07 de outubro de 1981. Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produtos de Origem Animal e seus Ingredientes: Métodos Físico-Químicos, Cap. 2, p. 3, met. 3, 1981. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria SIPA nº 06/84 Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas para Mel, Cera de Abelhas e Derivados, 1984. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Programa Nacional de Controle de Resíduos Biológicos. Instrução Normativa n. 3 de 22 de Janeiro de 1999. - BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria 248, de 30 de dezembro de 1998, publicada no DOU de 05 de janeiro de 1999. Estabelece o Método Oficial para Detecção de Paenibacillus larvae em Mel e Produtos Apícolas. 18 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 - BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997 – Publicada no DOU de 28 de outubro de 1997. Regulamento Técnico: Aditivos Alimentares – definições, classificação e emprego. - BRASIL. RIISPOA - Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Decreto n0 30.691, de 29 de março de 1952. - FAO/OMS. Organización de las Naciones unidas para la Agricultura y la Alimentacíon. Codex Alimentarius, CAC/vol. A, 1985. - ICMSF - Microorganismus in foods. 2. Sampling for microbiological analysis: Principles and specific applications. University of Toronto. Press, 1974. - ICMSF. Compendium of Methods for Microbiological Examination of Foods, 1992. 4. Composição e Requisitos: 4.1. Características Sensoriais: 4.1.1. Aspecto: sólido amorfo; 4.1.2. Aroma: característico (lembra o mel); 4.1.3. Cor: branca a amarelada; 4.1.4. Consistência: macia e friável. 4.2. Requisitos físico-químicos: 4.2.1. Ponto de fusão: 61ºC a 65° C; 4.2.2. Solubilidade: insolúvel em água, solúvel em óleos voláteis, éter, clorofórmio e benzeno. 4.2.3. Índice de acidez: 17 a 24 mg KOH/g; 4.2.4. Índice de ésteres: 72 a 79; 4.2.5. Índice de relação ésteres e acidez: 3,3 a 4,2; 4.2.6. Ponto de saponificação turva: máximo de 65ºC; 4.3. Acondicionamento: O produto deverá ser embalado com materiais adequados para as condições de armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada contra a contaminação. 19 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 5. Aditivos: Não se autoriza. 6. Contaminantes: Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades superiores aos limites estabelecidos pelo Regulamento vigente. 6.1. Outros contaminantes: Pesquisa de esporos de Paenibacillus larvae em 25g de cera de abelha (utilizando a metodologia descrita na Portaria 248, de 30/12/1998). Resultado Aceitável: Ausência de esporos em 25g. 7. Higiene: 7.1. Considerações Gerais As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores / lndustrializadores de Alimentos. 7.2. Critérios Macroscópicos O produto não deverá conter substâncias estranhas, de qualquer natureza. 7.3. Critérios Microscópicos O produto não deverá conter substâncias estranhas, de qualquer natureza. 7.4. Critérios Microbiológicos: Aplica-se o Regulamento Específico. 8. Pesos e Medidas Aplica-se o Regulamento Específico. 9. Rotulagem Aplica-se o Regulamento específico, devendo constar, ainda, no rótulo a expressão produto não comestível. 20 . Curso: Cera de Abelhas Universidade Federal de Viçosa - 13 de julho de 2009 10. Métodos de Análise Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produto de Origem Animal e seus Ingredientes - Portaria n° 001/81 - 07/10/1981. Ministério da Agricultura e do Abastecimento Portaria 248, de 30 de dezembro de 1998, publicada no DOU de 05 de janeiro de 1999. Estabelece o Método Oficial para Detecção de Paenibacillus larvae em Mel e Produtos Apícolas. Ministério da Agricultura. 11. Amostragem Seguem-se os procedimentos recomendados pela Norma vigente. 21 .