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Caracterização Geoecológica E Ambiental

Caracterizção geoambiental de área destinada a implantação de condomínio residencial urbano

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RELATÓRIO TÉCNICO CARACTERIZAÇÃO GEOECOLÓGICA E AMBIENTAL DA ÁREA DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE, PERÍMETRO URBANO DE CUIABÁ/MT EQUIPE TÉCNICA: Fernando Ximenes de Tavares Salomão – Geólogo, CREA/SP 33628/D (Visto CREA/M7553/VD), MSc. em Geologia Geral e de Aplicação, Doutor em Geografia Física Elder de Lucena Madruga – Geólogo - CREA/MT 2956/D, MSc. em Agricultura Tropical, Doutorando em Engenharia de Transportes; e, Bacharel em Direito. Elton Antonio Silveira – Biólogo. MSc. Ecologia e Conservação da Biodiversidade. (CRBio –1): 232703/01-D Letícia Thommen Lobo Paes de Barros - Engº Agrônomo. MSc. Ecologia e Conservação da Biodiversidade. CREA/MT 2590/D. Cadastro Técnico Estadual de Serviços e Consultorias Ambientais da FEMA/MT n° 255 Lélis Nogueira Gonzaga Geólogo - CREA/MT 2955/D. Especialista em Pedologia. Cadastro Técnico Estadual de Serviços e Consultorias Ambientais da FEMA/MT n° 384 Ângelo – Estudante de Geologia/UFMT Responsável pelo geoprocessamento Outubro de 2005 ii SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 1. SUPORTE GEOECOLÓGICO DA ÁREA DO CONDOMÍNO HORIZONTAL BELVEDERE: BASES PARA O ENTENDIMENTO DAS RELAÇÕES ECOFISIOLÓGICAS AMBIENTAIS..................................................................... 1.1. Clima............................................................................................. 1.2. Geologia........................................................................................ 1.3. Pedologia....................................................................................... 1.4. Geomorfologia............................................................................... 1.5. Recursos Hídricos Superficiais......................................................... 1.6. Caracterização da flora dos remanescentes vegetacionais da área do condomínio........................................................................................... 1.7. Caracterização da fauna observada nos remanescentes vegetacionais da área do condomínio.......................................................................... 2. IDENTIFICAÇÃO E COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE NASCENTES E DE FUNDO DE VALES DE CURSOS D’ÁGUA DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE.............................................................................................. 2.1. Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Dissecação........... 2.2. Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Agradação............ 3. MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS NO CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE .................................................. 3.1. Diagnóstico e prevenção dos processos erosivos .............................. 3.2. Contenção das ocorrências erosivos ................................................ 4. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – PRAD ................... 4.1. Atividades e procedimentos operacionais ......................................... 4.2. Ações de recuperação ..................................................................... 4.3. Projeto executivo de recuperação das áreas degradadas do condomínio........................................................................................... 4.3.1. Caracterização dos locais degradados.......................................... 4.3.1.1. Terço superior do remanescente de vegetação........................ 4.3.1.2. Borda da margem esquerda do remanescente de vegetação..... 4.3.1.3. Ambiente agradacional da margem direita do remanescente de vegetação......................................................................................... 4.3.1.4. Estrada que recorta o ambiente agradacional do remanescente de vegetação.................................................................................... 4.3.2. Definição de sistemas de revegetação ........................................ 4.3.3. Recomposição topográfica ......................................................... 4.3.4. Limpeza das áreas..................................................................... 4.3.5. Atividades específicas para o sucesso da recuperação.................. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 6. BIBLIOGRAFIA...................................................................................... ANEXO I: RESULTADOS DA ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA, REALIZADA ATRAVÉS DE AMOSTRAGEM, NOS REMANESCENTES DE VEGETAÇÃO DO CONDOMÍNIO BELVEDERE Página x 1 1 3 4 10 15 17 31 40 46 52 57 57 63 65 67 67 70 70 70 71 72 73 74 74 75 75 79 84 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Balanço hídrico da estação meteorológica de Coxipó da Ponte/MT. Fonte: Nimer & Brandão (1989)................................................................. Figura 2 – Detalhe do filito conglomerático alterado, em talude de erosão linear existente no talvegue do curso d’água, no interior do remanescente alongado de vegetação. Porção noroeste do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT................................................................................................ Figura 3 – Detalhe do talude submetido por erosão, onde afloram sedimentos quaternários finos (silte e argila), sobre filito alterado, em remanescente vegetacional. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT................... Figura 4 – Detalhe de talude recortando sedimentos quaternários grosseiros (cascalhos e calhaus), no interior do remanescente alongado de vegetação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT........................................................ Figura 5 – Perfil de Neossolo Litólico sobre filito, em talude do talvegue principal, no interior de remanescente alongado de vegetação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. Figura 6 – (a) Detalhe de superfície antropizada com espécie geófita, adaptada ao Neossolo Litólico, solo muito cascalhento e raso. (b) Aspecto do Campo Limpo (em primeiro plano), recobrindo Neossolo Litólico cascalhento do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT........................................................ Figura 7 – Vista parcial de Campo de Murundus no Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 8– Aspecto do Campo Limpo desenvolvido em Neossolo Litólico. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT.............................................................. Figura 9 – (a) Detalhe da coleta de amostra do horizonte Bt de Planossolo. (b) Cores acinzentadas indicando hidromorfismo em Planossolo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................... Figura 10 – Aspecto do sistema radicular das plantas em Planossolo submetido à erosão por escavação do interior do talvegue principal no ambiente de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT..................... Figura 11 – Aspecto do local onde se realizou a tradagem em ambiente de agradação em que ocorre Gleissolo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT........ Figura 12 – Mosqueado de redução do horizonte glei, do Gleissolo, com cores amarelo brunado. Borda do ambiente de agradação. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 13 – Vista parcial de um morrote existente na porção sul do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. Figura 14 – Vista parcial do fundo de vale do talvegue principal de escoamento superficial. Em primeiro plano, micro-zona de acumulação no interior do canal. Ao fundo, novo estreitamento do leito. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................... Figura 15 – Detalhe da erosão na antiga estrada que cortava o remanescente alongado, onde se verifica a formação de uma ravina ainda ativa. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT.................................................... Figura 16 – Fotografia aérea 1983 interpretada por estereoscopia ............... Página 2 3 4 4 5 6 7 7 8 9 9 10 11 12 13 14 iv Figura 17 – Aspecto do leito do talvegue principal, estreito, encaixado e escavado por erosão diferencial, no terço superior de seu curso, que promove o escoamento de excedentes hídricos superficiais. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................... Figura 18 – Detalhe do interior do talvegue principal, na altura do terço superior de seu curso (estaca 9), onde se forma um micro-ambiente de deposição de sedimentos grosseiros no fundo de vale encaixado. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. Figura 19 - Análise de agrupamento (Cluster analysis) das amostras de vegetação arbustiva e arbórea do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................. Figura 20 - Ordenação por Análise de Correspondência Retificada (DCA) das amostras do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................... Figura 21 - Ordenação por Análise de Correspondência Retificada (DCA) das espécies do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. (Obs.: Ver abreviações dos nomes na Tabela I)........ Figura 22 – Vista parcial da borda do remanescente onde se observa o contato abrupto de Campo Limpo com Mata Ciliar, junto ao leito do talvegue principal. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................... Figura 23 – Aspecto da borda do remanescente onde se observa ao fundo a fisionomia florestada no ambiente de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 24 – Vista parcial do Campo de Murundus que bordeja o remanescente de Mata Ciliar do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT.............. Figura 25 – Aspecto do capão remanescente que constitui a Área Verde 06 do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT........................................................ Figura 26 – Aspecto do interior do remanescente com presença de bambu nativo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT.................................................. Figura 27 - Distribuição do número de espécies da fauna de acordo com o número de espécies das amostras de flora. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. (Para consultar a localização e descrição das amostras de vegetação ver Anexo I)............................................................................. Figura 28 – Água empoçada no leito de canal anastomosado entalhado por erosão linear, que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT....................... Figura 29 – Barreiro no leito do canal anastomosado que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. Figura 30 – Vestígios da fauna que se locomove no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. (a) Pegadas de felino. (b) Marcas de unhas de felino em tronco de árvore.... Figura 31 – Pegadas de mão-pelada no fundo de uma erosão que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT......................................................... Figura 32 – Pegadas de veado no fundo de uma erosão que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. 16 16 22 23 24 25 26 26 28 29 35 36 36 37 37 37 v Figura 33 – Marcas de dentes de cutia em frutos de cumbaru coletados no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT............................................................. Figura 34 – Imagem de satélite da região onde se insere o empreendimento, mostrando a conectividade dos remanescentes com as formações ribeirinhas do rio Coxipó. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT........................................ Figura 35 – Sondagem a trado realizado na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Figura 36 – Perfil de solo exposto em talude de erosão no talvegue principal do ambiente de dissecação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT.... Figura 37 – Vegetação de Campo Limpo sobre Neossolo Litólico/afloramento de rocha em contato com Cerrado típico sobre Neossolo Litólico relativamente mais profundo. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT.. Figura 38 – Vista parcial do ambiente de dissecação em que está sendo implantado o Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT......................... Figura 39 – Morrote com Neossolo Litólico recoberto por vegetação rala de Cerrado (latu sensu), que resulta em baixa infiltração e elevado escoamento superficial das águas pluviais. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 40 – Detalhe de afloramento da rocha pelítica alterada do Grupo Cuiabá, mostrando aspectos da foliação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 41 – Talude muito inclinado em fundo de vale do talvegue principal no compartimento morfopedológico de dissecação com indivíduos de Savana Florestada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................ Figura 42 – Detalhe da ocorrência de Selaginella asperula seca, em fundo de vale do Talvegue principal, reentalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Figura 43 - Detalhe da ocorrência de toca de tatu em fundo de vale do talvegue principal, reentalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................... Figura 44 - Detalhe da ocorrência de Curatella americana (Lixeira), em fundo de vale do talvegue principal, na altura da estaca 14. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Figura 45 – Evidências de reentalhes do fundo de vale do talvegue principal por erosão antrópica do tipo ravina. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 46 – Incisões erosivas em couraça ferruginosa e em rocha praticamente sã no fundo do vale do talvegue principal. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Figura 47 – Ocorrência de árvores de grande porte (Ficus gomeleira, Curatella americana, Protium heptaphyllum) em fundo de vale do talvegue principal entalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 48 – Área de agradação aplainada, próximo ao contato com a área de dissecação, mostrando o desaparecimento dos taludes do fundo de vale. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................. Figura 49 – Tradagem em Planossolo na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... 38 39 44 45 46 47 47 48 49 49 50 50 51 51 52 53 53 vi Figura 50 – Descrição do perfil de Planossolo exposto no talude de erosão na área de agracação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............ Figura 51 – Local de ocorrência da nascente na área de agradação em Planossolo. Notar a presença de umidade do solo associado ao lençol suspenso (foto à direita). Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT....... Figura 52 – Seqüência de fotos, da esquerda para a direita, mostrando o desaparecimento do talvegue da erosão na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Figura 53 – Ilustração da existência de processos erosivos lineares na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT....................... Figura 54 – Seqüência de fotos, da esquerda para a direita, ilustrando canais anastomosados na área de agradação, em condição natural e em estágios iniciais de erosão. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT.................. Figura 55 – Fluxograma sintetizando o ciclo hidrológico. Figura 56 – Croqui da parte mais de montante do Talvegue principal com os ramos secundários e início da área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 57 – Processos erosivos ocorrentes em linhas de talvegue, intensificados por antiga estrada abandonada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 58 – Quadra 12 do Condomínio Horizontal Belvedere, com terraços de base estreita em nível e coberta por braquiária. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 59 – Área terraplenada em contato com remanescente vegetal. Notar na margem direita da área terraplenada a existência de dique de contorno. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Figura 60 – Descida d’água D2, em diferentes ângulos. A foto central mostra a área captação de águas superficiais. A foto da direita mostra a estrutura de dissipação de energia. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 61 – Descida d’água D3 em diferentes ângulos. A foto central mostra a área captação de águas superficiais. A foto da direita mostra a estrutura de dissipação de energia e o ponto de lançamento das águas escavado por erosão. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 62 – Descida d’água D4, de aproximadamente 50 metros, cujas águas são lançadas na margem direita do Ramo secundário R4, a aproximadamente 30 metros de onde se inicia a área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 63 – Local de lançamento das águas canalizadas, nas proximidades do Ramal secundário R4. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá, MT. Figura 64 – Antiga estrada abandonada, local adequado para a implantação de estrutura para o controle do fluxo concentrado das águas, antiga estrada na margem direita do Talvegue principal. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 65 – Representação do sistema de controle de erosão por meio da retenção dos fluxos d’água que escoam pela antiga estrada abandona e suas adjacências. Figura 66 – Talvegue principal no ambiente de dissecação, com leito rebaixado pela erosão antrópica, cuja seção está assinalada pela linha pontilhada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. 54 55 55 55 56 57 58 59 60 61 61 62 62 62 63 64 64 vii Figura 67 – Talvegue principal no ambiente de agradação, com leito rebaixado pela erosão antrópica, cuja seção está assinalada pela linha pontilhada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 68 – Modelo de dispositivos voltados à regularização de pequenas erosões a partir do controle da velocidade de escoamento das águas no fundo do talvegue. Figura 69 – Detalhe de uma das ravinas que intercepta antiga estrada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................. Figura 70 – (a) Borda do remanescente em contato abrupto (Campo Limpo/Mata Ciliar), junto ao leito do canal principal, foto tirada por cima do aterro. (b) Neossolo Litólico cascalhento recoberto pelo material de aterro, foto tirada logo abaixo do anterior. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT............................................................................................... Figura 71 – (a) Vista parcial das áreas alteradas pela implantação das quadras em ambiente agradacional. (b) Aspecto do processo de autoregeneração natural da vegetação nesse ambiente do Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Figura 72 – Vista parcial da estrada que recorta o remanescente na altura do compartimento morfopedológico agradacional, que está sendo revegetada pelo empreendedor. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Figura 73 – Demonstrativo da área de preservação permanente e da área verde do Condomínio Horizontal Belvedere ................................................ 65 66 70 71 72 73 84 LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela I - Listagem de espécies arbustivas e arbóreas do levantamento florístico e fitossociológico do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT.. Tabela II - Parâmetros de cobertura vegetal calculados para a área de vegetação de Savana Gramínea Lenhosa (Campo Limpo)............................ Tabela III - Parâmetros de cobertura vegetal calculados para a área de vegetação de Savana Gramínea Lenhosa (Campo Úmido)............................ Tabela IV - Lista de espécies da amostragem fitossociológica da Savana Gramíneo-Lenhosa do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............ Quadro I. Lista de aves, mamíferos e répteis ocorrentes na área de remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................................................... Quadro II - Relação entre número de espécies da Flora e número de espécies da fauna dos remanescentes de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT............................................................... Página 20 Anexo I Anexo I 31 33 35 viii APRESENTAÇÃO Este Relatório Técnico apresentado à GINCO Empreendimentos procura esclarecer parte dos questionamentos do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, através da 20ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, relativamente ao Processo n° 000709–02/2005, tendo sido encaminhados por meio de dois relatórios, quais sejam: “Relatório resultante das vistorias de acompanhamento realizadas no loteamento Belvedere, em Cuiabá-MT”, de 08/06/2005, e “Relatório Complementar” (ofício nº 57/2005-20ª PJMA/GAB), de 18/08/2005. O primeiro capítulo, “Suporte geoecológico da área do condomíno horizontal belvedere: bases para o entendimento das relações eco-fisiológicas ambientais”, apresenta as bases técnico-científicas e concepções metodológicas que foram adotadas pela equipe, a qual interpretou de forma integrada e através da teoria dos sistemas, os resultados dos estudos de meio físico e biótico, tendo sido analisado as respostas dos ecossistemas em função das condições ecológicas naturais. O segundo capítulo, “Identificação e comprovação da ocorrência de nascentes e de fundo de vales de cursos d’água do Condomínio Horizontal Belvedere”, apresenta uma síntese dos estudos realizados na área, de maneira a comprovar a presença de elementos naturais protegidos por lei, e subsidiar a delimitação das Áreas de Preservação Permanente – APP. O terceiro capítulo, versa sobre as “Medidas de prevenção e controle de processos erosivos no Condomínio Horizontal Belvedere”, principal processo do meio físico que se manifesta na área do empreendimento. O quarto capítulo apresenta o “Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD”, para subsidiar a revegetação, ao nível conceitual e executivo, para os locais degradados que se encontram nos remanescentes do Condomínio. O Relatório Técnico finaliza com considerações voltadas a esclarecimentos quanto às questões levantadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, e, em anexo, apresenta as análises quantitativas do levantamento fitossosiológico. ix 1. SUPORTE GEOECOLÓGICO DA ÁREA DO CONDOMÍNO HORIZONTAL BELVEDERE: BASES PARA O ENTENDIMENTO DAS RELAÇÕES ECO-FISIOLÓGICAS AMBIENTAIS Este capítulo versa sobre temas da área do conhecimento científico que propiciaram o entendimento das relações eco-fisiológicas ambientais, mostrando evidências que permitiram comprovar a ocorrência de nascentes em fundo de vale de canal de drenagem natural intermitente no Condomínio Horizontal Belvedere. 1.1. Clima Para a descrição climática da região onde se insere o Condomínio Horizontal Belvedere utilizou-se os dados da Estação Meteorológica de Coxipó da Ponte, pois é a estação mais próxima da área deste estudo e com expressivo número de parâmetros climatológicos disponíveis. Adotou-se a classificação climática regional considerando-se o modelo de Thornthwaite, conforme Nimer & Brandão (1989). Neste contexto, a principal característica regional do clima é a sazonalidade, fator essencial para a sua classificação. Em escala de maior detalhe considera-se as especificidades da área de entorno do empreendimento, os padrões de drenagem e regime hidrológico, por serem estreitamente relacionados aos excessos e aos déficits de água, e esses, dependem principalmente da precipitação e da evapotranspiração e, secundariamente, de outros fatores tais como: relevo, solo e vegetação (Nimer & Brandão, 1989; De Musis, 1997). Assim, a área do Condomínio encontra-se sob a influência regional de regime pluviométrico tipicamente tropical, com dois períodos sazonais: um chuvoso, de novembro a março, com cerca de 80% da precipitação anual, e outro seco, de abril a outubro, sendo o inverno coincidente com esse período, com as quedas acentuadas de temperaturas e precipitações pequenas ou quase nulas, nos meses de junho e julho. A zona climática é do tipo C2wA’3a’, conforme Nimer & Brandão (1989) e enquadra-se no grupo Úmido (C2- da classe subúmido - úmido, com moderados excessos na estação úmida e moderado déficit na seca, apresentando o índice de umidade efetiva entre 020); com variação sazonal (w- mas, com moderado déficit de água no inverno, sendo o índice de aridez entre 16,7-33,3); o clima é terceiro megatérmico, do ponto de vista termal (A’- apresentando evapotranspiração potencial em torno de 1.397mm); e tem o índice de concentração da eficiência térmica no verão com valor de 48% (sendo portanto do tipo – a’). De acordo com o gráfico da Figura 1 o balanço hídrico sazonal mostra os valores limites de excedentes e déficits hídricos e a reposição e retirada de água nos solos, tomando-se como base os dados da série histórica da estação meteorológica de Coxipó da Ponte. De maio a agosto inicia-se a estação de insuficiência de precipitação, que tem duração de sete meses (abril/outubro). Contudo, apesar da forte redução das chuvas, o primeiro mês de precipitação efetiva negativa, tem um déficit de água pouco aquém da x necessidade potencial. Além disso, o volume estocado nos solos, ao findar o mês de março, não permite que o mês de abril seja caracterizado por carência de água, embora o runoff sofra rápida desativação. Figura 1 – Balanço hídrico da estação meteorológica de Coxipó da Ponte/MT. Fonte: Nimer & Brandão (1989). Ao se iniciar em maio a estação de déficits, com forte redução da precipitação, não é suficiente para criar valores elevados negativos, em virtude do decréscimo paralelo da evapotranspiração potencial e conseqüentemente, em maio, o déficit é ainda pequeno. Só a partir de junho, quando os solos estão quase inteiramente exauridos de água e a precipitação quase nula, os déficits para as plantas se tornam importantes, principalmente entre agosto e setembro (70mm em média a cada mês), sendo esses os mais secos do ano e juntamente com outubro, formam o trimestre das maiores vazantes dos rios. O retorno das chuvas em outubro traz volume de precipitação equivalente ao da necessidade ambiental, porém os solos sedentos de água, não permitem, geralmente, formação de excedentes, persistindo até janeiro, quando a reposição de água nos solos e o acréscimo considerável das chuvas fazem iniciar a estação de excesso hídrico; motivo pelo qual as maiores vazantes dos rios têm também alguma possibilidade de se verificarem em novembro ou dezembro. A deficiência de água na estação seca é da ordem de 244 mm, enquanto que o excedente hídrico da estação chuvosa é moderado e está em torno de 179 mm, o que implica que ao final de um ano, há geralmente um pequeno déficit de precipitação em relação à necessidade potencial (65 mm). Tal fato evidencia uma adaptação das formações vegetacionais, em termos de requerimento de água face à sazonalidade xi climática regional e resulta em ajustes ecofisiológicos que são transmitidos geneticamente aos descendentes. Por isso, as espécies do Cerrado da Baixada Cuiabana são fortemente aptas à suportar elevados graus de estresse hídricos, baixa capacidade edáfica dos solos, sendo de alta rusticidade e alta resiliência, em função das alterações da própria dinâmica superficial, do balanço morfogênese/pedogênese, etc. 1.2. Geologia A área do empreendimento encontra-se regionalmente inserida na seqüência de metassedimentos detríticos do pré-cambriano superior que constitui o Grupo Cuiabá, sendo representado por rochas metamórficas de baixo grau de metamorfismo, as quais apresentam grande variedade litológica, desde filitos sericíticos, metarenitos, metarcósios, metaconglomerados e metaparaconglomerados petromíticos até calcários dolomitos e margas, as quais, em parte, apresentam-se recobertas por sedimentos cenozóicos. Dentre os inúmeros estudos relacionados ao Grupo Cuiabá, destaca-se aquele de maior detalhamento, executado por Luz et al. (1980), em que propõe divisões para suas litologias, através do Projeto Coxipó, tendo sido o Grupo Cuiabá dividido em sete subunidades litoestratigráficas. Na área do Condomínio Horizontal Belvedere desenvolve-se a Sub-unidade 6 que é constituída essencialmente por filitos conglomeráticos com intercalações subordinadas de metarenitos, quartzitos e mármore. Os filitos conglomeráticos possuem coloração cinza-esverdeado e esverdeada, passando para tonalidades amareladas, avermelhadas, amarronzadas e levemente esverdeadas, quando alterados (Figura 2). A granulometria é de modo geral fina e a matriz filítica, enquanto que a fração rudácea é constituída por fragmentos de rocha comumente alterados, compondo-se essencialmente de quartzo, quartzito/ metarenito e filito, com predomínio dos dois primeiros, estando não raras vezes, envoltos com material ferruginoso. Nota-se que os óxidos de ferro, quando alterados favorecem a ocorrência de concreções ferruginosas, que evoluem-se e aumentam em teores, através de processos pedogenéticos. Observa-se ainda fragmentos de rochas de tamanhos variados e alongados segundo o plano de foliação. Os metarenitos aparecem na forma de intercalações, possuem cores cinza-esverdeado e acinzentada, são geralmente friáveis e fraturados em duas direções principais. As intercalações de quartzito formam corpos alongados com espessura variando de alguns centímetros a metros que originam pequenas elevações resistentes ao processo erosivo. Já as intercalações de mármore calcítico impuro, que são ocasionais, possuem coloração cinza-amarelado e esverdeada, sendo constituídas macroscopicamente de carbonato, quartzo, sericita e óxido de ferro. Além disso, é comum a presença de veios de quartzo. xii Figura 2 – Detalhe do filito conglomerático alterado, em talude de erosão linear existente no talvegue do curso d’água, no interior do remanescente alongado de vegetação. Porção noroeste do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Ocorrem ainda associado a ambientes de sedimentação quaternária, litologias formadas essencialmente por materiais finos (Figura 3), silte, argila e areia, e secundariamente, por materiais mais grosseiros(Figura 4), cascalhos, calhaus, matacões, além de concreções ferruginosas. Os depósitos mais antigos encontram-se parcialmente litificados, enquanto que os mais recentes estão inconsolidados. Figura 3 – Detalhe do talude submetido por erosão, onde afloram sedimentos quaternários finos (silte e argila), sobre filito alterado, em remanescente vegetacional. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 4 – Detalhe de talude recortando sedimentos quaternários grosseiros (cascalhos e calhaus), no interior do remanescente alongado de vegetação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xiii 1.3. Pedologia As unidades pedológicas foram definidas com base na metodologia recomendada pelo Serviço Nacional de Levantamentos e Conservação de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA/SNLCS, 1982), em que foram consideradas as determinações contidas em seu “manual de descrição e coleta de solos no campo”, onde se têm conceitos estabelecidos para os diversos atributos analisados, mostrandose as afinidades, ou diferenças entre tipos de solos observados. Assim, os critérios para distinção dos tipos de solos foram baseados em características morfológicas e em parâmetros interpretativos que definem atributos diagnósticos permitindo identificar, por exemplo, tipos de materiais (orgânico e mineral), presença de cascalho, plintita, petroplintita, laterita, dentre outros (EMBRAPA, 1999). Na área do Condomínio Horizontal Belvedere ocorrem cinco classes de solos com estreitas relações entre as formas de relevo e as litologias sobre as quais se desenvolvem: Neossolos Litólicos (Solos Litólicos) e Plintossolos Concrecionários associados preferencialmente às superfícies elaboradas por dissecação, representadas pelas formas de relevo colinoso e morrotes, enquanto que os Planossolos, Plintossolos e Gleissolos (Glei Pouco Húmico) associam-se ao ambiente de agradação nas porções inferiores das vertentes e fundo de vale. Os Neossolos Litólicos são solos minerais, não hidromórficos, predominantemente rasos e com horizonte A assentado diretamente sobre as rochas, ou sobre cascalheira espessa, caso mais comum dos solos dos morrotes e topos de colinas mais aguçadas, preservadas pela presença de veios de quartzo. Em alguns casos, os Neossolos Litólicos chegam a apresentar um horizonte Bi (Figura 5, mas todos estes solos apresentam um elevado teor de cascalho de quartzo subarredondados e arredondados, além de calhaus que às vezes, chegam a ocupar 80% da massa do solo. Figura 5– Perfil de Neossolo Litólico sobre filito, em talude do talvegue principal, no interior de remanescente alongado de vegetação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Em seus perfis apresentam horizonte A moderado de coloração bruno amarelada no matiz 7,5YR e às vezes, um pouco mais clara no matiz 10YR (bruno muito claro acinzentado, 10YR 8/3), devido a redução de presença da matéria orgânica. Neste xiv horizonte os cascalhos e calhaus de quartzo são um pouco mais arredondados que nos horizontes de profundidade devido aos agentes intempéricos. Já os horizontes de profundidade, apresentam coloração mais amarelada nos matizes 7,5YR e 10YR, com textura basicamente franco argilo arenosa, muito cascalhenta e os cascalhos de quartzo um pouco maiores que no horizonte superior. Na região da Baixada Cuiabana os Neossolos Litólicos são em sua grande maioria, álicos mas podem chegar a distróficos, de acordo com os materiais de origem. São muito susceptíveis à erosão laminar e linear (sulcos e ravinas), principalmente quando em terrenos muito declivosos, o que resulta em horizontes superficiais pouco espessos por lavagem constante da serrapilheira no período sazonal chuvoso. Na área do Condomínio Horizontal Belvedere quando esses solos apresentam perfil A – C encontram-se recobertos por vegetação de Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo, (Figura 6) quando possuem perfil A – Bi – C, por Savana Arborizada (Cerrado típico) podendo passar para Savana Florestada (Cerradão) principalmente na forma de capões, conforme mostra a Figura 7. Os Plintossolos e Plintossolos Concrecionários, que ocorrem na área são solos minerais hidromórficos ou com sérias restrições à percolação de água, condicionando uma drenagem imperfeita, sendo que as principais características são: a presença do horizonte plíntico e/ou cores pálidas e a presença de petroplintita (Plintossolo Concrecionário), nos primeiros 40 cm de profundidade. Os Plintossolos apresentam horizonte A moderado e cores desbotadas com mosqueados nos matizes 10YR e 2,5Y, com textura variando de média a argilosa e consistência variando de não pegajosa e não plástica, à pegajosa e plástica; enquanto que nos Plintossolos Concrecionários a textura é basicamente média e argilosa, e muito cascalhenta. (a) (b) Figura 6– (a) Detalhe de superfície antropizada com espécie geófita, adaptada ao Neossolo Litólico, solo muito cascalhento e raso. (b) Aspecto do Campo Limpo (em primeiro plano), recobrindo Neossolo Litólico cascalhento do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xv Os Plintossolos distribuem-se nos setores inferiores das vertentes colinosas e morrotes voltados para a margem direita da linha de drenagem principal, e bordejando ambiente agradacional, configurando uma pequena faixa de amortecimento para o ambiente de acumulação dos terrenos aplainados, apresentando baixa susceptibilidade aos processos erosivos, mas vulneráveis ao assoreamento. A micro-topografia dos terrenos, onde se desenvolvem os Plintossolos, em conjunto com as características de seu perfil, notadamente em relação ao comportamento físico e profundidade de ocorrência do horizonte plíntico, são fatores condicionantes importantes no funcionamento hídrico. Quando ele se encontra sub-aflorante o grau de coesão e compacidade é maior porque também é maior a oxidação nas camadas superficiais, e a plintita sujeita ao secamento e umedecimento repetidos transforma-se em petroplintita, o que certamente é condição determinante para a cobertura vegetal, favorecendo o desenvolvimento de plantas herbáceas. Por outro lado, a atividade biológica nesses ambientes, em destaque a dos termiteiros e minhocas, é muito importante para a definição da fisionomia savânica que se ajusta às condições edáficas e micro-topográficas dos terrenos (micro-depressões circundando micro-elevações) que configuram o Campo de Murundus (Figura 7), ambiente típico de áreas agradacionais da Baixada Cuiabana. Figura 7– Vista parcial de Campo de Murundus no Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Já os Plintossolos Concrecionários distribuem-se na paisagem associados às zonas de ruptura de declives, ora em ambientes limítrofes com aqueles mais úmidos e deprimidos, adjacentes aos fundos de vales, ora em formas colinosas mais aguçadas e nas partes mais elevadas das vertentes, ora em morrotes, com presença de petroplintita em diferentes dimensões (cascalho, calhaus, pedra-canga) em superfície, ou formando bancadas ou couraça laterítica em sub-superfície. Quando associados a Neossolos Litólicos são geralmente recobertos por vegetação de Savana Arborizada mais rala e mais aberta e com espécies de altura mediana, sendo comum um denso estrato herbáceo (Figura 8). xvi Figura 8– Aspecto do Campo Limpo desenvolvido em Neossolo Litólico. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Os Planossolos são solos minerais hidromórficos ou não hidromórficos, com mudança textural abrupta entre o horizonte A e o horizonte B textural (Bt), cuja densidade aparente é mais elevada. Na área do empreendimento estes solos são hidromórficos e o horizonte A possui coloração bruno acinzentada muito escura no matiz 10YR, sendo esta coloração devido à decomposição e incorporação da matéria orgânica em ambiente de acumulação e com pouca infiltração de água no perfil do solo. O horizonte Bt apresenta consistência muito variável e densidade aparente mais elevada em relação ao horizonte A, e é extremamente duro e firme, imprimindo a ele uma porosidade total baixíssima. Devido a sua posição na paisagem, em terrenos de agradação e planos, locais favoráveis ao acúmulo de água durante certo período do ano, aliada a lenta permeabilidade motivada pelo adensamento do horizonte Bt, esse solo apresenta sinais de hidromorfismo tais como: cores acinzentadas, e bruno amareladas, com mosqueados de redução (Figura 9). (a) (b) Figura 9 (a) Detalhe da coleta de amostra do horizonte Bt de Planossolo. (b) Cores acinzentadas indicando hidromorfismo em Planossolo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. O Planossolo desenvolvido no ambiente agradacional, que favorece a concentração de água e de sedimentos finos no período chuvoso do ano, mesmo apresentando baixa xvii permeabilidade motivado pelo adensamento do horizonte Bt, permite o acúmulo de água em subsuperfície, como foi constatado em campo, ocorrem pontos de surgência gerados pela presença do horizonte B textural (Bt), que se sobrepõe ao horizonte C formado por rocha pelítica do Grupo Cuiabá, que também forma uma camada impermeável à infiltração da água, condicionando dessa forma, um setor preferencial de nascente de contato de acordo com a nomenclatura adotada pelo Glossário Hidrológico Internacional1: “Nascente de contato: aquela em que a água flui de uma formação permeável subjacente a uma formação relativamente impermeável”. Como o horizonte Bt é extremamente duro, firme e pouco poroso, dificulta a penetração do sistema radicular das plantas, permitindo apenas o desenvolvimento daquelas com adaptações próprias para esse ambiente, sendo comum apresentar sistema radicular exposto na superfície à feição de raízes aéreas (Figura 10). Apesar disso, as características químicas deste solo favorece o estabelecimento de uma vegetação exuberante, representada por Floresta Estacional Semidecidual Aluvial de baixo porte nas micro-depressões e mais elevados nas micro-elevações do relevo agradacional. Figura 10– Aspecto do sistema radicular das plantas em Planossolo submetido à erosão por escavação do interior do talvegue principal no ambiente de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Também associado ao ambiente agradacional da área do Condomínio Horizontal Belvedere, o Gleissolo se distribui em faixa muito restrita, e onde a água de subsuperfície (do lençol suspenso) apresenta dificuldade de escoamento gerando condições para o desenvolvimento de horizonte glei a menos de 40 cm da superfície. Esse solo hidromórfico, gleizado, é moderadamente profundo o que propicia uma exuberância da vegetação em termos de seu porte, apresenta seqüência de horizonte A – Cg – C. Possui horizonte superficial em cores acinzentadas preferencialmente no matiz 10YR, às vezes um pouco mais escura devido a presença de matéria orgânica em processo de decomposição. 1 Endereço eletrônico do Glossário Hidrológico Internacional: http://webworld.unesco.org/water/ihp/db/glossary/glu/PT/GF1185PT.HTM xviii O horizonte A é moderado, com textura basicamente franco argilo arenosa sendo que quando estão situados próximo a Neossolos Litólicos (como o caso dos terrenos do final das Quadras 27 e 28, Figura 11, a textura passa a apresentar cascalhos milimétricos de quartzo em sua composição. Figura 11– Aspecto do local onde se realizou a tradagem em ambiente de agradação em que ocorre Gleissolo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Já no horizonte glei propriamente dito, as cores são basicamente cinza no matiz 10YR, tendo, na parte superior, a presença de mosqueados de redução de coloração amarelo brunado (10YR 6/8, Figura 12), indicando ser uma área onde a saturação do solo é menos intensa; a textura é basicamente franco argilosa ou franco argilo arenosa, não existindo gradiente textural ao longo do perfil. Figura 12– Mosqueado de redução do horizonte glei, do Gleissolo, com cores amarelo brunado. Borda do ambiente de agradação. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Nos terrenos relativamente planos este solo é recoberto por Floresta Estacional Decidual em contato com Cerradão e, certamente, essa mistura florística relaciona-se à fertilidade propiciada pela contribuição de materiais finos provenientes dos setores de montante das vertentes, que incorporados em pequenas quantidades contribuem permanentemente com a fertilidade natural. xix Destaca-se que os solos hidromórficos desenvolvidos no ambiente agradacional do Condomínio Horizontal Belvedere ocorrem em áreas desfavoráveis à ocupação, por serem alagáveis e apresentar lençol freático a pequena profundidade durante período seco do ano, sub-aflorante a aflorante durante períodos chuvosos, devendo ser mantidos em estado natural para a conservação desse ambiente de dinâmica sedimentar ativa. 1.4. Geomorfologia A região geográfica onde afloram as rochas do Grupo Cuiabá conhecida como Baixada Cuiabana (Almeida, 1964), também denominada Depressão Cuiabana (Ross & Santos, 1982 apud RADAMBRASIL, 1982), faz parte da Morfoestrutura Metassedimentar do Grupo Cuiabá (SEPLAN/CENEC, 1997) e constitui uma superfície arrasada gerada a partir do rebaixamento do nível de base regional, com a instalação da Bacia Sedimentar do Pantanal. A Depressão Cuiabana apresenta tanto formas colinosas de relevo, como de topos tabulares elaboradas por processos de dissecação, com diferentes intensidades de aprofundamento de drenagem e comprimento de interflúvios entre 750 e 1.750 metros, podendo também desenvolver formas de agradação por acumulações fluviais em fundos de vales associados ao comportamento hídrico das drenagens, com ocorrência de planícies fluvio-lacustres (rios meandrantes), diques marginais, terraços aluviais, dentre outros. Podem ainda ser observadas, no âmbito da Depressão Cuiabana, áreas microdeprimidas entre as colinas e formas de relevos residuais, sendo estes representados por morros e morrotes ou mesmo “cocurutos” que marcam faixas de maiores declividades dando aspecto mais aguçado às colinas. Regionalmente, essas formas de relevo residual encontram-se alinhadas acompanhando preferencialmente as zonas de ocorrência de veios de quartzo, sendo este e a presença de crostas lateríticas, os fatores principais mantenedores das ondulações do relevo. No caso do Condomínio Horizontal Belvedere, verifica-se o predomínio de formas de relevo colinosas, separados por linhas de talvegue entalhadas por erosão diferencial em litologias do Grupo Cuiabá, constituídas essencialmente por filitos conglomeráticos com intercalações subordinadas de metarenitos, quartzitos e mármore. Essa dinâmica superficial regida por erosão diferencial com notório incremento das ações intempéricas sobre os materiais menos resistentes, e a preservação daqueles de maior resistência, resulta na ocorrência comum de morrotes, regioalmente denominados “cocurutos” (Figura 13), emergindo das formas de relevo colinosas da Depressão Cuiabana com cotas altimétricas médias entre 150 e 200 metros. Ao interpretar fotografias aéreas de 1983 em escala de detalhe 1:8.000, e em base aos levantamentos de campo na área do Condomínio Horizontal Belvedere, verifica-se a existência de dois compartimentos morfopedológicos distintos entre si, mas de gênese interativa: Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Dissecação e Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Agradação; entendendo-se por Compartimento Morfopedológico área relativamente homogênea, especialmente em xx relação aos aspectos litológicos, geomorfológicos, pedológicos e de cobertura vegertal, resultando em determinando funcionamento hídrico (Salomão, 1994; Castro e Salomão, 2000). Figura 13– Vista parcial de um morrote existente na porção sul do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. O compartimento morfopedológico resultante de processos de dissecação com predomínio de colinas e morrotes, associa-se a Neossolos Litólicos, sendo recobertos por Savana Gramíneo-Lenhosa quando raso e se a rocha é quase aflorante a condição é ainda mais restritiva para o estabelecimento de plantas de grande porte. Porém, quando os solos tornam-se um pouco mais profundos, principalmente quando os Neossolos Litólicos se desenvolvem sobre cascalheiras e no filito conglomerático, passam para Savana Arborizada ou Savana Florestada na forma de capões, sendo esta última, numa mistura comum com elementos de Floresta Estacional Decidual. Os fundos de vales nos ambientes dissecados apresentam-se com estreitas faixas de maior umidade, não permitindo, em regra, a instalação de Mata Ciliar, senão de vegetação campestre, com algumas espécies lenhosas de Cerrado em faixas de solos relativamente mais profundos. Esses fundos de vales funcionam naturalmente como drenos coletores e condutores de excedentes de águas pluviais e, como na maior parte, associam-se a terrenos mais declivosos, os sedimentos que se desagregam por processo erosivo são carreados e conduzidos até locais micro-deprimidos ao longo desses drenos (Figura 14), que funcionam como pontos de redução de velocidade de escoamento (nível de base local para sedimentos mais grosseiros), podendo atingir o compartimento morfopedológico de ambiente agradacional, onde se depositam preferencialmente os sedimentos mais finos. xxi Nota-se que esses drenos naturais apresentam-se em fase ativa de erosão linear escavando litologias do Grupo Cuiabá, cuja direção das foliações favorecem a intensificação do processo de dissecação das formas de relevos colinosas e dos morrotes. Figura 14– Vista parcial do fundo de vale do talvegue principal de escoamento superficial. Em primeiro plano, micro-zona de acumulação no interior do canal. Ao fundo, novo estreitamento do leito. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. O uso e ocupação dessas áreas implicaram em incremento do processo erosivo linear pela atividade antrópica, quais sejam, implantação de pastagens, estradas (Figura 15), cercas, caminhos de gado e, mais recentemente, pela implantação do Condomínio. Daí a necessidade de se disciplinar o escoamento de águas superficiais através de um sistema eficiente de drenagem. Figura 15 - Detalhe da erosão na antiga estrada que cortava o remanescente alongado, onde se verifica a formação de uma ravina ainda ativa. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xxii O compartimento morfopedológico em ambiente de acumulação ativa ou de agradação, perfeitamente identificado por estereoscopia de fotos aéreas de 1983 (Figura 16), é constituído por materiais/sedimentos trazidos dos sistemas de montante pela dinâmica hídrica superficial. Nesse ambiente ocorrem micro-diques marginais descontínuos acompanhando canais de escoamento de excedentes hídricos; pequenos embaciados e micro-ilhas à feição de murundus circunscritos por canais anastomosados e cuja cobertura vegetal é essencialmente florestada, porém na forma de contato de Formações Savana Florestada / Floresta Estacional Decidual / Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (IBGE 1992) e também denominada Floresta Estacional Semidecidual ribeirinha com influência fluvial sazonal (Rodrigues 2000) / Savana Arborizada /Savana Parque. As peculiaridades pontuais desse ambiente agradacional são topograficamente influenciadas por processos de sedimentação progressiva ou modificadas por erosão diferencial dos materiais trazidos dos sistemas de montante, ou ainda, influenciados por diferentes graus de umidade ou ressecamento dos materiais, dependendo de sua distribuição espacial e do arranjo interno das frações finas, médias e grosseiras que os constituem. Assim, esse compartimento agradacional é muito influenciado pelo sistema de escoamento de excedentes hídricos dos setores de montante das vertentes ou seja, do compartimento de dissecação, fato que propicia a instalação de ambientes com características adversas e profundamente dependente da sazonalidade climática regional, estando seus solos hidromórficos neste período do ano (mês de setembro) com pouca umidade principalmente nos horizontes superficiais. Esse ambiente de dinâmica sedimentária dá suporte geoecológico à ocorrência de espécies comuns a Matas Ciliares da região da Baixada Cuiabana, ou seja, apesar de se verificar uma cobertura vegetacional florestada, na forma de contato entre Cerradão/Cerrado/Floresta Estacional, o mosaico é essencialmente savânico pelas condições edafo-climáticas e micro-topográficas locais. O funcionamento hídrico desses ambientes de sedimentação assemelha-se àquele observado em ecossistemas de Veredas e Campos Úmidos, da Baixada Cuiabana, comportando-se como área de amortecimento de fluxos d’água provenientes dos sistemas de Cerrado, onde, em geral, o solo é raso a pouco profundo e com ausência de lençol freático, controlando naturalmente a intensificação erosiva e servindo de zonas de recarga, e, ao mesmo tempo, de retenção e acumulação das águas de chuvas e de escoamento superficial e subsuperficial. Representam, portanto, ambientes de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio natural, conservando o funcionamento dos cursos d’água (córregos e rios), o abastecimento das águas acumuladas, mesmo durante período de estiagem, e retendo-as durante os eventos chuvosos de maneira a evitar assoreamentos sobrecargas que provocam enchentes. xxiii Figura 16 – Foto aérea de 1983, mostrando a compartimentação morfopedológica e a cobertura vegetacional associada. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xxiv 1.5. Recursos Hídricos Superficiais Por meio de foto interpretação da área do empreedimento e seu entorno, foi possível identificar a existência de um curso d’água intermitente, configurando linha de talvegue principal, que se dirige para setor rebaixado do relevo, onde se situa o ambiente de agradação. Linhas de talvegue de pequenos ramos secundários afluem em direção ao talvegue principal, provenientes dos setores superiores das vertentes de relevo predominantemente colinoso. Tendo em vista a baixa permeabilidade, e declividade favorável ao escoamento, durante os eventos chuvosos as águas concentram-se nas linhas de talvegues aprofundando-as por erosão linear. É por isso que a partir de certa altura o leito que forma o talvegue principal de escoamento de águas superficiais passa a ser mais profundo e bem definido, ou seja, a ação das águas que escoam no canal apresentam maior poder de erosão das litologias da Sub-unidade 6 do Grupo Cuiabá, quando nesse canal o volume e a velociadade são aumentados no período de maior pluviosidade (dezembro-fevereiro, com chuvas intensas e de curta duração). Essa drenagem iniciava-se como uma linha de talvegue de primeira ordem, que em conjunto com ramos secundários, para onde convergem os fluxos concentrados de excedentes hídricos superficiais, definem o terço superior, ou a bacia de captação do compartimento morfopedológico de ambientes dissecados. Após tornar-se linha de drenagem de segunda ordem, e quando ela atravessa a zona de agradação, espraia-se formando canais anastomosados que recortam sedimentos quaternários, depositados em diferentes momentos da história geomorfológica local, cuja dinâmica dos processos erosão/deposição se intensificaram por ação antrópica pelas formas de uso e ocupação das terras (implantação de pastagens plantadas e estradas, construção de cercas, caminhos de gado, etc...), e que no conjunto, modificaram o balanço morfogênese/ pedogênese, resultando de modo geral no aprofundamento do canal principal (Figura 17) e pontos de assoreamento em locais de menor gradiente topográfico (Figura 18). Até alcançar a sua foz no rio Coxipó, que também é um rio muito encaixado, a linha de drenagem intermitente repete o padrão comum da paisagem da Baixada Cuiabana das linhas de primeira e segunda ordens, quais sejam: a) b) c) d) não apresentar nascentes na bacia de captação, isto é, nos setores topograficamente mais elevados; servir como linha de escoamento de fluxos concentrados de excedentes hídricos superficiais dos transbordamentos rápidos, logo após as precipitações no período sazonal chuvoso da região; estar condicionado às características lito-estruturais do modelado das formas de relevo, resultando em linha de drenagem que se comporta, ora com forte poder erosivo (áreas mais dissecadas), ora com forte poder de espraiamento (zonas de acumulação/sedimentação); e apresentar apenas ao final do terço inferior de seu curso, quando este deságua em drenagem perene, relações com o lençol freático, podendo nos terços médio e superior, apresentar relações com lençol suspenso, xxv formado por impedimentos de subsuperfície, ora pela presença de crostas lateríticas, ora pela própria rocha pelítica do Grupo Cuiabá. Esse padrão, no Condomínio Horizontal Belvedere e seu entorno, reflete a pouca disponibilidade de água em subsuperfície. A linha de drenagem de escoamento de excedentes hídricos superficiais tem caráter intermitente e forma talvegue principal do Condomínio, que é contribuinte da margem direita do rio Coxipó, o qual nasce na Chapada dos Guimarães, sendo este, afluente da margem esquerda do rio Cuiabá, que faz parte da bacia do rio Paraguai, o principal eixo de drenagem do Pantanal Matogrossense. Figura 17 – Aspecto do leito do talvegue principal, estreito, encaixado e escavado por erosão diferencial, no terço superior de seu curso, que promove o escoamento de excedentes hídricos superficiais. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 18 – Detalhe do interior do talvegue principal, na altura do terço superior de seu curso (estaca 9), onde se forma um micro-ambiente de deposição de sedimentos grosseiros no fundo de vale encaixado. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xxvi 1.6. Caracterização da flora dos remanescentes vegetacionais da área do condomínio Os estudos de caracterização da flora foram realizados de modo a identificar as comunidades vegetacionais e as associações de espécies com o meio físico, principalmente o solo e a disponibilidade de recursos para o uso da fauna. Utilizou-se o método de levantamento fitossociológico de parcelas e o de cobertura vegetal. O primeiro foi aplicado às comunidades arbustivas e arbóreas com o critério de 10 cm (dez centímetros) de circunferência a altura de 1,30m (um metro e trinta centímetros) do solo para a inclusão dos indivíduos na amostragem das parcelas quadradas, de 10m (dez metros) de lado (Mueller-Dombois, Ellenberg, 1974). O segundo método foi utilizado para a caracterização das comunidades herbáceas, tendo como critério porcentagens de cobertura das espécies em um quadrado de um metro de lado (Braun Blanquet, 1979). Os locais amostrados foram determinados de acordo com os tipos fitofisionômicos remanescentes na área. Os dados obtidos nos levantamentos de campo foram processados em programa específico para análise de vegetação (FITOPAC, versão 1.5). Foram calculados os parâmetros fitossociológicos de número de indivíduos, área basal, freqüência, índice de valor de importância das espécies e índices de diversidade biológica para os remanescentes. Além disso, foram realizadas análises multivariadas de agrupamento (Cluster analysis) e correspondência retificada (DCA, Detrended Correspondence Analysis) (Gauch, 1992), para identificar agrupamentos de espécies. Para se caracterizar as formações vegetacionais com maior rigor buscou-se orientação através de fotointerpretação por estereoscopia de fotos aéreas na escala 1:8.000, procedente do acervo da SEPLAN/MT2, sobrevôo realizado em 1983 para atualizar a malha urbana da cidade à época, e portanto anterior à ocupação urbana na área onde se insere o empreendimento, quando ainda os remanescentes vegetacionais apresentavam baixo grau de antropização Figura 16. Adotou-se as terminologias do IBGE (1992), para definir as tipologias fitofisionômica-ecológica dos remanescentes de vegetação e que foram checados em campo. Os remanescentes de vegetação natural existentes na área do Condomínio Horizontal Belvedere apresentam variações fisionômicas que se correlacionam às peculiaridades edafoclimáticas pontuais, porém com predomínio de formações savânicas, destacandose, em área e continuidade espacial, aquele remanescente associado aos sistemas dos setores inferiores das vertentes e fundos de vales que se ligam por continuidade linear aos ambientes ribeirinhos do rio Coxipó. Não é por acaso que esse remanescente ainda se encontra razoavelmente conservado e se observarmos com cuidado a foto aérea de 1983 (escala 1:8.000), a cobertura vegetal dessa área e de seu entorno como um todo, também estava bem preservada. 2 SEPLAN/MT – Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral. A Biblioteca/Mapoteca da extinta Fundação de Pesquisas Cândido Rondon (FCR), hoje compõe o acervo cartográfico da Secretaria. xxvii Acontece que os solos sobre os quais se desenvolvem as formações vegetais são impróprios para o uso nos moldes tradicionais da agropecuária e principalmente por não permitirem a utilização de máquinas e implementos agrícolas. Ou seja, além dos Neossolos Litólicos e Plintossolos Concrecionários serem normalmente rasos e ocorrerem em terrenos declivosos de colinas e morrotes dificultando a mecanização agrícola, verifica-se a presença de cascalhos e calhaus de quartzo e elevados teores de ferro (presença de laterita, com diferentes granulometrias, grãos simples, cascalhos, calhaus até blocos com dimensões de matacões). Aliam-se também, o caráter álico, de elevados teores de alumínio trocável e a presença de acidez elevada gerando níveis tóxicos ao desenvolvimento de plantas cultivadas. Por outro lado, esses solos permitiram estabeler, colonizar, desenvolver e dispersar espécies de formações savânicas extremamente adaptadas à condição de elevado grau de estresse, seja pela natureza dos solos, seja pela sazonalidade climática regional, seja pelo comportamento hídrico das vertentes, enfim, propiciou o predomínio de Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo) e de Savana Arborizada (Cerrado sensu strictu), que na região deu suporte à pecuária extensiva com criação de gado bovino, por ter sido utilizada como pastagem natural. Já nos locais onde as características dos substratos favorecem o desenvolvimento de solos mais profundos ou mesmo a formação de ambientes de deposição de sedimentos, como é o caso do compartimento morfopedológico agradacional, verificam-se situações peculiares, permitindo o desenvolvimento de encraves com fisionomias mais exuberantes no âmbito da vegetação mais rala. Ou seja, a ocorrência de Savana Florestada (Cerradão) em contato com Floresta Estacional teve sua distribuição na paisagem em forma de capões, favorecida localmente pela relativa melhora das condições edáficas e de grau de umidade no perfil dos solos e de forma semelhante, também nos remanescentes alongados situados nas bases de vertentes e fundos de vales e em destaque nos ambientes de sedimentação. Assim, tanto os capões, como aqueles ambientes que acompanham a pequena linha de drenagem com forma alongada e relativamente estreita, sempre existiram em meio a uma matriz de aspecto ralo e por vezes campestre. Essa condição natural, ocorrência de encraves à feição de ilhas virtuais de vegetação florestada em meio à matriz savânica mais rala, permite mobilidade da fauna que se interage com corredores ecológicos naturais da Baixada Cuiabana e regionalmente liga sistemas do nível da Depressão com aqueles de montante (Planalto dos Guimarães) e de jusante (Pantanal Mato-grossense), através do rio Coxipó e do rio Cuiabá. Sendo uma área de ocupação muito antiga e as formações vegetacionais usadas como pastagem natural, o fogo foi e ainda continua sendo a forma de manejo tradicional para a rebrota anual das espécies herbáceas forrageiras. Esse é outro elemento que muito provavelmente interfere no desenvolvimento e no porte das comunidades vegetais e em destaque aquelas que recobrem solos rasos xxviii (Neossolos Litólicos, Plintossolos Concrecionários), cuja estrutura e distribuição das espécies já são naturalmente condicionadas à presença de impedimentos em seu sistema radicular, propiciando indivíduos sempre baixos e esparsos e muitas vezes só favorecendo vegetação herbácea. Analisando o levantamento florístico realizado nos remanescentes do Condomínio Horizontal Belvedere identificou-se a ocorrência de 51 espécies arbustivas e arbóreas distribuídos em 28 famílias botânicas (Tabela I), em uma área de 0,11 ha de amostragem. Tabela I - Listagem de espécies arbustivas e arbóreas do levantamento florístico e fitossociológico do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. FAMILIA ESPÉCIE ABREVIATURA Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Myracrodruon urundeuva Duguetia lanceolata Indeterminada Xylopia aromatica Aspidosperma cf. subincanum Aspidosperma cylindrocarpon Callichlamys latifolia Cuspidaria cf. laterelifolia Tabebuia aurea Tabebuia impetiginosa Tabebuia sp. Pseudobombax tomentosum Cordia alliodora Cordia sp. Protium heptaphyllum Hyrtella sp. Licania humilis Terminalia argentea Curatella americana Erytroxylum sp. Casearia sylvestris Liana-Indet1 Ocotea sp. Anadenanthera colubrina Anadenanthera falcata Bauhinia rufa Copaifera langsdorffii Dipteryx alata Erytrina sp. Ast_fra Annonaceae Apocynaceae Bignoniaceae Bombacaceae Boraginaceae Burseraceae Chrysobalanaceae Combretaceae Dilleniaceae Erythroxylaceae Flacourtiaceae Indeterminada Lauraceae Leguminosae Myr_urn Dugu_lanc Xyl_aro Asp_sub Asp_cyl Cusp_lat Tab_au Tab_imp Cord_ali Cord_sp. Prot_hep Hirt_sp Term_arg Cur_ame Case_syl Ocot_sp Anad_col Anad_fal Cop_lang Dipt_ala xxix Cont. FAMILIA Loganiaceae Lythraceae Malpighiaceae Meliaceae Moraceae Morto Myrtaceae ESPÉCIE Hymenaea courbaril Macherium aculeatum Platypodium elegans Strycnos pseudo-quina Physocalymma scaberrimum Byrsonima verbacifolia Trichilia elegans Ficus gomelleira Sorocea bonplandii Morto Myrcia sp. Abreviatura Hym_cob Plat_elg Phys_sca Byr_verb Tric_elg Fic_gom Morto Myrc_sp Continua... Myrtaceae Ochnaceae Rubiaceae Rutaceae Simaroubaceae Sterculiaceae Vochysiaceae Myrciaria sp Ouratea castanaeifolia Alibertia edulis Genipa americana Randia armata Fagara hassleriana Simarouba versicolor Sterculia apetala Callisthene fasciculata Myrcria_s Ourt_cat Alb_edu Fag_has Ster_ape Qualea parviflora Esses resultados indicam uma alta diversidade de espécies para um remanescente com histórico de antropização conforme já anteriormente referido. O índice de diversidade de espécies calculado para a área foi de 3,308 (Índice de diversidade de Espécie Shannon – H’). Considerando que no passado ocorreu a retirada seletiva de espécies madeireiras, de queimadas, de construções de cercas, caminhos de gado e, mais recentemente ocorreu o desmatamento parcial para a implantação de elementos da infra-estrutura básica do Condomínio, a vegetação remanescente ainda expressa boa diversidade de espécies. Essa diversidade está relacionada à própria variação ambiental existente na área. Outros indicadores do estado da vegetação foram a variação do diâmetro dos indivíduos amostrados (de 3 a 47 cm), a variação da altura (de 2 a 15 m) e o volume total de 35,43 m³, que de maneira geral representam uma distribuição de indivíduos jovens e adultos na comunidade. A análise da comunidade através da fitossociologia do remanescente de vegetação mostrou uma distribuição relativamente equitativa nos valores do Índice de Valor de Importância (IVI) e a presença de espécies indicadoras das fisionomias anteriormente existentes. O IVI é composto pelo somatório dos valores de freqüência, densidade e dominância relativa, cada um representado com peso 100, somando um valor 300 para o total da comunidade. xxx Portanto, é o índice que expressa diferentes estratégias utilizadas pelas populações e seus indivíduos para colonizar os espaços na comunidade (distribuição aleatória, distribuição agregada e crescimento). Nenhuma das espécies amostradas atingiu um valor superior a 30, o que equivale a 10% do valor total do IVI o que leva a evidenciar que não há a dominância de uma espécie na comunidade, corroborando também com a estratégia das espécies em ocupar os espaços na comunidade de forma eqüitativa. Reafirmando ainda, que a mistura vegetacional é interpenetrante e a transição gradativa entre as formações de contato. As espécies que apresentaram os maiores valores de importância na comunidade foram Curatella americana (29,6), Hyrtella sp. (24,74), Protium heptaphyllum (21,90), Duguetia lanceolata (20,40), Astronium fraxinifolium (16,04), Myracrodruon urundeuva (12,77). A primeira espécie é muito freqüente nos cerrados da Baixada Cuiabana e conhecida como Lixeira, extremamente rústica no processo de colonização de ambientes altamente estressados. A segunda, terceira e quarta espécies são características de ambientes florestados e mais úmidos, pois apresentam comportamento semidecíduo; enquanto que Astronium fraxinifolium e Myracrodruon urundeuva (Gonçaleiro e Aroeira), são plantas decíduas e de ambientes florestados, porém, mais secos. Os indivíduos mortos, que estavam de pé na comunidade foram amostrados e também tiveram um valor expressivo do IVI (13,16). Este valor pode representar a intensa dinâmica do ambiente na estrutura da comunidade, que está situada entre os ambientes de dissecação e agradação. Portanto, está sujeita aos processos erosivos que podem expor raízes e comprometer a estabilidade dos solos e, aos processos de acumulação de sedimentos que podem soterrar parte do caule das plantas. A isso se deve aliar ao histórico de impactos antrópicos (principalmente queimadas e desmatamento), além da ação de patógenos (doenças) e ataques de pragas como cupins e formigas. Ainda com relação à vegetação arbórea do remanescente é preciso esclarecer quais são as associações das espécies que colonizam os diferentes ambientes de dissecação e agradação, uma vez que, são essas associações que exercem o papel de tamponamento do ecossistema, reduzindo os processos erosivos e re-colonizando os ambientes de sedimentação. Para esclarecer tal questão utilizou-se de análises multivariadas. A primeira análise partiu do agrupamento das amostras (parcelas), isto é, estabeleceu o grau de semelhança ou diferença entre elas através das espécies e a área basal dos indivíduos. O resultado pode ser observado na Figura 19, que mostra a formação de dois grupos: A e B. xxxi Figura 19 - Análise de agrupamento (Cluster analysis) das amostras de vegetação arbustiva e arbórea do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. O primeiro grupo (A), está relacionado às parcelas localizadas no interior dos remanescentes (capão e encrave de forma alongada), da esquerda para a direita estão as amostras 5, 10 e 4 que correspondem ao levantamento realizado no talvegue e em sentido dos seus setores de montante para jusante. As amostras 5 e 10 correspondem as áreas situadas no compartimento morfopedológico de dissecação e a amostra 4 no de agradação. Uniu-se a esse grupo as amostras 6 e 8, ambas localizadas contíguas ao talvegue e por último a amostra 3 que guarda a menor semelhança entre esse conjunto, pois está situada mais a jusante e em ambiente de antiga deposição aluvionar onde o leito do córrego intermitente apresenta melhor definição, mas ainda sujeito a inundações sazonais e com maior grau de umidade quando comparado aos demais. O outro grupo (B), mostra uma maior semelhança entre as amostras e representa os ambientes do entorno do talvegue. Pela ordem, as amostras 1, 9, 7 e 11, correspondem aos ambientes de borda dos remanescentes de vegetação, enquanto que a amostra 2 representa a transição entre o talvegue e a borda desses remanescentes. É importante ressaltar que as amostras localizadas nos capões de vegetação do entorno do remanescente principal não apresentaram diferenças significativas com a área central, comportando-se como se fossem partes integrantes da área maior. xxxii As amostras localizadas no interior do talvegue estão no grupo A e as amostras localizadas ao lado do talvegue estão no grupo B. Isso se deve provavelmente por esses capões servir como refúgio para as espécies, numa dinâmica conhecida em ecologia como metapopulação. Isto é, locais que apresentam uma qualidade ambiental inferior que a área central, mas que suportam uma comunidade menor que guarda semelhanças com as comunidades de origem. Portanto os ambientes de capões proporcionam um aumento da diversidade ambiental para flora e fauna. Nota-se que o contato de Cerradão com Floresta Estacional desenvolvido na forma de encrave é marcado por apresentar uma faixa natural circundante com efeitos de borda, que no caso dos capões menores, esse efeito se manifesta também no interior onde a forte deciduidade dos indivíduos arbustivos e arbóreos permite exuberância reprodutiva de lianas que se dispersam anualmente, tendo destaque as anemocóricas. A segunda análise multivariada, a Análise de Correspondência Retificada (DCA), foi empregada para identificar os grupo de espécies que compõem os remanescentes de vegetação. Essa técnica é composta de espaços, o das amostras e o das espécies, podendo ser identificados em espaços separados a relação entre espécies e amostras. A Figura 20 apresenta o espaço das amostras comparado com a análise de grupos anterior. Figura 20 - Ordenação por Análise de Correspondência Retificada (DCA) das amostras do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. O primeiro eixo (Axis 1) representa a variação das amostras em relação ao número de espécies, isto é, da esquerda (P1) para a direita do gráfico (P5), há um aumento do número de espécies por amostra, bem como uma ordenação das amostras dos xxxiii ambientes florestados mais secos para os ambientes mais úmidos. As amostras do grupo 1 estão posicionadas no segundo e terceiro quadrante do gráfico, a exceção se faz para a amostra número 8, que está relacionada com interior do capão (Área Verde 6). O segundo eixo (Axis 2), representa a variação entre as amostras (de cima para baixo) 9 e 7 e está relacionada a florística dessas duas amostra, pois ambas situam-se no capão da Área Verde 6. O espaço das espécies está representado na Figura 21. Os grupos de espécies formaram-se próximos aos eixos. O primeiro eixo (Axis 1) mostra a ordenação das espécies que colonizam os ambientes Florestados, do lado esquerdo do gráfico situamse principalmente as espécies com comportamento decíduo e relacionadas com os ambientes mais secos, enquanto que do lado direito estão situadas as espécies com comportamento semidecíduo e relacionadas com os ambientes mais úmidos. Figura 21 - Ordenação por Análise de Correspondência Retificada (DCA) das espécies do remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. (Obs.: Ver abreviações dos nomes na Tabela I). xxxiv O eixo 2 ordenou as espécies da Savana, na parte superior aquelas relacionadas com a Savana Densa (Cerradão) e na parte inferior aquelas relacionadas com a Savana Arborizada (Cerrado). A análise mostra os grupos de espécies que colonizam os diversos ambientes do remanescente que passa do compartimento morfopedológico de dissecação para o de agradação. Os grupos de espécies e amostras formados podem então ser relacionados com o tipo de solo e relevo onde se encontram, e principalmente para o caso do encrave de forma alongada que acompanha a base das vertentes e fundos de vales. O efeito de borda no compartimento morfopedológico de dissecação é minimizado pela mistura fisionômica de Cerrado/Floresta, onde se observa um incremento de espécies de Cerrado à medida em que se afasta do leito dos canais em direção à borda do remanescente, sendo comum os terrenos serem muito inclinados, promovendo com isso uma faixa protetora do interior do encrave, à feição de uma zona de anteparo, ou de amortecimento de adversidades ambientais (ação de vento, fogo, luminosidade, etc). Já no caso do compartimento morfopedológico de agradação (ambiente de sedimentação natural), verificam-se comportamentos diferenciados da cobertura vegetal da margem esquerda, em relação ao da margem direita. Na margem esquerda, a passagem do Neossolo Litólico recoberto por Campo Limpo para o solo Hidromórfico (Planossolo) com Cerradão/Floresta, é de forma abrupta e o próprio Campo Limpo define, por quebra de declive esse limite, estando assim desde sempre uma linha separatória do encrave em eterno efeito de borda com abundância de lianas e espécies arbustivas, sendo comum as rubiáceas. Nota-se que as Quadras 35 e 36 terminam junto à essa passagem abrupta de solo/vegetação (Figura 22), porém, os terrenos de borda do encrave, só se mantêm estabilizados se não houver o assoreamento do Campo Limpo e ainda que este seja uma pequena faixa, o sistema poderá conservar a integridade do encrave naquele ponto. Por outro lado, na margem direita do canal de escoamento principal, os terrenos aplainados que formam o sistema de agradação apresentam diferentes situações micro-ambientais que geram diversidade de habitats e consequentemente uma diversidade florística, embora o conjunto expresse fisionomia florestada (Figura 23). É também em consequência da diversidade de habitats que o remanescente apresenta oferta de recursos alimentares para diferentes taxa da fauna silvestre. E, até esse ponto do encrave, quando inicia o compartimento agradacional, os registros de locomoção da fauna são mais intensos, diminuindo para os setores de montante. Os efeitos de borda desse setor do remanescente são também minimizados naturalmente quando o Campo de Murundus o bordeja (Figura 24), porém isso se dá de forma descontínua, em faixas muito estreitas o que impossibilita sua delimitação na escala 1:8.000. Assim, é interessante que entre as Quadras 26 e 28 do Condomínio Horizontal Belvedere sejam mantidos os sistemas inteiros pela própria definição da ocorrência de solos hidromórficos, ainda que as áreas ultrapassem as dimensões recomendadas pela Lei, para Áreas de Preservação Permanente na zona urbana. xxxv Figura 22 – Vista parcial da borda do remanescente onde se observa o contato abrupto de Campo Limpo com Mata Ciliar, junto ao leito do talvegue principal. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 23 – Aspecto da borda do remanescente onde se observa ao fundo a fisionomia florestada no ambiente de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xxxvi Figura 24 – Vista parcial do Campo de Murundus que bordeja o remanescente de Mata Ciliar do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. É preciso destacar que a importância de estudos de variáveis ambientais para o entendimento da distribuição das espécies nas comunidades principalmente no âmbito das Formações Ribeirinhas é crucial para a compreensão efetiva do “Ecótono Ciliar” (Van Den Berg, 1995). Esse autor mostrou, em seu estudo sobre a distribuição de espécies arbustivo-arbórea nos diferentes habitats (borda, meio e margem) de Floresta Estacional Semidecidual Montana, que o principal fator desencadeante das interrelações que resulta no sistema solo-vegetação, foi a umidade do solo, condicionada pela microtopografia dos terrenos, dinâmica do rio, comportamento hídrico das vertentes e características físicas e químicas dos solos. Assim, Van Den Berg (1995) concluiu que o habitat que apresentou maior diferença no gradiente borda-meio-margem foi a situação de adjacências da margem, pelo fato de se ter, naquele ambiente montano de Mata Atlântica, um estresse hídrico de grande amplitude, com máximas e mínimas marcadas pela sazonalidade e pelos efeitos da inundação. Tecidas essas considerações que contextualizam o suporte geoecológico do qual partimos como referencial para o levantamento detalhado da vegetação, podemos afirmar que no conjunto dos remanescentes do Condomínio Horizontal Belvedere, foram identificadas seis formações vegetacionais3, compondo os sistemas naturais, que apesar de antropizados, ainda guardam evidências de sua conservação, notadamente pela interpretação dos resultados do levantamento fitossociológico e as interações ecofisiológicas ambientais: Savana Florestada (Sd) – Cerradão, Savana Arborizada (Sa) – Cerrado (s.s.), Floresta Estacional Decidual (C), Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Fa), Savana Gramíneo-Lenhosa (Sg) – Campo Limpo, e Savana Parque (Sp) – Campo de Murundus. 3 Para as Formações Vegetacionais utilizou-se a nomenclatura adotada pelo IBGE (1992). xxxvii A Figura 16 mostra a situação da área no ano de 1983 onde foi possível distinguir ambientes de dissecação e de agradação recobertos por fisionomias de Savana Arborizada, Savana Gramíneo-Lenhosa e Savana Florestada em contato com Florestas Estacionais Semidecidual e Decidual. Porém, deve-se salientar que tanto os encraves de fisionomia mais densa, como a matriz savânica mais rala dos remanescentes, apresentam estrutura florística interna de mistura de formações vegetais repetindo o padrão regional da Baixada Cuiabana, que se comporta como faixa transicional entre o Planalto dos Guimarães e o Pantanal Matogrossense e com forte correlação entre tipos de solos, características hídricas de seus perfis e a situação topográfica dos terrenos nas vertentes onde se distribuem. O remanescente de vegetação secundária de Savana Florestada (Cerradão) em contato com a Floresta Estacional Decidual, amostrado através de parcelas tanto no encrave de forma arredondada (capão de área inferior a 17.000 m2, Figura 25), como no de forma alongada, associado aos ambientes dos setores inferiores das vertentes, estão distribuídos na porção central do Condomínio Horizontal Belvedere, e ambos em mesma condição de suporte geoecológico, ou seja: submetidos aos mesmos processos pedogenéticos e morfodinâmicos do compartimento morfopedológico de dissecação. Figura 25 – Aspecto do capão remanescente que constitui a Área Verde 06 do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Esse tipo de contato Cerradão/Floresta corresponde a uma mistura vegetacional por se tratar de uma transição gradativa e interpenetrante e sem clareza de linha divisória entre ambas formações de porte florestal, estando as variações fisionômicas e florísticas intimamente relacionadas às características edafoclimáticas pontuais, o que implica em variação na estrutura e distribuição das comunidades em função da diversidade de microhabitats. Na realidade, a comunidade arbóreo-arbustiva da Savana Florestada apresenta muita semelhança florística com a Savana Arborizada, diferenciando-se principalmente em sua arquitetura e distribuição dos indivíduos, que á mais adensada e com maior porte na xxxviii Savana Florestada e mais rala e de menor porte na Arborizada. Também, o estrato herbáceo, ao invés de graminoso à feição da Savana Arborizada, ele é predominantemente composto por indivíduos jovens da comunidade arbustivo-arbórea na Savana Florestada que apresenta elementos de Floresta Estacional Decidual. O remanescente principal desse contato Savana/Floresta apresenta domínio de indivíduos finos (sendo comum plantas arbóreas com diâmetros de 15 a 20 centímetros), altos (chegando a atingir 15 metros no conjunto) e relativamente próximos (distribuídos com um espaçamento médio inferior a 2,50 metros), que em última instância, mostra um remanescente denso e aliado à presença de clareiras no seu interior, permite o adensamento de espécies de bambus (Guadua sp., Figura 26, Olyra sp. cf., ambas em terrenos que ressecam mais rapidamente, ou seja, solo de textura média e Probabiliter sp. cf. em solo de textura argilosa, que guarda umidade por mais tempo), as quais fazem parte da estrutura florística, juntamente com lianas e palmeiras. Figura 26 – Aspecto do interior do remanescente com presença de bambu nativo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. É importante realçar que esse principal remanescente apesar de comportar como encrave em relação aos sistemas ecológicos savânicos de seu entorno, ele tem ligação espacial com os ambientes ribeirinhos do rio Coxipó formando um continuum na paisagem regional, ora mais denso, ora mais ralo, dependendo do predomínio das formações savânicas ou florestais que ali se desenvolvem, também em mistura fisionômico-ecológica com transição gradual e interpenetrante, podendo ser caracterizado como ecótono. No contato Savana/Floresta, a comunidade arbóreo-arbustiva é dominada por espécies decíduas, secundariamente pelas semidecíduas e em menor proporção por perenifólias, resultando na formação de uma serapilheira com expressiva espessura, incrementada no período sazonal seco da região, quando há um elevado número de populações decíduas e xxxix semidecíduas em fase de sincronia de queda de folhas, principalmente daquelas típicas do Cerradão, do Cerrado e da Floresta Decidual. O processo de dispersão de sementes dá-se preferencialmente por anemocoria e zoocoria. A primeira, destaca-se no período seco pela sincronia e velocidade das fenofases, florescimento, frutificação e dispersão, sendo esta última, favorecida pelos ventos dos meses de julho, agosto e setembro. E a segunda (zoocórica), predomina após o fim desse período, adentrando para o chuvoso, quando muitas espécies do Cerrado já rebrotaram, muitos frutos começam a amadurecer e há um relativo incremento de recurso alimentar para a fauna. Essas relações ecológicas também influenciam na oferta de considerável volume de banco de sementes associado à serapilheira que apresenta um bom potencial para germinação de várias espécies, podendo servir como fonte de fornecimento de propágulos ao enriquecimento de ambientes alterados (clareiras, corte seletivo de madeira e outros tipos de antropização). O remanescente de Savana Parque (Campo de Murundus), situado na borda do compartimento morfopedológico agradacional e de distribuição espacial reduzida, (Figura 24), tinha continuidade na forma de Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo e Campo Úmido) para os setores de montante das vertentes de colinas e morrotes (Figura 16). No remanescente vegetação de Savana Gramíneo-Lenhosa da área do Condomínio Horizontal Belvedere, foram amostrados dois tipos de campo: o Campo Limpo, associado à área de dissecação e; o Campo Úmido associado à área de agradação. O Campo Limpo apresentou quatro espécies de gramíneas, sendo três do gênero Paspalum. Esse gênero corresponde a 85 % do índice de cobertura relativa (CRi), em seguida aparece uma Cyperaceae (Bulbostylis paradoxa), com 7 % de CRi. As demais espécies apresentaram valores inferiores a 2%, sendo que, no total foram amostradas 11 espécies (Tabela II, Anexo I). Considerando que o Campo Limpo apresenta fatores limitantes à colonização das espécies tais como solo raso, queimadas e pouca umidade, os valores de cobertura estão bem distribuídos entre as espécies, não demonstrando uma dominância de uma sobre as outras, a não ser, quando se analisa do ponto das famílias botânicas. Nesse caso há dominância absoluta da família Poaceae, que representa as gramíneas. O Campo Úmido situado nas proximidades da Quadra 30 apresentou alta dominância de Elionurus sp. (84 % do índice de cobertura relativa), Hyptis crenata (9,9%) e Paspalum cf. pilosum (3,17%). As demais espécies apresentaram valores de cobertura inferior a 1%, num total de 8 espécies amostradas. Esses valores representam uma comunidade de baixa diversidade de espécies herbáceas, dominada por uma espécie (Elionurus sp.) (Tabela III, Anexo I). Isso se deve provavelmente pela influência da intensa dinâmica hídrica subsuperficial e superficial na área e que, restringe a colonização de outras espécies. xl Comparando-se os tipos de campo, o Campo Limpo, apresenta maior riqueza de espécies e melhor distribuição dos valores de cobertura, embora ambos, Campo Limpo e Úmido apresentem fatores limitantes para o crescimento das espécies. Entretanto, o estresse hídrico pela falta de água pode ser contornado com estratégias de reprodução anual sexuada associada ao brotamento de gemas (reprodução assexuada). Assim as espécies conseguem contornar o período de estiagem, pois se ele se estender mais do que o esperado a planta mãe poderá morrer, mas deixará sementes ou gemas nas raízes para a próxima temporada de chuvas. Já no Campo Úmido o estresse hídrico por excesso de água eliminará as espécies que não suportam o encharcamento e a falta de oxigênio no solo, o que limitará o número de espécies que colonizam esse tipo de ambiente. Essas conclusões estão embasadas nas observações de campo e no número de espécies que ocorrem simultaneamente em ambas áreas, que são em número de duas, mesmo sendo a distância entre essas áreas de amostragem relativamente pequena (Tabela IV). Tabela IV - Lista de espécies da amostragem fitossociológica da Savana Gramíneo-Lenhosa do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Família Cyperaceae Euphobiaceae Labiatae Leguminosae Mapighiaceae Poaceae Rubiaceae Verbenaceae Xyridaceae Espécie Bulbostylis paradoxa Cyperus sp. Indeterminada Euphorbia hyssopifolia Hyptis crenata Calliandra dysantha Bysonima subterranea Andropogon sp. Elionurus sp. Paspalum cf. acuminatum Paspalum cf. hydrophilum Paspalum cf. pilosum Paspalum sp. Paspalum sp.2 Borreria sp. Stachytarpheta sp. Xyris cf. jupicai Campo Limpo Campo Úmido X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Os ambientes campestres são extremamente importantes do ponto de vista do equilíbrio ecológico. A Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Limpo) que em tempos pretéritos tinha grande expressão em área na região onde foi implantado o Condomínio Horizontal Belvedere, também tinha expressão como oferta de forrageiras para o gado bovino criado de forma extensiva e pelo fato de apresentar maior diversidade comparada ao Campo Úmido, oferece uma maior variedade de alimento para a fauna herbívora silvestre. xli Apesar de atualmente o Campo Limpo estar restrito à pequenas faixas que bordejam o remanescente alongado, uma vez que a maior parte do Condomínio foi implantada nesses ambientes e naqueles de Savana Arborizada, eles ainda apresentam relativa importância para a dinâmica da superfície. Desempenham função ambiental de cobertura amortizadora para o impacto das chuvas e como minimizadora do escorrimento superficial nos terrenos inclinados de colinas e morrotes, com Neossolos Litólicos e Plintossolo Concrecionário. Nota-se que esses solos sempre foram culturalmente utilizados como áreas potenciais para exploração de cascalhos e em destaque para uso na construção de estradas (Figura 16). Por outro lado, o Campo Úmido, que participa da fisionomia de Savana Parque (Campo de Murundus), tem uma oferta alimentar de menor qualidade (dominância de uma espécie), o que, provavelmente, o mantém com maior cobertura (valor de cobertura – VCi - total de 63,13 comparado à 35,25 do Campo Limpo, Tabelas III e IV do Anexo I). Entretanto, a maior cobertura pode oferecer melhor refúgio para a fauna de aves terrestres como inhanbus, perdizes e siriemas. Com relação à função principal do Campo Úmido no ecossistema, ele contribui para reduzir os processos de sedimentação das áreas de agradação, recobertas com fisionomias florestadas, e, pelo fato de se distribuirem em faixas que as bordejam, servem de zona de anteparo para a dinâmica erosiva dos setores de montante das vertentes, voltadas para o compartimento morfopedológico agradacional. 1.7. Caracterização da fauna observada nos remanescentes vegetacionais da área do condomínio Para os estudos de caracterização da fauna utilizou-se a metodologia de observação direta dos animais, a olho nu ou com binóculos, e indireta por interpretação de sinais ou vestígios de presença animal (vocalização, fezes, pegadas, restos de alimentos, entre outros). As observações foram realizadas nos remanescentes de vegetação existentes, procurando identificar a movimentação da fauna. Foi estabelecido horários e dias preferenciais para o levantamento da fauna; nas primeiras horas da manhã e da noite e nos finais de semana. Os dados obtidos em campo foram tabulados e organizados de acordo com a classificação taxonômica das espécies e a sua ocorrência por tipo de vegetação. Alguns aspectos importantes para a fauna silvestre associada aos remanescentes do Condomínio Horizontal Belvedere foram consideradas durante as observações de campo, quais sejam: o acesso a água existente no seu interior, o acesso aos recursos alimentares e o uso do ambiente como abrigo/refúgio para as espécies. Se examinarmos os remanescentes do Condomínio Horizontal Belvedere iremos verificar espécies nativas da comunidade arbóreo-arbustiva que além de serem frutíferas, algumas desempenham a função de espécie-chave4, servindo de recurso alimentar a 4 Espécie-chave: uma espécie que afeta a sobrevivência e abundância de muitas outras na comunidade em que vivem. Sua exclusão ou inclusão, resulta numa mudança relativamente significativa na composição da comunidade e xlii vários taxa da fauna silvestre, tais como: Sheelea phalerata (acuri), Acrocomia aculeata (bocaiúva), Syagrus sp (coquinho), Genipa americana (Jenipapo), Cecropia pachystachya (embaúva), Vitex cymosa (Tarumã), Dipteryx alata (cumbaru), Ficus gomelleira (figueira), Hymenea stignocarpa (jatobá do cerrado), Hymenea coubaril (jatobá mirim), Licania sp. (oiti), Caryocar brasiliense (pequi), Sterculia apetala (manduvi), Andira cuyabensis (Morcegueira), entre outras. Verificamos também que a água existente no interior do remanescente alongado que se liga aos sistemas ribeirinhos do rio Coxipó só ocorre no ambiente agradacional, estando neste período do ano (setembro/2005), empoçada em pequenos embaciados no interior do canal da drenagem principal, onde também pode ser observado a ocorrência de “barreiros5” em Planossolo, o que certamente tem favorecido a mobilidade de vários taxa até esta altura do remanescente. Considerando essas especificidades e os resultados do levantamento de fauna realizado nos remanescentes de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, pode-se dizer que ela é bastante diversa, tendo como maior número de espécies a avifauna (53 espécies), seguida pela fauna de mamíferos (8 espécies) e pelos répteis (5 espécies), conforme mostra o Quadro I. Enfatiza-se que esses resultados refletem a metodologia utilizada para o levantamento, baseado principalmente nas observações direta ou indireta. Quadro I. Lista de aves, mamíferos e répteis ocorrentes na área de remanescente de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Legenda: Ocorrência: A − avistamento; V − vocalização; Pe − pegadas. Habitat: Sg − campo; SF − cerrado/mata decídua; Fa − florestas ribeirinhas Nome científico Nome comum Ocorrência A V Pe Habitat Sg S/F Fa X X CLASSE: AVES Crypturellus undulatus jaó Rhynchotus rufescens perdiz X X Anas discors marreca X X Coragyps atratus urubu X X Micrastur ruficollis gavião X X Cariama cristata seriema X X Vanellus chilensis quero-quero X X Columba picazuro pomba-de-bando X Scardafella squammata fogo-apagou Columbina talpacoti rolinha-caldo-de-feijão X Ara chloroptera arara-vermelha Aratinga aurea Brotogeris chiriri X X X X X X X X X X X X jandaia X X X periquito X X X às vezes, até na estrutura física do ambiente (Wilson, 1994). Espécie-chave, plantas conhecidas como “bagueiras” por caçadores, cujo conceito é proveniente do etno-conhecimento e se refere às plantas que, com frutos maduros, atraem grande número de consumidorres e de outros animais predadores desses consumidores primários, passíveis de serem caçados em jiraus, ou outro tipo de espera. 5 Barreiros: assim denominados locais onde se verifica a concentração natural de sais. xliii Continua... Nome científico Nome comum Ocorrência A V Habitat Pe Sg S/F Fa Crotophaga ani anu-preto X X X Guira guira anu-branco X X X Chordeiles acutipennis curiango Caprimulgus nigrescens curiango X Cypseloides senex andorinha X Eupetomena macroura beija-flor X X Lophornis goeldii beija-flor X X Hylocharis cyanus beija-flor X X Nystalus chacuru joão-bobo X X Nystalus maculatus joão-bobo X X Ramphastus toco tucano X X Colaptes campestris pica-pau-do-campo X X Dryocopus lineatus pica-pau X X X Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado X X X Veniliornis passerinus arapaçu X Furnarius rufus joão-de-barro X X X Phacellodomus rufifrons João-graveteiro X X X Pitangus sulphuratus bem-te-vi-verdadeiro X X X X Megarynchus pitangua bem-te-vi X X X X Myiozetetes similis bem-te-vi X Progne chalibea andorinha X Tachycineta leucorrhoa andorinha X Cyanocorax cristatellus gralha X Turdus rufiventris sabiá-laranja X X Gnorimopsar chopi pássaro-preto X X Icterus cayanensis joão-pinto X Molothrus bonariensis chopim-gaudério X Ramphocelus carbo bico-de-prata X Thraupis sayaca sanhaço-cinza X Thraupis palmarum sanhaço-de-coqueiro X Saltator similis trinca-ferro-de-asa-verde X Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei X Zenaida auriculata pomba-amargosa X Thamnophilus doliatus Nhana/maria-cocá X X X Thamnophilus punctatus Nhana/maria-cocá X X X Forpus crassirostris tuim X Aramides cajanea saracura X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X xliv Continua... Nome científico Nome comum Ocorrência A V Habitat Pe Sg Otus choliba Caburé Passer domesticus pardal X X Oryzoborus angolensis curió X X Callithrix sp. mico X Euphractus sexcinctus tatu-peba Nasua nasua quati Procyon cancrivorus guaxinim X Felis sp. gato-do-mato X X Mazama americana veado-mateiro X X Dasyprocta agouti cutia X Cavia aperea preá X Hydrodynastes gigas jaracuçu X Tupinambis teguixin teiú X X Ameiva ameiva calango X X Tropidurus torquatus calango X X Iguana iguana sinimbú X S/F X Fa X X CLASSE: MAMMALIA X X X X X X X X X X X X X X CLASSE: REPTILIA X X X X X X X X A fauna objeto de caça (mamíferos e répteis) é de difícil observação direta, pois naturalmente é avessa a presença humana sendo, portanto, observado apenas os seus indícios. O contrário, as espécies de menor interesse como a avifauna, são mais facilmente observadas. Deve-se ressaltar que a presença de espécies como veado, gato-do-mato e guaxinim numa região de expansão urbana é um bom indício da importância da área para a conservação das espécies. Para compreender melhor a relação desses mamíferos com a área, inicialmente os dados foram organizados em um quadro relacionando as espécies da fauna observada com o tipo vegetacional. A vegetação foi definida de acordo com os dois grupos formados pela análise de cluster (contato Savana/Floresta Estacional Decidual e Floresta Estaciona Aluvial), e as fisionomias da Savana Gramíneo Lenhosa (Campo Limpo e Campo Úmido). Nessa análise verificou-se que o número de espécies da fauna não aumentou proporcionalmente como o número de espécies da flora (Quadro II). xlv Quadro II - Relação entre número de espécies da Flora e número de espécies da fauna dos remanescentes de vegetação do Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Fisionomias Flora Fauna Sg (Campo) 16 29 S/F (contato cerrado/Floresta) 24 35 Fa (Floresta Ribeirinha) 41 34 Entretanto, há que se considerar o pequeno número de amostras não foi suficiente para estabelecer uma relação clara entre fauna e vegetação. Assim, buscou-se, uma outra via para elucidar a presença de mamíferos carnívoros e herbívoros de grande porte em uma área com histórico de pertubação ambiental. Uma segunda análise foi realizada comparando-se os dados do número de espécies da flora por parcelas com o número de espécies da fauna observado no seu entorno. Os dados da flora foram organizados em ordem crescente de número de espécies e correlacionados em um gráfico de dispersão com os da fauna. Fauna Na Figura 27, verifica-se a relação entre o número de espécies da flora e da fauna. Há uma forte variação do número de espécies da fauna para as amostras P1, P2, P3 e P4. Todas essas amostras estão situadas na área de agradação. As amostras P1 e P2 são parcelas contíguas, portanto, podem se consideradas uma só e estão situadas na transição dos ambientes de dissecação e agradação, representando o contato entre as vegetações de Savana Florestada e Floresta Decidual. 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 p1 0 1 p9 2 c1 P2 3 4 p7 p10 5 6 p3 p4 p11 7 8 9 c2 10 p8 p6 11 12 p5 13 14 Flora Figura 27 - Distribuição do número de espécies da fauna de acordo com o número de espécies das amostras de flora. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. (Para consultar a localização e descrição das amostras de vegetação ver Anexo I). xlvi A amostra P4 localiza-se entre os canais anastomosados da área de agradação, estando muito próxima das poças de água e micro-embaciados úmidos (barreiros), que se formam no córrego intermitente, sendo a parcela P3 situada junto a uma dessas poças. A presença de mamíferos e répteis de grande porte, num remanescente de vegetação relativamente pequeno, como é o caso do Condomínio Horizontal Belvedere, justifica-se por várias razões dentre as quais se destacam: a) região antropizada de longas datas; b) adaptação à pressão antrópica atual (presença de humanos utilizando máquinas, implementos e veículos pesados, desde o início das obras no empreendimento); c) existência de poças d’água (Figuras 28) e barreiros (Figura 29); e d) o remanescente tem ligação com sistemas ribeirinhos do rio Coxipó, permitindo a mobilidade e frequência de vários taxa da fauna silvestre (Figuras 30, 31, 32 e 33). Figura 28 – Água empoçada no leito de canal anastomosado entalhado por erosão linear, que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 29 – Barreiro no leito do canal anastomosado que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xlvii (b) (a) Figura 30 – Vestígios da fauna que se locomove no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. (a) Pegadas de felino. (b) Marcas de unhas de felino em tronco de árvore. Figura 31 – Pegadas de mão-pelada no fundo de uma erosão que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 32 – Pegadas de veado no fundo de uma erosão que se desenvolve no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. xlviii Figura 33 – Marcas de dentes de cutia em frutos de cumbaru coletados no interior do remanescente de vegetação na área de agradação do Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. Como na Baixada Cuiabana a água é um recurso de certa forma escasso, nos locais onde ela esteja disponível a fauna silvestre passa a freqüentar e na maioria das vezes, adaptando-se à presença do homem e às suas atividades econômicas, mostrando relativa capacidade de sobrevivência nos ambientes alterados pelas atividades antrópicas. Assim, pode ser verificado, em certos casos, o incremento populacional, principalmente face às características sazonais da produção de frutos de espécies de plantas cultivadas e nativas, comuns aos quintais cuiabanos e aos pomares da área rural, como é o caso de psitacídeos que se alimentam de frutos de manga (Mangifera indica), goiaba (Psidium guajava), caju (Anacardium occidentalis), mamão (Carica papaya), bocaiúva (Acrocomia aculeata), manduvi (Sterculia apetala e S. striata), etc., e que aliás, é uma característica intrínseca dos ambientes de transição entre a zona rural e a malha urbana de Cuiabá. Contudo deve-se ressaltar que a presença dessa fauna de grandes mamíferos e répteis relacionada com a presença de poças de água e de barreiros da linha de drenagem intermitente ocorre devido à conectividade do remanescente vegetacional com as demais áreas ainda florestadas do rio Coxipó (Figura 34). Portanto a Área de Preservação Permanente (APP) do Condomínio Horizontal Belvedere funciona como corredor ecológico natural para algumas espécies silvestres. xlix Figura 34 – Imagem de satélite da região onde se insere o empreendimento, mostrando a conectividade dos remanescentes com as formações ribeirinhas do rio Coxipó. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT. l 2. IDENTIFICAÇÃO E COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE NASCENTES E DE FUNDO DE VALES DE CURSOS D’ÁGUA DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE Boa parte das questões apresentadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da 20ª Promotoria de Justiça de Cuiabá, relacionam-se à presença, na área do empreendimento do “Condomínio Horizontal Belvedere”, de nascentes e de fundo de vales de cursos d’água, sendo, portanto, necessário comprovações embasadas em cuidadoso levantamento de campo. Antes, porém, convém revisarmos conceitos de Nascente e de Talvegue, além de fundamentações que permitam entender o desenvolvimento e funcionamento desses elementos naturais. A Agência Nacional de Águas publicou um glossário6 que traz o conceito atualizado de Nascente como sendo compatível com o entendimento apresentado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA através da Resolução nº 303 de 20 de Março de 20027. Esse conceito deixa clara a condição para que um determinado terreno apresente nascente: presença de água subterrânea. Entendendo-se por água subterrânea o conceito apresentado pelo Dicionário Ecológico Ambiental (http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/): “suprimento de água doce sob a superfície da terra, em um aqüífero ou no solo, que forma um reservatório natural para o uso do homem" (The World Bank, 1978). "É aquela que se infiltra nas rochas e solos caminhando até o nível hidrostático" (Guerra, 1978). "Água do subsolo, ocupando a zona saturada" (DNAEE, 1976). "A parte da precipitação total contida no solo e nos estratos inferiores e que esta livre para se movimentar pela influência da gravidade" (USDT, 1980). "Água do subsolo que se encontra em uma zona de saturação situada acima da superfície freática" (ACIESP, 1980). De acordo com o Glossário Geológico da página do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília8, as seguintes definições foram dadas para olhos d’água “[Sin.nascente] Surgência natural da água subterrânea que brota em pontos onde o lençol freático9 é interceptado pela superfície do terreno. Uma fonte, também, pode se 6 Para download no site: http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/TecnologiaCapacitacao/tecnologia_glossario.asp 7 Definição conforme seu Art. 2º Inciso II - nascente ou olho d`água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea; 8 Fonte http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/fonte.htm 9 lençol freático [Inglês: water table] [Conf. água subterrânea; artesianismo; nascente]. Superfície que delimita a zona de saturação da zona de aeração, abaixo da qual a água subterrânea preenche todos os espaços porosos e permeáveis das rochas e/ou solos. O lençol freático tende a acompanhar o modelado topográfico e oscila, ao longo do ano, sendo rebaixado com o escoamento para nascentes ou elevado com a incorporação de água infiltrada da chuva e/ou de degelo. Ele depende e muito da existência ou não de cobertura vegetal na região. A cobertua vegetal propiciada pelas florestas é fundamental para a preservação do manancial de água potável do mundo vsito que: - o rendilhado de raizes evita a erosão, retendo o solo onde se armazena a água e preservando as fontes ou nascentes que, assim, apresentam um fluxo lento e constante de escoamento; - a própria vegetação retem boa parcela da água, evitando sua rápida evaporação ou evapo-transpiração como ocorre nas regiões semi-desérticas (Nordeste do Brasil, por exemplo) e desérticas; - o sombreamento das árvores diminui significativamente a temperatura com redução substancial da evaporação, dando tempo a água de se infiltrar no solo; - a cobertura vegetal recebe o impacto das gotas de chuva que escoam por folhas, galhos e troncos de forma lenta, evitando a erosão do solo "amarrado" pelas li dar com erosão atingindo camada aqüífera com água artesiana10 (fonte artesiana). Poços artificiais, cavados ou perfurados, atingindo o lençol ou o aquífero e disponibilizados em bicas ou chafarizes, tambem são, eventualmente, chamados de fontes.” A CPRH criada em 1976, como uma organização responsável pela gestão ambiental no Estado de Pernambuco traz em seu site11, as seguintes definições para nascente: “Lugar onde ocorrem olhos d`água ou fontes que dão origem a um curso fluvial. Nascente ou olho d`água: Local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea (Resolução CONAMA nº 303 de 20/03/2002)”. De forma semelhante esses conceitos também foram buscados em outras fontes, destacando-se: 9 Dicionário Ambiental12: Nascente - Região onde os olhos d’água dão origem a um curso fluvial. Olho d'água, nascente - Local onde se verifica o aparecimento de água por afloramento do lençol freático (Resolução CONAMA nº 04, de 18/09/85). 9 Dicionário Ecológico Ambiental13: Fonte -"Ponto no solo ou numa rocha de onde a água flui naturalmente para a superfície do terreno ou para uma massa de água" (DNAEE, 1976). "Lugar onde brotam ou nascem águas. A fonte é um manancial de água, que resulta da infiltração das águas nas camadas permeáveis, havendo diversos tipos como: artesianas, termais etc." (Guerra, 1978). Olho d'água, Nascente "Local onde se verifica o aparecimento de água por afloramento do lençol freático" (Resolução nº 04, de 18/09/85, do CONAMA). "Designação dada aos locais onde se verifica o aparecimento de uma fonte ou mina d'água. Lençol Freático "Lençol d'água subterrâneo limitado superiormente por uma superfície livre (a pressão atmosférica normal)" (DNAEE, 1978). "A superfície superior da água subterrânea" (ACIESP, 1980). "É um lençol d'água subterrâneo que se encontra em pressão normal e que se formou em profundidade relativamente pequena" (Carvalho, 1981). raizes e, assim não ocorre, mais adiante, o assoreamento de canais dos riachos e rios, resultando em um fluxo mais constante e de maior volume de águas fluviais, sem haver enchentes catastróficas. 10 artesianismo [Conf. lençol freático; água subterrânea] Condição de pressão da água subterrânea tão forte em um aquífero que, fazendo-se um furo ou poço, a água sai do aquifero e atinge a superfície, podendo jorrar a uma altura quase equivalente a esta sobrepressão. O artesianismo deve-se ao contingenciamento da água subterrânea em camada permeável (aquífero) entre rochas impermeáveis, funcionando como um sistema de vasos comunicantes: a água subterrânea, captada como meteórica (chuva), fluvial ou outra, em níveis de topografia elevada (uma chapada por exemplo), infiltra-se na camada permeável correndo para baixo entre os níveis impermeáveis até saturar todos os poros com o lençol freático da camada permeável ficando mais alto do que a topografia em pontos laterais. Ao ser perfurada a camada impermeável por uma sonda nessas regiões baixas, a água contida no aquifero eleva-se dentro da tubulação da sondagem, buscando o equilíbrio de pressão e jorrando até nível equivalente ao do lençol freático menos um pouco devido ao atrito de deslocamento da água entre os poros da rocha. 11 http://www.cprh.pe.gov.br/ctudo-secoes-sub.asp?idsecao=276&idconteudo=682#n 12 Endereços eletrônicos do Dicionário Ambiental: http://www.radiobras.gov.br/ct/glossario.htm#L; http://www.uniagua.org.br/website/dicionario.htm. 13 Endereço eletrônico do Dicionário Ecológico Ambiental: http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ lii 9 Glossário Hidrológico Internacional14: Nascente: Local de onde a água emerge naturalmente, de uma rocha ou do solo, para a superfície do solo ou para uma massa de água superficial. Nascente de contato: aquela em que a água flui de uma formação permeável subjacente a uma formação relativamente impermeável. Nascente de depressão ou de gravidade: aquela que emerge para uma superfície devido apenas ao fato dessa superfície interceptar o nível do aquífero. Nascente intermitente ou periódica: nascente cujo caudal se produz apenas em certos períodos cessando noutros. Nascente difusa: que emana de um meio permeável para uma área relativamente extensa. O reconhecimento realizado na área do empreendimento permitiu constatar a existência de drenagem natural de caráter intermitente ou de caráter temporário, tendo em vista a não observância de surgências ou olhos d’água ao longo dos Talvegues, entendendose por Talvegue, conforme o Dicionário Ecológico Ambiental15, como sendo a “linha de maior profundidade no leito fluvial. Resulta da interseção dos planos das vertentes com dois sistemas de declives convergentes; é o oposto de crista. O termo significa "caminho do vale'” (Guerra 1978). "Linha que segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal ou de um vale" (DNAEE, 1976). "Perfil longitudinal de um rio; linha que une os pontos de menor cota ao longo de um vale” (Diccionario de la Naturaleza, 1987); ou conforme o Glossário Hidrológico Internacional16 “Linha que percorre a parte mais funda do leito de um curso de água ou de um vale.” Em vista disso, a identificação e comprovção da existência de nascentes intermitentes e de cursos d’água naturais somente é possível por evidências indiretas, a partir da interpretação da dinâmica do funcionamneto hídrico das vertentes, da caracterização das tipologias e feições pedológicas relacionadas aos atributos e fenômenos físicohídricos dos solos e da caracterização de espécies vegetais intimamente ligadas a ambientes e/ou a locais úmidos, ainda que temporariamente, de maneira a determinar a possibilidade de armazenamento no terreno, em subsuperfície, de água subterrânea, mesmo que temporariamente, aflorando-se em superfície e originando, à jusante,um canal fluvial. Partiu-se então ao estudo voltado à observação de evidências que permitissem comprovar a ocorrência de cursos d’água, e, em especial, nascentes de drenagens intermitentes ou temporárias, somente possível com envolvimento de equipe multidisciplinar composta por especialistas nas áreas de conhecimento do meio físico e de ecologia, conforme atestam os profissionais resposáveis pelos estudos realizados. A interpretação da dinâmica de funcionamento hídrico das vertentes, e identificação de vales naturais e de nascentes, realizou-se com base em fotointerpretação de fotografias 14 Endereço eletrônico do Glossário Hidrológico Internacional: http://webworld.unesco.org/water/ihp/db/glossary/glu/PT/GF1185PT.HTM 15 16 Endereço eletrônico do Dicionário Ecológico Ambiental http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ End. eletrônico do Gloss. Hidrol. Intern.: http://webworld.unesco.org/water/ihp/db/glossary/glu/PT/GF1185PT.HTM liii aéreas em escala 1:8.000, procedente do acervo da SEPLAN/MT17, sobrevôo realizado em 1983 para atualizar a malha urbana da cidade à época, e portanto anterior à ocupação urbana na área onde se insere o empreendimento, e com base em levantamentos minuciosos em campo. A fotointerpretação realizou-se por estereoscopia, permitindo a identificação e mapeamento das formas de relevo, da cobertura vegetal original preservada e antropizada, das diferentes formas de ocupação existentes em 1983 (cascalheira, estradas, cercas, etc), bem como grotas, linhas de talvegue ou vales naturais, e linhas de talvegue resultantes de Erosão Antrópica. Entendendo-se por Erosão Antrópica, ou Acelerada, aquela causada pela ação humana, isto é, em consequência das diferentes formas de uso e ocupação do solo, contrapondo-se à Erosão Natural ou Geológica, que se desenvolve em condições naturais, em equilíbrio com a formação do solo (Salomão, 1994, 1999; Infanti Jr. e Fornasari Filho, 2004) A Figura 16 ilustra os resultados da fotointerpretação com a sobreposição do contorno da área do empreendimento, permitindo concluir que a área do Condomínio Horizontal Belvedere e seu entorno era, em 1983, ocupada exclusivamente por propriedades rurais com pecuária extensiva, que certamente utilizava as fisionomias do Cerrado latu sensu como pastagens naturais, tendo sido observado, na foto aérea, vários caminhos de gado, que ao acompanhar a declividade dos terrenos, provocam erosão com formação de sulcos e ravinas. A fotointerpretação permitiu identificar ainda a existência de outros elementos que formavam a paisagem daquela época, tais como: 9 Estradas vicinais de acesso para as sedes das propriedades rurais que permitiam o trânsito de veículos e transeuntes, algumas desativadas pela formação de ravinas, que tiveram seu traçado remanejado, além dos já referidos caminhos de pastejo; 9 Cercas para separação de propriedades e de piquetes; 9 Cascalheira em Neossolo Litólico cascalhento / Plintossolo Concrecionário; 9 Diferentes fisionomias de cobertura vegetal, que nos limites do Condomínio apresentavam as seguintes dimensões relativas: ™ 30% de Savana Arborizada (Sa) – Cerrado (strictu sensu), desenvolvida sobre Neossolo Litólico cascalhento e Plintossolo Concrecionário de colinas e morrotes, ™ 15% de Savana Florestada (Sd) – Cerradão em contato com Floresta Estacional Decidual (C), sobre Neossolos Litólicos cascalhentos no Compartimento Morfopedológico de Dissecação, passando localmente para Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Fa) no de Agradação, associados a Solos Hidromórficos (Planossolo e Gleissolo). ™ 55% de formações savânicas campestres, de Savana Gramíneo-Lenhosa (Sg) – Campo Limpo, desenvolvida sobre Neossolo Litólico cascalhento e Plintossolo Concrecionário ambos rasos e nas colinas e morrotes passando 17 SEPLAN/MT – Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral. A Biblioteca/Mapoteca da extinta Fundação de Pesquisas Cândido Rondon (FCR), hoje compõe o acervo cartográfico da Secretaria. liv localmente para Savana Parque (Sp) – Campo de Murundus, em estreita faixa descontínua que bordeja o ambiente de agradação. 9 Existência de uma linha de talvegue principal com quatro ramos secundários de entalhes sutis, todos com fundo seco e diferentes entalhes, que têm origem em porções superiores de vertentes de colinas, morrotes ou “cocurutos”. Foi possível diferenciá-las em relação à cobertura vegetal, profundidade dos entalhes, extensão, direção e sentido em relação à porção inferior do terreno, onde se situa a área de agradação, de maneira a destacar a existência de vegetação densa recobrindo o Talvegue principal, enquanto que os ramos secundários são recobertos por vegetação rala, principalmente Campo Limpo. A cobertura vegetal densa se destaca na paisagem, por constituir um encrave de forma alongada, em meio a uma matriz de aspecto ralo, e por vezes campestre, e está ligada, por continuidade linear, aos ambientes ribeirinhos do rio Coxipó. A realização da fotointerpretação e reconhecimento de campo permitiram deduzir a ocorrência de substratos geológicos, a distribuição dos solos ao longo das vertentes e fundos de vales e as diferentes coberturas vegetacionais, levantando-se hipóteses relacionadas às interações entre esses elementos e, consequentemente, padrão de paisagem e funcionamento hídrico. Essas hipóteses foram checadas em campo por meio de levantamentos realizados em conjunto pela equipe técnica. Visando subsidiar os levantamentos de campo e reprodução cartográfica, foi realizado levantamento topográfico ao longo das linhas de Talvegues, com estaqueamentos de 10 em 10 metros. Os levantamentos de campo foram realizados por caminhamentos de montante para jusante ao longo das diferentes linhas de talvegue, bem como ao longo das vertentes, observando-se as litologias, os tipos pedológicos, formas e feições do relevo, ocorrências erosivas e tipologias vegetais. Os locais de observação foram georreferenciados com GPS, descrevendo-se rochas aflorantes e perfis de solos por meio de tradagem, utilizando-se trado holandês (Figura 35), e por descrição diretamente nos taludes dos vales ou de erosões lineares (Figuras 5 e 36). As formas e feições de relevo foram visualmente descritas, distinguindo-se o tipo de entalhamento dos vales, forma das vertentes e valores aproximados das declividades dos terrenos, comprimentos e amplitudes das vertentes. O levantamento de campo da vegetação foi realizado em dois momentos. Um em conjunto com a equipe multidisciplinar para identificação de relações ecofisiológicas existentes entre as espécies vegetais, os tipos de solos que elas recobrem, as condições hídricas pontuais e os condicionamentos litológico e topográfico do micro-relevo. O segundo momento foi para amostrar as formações vegetacionais que ocorrem na área do Condomínio Horizontal Belvedere, para dar bases mais concretas à descrição fitofisionômica-ecológica dos remanescentes que se desenvolvem em colinas e morrotes recobertos pelo padrão essencialmente savânico da Baixada Cuiabana. As abordagens utilizadas foram anteriormente descritas no Capítulo 1, item 1.6. lv Figura 35 – Sondagem a trado realizado na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 36 – Perfil de solo exposto em talude de erosão no talvegue principal do ambiente de dissecação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Os elementos da paisagem foram então caracterizados, procurando-se interpretar as relações entre o substrato geológico, a topografia do terreno, os tipos de solos e a cobertura vegetal, tendo em vista o entendimento da dinâmica hídrica, isto é, dinâmica de funcionamento da água de chuva e do lençol freático ao longo das vertentes, de maneira a permitir a identificação de talvegues associados a vales de drenagens de lvi cursos d’água (vales naturais), que permitem definir os limites da Área de Preservação Permanente, distinguindo-se das linhas de talvegue originadas por erosão natural/ antrópica, e a identificação de nascentes. Os trabalhos realizados permitiram concluir que a área do empreendimento enquadrase no padrão de paisagens da unidade geomorfológica Depressão Cuiabana, no domínio de formas de relevos colinosas oriundas por processos de dissecação que se ligam a áreas de relevo de agradação. Essas áreas de agradação, recebendo boa parte das águas de escoamento, armazenam-as em superfície e subsuperfície e as conduzem em direção aos cursos d’água que fazem parte da bacia do rio Coxipó. Assim, simplificadamente, a área do empreendimento apresenta conforme anteriormente citado (item 1.4.), dois ambientes ou compartimenteos morfopedológicos com diferentes cartacterísticas e funcionamento hídrico, que serão, a sequir, caracterizados. 2.1. Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Dissecação As formas de relevo em colinas e morrotes foram predominantemente modelados pelo entalhamento pluvial, portanto, nos momentos chuvosos, onde as águas que escoam em canais temporários proporcionam seu aprofundamento, em especial, aqueles próximos às cabeceiras de drenagem. Nessas áreas observa-se a presença de rochas pelíticas do Grupo Cuiabá, constituídas por filitos com veios de quartzo e solos pouco desenvolvidos e rasos, caracterizados especialmente por Neossolos Litólicos e Plintossolos Concrecionários. Esses solos são recobertos essencialmente por fisionomias savânicas (Cerrado latu sensu), cuja variação fisionômica vai desde Campo Limpo em Neossolos Litólicos muito rasos (sem horizonte C e pedregoso), até Campo Cerrado/Cerrado (sensu strictu) quando associados a Plintossolos Concrecionários cascalhentos e Neossolos Litólicos relativamente mais profundos (com presença de horizonte C), conforme mostra a Figura 37. Porém, onde as crostas lateríticas são mais espessas e contínuas, volta a predominar a vegetação graminóide do Campo Limpo. Nesse compartimento morfopedológico ocorrem também, associados a Neossolos Litólicos relativamente mais profundos, e, em destaque, quando desenvolvidos sobre cascalheiras e filito conglomerático, fisionomias de contato entre Savana Florestada e Floresta Estacional Decidual na forma de capões. Felizmente é no compartimento de ambiente de dissecação que se distribuem os lotes e obras de infra-estrutura do Condomínio Horizontal Belvedere, dispondo-se preferencialmente em topos de colinas e morrotes e nos setores superiores e intermediários das vertentes. Nas porções inferiores das vertentes marcadas por rupturas de declive nota-se a presença de grotas e linhas de talvegue que se dirigem para áreas do ambiente de agradação que comporta a maior parte das Áreas Verdes e Áreas de Preservação Permanente. lvii Figura 37 – Vegetação de Campo Limpo sobre Neossolo Litólico/afloramento de rocha em contato com Cerrado típico sobre Neossolo Litólico relativamente mais profundo. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. A Figura 16 permite visualizar a distribuição das quadras do loteamento em relação aos ambientes de dissecação e de agradação. A Figura 38 também ilustra essas relações. Figura 38 – Vista parcial do ambiente de dissecação em que está sendo implantado o Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Nesse compartimento as águas pluviais tendem ao escoamento superficial, uma vez que, os solos são rasos (Neossolos Litólicos e Plintossolos Concrecionários), onde em sub-superfície, com profundidades inferiores a 50cm, nota-se a presença de rocha pouco alterada a sã ou de couraça ferruginosa, que impedem a infiltração. As águas de chuvas infiltram apenas nas partes superficiais dos terrenos, sendo retidas em subsuperfície e escoando-se difusamente nas porções superiores, pouco declivosas das colinas e morrotes (Figura 39), e, por escoamento concentrado, nas porções mais inferiores, condicionado às estruturas (acamamento e direção das foliações das rochas) e à ocorrência de veios de quartzo nas litologias do Grupo Cuiabá (Figura 40). lviii Figura 39 – Morrote com Neossolo Litólico recoberto por vegetação rala de Cerrado (latu sensu), que resulta em baixa infiltração e elevado escoamento superficial das águas pluviais. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 40 – Detalhe de afloramento da rocha pelítica alterada do Grupo Cuiabá, mostrando aspectos da foliação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Assim, entende-se a presença de grotas e talvegues em vales entalhados nesse compartimento relacionado ao ambiente de dissecação, sendo locais do terreno onde a condicionante litológico-estrutural favoreceu a concentração dos fluxos de água de escoamento durante os episódios chuvosos, intensificando processos de alteração e em especial, a erosão natural ou geológica. A intensidade erosiva nesses locais de elevada lix energia de escoamento impede o aprofundamento dos solos, subsistindo a ocorrência de Neossolos Litólicos e Plintossolos Concrecionários. Dessa forma a ocorrência de nascentes no ambiente de dissecação fica impossibilitada, uma vez que inexistem as condições que permitem a formação de aquíferos ou lençóis freáticos, tanto ao longo da vertentes de colinas e morrotes, como nas encostas e fundos de vales. Levantamento minucioso desses locais foi realizado pela equipe técnica multidisciplinar. O talvegue principal e seus ramos secundários que ocorrem no Compartimento Morfopedológico de Dissecação, do Condomínio Horizontal Belvedere, foram observados, constatando-se a inexistência de vestígios de surgências, mesmo intermitentes. Ocorrem nesses locais ambientes bem drenados, com presença de solos rasos, afloramentos rochosos e, em consequência, a ausência de Solos Hidromórficos e de feições pedológicas condicionadas à acumulação e/ou saturação por águas subsuperficiais, tais como, presença do óxido de ferro na forma reduzida, resultante de fenômenos de gleização, que transmite ao solo colorações acinzentadas e/ou esverdeadas características, ou mesmo feições relacionadas à ocorrência de plintita, isto é, concreções ferruginosas não endurecidas, originadas por oscilação do nível freático ou permanência temporária da saturação do solo. Nessas condições de alta drenabilidade dos terrenos, de solos rasos e presença de rochas sub-aflorantes, a vegetação que teve capacidade de se estabelecer, colonizar, desenvolver e dispersar-se, foi a savânica, com suas variações fisionômicas (desde a Savana Florestada até a Savana Gramíneo Lenhosa). Em campo verificou-se a existência de vegetação mais densa (Savana Floretada) somente na base das vertentes e ao longo do Talvegue principal, mesmo em taludes muito inclinados (Figura 41), indicando a existência nesses locais de maior umidade relativa, e presença de Neossolo Litólico relativamente mais profundo. Nesses locais de maior umidade relativa, está presente na estrutura florística do estrato herbáceo, espécies indicadoras dessa maior umidade, tais como as Pteridófitas (Pteridium sp., Lygodium venustrum e Selaginella asperula), conforme mostra a Figura 42. Entretanto essa umidade é sazonal, já que boa parte dessas espécies foram observadas no mês de setembro em murcha temporária e/ou permanente. Essa maior umidade relativa não impede o tatu de construir sua toca na base do talude do Talvegue principal (Figura 43), nem a Lixeira de se estabelecer e desenvolver no leito, já que grande parte do ano ele permanece seco (Figura 44). Importante destacar que nos ramos secundários do Talvegue principal não existem evidências de maior umidade relativa, resultando na formação de Savana Arborizada ou Savana Gramíneo-Lenhosa. lx Figura 41 – Talude muito inclinado em fundo de vale do talvegue principal no compartimento morfopedológico de dissecação com indivíduos de Savana Florestada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 42 – Detalhe da ocorrência de Selaginella asperula seca, em fundo de vale do Talvegue principal, reentalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 43 - Detalhe da ocorrência de toca de tatu em fundo de vale do talvegue principal, reentalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxi Figura 44 - Detalhe da ocorrência de Curatella americana (Lixeira), em fundo de vale do talvegue principal, na altura da estaca 14. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Essas constatações levaram a considerar como Área de Preservação Permanente o ambiente de fundo de vale relativamente mais úmido e com Savana Florestada em contato transicional gradativo e interpenetrante com Floresta Estacional Decidual como mistura, à feição de Mata Ciliar como uma formação ribeirinha sem influência fluvial, conforme conceituado por Rodrigues (2000): “formações ribeirinhas que apesar de estarem às margens de cursos d’água, atualmente não são diretamente influenciadas pela água do rio ou do lençol freático, como as formações que ocorrem em áreas marginais com grande desnível para o curso d’água (rio bem encaixados) ou florestas margeando rios de corredeiras, condição comum das regiões de relevos escarpados ou formações (florestas ou campo) ribeirinhas sobre solo litólico que não são diretamente influenciadas pela água ou se o são isso ocorre por tempo muito reduzido ou que periodicidade não definida. Nessas condições, normalmente as particularidades florísticas são muito tênues ou inexistentes, sendo mais comum particularidades estruturais. Essas particularidades são normalmente determinadas por outros fatores que não a água, como parâmetros climáticos, região fitoecológica precursora ou do entorno, condição de ponte e/ou refúgio biótico dessas áreas etc.”. A dinâmica do uso e ocupação do solo na área do empreendimento do Condomínio Horizontal Belvedere e de seu entorno, ocorrido em tempos pretéritos da história do ambiente peri-urbano da cidade de Cuiabá, favoreceu a intensificação dos processos erosivos. Trata-se, neste caso, da erosão antrópica, isto é, processos erosivos acelerados causados pela ação humana, bem mais pronunciada que a erosão natural ou geológica, ou seja, processos erosivos em equilíbrio com a formação dos solos (pedogênese) e do relevo (morfogênese), conforme anteriormente referidos. A intensidade da erosão antrópica verificada na área do empreendimento foi constatada tanto em porções das vertentes de colinas e morrotes não afetadas por terraplenagem, onde inexiste o horizonte superficial, como, em especial, no fundo de grotas e dos talvegues/fundos de vales, onde se verificam incisões por ravinamentos aprofundados em camadas litificadas de couraça ferruginosa e de filitos do Grupo Cuiabá. A Figura 45 ilustra a ação erosiva antrópica. lxii Figura 45 – Evidências de reentalhes do fundo de vale do talvegue principal por erosão antrópica do tipo ravina. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. A Figura 46 ilustra que os processos erosivos antrópicos ocorreram anteriormente à implantação do Empreendimento. Essa dedução relaciona-se à ocorrência em fundo de vale do Talvegue principal, de incisões erosivas aprofundadas em couraças ferruginosas e em rocha praticamente sã, que exigem ação erosiva em tempo relativamente longo, estimado em dezenas de anos. Figura 46 – Incisões erosivas em couraça ferruginosa e em rocha praticamente sã no fundo do vale do talvegue principal. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Atestam essa conclusão, ocorrências, no fundo de ravinas em linhas de talvegue, de árvores de grande porte, tais como, Ficus gomeleira, Curatella americana, Protium heptaphyllum entre outras (Figura 47). Figura 47 – Ocorrência de árvores de grande porte (Ficus gomeleira, Curatella americana, Protium heptaphyllum) em fundo de vale do talvegue principal entalhado por erosão antrópica. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxiii 2.2. Compartimento Morfopedológico em Ambiente de Agradação O segundo compartimento morfopedológico é representado por ambiente de agradação, envolvendo terreno praticamente plano situado à jusante de áreas associadas ao ambiente de dissecação, onde se acumulam sedimentos predominantemente siltosos e argilosos numa conformação similar a de planície aluvionar anastomosada, por apresentar abundância de pequenos, micro e rasos canais que se ramificam e unem-se aleatoriamente com formação de bancos e diques descontínuos de difícil distinção. Pela sua situação topográfica rebaixada e aplainada, pela presença de pequenos embaciados e ocorrência de lençol freático suspenso subaflorante, apresenta alagamentos nos períodos sazonais chuvosos que ocorrem anualmente pelo impedimento do escoamento superficial e pela baixa capacidade de infiltração. O substrato geológico é caracterizado por sedimentos quaternários depositados diretamente sobre as rochas do Grupo Cuiabá, e Solos Hidromórficos relativamente profundos com predomínio de Planossolo, e ocorrência mais localizada de Gleissolo e Plintossolo. A cobertura vegetal desse ambiente reflete, na fisionomia e florística, os micro-padrões edafo-climáticos condicionados ao compartimento morfopedológico de sistemas agradacionais, com predomínio de vegetação essencialmente florestada, porém na forma de contato de Formações Savana Florestada (Cerradão) / Floresta Estacional Decidual (Mata Decídua) / Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Mata Ciliar) / Savana Parque (Campo de Murundus). Nesse ambiente de agradação, o funcionamento hídrico se contrapõe ao das áreas de dissecação, prevalecendo a retenção das águas de chuvas que caem diretamente sobre ele, e aquelas águas provenientes do escoamento verificado ao longo das vertentes de colinas e morrotes e ao longo das linhas de talvegue. O levantamento de campo realizado ao longo da linha do talvegue principal que se dirige para o ambiente de agradação, permitiu constatar gradativa diminuição do entalhe do fundo de vale, até o desaparecimento total dos taludes. A Figura 48 permite comprovar essa observação, mostrando a relação natural entre os dois ambientes, de dissecação e de agradação, originados respectivamente, por incisão erosiva e por acumulação de sedimentos, resultantes da energia de escoamento das águas pluviais. Parte das águas que aportam ao ambiente de agradação infiltram no solo e substrato pedogenético constituído por sedimentos silto-argilosos, até atingir rochas do Grupo Cuiabá subjacentes, ou camadas de sedimentos pouco permeáveis, formando, dessa forma, o lençol suspenso. lxiv Figura 48 – Área de agradação aplainada, próximo ao contato com a área de dissecação, mostrando o desaparecimento dos taludes do fundo de vale. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Essa constatação realizou-se por tradagem (Figura 49) e por caracterização de ocorrências erosivas lineares (Figura 50), tendo sido verificado o predomínio de Planossolo na zona de acumulação, caracterizado por apresentar espessura relativamente maior se comparado aos demais solos que se desenvolvem na área do empreendimento, face a dinâmica deposicional nesse compartimento morfopedológico. Figura 49 – Tradagem em Planossolo na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Além de Planossolos constatou-se a ocorrência localizada de Gleissolo recoberto por vegetação de contato de Cerradão com Mata Decídua e, em áreas mais restritas, a presença de Plintossolos associados a Campo de Murundus. No caso do Gleissolo, a vegetação mais densa é favorecida pela maior profundidade relativa do seu perfil, e pela maior aeração das camadas superficiais, enquanto que no caso do Plintossolo a profundidade é menor, os terrenos mais planos e o tempo de residência de água é maior com baixo escoamento lateral em sub-superfície. lxv Figura 50 – Descrição do perfil de Planossolo exposto no talude de erosão na área de agracação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. A constatação da ocorrência de lençol suspenso em subsuperfície no ambiente de agradação permite a manifestação de surgências por ascenção durante períodos chuvosos, configurando, portanto, uma nascente intermitente. Tendo o levantamento de campo sido realizado durante o período sazonal seco da região, não foi possível identificar surgências d’água na superfície do terreno, levando a considerar sua ocorrência em local da área de agradação, mais a montante possível, onde se verifica a presença de Solo Hidromórfico. Minucioso levantamento de campo permitiu a identificação desse local, mostrado na Figura 51, onde uma incisão do terreno por erosão antrópica do tipo ravina, permite detectar o lençol freático suspenso, a uma profundidade de 1,50 metros. Figura 51 – Local de ocorrência da nascente na área de agradação em Planossolo. Notar a presença de umidade do solo associado ao lençol suspenso (foto à direita). Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Trata-se de nascente de contato, de acordo com o Glossário Hidrológico Internacional, isto é, aquela em que a “água flui de uma formação permeável subjacente a uma formação relativamente impermeável”. lxvi Nesse local, manifesta-se a presença de Solo Hidromórfico do tipo Planossolo, com ocorrência de horizonte gleizado, que permite a comprovação da saturação do solo em superfície durante período chuvoso. Com a ascensão do lençol freático suspenso, mesmo após finalização das chuvas deve-se presenciar a ocorrência de surgências nesse local e escoamentos ao longo do talvegue associado à erosão. A 54 metros abaixo desse local, desaparece o talude da erosão (Figura 52), manifestando ocorrência de assoreamento que se espraia na superfície, comprovandose, dessa forma, a inexistência de talvegue natural na área de agradação, mas sim associado à erosão linear (ravina) de origem antrópica. Figura 52 – Seqüência de fotos, da esquerda para a direita, mostrando o desaparecimento do talvegue da erosão na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. A Figura 53 ilustra a ocorrência de erosão linear na área de agradação, mesmo com a manutenção da cobertura vegetal, evidenciando a sensibilidade desse ambiente às alterações ambientais resultantes de desequilíbrios do funcionamento hídrico, em consequência da ocupação antrópica anterior à implantação das obras atualmente verificadas na área do empreendimento. Figura 53 – Ilustração da existência de processos erosivos lineares na área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. A ocorrência de processos erosivos lineares verifica-se preferencialmente ao longo de canais anastomosados pré-existentes, por onde as águas de escoamento circulam durante periodos chuvosos (Figura 54). Provavelmente, os processos erosivos foram causados pelo incremento de águas de escoamento provenientes das áreas de dissecação desmatadas para a implantação de pastagens e pelo pisoteio de gado, formando trilhas por onde as águas de escoamento concentram com maior poder erosivo. O levantamento de campo realizado comprovou que na área de agradação a totalidade das linhas de talvegue são provenientes de processos erosivos antrópicos. lxvii Figura 54 – Seqüência de fotos, ilustrando canais anastomosados na área de agradação, em condição natural e em estágios iniciais de erosão. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxviii 3. MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS NO CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE 3.1. Diagnóstico e prevenção dos processos erosivos A urbanização, como toda obra que interpõe estruturas pouco permeáveis entre o solo e a chuva, faz com que o escoamento seja incrementado e que a infiltração diminua, numa mudança de regime de escoamento localmente mais drástica do que aquela provocada pelo desmatamento. (Iwasa e Fendrich, 1998). Segundo Valente e Gomes (2005), a ciência e a prática indicam que em torno de 70% da água que precipita na forma de chuvas, será devolvido à atmosfera por evaporação direta da superfície ou por transpiração das plantas, fenômeno este conhecido, no seu conjunto, como evapotranspiração. Os outros 30% restantes escoam pela superfície e infiltram pelo perfil do solo até o lençol e vão alimentar as nascentes (Figura 55). Figura 55 – Fluxograma sintetizando o ciclo hidrológico. A região da Baixada Cuiabana comporta ambiente em que as condições de solos (no geral muito rasos), de substrato rochoso de baixa permeabilidade (rochas metapelíticas) e de relevo colinoso e em morrotes, favorecem o escoamento superficial na forma de enxurradas e faz com que a relação escoamento x infiltração seja elevada. Nessas condições, não há o favorecimento à formação de lençóis freáticos e, em conseqüência, dificulta a ocorrência de nascentes que são, em geral, intermitentes ou efêmeras. lxix Levantamentos realizados no empreendimento evidenciaram que a ocupação e uso originais da área com construção de estradas e caminhos, colocação de cercas, desmatamentos para plantio de pastagens e introdução de gado (que promovem a compactação do solo e formação de trilhas), favoreceram ainda mais o escoamento superficial e concentrado das águas pluviais. Com o incremento de escoamento superficial das águas, os setores mais deprimidos do ambiente de dissecação passaram a ser entalhados pelas enxurradas, formando sulcos e ravinas, com profundidades centimétricas a métricas. A intensidade e a extensão desse processo pode ser observado em locais como os mostrados na Figura 46, em que a energia erosiva entalhou rochas do Grupo Cuiabá, couraças ferruginosas descontínuas (pedra-canga) e antigos depósitos de cascalhos coesivos. O incremento no fluxo das águas também foi suficiente para desestruturar o ambiente de agradação, onde o escoamento se dava em canais anastomosados, e formar incisões erosivas na forma de ravinas, que, em alguns pontos, atingiram o lençol suspenso. Dessa maneira, as ravinas formadas no ambiente de dissecação passaram a funcionar como linhas de drenagem, num processo erosivo ainda ativo, captando e conduzindo as águas de chuvas em direção à drenagem natural, denominada de talvegue principal (TP), estando representado na Figura 56. Nessa figura encontram-se identificados quatro ramos secundários do talvegue principal (R1, R2, R3 e R4). Este último, após atravessar a área de dissecação, penetra na área de agradação até atingir o canal da ravina aí instalada, a montante do local onde ocorre uma nascente intermitente. A interferência de estradas, intensificando os processos erosivos, pode ser visualizada na Figura 57, que mostra as erosões que ocorrem associadas à antiga estrada localizada no ambiente de dissecação, instalada perpendicularmente ao escoamento das águas. Na foto 57-a tem-se uma visão geral da antiga estrada abandonada a partir da descida d’água D3. Nos locais em que esta estrada atravessou talvegues com processo de erosão ativo, ocorreu o agravamento do problema devido à sobrecarga de água nos períodos de chuva. As fotos 57-b e 57-c mostram, em detalhe, o local em que a estrada atravessa o talvegue principal. Na foto 57-b é possível notar que sulcos de erosão estão se instalando no leito da antiga estrada, podendo formar novos ramos erosivos. A foto 57-c mostra em detalhe a erosão que entalhou o talvegue principal, expondo e escavando a rocha metassedimentar do Grupo Cuiabá. Projetos de loteamentos devem contemplar orientações de controle de erosão, principalmente no tocante às obras de drenagem e proteção superficial. Tendo em vista o controle preventivo de processos erosivos associados à implantação de loteamentos é necessário contemplar as seguintes diretrizes: • Manter desocupadas as cabeceiras e linhas de drenagem natural, utilizando-as como áreas verdes; • Evitar que o projeto de drenagem conduza as galerias à concentração das águas pluviais nas cabeceiras da drenagem natural, sem a devida proteção e dissipação da energia; • Evitar ruas longas dispostas perpendicularmente às curvas de nível; • Evitar concepções de projeto que impliquem movimentos de terra nas proximidades das drenagens naturais; • Procurar situar as vias principais paralelamente às curvas de nível; lxx Figura 56 – Croqui da parte mais de montante do Talvegue principal com os ramos secundários e início da área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. a c b Figura 57 – Processos erosivos ocorrentes em linhas de talvegue, intensificados por antiga estrada abandonada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxxi • • • • • • Prever, nas extremidades inferiores dos loteamentos, nos locais de lançamento das águas pluviais, estruturas de dissipação que impeçam a ocorrência de processos erosivos. Implantar os loteamentos por sub-bacias de drenagem, de jusante para montante; Executar as obras de terraplenagem simultaneamente com as obras de drenagem e obras de proteção superficial; Proteger as redes de drenagem contra o assoreamento e a obstrução; Prever sistemas provisórios de drenagem quando existirem grandes movimentos de terra; Evitar a execução das obras de terra e de implantação do sistema de drenagem nos períodos chuvosos. Boa parte dessas preocupações foram contempladas na concepção de projeto e implantação do empreendimento Belvedere, sendo o projeto de obras de drenagem, concebido com base na topografia do terreno, e cálculo de vazão. Tendo em vista o controle preventivo da erosão, a GINCO EMPREENDIMENTOS elaborou um projeto de obras de drenagem temporária que se encontra em implantação, e que deverá cumprir importante papel de disciplinamento das águas de escoamento superficial. Dentre as obras temporárias implantadas, com o objetivo de controlar o fluxo das águas que descem dos taludes em direção ao fundo de vale, foram construídos terraços em base estreita ao longo das quadras já concluídas, e o plantio de braquiária para cobertura (Figura 58). Figura 58 – Quadra 12 do Condomínio Horizontal Belvedere, com terraços de base estreita em nível e coberta por braquiária. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Nas áreas terraplenadas em contato com a vegetação remanescente, foram executados diques de contorno visando impedir a entrada das águas de escoamento (Figura 59). lxxii Figura 59 – Área terraplenada em contato com remanescente vegetal. Notar na margem direita da área terraplenada a existência de dique de contorno. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Para o controle das águas que se dirigem aos talvegues, foram construídas quatro descidas d’água em escada/degraus, apresentados nas Figuras 60, 61 e 62, cuja localização pode ser visualizada no croqui da Figura 56. Essas estruturas procuram disciplinar a condução das águas pelo talude do vale receptor, controlando a erosão causada por água de escoamento superficial concentrado nesses setores. Na parte mais baixa da estrutura foram colocados blocos dissipadores de concreto, com o objetivo de quebrar a energia da água, de maneira que a mesma não causasse erosão ao atingir o terreno natural. Figura 60 – Descida d’água D2, em diferentes ângulos. A foto central mostra a área captação de águas superficiais. A foto da direita mostra a estrutura de dissipação de energia. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 61 – Descida d’água D3 em diferentes ângulos. A foto central mostra a área captação de águas superficiais. A foto da direita mostra a estrutura de dissipação de energia e o ponto de lançamento das águas escavado por erosão. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxxiii Figura 62 – Descida d’água D4, de aproximadamente 50 metros, cujas águas são lançadas na margem direita do Ramo secundário R4, a aproximadamente 30 metros de onde se inicia a área de agradação. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Também foram executados serviços de canalização subterrânea, cujas águas são conduzidas e lançadas nas proximidades do Ramo secundário R4, a aproximadamente 50 metros a montante do início do ambiente de agradação (Figura 62) Figura 63 – Local de lançamento das águas canalizadas, nas proximidades do Ramal secundário R4. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá, MT. 3.2. Contenção das ocorrências erosivos Os trabalhos de campo permitiram identificar dois locais críticos aos processos erosivos, e que devem ser urgentemente contemplados com medidas de controle. Além desses locais críticos, o talvegue principal no ambiente de dissecação e o talvegue principal e os ramos secundários devem também sofrer intervenções que auxiliem o disciplinamento do fluxo das águas, de maneira a controlar os processos erosivos aí ativos. Os locais críticos identificados são os seguintes: a) Antiga estrada abandonada: esta estrada atravessa o empreendimento, passando pela Área Verde 08 na altura do Lote 05 da Quadra 23. Em seu percurso intercepta as linhas de talvegues identificadas na Figura 56 como TP, R1 e R2. Em cada ponto de intercepção a ravina foi reentalhada, conforme já mostrado na Figura 57c. No leito da própria estrada existem sulcos de erosão (Figura 64) que, se não controlados, poderão evoluir, gerando maior carga de sedimentos no fundo do vale. Esta estrada e seu entorno deve ser recuperado, iniciando-se com o controle dos processos erosivos, seguido de revegetação, conforme orientações apresentadas no Capítulo 4. lxxiv Figura 64 – Antiga estrada abandonada, local adequado para a implantação de estrutura para o controle do fluxo concentrado das águas, antiga estrada na margem direita do Talvegue principal. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Sugere-se a execução, ao longo da estrada abandonada, de diques de terra transversais ao leito da estrada acoplados a caixas de retenção de água, conforme ilustra, de forma esquemática, a Figura 65. Figura 65 – Representação do sistema de controle de erosão por meio da retenção dos fluxos d’água que escoam pela antiga estrada abandona e suas adjacências. b) Área de montante do Ramo secundário R4: no setor de montante do Ramo secundário R4 foram introduzidos três dispositivos de descarga d’água (Figuras 62 e 63), que recebem as águas da região das Quadras 22 e 23 e da Área Verde 06. Os pontos de lançamento dessas águas no terreno natural estão muito próximos e acabam se concentrando no Ramo secundário R4 a uma distância muito próxima do ambiente de agradação (cerca de 30 metros). Em conseqüência, processos erosivos intensos podem se desenvolver na área de agradação, que comporta solos relativamente profundos e suscetíveis a ravinamentos, drenando a área, rebaixando o lençol lxxv suspenso, e comprometendo a flora adaptada a ambiente úmido. Alem disso, dependendo da carga de sedimentos em suspensão, pode ocorrer o assoreamento na área de agradação, também comprometendo a vegetação desse setor. Assim sendo, é altamente recomendável que as águas lançadas nesse setor seja o mínimo possível, ou que, de alguma maneira, se garanta que essas águas alcancem o ambiente de agradação de forma disciplinada e com baixa carga de sedimentos de maneira a não desencadear processos erosivos e nem o assoreamento exacerbado da área de agradação. Como já foi descrito anteriormente, os talvegues que ocorrem na área do empreendimento foram re-escavados por processos de erosão antrópica, tanto no ambiente de dissecação (Figura 66) como no ambiente de agradação (Figura 67), a uma profundidade média ao redor de 1 metro. Figura 66 – Talvegue principal no ambiente de dissecação, com leito rebaixado pela erosão antrópica, cuja seção está assinalada pela linha pontilhada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Figura 67 – Talvegue principal no ambiente de agradação, com leito rebaixado pela erosão antrópica, cuja seção está assinalada pela linha pontilhada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. lxxvi Para a contenção dos processos erosivos existentes nas linhas de talvegue, propõe-se a implantação de barramentos sucessivos, conforme ilustrado na Figura 68. Tais estrutura de barramento permitirá a dissipação de energia, contendo os processos erosivos e favorecendo a sedimentação. Esses dispositivos devem ser executados manualmente, utilizando-se de materiais que se encontre facilmente no local e que seja absorvido pelo ambiente. A título de sugestão, apresenta-se na Figura 68 dois procedimentos para regularização de fluxos em pequenas erosões. Nos trechos em que a erosão for mais estreita, sugere-se a utilização de barreiras em pedras soltas a intervalos não superiores a 20 metros. Nos trechos em que a largura da erosão for maior, especialmente na área de agradação, uma opção é a utilização de anteparos de madeira cravadas no solo, com enrocamento de pedra funcionando como dissipador de energia disposto logo abaixo dos anteparos de madeira. As medidas, depois de implementadas, devem ser constantemente monitoradas quanto à sua eficiência e eficiência, realizando-se tempestivamente os ajustes necessários. Figura 68 – Modelo de dispositivos voltados à regularização de pequenas erosões a partir do controle da velocidade de escoamento das águas no fundo do talvegue. lxxvii 4. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - PRAD Há uma idéia central de recuperar a cobertura florística de áreas degradadas com espécies nativas. Esta intenção é justificável pelos motivos que se seguem. De fato, se por um lado a atividade antrópica agrava as condições de estresse próprias de ambientes de Cerrados da Baixada Cuiabana, por outro, a simulação das características da estrutura florística de remanescentes em projetos de recuperação ambiental é uma forma de se considerar o suporte geoecológico que permitiu esta vegetação adaptar-se às condições edafoclimáticas em escala milenar de tempo. Portanto, é pertinente que em projetos paisagísticos a serem implantados no Condomínio Horizontal Belvedere, que ainda possui em seus domínios remanescentes naturais de vegetação de Cerrado (latu sensu), sejam indicadas espécies vegetais nativas e que considerem pelo menos os seguintes aspectos: a) correlação com a paisagem natural da Baixada Cuiabana; b) potencialidade de adaptação às condições atuais da área; c) efeito sinérgico sobre a evolução do conjunto paisagístico de modo a garantir sua auto-sustentabilidade. Assim, a idéia central tem como fundo de pano, a criação de áreas com espécies de Cerrado típicas da Baixada Cuiabana, que afortunadamente alguns profissionais dessa região, ambientalistas e jardineiros nela radicados18, já vêm fazendo há anos através de experiências nesse sentido. O pioneirismo de Roberto Burle Marx já deixara essências nativas típicas do Cerrado pontuando a sofisticada paisagem de Brasília (DF). O que se pretende através deste PRAD é conciliar a paisagen natural com os tratamentos paisagísticos que produzem efeitos estéticos a partir de matérias primas que o Cerrado oferece: a variedade de forma, de cor, de textura; o desenho de estruturas inusitadas, como aquelas criadas no processo de ramificação dos vegetais deste bioma. Trabalha-se para produzir um novo tipo de jardim nativo, que irá se juntar aos tradicionais existentes, como o zen japonês, o barroco francês, o naturalista inglês, etc. Para o novo tipo, o exercício das técnicas de paisagismo e jardinagem deverá abrir fronteiras. Acreditamos que a biodiversidade irá se associar, em sua culminância, à diversidade cultural, de modo a se ter ao lado de uma vegetação diferente uma cultura com específicas soluções e contribuições próprias para a humanização de um mundo global. Se um projeto como este, a implementação de um condomínio horizontal, do qual estamos tratando amparar o esforço de quem se encontra desbravando os limites das 18 José Corrêa de Almeida Lobo (Professor Lobo). Historiador, Sociólogo, Odontólogo, Professor, Servidor Público da área de planejamento do Estado de Mato Grosso aposentado. Atualmente exercendo o ofício de Jardineiro/Paisagista em sua propriedade rural e residência, situada na Baixada Cuiabana. lxxviii possibilidades para experimentar, descobrir e produzir conhecimento, terá tido efeitos paralelos de não menor importância que os de sua meta principal. Conservar o ambiente não deve significar ausentar-se do mesmo, mas conviver nesse cenário, dando sentido cultural às possibilidades de sua existência e permanência. As comunidades guardiãs de determinado ecossistema terão que intermediar os avanços tecnológicos, que devem ser bem recebidos, com a permanência de valores enraizados no meio onde vivem, para defendê-lo. Nessa óptica, a inserção dos remanescentes de vegetação existentes no Condomínio Horizontal Belvedere, pode ir muito além de simples Área Verde ou de Área de Preservação Permanente e se transformar em paisagem paisagisada de área urbana, onde se tem por um lado, os efeitos visuais da vegetação nativa, e por outro, os resultados dos efeitos paisagísticos que possibilita a contemplação do local urbanizado de forma harmônica e esteticamente belo. Por outro lado, a estratégia de recuperar locais degradados, principalmente aqueles relacionados com Áreas de Preservação Permanente, visa em última instância, restituir a cobertura vegetal que exerce um importante papel na proteção do solo e estabilização de terrenos, reduzindo perdas de água por evaporação, elevando a retenção de água e aumentando o teor de matéria orgânica, melhorando assim, a resistência do solo à erosão pela maior estabilidade dos agregados. Proporciona ainda, condições básicas de sobrevivência para um grande número de animais da fauna silvestre, fornecendo recurso alimentar, abrigo, refúgio, condições para reproduzir e ainda incrementa o fluxo gênico. Para se adotar um conjunto de medidas técnicas que conduzam à recuperação de áreas degradadas implica em se proceder recomendações de medidas ajustadas às características pontuais da degradação e do espaço geográfico em que elas se inserem. Porém deve-se procurar aplicar métodos e técnicas em base ao conhecimento científico que visem de forma concomitante, a viabilidade ambiental e sócio-econômica, sobretudo diante da atual conjuntura, em que pouco se tem admitido o empirismo para as propostas de recuperação de áreas degradadas, já que inúmeros casos mostraram inadequação ambiental, ou ineficiência econômica (Rodrigues & Gandolfi, 1996; Rodrigues & Nave, 2000; Rodrigues & Gandolfi, 2000; Kageyama & Gandara, 2000). A tendência atual aponta para a adoção de um conjunto de medidas técnicas, que conduzem à recuperação de áreas degradadas, principalmente face ao surgimento de novos tipos de degradação ambiental (Rodrigues & Gandolfi, 1996). Diante desse quadro e numa perspectiva conservacionista, está sendo aqui apresentada a concepção de um PRAD de caráter executivo, para que a GINCO Empreendimentos possa aplicar nos locais que sofreram alterações e que se encontram no âmbito do remanescente de forma alongada que se liga ao sistema ribeirinho do rio Coxipó e que deverão ser recuperados por um responsável técnico que execute as atividades previstas. lxxix 4.1. Atividades e procedimentos operacionais No processo de recuperação das áreas degradadas deverão ser aplicados procedimentos e metodologias específicas que visem estabilizar os processos erosivos, a revegetação dos ambientes e a conservação dos recursos regionais, priorizando-se etapas e atividades que devem ser planejadas de maneira a minimizar custos e elevar a eficiência dos processos de recuperação. Um projeto de recuperação de áreas degradadas, segundo Rodrigues & Gandolfi, 1998, deve apresentar em sua essência as seguintes etapas mínimas: 1) avaliação das áreas degradadas; 2) levantamento da vegetação remanescente da região e/ou uso dos solos; 3) seleção do sistema de revegetação (que pode ser, implantação do sistema, enriquecimento do sistema; ou apenas regeneração natural de sistemas pouco perturbados, e/ou outros); 4) escolha das atividades de recomposição (uso de métodos ajustados às peculiaridades da área e às características regionais); 5) plantio e distribuição das espécies no campo (quantidade, forma e local buscando-se imitar a distribuição natural das espécies, segundo as características ambientais das áreas de entorno); e 6) manutenção; acompanhamento e avaliação dos sistemas de recuperação adotados. 4.2. Ações de recuperação Para se recuperar áreas em ambiente peri-urbano deve-se considerar as seguintes atividades mínimas para o êxito dessa recuperação: - Caracterização dos locais degradados 9 Caracterização do tipo de degradação (enumerar e caracterizar o tipo em relação ao compartimento morfopedológico de sua ocorrência). 9 Condição do substrato (avaliação que pode ser qualitativa ou quantitativa, ou ambas, porém que seja esclarecedora). 9 Cobertura vegetal (descrever características da cobertura vegetal dos locais degradados). 9 Mecanismos de fornecimento de propágulos (se existe presença ou não de remanescentes de vegetação natural ou secundária, ou área antropizada com usos múltiplos, que devem ser descritas e avaliadas quanto suas capacidades de fornecimento de sementes por síndrome de dispersão, de mudas, ou existência de banco de propágulos, estólons e/ou outros). - Levantamento da vegetação e uso dos solos da região onde se inserem as áreas degradadas (esse conhecimento prévio promove a identificação de espécies nativas ou lxxx exóticas que poderrão ser indicadas para a revegetação adequada dos locais degradados). - Definição de sistemas de revegetação 9 Implantação (quando se tem elevado grau de degradação ambiental). 9 Enriquecimento (que pode ser através de transferência de bancos de sementes ou plantio de mudas ou mesmo semeadura de espécies complementares e/ou outros, porém, quando se tem moderado grau de degradação ambiental). 9 Regeneração Natural (quando se tem baixo grau de degradação ambiental e ambientes favoráveis no entorno das áreas degradadas que funcionam como fontes de fornecimento de propágulos) - Recomposição topográfica (esta atividade busca estabilizar ao máximo os locais degradados a fim de torná-los pouco susceptíveis ao desenvolvimento de processos erosivos). - Limpeza da área (atividade recomendada quando se tem a presença de materiais incompatíveis com a implantação do modelo de recuperação, a exemplo da existência de resíduos sólidos indesejáveis). - Escolha das atividades de recomposição (os itens seguintes obedecem uma certa seqüência lógica, com ações consideradas prioritárias para se implementar um modelo de recuperação ambiental, podendo ser complementadas ou modificadas dependendo das características e peculiaridades locacionais). 9 Isolamento da área (normalmente recomenda-se o isolamento da área degrada para se obter maior êxito na implementação do modelo de recuperação). 9 Retirada dos fatores de degradação (é condição sine qua nom). 9 Eliminação de competidores naturais (que pode ser por exemplo apenas o desbaste de espécies muito agressivas, pois normalmente as áreas degradadas, iniciam o processo de recuperação funcionando como ambientes de bordas ou clareiras onde a luminosidade favorece ao estabelecimento e desenvolvimento de espécies agressivas, caso de gramíneas, lianas e muitas leguminosas). 9 Adensamento de espécies com mudas ou sementes (considera-se adensamento a introdução de indivíduos na área a ser recuperada, mas cuja densidade foi baixa na caracterização prévia dos locais degradados, e normalmente feito com espécies pioneiras). 9 Enriquecimento com mudas ou sementes (refere-se á introdução de espécies que não foram encontradas na área, embora sua presença seja típica nos ambientes naturais da região em que se insere a área degradada, e em geral, correspondem àquelas espécies finais de sucessão). 9 Indução do banco de sementes ou sua transferência (considera-se banco de sementes o estoque de sementes existentes nos solos e podem ser autóctones relacionados ao próprio local, normalmente depositados próximo aos locais alterados pela implantação dos empreendimentos, quando houve planejamento da atividade, com a retirada das camadas superficiais do solo, ou pode ser também, alóctones, provenientes de outros locais, porém da mesma região. O importante da adoção dessa atividade é se ter garantias do potencial germinativo das sementes). lxxxi 9 Aproveitamento econômico (é uma possibilidade que se cria quando se introduz espécies que podem fornecer algum proveito econômico ou cicatrizar ambientes degradados no âmbito de sistemas produtivos). - Plantio das espécies indicadas 9 Conservação dos solos (correspondem a práticas de manejo adequadas às características morfopedológicas dos ambientes degradados). 9 Abertura de covas (deve-se recomendar espaçamentos, forma e dimensões compatíveis cós o modelo adotado). 9 Correção dos solos e adubações (prática muito comum em solos degradados e depende dos resultados analíticos dos tipos de substratos existentes nas áreas degradadas). 9 Ações de plantio e tutoramento (o tutoramento é uma prática que permite melhor conduzir a muda e de se evitar danos mecânicos). - Monitoramento e avaliação do processo de recuperação 9 Coroamento (limpeza ao redor das mudas implantadas para se reduzir a competição por nutrientes, espaço e luz). 9 Podas (manejo que deve ser bem conduzido para se reduzir custos na implementação do modelo de recuperação). 9 Controle de pragas e doenças (na região, deve-se combater pragas que são comuns atacar mudas e brotações, cupins, formigas, pulgões e lagartas; e entre as doenças fúngicas, a gomose, fumagina e antracnose são as mais comuns). 9 Aceiros (atividade executada para se evitar a entrada de fogo nos locais em processo de recuperação). 9 Apresentação de laudos técnicos do acompanhamento sistemático (a avaliação dos resultados obtidos em intervalos regulares, embora ainda pouco utilizada nas atividades de recuperação, parece ser o único meio de realmente correto de se estabelecer uma comparação coerente e eficácia dos métodos aplicados. Negligenciar essa medida pode representar um grande desperdício do principal capital investido no modelo que é a geração de informações). 4.3. Projeto executivo de recuperação das áreas degradadas do condomínio Este Projeto executivo está sendo apresentado para os ambientes que sofreram alterações durante o processo de implantação do Condomínio Horizontal Belvedere, ou mesmo para as áreas que foram modificadas antes de sua implantação, mas que deverão ser Preservados por se constituírem Áreas de Preservação Permante - APP, e ainda, para aquelas áreas que, mesmo não se constuindo APPs, necessitam ser conservadas por desempenhar funções ambientais que promovem a integridade do suporte geoecológico dos sistemas de vegetação remanescentes. lxxxii 4.3.1. Caracterização dos locais degradados 4.3.1.1. Terço superior do remanescente de vegetação O remanescente de vegetação natural, que possui forma alongada e é conectado aos sistemas ribeirinhos da margem esquerda do rio Coxipó, apresenta em seu terço superior, alguns locais que sofrem maior pressão pelas intervenções antrópicas do empreendimento, principalmente no que concerne ao disciplinamento de águas pluviais, provenientes das áreas que formam as quadras situadas na zona de captação dos excedentes hídricos. Esses pontos que serão controlados pela implantação de um eficiente sistema de drenagem de águas pluviais, deverão ser monitorados para evitar problemas de erosão. E, caso haja maiores alterações, recomenda-se o enriquecimento com espécies nativas que ocorrem no remanescente e propiciam a formação de micro-climas mais amenos, caso de Protium heptahyllum (breu ou almescla). Também no terço superior desse remanescente, existe uma antiga estrada interceptada por três ravinas (Figura 69) e após serem executadas as atividades de contenção e controle dos processos erosivos, conforme concebido no Capítulo 3, o ambiente será revegetado. Figura 69 – Detalhe de uma das ravinas que intercepta antiga estrada. Condomínio Horizontal Belvedere, Cuiabá/MT. Como o substrato desses terrenos são formados essencialmente por materiais lateríticos cascalhentos e pelo fato de serem muito compactados, já que se trata de antiga estrada em leito natural, não se tem uma situação favorável ao estabelecimento de plantas. Por isso há que se proceder a interferência física nos terrenos, ou em alguns pontos, para minimizar o problema de compactação. Considerando que as áreas adjacentes ao ambiente da antiga estrada são recobertas, ou por Campo Limpo, ou por Cerradão em contato com Cerrado, e sendo estas de elevado índice de diversidade, geram boas condições para funcionarem como fontes de fornecimento de propágulos. A cicatrizção do ambiente será favorecido pelo simples isolamento da área e pela retirada dos fatores de degradação, através da contenção dos processos erosivos, do disciplinamento das lxxxiii águas superficiais e evitando-se a entrada de pessoas, gado, etc. no ambiente que será recuperado. A cicatrização poderá também ser acelerada, através de mecanismos de enriquecimento vegetal. 4.3.1.2. Borda da margem esquerda do remanescente de vegetação Na porção centro-leste do Condomínio, ao final das Quadras 36 e 37, o canal principal de escoamento superficial se desenvolve quase na borda do remanescente, e junto ao contato abrupto de vegetação, localmente definindo um limite claro entre o Campo Limpo sobre Neossolo Litólico e a vegetação arbóreo-arbustiva de contato Cerradão / Flotesta em Planossolo (Figura 70). (a) (b) Figura 70 – (a) Borda do remanescente em contato abrupto (Campo Limpo/Mata Ciliar), junto ao leito do canal principal, foto tirada por cima do aterro. (b) Neossolo Litólico cascalhento recoberto pelo material de aterro, foto tirada logo abaixo do anterior. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Nesse local do encrave (Cerradão/Floresta) existe uma situação ecológica muito específica: o fato de se ter um efeito de borda permanente, por causa do contato abrupto de solo/vegetação. Os terrenos de borda do encrave, só se preservarão, caso não haja o assoreamento do Campo Limpo. E, mesmo que este seja distribuído em uma estreita faixa, o sistema poderá ser conservado e a integridade do encrave naquele ponto será mantida, desde que os taludes do aterro também estejam estabilizados e revegetados e o sistema de drenagem das águas superficiais seja eficiente para não causarem alterações no funcionamento e no suporte geoecológico. Deve-se destacar que a linha demarcadora da Área de Preservação Permanente (30 metros de largura) da margem esquerda do canal principal, ultrapassa o limite dos lotes que estão voltados para esse local do empreendimento. Porém, sendo adotadas medidas de contenção de erosão, conforme concebidas no Capítulo 3, de disciplinamento das águas superficiais, de estabilização dos terrenos e a revegetação dos taludes do aterro com gramíneas e a área não sofrendo mais lxxxiv pressões, o ambiente será conservado tendo chances de absorver mais lentamente os impactos ali provocados pela implantação das Quadras. 4.3.1.3. Ambiente agradacional remanescente de vegetação da margem direita do As áreas que estejam em solos hidromórficos no ambiente de agradação devem ser conservadas por estarem ligadas ao suporte geoecológico definido por uma zona preferencial de surgências d’água em fundo de vale amplo e dinâmica hídrica ativa de processos de sedimentação e erosão. A integridade dos sistemas que constituem esse ambiente foi alterada para a implantação das Quadras do Condomínio (Figura 71). (a) (b) Figura 71 – (a) Vista parcial das áreas alteradas pela implantação das quadras em ambiente agradacional. (b) Aspecto do processo de auto-regeneração natural da vegetação nesse ambiente do Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Considerando a boa capacidade de auto-regeneração do ambiente e sendo o solo hidromórfico desse local recoberto por contato de Cerradão/Floresta Estacional, do tipo mistura, isto é, em transição gradual e interpenetrante, há boas chances da área rapidamente cicatrizar-se, bastando seu isolamento. E, para acelerar o processo basta seu enriquececimeto com espécies nativas. Nota-se que este ambiente alterado corresponde àquele previsto anteriormente para ser referendado como medida compensatória. Assim, os terrenos entre as Quadras 25 e 27 do Condomínio Horizontal Belvedere que estejam relacionados aos solos hidromórficos (Glei e Planossolo), deverão ser recuperados, mesmo que ultrapassem as dimensões das Áreas de Preservação Permanente. 4.3.1.4. Estrada que recorta o ambiente agradacional do remanescente de vegetação A estrada existente na porção sul do Condomínio, que recorta o remenescente de vegetação na altura do ambiente de agradação (Figura 72), apresenta três tipos de solos, o Planossolo, na parte mais central do remanescente, Plintossolo bordejando lxxxv este em estreita faixa dos terrenos da margem direita do canal principal e Neossolo Litólico, na margem esquerda, quando a estrada sai do remanescente. Figura 72 – Vista parcial da estrada que recorta o remanescente na altura do compartimento morfopedológico agradacional, que está sendo revegetada pelo empreendedor. Condomínio Horizontal Belvedere. Cuiabá/MT. Essas diferenças de tipos de solos implicam em se adequar as ações de revegetação para cada situação com funcionamento hídrico também diferente. Isto é, nos solos hidromórficos, o horizonte plítico do Plintossolo e o horizonte B textural do Planossolo apresentam funcionamento semelhantes por se comportarem como camadas de impedimento à percolação vertical da água em seus perfis, e propicia diferenças marcantes de vegetação em ambos (Campo Limpo em Plintossolo e Cerradão/Floresta em Planossolo). O tempo de residência da água no Plintossolo é maior no horizonte superficial e a velocidade do escoamento lateral em subsuperfície é muito lenta, sendo também influenciada, pela baixa inclinação dos terrenos da base da vertente, que têm o fundo do vale como nível de base local, favorecendo a colonização de espécies herbáceas. Se comparado ao Planossolo, o horizonte Bt é mais profundo, a percolação vertical no perfil é mais rápida nas camadas supericiais e mais lenta nesse horizonte, o escoamento lateral é muito intenso em subsuperfície na altura da descontinuidade representada pela discordância de comportamento entre o material de cima e o de baixo. Além disso, a dinâmica hídrica do fundo de vale nesse ambiente é regida pela dinâmica sedimentária, que resulta na formação de inúmeros canais anastomosados, micro-depressões e diques marginais descontínuos, influenciando no estabelecimento de espécies arbóreo-arbustivsa adaptadas à essas condições. Já o Neossolo Litólico que é raso e cascalhento, dificulta o estabelecimento de espécies arbóreas e de herbáceas mais exigentes quanto às condições edáficas, porém é preferencialmente colonizado por espécies nativas rústicas, resistentes e de hábito invasor. lxxxvi 4.3.2. Definição de sistemas de revegetação Tanto a regeneração natural, quanto o enriquecimento com espécies nativas deverão ser adotados como sistemas de revegetação das áreas alteradas que foram descritas anteriormente. Entretanto, algumas ações deverão ser executadas para se recuperar de forma efetiva os locais que apresentam especificidades ecológicas. Se houver necessidade de decapeamento de vegetação campestre em pontos que por ventura sobraram como relictuais na área do condomínio, eles deverão ser preferencialmente transferidos para os terrenos de Neossolo Litólico, caso da estrada que recorta o terço superior do remanescente, e do entorno da borda da margem esquerda do canal principal, na altura das Quadras 36 e 37 e secundarimente para os locais que bordejam o remanescente no ambiente agradacional e proximidades da estrada que o recorta. Entretanto, para que a estrada que recorta o remanescente na altura do compartimento morfopedológico agradacional seja efetivamente revegetada, recomenda-se o uso de espécies nativas herbáceas que suportam solos muito rasos e muito secos, para o Neossolo Litólico; herbáceas que suportam solos hidromórficos (úmidos a encharcados, no período sazonal chuvoso, e moderadamente seco, no período de estiagem regional), para o Plintossolo e de espécies arbóreo-arbustivas nativas que se desenvolvem bem no Planossolo do ambiente de sedimentação do Condomínio Belvedere. O ideal para se revegetar esta estrada como um todo, é a transferência de banco de sementes de cada tipo de solo e o enriquecimento com mudas nativas arbóreas da flora do remanescente que ocorrem no Planossolo. Além de utilizar a lixeira (Curatella americana), como espécie colonizadora para todos os tipos de solos e de espécies frutíferas, de rápido crescimento, embaúba (Cecropia pacystachia) ou ainda espécies cultivadas como mamoeiro, bananeira, pitangueira, que favorecem a dispersão pela avifauna de outros elementos que trazem para a área a ser cicartrizada. 4.3.3. Recomposição topográfica Esta atividade deverá ser executada para se estabilizar os terrenos das áreas degradadas, que serão revegetadas, devendo torná-los pouco susceptíveis ao desenvolvimento de processos erosivos e em destaque onde se verificam a concentração de fluxos de águas superficiais, caso das estradas e taludes inclinados de aterros. 4.3.4. Limpeza das áreas Esta é uma atividade recomendada quando se tem a presença de materiais incompatíveis com a implantação do modelo de recuperação, a exemplo de garrafas plásticas, latas de refrigeirantes entre outros. lxxxvii 4.3.5. Atividades específicas para o sucesso da recuperação Para se obter maior êxito na implementação do modelo de recuperação, deverão ser executadas as seguintes atividades: - Isolamento através da construção de cercas, ainda que provisórias, nos limites externos do remanescente onde se tem área a ser recuperada para evitar a entrada de pessoas, gado e também para proporcionar um maior controle sobre o crescimento das plantas. E, a medida em que se notar que as atividades de recuperação obtiveram êxito, as cercas deverão ser retiradas. - Retirada dos fatores de degradação: os principais fatores de degradação de áreas em processo de recuperação é a entrada de pessoas alheias ao processo, de gado bovino, fogo, e a descarga de águas pluviais. Assim, esses fatores de degradação deverão ser retirados através da construção de cercas, aceiros e de um sistema eficiente de disciplinamento de águas pluviais. - Eliminação de competidores naturais: os insetos e em destaque os cupins e formigas cortadeiras, deverão ser controlados ou eliminados através de inseticidas específicos, de preferência bioinseticidas, a serem colocados antes do plantio, durante este e na fase de monitoramento. - Enriquecimento por transferência de banco de sementes: a camada superficial do solo do interior do remanescente de vegetação natural do condomínio será utilizada como fonte de propágulos, para acelerar o processo de cicatrização dos ambientes degradados. - Enriquecimento por adensamento de espécies com mudas ou sementes: para o caso das estradas que recortam o remanescente, recomenda-se o uso de pioneiras e frutíferas promovendo-se a introdução de indivíduos de rápido crescimento e que promovam a oferta de recurso alimentar para atrair a fauna associada que também serve como dispersora de outras espécies para os locais alterados/degradados. - Conservação dos solos: para a efetiva recuperação das adotar um sistema de prevenção e controle de processos disciplinamento das águas superficiais, evitando-se a quebrando-se a energia cinética das águas e reduzindo superficial dos solos, a formação de sulcos e ravinas. áreas degradadas deve-se erosivos para promover o concentração de fluxos, a remoção da cobertura - Adubações de covas: recomenda-se a adubação inorgânica (NPK), no fundo das covas e orgânica (estercos/compostagem), junto com a terra de preenchimento das covas, visando acelerar o processo de estabelecimento e crescimento das mudas de espécies nativas que serão implantadas nos locais alterados/degrdados. - Ações de plantio: as mudas deverão ser imprescindivelmente plantadas logo após o início da estação chuvosa, dando-se preferência àquelas observadas no levantamento da vegetação dos remanescentes do Condomínio Belvedere, ou ainda aquelas espécies comuns da região dos cerrados da Baixada Cuiabana, quais sejam: lxxxviii Lista de famílias, espécies, nome vulgar, categoria sucessional (pioneira - P, secundária inicial - Si e secundária tardia - St) e ambientes preferenciais de ocorrência: Úmida a Encharcada (U), Intermediária (I), Seca (Sc), da Baixada Cuiabana/MT, onde predominam os Cerrados com Matas Ciliares. FAMÍLIAS ESPÉCIES N.VULGAR SUCESSÃO OCORRÊNCIA Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Gonçaleiro St Sc Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Aroeira St Sc, I Annonaceae Xylopia aromatica Pindaíba Si Sc Annonaceae Fruta de conde St Sc, I, U Arecaceae Duguetia lanceolata Copernicia alba Carandeiro19 St U, I, Sc Arecaceae Sheelea phalerata Acuri Si/St Sc, I, U Apocynaceae Aspidosperma australe Guatambu Si/St Sc, I Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon Peroba-rosa St Sc, I Bignoniaceae Jacaranda cuspidifolia Caroba P I, Sc Bignoniaceae Tabebuia caraíba Ipê-amarelo St I, Sc Bignoniaceae Tabebuia aurea Paratudo Si I, Sc Bignoniaceae Tabebuia impertiginosa Ipê-roxo St I, U Boraginaceae Loureiro St Sc, I Bombacaceae Cordia alliodora Chorisia speciosa Paineira P U, I Burseraceae Protium heptaphyllum Almescla St U, I, Sc Cecropiacae Cecropia pachystachya Embaúba P U, I, Sc St U, I, Oiti da mata St I, Sc Chrysobalanaceae Hyrtella sp. Chrysobalanaceae Licania sp. Clusiaceae Callophyllum brasiliense Guanandi St U Combretaceae Buchenavia tomentosa Tarumarana Si I, Sc Combretaceae Terminalia argentea Pau de bicho Si Sc Dilleniaceae Curatella americana Lixeira St Sc Euphorbiaceae Mabea fistulifera Leiteiro P Sc Euphorbiaceae Croton urucurana Sangra-d’água P U Euphorbiaceae Sapium sp Sarã P I, U Flacourtiaceae Casearia sylvestris Lambari P I, Sc Guttiferae Rheedia brasilienesis Bacupari Si I, U Lauraceae Ocotea sp. Canela St I, U Leguminosae Anadenanthera colubrina Angico St Sc Leguminosae Anadenanthera falcata Angico St Sc Leguminosae Bauhinia rufa Pata de vaca P Sc Leguminosae Copaifera langsdorffii Pau d’óleo St I, Sc Leguminosae Dipteryx alata Cumbaru St I, Sc 19 Carandeiro, indicado para Planossolo. lxxxix Continuação... FAMÍLIAS ESPÉCIES N.VULGAR SUCESSÃO OCORRÊNCIA Leguminosae Erytrina sp. Aboboreira St U, I, Sc Leguminosae Hymenaea courbaril Jatobá mirim St I, Sc Leguminosae Jatobá St Sc Mimosaceae Hymenaea courbaril Enterolobium sp. Tamboril Si I, Sc Mimosaceae Inga sp Ingá P U Moraceae Ficus gomelleira Figueira P/St U, I, Sc Polygonaceae Triplaris americana Novateiro Si U Rubiaceae Genipa americana Jenipapo P U, I Simaroubaceae Pau de perdiz P Sc Solanaceae Simarouba versicolor Solanum erianthum Jurubeba P Sc Solanaceae Solanum lycocarpum Fruta-de-lobo P Sc Sterculiaceae Sterculia apetala Manduvi Si U Sterculiaceae Sterculia striata Manduvi Si U Sterculiaceae Guazuma ulmifolia Chico-magro P I, Sc Tiliaceae Luehea divaricata Açoita-cavalo P I, Sc Ulmaceae Trema micrantha Piriquiteira P Sc Verbenaceae Vitex cymosa Tarumã St I, U Vochysiaceae Vocysia divergens Cambará P I, U, Sc Vochysiaceae Callisthene fasciculata Carvoeiro P Sc Vochysiaceae Qualea parviflora Pau terra P Sc - Monitoramento e avaliação do processo de recuperação: essas ações têm por finalidade garantir o completo estabelecimento do processo de revegetação adotado e deverão ser executadas até que as áreas estejam visivelmente recuperadas. Dentre essas ações destacam-se as seguintes: 9 Replantio - é comum a morte das mudas nativas em ambientes degradados e tendo em vista a irregularidade na distribuição das chuvas da Baixada Cuiabana, mesmo no período chuvoso, e ainda, considerando que os Neossolos Litólicos, retém pouca umidade em seu interior, e os solos hidromórficos apresentam excedentes hídricos em seus perfis no período sazonal seco, pode haver conseqüentes perdas, devendo se proceder novo plantio. 9 Controle de pragas e doenças - para controlar os predadores naturais que normalmente se referem aos ataques de formigas e cupins, poderá ser utilizado bioinseticidas que são mais eficientes no controle das pragas sem causar danos ao ambiente. E, para o controle de patógenos deverão ser diagnosticados e controlados. 9 Aceiros - esta atividade deverá ser executada para se evitar a entrada de fogo nos locais em processo de recuperação. xc 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos permitiram interpretar a dinâmica das relações físico-bióticas do ambiente que envolve o Condomínio Horizontal Belvedere e seu entorno, de maneira não só a esclarecer os questionamentos formulados pela 20ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, apontando alternativas ambientalmente saudáveis, como também contribuir para a compreensão do funcionamento dos processos da dinâmica superficial em ambientes naturais e antropizados existentes na Baixada Cuiabana, e, dessa forma, contribuir com a importante missão da Promotoria Ambiental, minimizando impactos decorrentes de uma ocupação urbana acelerada e desordenada verificada nos perímetros da Grande Cuiabá. Em síntese, tais resultados mostram que o clima atual, marcado por uma estação chuvosa e quente e outra seca com temperaturas mais amenas entre junho e julho, apresenta, pelo balanço hídrico anual, um déficit de precipitação de 65mm em relação à necessidade potencial; sendo este fato, muito importante para o desenvolvimento de mecanismos de adaptação das espécies nativas do Cerrado, no que tange a evitar perdas e conviver com a escassez de água. Destacam também a existência de dois ambientes naturais perfeitamente delimitáveis e que se interagem: Ambiente de dissecação, representado por compartimento morfopedológico constituído por rochas do Grupo Cuiabá, associadas a colinas e morrotes e a solos rasos desprovidos de lençol freático, constituindo suporte geoecológico, cujas características edáficas e hídricas mantém estreitas relações com as formações vegetais, que, de modo geral, são campestres quando os solos são relativamente mais rasos, e mais densas, quando os solos são relativamente mais profundos e/ou mais enriquecidos sob o ponto de vista da fertilidade natural; e Ambiente de agradação, representado por compartimento morfopedológico constituído por sedimentos recentes depositados sobre rochas do Grupo Cuiabá, em superfície aplainada com solos hidromórficos (principalmente Planossolo) relativamente profundos, comportando lençol freático suspenso e coberturas vegetais essencialmente florestadas conhecidas por Cerradão, Mata Decídua e Mata Ciliar. Assim, a paisagem da região onde o empreendimento se insere é representada por uma matriz essencialmente savânica (mais rala), de onde parece emergirem “ilhas virtuais” formadas por capões mais densos e pelo encrave de forma alongada, também mais denso, conectado aos sistemas ribeirinhos do rio Coxipó, que liga a região do Planalto dos Guimarães ao Pantanal Mato-grossense, por meio do rio Cuiabá, afluente do rio Paraguai. Sendo um encrave, o suporte geoecológico tem limites claros, bem definidos na paisagem, porém, é um sistema aberto em direção ao rio Coxipó, o que permite a fauna silvestre se locomover em busca de oportunidades micro-ambientais oferecidas pela mistura de formações vegetais que o compõem, pela diversidade de habitats, pela ocorrência de “barreiros” nos micro-embaciados do ambiente de agradação, por vezes com água empoçada no período sazonal seco, etc... Essas características sui generis de encrave, com superfície relativamente pequena e alta diversidade, só é possível pelas condições do suporte geoecológico e pelas variações pontuais edafo-climáticas, que permitem haver dentro dele diferentes fitofisionomias com variações gradativas e xci interpenetrantes, servindo de atrativo para diferentes taxa da fauna silvestre, incluindo a presença de felino que é de topo de cadeia. Os estudos realizados permitiram identificar a real existência de elementos naturais protegidos por lei, representados por vales de cursos d’água e nascente, e a existência de ambientes naturais muito sensíveis à ocupação (ambiente de agradação), induzindonos à delimitação da Área de Preservação Permanente – APP, e de Áreas Verdes, conforme ilustra a Figura 73, permitindo-nos destacar as seguintes considerações: ¾ A Área de Preservação Permanente – APP do Condomínio Horizontal Belvedere relaciona-se ao curso d’água intermitente, que se inicia no ambiente de dissecação, e à ocorrência de nascente, restrita ao ambiente de agradação; ¾ O critério adotado para a delimitação da APP do empreendimento baseouse na Lei Complementar nº 004/92 do Município de Cuiabá; ¾ A Figura 73 apresenta uma proposta de ampliação da Área Verde em relação à originalmente projetada, de maneira a garantir a integridade do remanescente de vegetação associado ao ambiente de agradação, que é extremamente sensível à ocupação, além de dar suporte aos sistemas ribeirinhos; ¾ A linha demarcadora da APP da margem esquerda do curso d’água intermitente, ao final das Quadras 36 e 37, atinge parte dos lotes que estão voltados para esse local do empreendimento. É possível restringir a APP nesse local de maneira a não afetar os lotes, tendo em vista as peculiaridades do ambiente de borda do remanescente, isto é: as condições do suporte geoecológico não se alterarão, preservando o funcionamento dos sistemas do encrave, desde que sejam adotadas medidas de contenção de erosão, de disciplinamento das águas superficiais, de estabilização dos terrenos e de revegetação dos taludes do aterro com gramíneas. A ampliação da Área Verde, anteriormente referida, poderá servir de justificativa como medida compensatória. ¾ A área da APP que se encontra suprimida na porção mais elevada do talvegue principal, deverá obedecer a configuração arquitetônica concebida para implantar os mobiliários urbanos do Condomínio, representado pelo sistema viário e por alguns lotes. Isso só pôde ser possível tendo em vista os resultados obtidos nos levantamentos da vegetação do remanescente que ali se desenvolve. Ou seja: o suporte geoecológico da porção superior do talvegue principal apresenta estreita relação com a microtopografia local (terrenos muito declivosos), com os Neossolos Litólicos e com a vegetação de mistura fisionômica, onde predomina Savana Florestada em contato com Arborizada, tendo a presença marcante de espécies decíduas pelo baixo grau de xcii umidade dos solos. Nota-se que as parcelas 10 e 11 (Anexo I)20, amostraram exatamente essa situação. Somente a partir da estaca 8 do talvegue principal é que o suporte geoecológico começa a se modificar, por causa do aumento da umidade dos solos, quando foi amostrada a parcela 5 (Anexo I)21, embora essa modificação esteja restrita ao estrato herbáceo, pela presença de espécies indicadoras de ambientre mais úmido. Não ocorre o mesmo com a comunidade arbóreo-arbustiva, conforme mostrou a Figura 19 (Análise de agrupamento - Cluster analysis), que apresentou muita semelhança florística entre as parcelas 10 e 5 (relacionadas ao interior do talvegue principal) e muita diferença destas com a parcela 11 típica de ambiente de borda do remanescente e que representa justamente o ambiente da APP ao qual nos referimos, aquele que será parcialmente suprimido no setor superior do talvegue principal. Além disso é preciso salientar que havendo o disciplinamento das águas superficiais dos sistemas de montante desse local, e uma vez não se permitindo a saída de água para a área da APP, que atualmente apresenta estrutura provisória de drenagem, haverá o controle do principal fator de alteração do suporte geoecológico na porção mais elevada do talvegue principal. Com relação ao fechamento da APP, consideramos ser inviável a construção de muro, conforme concepção original do projeto, face aos resultados do levantamento de fauna silvestre, que mostraram ser importante a preservação dos sistemas inteiros do remanescente de vegetação conectado aos sistemas ribeirinhos do rio Coxipó, e pela extrema vulnerabilidade à degradação do ambiente de agradação a ser afetado pela construção do muro. Uma alternativa de contorno ao problema seria o cercamento da APP, por exemplo por meio de “alambrado” ou por meio de “cerca viva”, de maneira a asegurar a privacidade e segurança dos condôminos. Por fim, concluindo este Relatório Técnico, serão, a seguir esclarecidas, de forma mais contundente, as questões levantadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Processo n° 000709-02/2005, encaminhadas através de dois relatórios: 20 Transcrição das observações de campo apresentadas no Anexo I: Parcela 10. Área situada junto ao leito da linha de drenagem principal onde esta se inicia, e está próxima ao dissipador de energia de água em concreto armado. Apresenta alterações no solo por processos de erosão e sedimentação recentes e antigos, alguns caules estão parcialmente soterrados. Não apresenta nitidez de estrato herbáceo, apenas indivíduos jovens e espaços da comunidade arbórea em meio a volumosa liteira. Parcela 11. Área situada próxima à parcela 10, na margem direita da linha de drenagem principal. Vegetação com dois estratos nítidos, arbustivo-arbóreo e herbáceo. Presença de Syagrus sp. (Palmeira), Machaerium acutifolium (barreiro), Strichynus pseudo-quina, Smilax sp. (japecanga) e Guadua sp. (taquara) no estrato herbáceo. Pouca evidência de antropização. 21 Transcrição das observações de campo apresentadas no Anexo I: Parcela 5. Área no interior do remanescente, próximo ao local onde o canal principal entalha seu leito por erosão (entre as estacas 8 e 8+10). Área de alta declividade com canal de drenagem bem definido. A vegetação apresenta dois estratos o arbustivo-arbóreo e o hebáceo. No estrato herbáceo há presença de espécies de Pteridófitas (Pteridium sp., Lygodium venustrum e Selaginella asperula.), crescendo na parede do canal de drenagem, o que indica umidade nas camadas superficiais dos solos. xciii Relatório 1: Item 1.1. “não observância de raio de 100 m em torno da nascente do córrego”. Os resultados apresentados neste Relatório permitiram demonstrar que a nascente do curso d’água encontra-se localizada no ambiente de agradação, conforme ilustrado na Figura 73 cuja APP foi delimitada considerando o raio de 50 metros. Nestas condições, a delimitação apresentada para a APP e para as Áreas Verdes, contemplam plenamente as exigências legais, e garantem as condições necessárias à integridade do curso d’água e da nascente. Item 1.2. “cômputo de área de APP no percentual exigido para áreas verdes, no que se refere às seguintes áreas verdes: AV 08 (5.192,65 m2); AV 09 (4.754,09 m2); AV 10 (1.651,64 m2)”. Considerando os critérios adotados para a delimitação da APP, conforme mostra a Figura 73, a totalidade das Áreas Verdes superam a exigência legal. Item 1.3. inserção da quadra 23 no perímetro de 100 m de APP – nascente do córrego intermitente. Considerando os critérios adotados para a delimitação da APP, conforme mostra a Figura 73, apenas parte dos lotes 1, 2 e 3 da Quadra 23 estarão incluídos na APP. Item 2.1. “retirada de toda a vegetação das áreas de quadras, conflitando com orientação contida no art. 549 da lei complementar 004/92 (Legislação Municipal) no sentido de que apenas as ruas sejam desmatadas”. A cobertura vegetal anterior à implantação do empreendimento tratava-se de fisionomias secundárias de Cerrado (s.s.) e Campo Limpo, antoprizadas pela utilização como pasto natural, piquetes com pastagem plantada e cascalheira em Neossolo Litólico/Plintossolo Concrecionário, conforme mostra a Figura 16, item 1.6 do Capítulo 1, deste Relatório. Infelizmente, não foi possível manter intacta os restos de cobertura vegetal original remanescente e demais culturas introduzidas na área do empreendimento, tendo em vista o que se segue: Necessário utilizar argumentação relacionado à concepção do Projeto. Item 2.2. “realização de obras de drenagem com impactos na cabeceira do córrego (intermitente), ocorridos diante da deposição do material (solo) carreado pelas últimas chuvas”. Conforme apresentado no Capítulo 2 deste relatório, observa-se no fundo de vale do curso d’água, no ambiente de dissecação, a ocorrência de erosão antrópica originada anteriormente à implantação do empreendimento. Observa-se, realmente, a ocorrência de sedimentação associada a obras provisórias de drenagem do tipo descida d’água em escada/degraus, causando o preenchimento dos entalhes erosivos. Felizmente, este episódio desempenha função amortecedora do escoamento d’água concentrado durante momentos chuvosos, minimizando a ação erosiva nas porções de jusante. Trata-se, xciv entretanto, de áreas degradadas situadas no interior da APP e que podem se autorregenerar desde que sejam controlados os processos erosivos e de assoreamento por meio da finalização das obras de drenagem do empreendimento, e execução de medidas de controle de erosão conforme apresentadas no Capítulo 3. Relatório 2: Item 3 – em função do desmatamento observou-se existência de córrego intermitente, não informado no projeto de parcelamento do solo, resultando na localização da Área Verde 06 sobre área marginal ao córrego, que deveria, por lei, ser destinada a preservação permanente (Lei complementar nº 004/92); Considerando os resultados dos estudos realizados, descritos no Capítulo 2 deste relatório, o local citado corresponde a um ramo secundário da linha de Talvegue principal, com entalhe sutil, fundo seco, e recoberto por vegetação rala, principalmente Campo Limpo, não se configurando, dessa forma, como curso d’água, mas simplesmente canal de ravina, reentalhado pela ocupação por pastagem. Dessa forma, considerando os critérios adotados para a delimitação da APP, conforme mostra a Figura 73, apenas parte da porção sul da Área Verde 06 está inserida em APP relacionada à nascente. Item 4 – canalização parcial e aterramento da Área Verde 6 para construção de quadras desportivas (Foto 4). Esta questão encontra-se esclarecida no item anterior. Item 5 – construção de drenagem e dissipadores de energia na faixa marginal do córrego com impactos sobre a área (Foto 5). Foi constatado que no local em referência vem ocorrendo concentração de águas advindas de duas descidas d’água e de um bueiro. Essas águas estão sendo lançadas em local muito próximo ao início do ambiente de agradação (a uma distância aproximada de 50 metros), ambiente este muito sensível à erosão e assoreamento, podendo, inclusive, ocasionar a morte de parte da vegetação, com prejuízos à nascente. Sugerimos a desativação, nesse local, da estrutura de descarga d’água proveniente do sistema de drenagem, ou, caso se mostre inviável, melhor adequação das obras de maneira a aliviar o volume d’água que atinge o ambiente de agradação, e impedir a entrada de sedimentos. xcv 6. BIBLIOGRAFIA Almeida, F.F. 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Companhia das Letras. São Paulo/SP. 447p. xcviii ANEXO I RESULTADOS DA ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA, REALIZADA ATRAVÉS DE AMOSTRAGEM, NOS REMANESCENTES DE VEGETAÇÃO DO CONDOMÍNIO BELVEDERE 1. Descrição das amostras de Vegetação 1.1. Vegetação arbustivo-arbórea Parcela 1 e Parcela 2. Denominada no levantamento de campo, Área da Peroba. Amostras contíguas no remanescente de vegetação na altura da Quadra 26. Apresenta vegetação com dois estratos nítidos, o arbustivo-arbóreo e o herbáceo, sendo este último alto (1,00 a 1,30 m). Presença das espécies Bauhinia glabra, Simalx sp. (japecanga), Serjania caracasana (Cipó cinco-folhas), Cuspidaria laterelifolia (cipó), Alibertia edulis (marmelada-bola), e muitos indivíduos de Aspidosperma sp. (guatambu) que tornam o ambiente adensado. Vegetação com elementos arbóreos altos e decíduos característicos de Floresta Estacional Decidual misturados com espécies típicas da Savana Florestada (cerradão). Também foi observada a presença de antropização na área, como antiga retirada seletiva de madeira e vestígios de queimada. Parcela 3. Área situada junto ao leito da linha de drenagem principal (entre as estacas 43+10 e 44). Vegetação característica de área inundável, com presença de elementos de cerrado. Os troncos das árvores apresentam-se cobertos por liquens e há presença de muitas epífitas (Oncydium ceboletta, Vanilla sp., e Campylocentrum sp.), indicando ambiente de alta umidade. O leito do córrego ainda permanece com água empoçada e com vestígios de pegada de animais silvestres. A altura da vegetação é baixa (7,00 m), não ocorrendo estratificação, o estrato herbáceo está ausente e o solo é coberto por liteira espessa. Os indivíduos arbustivos e arbóreos são finos e muito perfilhados. Parcela 4. Área que forma micro-embaciado no interior do remanescente, onde a linha de canal principal se espraia (entre as estacas 28+10 e 29). Vegetação em área de agradação com canais anastomosados indicando processos recentes de deposição de sedimentos. A vegetação apresenta somente o estrato arbustivo-arbóreo com a predominância de indivíduos da família Myrtaceae. Parcela 5. Área no interior do remanescente, próximo ao local onde o canal principal entalha seu leito por erosão (entre as estacas 8 e 8+10). Área de alta declividade com canal de drenagem bem definido. A vegetação apresenta dois estratos o arbustivoarbóreo e o hebáceo. No estrato herbáceo há presença de espécies de Pteridófitas (Pteridium sp., Lygodium venustrum e Selaginella asperula.), crescendo na parede do canal de drenagem, o que indica umidade nas camadas superficiais dos solos. Parcela 6. Área no interior do remanescente, próximo ao local onde o canal principal entalha seu leito por erosão (entre as estacas 16 e 15+10). Área junto ao canal de drenagem. O leito do córrego apresenta depósito de sedimentos recentes, tendo sido xcix bastante assoreado. A vegetação apresenta apenas o estrato arbustivo-arbóreo e o solo estava coberto parcialmente por fina camada de liteira. Parcela 7. Denominada no levantamento, Área do Capão, corresponde a um local amostrado na Área Verde nº 06. Vegetação muito alterada por ação antrópica e pisoteio de gado. Observou-se apenas dois estratos o arbóreo e o herbáceo. No estrato herbáceo ocorrem indivíduos jovens da comunidade arbóreo-arbustiva com predomínio de Olyra sp. (taquarinha), Rhynchospora sp. (capim-navalha), Smilax sp (japecanga), Lygodium sp. (samambaia-trepadeira), Syagrus sp. (palmeira), Fagara hassleriana (mamica-de-porca), Alibertia edulis (marmelada-bola), Brosimum gaudichaudii (algodãozinho), Astronium fraxinifolium (Gonçalo). Outras observações foram indícios de pastejo e presença de lixo. Parcela 8. Denominada no levantamento, Área do Capão, corresponde a um local amostrado na Área Verde nº 06. Vegetação alterada por ação antrópica antiga com corte seletivo de madeira, vestígios de antiga estrada ou caminho. Presença de dois estratos na vegetação, o arbustivo-arbóreo e o hebáceo. Vegetação herbácea composta por Bromelia balansae (gravatá), Ananas ananassoides (abacaxizinho), Bauhinia glabra (cipó-tripa-de-galinha), Hyparrhenia rufa (capim-jaraguá), Andropogon sp., Protium heptaphyllum (amescla), Dilodendrom bipinatum (mulher-pobre). Parcela 9. Denominada no levantamento, Área do Capão, corresponde a um local amostrado na Área Vede nº 06. Vegetação muito alterada por ação antrópica antiga como restos de cerca, corte seletivo de madeira, fogo, movimento de terra antigo e indícios de pastejo recente. Vegetação com dois estratos definidos, o arbustivo-arbóreo e o herbáceo. Presença de Smilax sp (japecanga), Lygodium sp. (samambaiatrepadeira), Serjania sp. (cipó-cinco-folhas), Bauhinia glabra (cipó-tripa-de-galinha) no estrato herbáceo. Parcela 10. Área situada junto ao leito da linha de drenagem principal onde esta se inicia, e está próxima ao dissipador de energia de água em concreto armado. Apresenta alterações no solo por processos de erosão e sedimentação recentes e antigos, alguns caules estão parcialmente soterrados. Não apresenta nitidez de estrato herbáceo, apenas indivíduos jovens e espaços da comunidade arbórea em meio a volumosa liteira. Parcela 11. Área situada próxima à parcela 10, na margem direita da linha de drenagem principal. Vegetação com dois estratos nítidos, arbustivo-arbóreo e herbáceo. Presença de Syagrus sp. (Palmeira), Machaerium acutifolium (barreiro), Strichynus pseudo-quina, Smilax sp. (japecanga) e Guadua sp. (taquara) no estrato herbáceo. Pouca evidência de antropização. 1.2. Vegetação herbácea Parcela 1. Área de Campo Limpo situada próximo ao remanescente de vegetação de forma alongada, em seu terço superior. Vegetação predominantemente herbácea com elementos arbustivo-arbóreos típicos de cerrado e localizados de forma esparsa e aleatória. Entre as espécies de cerrado mais comuns foram observados Bowdichia virgilióides (sucupira-preta), Vataira macrocarpa (Angelim-amargoso), Tabebuia aurea (paratudo), Hymatanthus obovatus (Angélica) e Curatella americana (lixeira). Sofbre c Neossolo Litólico raso e cascalhento com manchas de solo desnudo, presença de indícios de fogo e pastejo de gado bovino. Parcela 2. Área de Campo Úmido situada próximo ao remanescente de vegetação de forma alongada, no ambiente de agradação. Vegetação predominantemente herbácea com elementos arbustivo-arbóreos de cerrado e localizados em murundus. As espécies mais comuns observadas foram Curatella americana, Tabebuia aurea, Bauhinia rufa (pé-de-boi), Dypterix alata (cumbaru), Terminalia argentea (capitão). Vegetação com cobertura densa e pouco solo exposto, vestígios de queimada e de pouco pastejo. 2. Relatório dos cálculos fitossociológicos 2.1. Vegetação arbóreo-arbustiva FFFF III TTT OO PPP AA CCC 1 F I T O OP PA AC 11 FFF I T O O PPP A A C 1 F I T O O P AAAA C 1 F III T OO P A A CCC 111 Departamento de Botanica, UNICAMP ******************************************************************************* * * * Programa PARAMS ***** versao 2.2 * * * ******************************************************************************* UNICAMP Iniciou processamento : sabado, 10 de setembro, 2005 *** 13: 9:57 ***************** arquivo : TBELV.FPD Titulo : CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE Responsavel : ELTON ANTONIO SILVEIRA Local :MT CUIABA REMANESCENTE DE VEGETAÇÃO 0 0' 0" Sul Altitude : 0 0 0' 0" Oeste Criado : 10 de setembro, 2005 13: 9:23 No. de parcelas = 11 Compr. da parcela (m) = 10.0 Larg. da parcela (m) = 10.0 area de cada parcela (m^2) = 100.00 area total da amostra(ha) = 0.110 No. de individuos = 214 densidade total = 1945.45 ci Area basal total (m^2) = 3.814 Volume total (m^3) = Area basal por hectare = 34.669 Frequencia total = 981.8 Diametro maximo = 47.75 Diametro minimo = 3.18 Diametro media = 12.55 d.p. Diametro = 8.345 Altura maximo = 15.00 Altura minimo = 2.00 Altura media = 6.47 d.p. Altura = 2.934 Volume maximo = 2.579 Volume minimo = 0.0019 Volume media = 0.166 d.p. Volume = 0.3299 No. de especies(S) = 51 Indice Shannon(H') = 3.308 equabilidade (J = H'/ln(S)) = 0.841 Indice Simpson(D) = 0.052 No. de familias = 28 1/D = 19.249 35.43 1 - D = 0.948 Indice Shannon para familias = 2.799 ---------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE especie No.Ind No.Amo Dens.Re Dom.Rel Freq.Re IVI ---------------------------------------------------------------------------Curatella americana........... 19 7 8.88 14.24 6.48 29.60 Hyrtella sp................... 31 4 14.49 6.55 3.70 24.74 Protium heptaphyllum.......... 11 5 5.14 12.13 4.63 21.90 Duguetia lanceolata........... 17 5 7.94 7.83 4.63 20.40 Astronium fraxinifolium....... 10 6 4.67 5.81 5.56 16.04 Morto......................... 14 5 6.54 1.99 4.63 13.16 Myracroduon urundeuva......... 7 4 3.27 5.79 3.70 12.77 Aspidosperma cf. subincanum... 10 5 4.67 1.98 4.63 11.28 Anadenanthera colubrina....... 3 3 1.40 5.15 2.78 9.33 Myrciaria sp.................. 9 3 4.21 1.80 2.78 8.79 Myrcia sp..................... 10 3 4.67 1.22 2.78 8.67 Physocalymma scaberrimum...... 6 2 2.80 3.94 1.85 8.60 Tabebuia aurea................ 7 3 3.27 1.16 2.78 7.21 Cuspidaria cf. laterelifolia.. 5 4 2.34 0.97 3.70 7.01 Trichilia elegans............. 4 4 1.87 0.36 3.70 5.93 Aspidosperma cylindrocarpon... 1 1 0.47 4.51 0.93 5.90 Fagara hassleriana............ 2 2 0.93 2.43 1.85 5.21 Xylopia aromatica............. 3 2 1.40 1.93 1.85 5.18 Tabebuia impetiginosa......... 2 2 0.93 1.74 1.85 4.52 Alibertia edulis.............. 3 3 1.40 0.29 2.78 4.47 Dipteryx alata................ 1 1 0.47 2.76 0.93 4.15 Copaifera langsdorffii........ 2 2 0.93 1.34 1.85 4.12 Cordia alliodora.............. 2 2 0.93 1.16 1.85 3.95 Casearia sylvestris........... 3 2 1.40 0.39 1.85 3.64 Anadenanthera falcata......... 1 1 0.47 2.17 0.93 3.56 Hymenaea courbaril............ 2 1 0.93 1.62 0.93 3.49 Strycnos pseudo-quina......... 3 2 1.40 0.21 1.85 3.46 Cordia sp..................... 1 1 0.47 1.58 0.93 2.97 Ocotea sp..................... 1 1 0.47 1.51 0.93 2.90 Ficus gomelleira.............. 1 1 0.47 0.80 0.93 2.20 Indetermnada.................. 2 1 0.93 0.20 0.93 2.06 Licania humilis............... 2 1 0.93 0.16 0.93 2.02 Platypodium elegans........... 1 1 0.47 0.52 0.93 1.92 Ouratea castanaeifolia........ 1 1 0.47 0.48 0.93 1.87 Terminalia argentea........... 1 1 0.47 0.39 0.93 1.78 Sterculia apetala............. 1 1 0.47 0.37 0.93 1.76 Byrsonima verbacifolia........ 1 1 0.47 0.29 0.93 1.68 Simarouba versicolor.......... 1 1 0.47 0.23 0.93 1.62 cii Genipa americana.............. 1 1 0.47 0.23 0.93 1.62 Erytroxylum sp................ 1 1 0.47 0.23 0.93 1.62 Macherium aculeatum........... 1 1 0.47 0.23 0.93 1.62 Sorocea bonplandii............ 1 1 0.47 0.21 0.93 1.61 Callisthene fasciculata....... 1 1 0.47 0.20 0.93 1.59 Tabebuia sp................... 1 1 0.47 0.19 0.93 1.58 Qualea parviflora............. 1 1 0.47 0.18 0.93 1.57 Erytrina sp................... 1 1 0.47 0.15 0.93 1.55 Callichlamys latifolia........ 1 1 0.47 0.11 0.93 1.50 Bauhinia rufa................. 1 1 0.47 0.10 0.93 1.49 Liana-Indet1.................. 1 1 0.47 0.07 0.93 1.46 Randia armata................. 1 1 0.47 0.06 0.93 1.45 Pseudobombax tomentosum....... 1 1 0.47 0.05 0.93 1.45 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE especie IVC Freq.Ab Dens.Ab Dom.Med. Alt.Mi Alt.Ma ----------------------------------------------------------------------------Curatella americana........... 23.12 63.64 172.7 0.0286 2.0 11.0 Hyrtella sp................... 21.04 36.36 281.8 0.0081 2.5 9.0 Protium heptaphyllum.......... 17.27 45.45 100.0 0.0421 6.0 12.0 Duguetia lanceolata........... 15.77 45.45 154.5 0.0176 3.5 13.0 Astronium fraxinifolium....... 10.48 54.55 90.9 0.0221 6.5 11.0 Morto......................... 8.53 45.45 127.3 0.0054 2.0 4.0 Myracroduon urundeuva......... 9.06 36.36 63.6 0.0316 7.0 12.0 Aspidosperma cf. subincanum... 6.65 45.45 90.9 0.0075 2.0 12.0 Anadenanthera colubrina....... 6.56 27.27 27.3 0.0655 8.5 14.0 Myrciaria sp.................. 6.01 27.27 81.8 0.0076 2.0 8.0 Myrcia sp..................... 5.89 27.27 90.9 0.0047 3.0 7.0 Physocalymma scaberrimum...... 6.75 18.18 54.5 0.0251 5.0 12.0 Tabebuia aurea................ 4.43 27.27 63.6 0.0063 2.5 9.0 Cuspidaria cf. laterelifolia.. 3.31 36.36 45.5 0.0074 6.0 11.0 Trichilia elegans............. 2.22 36.36 36.4 0.0034 5.5 6.0 Aspidosperma cylindrocarpon... 4.98 9.09 9.1 0.1719 15.0 15.0 Fagara hassleriana............ 3.36 18.18 18.2 0.0462 11.0 12.0 Xylopia aromatica............. 3.33 18.18 27.3 0.0245 7.5 10.5 Tabebuia impetiginosa......... 2.67 18.18 18.2 0.0331 8.0 10.0 Alibertia edulis.............. 1.70 27.27 27.3 0.0037 3.5 4.0 Dipteryx alata................ 3.23 9.09 9.1 0.1053 12.0 12.0 Copaifera langsdorffii........ 2.27 18.18 18.2 0.0255 8.0 10.0 Cordia alliodora.............. 2.10 18.18 18.2 0.0222 4.5 10.0 Casearia sylvestris........... 1.79 18.18 27.3 0.0049 2.0 7.5 Anadenanthera falcata......... 2.64 9.09 9.1 0.0828 11.0 11.0 Hymenaea courbaril............ 2.56 9.09 18.2 0.0310 7.0 8.0 Strycnos pseudo-quina......... 1.61 18.18 27.3 0.0026 2.5 3.0 Cordia sp..................... 2.05 9.09 9.1 0.0602 12.0 12.0 Ocotea sp..................... 1.98 9.09 9.1 0.0575 9.0 9.0 Ficus gomelleira.............. 1.27 9.09 9.1 0.0306 9.0 9.0 Indetermnada.................. 1.14 9.09 18.2 0.0038 3.5 8.0 Licania humilis............... 1.09 9.09 18.2 0.0030 4.5 5.0 Platypodium elegans........... 0.99 9.09 9.1 0.0199 8.5 8.5 Ouratea castanaeifolia........ 0.95 9.09 9.1 0.0183 6.0 6.0 Terminalia argentea........... 0.85 9.09 9.1 0.0147 7.0 7.0 Sterculia apetala............. 0.84 9.09 9.1 0.0140 9.0 9.0 Byrsonima verbacifolia........ 0.75 9.09 9.1 0.0109 6.0 6.0 Simarouba versicolor.......... 0.69 9.09 9.1 0.0087 3.0 3.0 Genipa americana.............. 0.69 9.09 9.1 0.0087 6.0 6.0 Erytroxylum sp................ 0.69 9.09 9.1 0.0087 5.5 5.5 Macherium aculeatum........... 0.69 9.09 9.1 0.0087 4.0 4.0 ciii Sorocea bonplandii............ 0.68 9.09 9.1 0.0082 6.0 6.0 Callisthene fasciculata....... 0.67 9.09 9.1 0.0077 7.0 7.0 Tabebuia sp................... 0.66 9.09 9.1 0.0072 6.0 6.0 Qualea parviflora............. 0.64 9.09 9.1 0.0067 6.0 6.0 Erytrina sp................... 0.62 9.09 9.1 0.0058 6.5 6.5 Callichlamys latifolia........ 0.58 9.09 9.1 0.0042 6.0 6.0 Bauhinia rufa................. 0.57 9.09 9.1 0.0038 5.0 5.0 Liana-Indet1.................. 0.54 9.09 9.1 0.0027 4.0 4.0 Randia armata................. 0.53 9.09 9.1 0.0023 5.0 5.0 Pseudobombax tomentosum....... 0.52 9.09 9.1 0.0020 4.0 4.0 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE especie Alt.Me Diam.M Diam.M Diam.M Ar.Bas. Volume ---------------------------------------------------------------------------Curatella americana........... 5.7 4.5 40.7 16.1 0.5432 4.5359 Hyrtella sp................... 4.7 3.5 18.7 9.2 0.2498 1.3030 Protium heptaphyllum.......... 9.5 7.0 40.1 20.9 0.4627 4.8727 Duguetia lanceolata........... 8.3 4.5 25.2 13.8 0.2985 2.6137 Astronium fraxinifolium....... 8.5 8.0 29.3 15.6 0.2215 2.0704 Morto......................... 2.7 3.5 18.1 7.0 0.0759 0.1826 Myracroduon urundeuva......... 10.1 11.1 30.2 19.2 0.2209 2.3389 Aspidosperma cf. subincanum... 5.8 4.8 19.4 8.6 0.0754 0.6459 Anadenanthera colubrina....... 11.2 8.3 47.8 22.8 0.1966 2.6859 Myrciaria sp.................. 5.3 4.5 15.9 9.0 0.0688 0.4274 Myrcia sp..................... 4.6 3.8 12.4 7.1 0.0465 0.2518 Physocalymma scaberrimum...... 9.2 9.6 22.0 17.3 0.1504 1.4615 Tabebuia aurea................ 5.1 3.2 18.8 7.6 0.0444 0.3286 Cuspidaria cf. laterelifolia.. 9.2 4.8 12.7 9.2 0.0370 0.3728 Trichilia elegans............. 5.9 4.8 8.3 6.4 0.0136 0.0804 Aspidosperma cylindrocarpon... 15.0 46.8 46.8 46.8 0.1719 2.5792 Fagara hassleriana............ 11.5 22.3 26.1 24.2 0.0925 1.0564 Xylopia aromatica............. 8.8 12.4 21.0 17.3 0.0735 0.6664 Tabebuia impetiginosa......... 9.0 13.4 25.8 19.6 0.0662 0.6343 Alibertia edulis.............. 3.8 3.5 9.9 6.4 0.0112 0.0443 Dipteryx alata................ 12.0 36.6 36.6 36.6 0.1053 1.2632 Copaifera langsdorffii........ 9.0 16.9 19.1 18.0 0.0510 0.4527 Cordia alliodora.............. 7.3 8.3 22.3 15.3 0.0444 0.4141 Casearia sylvestris........... 4.7 3.5 12.1 7.0 0.0148 0.0985 Anadenanthera falcata......... 11.0 32.5 32.5 32.5 0.0828 0.9109 Hymenaea courbaril............ 7.5 8.6 26.7 17.7 0.0620 0.4898 Strycnos pseudo-quina......... 2.8 4.3 6.7 5.7 0.0078 0.0217 Cordia sp..................... 12.0 27.7 27.7 27.7 0.0602 0.7226 Ocotea sp..................... 9.0 27.1 27.1 27.1 0.0575 0.5176 Ficus gomelleira.............. 9.0 19.7 19.7 19.7 0.0306 0.2754 Indetermnada.................. 5.8 5.4 8.3 6.8 0.0077 0.0511 Licania humilis............... 4.8 5.7 6.7 6.2 0.0061 0.0287 Platypodium elegans........... 8.5 15.9 15.9 15.9 0.0199 0.1692 Ouratea castanaeifolia........ 6.0 15.3 15.3 15.3 0.0183 0.1100 Terminalia argentea........... 7.0 13.7 13.7 13.7 0.0147 0.1030 Sterculia apetala............. 9.0 13.4 13.4 13.4 0.0140 0.1264 Byrsonima verbacifolia........ 6.0 11.8 11.8 11.8 0.0109 0.0654 Simarouba versicolor.......... 3.0 10.5 10.5 10.5 0.0087 0.0260 Genipa americana.............. 6.0 10.5 10.5 10.5 0.0087 0.0520 Erytroxylum sp................ 5.5 10.5 10.5 10.5 0.0087 0.0476 Macherium aculeatum........... 4.0 10.5 10.5 10.5 0.0087 0.0346 Sorocea bonplandii............ 6.0 10.2 10.2 10.2 0.0082 0.0489 Callisthene fasciculata....... 7.0 9.9 9.9 9.9 0.0077 0.0536 Tabebuia sp................... 6.0 9.6 9.6 9.6 0.0072 0.0430 civ Qualea parviflora............. 6.0 9.2 9.2 9.2 0.0067 0.0401 Erytrina sp................... 6.5 8.6 8.6 8.6 0.0058 0.0377 Callichlamys latifolia........ 6.0 7.3 7.3 7.3 0.0042 0.0253 Bauhinia rufa................. 5.0 7.0 7.0 7.0 0.0038 0.0192 Liana-Indet1.................. 4.0 5.9 5.9 5.9 0.0027 0.0108 Randia armata................. 5.0 5.4 5.4 5.4 0.0023 0.0115 Pseudobombax tomentosum....... 4.0 5.1 5.1 5.1 0.0020 0.0081 -------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE especie Vol.Med. Vol.Rel Dom.Abs. -------------------------------------------------------Curatella americana........... 0.2387 12.80 4.9380 Hyrtella sp................... 0.0420 3.68 2.2707 Protium heptaphyllum.......... 0.4430 13.75 4.2063 Duguetia lanceolata........... 0.1537 7.38 2.7134 Astronium fraxinifolium....... 0.2070 5.84 2.0136 Morto......................... 0.0130 0.52 0.6898 Myracroduon urundeuva......... 0.3341 6.60 2.0083 Aspidosperma cf. subincanum... 0.0646 1.82 0.6855 Anadenanthera colubrina....... 0.8953 7.58 1.7869 Myrciaria sp.................. 0.0475 1.21 0.6253 Myrcia sp..................... 0.0252 0.71 0.4228 Physocalymma scaberrimum...... 0.2436 4.12 1.3675 Tabebuia aurea................ 0.0469 0.93 0.4034 Cuspidaria cf. laterelifolia.. 0.0746 1.05 0.3367 Trichilia elegans............. 0.0201 0.23 0.1232 Aspidosperma cylindrocarpon... 2.5792 7.28 1.5632 Fagara hassleriana............ 0.5282 2.98 0.8408 Xylopia aromatica............. 0.2221 1.88 0.6684 Tabebuia impetiginosa......... 0.3171 1.79 0.6022 Alibertia edulis.............. 0.0148 0.12 0.1017 Dipteryx alata................ 1.2632 3.57 0.9570 Copaifera langsdorffii........ 0.2264 1.28 0.4637 Cordia alliodora.............. 0.2071 1.17 0.4034 Casearia sylvestris........... 0.0328 0.28 0.1342 Anadenanthera falcata......... 0.9109 2.57 0.7528 Hymenaea courbaril............ 0.2449 1.38 0.5632 Strycnos pseudo-quina......... 0.0072 0.06 0.0712 Cordia sp..................... 0.7226 2.04 0.5474 Ocotea sp..................... 0.5176 1.46 0.5228 Ficus gomelleira.............. 0.2754 0.78 0.2782 Indetermnada.................. 0.0256 0.14 0.0698 Licania humilis............... 0.0143 0.08 0.0553 Platypodium elegans........... 0.1692 0.48 0.1810 Ouratea castanaeifolia........ 0.1100 0.31 0.1667 Terminalia argentea........... 0.1030 0.29 0.1338 Sterculia apetala............. 0.1264 0.36 0.1276 Byrsonima verbacifolia........ 0.0654 0.18 0.0991 Simarouba versicolor.......... 0.0260 0.07 0.0787 Genipa americana.............. 0.0520 0.15 0.0787 Erytroxylum sp................ 0.0476 0.13 0.0787 Macherium aculeatum........... 0.0346 0.10 0.0787 Sorocea bonplandii............ 0.0489 0.14 0.0741 Callisthene fasciculata....... 0.0536 0.15 0.0696 Tabebuia sp................... 0.0430 0.12 0.0651 Qualea parviflora............. 0.0401 0.11 0.0608 Erytrina sp................... 0.0377 0.11 0.0527 Callichlamys latifolia........ 0.0253 0.07 0.0383 cv Bauhinia rufa................. 0.0192 0.05 0.0350 Liana-Indet1.................. 0.0108 0.03 0.0246 Randia armata................. 0.0115 0.03 0.0209 Pseudobombax tomentosum....... 0.0081 0.02 0.0185 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE familia No.Ind No.Spp %Spp Dens.Ab Dom.Med. Freq.Ab Dens.Re --------------------------------------------------------------------------Dilleniaceae........ 19 1 1.96 172.7 0.0286 63.64 8.88 Anacardiaceae....... 17 2 3.92 154.5 0.0260 72.73 7.94 Annonaceae.......... 22 3 5.88 200.0 0.0173 63.64 10.28 Leguminosae......... 13 9 17.65 118.2 0.0412 63.64 6.07 Chrysobalanaceae.... 33 2 3.92 300.0 0.0078 36.36 15.42 Burseraceae......... 11 1 1.96 100.0 0.0421 45.45 5.14 Bignoniaceae........ 16 5 9.80 145.5 0.0099 72.73 7.48 Apocynaceae......... 11 2 3.92 100.0 0.0225 45.45 5.14 Myrtaceae........... 19 2 3.92 172.7 0.0061 36.36 8.88 Morto............... 14 1 1.96 127.3 0.0054 45.45 6.54 Lythraceae.......... 6 1 1.96 54.5 0.0251 18.18 2.80 Rubiaceae........... 5 3 5.88 45.5 0.0044 45.45 2.34 Boraginaceae........ 3 2 3.92 27.3 0.0349 27.27 1.40 Meliaceae........... 4 1 1.96 36.4 0.0034 36.36 1.87 Rutaceae............ 2 1 1.96 18.2 0.0462 18.18 0.93 Moraceae............ 2 2 3.92 18.2 0.0194 18.18 0.93 Flacourtiaceae...... 3 1 1.96 27.3 0.0049 18.18 1.40 Loganiaceae......... 3 1 1.96 27.3 0.0026 18.18 1.40 Vochysiaceae........ 2 2 3.92 18.2 0.0072 18.18 0.93 Lauraceae........... 1 1 1.96 9.1 0.0575 9.09 0.47 Ochnaceae........... 1 1 1.96 9.1 0.0183 9.09 0.47 Combretaceae........ 1 1 1.96 9.1 0.0147 9.09 0.47 Sterculiaceae....... 1 1 1.96 9.1 0.0140 9.09 0.47 Malpighiaceae....... 1 1 1.96 9.1 0.0109 9.09 0.47 Simaroubaceae....... 1 1 1.96 9.1 0.0087 9.09 0.47 Erythroxylaceae..... 1 1 1.96 9.1 0.0087 9.09 0.47 Indeterminada....... 1 1 1.96 9.1 0.0027 9.09 0.47 Bombacaceae......... 1 1 1.96 9.1 0.0020 9.09 0.47 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE familia Dom.Rel Freq.Re IVI %IVI IVC %IVC Ar.Bas. ----------------------------------------------------------------------------Dilleniaceae........ 14.24 7.53 30.65 10.22 23.12 11.56 0.5432 Anacardiaceae....... 11.60 8.60 28.15 9.38 19.54 9.77 0.4424 Annonaceae.......... 9.96 7.53 27.76 9.25 20.24 10.12 0.3797 Leguminosae......... 14.05 7.53 27.65 9.22 20.12 10.06 0.5358 Chrysobalanaceae.... 6.71 4.30 26.43 8.81 22.13 11.06 0.2559 Burseraceae......... 12.13 5.38 22.65 7.55 17.27 8.64 0.4627 Bignoniaceae........ 4.17 8.60 20.25 6.75 11.65 5.82 0.1590 Apocynaceae......... 6.49 5.38 17.00 5.67 11.63 5.81 0.2474 Myrtaceae........... 3.02 4.30 16.20 5.40 11.90 5.95 0.1153 Morto............... 1.99 5.38 13.91 4.64 8.53 4.27 0.0759 Lythraceae.......... 3.94 2.15 8.90 2.97 6.75 3.37 0.1504 Rubiaceae........... 0.58 5.38 8.29 2.76 2.92 1.46 0.0221 Boraginaceae........ 2.74 3.23 7.37 2.46 4.14 2.07 0.1046 Meliaceae........... 0.36 4.30 6.53 2.18 2.22 1.11 0.0136 Rutaceae............ 2.43 2.15 5.51 1.84 3.36 1.68 0.0925 Moraceae............ 1.02 2.15 4.10 1.37 1.95 0.98 0.0388 Flacourtiaceae...... 0.39 2.15 3.94 1.31 1.79 0.89 0.0148 cvi Loganiaceae......... 0.21 2.15 3.76 1.25 1.61 0.80 0.0078 Vochysiaceae........ 0.38 2.15 3.46 1.15 1.31 0.66 0.0143 Lauraceae........... 1.51 1.08 3.05 1.02 1.98 0.99 0.0575 Ochnaceae........... 0.48 1.08 2.02 0.67 0.95 0.47 0.0183 Combretaceae........ 0.39 1.08 1.93 0.64 0.85 0.43 0.0147 Sterculiaceae....... 0.37 1.08 1.91 0.64 0.84 0.42 0.0140 Malpighiaceae....... 0.29 1.08 1.83 0.61 0.75 0.38 0.0109 Simaroubaceae....... 0.23 1.08 1.77 0.59 0.69 0.35 0.0087 Erythroxylaceae..... 0.23 1.08 1.77 0.59 0.69 0.35 0.0087 Indeterminada....... 0.07 1.08 1.61 0.54 0.54 0.27 0.0027 Bombacaceae......... 0.05 1.08 1.60 0.53 0.52 0.26 0.0020 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE familia Volume Vol.Rel Dom.Abs. ---------------------------------------------Dilleniaceae........ 4.5359 12.80 4.9380 Anacardiaceae....... 4.4093 12.44 4.0219 Annonaceae.......... 3.3313 9.40 3.4517 Leguminosae......... 6.0632 17.11 4.8708 Chrysobalanaceae.... 1.3316 3.76 2.3260 Burseraceae......... 4.8727 13.75 4.2063 Bignoniaceae........ 1.4039 3.96 1.4457 Apocynaceae......... 3.2251 9.10 2.2487 Myrtaceae........... 0.6792 1.92 1.0480 Morto............... 0.1826 0.52 0.6898 Lythraceae.......... 1.4615 4.12 1.3675 Rubiaceae........... 0.1077 0.30 0.2014 Boraginaceae........ 1.1367 3.21 0.9508 Meliaceae........... 0.0804 0.23 0.1232 Rutaceae............ 1.0564 2.98 0.8408 Moraceae............ 0.3244 0.92 0.3524 Flacourtiaceae...... 0.0985 0.28 0.1342 Loganiaceae......... 0.0217 0.06 0.0712 Vochysiaceae........ 0.0937 0.26 0.1304 Lauraceae........... 0.5176 1.46 0.5228 Ochnaceae........... 0.1100 0.31 0.1667 Combretaceae........ 0.1030 0.29 0.1338 Sterculiaceae....... 0.1264 0.36 0.1276 Malpighiaceae....... 0.0654 0.18 0.0991 Simaroubaceae....... 0.0260 0.07 0.0787 Erythroxylaceae..... 0.0476 0.13 0.0787 Indeterminada....... 0.0108 0.03 0.0246 Bombacaceae......... 0.0081 0.02 0.0185 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE parcelas No.Ind No.Spp Ar.Bas. Dom.Med. Dens.Ab Alt.Mi Alt.Ma Alt.Me Diam.M -----------------------------------------------------------------------------1......... 12 6 0.4035 0.0336 1200.0 5.0 15.0 9.3 4.8 2......... 10 8 0.2538 0.0254 1000.0 4.0 12.0 7.8 5.7 3......... 36 10 0.2693 0.0075 3600.0 2.0 7.0 4.6 3.2 4......... 30 10 0.2600 0.0087 3000.0 2.0 8.0 4.6 3.8 5......... 26 14 0.2632 0.0101 2600.0 2.0 9.0 5.2 3.5 6......... 21 13 0.3774 0.0180 2100.0 2.0 12.0 7.7 3.5 7......... 11 9 0.5504 0.0500 1100.0 4.0 14.0 8.8 5.4 8......... 20 12 0.2121 0.0106 2000.0 2.0 10.0 5.7 3.5 9......... 12 7 0.4317 0.0360 1200.0 2.0 12.0 8.6 4.8 cvii 10........ 25 9 0.4460 0.0178 2500.0 2.5 13.0 7.8 11........ 11 10 0.3462 0.0315 1100.0 5.5 12.0 7.8 ------------------------------------------------------------------------------ 5.4 6.7 ----------------------------------------------------------LOTEAMENTO BELVEDERE parcelas Diam.M Diam.M Volume Vol.Med. Vol.Rel Dom.Abs. ----------------------------------------------------------1......... 46.8 17.3 4.9913 0.4159 14.09 40.3536 2......... 30.6 15.5 2.5675 0.2568 7.25 25.3787 3......... 19.7 8.6 1.4216 0.0395 4.01 26.9332 4......... 32.2 8.7 1.4746 0.0492 4.16 25.9972 5......... 27.1 9.9 1.8294 0.0704 5.16 26.3231 6......... 27.7 13.5 3.3355 0.1588 9.41 37.7378 7......... 47.8 21.2 6.4084 0.5826 18.09 55.0369 8......... 22.3 10.4 1.6356 0.0818 4.62 21.2052 9......... 40.7 19.3 4.4728 0.3727 12.62 43.1723 10........ 25.2 13.8 3.9671 0.1587 11.20 44.6018 11........ 36.6 17.8 3.3270 0.3025 9.39 34.6234 ----------------------------------------------------------- 2.2. Vegetação herbáca Tabela II - Parâmetros de cobertura vegetal calculados para a área de vegetação de Savana Gramínea Lenhosa (Campo Limpo). Legenda: n= nº de indivíduos; Fai= Frequência absoluta; Fri=Frequência relativa; Aci=Área de cobertura; Vci=Valor de cobertura; Cri=Cobertura relativa Espécie Paspalum sp.2 Paspalum sp. Paspalum cf. pilosum Bulbostylis paradoxa Andropogon sp. Indeterminada 2 Bysonima subterranea Cyperus sp. Borreria sp. Calliandra dysantha Euphorbia hyssopifolia n Fai Fri 2 50 8 4 100 16 4 100 16 4 100 16 2 50 8 1 25 4 1 25 4 3 75 12 1 25 4 2 50 8 1 25 4 625 100 Aci 0,13125 0,08625 0,08500 0,02500 0,00625 0,00625 0,00500 0,00375 0,00125 0,00125 0,00125 0,35250 Vci 13,13 8,63 8,50 2,50 0,63 0,63 0,50 0,38 0,13 0,13 0,13 35,25 Cri 37,23 24,47 24,11 7,09 1,77 1,77 1,42 1,06 0,35 0,35 0,35 100 Tabela III - Parâmetros de cobertura vegetal calculados para a área de vegetação de Savana Gramínea Lenhosa (Campo Úmido). Legenda: n= nº de indivíduos; Fai= Frequência absoluta; Fri=Frequência relativa; Aci=Área de cobertura; Vci=Valor de cobertura; Cri=Cobertura relativa Espécie Elionurus sp. Hyptis crenata Paspalum cf. pilosum Indeterminada Paspalum cf. hydrophilum Xyris cf. jupicai n Fai 4 100 4 100 3 75 1 25 2 50 1 25 Fri 23,53 23,53 17,65 5,88 11,76 5,88 Aci 0,53125 0,06250 0,02000 0,00625 0,00625 0,00250 Vci 53,13 6,25 2,00 0,63 0,63 0,25 Cri 84,16 9,90 3,17 0,99 0,99 0,40 cviii Paspalum cf. acuminatum Stachytarpheta sp. 3. 1 1 25 25 425 5,88 5,88 100 0,00125 0,00125 0,63125 0,13 0,13 63,13 0,20 0,20 100 Análise de Agrupamento >>>>> Módulo "Cluster" <<<<< CONDOMÍNIO HORIZONTAL BELVEDERE Responsável : ELTON ANTONIO SILVEIRA No. de UTOs : 11 Coeficiente usado : distância euclidiana simples Método de agrupamento : Media de grupo (UPGMA) Grupo : A Variável No.Ind.. No.Spp.. Ar.Bas.. 6 Volume.. n mín. máx. 6 20 36 6 9 14 0,2121 0,446 0,305 6 1,4216 3,9671 média 26,333 5,9554 11,333 1,9664 0,0881 2,277 1,0922 d.p. Grupo : B Variável No.Ind.. No.Spp.. Ar.Bas.. 5 Volume.. n mín. máx. 5 10 12 5 6 10 0,2538 0,5504 0,397 5 2,5675 6,4084 média 11,200 0,8367 8,000 1,5811 0,1094 4,353 1,4906 d.p. membros do Grupo : A 5, 10, 4, 6, 8, 3 membros do Grupo : B 1, 9, 7, 11, 2 Correlação Cofenética : 0,8778 4. Análise de Correspondência Retificada (DCA) ****************** Detrended Correspondence Analysis (DCA) ****************** PC-ORD, Version 4.10 18 Sep 2005, 9:09 Análise de Ordenação (DCA) das comunidades vegetais do Cond. Horiz. Belvedere Number of non-zero data items: 90 No downweighting Axes are rescaled Number of segments: 30 Threshold: 0.00 Total variance ("inertia") in the species data: 4.1581 ---------- Axis 1 ---------0.6767241955 = eigenvalue ---------- Axis 2 ---------0.5141649842 = eigenvalue cix Análise de Ordenação (DCA) das comunidades vegetais do Cond. Horiz. Belvedere SPECIES SCORES N NAME AX1 AX2 AX3 | RANKED 1 | RANKED 2 | EIG=0.677 | EIG=0.514 | 1 Cur_ame 234 268 79 | 20 Ocot_sp 579 | 9 Phys_sca 373 | 2 Prot_hep 317 28 256 | 26 Fic_gom 579 | 17 Tab_imp 361 | 3 Dugu_lan 399 168 254 | 30 Term_arg 579 | 11 Fag_has 331 | 4 Hirt_sp 388 113 -50 | 21 Cop_lang 492 | 1 Cur_ame 268 | 5 Ast_fra 63 223 255 | 33 Alb_edu 440 | 14 Asp_sub 251 | 6 Myr_urn 8 173 60 | 16 Myrcria_ 399 | 5 Ast_fra 223 | 7 Anad_col 173 -62 177 | 3 Dugu_lan 399 | 6 Myr_urn 173 | 8 Asp_cyl -80 128 152 | 4 Hirt_sp 388 | 3 Dugu_lan 168 | 9 Phys_sca 210 373 235 | 34 Byr_verb 373 | 18 Hym_cob 160 | 10 Dipt_ala 373 85 131 | 10 Dipt_ala 373 | 19 Geni_ame 160 | 11 Fag_has 117 331 152 | 28 Ourt_cat 373 | 27 Plat_elg 160 | 12 Anad_fal 218 -70 152 | 13 Morto 340 | 33 Alb_edu 157 | 13 Morto 340 144 283 | 32 Tric_elg 338 | 13 Morto 144 | 14 Asp_sub 292 251 154 | 2 Prot_hep 317 | 8 Asp_cyl 128 | 15 Xyl_aro 171 -59 152 | 18 Hym_cob 311 | 20 Ocot_sp 128 | 16 Myrcria_ 399 97 -108 | 19 Geni_ame 311 | 26 Fic_gom 128 | 17 Tab_imp 235 361 279 | 27 Plat_elg 311 | 30 Term_arg 128 | 18 Hym_cob 311 160 391 | 14 Asp_sub 292 | 22 Myrc_sp 119 | 19 Geni_ame 311 160 391 | 17 Tab_imp 235 | 4 Hirt_sp 113 | 20 Ocot_sp 579 128 152 | 1 Cur_ame 234 | 32 Tric_elg 112 | 21 Cop_lang 492 108 143 | 12 Anad_fal 218 | 21 Cop_lang 108 | 22 Myrc_sp 160 119 -32 | 9 Phys_sca 210 | 16 Myrcria_ 97 | 23 Cord_ali 69 -12 152 | 29 Case_syl 197 | 10 Dipt_ala 85 | 24 Tab_au 124 0 6 | 7 Anad_col 173 | 34 Byr_verb 85 | 25 Cusp_lat 118 -12 149 | 15 Xyl_aro 171 | 28 Ourt_cat 85 | 26 Fic_gom 579 128 152 | 22 Myrc_sp 160 | 2 Prot_hep 28 | 27 Plat_elg 311 160 391 | 24 Tab_au 124 | 31 Ster_ape 0 | 28 Ourt_cat 373 85 131 | 25 Cusp_lat 118 | 24 Tab_au 0| 29 Case_syl 197 -66 152 | 11 Fag_has 117 | 23 Cord_ali -12 | 30 Term_arg 579 128 152 | 23 Cord_ali 69 | 25 Cusp_lat -12 | 31 Ster_ape 53 0 152 | 5 Ast_fra 63 | 15 Xyl_aro -59 | 32 Tric_elg 338 112 11 | 31 Ster_ape 53 | 7 Anad_col -62 | 33 Alb_edu 440 157 231 | 6 Myr_urn 8 | 29 Case_syl -66 | 34 Byr_verb 373 85 131 | 8 Asp_cyl -80 | 12 Anad_fal -70 | Análise de Ordenação (DCA) das comunidades vegetais do Cond. Horiz. Belvedere SAMPLE SCORES - WHICH ARE WEIGHTED MEAN SPECIES SCORES N NAME AX1 AX2 AX3 | RANKED 1 | RANKED 2 | EIG=0.677 | EIG=0.514 | 1 P7 218 0 174 | 8 P5 479 | 3 P9 288 | 2 P10 357 139 206 | 2 P10 357 | 10 P2 233 | 3 P9 217 288 188 | 6 P11 333 | 9 P4 196 | 4 P1 0 158 148 | 5 P6 286 | 5 P6 163 | 5 P6 286 163 290 | 9 P4 280 | 4 P1 158 | 6 P11 333 84 191 | 7 P3 277 | 7 P3 153 | 7 P3 277 153 0 | 1 P7 218 | 2 P10 139 | 8 P5 479 124 99 | 3 P9 217 | 8 P5 124 | 9 P4 280 196 59 | 10 P2 146 | 11 P8 99 | 10 P2 146 233 106 | 11 P8 120 | 6 P11 84 | 11 P8 120 99 123 | 4 P1 0| 1 P7 0| *************************** Calculations finished ***************************