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Caracterização Da Comunicação Oral De Empresários Extrovertidos E Introvertidos

O foco deste estudo é determinar se certos traços de personalidade são expressos na voz de uma pessoa e se outros são sensíveis a estes sinais. Os empresários introvertidos da amostra pesquisada tiveram performace surpreendente.

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Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS Monografia apresentada ao Centro de Estudos da Voz – CEV, como pré-requisito para a conclusão do curso de Especialização em Voz São Paulo 2007 Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS Monografia apresentada ao Centro de Estudos da Voz – CEV, como pré-requisito para a conclusão do curso de Especialização em Voz Orientadora: Profa Dra. Mara Behlau São Paulo 2007 Ribeiro, Alessandra Perencin de Arruda Caracterização da comunicação oral de empresários extrovertidos e introvertidos/ Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro. --São Paulo, 2006. viii, 44f. Monografia - Especialização em Voz – Centro de Estudos da Voz. Título em inglês: Oral communication characterization of extraverts and introverts entrepreneurs. 1. voz. 2. comunicação. CENTRO DE ESTUDOS DA VOZ – CEV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM VOZ Coordenadora do Curso de Pós-Graduação: Profa. Dra. Mara Behlau Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP – EPM. Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS Presidente da banca: Profª Dra. Mara Suzana Behlau BANCA EXAMINADORA Profª. Gisele Gasparini Profª. Déborah Feijó Aprovada em: 14 / 03 / 2007 Dedicatória Ao Renato, amor da minha vida, que me mostrou um caminho cheio de novas possibilidades... Pelo apoio e incentivo, por sempre acreditar em mim e por viabilizar, mais uma vez, a concretização de um sonho. Aos meus queridos pais, pelo amor incondicional e por não medirem esforços para meu crescimento pessoal e profissional. Agradecimentos À querida orientadora Profa. Mara Behlau pelos seus ensinamentos, por me apoiar e me incentivar a seguir o ramo da fonoaudiologia empresarial e, principalmente, por ter sido minha inspiração como profissional desde os tempos da faculdade. À Gisele Gasparini pela disponibilidade e prontidão em me ajudar em todas as etapas deste trabalho e por ter me dado a honra de ser a banca examinadora da monografia. À Déborah Feijó, banca examinadora, pela atenção na leitura do trabalho. Às fonoaudiólogas karine Rech, Vanessa Pedrosa, Tatiana Villanova e Patrícia Bortolocci pelo auxílio e disponibilidade na análise das amostras de fala. Aos empresários, participantes voluntários desta pesquisa, que dispensaram parte de seu tempo contribuindo para o crescimento do conhecimento fonoaudiológico. Ao Luiz Fernando Garcia que fez parte da idéia inicial desta pesquisa e por ter viabilizado este trabalho fornecendo o resultado do instrumento MBTI ® dos empresários. À Stella Angerami e Fernanda Angerami por compartilharem comigo suas experiências e seus conhecimentos quanto à teoria do MBTI®, pela confiança em mim e no meu trabalho, e por me oferecerem a oportunidade de crescer pessoal e profissionalmente. Sumário Dedicatória ............................................................................................................ v Agradecimentos ............................................................................................................ vi 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1.1 Objetivos ......................................................................................................... 4 2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 5 3 MÉTODOS ................................................................................................................. 10 4 RESULTADOS .......................................................................................................... 16 5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 25 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 35 7 ANEXOS.............................................................................................................. 36 8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 39 Abstract Bibliografia Consultada Resumo Objetivo: Caracterizar a comunicação de empresários avaliados como extrovertidos e introvertidos de acordo com a escala extroversão-introversão do instrumento MBTI®. Método: Participaram deste estudo 32 empresários, do sexo masculino, submetidos ao questionário Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®). Para a coleta de dados os participantes responderam a uma pergunta quanto a sua auto-imagem comunicativa e posteriormente reproduziram oralmente um texto lido de conteúdo familiar gravado para análise. Os dados coletados com a reprodução oral do texto lido foram avaliados por meio de análise perceptivo-auditiva da fala considerando-se os seguintes parâmetros: tipo de voz, articulação, ressonância, loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, variação melódica, fluência, pausas silenciosas, pausas preenchidas, barreiras verbais, coordenação pneumofonoarticulatória, impressão do ouvinte quanto extroversão e introversão e nota global da apresentação; e pela análise temporal da fala para determinar o número de palavras faladas por segundo de cada participante. Resultados: A comunicação dos empresários extrovertidos caracterizou-se por: projeção vocal alterada (63,6%, n=14), tempo de fala menor (74 segundos) com emissão de maior número de palavras (178), velocidade de fala mais rápida (2,4 palavras por segundo), fluência adequada (59%, n=13), uso de pausas silenciosas adequadas (63,6%, n=14) e avaliação mais alta quanto ao desempenho comunicativo (nota=6,56). A comunicação dos empresários introvertidos caracterizou-se por: articulação bem definida (80%, n=8), projeção vocal adequada (80%, n=8), maior tempo de fala (75 segundos) com emissão de menor número de palavras (161), velocidade de fala mais lenta (2,14 palavras por segundo), fluência alterada (60%, n=6) caracterizada por prolongamentos, pausas silenciosas inadequadas (70%, n=7) caracterizadas como inapropriadas, auto-imagem comunicativa negativa (80%, n=8) e avaliação baixa quanto ao desempenho comunicativo (nota=6,17). Conclusão: Embora se acredite intuitivamente que os extrovertidos sejam melhores falantes, a análise do trabalho evidenciou que há bons falantes em ambos os grupos sendo que, muitas vezes, os aspectos formais de boa articulação dos sons da fala e projeção adequada da voz foram melhor controlados pelos introvertidos. Pela comunicação ser mais natural para o extrovertido ele pode correr o risco de não se preocupar com a forma em que ela é realizada. 1 INTRODUÇÃO Com o aumento da competitividade, a comunicação interpessoal tem sido um diferencial entre executivos e empresários de todo mundo. As facilidades de comunicação são um fenômeno do mundo contemporâneo, permitindo acesso às informações que representam para o homem moderno, particularmente para o empresário, o mais valioso instrumento que podem dispor. Para as empresas, a comunicação organizacional já não se concentra apenas em transmitir informações, mas também em mudar o comportamento dos colaboradores para que eles realizem um melhor trabalho, impulsionando a organização em direção a suas metas. Este tem sido um foco crescente para o desenvolvimento dos líderes empresariais. A comunicação não verbal de um líder pode ilustrar o estilo que as outras pessoas devem seguir, ajudando a criar a verdadeira imagem que a empresa apresenta a seus clientes (Carlzon, Lagerström, 2005). O processo de comunicação e a transmissão de ordens e mensagens podem ser captados de maneira diferente para emitir e para receber. Dessa forma, a implantação de uma comunicação adequada no setor empresarial é de suma importância, pois um líder para motivar e exercer sua liderança deverá transmitir mensagens se certificando de que a informação foi recebida como desejada e de ter atingido seu objetivo. Considerada um dos principais meios de comunicação, a voz permite ao ser humano expressar suas idéias e pensamentos, sendo responsável pela transmissão de grande parte do significado de uma mensagem. A existência da boa comunicação na empresa motiva a boa execução das tarefas, elimina incertezas, ambigüidades e produz confiança e segurança (Leite, 2001). O empresário transmite confiança, liderança, credibilidade e assertividade pela voz contribuindo com mudanças de comportamento em sua equipe e mobilizando pessoas para a construção de resultados. A capacidade de persuasão, elemento importante para o êxito das ações dos empresários quanto à influência e transformação de realidades, aumenta consideravelmente quando a voz é clara e bem definida. Durante a comunicação a personalidade do indivíduo é revelada pela sua qualidade vocal que, embora varie de acordo com o contexto da fala e com as condições físicas e psicológicas do indivíduo, possui um padrão básico de emissão que o identifica (Behlau, Ziemer, 1988). Uma qualidade vocal com ressonância equilibrada, intensidade adequada ao ambiente com tons de acordo com a mensagem e articulação bem definida expressa uma personalidade equilibrada. Pessoas autoritárias utilizam predominantemente tons graves, intensidade forte e velocidade de fala diminuída. Pessoas submissas possuem voz com pitch agudo, intensidade fraca, ressonância menos equilibrada e maior tensão dos articuladores. Pessoas extrovertidas possuem velocidade de fala acelerada, cometem menos pausas silenciosas e outros fenômenos de hesitação, comparadas às introvertidas (Vasconcelos, 2005). Determinar se certos traços de personalidade são expressos na voz de uma pessoa e se outros são sensíveis a estes sinais tem sido foco de muitos estudiosos na área de comunicação. Dentre as características de personalidade a dimensão extroversão – introversão influencia na qualidade das interações com outros e sua efetividade na comunicação, aspectos essenciais no papel exercido pelos empresários. Os termos “extroversão” e “introversão” foram dotados de significados específicos por Carl Gustav Jung em sua teoria sobre os “Tipos Psicológicos” diferindo os seres humanos quanto ao direcionamento de suas energias. A palavra “extroversão” corresponde à preferência por focar a energia nas experiências do mundo exterior, das coisas e dos acontecimentos, e a palavra “introversão” à preferência por focar nas experiências do mundo interior, das idéias e pensamentos (Jung, 1967). Ao longo das décadas, os significados de “extroversão” e “introversão” foram mal interpretados no uso coloquial e, nos dias atuais, estes termos são utilizados erroneamente para descrever pessoas expansivas, faladoras e desinibidas (extrovertidas) ou pessoas tímidas e reservadas (introvertidas). Os indivíduos introvertidos apresentam uma atitude reservada e questionadora, normalmente são sutis e impenetráveis, freqüentemente taciturnos e tímidos, muito mais à vontade no mundo das idéias que no mundo das pessoas e coisas. A característica de desprendimento faz com que os introvertidos sejam pouco afetados pelo mundo exterior, demonstram brevidade impessoal de comunicação, com hesitação ao falar, emitindo apenas as suas conclusões, atitude que os limita à exposição e à fama, mas os liberta de enormes demandas exteriores (Myers, Myers, 1997). Alguns estudos revelam que extrovertidos transmitem melhor imagem comunicativa e refletem qualidades como dominância, abertura e relaxamento quando interagem com outros sendo mais atrativos socialmente que os introvertidos. Para o empresário, transmitir imagem positiva por meio da sua comunicação é imprescindível para defender seus propósitos e valores junto à sociedade e sustentar a credibilidade no relacionamento com seus clientes, além de manter a sinergia e motivação dos funcionários. Desenvolvido com base na teoria sobre os Tipos Psicológicos de Carl Gustav Jung o instrumento Myers-Briggs Type Indicator - MBTI® é um dos mais avançados instrumentos de verificação de preferências pessoais, em especial quanto à extroversão e introversão. O indicador de tipos MBTI®, elaborado pelas americanas Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, tem sido amplamente utilizado no mundo empresarial para ajudar pessoas e organizações na compreensão das diversidades individuais. Atualmente, há uma hipervalorização da objetividade que favorece a orientação extrovertida (Rosa, 2005), sendo que no ambiente empresarial, onde a velocidade das informações exige maior rapidez para a tomada de decisões e ações imediatas, os introvertidos são menos valorizados por sua característica reservada e preferência por comunicar-se individualmente e verbalizar após ter pensado profundamente sobre o assunto. Desde a década de 1960, estudiosos da área de psicologia e sociologia têm investigado a maneira pela qual a personalidade se expressa na fala. Relacionar as similaridades e diferenças comunicativas entre os empresários extrovertidos e introvertidos, com base em parâmetros de voz e fala, possibilita obter maior conhecimento sobre a influência da personalidade na voz. A partir dessa relação o fonoaudiólogo pode direcionar sua atuação para minimizar as dificuldades e aprimorar as habilidades comunicativas dos empresários e, conseqüentemente, auxiliá-los no sucesso pessoal e profissional. 1.1 OBJETIVO 1.1 Objetivo geral: O objetivo do trabalho é caracterizar a comunicação de empresários avaliados como extrovertidos e introvertidos de acordo com a escala extroversão-introversão do instrumento MBTI®. 1.2 Objetivos específicos:  Comparar a comunicação de empresários introvertidos e extrovertidos.  Verificar de acordo com a personalidade os seguintes parâmetros: tipo de voz, articulação, ressonância, loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, variação melódica, fluência, pausas silenciosas, pausas preenchidas, barreiras verbais e coordenação pneumofonoarticulatória. 2 REVISÃO DA LITERATURA Jung (1967) chamou os tipos gerais de disposição de “introvertido” e “extrovertido” e descreveu suas diferenças como facilmente perceptíveis e encontráveis em absolutamente todas as camadas da população. Para o autor, a extroversão e a introversão são duas atitudes naturais antagônicas entre si. Kramer, Aronovitch (1970) revelaram em sua pesquisa sobre a percepção auditiva da voz de extrovertidos e introvertidos, que os ouvintes não identificaram corretamente a extroversão dos falantes, mas foram consistentes em seus julgamentos quanto à extroversão-introversão do falante nas diferentes tarefas solicitadas. Os autores concluíram que certas vozes soam introvertidas ou extrovertidas, independentemente das tarefas atribuídas, como instruções ao telefone ou descrição de fortes emoções. Allport, Cantril (1978) estudaram a habilidade de sujeitos leigos para julgar a personalidade baseada na qualidade de voz. Na maioria das amostras, os sujeitos foram capazes de identificar um grau de extroversão-introversão do falante. Ramsay (1978) em sua pesquisa sobre a razão som/silêncio de extrovertidos e introvertidos relatou que os extrovertidos exibiram pausas silenciosas mais curtas entre as frases que os introvertidos nas tarefas de leitura, fala espontânea e descrição de figuras. Addington (1978) reconheceu que os julgamentos estereotipados dos sinais vocais ocorrem regularmente e explorou a natureza específica desses estereótipos. Ele utilizou quatro falantes treinados para simular sete qualidades vocais em três níveis de velocidade de fala para ouvintes leigos julgarem. Os resultados mostraram que conforme os falantes aumentavam a velocidade de fala mais eles eram percebidos como extrovertidos, porém essa percepção apenas ocorreu para falantes do sexo feminino. Siegman (1978) demonstrou que a dimensão extroversão-introversão está correlacionada significantemente com vários índices temporais. Em suas pesquisas encontrou que os extrovertidos podem ser diferenciados dos introvertidos pelo seu tempo de fala e, ainda, que a extroversão está associada com fala mais rapidamente articulada e mais fluente. Scherer (1979) descobriu, no caso dos falantes americanos, que os juízes podiam identificar corretamente a extroversão. Segundo o autor, os sinais associados à extroversão do orador, quando comparados à introversão, são: maior fluência (pausas mais curtas quando a vez de falar muda de um para outro falante, pausas silenciosas mais curtas durante a fala de uma pessoa, menos hesitações); ritmo mais rápido; fala mais alta; contraste mais dinâmico e timbre mais variável. Scherer, Scherer (1981) descrevem os extrovertidos típicos como pessoas sociáveis, despreocupadas e desembaraçadas, com desejo de agitação, geralmente impulsivos na ação; possuem uma resposta pronta para verbalizar, com tendência a ser agressivo e perder o controle rapidamente. Os autores ainda descrevem os introvertidos típicos como pessoas quietas, retraídas, introspectivas, aficionadas por livros mais que pessoas, reservadas e distantes, que não gostam de agitação e mantêm seus sentimentos sob controle, raramente se comportam de maneira agressiva e não perdem o controle facilmente. Behlau, Ziemer (1988) fazem referência à voz como uma das extensões mais fortes de nossa personalidade, sendo esta extensão mais profunda em sua dimensão não-verbal (altura, intensidade, qualidade vocal etc) do que na verbal (estrutura lingüística). Burgoon, Birk, Pfau (1990) concluíram que os sinais: fala fluente, não-hesitante; latências de resposta menores; variação de diapasão; fala mais alta e mais rápida; estão associados à maior persuasão, credibilidade e competência. Hirsh, Kummerow (1995) postularam que os extrovertidos falam concentrados em pessoas e coisas do ambiente externo, comunicam-se com energia e entusiasmo, respondem rapidamente sem longas pausas para pensar, gostam de falar antes de chegar a conclusões e procuram oportunidades para se comunicar em grupo; e que os introvertidos falam concentrados nas idéias e pensamentos internos, mantêm a energia e o entusiasmo internamente, gostam de pensar antes de responder, procuram oportunidades para se comunicar individualmente e verbalizam conclusões que já foram bastante pensadas. Myers (1995) define os extrovertidos como pessoas que costumam focalizar o mundo externo das pessoas e eventos, direcionando sua energia e atenção para fora e recebendo energia de eventos, experiências e interações externas; os introvertidos como pessoas que costumam focalizar sua atenção no seu próprio mundo interior de idéias e experiências, direcionando sua energia e atenção internamente e recebendo energia de pensamentos, sentimentos e reflexões internas. Boone (1996) compara a voz como uma impressão digital, sendo a voz e o padrão da fala humana incrivelmente distintos. Segundo o autor, as impressões digitais de nossas vozes são compostas por diversos comportamentos de fala-voz que agem em combinação e separadamente, tais como: o número de palavras pronunciadas em uma respiração, velocidade e ritmo da fala, altura, intensidade e nível de relaxamento ou tensão da voz. Colton, Casper (1996) definem a voz como um poderoso instrumento que não apenas transmite a mensagem, mas também acrescenta algo ao seu sentido. Além de seu papel como transmissora de palavras, a voz é também um meio de expressão de emoção e age como um espelho do eu interior das pessoas. É um reflexo da personalidade do indivíduo. Myers, Myers (1997) afirmam que os extrovertidos geralmente são mais acessíveis, compreensíveis e expansivos, que possuem facilidade em se comunicar; enquanto que os introvertidos costumam ser sutis, impenetráveis, freqüentemente taciturnos e tímidos que reprimem suas emoções e tendem a hesitar para falar. De acordo com os autores, os extrovertidos são mais persuasivos ao vender uma idéia a superiores, associados e subordinados por saberem se expressar livremente. Smith (1998) destacou a importância da comunicação adequada entre pessoas diferentes para o sucesso das organizações. A autora acredita que ao aprendermos como ajustarmos nossa comunicação aos diferentes indivíduos, grupos e assuntos apropriadamente, podemos causar um impacto no resultado de toda a organização. Refere que o instrumento de avaliação Myers-Briggs Type Indicator - MBTI® fornece um estrutura lógica da diferença de personalidade que pode aumentar a compreensão mútua e capacitar as pessoas a identificar e responder positivamente a outras que tenham personalidade diferente. Knapp, Hall (1999) comentam que muitas pesquisas tentaram determinar se certos traços de personalidade são expressos na voz de uma pessoa e se os outros são sensíveis a esses sinais vocais associados à personalidade e concluem que os resultados destes estudos foram confusos. Os autores citaram em seu texto sobre sinais vocais e personalidade que é comum encontrar alta concordância entre os avaliadores com relação à presença de certas características de personalidade e alta correspondência entre as percepções dos avaliadores e os critérios de medidas reais na comparação entre algumas vozes e traços de personalidade; contudo é comum encontrar pouca concordância entre as percepções de personalidade dos avaliadores. Opt, Loffredo (2000) em pesquisa quanto à comunicação de extrovertidos e introvertidos nas situações em grupo, diálogo, reuniões e em público relataram que os introvertidos apresentaram maiores níveis de apreensão à comunicação que os extrovertidos em todas as situações apresentadas. O achado desta pesquisa apóia a teoria que o foco constante do introvertido é no mundo interno das idéias e conceitos e a atenção do extrovertido é focado nos objetos e pessoas do ambiente. Os autores explicam, ainda, que a tendência ou necessidade de evitar comunicação poderia ser considerada problemática ou anormal apenas pelos olhos dos extrovertidos, pois para um introvertido, é normal não se expressar abertamente e compartilhar idéias. Behlau (2001) ressalta que uma pessoa modifica a voz constantemente, de acordo com a situação e o contexto da comunicação, sobretudo no que diz respeito aos seus interlocutores. Apesar dessa limitação, existem algumas relações básicas entre os ajustes motores empregados, certas características da personalidade do falante e os efeitos causados no ouvinte, e são essas relações básicas que o fonoaudiólogo deve procurar compreender na avaliação. Block (2002) lembra que cada ser humano se caracteriza pela voz de uma maneira única e define a voz como a expressão sonora da personalidade. Lessa (2002) em sua tese sobre cooperação e complementaridade em equipes de trabalho explica as diferenças entre “extroversão” e “introversão”. Segundo a autora, na extroversão observam-se a atenção para a ação, impulsividade (ação antes de pensar), comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Ela explica que esse aspecto favorece a adaptação do extrovertido às condições externas, normalmente de forma mais fácil do que para o indivíduo introvertido. E, ainda, contrapõe que na introversão se observa uma ação voltada para o interior, hesitabilidade, o pensar antes de agir; postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição e facilidade de expressão no campo da escrita. Amaral (2003) analisou a importância da voz e das habilidades de comunicação no processo seletivo de líderes empresariais. Em sua pesquisa observou que a voz encontra-se entre os três primeiros componentes da comunicação mais importantes para um selecionador, destacando: boa articulação, pronúncia correta, velocidade de fala moderada, entonação de fala, ênfase de palavras e fala neutra como fatores decisivos na seleção entre dois candidatos. Opt, Loffredo (2003) relatam que a estrutura das preferências do instrumento elaborado por Myers e Briggs (Myers-Briggs Type Indicator - MBTI®) fornece uma maneira para examinar e entender conexões entre tipo de personalidade e estilo de comunicação. Em estudo com 60 estudantes, entre 21 e 60 anos, os autores observaram que indivíduos extrovertidos tendem a ter uma imagem comunicativa mais positiva que os introvertidos e reforçaram a idéia de que introvertidos tendem a ser socialmente prejudicados por causa de suas preferências comunicativas. Os resultados da pesquisa mostraram que a personalidade diferencia-se no comportamento comunicativo, o que poderia ter implicações para o conforto do indivíduo e seu sucesso na sociedade. Segundo Zetune (2003), o introvertido apresenta tendência para ouvir bem, mas para compartilhar pouco suas idéias e pensamentos, por outro lado, o extrovertido apresenta tendência para falar bastante e ouvir pouco. Brock (2005) identificou que os extrovertidos tendem a falar mais rápido, ininterruptamente, com volume mais alto da voz dando a impressão de pensar alto; e os introvertidos tendem a pausar antes de responder ou dar informação, com volume de voz mais baixo e emissão de sentenças mais curtas. 3 MÉTODOS Este estudo, que visa caracterizar a comunicação oral de empresários extrovertidos e introvertidos identificados pelo instrumento Myers-Briggs Type Indicator, recebeu a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Estudos da Voz – CEV. Participaram deste estudo 32 empresários, com faixa etária entre 26 e 61 anos e média de 42 anos, do sexo masculino, de três cidades do interior paulista: Ibitinga, Vargem Grande do Sul e Mirassol. Todos os sujeitos envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação voluntária (Anexo 1). Como critério de inclusão foram selecionados empresários que haviam sido submetidos ao questionário Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®), aplicado por um profissional qualificado para esta tarefa (gráfico 1). Estatisticamente comprovado quanto à identificação das preferências mentais, o MBTI ® foi selecionado para este estudo, pois fornece uma estrutura para examinar similaridades e diferenças nos traços de personalidade em especial quanto à preferência pela extroversão ou introversão. O MBTI®, indica as preferências mentais em quatro escalas, cada qual com dois pólos opostos, a saber: Escala da Energia: Extroversão (E) e Introversão (I); Escala da Percepção: Sensorial (S) e Intuitivo (N); Escala do Julgamento: Pensamento (T) e Sentimento (F); Escala do Estilo de Vida: Julgamento (J) e Percepção (P). A “Extroversão” indica a preferência por tirar energia do mundo exterior das pessoas, atividades ou coisas; e a “Introversão”, a preferência por tirar energia do mundo interior das idéias, emoções ou impressões pessoais. “Sensação” indica a preferência por obter informações através dos cinco sentidos, concentrando-se em fatos e observando aquilo que é real; a “Intuição” indica a preferência por obter informações através do "sexto sentido", concentrando-se em princípios e observando as possibilidades. “Pensamento” refere-se à preferência por organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira lógica e objetiva; o “Sentimento” à preferência por organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira pessoal e orientada para os valores. “Julgamento” corresponde à preferência por ter uma vida organizada e planejada; e “Percepção” corresponde à preferência por ter uma vida espontânea e flexível. Das quatro escalas de preferência que o instrumento MBTI® indica, foram consideradas para este estudo as escalas extroversão-introversão, sensação-intuição e pensamento-sentimento. A escala julgamento-percepção não foi analisada estatisticamente, pois apenas um empresário foi avaliado como perceptivo. Este estudo foi realizado em 2 etapas, a saber: 1 - Coleta de dados: os participantes foram submetidos a uma pergunta quanto a sua auto-imagem comunicativa; em seguida, receberam um texto e foram orientados a ler de uma a três vezes para que pudesse reproduzi-lo oralmente; posteriormente, a reprodução oral do texto lido foi gravada para análise. 2 – Análise dos dados: primeiramente os dados coletados com a reprodução oral do texto lido foram submetidos à análise perceptivo-auditiva da fala de acordo com parâmetros previamente estabelecidos; em seguida a mesma reprodução oral do texto foi submetida à análise temporal da fala para determinar o número de palavras faladas por segundo de cada participante. Para verificar a auto-imagem comunicativa dos sujeitos, anteriormente à obtenção da amostra de fala, todos os participantes do estudo foram solicitados a responder “sim” ou “não” à questão: “Você acredita que fala bem?”. Para a obtenção dos dados da amostra, foi selecionado um texto para leitura de conteúdo familiar a esse grupo de empresários (Anexo 2). Os participantes foram orientados a ler o texto de uma a três vezes e, em seguida, reproduzi-lo oralmente para a gravação. O conteúdo da fala dos trinta e dois empresários foi gravado em mini disc (MD) em sistema analógico Portable mini disc Recorder MZ-R37 da marca Sony® e microfone com captação unidirecional da marca Shure SM58. Durante a gravação os participantes permaneceram sentados, mantendo uma distância de quatro centímetros entre a boca e o microfone. A coleta dos dados foi realizada na própria empresa do participante em ambiente silencioso. As amostras de fala foram reproduzidas em um CD-R com ordem aleatória e submetidas a uma análise perceptivo-auditiva realizada por três fonoaudiólogas especialistas em voz. No material preparado para avaliação, houve a repetição de 10% das amostras de fala para testar a concordância intra-sujeitos e verificar a confiabilidade das análises das juízas. As fonoaudiólogas, individualmente, foram orientadas a ouvir uma única vez e assinalar imediatamente os aspectos comunicativos identificados de cada amostra seguindo um protocolo (Anexo 3) especialmente elaborado para esta análise. Para analisar a comunicação oral dos empresários foi realizada uma avaliação perceptivo-auditiva dos seguintes parâmetros: tipo de voz, articulação, ressonância, loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, variação melódica, fluência, pausas silenciosas, pausas preenchidas, barreiras verbais, coordenação pneumofonoarticulatória, impressão do ouvinte quanto extroversão e introversão e nota global da apresentação. No tipo de voz observou-se o padrão básico de emissão do indivíduo, que está relacionado com a seleção de ajustes motores empregados durante a movimentação do trato vocal. Para a análise foi utilizada a classificação “adequada”, correspondente à produção vocal aceitável socialmente e que não interfere na inteligibilidade da fala e alterada que corresponde à produção vocal não aceitável como marcadores sociais, culturais ou emocionais. Quando julgada “alterada”, a voz foi classificada pelo tipo e pelo grau: leve, moderado ou severo. O padrão articulatório diz respeito ao processo de ajustes motores dos órgãos fonoarticulatórios na produção e formação dos sons da fala (Behlau, Pontes, 1995), tendo sido classificado no protocolo deste estudo como articulação adequada e alterada. A articulação alterada foi sub-classificada em imprecisa, travada, exagerada ou com distúrbio articulatório. Uma articulação adequada corresponde à presença de sons bem-definidos e indica o controle da dinâmica fonoarticulatória transmitindo ao ouvinte franqueza, desejo de ser compreendido, clareza de idéias e credibilidade. A articulação imprecisa ocorre quando há falta de exatidão na constituição das palavras, com sons distorcidos ou emitidos sem a necessária precisão dificultando a inteligibilidade da mensagem e podendo indicar dificuldades na organização mental, não preocupação em ser compreendido ou mesmo falta de vontade em se comunicar. A articulação travada é percebida na presença de redução da amplitude do movimento da mandíbula transmitindo ao ouvinte tensão, agressividade e contenção de sentimentos. A articulação exagerada, facilmente detectada pelo ouvinte em função do movimento exacerbado dos órgãos fonoarticulatórios durante a fala, indica certo grau de narcisismo (Behlau, Pontes, 1995). Foram classificados como distúrbios articulatórios: presença de trocas, omissões ou distorções fonêmicas. O sistema de ressonância é composto de órgãos e estruturas que participam do aparelho fonador e da produção do som. Ressonância refere-se à concentração de freqüências acústicas ou harmônicas específicas nas cavidades do trato vocal (Sataloff, 1991). O foco ressonantal pode ser adequado, ou seja, equilibrado com a participação harmônica dessas estruturas ou alterado, neste caso, com predominância laringofaríngea, nasal ou oral. Quando adequado possibilita ao falante conseguir nuançes em suas expressões e exteriorizar melhor suas emoções. O foco ressonantal laringo- faríngeo confere à voz com qualidade comprimida ou tensa-estrangulada, geralmente encontrada em pessoas com dificuldade de trabalhar sentimentos de agressividade e que se encontram desgastadas ou sobrecarregadas. A concentração de energia na cavidade da boca, ressonância oral, pode revelar uma personalidade de caráter narcisista. O uso excessivo ou insuficiente da cavidade do nariz, ressonância nasal, quando descartados os fatores orgânicos ou funcionais de alteração no palato mole, pode estar relacionado a características emocionais de afetividade e sensualidade. Loudness refere-se à sensação psicofísica de intensidade, ou seja, é a forma como percebemos a intensidade da voz do outro. Consideramos neste estudo a classificação: adequada, forte ou fraca. Em geral, o volume da voz é proporcional à intensidade do tom fundamental e à gravidade tonal. Mas não é exatamente o mesmo. O volume é o resultado da combinação da intensidade e uma apropriada emissão sonora (Perelló, Caballé, Guitart, 1975). Denomina-se como pitch a sensação psicofísica da freqüência fundamental (Behlau, Pontes, 1995). O pitch é analisado com base na idade, sexo e personalidade da pessoa. Para este estudo, consideramos pitch adequado quando compatível com os critérios descritos e alterado quando um dos critérios de idade, sexo ou personalidade não seja compatível, neste caso, a alteração foi classificada em grave ou agudo. O pitch tem relação direta com a intenção do discurso, mas em geral, pessoas de personalidade mais autoritária apresentam vozes mais graves e pessoas menos dominadoras, mais dependentes, tendem a emissões mais agudas, semelhantes às vozes infantis. Para este estudo classificamos a projeção da voz no espaço como adequada, alterada excessiva e alterada reduzida de acordo com o ambiente. O termo projeção vocal está muito intrincado ao volume, como definem Perelló, Caballé, Guitart, (1975), chama-se volume de uma voz a capacidade do som emitido para chegar ao espaço. Velocidade é o número de palavras por minuto de texto corrido. Alterações na velocidade freqüentemente comprometem a efetividade da transmissão da mensagem. Do ponto de vista psicodinâmico, uma velocidade lenta desliga o ouvinte e passa a impressão de lentidão de pensamento e falta de organização de idéias, ao passo que uma velocidade elevada pode expressar vontade de omitir dados do discurso, além de refletir ansiedade e tensão. A variação melódica refere-se à expressividade que a voz transmite a mensagem sendo responsável pelas curvas melódicas no discurso. A entonação associada às pausas constitui elementos importantes nas apresentações. Sem esses recursos, a fala pode tornar-se monótona, menos inteligível e eficiente, levando o ouvinte ao desinteresse. Uma entonação adequada ao discurso, juntamente com as pausas, tende a provocar um forte efeito emocional no ouvinte. A variação melódica foi classificada para este estudo como adequada ou alterada sendo esta sub-classificada em excessiva, restrita ou repetitiva. A fluência adequada caracteriza-se pela fluidez da linguagem falada, sua continuidade e espontaneidade, com a integração das palavras na frase que concatenam as idéias. Para este estudo, foram considerados como alterada a presença de hesitações, repetições e prolongamentos comprometendo a inteligibilidade da fala. Pausa silenciosa refere-se ao tempo utilizado para efetivarmos a respiração. Nas pausas breves, utilizadas durante o encadeamento de um período de fala e outro, a inspiração deve ser mais rápida e superficial. Nas pausas longas, as inspirações devem ser mais profundas, para que o falante possa reenergizar o corpo e organizar o pensamento. As pausas possibilitam dar ênfase natural às partes do discurso que se quer salientar. O uso das pausas interfere no ritmo da fala durante as apresentações, evitando a produção rápida de palavras pronunciadas todas juntas ou muito lenta. As pausas são classificadas como adequadas quando não interferem na mensagem, e alteradas quando há prejuízo na mensagem por serem excessivas, reduzidas ou inapropriadas, ou seja, quando não correspondem ao contexto do discurso. Utiliza-se o termo pausa preenchida quando o silêncio é substituído por sons prolongados como “ahn” ou “uhm”, neste caso, será considerada adequada ou inadequada de acordo com a interferência causada na inteligibilidade da mensagem. Barreiras verbais são palavras e expressões repetitivas tais como “tá”, ”então”, “né”, capazes de tornar a comunicação ineficiente cortando o segmento do pensamento e da compreensão do conteúdo transmitido (Rolim, 2001). Neste estudo foram consideradas como barreiras verbais o emprego de gírias, nomes insultuosos, palavras e expressões repetidas e palavras com erros gramaticais. A coordenação pneumofonoarticulatória (CPFA) é o resultado da inter-relação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas da laringe e musculares da articulação. Ela pode estar adequada ou alterada. Uma emissão com coordenação pneufonoarticulatória adequada transmite ao ouvinte a sensação de estabilidade, domínio da fonação e harmonia. Uma incoordenação pneufonoarticulatória pode comprometer acentuadamente a inteligibilidade da fala. O perfil introvertido ou extrovertido do falante foi avaliado de acordo com a impressão das fonoaudiólogas em relação à fala e posteriormente comparado com o real perfil indicado pelo instrumento MBTI®. Para esta análise, as fonoaudiólogas utilizaram sua interpretação usual quanto à extroversão e introversão. Cada indivíduo recebeu uma nota global da apresentação analisada em uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) sendo “0” correspondente a “péssimo”; e “10” correspondente a “excelente”, de acordo com a impressão das avaliadoras quanto à competência comunicativa do falante. Para verificar o tempo de fala com relação ao número de palavras de cada participante, as amostras de fala foram transcritas e cronometradas. Os dados resultantes da avaliação perceptivo-auditiva, da análise temporal da fala e da questão quanto à auto-imagem respondida pelos participantes foram tabelados e analisados estatisticamente. Método Estatístico Na análise descritiva, as variáveis categóricas foram resumidas em freqüências simples e relativas (porcentagens). As variáveis quantitativas foram expressas em médias, medianas, desvio padrão, valores mínimos e máximos. Para as comparações em relação a variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-quadrado ou o Teste Exato de Fisher. Para as variáveis numéricas foi utilizado o teste t de Student para variáveis com distribuição normal e o teste de Mann-Whitney para variáveis em que normalidade não pôde ser assumida. Foram consideradas estatisticamente significantes as diferenças cujos níveis descritivos (valores de p) foram inferiores a 0,05. O programa estatístico utilizado foi o SPSS versão 11.0. Gráfico 1 – Distribuição da população estudada segundo as escalas do MBTI® 31 35 30 23 22 Extroversão (E) 26 Introversão (I) 25 20 15 Sensação (S) 10 Intuição (N) Pensam ento (T) 9 6 10 1 5 Sentimento (F) Julgamento (J) 0 Percepção (P) ExI Sx N TxF JxP 4 RESULTADOS Os dados analisados nesse estudo são referentes à reprodução oral de texto de 32 empresários paulistas submetida à avaliação perceptivo-audtiva do perfil vocal. O objetivo geral do trabalho foi comparar o perfil vocal e de fala dos empresários extrovertidos e introvertidos segundo a classificação MBTI®. A tabela 1 demonstra a relação entre a impressão dos avaliadores quanto à extroversão e introversão e as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e Pensamento-Sentimento do MBTI® . A tabela 2 refere-se à distribuição numérica e percentual da resposta à questão sobre a auto-imagem apresentada pelos indivíduos de acordo com as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e Pensamento-Sentimento do MBTI®. A tabela 3 mostra os valores médios e mediana da nota global de apresentação, tempo de fala, número de palavras faladas, e número de palavras por segundo de acordo com as escalas do MBTI®. A tabela 4 apresenta a relação entre adequação e alteração dos parâmetros vocais e de fala de acordo com a escala Extroversão (E) e Introversão (I). A tabela 5 demonstra a relação entre adequação e alteração dos parâmetros vocais e de fala de acordo com a escala Sensação (S) e Intuição (N). A tabela 6 refere-se à relação entre adequação e alteração dos parâmetros vocais e de fala de acordo com a escala Pensamento (T) e Sentimento (F). A tabela 7 apresenta a classificação dos parâmetros vocais alterados de acordo com as preferências das escalas do MBTI®. A tabela 8 apresenta os tipos de alterações de fluência observados pelos avaliadores de acordo com as escalas do MBTI®. Tabela 1 – Impressão dos avaliadores quanto à extroversão e introversão de acordo com as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição Pensamento-Sentimento do MBTI® Avaliação perceptivo-auditiva Avaliação pelo MBTI® Extrovertido Introvertido Total n % n % n % Extroversão 10 45,5 12 54,5 22 100 Introversão 5 50,0 5 50,0 10 100 Sensação 7 30,4 16 69,9 23 100 Intuição 8 88,9 1 11,1 9 100 Pensamento 10 38,5 16 61,5 26 100 Sentimento 5 83,3 1 16,7 6 100 Total 45 46,87 51 53,13 96 100 p >0,999 0,005 0,076 e Tabela 2 – Distribuição numérica e percentual da resposta à questão sobre a auto-imagem apresentada pelos indivíduos de acordo com as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e Pensamento-Sentimento do MBTI® Auto-imagem Avaliação pelo MBTI® Fala bem Não fala bem Total p n % n % n % Extroversão 10 45,5 12 54,5 22 100 Introversão 2 20 8 80 10 100 Sensação 8 34,8 15 65,2 23 100 Intuição 4 44,4 5 55,6 9 100 Pensamento 8 30,8 18 69,2 26 100 Sentimento 4 66,7 2 33,3 6 100 Total 36 37,5 60 62,5 96 100 0,248 0,696 0,165 Tabela 3 – Valores médios e mediana da nota global de apresentação, tempo de fala e número de palavras faladas, e número de palavras faladas por segundo de acordo com as escalas do MBTI® Nota Global Tempo de fala (segundos) Número de palavras Avaliação pelo MBTI® Extroversão média mediana 6,56 6,67 p média Mediana 74 69 0,388 Introversão 6,17 6 Sensação 6,22 6 Pensamento 7 7,34 6,32 6,67 75,11 84 86,39 78 6,95 6,50 mediana 177,68 175 67,56 65, 78,27 69 161,44 161 192,70 184 95,50 2,40 2,14 2,23 0,647 172,78 153 178,96 162 0,078 93,33 p 0,587 0,323 0,249 Sentimento média 0,925 0,090 Intuição p Palavras por segundo 2,55 2,28 0,043 222,33 222 2,38 Tabela 4 – Adequação e alteração dos parâmetros vocais de acordo com a escala Extroversão (E) e Introversão (I) Adequado Parâmetros vocais e de fala E Alterado I E I p n % n % n % n % Tipo de voz 15 68,2 6 60 7 31,8 4 40 0,703 Articulação 12 54,5 8 80 10 45,5 2 20 0,248 Ressonância 16 72,7 7 70 6 27,3 3 30 >0,999 Loudness 21 95,5 8 80 1 4,5 2 20 0,224 17 77,3 6 60 5 22,7 4 40 0,407 8 36,4 8 80 14 63,6 2 20 0,022 31,8 4 40 0,703 Pitch Projeção vocal Velocidade 15 68,2 6 60 7 Variação melódica 12 54,5 7 70 10 45,5 3 30 0,467 Fluência 13 59,1 4 40 9 40,9 6 60 0,450 Pausas silenciosas 14 63,6 3 30 8 36,4 7 70 0,128 Pausas preenchidas 10 45,5 5 50 12 54,5 5 50 >0,999 Barreiras verbais 12 54,5 6 60 10 45,5 4 40 >0,999 CPFA 18 81,8 6 60 4 18,2 4 40 0,218 Tabela 5 – Adequação e alteração dos parâmetros vocais de acordo com a escala Sensação (S) e Intuição (N) Adequado Parâmetros vocais e de fala S Alterado N S N p n % n % n % n % Tipo de voz 14 60,9 7 77,8 9 39,1 2 22,2 0,441 Articulação 14 60,9 6 66,7 9 39,1 3 33,3 >0,999 Ressonância 15 65,2 8 88,9 8 34,8 1 11,1 0,383 20 87 9 100 3 13,0 0 0 0,541 14 60,9 9 100 9 39,1 0 0 0,035 Projeção vocal 9 39,1 7 77,2 14 60,9 2 22,2 0,113 Velocidade 13 56,5 8 88,9 10 43,5 1 11,1 0,115 Variação melódica 11 47,8 8 88,9 12 52,2 1 11,1 0,050 Fluência 10 43,5 7 77,8 13 56,5 2 22,2 0,122 Pausas silenciosas 9 39,1 8 88,9 14 60,9 1 11,1 0,018 Pausas preenchidas 10 43,5 5 55,6 13 56,5 4 44,4 0,699 52,2 2 22,2 0,235 21,7 3 33,3 0,654 Loudness Pitch Barreiras verbais 11 47,8 7 77,8 12 CPFA 18 78,3 6 66,7 5 Tabela 6 – Adequação e alteração dos parâmetros vocais de acordo a escala Pensamento (T) e Sentimento (F) Adequado Parâmetros vocais e de fala T Alterado F T F p n % n % n % n % Tipo de voz 16 61,5 5 83,3 10 38,5 1 16,7 0,637 Articulação 15 57,7 5 83,3 11 42,3 1 16,7 0,370 Ressonância 18 69,2 5 83,3 8 30,8 1 16,7 0,648 Loudness 23 88,5 6 100 3 11,5 0 0 >0,999 19 73,1 4 66,7 7 26,9 2 33,3 >0,999 Projeção vocal 10 38,5 6 100 16 61,5 0 0 0,018 Velocidade 18 69,2 3 50,0 8 30,8 3 50,0 0,390 Variação melódica 16 61,5 3 50,0 10 38,5 3 50,0 0,666 Fluência 14 53,8 3 50,0 12 46,2 3 50,0 >0,999 Pausas silenciosas 14 53,8 3 50,0 12 46,2 3 50,0 >0,999 53,8 3 50,0 >0,999 Pitch Pausas preenchidas 12 46,2 3 50,0 14 Barreiras verbais 14 53,8 4 66,7 12 46,2 2 33,3 0,672 CPFA 21 80,8 3 50,0 5 19,2 3 50,0 0,148 Tabela 7 – Classificação dos parâmetros vocais alterados de acordo com as preferências das escalas do MBTI® Avaliação pelo MBTI® E Parâmetros vocais alterados I S N T F n % n % n % n % N % n % Rouca 1 14,29 3 75 3 33,33 1 50 3 30 1 100 Rouca –soprosa 1 14,29 0 0 0 0 1 50 1 10 0 0 Rugosa 1 14,29 0 0 1 11,11 0 0 1 10 0 0 Crepitante 4 57,14 1 25 5 55,56 0 0 5 50 0 0 Leve 7 100 4 100 9 100 2 100 10 100 1 100 Moderada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 severa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Imprecisa 10 100 1 50 8 88,89 3 100 10 90,90 1 100 Travada 0 0 1 50 1 11,11 0 0 1 11,10 0 0 exagerada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Laringo-faríngea 5 83,33 2 66,67 7 87,50 0 0 6 75 1 100 Oral 1 16,67 1 33,33 1 12,50 1 100 2 25 0 0 Nasal 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Tipo de voz Grau de alteração Articulação Ressonância Loudness Forte 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Fraca 1 100 2 100 3 100 0 100 3 100 0 0 Grave 3 60 2 50 5 55,55 0 0 5 71,42 0 0 agudo 2 40 2 50 4 44,45 0 0 2 28,58 2 100 Excessiva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Reduzida 14 100 2 100 14 100 2 100 16 100 0 0 Aumentada 3 42,85 0 0 2 20 1 100 1 12,5 2 66,67 Reduzida 4 54,15 4 100 8 80 0 0 7 87,5 1 33,33 Pitch Projeção vocal Velocidade Variação melódica Excessiva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Restrita 6 60 1 33,33 7 58,33 0 0 6 60 1 33,33 Repetitiva 4 40 2 66,67 5 41,67 1 100 4 40 2 66,67 Inapropriadas 7 87,50 6 85,71 12 85,71 1 100 11 91,67 2 66,67 Excessivas 1 12,50 0 0 1 7,14 0 0 1 8,33 0 0 Reduzidas 0 0 1 14,29 1 7,14 0 0 0 0 1 33,33 Pausas silenciosas Tabela 8 - Classificação dos tipos de alterações de fluência observados pelos avaliadores de acordo com escalas MBTI® Alterações de fluência Avaliação pelo MBTI® Hesitações Repetições Prolongamentos Total n % n % n % n % Extroversão 12 31,58 13 34,21 13 34,25 38 100 Introversão 3 17,65 5 29,41 9 52,94 17 100 Sensação 14 27,45 18 35,29 19 37,26 51 100 Intuição 1 25 0 0 3 75 4 100 Pensamento 12 26,67 14 31,11 19 42,22 45 100 Sentimento 3 30 4 40 3 30 10 100 5 DISCUSSÃO Desde a década de 1960 o tema personalidade e comunicação tem sido foco de estudiosos das áreas de psicologia, psiquiatria e sociologia, a partir da década de 1980 os profissionais das áreas de administração e comunicação despertaram para a importância dos relacionamentos humanos no ambiente corporativo e empresarial e voltaram sua atenção para o autoconhecimento e entendimento da personalidade iniciando um movimento para o desenvolvimento profissional com ênfase no aperfeiçoamento da comunicação interpessoal. A atuação fonoaudiológica na área empresarial foi despertada em 1990 e, portanto, a busca por pesquisas não revelou trabalhos de primeira linha que possuem temática, objetivo e metodologia iguais a este estudo. Assim, foram selecionadas referências com metodologia de segunda e terceira linha para serem discutidas frente aos resultados desta pesquisa. Para competir em igualdade de condições no novo ambiente, a organização moderna precisou reavaliar a maneira como se comunicava com o público interno e externo para agregar valor e perspectiva à organização (Corrado, 1994, Smith, 1998). A percepção de que a comunicação pode causar um impacto direto no resultado final de um trabalho e que para motivar os empregados para a mudança é preciso comunicação e ação correspondente, gerou um movimento em busca da excelência da comunicação nas organizações levando os líderes empresariais a se mobilizarem para o aperfeiçoamento de sua própria comunicação. Características como boa articulação, pronúncia correta, velocidade de fala moderada, entonação de fala, ênfase de palavras e fala neutra são considerados aspectos vocais indispensáveis na comunicação de executivos e empresários (Amaral, 2003). A voz é composta por diversos comportamentos fala-voz que agem em combinação, é um meio de expressão de emoção e age como um espelho do eu interior das pessoas, é um reflexo da personalidade, sendo esta extensão mais profunda em sua dimensão não-verbal do que na verbal (Behlau, Ziemer, 1988, Colton, Casper,1996, Boone,1996, Block, 2002). Na literatura há uma alta concordância de que certas características da personalidade são expressos por meio da voz (Allport, Cantril,1978; Ramsay, 1978; Addington, 1978; Kramer, Aronovitch, 1970; Siegman, 1978; Scherer,1979; Scherer, Scherer, 1981; Myers, Myers, 1997; Behlau, Ziemer, 1988; Knapp, Hall,1999; Behlau, 2001; Brock, 2005; Vasconcelos, 2005), sendo que a dimensão extroversão-introversão tem sido a mais estudada dentre os conceitos de Carl Gustav Jung. Estudiosos defendem que os extrovertidos adaptam-se às condições externas normalmente de forma mais fácil do que os introvertidos em função de suas características como a atenção para a ação, impulsividade, comunicabilidade, sociabilidade, objetividade, persuasão e facilidade de expressão oral (Myers, Myers, 1997; Lessa, 2002; Rosa, 2005). Como demonstrado em capítulos anteriores, os conceitos extroversão e introversão têm sido utilizados amplamente no ambiente empresarial de forma indiscriminada e equivocada, levando a crenças de que o introvertido é prejudicado profissionalmente principalmente em função de sua pouca habilidade para comunicarse. Para garantir a confiabilidade da classificação dos empresários quanto à extroversão e introversão, foi selecionado para este estudo o instrumento Myers-Briggs Type Indicator - MBTI®. Este indicador de tipos permite identificar as preferências quanto à escala extroversão-introversão e entender conexões entre tipo de personalidade e estilo de comunicação (Smith,1998; Opt, Loffredo, 2003). A classificação do perfil dos empresários em extrovertido e introvertido foi realizada anteriormente ao início deste estudo por um profissional certificado e qualificado para aplicação do MBTI®. Dos 32 empresários, 22 (68,8%) foram classificados como extrovertidos e 10 (31,3%) como introvertidos de acordo com o inventário MBTI®. A relação maior de extrovertidos era esperada, visto que no Brasil, em uma amostragem de 71.483 indivíduos submetidos ao MBTI ®, 64,3% foram avaliados como extrovertidos e 35,7% como introvertidos, de acordo com pesquisa realizada no ano de 2005 pela empresa Right Saad Fellipelli, responsável pela tabulação do instrumento no Brasil. Optou-se por submeter os empresários a uma única e igual tarefa nas mesmas condições ambientais para minimizar interferências na execução e partir de um mesmo ponto de análise, mas ainda a preferência da escala extroversão-introversão produziu diferenças comportamentais. Para a avaliação da amostra de fala dos empresários, as três avaliadoras selecionadas eram fonoaudiólogas, especialistas em voz e que não tiveram acesso à teoria do MBTI®. No intuito de verificar a possibilidade de pessoas em geral reconhecerem indivíduos verdadeiramente extrovertidos ou introvertidos a partir da análise perceptivo-auditiva da voz, as avaliadoras não foram informadas quanto aos conceitos de extroversão e introversão utilizados neste estudo, portanto, para responder à pergunta quanto à impressão da fala introvertida ou extrovertida, as fonoaudiólogas utilizaram sua interpretação usual quanto à extroversão e introversão. Dos 22 empresários avaliados pelo MBTI® como extrovertidos, apenas 10 (45,5%) foram corretamente considerados pelas fonoaudiólogas como extrovertidos, sendo 12 (54,5%) considerados introvertidos e dos 10 empresários introvertidos avaliados pelo MBTI®, 5 (50%) foram considerados introvertidos e 5 (50%) considerados extrovertidos (Tabela 1). Estes resultados mostram não haver concordância entre a classificação do MBTI® e a avaliação das fonoaudiólogas demonstrando que a escala Extroversão-Introversão unicamente não pode ser utilizada para esta análise contrapondo aos achados de Allport, Cantrill (1934) e Scherer (1979) que defendem que os ouvintes podem identificar um grau de extroversão-introversão do falante e de Jung (1967) que descreveu as diferenças entre “introvertido” e “extrovertido” como facilmente perceptíveis até por um leigo. A relação da impressão do ouvinte com as três escalas do MBTI ® (SensaçãoIntuição, Pensamento-Sentimento e Extroversão-Introversão) corrobora com os achados de Kramer, Aronovitch (1970) que relataram que, apesar dos ouvintes não identificarem a extroversão do falante, certas vozes soam introvertidas ou extrovertidas. No presente estudo, houve associação estatisticamente significante entre a classificação do MBTI® e a impressão do avaliador na escala Sensação–Intuição, sendo que 88,9% (n=8) dos intuitivos foram percebidos como extrovertidos pelos avaliadores e 69,9% (n=16) dos sensoriais foram percebidos como introvertidos (p=0,005), e na escala Pensamento-Sentimento, apesar de não ser estatisticamente significante (p=0,076) o grupo de sentimentais foi avaliado como extrovertidos em 83,3% (n=5) e os pensadores foram considerados introvertidos em 61,5% (n=16) dos casos (Tabela 1). A tendência observada em estudos anteriores (Opt, Loffredo, 2003) de que há maior freqüência de imagem comunicativa negativa nos introvertidos que nos extrovertidos foi confirmada nesta pesquisa. Dos indivíduos que responderam que não falam bem, 80% (n=8) são introvertidos e 54,5% (n=12) extrovertidos (Tabela 2). Os introvertidos gostam de interagir com outros, mas essa interação requer maior energia em uma forma não experenciada pelos extrovertidos. Introvertidos precisam encontrar lugares silenciosos e atividades solitárias para recarregar a energia, isto não os impede de serem bons comunicadores. O fato dos extrovertidos estimularem os introvertidos a se expressarem abertamente e revelarem seus pensamentos, pode influenciar na autopercepção do introvertido quanto a seu desempenho comunicativo. O estereótipo de personalidade que tem sido notado quanto ao introvertido ser menos expressivo e, portanto ter pouca habilidade para se comunicar, pode implicar em desconforto do indivíduo e afetar sua auto-imagem comunicativa. O alto índice de introvertidos e extrovertidos que apresentaram auto-imagem negativa (n=20) evidenciada nesta pesquisa, pode ter sido influenciada pela supervalorização da imagem e a expectativa do alto desempenho que os líderes empresariais, quer sejam extrovertidos ou introvertidos, são acometidos quanto à sua forma de expressão nos dias atuais aumentando o nível de apreensão frente a situações de comunicação. A excelência comunicativa exigida nas empresas inflige também os extrovertidos, pessoas consideradas mais expansivas, sociáveis, despreocupadas, desembaraçadas, persuasivas, que se expressam livremente e que têm facilidade em se comunicar (Myers, Myers, 1997; Scherer, Scherer,1981). Pode-se ainda supor que o baixo índice de indivíduos (n=12) que se auto-classificaram como bons falantes (Tabela 2) deve-se à situação de avaliação e a intenção de não exposição, auto-preservação, maior cobrança no rendimento e competitividade. Como mostra a tabela 2, parece haver interferência da escala de Julgamento na imagem da competência comunicativa. Apesar de não haver significância estatística (p=0,165), houve relação entre Pensamento-Sentimento e a auto-imagem comunicativa: 69,2% (n=18) dos pensadores acreditam que não falam bem contrapondo 66,7% (n=4) dos sentimentais que acreditam que falam bem. A fala, por ser o meio de comunicação mais utilizado para se relacionar com as pessoas, pode ser vista pelos sentimentais como algo de seu domínio, já que o sentimental é orientado por um envolvimento pessoal e têm seu foco em relacionamentos. Os pensadores costumam ser naturalmente concisos e impessoais, mais fortes nas habilidades executivas que sociais, utilizam a fala como meio para comunicar a verdade objetiva de forma analítica mantendo distanciamento no que se refere a relacionamentos (Myers, Myers, 1997). A baixa auto-imagem dos introvertidos observada no estudo pode ser associada com a percepção que os julgadores tiveram de suas falas. Como observado na tabela 3, apesar de não haver diferença expressiva entre as notas dadas para os falantes, os introvertidos receberam a média de notas mais baixa (6,17). A média de notas mais alta foi a dos intuitivos (7) seguida pela dos sentimentais (6,95) e extrovertidos (6,56). Comparativamente, os extrovertidos (6,56) foram melhor classificados que os introvertidos (6,17), os intuitivos (7) melhor que os sensoriais (6,22) e os sentimentais (6,95) melhor que os pensadores (6,32). Verificou-se uma relação entre as notas dadas pelos avaliadores e a impressão quanto à extroversão (Tabela 1), os intuitivos e os sentimentais, que receberam as notas mais altas foram também percebidos como extrovertidos pelos avaliadores, sugerindo que a percepção da boa comunicação está associada à extroversão. Outro fator de diferenciação da escala extroversão-introversão observado foi a correlação com índices temporais (Tabela 3). Os extrovertidos apresentaram tempo de fala menor para expressar maior número de palavras e os introvertidos utilizaram mais tempo para articular menos palavras, ou seja, a extroversão está associada à velocidade de fala mais rapidamente articulada (Siegman, 1978; Brock 2005). Do ponto de vista psicodinâmico, uma velocidade lenta distrai o ouvinte e passa a impressão de lentidão de pensamento e falta de organização de idéias, ao passo que uma velocidade elevada pode expressar vontade de omitir dados do discurso, além de refletir ansiedade e tensão. Estes dados confirmam a descrição de extrovertidos como pessoas que se comunicam com energia e entusiasmo, ritmo mais acelerado, que respondem rapidamente, tendem a falar bastante e ouvir pouco e de introvertidos como pessoas que apresentam tendência para ouvir mais, mas para compartilhar pouco suas idéias e pensamentos, preferem pensar antes de falar e, portanto, verbalizam conclusões que já foram bastante pensadas (Scherer,1979; Scherer, Scherer, 1981; Hirsh, Kummerow,1995; Zetune, 2003). Conforme mostra a tabela 3, houve significância estatística (p=0,043) quanto ao número de palavras faladas na escala Pensamento-Sentimento. O grupo dos pensadores apresentou, em média, menos palavras (178,96 palavras) do que o grupo dos sentimentais (222,33 palavras), esta é uma característica dos pensadores que costumam ser breves e concisos, capazes de organizar fatos e idéias em seqüência lógica para chegar aos pontos necessários da conclusão (Myers, Myers 1997). A tabela 3 demonstra que os Intuitivos, estatisticamente percebidos como extrovertidos (p=0,005) apresentaram maior número de palavras por segundo (2,55) o que leva a apoiar a hipótese de Siegman (1978) de que ouvintes comuns podem discriminar entre diferentes níveis de tempo de fala, e que essa discriminação tem um papel significante nas inferências dos ouvintes concernente ao nível extroversãointroversão dos falantes, quanto maior a velocidade de fala, mais os falantes são percebidos como extrovertidos (Addington,1978). Quanto à diferenciação de extrovertidos e introvertidos por parâmetros vocais, houve significância estatística apenas quanto à projeção vocal (p=0,022) como mostra a tabela 4. Os extrovertidos apresentaram, de forma não esperada, projeção reduzida (tabela 7) enquanto o grupo dos introvertidos manteve a projeção adequada durante a tarefa de reprodução oral do texto. Os extrovertidos direcionam a atenção para o mundo externo e recebem energia de eventos, experiências e interações externas (Myers, 1995), portanto estão mais propensos a modificar seu comportamento de acordo com a situação, isto pode explicar a alteração da projeção vocal que é influenciada pela noção do espaço entre o falante e o interlocutor (Perelló, Caballé, Guitart, 1975), neste caso entre a boca e o microfone. Por isso, acredita-se que a tarefa a que os indivíduos foram submetidos neste estudo favoreceu para conter a extroversão do falante que, no caso do extrovertido, poderia ter tido outro desempenho se sua comunicação fosse observada durante a fala espontânea. É conveniente ressaltar que, devido ao pequeno tamanho da amostra, algumas diferenças podem não ter sido detectadas como estatisticamente significantes, mas foi possível observar na tabela 4 que os extrovertidos apresentaram adequação quanto ao uso de pausas silenciosas (63,6%, n=14) e quanto à fluência de fala (59,1%, n=13) diferindo dos introvertidos que apresentaram alteração de pausas silenciosas (70%, n=7) caracterizadas como inapropriadas ao discurso em 85,71% dos casos (n=6) como mostra a tabela 7, e fluência de fala caracterizada principalmente por prolongamentos (52,94%, n=9) como mostra a tabela 8, divergindo da hipótese de que o introvertido apresente naturalmente fala hesitante (Myers, Myers,1997). O bom desempenho dos extrovertidos quanto ao uso adequado de pausas silenciosas e fala fluente foram constatados em estudos anteriores (Ramsay,1978; Siegman, 1978; Scherer, 1979) e eram esperados, pois a utilização das pausas no discurso possibilita dar ênfase ao que se deseja salientar durante a fala, garantindo clareza e naturalidade (Boone,1996), e a fluência adequada transmite habilidade na expressão verbal, características encontradas neste grupo. Em contrapartida, a análise da articulação dos sons da fala mostrou uma porcentagem alta de introvertidos (80%) com articulação adequada, contra apenas 54,5% dos extrovertidos (Tabela 4). Esta proporção maior de introvertidos com articulação bem definida não era esperada neste estudo, uma vez que o controle da dinâmica fonoarticulatória transmite ao ouvinte franqueza, desejo de ser compreendido e vontade de se comunicar contrapondo a descrição dos introvertidos como sutis e tímidos, que reprimem suas emoções e tendem a hesitar para falar (Myers, Myers, 1997). Pode-se concluir que, por permitir que os indivíduos pensassem antes de iniciar sua fala, a tarefa favoreceu os introvertidos, que preferem se comunicar após ter pensado sobre o assunto, permitindo assim que este grupo produzisse um resultado fonoarticulatório melhor que os extrovertidos e dinâmica articulatória mais controlada e precisa. Quanto aos demais parâmetros, não foram verificadas diferenças entre extrovertidos e introvertidos, ambos os grupos apresentaram tipo de voz, ressonância, loudness, pitch, variação melódica e coordenação pneumofonoarticulatória adequados, uso inadequado de pausas preenchidas e ausência de barreiras verbais durante a fala (Tabela 4), contrapondo os achados de Scherer (1979) e Brock (2005). É importante ressaltar que a distribuição dos outros grupos das escalas de Percepção (Sensação e Intuição), de Julgamento (Pensamento e Sentimento) e de Estilo de Vida (Julgamento e Percepção) não foram controladas, visto que o foco deste estudo é a escala de Energia (Extroversão e Introversão). Contudo, apesar do reduzido número de indivíduos em alguns grupos, é interessante comentar os dados que ficaram evidentes na análise, pois fornecem informações mais detalhadas quanto à influência da personalidade na comunicação. Dos 32 empresários, 23 (71,9%) foram classificados como sensoriais e 9 (28,1%) como intuitivos. Foram verificadas diferenças significativas quanto ao pitch (p=0,035), variação melódica (p=0,050) e pausas silenciosas (p=0,018), sendo que a freqüência de empresários com alterações nestes aspectos foi maior no grupo dos sensoriais (Tabela 5). As alterações mais encontradas nos extrovertidos foram: pitch grave (55,55%, n=5) e agudo (44,45%, n=4), variação melódica restrita (58,33%, n=7) e repetitiva (41,67%, n=5) e, ainda, pausas silenciosas inapropriadas em 85,71% (n=12) dos casos (Tabela 7). A maioria dos intuitivos apresentou adequação de projeção vocal (77,2%, n=7), de velocidade de fala (88,9%, n=8), uso pausas preenchidas (55,6%, n=5) e fluência (77,8%, n=7), enquanto que a maioria dos sensoriais apresentou alterações nesses parâmetros (Tabela 5). A presença de barreiras verbais foi encontrada com maior freqüência no grupo dos sensoriais (52,2%, n=12), sendo que em (77,8% n=7) dos intuitivos foi observada ausência de barreiras verbais (Tabela 5). As alterações mais encontradas nos sensoriais foram: projeção vocal reduzida (100%, n=7) e velocidade de fala reduzida (80%, n=8) apresentados na tabela 7 e, quanto à fluência, as alterações encontradas foram hesitação (27,45%, n=14), repetição (35,29%, n=18) e prolongamento (37,26%, n=19) apresentadas na tabela 8. Quanto à escala de Julgamento (Pensamento e Sentimento), apenas 6 empresários (18,8%) foram avaliados como sentimentais limitando a análise estatística apresentada. Esta proporção era esperada visto que no mundo corporativo as posições executivas, assim como as empresarias, são ocupadas na grande maioria por indivíduos que preferem tomar decisão pelo pensamento. Em estudo de um Programa de Desenvolvimento de Liderança apresentado durante programa de Qualificação do MBTI® (1995), 79,6% dos participantes eram pensadores e apenas 20,4% eram sentimentais, o que reforça o alto índice de pensadores no ambiente empresarial e nesta pesquisa. Mesmo sendo a amostra de indivíduos sentimentais pequena, houve diferença significativa quanto à projeção vocal (p=0,018). Verificou-se que todos os empresários (n=16) que apresentaram alteração deste parâmetro eram todos classificados como pensadores (Tabela 6). A análise da tabela 7 demonstra que as alterações de tipos de vozes foram classificadas em crepitante em 57,14% (n=4) nos extrovertidos e 55,56% (n=5) nos sensoriais, a voz rouca foi observada com maior freqüência no grupo dos introvertidos (75%, n=3) e no grupo dos sentimentais (100%, n=1). No grupo de intuitivos apenas 2 empresários apresentaram alteração no tipo de voz classificada como rouca (50%, n=1) e rouca-soprosa (50%, n=1). Em todos os casos as alterações foram consideradas de grau leve. Quanto às alterações de ressonância, a laringo-faríngea foi encontrada com maior freqüência em todos os grupos exceto nos intuitivos em que a alteração predominante foi de ressonância oral. Em todos os grupos analisados a alteração de loudness foi classificada como fraca. Verificou-se na tabela 7 uma maior freqüência de variação melódica repetitiva nos introvertidos (66,67%, n=2), nos intuitivos (100%, n=1) e nos sentimentais (66,67%, n=2) e maior freqüência de variação melódica restrita nos extrovertidos (60%, n=6), sensoriais (58,33%, n=7) e pensadores (60%, n=6). A variação melódica refere-se à expressividade com que a voz transmite a mensagem. A repetição da modulação caracteriza a fala monótona, na qual não se consegue distinguir o que realmente é importante no discurso (Peter, Souto, 2004), a variação melódica restrita pode transmite controle das emoções. A razão por haver discordância entre alguns dados da literatura e os achados desta pesquisa pode se dar em função não apenas de fatores internos, mas também de fatores sociais e culturais que guiam o comportamento de fala de uma pessoa durante a interação social (Scherer, Scherer, 1981; Knapp, Hall, 1999), principalmente para os extrovertidos que possuem o foco de atenção nos objetos e pessoas do ambiente (Opt, Loffredo, 2000). Além disso, a tarefa utilizada neste estudo não representa as situações amplas e variadas da comunicação humana. Provavelmente, uma análise multitarefa considerando fala espontânea, aula expositiva, conversa em grupo e diálogos ofereceria maiores possibilidades para diferenciar a comunicação dos extrovertidos e introvertidos. Neste estudo, durante a tarefa de reprodução oral de texto, os intuitivos e os sentimentais receberam nota mais alta de desempenho comunicativo, apresentaram maior velocidade de fala e foram percebidos como extrovertidos, enquanto que os sensoriais e os pensadores apresentaram nota mais baixa de comunicação, menor velocidade de fala e foram percebidos como introvertidos, demonstrando que há uma relação entre estes parâmetros vocais e percepção da extroversão e introversão. Os resultados deste estudo demonstraram que, apesar da considerável quantidade de evidencias conflitantes, a voz do falante e seu comportamento de fala estão relacionados com suas disposições de personalidade. Com base nos resultados deste estudo e considerando que os sinais vocais associados à maior persuasão, credibilidade e competência são fala fluente, nãohesitante; latências de resposta menores e fala mais rápida (Burgoon, Birk, Pfau, 1990) pode-se concluir que os extrovertidos são favorecidos no ambiente empresarial por suas características comunicativas. É importante ressaltar que apesar de não ter uma comunicação favorecida no ambiente empresarial o introvertido apresentou características vocais que permitem identificá-los também como bons comunicadores, portanto, o uso indiscriminado dos termos “extroversão” e “introversão” julgados a partir da boa ou má comunicação deve ser evitado. A identificação de extrovertidos e introvertidos apenas a partir do julgamento/impressão auditiva mostrou-se insuficiente, pelo menos para ouvintes leigos sem conhecimento dos significados de extroversão e introversão. 6 CONCLUSÕES De acordo com a interpretação dos resultados da avaliação da comunicação dos empresários, pôde-se concluir que: 1. A identificação da preferência pela extroversão ou introversão dos indivíduos não é facilmente identificada pela fala, mesmo por fonoaudiólogas especialistas na área de voz. 2. A comunicação dos empresários extrovertidos caracterizou-se por: tempo de fala menor, maior número de palavras, velocidade de fala mais rápida, fluência adequada e uso de pausas silenciosas adequadas. 3. A comunicação dos empresários introvertidos caracterizou-se por: articulação bem definida, projeção vocal adequada, maior tempo de fala, menor número de palavras, velocidade de fala mais lenta, fluência alterada por prolongamentos, pausas silenciosas inapropriadas, auto-imagem comunicativa negativa e baixa avaliação quanto ao desempenho comunicativo. 4. Os extrovertidos diferenciaram-se dos introvertidos pelo tempo de fala, número de palavras e pelos seguintes parâmetros: velocidade de fala, pausas silenciosas, projeção vocal e fluência. 7 ANEXOS Anexo 1 CENTRO DE ESTUDOS DA VOZ Direção: Dra. Mara Behlau TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS. Eu, Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro, aluna do Centro de Estudos da Voz CEV/SP, orientada pela Profª Drª Mara Behlau, venho por meio desta, solicitar a sua participação voluntária no projeto de pesquisa intitulado “Perfil Vocal de Empresários Extrovertidos e Introvertidos”. O estudo que me proponho a realizar tem como objetivo avaliar parâmetros vocais de empresários que se submeteram ao MBTI® e correlacionar as diferenças e similaridades entre os extrovertidos e os introvertidos. Sua participação é voluntária e pode ser interrompida em qualquer momento desse processo, sem nenhum tipo de pressão ou constrangimento. Sua participação inclui a resposta a uma questão, o consentimento para a análise perceptivo-auditiva da voz por meio de um protocolo de avaliação realizada por fonoaudiólogos especialistas na área e a gravação de uma amostra de fala de 2 minutos de duração. Sua participação durará aproximadamente 10 minutos e poderá trazer um risco mínimo de desconforto porque será realizada gravação em ambiente fechado. Ao consentir em participar voluntariamente, você terá acesso aos resultados finais desta pesquisa, além de ter a garantia de manutenção do sigilo de sua identidade. Os dados obtidos serão utilizados exclusivamente nesta pesquisa. Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro Eu, _________________________________________________ discuti com a Fga Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro sobre minha participação nesta pesquisa. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e os esclarecimentos a que tenho direito. Em vista disso, concordo voluntariamente em participar deste estudo. ______________________________ (Local e data) _____________________________ Assinatura Anexo 2 Leia o texto abaixo de 1 a 3 vezes, em seguida, conte o que leu. Interagir, colaborar, compartilhar. A receita não é nova, mas pode ser uma boa oportunidade para pequenos e médios empresários romperem com o círculo vicioso da falta de acesso às condições para o crescimento. Desde 2000, ganham impulso no país os arranjos produtivos locais (APLs). Segundo dados do Sebrae, hoje, no Brasil, existem 230 arranjos. Apenas no Estado de São Paulo, estão localizadas pelo menos 30 iniciativas em formação ou já em funcionamento. Também conhecidos como “clusters”, os APLs são aglomerados de firmas (principalmente pequenas e médias) com produtos similares e que agem de forma articulada para ampliar a competitividade e alcançar em grupo o que é difícil de conseguir sozinhas. Por meio dos arranjos, as coligadas ganham poder de barganha nas negociações com fornecedores, formam fundos de aval para instituições de crédito (para investimentos em equipamentos e capacitação de RH), dividem custos de participação em feiras nacionais e internacionais, têm acesso a pesquisas de mercado e obtêm certificações de qualidade, por exemplo. A atuação integrada não significa necessariamente que as empresas deixem de ser concorrentes. Também não significa que os segredos do negócio devam ser revelados para o grupo. O que realmente interessa é compartilhar e identificar os problemas e as ineficiências comuns a todos os participantes e, a partir daí, articular coletivamente as soluções. Extraído do artigo “Juntas, firmas ganham competitividade” por Clovis Castelo Júnior, Folha de São Paulo, Folha de Negócios, 19 de Dezembro de 2004, p. F3. Anexo 3 AMOSTRA _____ TIPO DE VOZ ARTICULAÇÃO RESSONÂNCIA EXAMINADOR: ______________________________ ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADA ALTERADA ALTERADA ALTERADA Tipo ___________ LEVE MODERADA ALTERADA SEVERA ALTERADA ALTERADA ALTERADA DISTÚRBIO IMPRECISA TRAVADA EXAGERADA ARTICULATÓRIO ALTERADA ALTERADA ALTERADA LARINGO-FARÍNGEA ORAL NASAL ALTERADA VOLUME / LOUDNESS ADEQUADA ALTERADA FORTE FRACA PITCH ADEQUADO ALTERADA ALTERADA GRAVE AGUDO ALTERADA ALTERADA EXCESSIVA REDUZIDA ALTERADA ALTERADA AUMENTADA REDUZIDA ALTERADA ALTERADA EXCESSIVA RESTRITA REPETITIVA ALTERADA POR ALTERADA POR ALTERADA POR PROJEÇÃO VOCAL VELOCIDADE VARIAÇÃO MELÓDICA ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADA FLUÊNCIA ADEQUADA PAUSAS SILENCIOSAS ADEQUADAS HESITAÇÕES REPETIÇÕES PROLONGAMENTOS ALTERADAS ALTERADAS ALTERADAS INAPROPRIADAS EXCESSIVAS REDUZIDAS PAUSAS PREENCHIDAS ADEQUADAS INADEQUADAS BARREIRAS VERBAIS AUSENTES PRESENTES COORDENAÇÃO PFA ADEQUADA ALTERADA IMPRESSÃO EXTROVERTIDO INTROVERTIDO NOTA GLOBAL APRESENTAÇÃO 0 AMOSTRA _____ TIPO DE VOZ RESSONÂNCIA VOLUME / LOUDNESS PITCH PROJEÇÃO VOCAL VELOCIDADE VARIAÇÃO MELÓDICA FLUÊNCIA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 EXAMINADOR: ______________________________ ADEQUADA ARTICULAÇÃO ALTERADA ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADO ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADA ADEQUADA ALTERADA ALTERADA ALTERADA ALTERADA Tipo ___________ LEVE MODERADA SEVERA ALTERADA ALTERADA ALTERADA DISTÚRBIO IMPRECISA TRAVADA EXAGERADA ARTICULATÓRIO ALTERADA ALTERADA ALTERADA LARINGO-FARÍNGEA ORAL NASAL ALTERADA ALTERADA FORTE FRACA ALTERADA ALTERADA GRAVE AGUDO ALTERADA ALTERADA EXCESSIVA REDUZIDA ALTERADA ALTERADA AUMENTADA REDUZIDA ALTERADA ALTERADA ALTERADA EXCESSIVA RESTRITA REPETITIVA ALTERADA POR ALTERADA POR ALTERADA POR HESITAÇÕES REPETIÇÕES PROLONGAMENTOS PAUSAS SILENCIOSAS ADEQUADAS ALTERADAS ALTERADAS ALTERADAS INAPROPRIADAS EXCESSIVAS REDUZIDAS PAUSAS PREENCHIDAS ADEQUADAS INADEQUADAS BARREIRAS VERBAIS AUSENTES PRESENTES COORDENAÇÃO PFA ADEQUADA ALTERADA IMPRESSÃO EXTROVERTIDO NOTA GLOBAL APRESENTAÇÃO INTROVERTIDO 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 8 REFERÊNCIAS Addington DW. 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Method: 32 entrepreneurs had participated of this study, of masculine gender, submitted to the questionnaire Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®). For the collection of data the participants had answered to a question about his communicative auto-image and had later reproduced verbally a read text of familiar content recorded for analysis. The data collected with the verbal reproduction of the read text had been evaluated by perceptive-auditory analysis of speech considering the following parameters: type of voice, articulation, resonance, loudness, pitch, vocal projection, speech rate, melodic variation, fluency, silent pauses, filled pauses, verbal barriers, phono-articulatory coordination, listener’s impression of extraversion and introversion and global grade of the presentation; and by the temporal analysis of speech to determine the number of words said for second of each participant. Results: The communication of the extravert entrepreneurs was characterized for: vocal projection altered (63.6%, n=14), minor time of speech (74 seconds) with emission of a larger number of words (178), faster speech rate (2,4 words per second), adequate fluency (59%, n=13), use of silent pauses adequate (63.6%, n=14) and higher grade of the communicative performance (6,56). The communication of the introverted entrepreneurs was characterized for: well defined articulation (80%, n=8), vocal projection adequate (80%, n=8), major time of speech (75 seconds) with emission of a minor number of words (161), slower speech rate (2,14 words per second), altered fluency (60%, n=6) characterized by prolongations, inadequate silent pauses (70%, n=7) characterized as inappropriate, negative communicative auto-image (80%, n=8) and lower grade of the communicative performance (6,17). Conclusion: Although it believes intuitively that the extraverts are better speakers, the analysis of this work evidenced that it has good speakers in both groups, being that, many times, the formal aspects of good articulation of the sounds of speak and adequate projection of the voice had been better controlled by the introverts. Since the verbal communication is more natural for the extrovert, he may not being worried about the form where it is carried through. Bibliografia Consultada Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. São Paulo; 2001.