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DESENHO MECÂNICO – PROF. ALESSANDER Sá do Carmo, M. Sc.
CAPÍTULO 7
COTAGEM DE MEDIDAS EM DESENHOS TÉCNICOS
1. Introdução
As cotas são medidas de um objeto, sendo imprescindíveis para o
projetista indicar a verdadeira grandeza. Na maioria das vezes, a pessoa
que está interpretando o desenho de um objeto ou de um sistema não dispõe
de um instrumento de medida como, por exemplo, uma régua para medir, e
mesmo se tivesse, uma cota já adiantaria o seu trabalho, fornecendo
imediatamente a informação.
A constituição correta para confeccionar uma cota no desenho é feita
basicamente de linha de cota, cota e linha auxiliar (Figura 1).
Figura 1 – Configuração de uma cota em um desenho técnico (ARRUDA, 2004).
Uma cota pode contar com as seguintes indicações:
- comprimentos, larguras, alturas e profundidades;
- raios e diâmetros em circunferências, semi-circunferências e arcos;
- ângulos;
- coordenadas;
- forma (circular, quadrada, esférica), caso a vista não mostre claramente;
- quantidade (por exemplo, número de furos);
- código ou referência do produto;
- detalhes construtivos e observações.
2. Desenho da Cota
A cota de um desenho deve ser realizada da seguinte forma:
- acima e paralelamente às suas linhas de cota, preferivelmente no centro;
- quando a linha de cota for vertical, colocar a cota preferencialmente no
lado esquerdo;
- quando estiver cotando uma meia-vista, colocar a cota no centro da peça
(acima ou abaixo da linha de simetria);
- para melhorar a interpretação da medida, utilizam-se os seguintes
símbolos:
" "Diâmetro "
"R "Raio "
" "Quadrado "
" "Diâmetro esférico "
"R ESF "Raio esférico "
Os símbolos de diâmetro e quadrado podem ser omitidos quando a forma
for claramente indicada. Contudo, onde não se pode identificar de imediato
em termos de vista ortogonal, estes sinais são usados (Figura 2).
Figura 2 – Uso dos sinais de quadrado (seta à esquerda) e do diâmetro (seta
à direita) em uma vista de projeção ortogonal de uma peça (FERREIRA, 2007).
3. Aplicação das Cotas
3.1 Cotagem de Circunferências
O desenhista mecânico envolvido em projetos pode escolher em cotar
uma circunferência pelo raio ou pelo diâmetro, o que for mais conveniente
(Figuras 3 e 4).
Figura 3 – Tipos de aplicação de cotas em um desenho contendo
circunferência: à esquerda, cota em raio; à direita, cota em diâmetro
(ARRUDA, 2004).
Figura 4 – Exemplos de cotagem de diâmetro de uma circunferência
(FERREIRA, 2007).
Pelas Figuras 3 e 4, a cotagem de circunferências deve ser feita
preferencialmente por fora da vista; contudo, em certos casos, não sendo
errado, pode-se cotar internamente.
A linha de centro, quando usada como linha de extensão, deve
continuar como linha de centro até a linha de contorno do objeto (Figura
5). Por sua vez, a cota não deve ser cotada pela linha de centro (Figura
6).
Figura 5 – Indicação da linha de centro pela seta azul servindo de linha de
extensão (FERREIRA, 2007).
Figura 6 – Indicação da aplicação incorreta da linha de centro junto com a
cota (FERREIRA, 2007).
É importante observar que, ao cotar uma curva ou circunferência de
uma peça confeccionada no desenho, deve-se obrigatoriamente localizar o
centro do raio (Figura 7).
Figura 7 – Exemplo de cotagem de uma curva de uma peça confeccionada com o
valor do seu raio e o seu respectivo centro (ARRUDA, 2004).
3.2 Cotagem de Superfícies Planas e Chanfradas
As cotas em superfícies planas são obtidas para determinar as
dimensões de comprimento, largura e altura de desenhos (Figura 8).
Figura 8 – Cotagem de cotas superficiais (ARRUDA, 2004).
Já para a cotagem de superfícies truncadas ou chanfradas, deverá
optar-se por uma das formas na Figura 9.
Figura 9 – Cotagem de superfícies de peças chanfradas (FERREIRA, 2007).
3.3 Cotagem de Ângulos
A cotagem de ângulos segue as mesmas convenções: cota
preferencialmente centrada, alinhada com a linha de cota, o mais próximo
possível, também podendo "puxar" a cota para fora (Figura 10).
Figura 10 – Diversos modos de cotagem para ângulos (ARRUDA, 2004).
Também pode-se fazer a cotagem de ângulos para confecção de desenhos
para peças curvilíneas ou tubulações no qual o centro encontra-se fora da
peça (Figura 11).
Figura 11 – Cotagem, de ângulos para peças curvilíneas e tubulações
(ARRUDA, 2004).
3.4 Cotagem de Pormenores
Freqüentemente, as medidas encontram-se em espaços estreitos. Para
isso, pode recorrer em simplificar o desenho da cota, omitindo as setas, ou
ainda, "puxar" a medida da cota para fora (Figura 12).
Figura 12 – Cotagem em espaços estreitos de um desenho (ARRUDA, 2004).
Para os pormenores das cotas em desenhos, os procedimentos devem ser
os seguintes:
- as cotas devem ser distribuídas em todas as vistas (Figuras 13A, 13B,
13C, 13D e 13E);
- cada detalhe deve ser cotado uma única vez, na vista que melhor
representar a forma do mesmo (Figura 13D);
- devem-se indicar sempre as dimensões máximas (comprimento, largura,
altura) (Figuras 13C e 13E);
- deve-se evitar a cotagem de linhas representativas de arestas não
visíveis (Figuras 13C e 13E).
Figura 13 – Representação das cotas pormenores em cada vista ortogonal
(FERREIRA, 2007).
É importante alinhas as cotas em seqüência, pois as setas de cotas
adjacentes para a cotagem de espaços estreitos podem ser aproveitados, bem
como usar as cotas de dimensões totais da peça para que não fique de fora
para quem for ler o desenho a fim de realizar os cálculos dimensionais
(Figura 14).
Figura 14 – Exemplo de desenho com cotas seqüenciais (ARRUDA, 2004).
Em certos casos, deve-se empregar a linha de construção a fim de
auxiliar na cotagem do desenho com curvas (Figura 15).
Figura 15 – Linhas de construção usadas para auxílio de cotagem em desenhos
com trechos curvilíneos (FERREIRA, 2007).
Os desenhos que contêm hachuras e com cotas internas em uma vista de
corte têm de apresentar as linhas hachuradas devidamente interrompidas para
permitir a leitura destas cotas (Figura 16).
Figura 16 – Comparação entre as aplicações de cotas em desenhos com
hachuras para vistas de corte: à esquerda, aplicação incorreta por conta da
continuidade das linhas hachuradas; à direita, aplicação correta por conta
da interrupção destas mesmas linhas hachuradas (FERREIRA, 2007).
Na cotagem de elementos esféricos, deve-se colocar, precedendo a cota
referente ao valor do diâmetro ou do raio, a palavra ESFEREA, ou
simplesmente, a abreviação ESF (Figura 17).
Figura 17 – Uso da abreviação ESF para cotagem de desenhos esféricos
(FERREIRA, 2007).
Em desenhos contendo flanges circulares, a especificação de furos,
com mesmo diâmetro e igualmente espaçados, é feita por uma cota, referida a
um deles (Figura 18).
Figura 18 – Cotagem específica do número de furos de mesmo diâmetro em um
flange circular (FERREIRA, 2007).
Observações importantes:
1ª) A cotagem deve ser executada de forma funcional e objetiva, visando
fornecer uma perfeita idéia das dimensões da peça em estudo, não deixando
margem a futuros cálculos;
2ª) Evitar sempre o cruzamento de linhas na cotagem;
3ª) As linhas de centro, de simetria e os contornos do desenho não podem
ser usados como linhas de cota;
4ª) A mesma cota mostrada mais uma vez no desenho é considerada erro
técnico;
5ª) Havendo necessidade de cotar-se um desenho em perspectiva, os
algarismos deverão estar também perspectivados;
6ª) As cotas são expressas em milímetros, sem o símbolo respectivo. Caso se
use outra unidade de medida, o símbolo desta deverá estar indicado;
7ª) O desenho pode ser executado em qualquer escala, porém as cotas são
sempre representativas das medidas reais do objeto;
8ª) Na cotagem, só são admitidos letras e algarismos padronizados.
4. Exercícios de Fixação
1 – A figura a seguir contém as linhas de cotas para o desenho da peça. Com
uso do escalímetro, faça o desenho e as medições de cada cota colocando os
valores das medidas. Não se esqueça de observar a escala indicada.
2 – As figuras a seguir apresentam desenhos de peças confeccionadas pelos
desenhistas, mas esqueceram-se de colocar os valores cotados e as
respectivas escalas. Com o escalímetro, tente identificar qual a melhor
escala que se enquadra em cada desenho e, em seguida, faça o desenho e as
medições de cada cota colocando os valores das medidas.
3 – Com base dos desenhos no exercício anterior, faça a perspectiva sólida
tridimensional destes desenhos no 1º diedro, mantendo-se as escalas de cada
desenho.
4 – Faça a cotagem dos desenhos sólidos a seguir. A escala de cada desenho
é dada em 1:100.
5. Referências Bibliográficas
ARRUDA, C. K. C. Apostila de Desenho Técnico Básico. Coordenação de
Engenharia de Produção da Universidade Cândido Mendes. Niterói, RJ,
2004. Pp. 42:46.
FERREIRA, C. C. Desenho Técnico I – Apostila. Universidade Federal do Pampa
– UNIPAMPA. Bagé, RS. 1º Semestre/2007. Pp. 31:35.