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Cal I A09

Mais primitivas e as somas de Riemann

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D I S C I P L I N A Cálculo I Mais primitivas e as somas de Riemann Autores André Gustavo Campos Pereira Joaquim Elias de Freitas Roosewelt Fonseca Soares aula 09 Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Janaina Tomaz Capistrano Sandra Cristinne Xavier da Câmara Ministro da Educação Fernando Haddad Revisores Técnicos Leonardo Chagas da Silva Thaísa Maria Simplício Lemos Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Revisora Tipográfica Nouraide Queiroz Universidade Federal do Rio Grande do Norte Reitor José Ivonildo do Rêgo Ilustradora Carolina Costa Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Editoração de Imagens Adauto Harley Carolina Costa Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Diagramadores Coordenadora da Produção dos Materiais Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Bruno de Souza Melo Dimetrius de Carvalho Ferreira Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Adaptação para Módulo Matemático André Quintiliano Bezerra da Silva Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira Thaísa Maria Simplício Lemos Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Jânio Gustavo Barbosa Thalyta Mabel Nobre Barbosa Colaboradora Viviane Simioli Medeiros Campos Imagens Utilizadas Banco de Imagens Sedis - UFRN Fotografias - Adauto Harley Stock.XCHG - www.sxc.hu Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Pereira, André Gustavo Campos    Cálculo I  /  André Gustavo Campos Pereira, Joaquim Elias de Freitas, Roosewelt Fonseca Soares. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2008.    220 p.    1. Cálculo.  2. Funções reais.  3. Reta real.  4. Funções compostas. I. Freitas, Joaquim Elias de. II Soares, Roosewelt Fonseca. III. Título. ISBN: 978-85-7273-398-4 RN/UF/BCZM 2008/12 CDD 515 CDU 517.2/.3 Copyright © 2007  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Apresentação N a aula 8 (A primitiva), estudamos a primitiva de uma função e calculamos muitas primitivas. Nesta aula, continuaremos o estudo das primitivas e começaremos a trilhar o caminho no sentido de explicar por que as estudamos. Além disso, introduziremos a idéia de como calcular a área sob a curva de uma função. Objetivos Esperamos que ao final desta aula você tenha compreendido o porquê do estudo das primitivas e saiba calcular a área sob a curva do gráfico de uma função. Aula 09  Cálculo I  Mais primitivas Na aula 8, vimos que utilizando as regras da derivada da soma, da diferença e de uma constante vezes uma função provamos que   cf (x)dx = c f (x)dx  (f (x) + g(x))dx =  (f (x) − g(x))dx =  f (x)dx +  g(x)dx f (x)dx −  g(x)dx. e  E também que  (f  (x)g(x) + f (x)g  (x))dx = f (x)g(x) + K e   f (x) g(x)  dx =   f  (x)g(x) − f (x)g  (x) g(x)2  dx = f (x) + K. g(x) Nesta aula, calcularemos a primitiva de uma função que envolva a regra da cadeia, ou seja, que envolva compostas. Consideremos g : I → J, f : J → R e F : J → R a primitiva de f. Vimos na aula 5 (Derivadas de funções compostas) que (F (g(x))) = F  (g(x)) · g  (x) . Por F ser a primitiva de f, temos que F  (y) = f (y) para todo y ∈ J , e podemos reescrever a equação anterior como (F (g(x))) = f (g(x)) · g  (x). Por outro lado, se essa igualdade é verdade para todo x ∈ I , então, por definição, F (g(x)) é a primitiva de f (g(x)) · g  (x) e podemos então escrever  f (g(x))g  (x)dx = F (g(x)) + K . (Equação 1) Na aula 4 (A derivada), fizemos alguns cálculos determinando u = g(x) , o que implica du = g  (x) ou, em forma de diferencial, temos du = g  (x)dx . Substituindo essa notação dx na equação (1), temos  (Equação 2) f (u)du = F (u) + K .  Aula 09  Cálculo I O processo de transformação da equação (1) na equação (2) pela substituição de u = g(x) e du = g  (x)dx é chamado de método da substituição u. Observação  Algumas condições sobre as funções g : I → J, f : J → R são necessárias para que possamos realizar tal substituição, entretanto, para um primeiro curso de cálculo, as funções que utilizaremos estarão satisfazendo tais condições. Exemplo 1 Calcule  (x2 + 1)50 2xdx. Pelo que foi explicado anteriormente, devemos identificar as funções envolvidas, ou seja, a g : R → R e a f : R → R . Neste exemplo, se olharmos bem, veremos uma composta (x2 + 1)50 envolvendo as funções f (x) = x50 e g(x) = x2 + 1 . Note que se   2 50 considerarmos tais funções temos que (x + 1) 2xdx = f (g(x))g  (x)dx , cujo resultado é F (g(x)) + K , onde F é a primitiva da f. Calculemos então F:   x51 . F (x) = f (x)dx = x50 dx = 51 Portanto,   g(x)51 (x2 + 1)51 2 50 (x +1) 2xdx = f (g(x))g  (x)dx = F (g(x))+K = +K = +K 51 51 E a substituição u? Outra maneira é fazendo a substituição u. Se tomarmos u = x2 + 1, então, du = 2x ⇒ du = 2xdx. Assim, podemos reescrever a integral anterior como dx   u51 (x2 + 1)51 2 50 (x + 1) 2xdx = u50 du = +K = + K. 51 51 Observação - É importante dar-se conta de que no método da substituição u você controla a escolha de u, mas, uma vez feita a escolha, você não tem controle sobre a expressão resultante para du. Desse modo, no exemplo anterior, escolhemos u = x2 + 1, mas du = 2xdx foi calculado. Afortunadamente, a nossa escolha de u, combinada com du calculado, funcionou perfeitamente para produzir uma integral envolvendo u fácil de calcular. Porém, em geral, o método da substituição u falhará, se o u escolhido e o du calculado produzirem um integrando, no qual persistem expressões envolvendo x, ou se não for possível calcular a integral resultante. Dessa forma, por exemplo, a substituição u = x2 + 1, du = 2xdx não irá funcionar para a integral  (x2 + 1)50 2xcos(x)dx, Aula 09  Cálculo I  pois a substituição transformará a integral anterior em  u50 cos(x)du , que ainda contém uma expressão envolvendo x. De uma forma geral, não há um método seguro e rápido para escolher u e, em alguns casos, nenhuma escolha de u funcionará. Em tais casos, outros métodos serão necessários, alguns dos quais serão estudados nas próximas aulas. Fazer a escolha apropriada de u virá com a experiência, mas será útil seguir o roteiro seguinte combinado com um domínio das integrais básicas. (ANTON, 2000, p. 392). Roteiro 1. Faça a escolha para u, digamos u = g(x). = g  (x). 2. Calcule du dx 3. Faça a substituição u = g(x), du = g (x)dx. Neste ponto, toda a integral deve estar em termos de u ; nenhum x deve continuar. Se isso não acontecer, deve-se tentar uma nova escolha para u . 4. Calcule a integral resultante, se possível. 5. Substitua u por g(x); assim, a resposta final estará em termos de x. (ANTON, 2000, p. 392). Exemplo 2 Calcule  sen(x + 9)dx . Solução De imediato, vemos uma composta sen(x + 9) das funções f (x) = sen(x) e g(x) = x + 9. Note que g  (x) = 1 , o que nos garante que a integral anterior pode ser escrita como   sen(x + 9)dx = f (g(x))g  (x)dx . Encontrando a primitiva da f, temos  sen(x)dx = −cos(x) e, portanto,  Aula 09  Cálculo I  sen(x + 9)dx =  f (g(x))g  (x)dx = F (g(x)) + K = −cos(g(x)) + K = −cos(x + 9) + K. du Outra forma é chamar u = x + 9 ⇒ = 1 ⇒ du = dx ; substituindo u, ud na dx integral, temos  sen(u)du = −cos(u) + K = −cos(x + 9) + K . Exemplo 3 Calcule  cos(5x)dx . Solução De imediato, vemos uma composta cos(5x) das funções f (x) = cos(x) e g(x) = 5x . Temos, então, que g  (x) = 5 . Agora não temos mais que a integral está escrita na forma  f (g(x))g  (x)dx , pois para que isso ocorresse deveríamos ter a seguinte integral   cos(5x)5dx = 5 cos(5x)dx .  Ora, mas podemos fazer manipulações com cos(5x)dx para obtermos essa integral. Basta verificar que     1 5 cos(5x)dx = cos(5x)dx = cos(5x)5dx 5 5   1 F (g(x))  = f (g(x))g (x)dx = + K. 5 5 Calculando a primitiva de f, temos  cos(5x)dx =  cos(x)dx = sen(x) e, portanto, sen(g(x)) sen(5x) +K = + K. 5 5 du du Outra forma é chamar u = 5x ⇒ =5⇒ = dx ; substituindo u, ud na integral, dx 5 temos   du 1 1 sen(5x) cos(u) = cos(u)du = sen(u) + K = + K. 5 5 5 5 Aula 09  Cálculo I  Exemplo 4 Calcule  sen(x)2 cos(x)dx . Solução Podemos observar uma composta das funções f (x) = x2 e g(x) = sen(x) . Note que g  (x) = cos(x) , o que nos garante que a integral anterior pode ser escrita como  sen(x) cos(x)dx = 2  f (g(x))g (x)dx . Encontrando a primitiva da f, temos   x2 dx = x3 3 e, portanto,   g(x)3 sen(x)3 2 sen(x) cos(x)dx = f (g(x))g  (x)dx = F (g(x))+K = +K = +K 3 3   3 3 g(x) sen(x) sen(x)2 cos(x)dx = f (g(x))g  (x)dx = F (g(x))+K = +K = +K . 3 3 du Outra forma é chamar u = sen(x) ⇒ = cos(x) ⇒ du = cos(x)dx ; substituindo dx  u3 sen(x)3 +K = +K. u, du na integral, temos u2 du = 3 3 Atividade 1 Calcule as seguintes integrais indefinidas (tente encontrar a substituição u. Caso não consiga, poderá enconrar algumas sugestões ao final desta aula)   23 5x4 2 a) 2x(x + 1) dx b) dx x5 + 1   ex d) e2x dx c) 1 + ex dx     2t 2t e) e 1 + e dt f) cos(4θ) 1 − sen(4θ)dθ g) i)  Aula 09  Cálculo I   √ x x − 3dx esen(x) cos(x)dx h)  xcosx(3x2 )dx A área sob uma curva e as integrais definidas V ocê já parou para se perguntar alguma vez na vida qual o significado da área da região limitada superiormente pelo gráfico de uma função y = f (x), que consideraremos por um instante não-negativa em seu intervalo de definição a ≤ x ≤ b ; inferiormente pelo eixo x; e lateralmente pelas retas verticais x = a e x = b, como mostrado na Figura 1? y y = f(x) x a b Figura 1 - Área A limitada superiormente pelo gráfico da função y = f (x); inferiormente pelo eixo x ; e lateralmente pelas retas verticais x = a e x = b . Vamos pensar juntos: se a curva representa a velocidade instantânea de um automóvel no tempo, então, a área representará a distância percorrida por esse automóvel do instante a ao instante b. Se o gráfico representa a vazão instantânea de um líquido que está fluindo por um dado duto, então, a área representará a quantidade de líquido que fluiu do instante a ao instante b. De maneira geral, sempre que um gráfico é construído para representar algum fenômeno, a área sob o gráfico tem algum significado relativo ao problema modelado. Começaremos tratando do problema de encontrar a área da região limitada superiormente pelo gráfico de uma função y = f (x), que consideramos inicialmente não-negativa em seu intervalo de definição a ≤ x ≤ b ; inferiormente pelo eixo x; e lateralmente pelas retas verticais x = a e x = b , como mostrado na Figura 1. Suponhamos que a função y = f (x) é contínua no intervalo [a, b]. Ou seja, relembrando, isso significa que lim f (x) = f (c) ou, ainda, que o gráfico de f não tem saltos nem furos x→c em todo o intervalo fechado [a, b]. Aula 09  Cálculo I  Além disso, suponhamos também que f seja limitada superiormente e inferiormente, o que significa dizer que existe um número real positivo K, tal que |f (x)| ≤ K para todo x em [a, b], e que existem os valores máximo e mínimo de f em [a, b]. Somas de Riemann Para calcular a área pretendida, executaremos os seguintes procedimentos: 1. Subdividir o intervalo fechado [a, b] em n subintervalos usando um conjunto P = {x0 , x1 , · · · , xk−1 , xk , · · · , xn−1 , xn } com n + 1 pontos, onde a = x0 < x1 < · · · < xk−1 < xk < · · · < xn−1 < xn = b, definindo n subintervalos [x0 , x1 ], [x1 , x2 ], . . . , [xk−1 , xk ], . . . , [xn−1 , xn ]. A um tal conjunto P denominamos de partição de [a, b]; 2. Em cada subintervalo fechado [xk−1 , xk ], com k = 1, 2, . . . , n , escolher xk um ponto, tal que xk−1 ≤ xk ≤ xk . Denotamos por Sk = a área retângulo de base ∆xk e altura f (xkdo )∆x k S = f (x )∆x f (xk ) , ou seja, k k k ; 3. Denominar por An a soma das áreas dos n sub-retângulos definidos anteriormente, isto é, An = n  Sk = k=1 n  k=1 f (xk ) · ∆xk ; 4. Façamos a quantidade de pontos da partição crescer indefinidamente, ou seja, tender para infinito. Só para termos a noção de que esse limite de fato é a área: faremos o gráfico de f (x) = x2 + 1 no intervalo [−1, 1]; faremos a aproximação por 4, 10 e 30 divisões do domínio [−1, 1]; e tomaremos xk como sendo o ponto médio do subintervalo correspondente.  Aula 09  Cálculo I a 2 1,5 1 0,5 -1 -0,5 0 0 0,5 1 0 x 0,5 1 0 x 0,5 1 b 2 1,5 1 0,5 -1 -0,5 0 c 2 1,5 1 0,5 -1 -0,5 0 Figura 2 - a) Aproximação da área sob a curva quando tomando partições de 4 e tomando xk como sendo o ponto médio do subintervalo correspondente; b) aproximação da área sob a curva quando tomando partições de 10 e tomando xk como sendo o ponto médio do subintervalo correspondente; c) aproximação da área sob a curva quando tomando partições de 30 e tomando xk como sendo o ponto médio do subintervalo correspondente. Aula 09  Cálculo I  y 3 2 f( -0,6 ) f( 3,2) 1 f( 2,5) f( 0,6 ) f( 1,3) x -1 1 2 3 4 -1 Figura 3 - Uma soma de Riemann da função f (x) = P = {−1, 0, 1, 2, 3, 4} e com a escolha dos xk  s ((x − 7)sin(x)) + 2 para a partição 9 x1 = −0, 6, x2 = 0, 6, x3 = 1, 3, x4 = 2, 5 e x5 = 3, 2 . Cálculo da área utilizando essa partição AP = 5  f (xk )∆xk , k=1 AP = f (−0, 6) · 1 + f (0, 6) · 1 + f (1, 3) · 1 + f (2, 5) · 1 + f (3, 2) · 1 AP = 2, 5 · 1 + 1, 6 · 1 + 1, 4 · 1 + 1, 7 · 1 + 2, 5 · 1 AP = 9, 2 10 Aula 09  Cálculo I y f(x) x a b Figura 4 - Aproximação da área sob a curva usando sete retângulos Denominamos por norma de P, denotada por P , ao comprimento do maior subintervalo [xk−1 , xk ], k = 1, 2, . . . , n. Observação 1 - No item 1) se representarmos por ∆xk o comprimento do k-ésimo subintervalo [xk−1 , xk ], k = 1, 2, 3, . . . , n , teremos, portanto, ∆xk = xk − xk−1 e n  k=1 n  k=1 ∆xk = b − a , pois ∆xk = ∆x1 + ∆x2 + ∆x3 + · · · + ∆xk + ∆xk+1 + · · · + ∆xn−1 + ∆xn , e como ∆xk = xk − xk−1 = −xk−1 + xk , temos n  k=1 ∆xk = −x0 + x1 − x1 + x2 − x2 + · · · −xk−1 + xk−1 − xk + xk + · · · − xn−1 + xn−1 + xn . Note que nessa soma todas as parcelas intermediárias se cancelam, restando apenas os extremos –x0 e xn. Portanto, n  k=1 ∆xk = −x0 + xn = −a + b = b − a . Aula 09  Cálculo I 11 Observação 2 - No item 2), se considerarmos a norma P  como uma constante, todos os subintervalos [xk−1 , xk ] terão o mesmo comprimento. Assim, ∆xk = ∆x , onde b−a , e podemos escrever An da seguinte forma ∆x = n n n   Sk = f (xk ) · ∆x . An = k=1 k=1 Definição 1 Se f : [a, b] → R for positiva e contínua em [a, b], então, a área sob a curva n  y = f (x) no intervalo [a, b] é definida por A = lim An = lim f (xk ) · ∆x. n→∞ n→∞ k=1 A observação seguinte é muito importante e, mesmo não sendo oportuno prová-la neste momento do curso, convém deixá-la registrada. Observação 3 - Esta definição é satisfatória para nossos propósitos nesta disciplina. Conforme já destacamos, queremos ressaltar que apenas a usaremos quando: f : [a, b] → R for contínua, porque nesse caso podemos mostrar que o limite anterior não depende da escolha dos pontos xk , xk−1 ≤ xk ≤ xk , k = 1, 2, . . . , n escolhidos. Antes de apresentarmos os exemplos, discutiremos um pouco sobre o procedimento 4 (das somas de Riemann), a saber, fazer a quantidade de pontos da partição crescer indefinidamente, ou seja, tender para infinito. Vamos lá! Quando tomamos a partição no procedimento 1), iniciamos então com n + 1 pontos, certo? Se queremos que essa quantidade cresça, quem deve crescer: o n ou o 1? Ora, o 1 não tem como crescer, pois ele é fixo, a única quantidade passível de crescimento é o n. Assim, fazer a quantidade de pontos da partição crescer é fazer com que esse n seja cada vez maior, e fazer uma quantidade ficar cada vez maior é fazê-la crescer indefinidamente, e fazê-la crescer indefinidamente é fazê-la se aproximar do infinito ou, em outras palavras, fazê-la tender ao infinito. Então, teremos que o n tomará valores cada vez maiores, por exemplo, n = 10, 100, 1000, 10000, .... . 1 Se isso acontece com n, o que acontece com o valor de ? Quando trabalhamos n com frações, quando o numerador (> 0) está fixo e o denominador cresce, o que acontece com a fração? Ela decresce! Ilustrando isso com os valores anteriores, temos 1 = 0.1, 0.01, 0.001, 0.0001, . . . Então, se o denominador tender para infinito (ou seja, n assumir valores cada vez maiores), temos que a fração assumirá valores positivos cada vez menores. Mas se a fração está assumindo valores positivos cada vez menores, teremos que cada vez mais ela estará se aproximando de zero (0), ou seja, a fração tenderá para 0 quando o denominador tender para infinito. Em linguagem de limites, podemos escrever isso como lim n→∞ 12 Aula 09  Cálculo I 1 = 0. n Do mesmo modo, temos, quando n tende a infinito, n2 , n3 , . . . , ou seja, todos tenderão para infinito, o que implicará pela explicação anterior: 1 1 1 = lim 3 = lim 4 = . . . = 0 . 2 n→∞ n n→∞ n n→∞ n lim Com essa idéia em mente, partamos para os exemplos. Exemplo 5 Seja f : [0, b] → R a função definida por f (x) = x, a função identidade. Apresentamos a seguir o gráfico dessa função. 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 x Figura 5 - Gráfico de f : [0, b] → R , a função definida por f (x) = x. Solução Na Figura 5, vemos que a região limitada superiormente pelo gráfico, inferiormente pelo eixo x e lateralmente pela reta vertical x = b é um triângulo com base b e altura b. Logo, sua b2 área A é dada por A = . 2 No entanto, estamos interessados em verificar que o processo de aproximação pela soma das áreas de pequenos retângulos dá o mesmo resultado. Seja P = {x0 , x1 , x2 , . . . , xn−1 , xn } uma partição do intervalo [0, b], tal que 0 = x0 < x1 < x2 < · · · < xn−1 < xn = b . Aula 09  Cálculo I 13 Note que essa função é contínua, então, podemos tomar valores para os pontos da partição de modo que o comprimento da norma da partição seja constante. Tomemos os seguintes pontos como os da partição x0 = 0, x1 = b 2b 3b (n − 1)b nb , x2 = , x3 = , . . . , xn−1 = , xn = = b. n n n n n b Desse modo, as bases dos retângulos são todas de comprimentos iguais a ∆x = n b−0 , ou seja, ∆x = , que é o comprimento do intervalo [0, b] dividido pelo número de n pontos da partição, menos um. Vamos considerar as alturas dos retângulos como sendo f (xk ) , onde k = 1, 2, 3, . . . , n . 2b b nb , f (x2 ) = x2 = , ..., f (xn ) = xn = = b . Logo, n n n se chamarmos de Sn a soma de todos os n retângulos de base ∆xk e altura f (xk ) , obteremos Então, f (x1 ) = x1 =             b b 2b b (n − 1)b b nb b Sn = + + ... + + n n n n n n n n = b2 [1 + 2 + . . . + (n − 1) + n]. n2 n(n + 1) , temos 2   b2 n(n + 1) b2 n + 1 b2 1 . Sn = 2 · = · = · 1+ n 2 2 n 2 n Usando a fórmula 1 + 2 + . . . + (n − 1) + n = Portanto, concluímos que a área da região é igual ao limite   b2 1 b2 lim Sn = lim · 1+ = , n→∞ n→∞ 2 n 2 conforme esperávamos. Exemplo 6 Vamos considerar agora a função f : [0, b] → R definida por y = f (x) = x2 , a função quadrática. Desejamos encontrar a área A da região limitada superiormente por esse gráfico, inferiormente pelo eixo x e lateralmente pela reta vertical x = b . Estamos interessados em usar o processo de aproximação pela soma das áreas de pequenos retângulos para obter a área desejada A. Seja P = {x0 , x1 , x2 , . . . , xn−1 , xn } uma partição do intervalo [0, b], tal que 0 = x0 < x1 < x2 < · · · < xn−1 < xn = b . 14 Aula 09  Cálculo I Tomemos novamente os mesmos valores utilizados no exemplo 5 para os pontos da partição: x0 = 0, x1 = b 2b 3b (n − 1)b nb , x2 = , x3 = , . . . , xn−1 = , xn = = b. n n n n n b . n Vamos considerar as alturas dos retângulos como sendo f (xk−1 ) , onde k = 1, 2, 3, . . . , n . Desse modo, as bases dos retângulos são todas de comprimentos iguais a ∆x =  2   2  b 2b (n − 1)b 2 , f (x2 ) = , . . . , f (xn−1 ) = Então, f (x0 ) = f (0) = 0, f (x1 ) = . n n n Logo, se chamarmos de sn a soma de todos os n retângulos de base ∆x e altura f (xk−1 ) , obteremos    2    2       b b b 2b b (n − 1)b 2 b Sn = 0 · + + + ... + n n n n n n n = b3 [1 + 22 + . . . + (n − 1)2 ]. n3 Usando a fórmula 1 + 22 + . . . + (n − 1)2 = (n − 1) · n · (2n − 1) , ficamos com 6 b3 (n − 1) · n · (2n − 1) b3 n − 1 n 2n − 1 , · = · · · n3 6 6 n n n     b3 1 1 . Sn = · 1− · 2− 6 n n Sn = Portanto, concluímos que a área da região é igual ao limite     b3 1 1 b3 b3 lim Sn = lim · 1− · 2− = ·2= . n→∞ n→∞ 6 n n 6 3 Resumindo, lim Sn = n→∞ b3 . 3 Atividade 2 Calcule as seguintes somas de Riemann utilizando as partições dadas a seguir. a) Usando a escolha dos pontos x ¯k = xk−1 , mostre que a área A sob o gráfico da função y = x3 no intervalo [0, b] é A = b4 . 4 b) Usando a escolha dos pontos x ¯k = xk , ache a área sob o gráfico da função identidade y = x no intervalo [0, b]. c) Usando a escolha dos pontos y= x2 x ¯k = xk , ache a área sob o gráfico da função no intervalo [0, b]. Aula 09  Cálculo I 15 Resumo Nesta aula, a continuação do estudo das primitivas nos permitiu: encontrar primitivas utilizando a técnica da substituição u; e mostrar como se aproxima uma área abaixo de uma curva por retângulos, introduzindo as somas de Riemann, bem como usá-las para calcular áreas de regiões limitadas por gráficos de funções contínuas positivas. Auto-avaliação 1  escreva com suas palavras o procedimento de aproximação da área sob um D gráfico utilizando retângulos. 2  e no procedimento 2) das somas de Riemann você escolhesse como S xk−1 ≤ xk ≤ xk : a) tal que f (xk ) é o menor valor que a f assume no intervalo [xk−1 , xk ]; b) tal que f (xk ) é o maior valor que a f assume no intervalo [xk−1 , xk ]. O que poderíamos dizer sobre a soma obtida em a) com relação à soma obtida em b)? Referências ANTON, Howard. Cálculo: um novo horizonte. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000. v 1. SIMMONS, George F. Cálculo: com geometria analítica. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. v 1. THOMAS, George B. Cálculo. São Paulo: Addison Wesley, 2002. 16 Aula 09  Cálculo I