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Caderno Tfg Francisco Júnior - Unigranrio

TCC Arquitetura e urbanismo - https://youtu.be/vFQUnzwGMoo

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TFG - UNIGRANRIO - 2016 / 2 ARQUITETURA E URBANISMO CIES Centro Integrado de Existência Social Aluno: Francisco dos Santos Júnior Orientadora: Dra. Glaucineide Coelho Abrigo de permanência continuada Construtivismo Sociointeracionista Parque Martinho -Belford Roxo -RJ UNIGRANRIO UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO NOITE CENTRO INTEGRADO DE EXISTÊNCIA SOCIAL (CIES) Trabalho Final de Graduação, apresentado por Francisco dos Santos Júnior à banca examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unigranrio, como requisito para obtenção do título Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Professora Dra. Glaucineide Coelho. Duque de Caxias - RJ 2016 DEZEMBRO 2016 “Conheça todas as teorias, domine todas técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apena outra alma humana.” (C. G. Jung) 2 Agradeço primeiramente a Deus por ter me conduzido com retidão nessa longa e linda jornada de aprendizado, ao apoio dos meus pais, ao meu filho João Pedro, que dedicou os seus momentos livres para me ajudar com os acabamentos gráficos do projeto, à minha filha Maria Clara que sempre me orientava nas questões artísticas e subjetivas do projeto, a minha esposa Francisca Alves, por me mostrar que tudo o que passamos durante esses cinco anos foi por um objetivo maior, e a todos que sempre me impulsionaram e me apoiaram em todos momentos. Agradeço ainda aos meus grandes amigos, o parceiro nessa jornada estudantil, Elienai Carvalho, ao meu grande amigo o engenheiro Carlos Henrique Villela, que me concedeu as melhores oportunidades, que levarei para toda a minha vida. Agradeço a todos os professores que contribuíram e me apoiaram em todos os processos de aprendizado, em especial aos professores, Fábio Bruno, por sempre manter o bom humor, ao professor Maurício, por sempre dizer a verdade, e a professora Glauci Coelho, por me mostrar que a Arquitetura e o Urbanismo não é simplesmente algo físico, mas que tudo está além das coisas subjetivas. Agradeço também aos meus colegas, que sucessivamente acrescentaram um novo aprendizado nas conversas durante todo o curso. Dedico acima de tudo à minha família que sempre acreditou. 3 Sumário Introdução Principais aspectos que o trabalho aborda O argumento do construtivismo O ambiente Construtivista Justificativa para o trabalho acadêmico Relevância do trabalho acadêmico Tema do trabalho acadêmico Objetivos gerais do trabalho acadêmico Objetivos específicos Bases para o projeto arquitetônico Referenciais projetuais Referências Legais, Psicossociais e Projetuais Referenciais Psicossociais Arquetípos dos laços afetivos dos abrigos O projeto Partido e Conceito Implantação e diretrizes O local Análise Morfológica A Implantação - Plano Conceitual Plano de Massas Esquemático A implantação O Projeto - Parque Público 5 6 8 14 15 16 17 17 18 19 21 22 22 23 27 27 29 31 32 33 34 35 36 O Projeto - O CIES O Projeto - Parque de Esportes O Conjunto Arquitetônico Vistas do Projeto - Norte Vistas do Projeto - Sul O Abrigo - Projeto Setorização do Abrigo - Térreo Setorização do Abrigo - Primeiro Pavimento Setorização do Abrigo - Segundo Pavimento O Projeto - O dormitório O Projeto - A Escola Pública O Projeto - O Restaurante O Projeto - Os Espaços para as Crianças O Projeto - Áreas de Lazer - Esportes O Projeto - Ginásio O Projeto - A realocação Residêncial O Projeto - O Anfiteatro O Projeto - Plantas do CIES O Projeto - Plantas do CIES O Projeto - Plantas do CIES Considerações finais Referênciais Bibliográficas 37 38 39 40 41 43 44 45 46 50 51 54 56 60 61 62 63 64 65 66 67 68 CENTRO INTEGRADO DE EXISTÊNCIA SOCIAL (CIES) Introdução: Esse trabalho acadêmico tem como base as minhas reflexões sobre os paradigmas e conflitos que podem ocorrer dentro do ambiente de abrigos de permanência continuada para crianças e adolescentes, que hoje só podem ser chamados de acordo com as novas regulamentações do Estatuto da Criança e Adolescentes ECA, de abrigamentos, talvez essa nova regulamentação nominal seja para perder a conotação pejorativa que o nome orfanato pode reter e trazer para vida de cada criança e adolescente que passa por alguma medida de abrigamento provisório, mesmo assim, o termo abrigo ou abrigamento ainda terá a condição de outro lugar diferente da sua casa original, longe do núcleo familiar. 5 referenciais acadêmicos sobre o tema dos abrigamentos Principais aspectos que o trabalho aborda: (orfanatos) como sujeito espacial e que seja de caráter O trabalho aborda os temas ligados as escolas e centros de ensino instrucionais construtivista direta relacionado as questões arquitetônicas, o que orienta fortemente esse trabalho acadêmico está balizado do nesses três itens temáticos principais: as questões construtivismo de Piaget, e nos conceitos de escola de ligadas aos abrigos de permanência continuada, escolas escola pública integral de Anísio Teixeira, que é visto integrais e instrucionais e parques público sociais. como grandes O projeto arquitetônico esta baseado nos conceitos transformações que marcaram a educação brasileira no sóciointeracionismo construtivista, onde o ambiente é um século na ponto primordial para o aprendizado e como esse implantação das escolas públicas em todos os níveis, que aprendizado e formulado e assimilado pelas crianças e refletiam seu fim de oferecer educação gratuita para como tudo isso é transmitido para as crianças. interacionista, baseados nos conceitos teóricos o fundamental passado, Anísio idealizador Teixeira das foi pioneiro todos. Tratará sobre a temática dos parques sociais e empreendimentos que na sua primordial essência sejam O sóciointeracionismo pondera que os elementos e aglutinadores e transformadores sociais e que o ambiente sociais biológicos não podem ser desconectados e como um todo seja voltado espacialmente para a escala desempenham uma rede de influência recíproca. Na das crianças. E o foco temático principal será a criação de interação sucessiva e constante com os outros seres um abrigo de permanência continuada e as questões humanos, as crianças desenvolvem toda uma gama de arquetípicas e psicossociais intrínsecas, ainda que não um vasto repertório de aptidões cognitivas. Passa assim, haja autores que tratem ou mesmo retratem com a participar do mundo peculiar dos adultos, passa a se 6 comunicar das mais variadas formas de linguagem, conhecimento é a ação de resolver os mais variados aprende, assimila e compartilha as histórias e sobre tudo problemas, sejam eles do cotidiano ou técnico com todos os hábitos de seu grupo interacional social. os seus elementos e suas especificidades. Assim, temos Os aspectos do desenvolvimento das relações humanas a noção básica que aprendemos sempre a todo tempo dão-se numa rede de relações interacionais em que os numa constante evolução o aprendizado é constante e diferentes papéis, atores e seus complementos são intrínseco. assumidos e imputados pelos e para os vários participantes desse meio comum. O que passa a definir O nosso aprendizado está ligado às resoluções das um ser completo são as relações que cada momento nossas problemáticas cotidianas sejam elas objetivas ou estão ligados às interações que ele passa a estabelecer subjetivas. O nosso aprendizado nos torna capazes de com outros do seu meio, nos papéis que cada um assume elaborar um perfil meramente pessoal sobre os objetos da em relação aos outros e os outros assumem em relação a realidade, sendo que este está em interação constante ele próprio. São esses os papéis que são determinados e com outros tantos objetos. Pela visão do construtivismo, determinantes pré nada está finalizado e o conhecimento nunca estará estabelecidos nos grupos em paralelo com outros grupos. terminado. Ele está constituído pela interação do sujeito O construtivismo faz referência aos aspectos lógicos com o meio social e o meio físico, com o mundo dos envolvidos na aprendizagem de cada ser, com constantes objetos e das relações interacionais e sociais. segundo ideais e valores de interações e questões que movimentam o ato de pensar. O ato de lógico de pensar está diretamente ligado à De maneira objetiva, o método de instrução com a produção do conhecimento e o ato que determina orientação ligadas no construtivismo tem como base que 7 o aprendizado, bem como ato de ensinar, tem o O conhecimento em todos os seus aspectos encontram- significado de construir o novo conhecimento, desvendar se em constante e indelével reconstrução. Essa maneira uma nova maneira para e o todo tenha um significado, de instrução pedagógica começa a ser usada nos fundamentado nas experiências e nos conhecimentos espaços existentes no meio. O que diferencia o construtivismo e a fundamentos escola tradicional está ligado aos estímulos as formas de começam a tomar corpo nesses ambientes. Desse pensar em que o aluno, ao invés de assimilar meramente momento em diante, surgiu um movimento que com uma mais um conteúdo de forma passiva, interage e restaura o visão de mundos diferentes das escolas tradicionais que conhecimento existente, criando um novo significado para tratam os alunos como meros objetos que devem ser um novo conhecimento. educados nos modelos comportamentalistas. educacionais teóricos brasileiros, acadêmicos quando os construtivistas, Nos espaços construtivistas, a criança passa a ser o ator O que é perene no argumento do construtivismo: principal da sua jornada de aprendizagem, ele participa de forma plena de todo o processo. Diversos autores A exigência de uma dinâmica raciocínio, dedução, compuseram suas obras tomando como base as teorias demonstração conectadas com momentos discursivos; do desenvolvimento e aprendizagem dos dois psicólogos O entrosamento ligado ao novo aprendizado está Piaget e Vygotsky. No entanto, não há aqui por não ser fundamentado no transpor e dá ao futuro uma nova razoável, nesse espaço, o tratamento da vida e obra mais construção física do conhecimento; incisiva desses autores, todo o arcabouço fica vinculado sobre qual foi a influência que eles tiveram com a 8 construção dos métodos psicopedagógicos construtivistas. Temos ainda, as contribuições de outros teóricos como Vygotsky, e do mesmo modo, há outros teóricos do desenvolvimento dos modelos de aprendizagem, que Piaget é tido como o pioneiro da linha construtivista, em figuram com contribuições importantes para o avanço das face do que é sem dúvida o traço que o distingue de linhas teóricas construtivistas e todas as afinidades com a forma inequívoca e epistemológica. Onde a explicação da linguagem, e sobretudo, as condicionantes interativas que formação do pensamento fundamental e racional, que cada ser humano pode estabelecer e contribuir para o seu culmina num resultado dentro de um processo de aprendizado. construção na lógica de todas as ações do ator principal, sujeito, sobre o ambiente e sobre os artefatos e tradições. Tendo em vista que a epistemologia genética do teórico Podemos ter um vislumbre de que a teoria genética, e Piaget vem para explicar a linhagem e o modo do particularmente, os princípios do funcionamento do desenvolvimento intelectual, que parte do ciência dos psiquismo do homem e que são competências e fatos, em rota com os organismos sistemáticos feitos pelo capacidades ser senciente. das mais variadas aprendizagens e atividades mentais e construtivas, o equilíbrio cognitivo das estruturas intelectuais, que são pontos iniciais para Além disso, temos as epistemologias que vêm elaborar uma compreensão construtivista dentro do fundamentar as posturas pedagógicas comprovadas no ambiente construído. ambiente educador e são pautadas, no transcorrer da história humana, de diferentes formatos, que dão origem às diferentes e distintas correntes epistemológicas onde 9 podemos evidenciar de maneira básica três correntes ambiente construído, o mediador e a criança. Com esse teóricas fundamentais para as posturas pedagógicas no juízo, o conhecimento passa de mera transmissão de ambiente de vivência social. informações para construção do saber, possibilitando, à criança, aprender a praticar, aprender a refletir, ser um Apriorismo - Doutrina que confere importância aos ator do seu processo intrínseco de aprendizagem. conhecimentos, conceitos ou pensamentos a priori, os Piaget promove que cada um tem os próprios planos de que independem da experiência ou da prática. Entende absorção, organismos interiores para o aprendizado que o ser humano possui o conhecimento nato, ou seja, sensorial. Todo sujeito tem o seu modo de perceber o ele necessita, somente ser motivado para propagar o mundo, e transfere o seu mundo assimilado para a sua conhecimento. vida cotidiana. A assimilação da informação, do conhecimento, se dão nas interações de cada ator próprio Empirismo – Não há nada no nosso intelecto que não com ele mesmo, com os outros atores do seu meio tenha entrado lá por intermédio dos nossos sentidos. cotidiano e com o ambiente que ele absorve as (Popper, 1991). O sujeito é considerado uma tabula rasa. informações e o conhecimento. Esta é a base elementar do interacionista. construtivismo É um estado ser Interacionismo – Acredita que o sujeito é capaz de fundamentalmente de construir o seu conhecimento por meio da interação com interação livre e dinâmica, tendo em vista que, ao ponto o objeto do conhecimento. que o sujeito age e interage com o objeto e para o objeto A arquitetura do CIES está voltada para o Interacionismo, e para o ambiente construído, ele o modifica para que ele no qual o conhecimento é o resultado da interação entre o se transforme em interações do seu cotidiano. 10 Diante das relações estabelecidas, o sujeito passa a ser Ambiente de aprendizagem construtivista produtor, isto é, ele cria novos conceitos, novas 1 - Construtivismo - uma apresentação teórica interpretações, reorganizando as que possui. É a Atualmente, construção e a reconstrução do conhecimento, princípio pedagogia estavam divididas em duas linhagens: uma básico do construtivismo. apriorista e outra empirista. O ambiente proposto para o CIES, orienta e dá sentido às Na visão dos aprioristas, toda a origem do conhecimento praticas do construtivismo na psicopedagogia, engloba está pronto em cada ser humano, ou seja, o seu intelecto uma grande soma de contribuições educacionais e cultural e social está no gene de cada um armazenada sóciointeracionais atuais orientadas na espacialidade que dentro dele, e torna a função do orientador mediador, possibilita, a cada sujeito, ator da sua própria caminhada, como estimulador para que este conhecimento surja. em muitos ambientes, as teorias da a intuir, a atuar, a agir, a arquitetar a partir da sua mera realidade fática da coletividade em que essa criança, em E para os teóricos empiristas, onde o princípio remonta as um espaço de recitação e recriação. doutrinas de Aristóteles, base do conhecimento na sua observação dos objetos. Segundo os empiristas, a criança é um tipo de tabula rasa e a transferência do conhecimento é algo natural, que é repassado em duas vias ou pelo relação entre os entes, das mais variadas formas e métodos de interação escrita, gestual, oral. E é 11 com base nessas teorias que estão baseadas grande numa interação radical, de modo tal que a consciência parte das linhagens pedagógicas atuais. não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é Com esses dois conceitos teóricos paradigmáticos desse estado que derivam dois movimentos fundidos em um único conceito, temos um vislumbre das complementares, um de incorporação das coisas ao as teorias de Piaget, que foi um dos primeiro a estudar e sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas[...]. pesquisar como o conhecimento era formado na mente de um pesquisador. Piaget analisou de que forma um bebê Com esse trecho, Piaget determina os três conceitos saía de um estado do não reconhecimento de qualquer principais para balizar a sua teoria: individualidade perante o seu mundo, chegando até a Acomodação, assimilação e interação. idade adolescente, onde já podemos perceber as intervenções de raciocínio e lógica muito mais intricadas. Os conceitos da Epistemologia Genética, como foi mencionado antes, é uma composição das teorias Com todas essas observações, sistematizadas e com viventes, tendo em vista que Piaget, não acredita o uma metodologia analisada, que ele denominou o seu conhecimento seja, intrínseco do próprio sujeito que são Método Clínico, Piaget situou a sua base teórica, os fundamentos teóricos do apriorismo, e nem mesmo chamada que de Epistemologia Genética. Que está o conhecimento derive completamente das fundamentada em um de seus livros, O Nascimento da observações do meio ambiente que o cerca, que são as Inteligência na Criança (1982), onde Piaget propõe que teorias do empirismo. [...]as relações entre o sujeito e o seu meio consistem 12 Conforme as suas teorias, Piaget, diz que o constante e permanente, e está sempre em conhecimento, em qualquer nível, é provocado sob uma desenvolvimento, assim essa teoria foi chamada de interação do sujeito com seu meio ambiente, a partir de Construtivismo, Parte-se da idéia de que níveis de estruturas antecipadamente existentes de cada ator ou conhecimento estão indefinidamente sendo estabelecidos sujeito. Isto posto, a obtenção de conhecimentos está através da influência mútua entre o sujeito e o meio. amarrado tanto de certos arcabouços cognitivos inerentes ao próprio sujeito, evidenciando as sua relações com o Sob essa ótica é que está depositada o maior feito das objeto e, não despreza de nenhuma delas. teorias de Piaget, que demonstrou de forma científica com o olhar de um biólogo e não de um filósofo ou psicólogo, Essas relações entre o sujeito e o objeto estão subdividas de que forma o ser humano passa de uma ordem que em um sequer sabe definir a sua espacialidade para outro ser processo de duas partes, assimilação e acomodação. A assimilação são as ações que o indivíduo senciente que obtém equações irá tomar para poder absorver o objeto, e irá interpretá-lo permitiriam viagens intergalácticas. intricadas que o de forma a poder condicionar essa interpretação dentro das suas estruturas de cognição. Já acomodação é o momento em que o sujeito desvia suas arcabouços cognitivos para envolver o objeto. E essas relações entre assimilação e acomodação o sujeito adapta o meio externo sobre um infindável procedimento desenvolvimentista cognitivo. E como esse é um processo 13 O ambiente Construtivista esta ligada ao simples apertar de botões ou escolher opções, mas deve ir além dos simples modos de Para que um ambiente ou o objeto para o sujeito seja interação e passar para um nível de integração da criança construtivista é essencial que o Mediador idealize o com o ambiente ou objeto para a sua realidade cotidiana conhecimento sob as bases teórica de Piaget, e que todo do sujeito, dentro de suas qualidades, para que ele e qualquer desenvolvimento de cognição somente será estimulado e desafiado, mas que permita que novas eficaz se for aprimorado em uma influência mútua entre o interações sejam permitidas e adaptadas às estruturas sujeito e o objeto. É imperativo saber que, sem um modo cognitivas viventes, que virá para propiciar o seu pelo qual o objeto influencie as interações do sujeito, este desenvolvimento intelectual próprio. não tentará se encaixar à situação, e criará uma ruptura no modo de absorção do objeto, que dão origem às Dentro de um ambiente de convivência e aprendizagem consecutivas adequações do sujeito ao meio, com o que ambicione ter uma comportamento de acordo com as constante desenvolvimento cognitivo. descobertas teóricas de Piaget, e é ainda preciso lidar perfeitamente com o fator erro e os fatores de avaliação. Nesse mesmo seguimento, Piaget teorizou, que existem Dentro de uma abordagem construtivista, o erro torna-se diversas hipótese básicas em sua base teórica que não uma enorme fonte de aprendizagem, a criança ou o podem ser abolido, se aspirarmos criar um ambiente aprendiz, deve sempre e a todo tempo ser estimulado a construtivista. Segundo Piaget, o ambiente deve permitir e questionar-se e questionar a figura do Mediador sobre de certa maneira seja imperativo que haja alguma quais são as consequências de suas atividades e de suas interação da criança com o objeto. Esta interação, não atitudes e com isso e a partir disso, seus erros e acertos, 14 passam a construir os conceitos fundamentais para o seu Justificativa para o trabalho acadêmico: aprendizado. De forma geral, a finalidade da proposta do projeto Podemos sinalizar que o requisito mais importante para a é construção de um ambiente construtivista é que o incentivem as diversidades e as mais variadas formas de mediador verdadeiramente tenha a consciência da integração com a comunidade e que esteja inserida no seriedade do educador e dos espaços educativos espaço urbanístico, que acolha de forma plena os pedagógicos, e que ainda assim, todos esses processos e parâmetros e necessidades dentro de um modelo livre de projetos imposições, diverso, sustentável e sociável. de aprendizagem passam sempre e necessariamente por um circuito de interações fortes e que sejam criados espaços arquitetônicos que Objetivos: vívidas entre o sujeito e o objeto, que agora está O objeto principal que orienta o meu trabalho é a simbolizado como objeto constante de toda a cadeia de criação de um centro integrado instrucional que vem processos envolvidos, seja o mediador, professor, a definir critérios e diretrizes projetuais na concepção de máquina, a casa ou os amigos. E tão somente, quando abrigos de permanência continuada, que garantam às partimos destes princípios de interação é que poderemos crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ter um vislumbre mínimo de que estamos construindo social, a apropriação espacial com aspectos psicossociais novos seres para novos exercícios de conhecimento, e qualidade de vida, juntamente com um projeto de escola tanto para a criança como para o mediador. parque de estudos instrucionais, será um integrador que trará benefícios para a localidade como um todo. 15 Não há entretanto, nenhum movimento Projetual Relevância do trabalho acadêmico: arquitetônico acadêmico para que esse quadro que trata o A criação desses novos locais integradores sociais tema abrigamentos de permanência continuada para crianças e adolescentes tenham a sua relevância devida são infinitamente na sociedade. Evidenciar o tema principal proposto de regiões mais segregadas tal como a baixada fluminense e maneira objetiva e com princípios ideais psicossociais e de forma específica para a implantação do projeto o com conceitos fundamentais urbanísticos com o enfoque município de Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro. com espaços sociáveis para as crianças, para a escala Os locais que existem desempenham a função de visual das crianças, trará a luz para as questões integração, pautadas. minimamente mas necessários, não algumas principalmente, atendem de necessidades forma nas plena imperativas contemporâneas, como: espaços para musicalidades com E como esses espaços de caráter integradores infantis e as linguagens atuais, atividades físicas programadas, comunitários, ladeados com diversas atividades que eventuais e coletivas, novas interações tecnológicas de estimulem a convivência e o compartilhamento das mais áudio, vídeo e danças. diversas e heterogêneas experiências e noções variadas "[...]é preciso modificar as relações de forma coletiva, é uma maneira de trazer o lado culturais do País e fortalecer os que humano-social para as relações de afetividade. estão fora dos grandes centros. Falta equipamento, falta teatro, falta centro cultural[...] "(Juca Ferreira. ex ministro da cultura. Mais Cultura para a Baixada Fluminense. 2015) 16 A escolha do município de Belford Roxo, para mim, está Tema do trabalho acadêmico: vinculada a questões afetivas de ligação e do meu pertencimento ao local e por reconhecer principalmente A Criação de um Centro integrado instrucional que que o município de Belford Roxo é claramente um visa definir critérios e diretrizes projetuais na concepção município segregado como a maioria das cidades da de abrigos de permanência continuada, que garantam às região metropolitana do Rio de Janeiro e carece seguir a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade melhora da arquitetura e do urbanismo para que traga aos social, a apropriação espacial com aspectos psicossociais imóveis e os espaços privados ou públicos à cumprir a e qualidade de vida, juntamente com um projeto de escola função primordial social das cidades. parque de estudos instrucionais, será um integrador que trará benefícios para a localidade como um todo. Visivelmente a requalificação ou a readequação dos lugares como o local proposto para a implantação do Objetivos gerais do trabalho acadêmico: projeto, não permitirá por si só que a cidade passe a ter novas perspectivas ou referenciais arquitetônicos e Trazer à tona o tema orfanatos e abrigamentos, urbanísticos, mas por outro lado trará um vislumbre da que é tratado como uma espécie de tabu e definir critérios temática que será discutida. e diretrizes projetuais na concepção de abrigos de permanência continuada, que garantam e permitam às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e que estão passando por alguma medida de abrigamento, a apropriação e a visão espacial e 17 harmônica sob os mais variados aspectos legais de um lar provisório com ares psicossociais e com a qualidade de vida desejada. Objetivos específicos. A filosofia da escola visa a oferecer à criança um retrato da vida em sociedade, com as suas atividades diversificadas e o seu ritmo de preparação e execução, dando-lhes as experiências de estudo e de ações responsáveis. [...](TEIXEIRA, 1962, p. 25) Para que sejam alcançados os objetivos gerais teremos que integrar os seguintes objetivos específicos: A criação de um centro de estudos integrais e instrucionais. O projeto de escola e centro de estudos integrais será um ator integrador que trará benefícios para a localidade, e juntamente com a proposta de escola aberta, servirá para não manter no isolamento o abrigo que possui uma função social básica e primordial e que notadamente é tida como algo que vive a margem de nossas consciências. 18 A criação de um Parque Público integrado: e a comunidade como um todo. Que formará espaços de heterogeneidades sociais que permitiram aos cidadãos O projeto do parque público será um aglutinador desenvolverem de forma livre a identidade da sua social e precedente de novas perspectivas tanto para as coletividade. crianças e adolescentes do abrigo, como para a Bases elementares para o projeto arquitetônico: comunidade como um todo. [...]a relação entre as partes pública e privada, rua e casa, submetida às normas culturais e construída no processo histórico que consolida o lugar[...] o entendimento do significado e o elo de afetividade com o lugar estabelecido pelas crianças nas interações da brincadeira com o espaço[...] proporcionem um arcabouço de referências capazes de orientar intervenções projetuais que primem pela valorização dos espaços livres, [...], orientando a identificação e inserção do indivíduo no todo da cidade[...](Coelho,2004, p.15, p161) Referenciais históricos e contemporâneos sobre os orfanatos que balizam e orientam as premissas da concepção do projeto e o trabalho acadêmico. O Abrigo: A vertente histórica que trata sobre o aparecimento dos orfanatos. O Estatuto da Criança e Adolescentes ECA, traz um apontamento de que o arquétipo de acolhimento em regime de orfanato surge na Europa, perto do póssegunda guerra mundial, com um número enorme de A junção desses três temas, tendo as questões crianças que ficaram órfãs de pais e mães e das mulheres ligadas aos Abrigamentos de permanência continuada que perderam seus filhos ou mulheres que perderam os como o foco principal, a Escola instrucional e um Parque seus maridos durante a guerra. Outra vertente histórica Público, integrarão de forma plena o ambiente construído diz que o Papa Inocêncio III decidiu criar “A Roda”, por 19 volta do ano de 1198, porque teria ficado horrorizado com Dados do IPEA. a quantidade de cadáveres de crianças recém nascidas Segundo as pesquisas do IPEA a pedido boiando no rio Tibre em Roma. A roda, assim como era Secretaria Especial dos Direitos Humanos, cerca de 80% conhecida foi utilizada nos conventos e depois instalada desse contingente, têm algum tipo de vínculo familiar, e nos orfanatos mundo a fora. pelo menos um deles em cada quatro menores está lá Números referenciais atuais: porque os parentes, pelas mínimas falta de condições sociais ou financeiras, não conseguem manter esses Dados do CNJ. Dados de 2011 mostrou que no Brasil havia 33.361 crianças e adolescentes vivendo em unidades de acolhimento. É o que revela o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA) Esses dados são acessíveis somente a membros de entidades vínculos familiares ativos. E todo esse cenário é tão somente a fase inicial de um grande e vicioso ciclo que se reflete nas mais elementares bases familiares e sociais dessas crianças ou desses adolescentes que será refletido nas vidas adulta desses indivíduos. governamentais. Entretanto, esses dados não são consolidados sobre os E com o cenário de políticas públicas de apoio a abrigos e as condições dos abrigados em Belford Roxo essas famílias quando existem são no mínimo ineficazes onde será consolidada a proposta de implementação do ou comumente inexistentes, os parentes, adolescentes e projeto arquitetônico. as crianças podem ficar por mais de dez anos nas unidades, mesmo que o ECA determine que essa passagem seja excepcional e temporária, mesmo que 20 essa determinação esteja aquém das capacidades e da • 59% têm menos de quinze anos de existência realidade dos abrigos. • 58% São mantidos com fundos Os números básicos dentro de um horizonte nada predominantemente privados. • excitante: 24% A pobreza é o maior fator dos abrigamentos. Todas elas recebem verbas Federais E ainda dentro de todo esse cenário estão as distorções • 49,1% delas na região Sudeste • 34,1% no Estado de São Paulo • 14,9% das unidades não funcionam mais como os do sistema e os desvios de conduta por parte dos responsáveis pelos abrigos e seus gestores externos. antigos orfanatos onde as camas e escovas de dentes e outros objetos pessoais são usados de No forma coletiva. • 6% das instituições funcionam com o ínfimo ato de tentar ressocializar a criança ou adolescente com os seus vínculos. • dos abrigados, Brasil, não há referências ou normas constituídas específicas para concepção e construção de abrigos de permanência continuada ou permanência provisória, as normas referenciais são as mesmas normatizações submetidas aos critérios de higiene e 6% de todos os municípios do Brasil é onde estão 20% Referenciais projetuais: e fora desse circuito catalogado não há o mínimo controle dessas unidades que funcionam como abrigos. • 65% São entidades não governamentais • 67% tem um forte vinculo religioso saúde nos espaços construídos. Por não haver dados referenciais sobre o estado geral dos orfanatos ou de entidades sociais que constituem as organizações de amparo às crianças e aos adolescentes, a proposta geral do projeto tem como base preliminar e objetiva promover 21 o bem estar, a integração e o bom convívio social sem desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, mistificar em condições de liberdade e de dignidade. ou estigmatizar cinematograficamente, e o contexto abandonando criado esses preconceitos, o objetivo oportuno é que sejam criados espaços para as mais diversas atividades fundamentadas no conceito de integração entre esporte e lazer simples, estudos criativos e tecnológicos e formação de vivência social, existencial e comunitária, um espaço de todos pra todos. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Referenciais Psicossociais: Referências Legais, Psicossociais e Projetuais A proteção e a visão humana: Referenciais Legais: Baseados nesses dois artigos da LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem O orfanato quando visto de forma simples e crua, tem por objetivo principal refugiar ou abrigar por períodos que podem variar em um único dia de forma provisória ou pode ser por um tempo que pode chegar até o limiar da sua vida adulta. prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o Uma criança ou um adolescente em condição de vulnerabilidade ou de risco social ou risco de perder a sua 22 própria vida ou vivendo em condições sub-humanas em Será que poderíamos negar de alguma forma, abandono, desamparada, sofrendo maus tratos com os tamanha violência que essas crianças, adolescentes ou seus direitos civis mais básicos violados e negligenciados, pós adolescentes já entrando em sua vida adulta, não tanto no seio de sua família ou o que restar dela ou importando nesse momento o gênero ou mesmo a cor da mesmo dos agentes governamentais de direito e proteção sua pele, mas sim a sua condição de vulnerabilidade da infância e adolescência e das pessoas vulneráveis. latente que as transformam em meros números em planilhas ou gráficos exponenciais. E quando essas vidas Como poderemos questionar a existência ou não são expostas ao ambiente de abrigamento, que mesmo de um orfanato, se sabemos das condições mais que tenha a melhor das propostas pedagógicas e adversas e extremas que poderiam justificar de forma cognitivas e que tenha uma arquitetura composta com os clara e inequívoca a separação de uma criança ou mais variados símbolos de plenitude e de bem estar, adolescente do seio de sua ou daquilo que deveria ser ainda assim será um ambiente que trará consequências conhecido como família sejam eles pais ou parentes nos seus desenvolvimentos psicossociais. biológicos ou não. O distanciamento e as separações podem ser vistas como fatos normais e até mesmo Visão arquetípica do paradigma dos laços afetivos dos naturais da vida cotidiana e por outro lado um lado mais orfanatos: social não utópico o ato de abrigar e acolher tem que ser Se visto da mesma forma. olharmos de forma simples ou mesmo pragmática os laços afetivos criados dentro do ambiente do orfanato esse cenário poderá ser visto como uma atmosfera social determinada por uma arcabouço de 23 Mesmo que de forma pura, os orfanatos tenham relações afetivas formadas de maneira direta, e posta entre os internos e os seus tutores meramente escalados como princípios básicos inerentes a causa, criar para as suas determinadas funções. condições adequadas de um frutuoso desenvolvimento Assim, esses valores passados em vias sentimentais, através dessa paradigmática família constituída dentro de envolvem questões e expectativas, que estão ligadas a uma instituição de abrigo esperança pessoal de cada interno para retornar ao seu espaço dentro desse ambiente hierarquizado e impessoal, lar ou mesmo um novo lar. para um ser humano em formação e caracterizado como e formação, onde haverá vulnerável, para realizar a sua jornada pessoal de Todo o peso dessa atmosfera social está ligada desenvolvimento sem padecer com todo a sua carga diretamente aos regimentos e normatizações internas histórica e familiar dentro de um ambiente aterrador de reguladoras dos orfanatos, impedimentos e apoios, que uma instituição de abrigamento. se novamente formos observar todo esse quadro, poderá ser visto como o mesmo horizonte das perspectivas familiares constituídas, ou seja poderá ser visto como família, tanto para os funcionários, como para os internos, e que mesmo assim não poderão criar laços de afetividades de forma que seja qualificado de maneira Simplesmente, os orfanatos existem, pois existem crianças abandonadas. As questões e significados dos arquétipos dos órfãos e desabrigados e das temeridades do abandono e as vulnerabilidades das crianças nessas condições: verdadeira como laços próprios num ambiente coletivo com tarefas e horários hierarquizados, visto como um não lugar. O autor C. G. Jung- Os arquétipos e o inconsciente coletivo, no seu livro trata de forma plena o significado 24 dos arquétipos, Jung (1986) “Arquétipo significa a forma doutrinas imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se desenvolvimento das suas capacidades para receber o moldar.” Jung usa o termo referindo se aos vários mundo da maneira que ele é, para de alguma maneira padrões congênitos na observância das matrizes do poder assim se aparelhar ou mesmo ter alguma forma de desenvolvimento organização do seu exterior e que possa moldar o seu dos moldes intrínsecos de cada individuo. exterior. O arquétipo da figura da mãe: O Jung (2000) diz que, o arquétipo da mãe está julgo que do concordância os seus complexo com o filhos poderão paternal que a obter se constrói criança traz o em como de experimentação e da convivência paterna natural ou com criatividades, o ato de fertilizar e dar provimento de vida e figura que possa vir para cumprir este papel. E é dentro amor está ligado as obscuridades desses sentimentos. O dessa arquétipo da mãe não está disposto excepcionalmente humanizada. As coexistências com o exemplar paternal quando a mulher traz à vida ou adota um ser humano, são organizados internamente em volta das imagens do mas também nas relações diárias de convivência e pai que as crianças criam para si, assentindo a esta valores gerados e adotados para a vida de cada ser. imagem, atributos e problemas essenciais a cada ser diretamente conectado com as interações coexistência que a forma paterna será humano. O arquétipo da figura do pai: Um pai ou a figura paterna transmitirá para os seus filhos Heinrich (1997) Diz que a função primordial do pai as suas leis de vida, e os estimulará para que esses é a de ensinar e passar aos seus descendentes e aos ensinamentos sejam devidamente vivenciados por eles e seus filhos as leis e nuances da vida. E com estas que experimentem esses sentimentos por conta própria. 25 com os seus irmãos, essas crianças poderão manter em Os arquétipos dos irmãos e amigos: Existe também a figura arquetípica dos irmãos, e o algum grau a lembrança do significado de família. O que Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tem uma nesse momento, será a única coisa remanescente e que exigência devem resistirá na prevalência do seu mundo. Permanecendo permanecer juntos e não devem ser separados de juntos, os irmãos terão muito mais chances de se maneira nenhuma. entretanto, essas determinações compatibilizar com os novos ambientes, tendo em vista permanecem inalteradas tão somente na forma de lei que quando a dor é compartilhada ela tende a ser sentida escrita e não nas formas da lei cumprida, o quadro que de maneira mais singela. Ao mantermos essas relações podemos observar com uma maior facilidade é o de entre os irmãos minimamente intactas podermos manter irmãos em condições de abrigamento juntos mas vivendo vivas as memórias e alguns conceitos de família. imperativa de que os irmãos com outros irmãos filhos únicos nas mesmas condições. O prevalecimento da convivência com os seus irmãos é É razoável observar todas essas questões imperativo e de importância extrema para o incremento arquetípicas ligadas aos abrigamentos podem ser vistas das questões ligadas ao ambiente psicológico intrínseco como um caminho que deverá ser percorrido e que o de cada criança, tendo em vista, que essa experiência meio no sentido espacial possa influenciar de forma poderá suprir as demandas exigidas pelas coexistências positiva e integradora a vida de cada indivíduo, para que não vividas nos relacionamentos com os seus pais. essa passagem deixe de ser vista tão somente como algum tipo de paradoxo mal necessário, mas sim, uma Downing (1991) Diz que as crianças em condições nova fase ou mais uma fase na vida de cada indivíduo. de abrigamento e desde que seja mantida a proximidade 26 O projeto: Partido e Conceito: Terá um significado ambiental que imprimirá nos usuários referenciais integradores e familiares. De forma geral a proposta Projetual busca atender A forma terá parâmetros de Geometria lógica com as mais variadas questões formais, de funcionalidades e o Lúdico Criativo ambientado na Arquitetura Fractal. com algum significado lúdico. As formas não terão ou não Haverá pontos de bom senso e equilíbrio e pontos de buscarão obter qualquer significado especifico, o lúdico o conflito entretanto, e a espacialidade será interpretada de formal e o abstrato são as bases elementares do projeto, forma intrínseca. uma arquitetura geométrica e simples, a justaposição que possam criar noções de harmonia. Terá a função primordial de atender aos planos de necessidades dos grupos individualizados ou não que em sua maioria vem com uma carga viva e expressiva de vulnerabilidade e que seja diversificado. 27 Referenciais psicossociais e projetuais. Referencia Psicossocial: apropriação espacial nos abrigos de permanência continuada por essas crianças e adolescentes. C. G. Jung- Os arquétipos e o inconsciente coletivo: A compreensão das estruturas e procedimentos de atendimento às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social influenciam nas decisões projetuais A identificação do regime de institucionalização e Referencia Projetual: Aldo van Eyck • Estruturalismo • Parques infantis e O arquiteto Aldo van Eyck projeta o Amsterdam Orphanage principalmente, o comportamento espacial das crianças e em 1960. Eyck procura o balanço de forças que crie um lar dos adolescentes em situação de vulnerabilidade social. e uma pequena cidade no subúrbio de Amsterdã. como isso afeta o desenvolvimento humano Como os conceitos da Psicologia Ambiental e quais aspectos do ambiente físico podem interferir na CCA Mellon Lectures 28 Implantação e diretrizes. O Abrigo: Prédio principal • • O Abrigo: Prédio anexo (Tutores) • O abrigo atenderá todas as faixas etárias definidas tutores conectado ao abrigo. no ECA para abrigamentos. • Também terá 3 pavimentos. O prédio principal do abrigo terá 3 pavimentos mais • No térreo ficarão os tutores e cuidadores para as um andar térreo. • No térreo ficarão as crianças de 0 a 07 anos de crianças de 0 a 07 anos de idade. • idade. • • No primeiro pavimento ficarão as crianças de 08 a No primeiro pavimento ficarão os tutores para as crianças de 08 a 13 anos. • No segundo pavimento ficarão os tutores para as 13 anos. crianças e adolescentes de 14 a até a idade de No segundo pavimento ficarão as crianças e saída delas. adolescentes de 14 anos até a idade de saída da • O abrigo contará com unidades de moradia para os • Em todos os andares terá uma área interna para instituição. encontros sociais, entre as crianças e os seus Lembro entretanto, que o grupo familiar nunca tutores, os seus pais e os seus possíveis adotandos deverá ser separado dentro da instituição. . 29 A Escola: – Centro de Ensino Integral • Atenderá os residentes e as demandas especificas do público local. • Será consolidada com a mesma arquitetura do Prédio principal e do Prédio anexo (tutores) do O Parque: – Parque Público • a maior relevância. • • Apresentará a ambiência de escola técnica. • Servirá como ponte integradora com o local, terá cursos para a comunidade e a envolverá em todo o O parque será o elo de ligação primária entre a instituição de ensino o abrigo e a comunidade. abrigo e trará uma identidade visual arquitetônica própria. Será item Projetual arquitetônico e paisagístico com • Terá áreas de esportes locais como futebol e Skate, circuitos de corridas e caminhadas. • E áreas com potenciais privilegiados para o convívio social em comunidade. processo. 30 O Projeto - O local O Terreno proposto para a implementação do Projeto: Não foi possível obter dados referentes a zoneamentos e as normas de construção que são permitidas para o terreno. GLEBA= 190.000m² A obtenção de dados referenciais no município de Belford Roxo, é nesse momento impossível, tendo em vista que, o município de Belford Roxo é considerado como o município com o índice de transparência zero medido pelo portal da transparência. Av. Joaquim da Costa Lima Av. Gov. Leonel Brizola 31 O Projeto - Análise Morfológica 32 A implantação – Plano Conceitual O Estudo Conceitual A realização do estudo conceitual tem como base a reflexão direta sobre às práticas de projetar, e dentro do processo do planejamento da malha urbana o pensar sobre as problemáticas de um projeto desse porte com intervenções drásticas, com isso surge o vislumbre sobre as formas eficientes de distribuição dos investimentos públicos e os investimentos de infraestrutura e de conexões urbanas, aferi o subsídio da influência dessas intervenções na escala local e vem com isso avaliar e balizar a qualidade de uma arquitetura e do planejamento urbano no conceito de bairro, dando ao projeto um ideal de um mínimo equivalente de justiça social e ambiental. 33 Plano de Massas Esquemático N 34 Projeto do Abrigo A implantação N Na porção Sul da Gleba proposta. Um bloco residencial para a realocação dos moradores residentes na margem sul do terreno para o lado leste do terreno. Um bloco de lojas e outros serviços junto ao bloco residencial de modo a prover novos usos para o local e um modo de subsistência para os moradores residentes. Um Anfiteatro no lado oeste do parque do lado sul E os jardins com conceitos de bosque que permeiam o parque sul como um todo. Na porção Norte do terreno. Um Parque para a prática de esportes individuais e coletivos – campos de futebol - quadras de basquete e vôlei - áreas para churrasqueiras e vestiários. E na porção central do parque. Um ginásio poliesportivo coberto num recorte junto a elevação Um restaurante que servirá ao público do abrigo e escola e servirá para integrar o conjunto arquitetônico a comunidade por meio de incentivos do programa escola aberta. Uma escola no lado leste, com conceitos instrucionais que atenderá tanto os usuários do abrigo bem como a comunidade 0 50 100 E o Abrigo no lado oeste 35 O Projeto - O Parque Público Parque Público N O parque será o elo de ligação primária entre a instituição de ensino o abrigo e a comunidade. Terá áreas de esportes locais como futebol e Skate, circuitos de corridas e caminhadas. E áreas com potenciais privilegiados para o convívio social em comunidade. 0 50 100 36 O Projeto - O CIES Na porção central do terreno, teremos O CIES que contempla o conjunto arquitetônico do Abrigo público e a Escola pública, Jardins e espaços multiusos. 0 50 100 N 37 O Projeto - O Parque de Esportes N Parque de Esportes Na porção posterior do terreno, teremos um parque público para práticas esportivas ao ar livre. 0 50 100 38 O Projeto - O Conjunto Arquitetônico 0 50 100 N E a junção dessas três partes do projeto, formam o conjunto arquitetônico do Parque Martinho, em uma área de 198,000m². Permeada de muitas áreas verdes e uma pluralidade de elementos constituídos que por si só, trará novas perspectivas de futuro, nunca antes experimentadas em Belford Roxo. 39 O Projeto - Vista Norte 40 O Projeto - Vista Sul 41 CIES 42 O Projeto Projeto do Abrigo E como o foco do nosso projeto são abrigos de permanência continuada, apresento o projeto da edificação, que contempla o abrigo e os seus jardins, que são partes componentes do projeto do parque como um todo, que visa, para além dos conceitos de abrigo, tem como objeto obter melhorias para a comunidade do Parque Martinho. 43 Setorização - Pavimento Térreo N PÁTIO ABERTO INTERNO CORREDORES - CONEXÕES EXTERNAS CORREDORES - CONEXÕES INTERNAS BANHEIROS LAVANDERIA CRECHE, BERÇÁRIO - ESPAÇOS PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA PÁTIO COBERTO - ACESSO PRINCIPAL COZINHA - REFEITÓRIO INTERNO 44 Setorização - Primeiro Pavimento N PÁTIO ABERTO CONVIVÊNCIA INTERNA DORMITÓRIOS - ALOJAMENTOS DOS ABRIGADOS CORREDORES - CONEXÕES INTERNAS BANHEIROS CLINICAS PSICOLOGIA / ENFERMARIA ATENDIMENTO CIES ADMINISTRAÇÃO - ATENDIMENTO CIES PÁTIO COBERTO - ACESSO PRINCIPAL VESTIÁRIO DE FUNCIONÁRIOS - CIES 45 Setorização - Segundo Pavimento N PÁTIO ABERTO CONVIVÊNCIA INTERNA GRAMADO DORMITÓRIOS - ALOJAMENTOS DOS ABRIGADOS CORREDORES - CONEXÕES INTERNAS BANHEIROS CLINICAS PSICOLOGIA / ENFERMARIA ATENDIMENTO CIES ADMINISTRAÇÃO - ATENDIMENTO CIES PÁTIO COBERTO - ACESSO PRINCIPAL ALOJAMENTO DE FUNCIONÁRIOS - CIES 46 CIES 0 5 10 O Conjunto arquitetônico compositivo do prédio do abrigo é composto por dois volumes abertos para um pátio envolvente voltado para o nascente. A composição volumétrica pautada nos recortes dos sólidos até chegar a uma forma compositiva lúdica, agradável, lógica e incomum. 47 CIES 0 5 10 A fachada principal: O primeiro contato com o novo A simetria rebatida compositiva da fachada principal, e o modo de como o pórtico do acesso principal direciona o nosso olhar para uma experimentação de uma perspectiva visual totalmente e incomum. 48 CIES 0 5 10 A Fachada sul está voltada para o jardins fractais. A composição é formada por painéis de madeira móveis, posicionados para que não sejam totalmente devassados os dormitórios e os corredores. E ainda criam a cada novo olhar um novo angulo de visão e uma nova perspectiva da paisagem. 49 O projeto - O Dormitório A flexibilidade compositiva do layout dos dormitórios, permite uma infinidade de organizações que podem atender a todas as demandas possíveis dos abrigados e seus parentes 50 CIES O Projeto - O Conjunto Arquitetônico - CIES - Escola Pública A ESCOLA 51 O Projeto - O Conjunto Arquitetônico - CIES - Escola Pública Escola – Centro de Ensino Integral -Atenderá os residentes e as demandas especificas do público local. -Será consolidada com a mesma temática arquitetônica do abrigo e trará uma identidade visual arquitetônica própria. -Apresentará a ambiência de escola estruturalista. -Servirá como ponte integradora com o local, terá cursos para a comunidade e a envolverá em todo o processo. 52 O projeto - A escola - Sala de Aula As salas de aulas acompanham os conceitos e ambiência de escolas estruturalista, totalmente fora dos padrões parametrizados pelo FNDE. 53 CIES O projeto - Restaurante O restaurante O restaurante, localizado na porção central do terreno, entre a escola e o abrigo, atenderá além do público normal da escola integral e do abrigo, servirá ainda para a integração da comunidade com os espaços do CIES. Funcionará como um dos atores integradores quando nos finais de semana houver implementação de projetos baseados em escola aberta para a comunidade. 54 O Projeto CIES 55 CIES O Projeto - Espaços para as crianças Creche, berçário e espaços multiusos. O abrigo ainda conta com diversos espaços multiusos no térreo. Conta ainda com espaços para creche, berçários e espaços infantis. Todos esses espaços servirão para além dos usos diários e comuns do abrigo, servirão para integrar a comunidade, quase uma extensão de suas casas O BERÇÁRIO ESPAÇO INFANTIL ESPAÇO MULTIUSO 56 CIES O Projeto - Espaços integradores 57 CIES O Projeto - Espaços integradores 58 CIES O Projeto - Espaços integradores 59 Porção posterior do conjunto arquitetônico O Projeto - O Conjunto Arquitetônico - Área de Lazer Parque Público O parque será o elo de ligação primária entre a instituição de ensino o abrigo e a comunidade. Terá áreas de esportes locais como futebol e Skate, circuitos de corridas e caminhadas. E áreas com potenciais privilegiados para o convívio social em comunidade. 60 O projeto - O Ginásio O Ginásio coberto Um ginásio poliesportivo coberto num recorte junto a elevação. O ginásio além de servir para as práticas esportivas diárias da escola, será um local para reuniões e palestras para a comunidade. 61 O Projeto - A Realocação Residêncial As residências existentes serão realocadas para o lado leste frontal do terreno A realocação respeitou o número de casas existentes, são residências de dois pavimentos e dois quartos. No plano do térreo estão dispostas de lojas comerciais para a subsistência dos moradores e a alocação de novos comércios de bairro. SITUAÇÃO ATUAL DAS RESIDÊNCIAS EXISTENTES NA PARTE FRONTAL CENTRAL DO TERRENO 62 O projeto - O Anfiteatro O Anfiteatro será um novo marco referencial na paisagem de Belford Roxo 63 O Projeto - Cortes 64 O Projeto - Elevações 65 O Projeto - Implantação - Recorte 66 Considerações finais. Com esse projeto arquitetônico, teremos o vislumbre para o incentivo devido do tratamento das problemáticas O painel futuro almejado: Todos esses envolvidas no tema proposto. conceitos referencias e fundamentações tem por objeto transformar o espaço uma vez historicamente segregado, em um aglutinador social, não só para os residentes do abrigo mais também para os funcionários e amigos do Centro de Integração e Existência Social (CIES), e principalmente para toda a comunidade e que se torne um marco referencial para a sociedade como um todo. E que em uma região historicamente tão segregada como a Baixada Fluminense e em especial o município de Belford Roxo, tenhamos os atributos para o debate em torno desses temas tão sensíveis, como a melhora do ambiente urbano para essas comunidades, os ambientes educacionais de qualidade, e o problema principal que é o abandono de crianças e adolescentes vulneráveis socialmente. 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. • C. G. Jung- Os arquétipos e o inconsciente coletivo. • Christine - Downing ESPELHOS DO SELF. • E.C.A - Estatuto da criança e do adolescente - leis específicas, abrigamentos. • Zimmer Heinrich, Filosofias da Índia • COELHO, Glaucineide do Nascimento. Espaço vivido favela: brincadeiras infantis nos espaços livres da Rocinha. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004. • EYCK, Aldo van. The child, the city and the artist. [1962]. SUN. • da Silva, Enid Rocha Andrade. O direito à convivência familiar e comunitária : os abrigos para crianças e adolescentes no Brasil .2004 • Site www.ipea.gov.br – Dados de Crianças em abrigos • Site www.cnj.jus.br - Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA) • Site www.tranparencia.gov.br – Portal da transparência Brasil Anísio Teixeira Educação Instrucional e Escola Parque Aldo Van Eyck Estruturalismo Parques infantis Orfanatos Carl Gustav Jung Psicologia Piaget Construtivismo Vygotsky Construtivismo 68