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Aula07 Propriedades Opticas

PMT 2200. Materiais - Aula 7: Propriedades Opticas

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PMT2200 Ciência dos Materiais Propriedades Ópticas dos Materiais Prof. Antônio Carlos Vieira Coelho Prof. Samuel Márcio Toffoli Profa. Dra. Ivette F. C. Oppenheim Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP 2 PROPRIEDADES ÓPTICAS  Por propriedades ópticas podemos entender a resposta da interação dos materiais com a radiação eletromagnética, especialmente em uma determinada gama de freqüências - a região do espectro que engloba a luz visível, com extensão para o infravermelho e o ultravioleta. Espectro da luz solar na superfície da Terra : curva da distribuição da energia luminosa emitida pelo Sol. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 1 3 CONCEITOS BÁSICOS  RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA DO PONTO DE VISTA CLÁSSICO (ONDULATÓRIO) E λ posição H Representação de uma onda eletromagnética mostrando as componentes de campo elétrico E e campo magnético H, e o comprimento de onda λ. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 4 CONCEITOS BÁSICOS  RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA DO PONTO DE VISTA CLÁSSICO (ONDULATÓRIO)  Ondas com seus componentes de campo elétrico (E) e magnético (H), perpendiculares entre si e perpendiculares à direção de propagação.  No vácuo, todas as radiações se propagam com a mesma velocidade c = 3 x 108 m/s.  Essa velocidade (c) está relacionada com a constante de permissividade elétrica do vácuo (εεo) e com a permeabilidade magnética do vácuo (µ µo) através da fórmula: c = 1/(εεoµo)0,5 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 2 5 CONCEITOS BÁSICOS RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA DO PONTO DE VISTA QUÂNTICO (FÓTONS)  Do ponto de vista da mecânica quântica, considera-se as radiações eletromagnéticas como sendo constituídas de "pacotes" (quanta, singular quantum) de energia, denominados "fótons“. Estes fótons apresentam comportamento dual: dependendo do fenômeno em discussão eles se comportam como onda (por exemplo, na difração de raios-X) ou como partícula (por exemplo no efeito fotoelétrico).  A energia dos fótons é relacionada à freqüência da radiação (alternativamente, ao seu comprimento de onda) pela relação: E=hν=hc/λ onde h = constante de Planck (6,63 x 10-34 J.s) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 6 EFEITO FOTOELÉTRICO  Superfícies metálicas emitem elétrons quando luz de energia (hν) maior que um determinado valor, chamado de função de trabalho (W), incide sobre elas. Observa-se experimentalmente que a energia cinética máxima dos elétrons emitidos é Kmax = h ν- W.  W é função do material, sendo a energia mínima necessária para liberar um elétron do metal.  Kmax aumenta linearmente com a freqüência da luz incidente, não dependendo da sua intensidade.  Se ν é mantido constante, a magnitude da corrente dos elétrons emitidos é proporcional à intensidade da luz incidente.  Entre a incidência da luz e a emissão dos elétrons transcorre um intervalo de tempo muito pequeno (< 10-9 s).  Em 1905, utilizando a descrição quântica da luz, Albert Einstein apresentou a teoria do Efeito Fotoelétrico; por essa teoria, Einstein recebeu em 1922 o prêmio Nobel de física. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 3 7 O espectro eletromagnético Barragem de Itaipú Escala típica de componentes de engenharia Distâncias interatômicas típicas Escalas típicas de microestruturas em materiais de engenharia 104 102 100 10-2 rádio 10-4 10-6 infravermelho 10-8 Raio do átomo de hidrogênio 10-10 10-12 Raio do próton 10-14 10-16 ultravioleta microondas λ [m] raios gama luz visível raios X Radiação visível: de ~ 680 a ~ 410 nm Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 8 INTERAÇÕES DA LUZ COM OS SÓLIDOS (I) T + A + R = 1 , ou IO = IT + IA + IR , onde T = IT / IO ; A = IA / IO e R = IR / IO Materiais Transparentes T > > A + R Materiais Opacos T < < A + R Materiais Translúcidos  T pequena (pouca radiação transmitida) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 4 9 INTERAÇÕES DA LUZ COM OS SÓLIDOS (II) POLARIZAÇÃO ELETRÔNICA Duas conseqüências da polarização E posição H parte da energia da radiação pode ser absorvida. a velocidade de propagação da onda diminui quando ela atravessa o meio  refração. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 INTERAÇÕES DA LUZ COM OS SÓLIDOS (III) TRANSIÇÕES ELETRÔNICAS 10 A absorção (e a emissão) de radiação eletromagnética pode envolver transições eletrônicas entre diferentes estados de energia  Ilustração esquemática da absorção de um fóton por um átomo isolado através da promoção de um elétron de um nível de energia para outro. A energia do fóton (hν ν42 ) deve ser exatamente igual à diferença de energia entre os dois estados (E4 - E2). Assim:  ∆E = hν ν42 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 5 11 TRANSMISSÃO  Transmissão da luz através de um meio transparente no qual existe reflexão nas duas faces (aquela em que a luz incide, e aquela por onde a luz sai) e absorção pelo meio. IT = I0 (1 - R)2 exp(-β βl) onde β é o coeficiente de absorção do meio e l é o caminho óptico percorrido pelo feixe luminoso. Pode-se aproveitar esse fenômeno numa técnica analítica  colorimetria se R for desprezível, temos : I T = I 0 exp(-βl) (lei de Beer-Lambert) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 12 PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS METAIS (I) (a) Representação esquemática do mecanismo de absorção de um fóton por um material metálico. A mudança de energia do elétron ∆E é igual à energia do fóton. (b) Re-emissão de um fóton de luz pela transição direta de um elétron.  Os metais são opacos à luz visível porque a radiação incidente tem freqüências que excitam elétrons até níveis energéticos não ocupados acima do nível de Fermi. Os metais são opacos a todas as radiações eletromagnéticas da região de baixa energia do espectro, podendo ser transparentes à radiações de alta energia (raios-X e raios-γγ, por exemplo), pois o coeficiente de absorção do material decai exponencialmente com o aumento da energia da radiação. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 6 13 PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS METAIS (II)  A absorção total ocorre numa camada superficial muito fina (da ordem de 0,1 µm). Dessa forma, apenas filmes mais finos do que 0,1 µm poder ser capazes de apresentar alguma transmissão de luz visível.  A maior parte da radiação absorvida é re-emitida a partir da superfície, devido a uma "relaxação eletrônica", na forma de luz visível de mesmo comprimento de onda. Essa radiação aparece como luz refletida. A maioria dos metais reflete 90 a 95% da luz que incide sobre eles.  A cor de um metal é determinada pela distribuição dos comprimentos de onda que são refletidos. Por exemplo, o ouro reflete quase que completamente a luz vermelha e amarela e absorve parcialmente comprimentos de onda mais curtos. Já a prata reflete eficientemente quase todos os comprimentos de onda do espectro visível, daí a sua cor esbranquiçada. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 14 PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS METAIS (III) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 7 15 REFRAÇÃO (I)  A velocidade de propagação da luz em um sólido transparente (v) é menor que a velocidade de propagação da luz no vácuo (c) ou no ar. Por essa razão, o feixe de luz muda de direção na interface de um sólido com o vácuo ou com o ar.  O índice de refração de um material é definido como : n = c / v = [(εε µ) 0,5 / (εε0 µ0) 0,5 ] = (εεr µr) 0,5  O valor do termo (εεrµr) (também chamado de constante dielétrica eletrônica) depende do número de elétrons que interagem com a luz por unidade de comprimento e de suas polarizabilidades. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 16  Índices de refração elevados são favorecidos por :  Fatores de empacotamento elevados (= altas densidades)  Massas atômicas ou moleculares elevadas  Presença de íons facilmente polarizáveis Material Composição Densidade n Quartzo SiO2 2,65 1,544 - 1,553 Cristobalita SiO2 2,32 1,484 - 1,487 Tridimita SiO2 2,28 1,469 - 1,471 Sílica Vítrea SiO2 2,20 1,46 Al2O3 (córindon) Al2O3 3,80 1,76 Raio do Ânion (Å) Williaumita NaF 1,33 1,336 Halita NaCl 1,81 1,554 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 8 17 Os materiais cerâmicos cristalinos com estrutura cúbica, os vidros e os materiais poliméricos sem zonas cristalinas tem índices de refração isotrópicos. Nos materiais cerâmicos cristalinos que não possuem estrutura cúbica, o índice de refração é maior nas direções com maior densidade de íons → birrefringência O índice de refração varia com a freqüência da luz incidente. n1/n2 = v2/v1 = sen(φ2)/sen(φ1) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 18 Reflexão total Quando a luz passa de uma meio mais denso (= com maior índice de refração) para um meio menos denso (= com menor índice de refração) o feixe é desviado da direção perpendicular para um ângulo mais rasante à superfície em relação ao do feixe incidente. Se o ângulo incidente ultrapassar um determinado valor crítico, o feixe de luz será totalmente refletido na superfície e não deixará o meio menos denso → reflexão total Este fenômeno é aproveitado na construção de fibras ópticas. φ1 φ2 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 9 19 ÍNDICES DE REFRAÇÃO MÉDIOS DE ALGUNS MATERIAIS TRANSPARENTES Materiais Cerâmicos n Materiais Poliméricos n Vidro de sílica 1,458 PTFE (politetrafluoroetileno) 1,35 Vidro "soda-cal" 1,51 PE (polietileno) 1,51 Vidro Pyrex 1,47 PS (poliestireno) 1,60 Vidro óptico "flint" 1,65 PMMA (polimetilmetacrilato) 1,49 MgO (periclásio) 1,74 Quartzo (SiO2) 1,55 Espinélio (MgAlO4) 1,72 Zircão (ZiSiO4) 1,95 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 20 REFLEXÃO Quando a luz passa de um meio, com índice de refração n1, para outro meio, com índice de refração n2, parte da luz é refletida na interface entre os dois meios, mesmo se ambos forem transparentes. A refletividade (R) é dada por : R = [ (n2-n1)/(n2+n1) ] 2 Obs.: Esta fórmula só é válida para a incidência normal da luz (isto é, quando o feixe é perpendicular à superfície) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 10 21 ABSORÇÃO (I) MECANISMO 1  Excitação de elétrons a partir da banda de valência até a banda de condução, através da "barreira" entre essas duas bandas ("gap" = "banda proibida"). A absorção só ocorre se a energia do fóton for suficiente para permitir que o elétron "salte" a "barreira" de energia entre a banda de valência e a banda de condução, ou seja : hν > Eg em termos de comprimento de onda : h c / λ > Eg Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 22 ABSORÇÃO (II)  Como o espectro da luz visível compreende, a grosso modo, radiações com comprimento de onda entre 400nm e 700nm, tem-se: λmin = 400nm  Emax = 3,1 eV e λmax = 700nm  Emin = 1,8 eV RELAÇÃO ENTRE A EXTENSÃO DA "BARREIRA" DE ENERGIA E O COMPORTAMENTO ÓPTICO DE COMPOSTOS NÃO-METÁLICOS Energia da "barreira" Comportamento Exemplos < 1,8 eV materiais opacos silício, germânio e AsGa entre 1,8 eV e 3,1 eV materiais coloridos fosfeto de gálio (GaP) > 3,1 eV materiais transparentes diamante Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 11 23 ABSORÇÃO (III) MECANISMO 2  A absorção da luz também pode ocorrer em materiais que possuam grandes "barreiras" de energia.  Como efeito da adição de impurezas, que introduzam níveis eletrônicos (doadores ou aceptores de elétrons) na região da "banda proibida".  Como resultado de desvios na estequiometria ou da presença de defeitos cristalinos Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 24 ABSORÇÃO (IV) Obs.: Safira é Al2O3 monocristalina, Rubi é uma safira contendo cerca de 3% em peso de Cr3+ Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 12 25 COR (I)  Os materiais metálicos aparecem coloridos como resultado de absorções seletivas: a cor observada é o resultado da combinação dos comprimentos de onda que são refletidos.  Os materiais não-metálicos aparecem coloridos também como resultado de absorções seletivas : a cor observada é o resultado da combinação dos comprimentos de onda que são transmitidos. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 26 COR (II)  COMPRIMENTOS DE ONDA ABSORVIDOS RESPECTIVAS CORES COMPLEMENTARES (em nm) E AS Comprimento de Onda Cor Absorvida Cor Complementar (observada) 410 violeta amarelo limão 430 azul índigo amarelo 480 azul alaranjado 500 azul esverdeado vermelho 530 verde púrpura 560 amarelo limão violeta 580 amarelo azul índigo 610 alaranjado azul 680 vermelho azul esverdeado Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 13 27 EFEITOS DA MICROESTRUTURA (I)  As características microestruturais de um material ( defeitos, natureza dos grãos, tamanhos dos grãos, natureza das interfaces, poros ... ) podem definir se um material é transparente, translúcido ou opaco. (a) Corpo transparente (vidro, monocristal de Al2O3, PMMA); (b) corpo translúcido (PE, Al2O3 policristalino); (c) corpo opaco e brilhante (metal) Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 28 EFEITOS DA MICROESTRUTURA (III) Transmitância em alumina policristalina contendo pequenas quantidades de porosidade (espessura da lâmina, 0,5mm) e para diversos tamanhos de poros Fonte: D. W. Lee e W. D. Kingery, J. Am. Ceram. Soc., vol. 43, 594 (1960). Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 14 29 FIBRA ÓPTICA (I) Esquema da codificação digital para comunicação por meio de fibra óptica (a) um pulso com alta intensidade corresponde a "um" (b) um pulso de baixa intensidade corresponde a "zero" Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 30 FIBRA ÓPTICA (II)  FIBRA ÓPTICA TIPO "DEGRAU“  FIBRA ÓPTICA TIPO "GRADUAL" Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Escola Politécnica - USP PMT - 2200 15