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Atualização Em Feltros Aplicada às Atuais

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ATUALIZAÇÃO EM FELTROS APLICADA ÀS ATUAIS EXIGÊNCIAS DE PRENSAGEM Daniel Justo Jorge L. Zimmermann ALBANY INTERNATIONAL Feltros e Telas Industriais Ltda Português / Portuguese ATUALIZAÇÃO EM FELTROS APLICADA ÀS ATUAIS EXIGÊNCIAS DE PRENSAGEM ALBANY INTERNATIONAL Feltros e Telas Industriais Ltda Daniel Justo Jorge L. Zimmermann Indaial – Brasil RESUMO A teoria de prensagem segundo o modelo de Wahlstrom considera a divisão do nip em quatro fases: no início existe a compressão com a expulsão do ar e saturação do feltro e folha. Na Segunda fase com a folha já saturada existe migração de água da folha para o feltro. Na terceira fase existe a expansão do nip com a insaturação e na Quarta fase pode ocorrer o retorno de parte da água do feltro para a folha. Com este conceito classificam-se dois tipos de nip: o de fluxo controlado e o de pressão controlada. A evolução dos tipos de prensa, iniciou-se com as prensas planas. Com a necessidade de aumento da capacidade para manuseio da água surgiram então as prensas de sucção, as prensas ranhuradas e prensas de furos cegos. As prensas de nip largo surgiram mais tarde. Os diferentes arranjos de prensa tiveram início com a aplicação do conceito de transferência da folha que possibilitou o aumento das velocidades das máquinas que agora operam com suporte da folha. As principais funções do feltro são desaguar e transportar a folha. Os requisitos associados a elas são o desaguamento, distribuição de pressão para evitar marcações. O projeto de um feltro para uma referida posição define qual a massa, permeabilidade e outras propriedades que este deverá Ter visando a melhor performance. O desenvolvimento tecnológico das máquinas dos consumidores de papel cria expectativa de desenvolvimentos nos feltros para atender a estas novas necessidades. O desenvolvimento de feltros com diferentes características, com bases laminadas, com emenda, estruturas multiaxiais, estruturas não tecidas e com a aplicação de materiais recentemente desenvolvidos, vem de encontro destas novas necessidades. PALAVRAS-CHAVE : - Prensagem e Vestimentas - Pressing and Clothes INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo apresentar uma atualização nos conceitos de prensagem e abordar as considerações operacionais com suas limitações e implicações para a aplicação de vestimentas. Inicialmente apresentamos conhecimentos básicos da teoria de prensagem, passando pela evolução dos tipos de prensa. Fazemos uma abordagem da evolução das configurações da seção de prensagem. Os requisitos para os feltros são apresentados com o objetivo de definir os parâmetros usados para escolher o feltro adequado para cada posição. Estes requisitos são comparados com as atuais necessidades do fabricante de papel em relação aos feltros. Finalmente, apresentamos os conceitos atualmente utilizados e disponíveis para atender os atuais desafios tecnológicos. 1 Teoria de Prensagem As diversas teorias que tentam explicar o que acontece no nip de prensagem foram baseadas em dados experimentais de máquinas piloto que, via de regra de alguma forma, estão distantes da realidade. Extrapolando as medições de laboratório para as máquinas atuais podemos considerar algumas correlações como válidas. A velocidade com que a água se move da folha para dentro do feltro e todos os mecanismos envolvidos nesta remoção são apenas interpretações dos fatos; porém, podem haver conflitos entre os diferentes modelos estudados. À medida que o nosso conhecimento neste assunto aumenta, os modelos são aperfeiçoados, visto que mais variáveis são introduzidas e estudadas tornando o processo cada vez mais complexo. Contudo, já alcançamos um grande progresso no entendimento do desaguamento da folha durante a prensagem e este processo de busca deste conhecimento continua em desenvolvimento. O modelo mais empregado é o de Wahlstrom. Introduzido no início dos anos 60 e refinado gradativamente ao longo do tempo foi de grande valor para a compreensão dos mecanismos envolvidos nos diferentes tipos de nip. A prensagem de água da folha entende-se como um processo mecânico contínuo de redução de volume. Envolve a compressão da folha para espremer água tanto do interior das fibras quanto a localizada entre elas. Quanto mais comprimida a folha, maior quantidade de água é removida. A prensagem é feita com a folha em contato com um ou dois feltros no nip formado entre dois rolos de pressão. A carga aplicada na prensa é equilibrada pelas forças contrárias geradas dentro da folha e do feltro. A área abaixo da curva da pressão total equivale a pressão linear. A carga aplicada pode ser dividida em duas partes: a pressão hidráulica devido a resistência ao movimento da água para fora da folha e do feltro, e a pressão mecânica requerida para comprimí-los. A pressão total em qualquer ponto do nip é igual a soma destes dois componentes. Para uma melhor compreensão, o nip tem sido dividido em quatro fases baseadas na interação das pressões hidráulica e mecânica. Fase 1 Inicia-se a compressão com ar fluindo para fora da folha e do feltro até que estes saturem. Nesta fase não ocorre pressão hidráulica na folha e com insignificante alteração no seu teor seco. TEORIA DE WAHLSTROM Fase 2 A folha está saturada e o crescimento da pressão hidráulica na folha causa o movimento da água para o interior do feltro. Se nesta fase o feltro também saturar pode haver movimento de água para fora do feltro. Esta fase continua até o centro do nip onde a pressão atinge o seu máximo. Acredita-se que em muitos casos a pressão hidráulica atinge seu máximo um pouco antes do centro do nip. rolo Folha Feltro 1 rolo 2 3 4 CURVA DO NIP CURVA DE PRESSÃO DA ESTRUTURA FIBROSA Tempo ou Comprimento do Nip COMPRESSIBILIDADE CURVA DA PRESSÃO HIDRAULICA CURVA DA PRESSÃO HIDRAULICA NO FELTRO 1 2 3 4 CAPILARIDADE FLUXO EM DUAS FASES Espessura da folha no nip Eentrada Es 1 2 Emin 3 4 Esaida Es - Espessura saturação Emin Ponto de TS máximo FASES Figura 1 – Teoria de Wahlstrom Fase 3 O nip se expande até que a pressão hidráulica na folha chegue a zero. Acredita-se que neste ponto a folha alcance o seu maior teor seco. Fase 4 Tanto o feltro quanto a folha se expandem e a folha torna-se insaturada. Existe a possibilidade de parte da água retornar para a folha por um ou mais mecanismos, por exemplo: absorção capilar, vácuo na folha e tensão superficial. 2 A possibilidade da água retornar à folha na fase 4 é reconhecida como uma limitação da remoção de água idealizada. O reumedecimento ocorre por diferentes mecanismos, por isto folha e feltro devem ser separados o mais rápido possível a partir do meio do nip. A maioria das configurações de prensa consideram este fato. Em alguns casos o feltro acompanha o rolo da prensa, separando-se da folha, enquanto a folha adere ao rolo duro e liso na simples feltragem. Na prensas duplamente feltradas os rolos guia-folha são usados para posicioná-la exatamente no meio dos feltros na saída do nip. Por mais complexo que pareça, este modelo pode ser resumido na seguinte expressão matemática: RA = C(Mmax- M*) Onde RA é a remoção de água a uma determinada pressão, C é uma constante de desaguamento, Mmax é a quantidade teórica máxima removida no centro do nip, M* é a quantidade de água que volta para a folha devido a ineficiências no sistema. Muitas outras variáveis deveriam ser introduzidas nesta expressão, porém isto tornaria o modelo muito complexo, fugindo ao interesse neste trabalho. Algumas considerações foram adicionadas a esta teoria dividindo-a em dois tipos de nip, baseado no comportamento da folha durante o desaguamento. Nip de pressão controlada é aplicável à folhas leves, abaixo de 100 g/m2 e com baixa retenção de água. Esta folhas são relativamente finas e conseqüentemente sua estrutura não oferece resistência significativa ao fluxo de água. A remoção de água é controlada exclusivamente pela compressão mecânica da estrutura fibrosa e posterior reumedecimento. Nip de fluxo controlado é aplicável a folhas mais pesadas e que apresentam elevada resistência ao fluxo de água e nessas condições o tempo de atuação da pressão passa a ser um fator limitante no desaguamento. O desenvolvimento de prensas como as de sapata ofuscaram um pouco esta teoria, que é geralmente aceita. A temperatura também tem um importante papel que já vem sendo aplicado nos últimos anos. Experiências práticas assim como as teorias de prensagem separam as variáveis envolvidas na prensagem em dois grupos. Os relacionados às características da folha e as associadas às condições de operação e configuração de prensa. A importância do tipo de fibra, aditivos e consistência não pode ficar de lado quando consideramos eficiência de prensagem. Efeito da Temperatura Uma variável que tem grande influência no desaguamento da folha é a temperatura. O aumento da temperatura da folha resulta na redução da viscosidade e da tensão superficial da água, ao mesmo tempo aumenta a compressibilidade da folha. A combinação destes três efeitos, de modo geral, resultam em uma melhor eficiência no desaguamento. Por este motivo este conceito vem sendo difundido nas máquinas de papel e de celulose, com a aplicação de chuveiros e caixas de vapor. Evolução das Prensas As funções primárias da prensa é desaguar e consolidar a folha; as funções secundárias são aumentar a resistência da folha, ainda úmida, e algumas outras propriedades relevantes. A operação de prensagem deve ser considerada como uma extensão do processo de remoção de água que se inicia na seção de formação. A prática tem mostrado significante economia quando se maximiza o desaguamento da folha na seção de prensagem, comparada com a seção de secagem. Uma estimativa do custo de desaguamento relativo pode ser considerado que na formação 10%, na prensagem 12% e na secagem 78% do custo total. Por este motivo sempre se busca incrementos na eficiência de prensagem, tanto no desaguamento absoluto, quanto na uniformidade do perfil transversal. Muitos desenvolvimentos em matérias-primas, desenho de máquina e de feltros ocorrem ao mesmo tempo, muitos em uma área forçando o desenvolvimento tecnológico em outro. Pesquisas em prensagem mostraram que o requisito mais importante no projeto da prensa é promover o menor caminho possível para a água sair do nip. A menor distância corresponde a espessura do feltro, que normalmente é interpretada como direção vertical. Prensas com fluxo preferencial vertical tornaram-se conhecidas como prensas de fluxo vertical. Podemos considerar esta 3 como sendo uma condição ideal. Prensa Plana Originariamente as prensas eram planas (lisas), limitando o fluxo de água, que obrigatoriamente tinha que ocorrer na entrada do nip com a saturação do feltro. Prensas Ventiladas Prensa de sucção Desenvolvida no início do século XX, foi o primeiro passo para a prensagem de fluxo vertical. Os furos em um rolo perfurado proporcionam um caminho de fuga fácil para a água. A água é induzida a se alojar nos furos da camisa por ação do vácuo de uma caixa estacionária no lado interno do rolo. A água é expulsa dos furos pela força centrífuga em velocidades acima de 300 m/min. Quando a velocidade é mais baixa, a água é então removida pelo próprio sistema de sucção. A construção da camisa perfurada limita pressão aplicável, mesmo que novos materiais têm sido desenvolvidos para aumentar a resistência mecânica do rolo. Prensa ranhurada A prensa ranhurada foi introduzida em 1963. As ranhuras no revestimento do rolo proporcionam espaços vazios para a água expelida no nip. O caminho que a água percorre é de apenas 1,3 mm. Este valor é muito menor do que quando comparado à distância de 5 mm para uma prensa de sucção e de 20 mm em uma prensa plana. Uma vez que o rolo ranhurado tem uma estrutura sólida, maiores cargas podem ser aplicadas. A água coletada nas ranhuras é expelida pela força centrífuga na saída do nip, devido a elevada velocidade superficial do rolo. O revestimento dos rolos ranhurados devem ser duros (< 10 P&J) para manter a integridade da ranhura. As ranhuras requerem manutenção por meio de retíficas periódicas. Prensa de furos cegos Outra inovação no desenho de prensa vertical são as de furos cegos. A diferença maior em relação ao rolo sucção é que somente o revestimento é furado. Os furos são menores e com espaçamento menor, reduzindo a distância para fluxo lateral. Os furos cegos podem ser aplicados em rolos com revestimentos de menor dureza do que os dos rolos ranhurados pois eles têm menor tendência a fechar os furos, comparado as ranhuras, além de maior área aberta. Hoje temos algumas máquinas que combinam num mesmo rolo mais de um tipo de ventilação. Existem alguns casos em que o rolo de sucção pode ter furos cegos ou ranhuras. Isto é comum em máquinas de alta velocidade, pois promove maior área aberta e encurta a distância para o fluxo da água. Devemos considerar, apenas como valor histórico, o uso de tela prensa, cuja função é de promover espaços vazios adicionais e reduzir a tendência a sombreado. Estas cederam lugar para uso de feltros mais modernos. Prensa de Nip Largo Rolos de grande diâmetro Os próximos dois tipos de prensa foram introduzidos no início dos anos 80 utilizando o princípio da dupla feltragem em papéis de embalagem de maior gramatura. A primeira prensa de nip largo utiliza dois feltros e rolos de grande diâmetro, ambos podem ser ventilados, com elevada pressão linear. O princípio é para incrementar a largura de nip (tempo de pressão aplicada) e reduzir a distância ao fluxo da água, permitindo o desaguamento da folha por ambas as faces. Esta foi uma das primeiras aplicações para o conceito prático de impulso de prensagem introduzido por Busker para os tipos de nip com fluxo controlado. Prensa de sapata Um novo tipo de prensa foi introduzido nos anos 80. A prensa de sapata permite um nip longo para deixar a folha mais tempo sob pressão. Esta prensa proporciona uma folha mais seca e resistente devido melhor consolidação de sua estrutura. 4 Materiais de revestimento de rolos Para finalizar a descrição de tipos de prensas, cabe uma breve descrição dos materiais empregados nos revestimentos de rolos. Inicialmente os rolos de prensa eram revestidos de borracha natural, que foi substituída por compostos a base de neoprene ou estireno com dureza variável. Estes rolos podem ser ventilados ou não. Rolos de poliuretano, especialmente para prensas ranhuradas, tem se tornado populares por sua resiliência e características para absorver vibração. São comuns em posições para papéis de imprimir, com dureza variável conforme a aplicação. Rolos ranhurados de aço foram usados tanto na Europa quanto na América em máquinas de papel para impressão. Trabalham contra um rolo duro, formando nip estreito e de alta intensidade para proporcionar elevados picos de pressão, visando maior desaguamento, nip de pressão controlada. Rolos de Granito para máquinas de alta velocidade em papéis de impressão foram bastante empregados devido suas propriedades de dureza, lisura e facilidade de soltar a folha. Devido a sua não uniformidade natural, substitutos sintéticos estão sendo avaliados, que incluem cerâmica e aço na sua composição. Estes rolos são extremamente duros e aplicados em nip de pressão controlada em papéis para impressão. Evolução da Configurações de Prensas Até 1953 todas as transferências da folha da formação até a prensagem eram do tipo aberta, com a folha sendo transferida sem estar sustentada por feltro ou rolo. A primeira aplicação de transferência da folha com vácuo (Pick up de sucção) radicalmente mudou os conceitos da seção de prensagem. Por isso, 1953 poderia também ser considerado um destes anos chave para o início da prensagem moderna. Prensa de passe aberto O passe aberto pode ser definido como tendo uma área onde a folha não é sustentada e também onde existe um diferencial de velocidade entre as prensas, necessário para o controle da folha. Muitas destas seções de prensa existem hoje produzindo todos os tipos de papel e cartão. A exceção é para as máquinas de Tissue. A velocidade limite para este tipo de máquina podemos considerar aproximadamente 600 m/min. Originalmente cada prensa era constituída por um rolo superior liso e um rolo inferior feltrado, assim somente o lado superior da folha entrava em contato com o rolo liso. Mais tarde uma segunda prensa invertida foi utilizada para que o a face tela da folha também tivesse contato com superfície lisa. A prensa reversa é outro modo para conseguir remoção de água por ambas as faces da folha. Transferência com pick up Inicialmente a primeira prensa no arranjo do tipo prensa de transferência atendeu somente a função básica de transferência da folha do feltro pick up para a prensa principal, de onde deriva o seu nome. A eficiência deste arranjo era baixa devido a também transferência de água do feltro pick up para a folha, resultando em baixa uniformidade. Depois disto a evolução neste arranjo levou a prensas duplamente feltradas para proporcionar um desaguamento mais eficiente. Máquinas com este novo arranjo estão até hoje em operação produzindo papéis de imprimir em velocidade até 950 m/min. Outros avanços nos levaram para eliminação do passe aberto entre as prensas, resultando nas máquinas trinip. Esta configuração é composta por três eficientes nip de prensagem antes de transferir para a seção de secagem. Um rolo sucção faz a pega da folha da formação e a transfere para a prensagem, por meio de um feltro que serve como suporte da folha. Este arranjo com muitas variações possíveis, permite que se produza papel sem vão livre entre as prensas, o que favorece também a redução da contração da folha, pois não é mais necessário uma diferença de velocidade entre as prensas. Requisitos do Feltro Classicamente os desenvolvimentos dos feltros satisfaziam as duas funções básicas de desaguar a folha e transportá-la de uma seção para outra na máquina de papel. Atualmente sabemos o feltro necessita satisfazer mais requisitos do que apenas estas duas funções. Os requisitos relacionados às propriedades da folha são o desaguamento, distribuir uniformemente a 5 pressão, interferir o mínimo possível no acabamento superficial para evitar marcações. ACABAMENTO VIDA DRENAGEM Figura 2 . Requisitos para feltros Por outro lado os requisitos relacionados a eficiência de produção são facilidade de instalação, o rápido assentamento em máquina e a condução da folha sem dificuldades no circuito de prensagem que tem se tornado cada vez mais críticos e conseqüentemente exigindo mais dos feltros. Outra função do feltro é transmitir o movimento aos elementos móveis não acionados. Estes requisitos vêm exigindo do engenheiro de aplicação e projeto um equilíbrio entre as propriedades, que, muitas vezes são conflitantes. Em alguns casos, a busca de satisfazer uma característica certamente afetava as outras. Isto era mais verdadeiro quando os feltros eram de lã. Desenvolvimentos em feltros permitiram maior liberdade para o engenheiro de aplicação maximizar estas propriedades de forma conjunta, mas temos que lembrar que um determinado feltro tem um compromisso, de satisfazer como prioridade um destes requisitos. Estes requisitos trazem limitações no projeto de construção do feltro que se relacionam entre si. O projeto da seção de prensagem também resulta em limitações operacionais que afetam os requisitos do feltro, como pega, bombeamento de ar, etc. Hoje um feltro pode ser considerado bem sucedido quando satisfizer as seguintes características: O feltro deve rodar sem ondulações e plano, com estabilidade dimensional ao longo da vida. Ele deve ser durável para proporcionar um custo aceitável de acordo com o ambiente mecânico e químico em que opera. Precisa responder adequadamente ao condicionamento bem como a limpeza, seja ela mecânica ou química. Ele precisa de uma certa flexibilidade para reduzir o esforço necessário para instalação. É óbvio que o feltro deve desaguar uniformemente a folha durante a sua vida útil. Finalmente, o feltro deve ser consistente e previsível em termos de características de performance. Como agrupar todos estes requisitos em uma única construção? A maioria destes requisitos não é quantificável ou são medidos indiretamente pela definição de alguma propriedade específica do feltro. Para completar este quadro mais informações se fazem necessárias, como tipo de prensa, carga aplicada, equipamento de condicionamento, tipo e propriedades da massa, gramatura de folha, teor seco, velocidade da máquina, condições térmicas, mecânicas e químicas do ambiente, qualidade requerida da folha, informações relativas à formação, histórico de problemas operacionais, necessidades de melhorias. De posse destes dados, é possível buscar o projeto mais adequado para uma determinada posição. O projeto vai definir os parâmetros básicos que este feltro deverá apresentar, como massa(gramatura), espessura, permeabilidade, relação base/manta, que são propriedades específicas de cada peça. Enquanto que volume vazio, relação água feltro, resistência ao fluxo, compressibilidade, residência e distribuição de pressão no nip são avaliados dinamicamente. A massa do feltro definimos como a gramatura, ou seja, a massa total em kg por unidade de área. A espessura é medida a uma determinada aplicação de carga. A permeabilidade é o volume de ar que passa pelo feltro em determinada área e tempo a um diferencial conhecido de pressão. A relação base/manta é a quantidade relativa de cada componente em relação ao total do feltro. Estes termos somados à classificação do feltro quanto a construção de base descreve de forma geral o feltro. 6 O volume vazio é a medida do espaço vazio de feltro sob carga. É equivalente a quantidade teórica de água que o feltro poderia aceitar. Por definição seria a máxima capacidade de manejo de água do feltro sob pressão. A relação água feltro é a quantidade de água que o feltro carrega para a entrada 2 2 do nip medido em g/m de água por g/m de feltro. A resistência ao fluxo determina a facilidade com que o feltro recebe e transfere a água nas três direções. A compressibilidade e resiliência estão relacionadas entre si. Elas medem quanto o feltro pode ser comprimido e sua posterior recuperação da espessura original. Um feltro resistente à compactação pode ser tanto um feltro extremamente incompressível ou ser compressível, porém, resiliente. A uniformidade de distribuição de pressão é o quanto um feltro transfere para a folha as suas imperfeições, quando comprimido no nip. Estas imperfeições estão relacionadas a sua construção, como tipos e quantidade de fios, desenho de base, tipo de fibras e de acabamento superficial. Os desafios A crescente demanda por maior produtividade e qualidade está levando os fornecedores de vestimenta a desenvolver novos produtos. O aumento da velocidade das máquinas, o aumento das pressões aplicadas e a busca de cada vez melhor qualidade para o mercado gráfico vem exigindo cada vez mais dos feltros. O aumento da velocidade das máquinas exige da vestimenta um rápido assentamento, ou seja, permitir que se atinja as condições normais de produção no menor tempo possível após a troca do feltro. Isto significa que o feltro deve ter o volume e permeabilidade adequados, bem como uma boa superfície. Por outro lado, a operação em altas velocidades pode criar instabilidade no transporte da folha ao longo da prensagem, principalmente se tiver uma passagem livre. Para tanto a construção do feltro deve considerar também o bombeamento de ar como uma limitação. A aplicação de elevadas pressões exige que o feltro tenha compressibilidade e ao mesmo tempo resistência à compactação para permitir uma operação estável ao longo da vida. Estas condições levam a que se busque também uma superfície tal que permita uma distribuição uniforme desta carga. Este cuidado é uma exigência para não causar marcas na folha. A qualidade da folha é hoje uma grande exigência no mercado gráfico. Lisura e dupla face estão em grande destaque no meio papeleiro devido a necessidade de controle no consumo de tinta. O desenvolvimento tecnológico do parque gráfico está levando a indústria papeleira para equipamentos cada vez mais sofisticados com maior sensibilidade e que requerem melhores propriedades de impressão. Altas velocidades combinadas com altas cargas e nip duro implicam em outra dificuldade comum que é a vibração da prensa. A compressibilidade adequada do feltro combinada com a baixa resistência ao fluxo permite uma operação livre de vibração. A resistência ao fluxo tem fundamental importância uma vez que ela vai determinar a quantidade de água que o feltro vai carregar para dentro do nip. Sabemos que a relação água /feltro é importante para o rápido assentamento, e também tem grande impacto quando se trata da vibração. Aliada a todas estas necessidades, existe ainda a exigência de que o feltro tenha, em muitos casos, elevada capacidade de manuseio de água e resistência à compactação. A busca de maior produtividade leva à necessidade de reduzir o tempo para a troca de feltro assim como uma instalação com segurança tanto para o equipamento quanto para o pessoal de operação. Esta necessidade pode ser atendida com um feltro de fácil instalação. Atualização em vestimentas para prensagem Os produtos aplicados em prensagem são historicamente chamados de feltros. Este nome se originou porque no passado os feltros eram tecidos em lã e posteriormente feltrados. Este processo não é mais usado; entretanto, continuamos a chamar estes produtos de feltros. Os feltros atuais são constituídos de duas partes. A base normalmente tecida, composta por fios, e uma estrutura de fibras não tecidas chamada de manta. Na construção das bases podemos combinar diferentes tipos de materiais, diferentes tipos de fios e 7 diferentes combinações de desenhos de tecelagem. As bases também podem ser combinadas, formando o que chamamos de feltro laminado. A aplicação de feltros laminados teve um grande impulso na busca de soluções, principalmente quando se considera a qualidade da folha. A combinação de bases robustas com bases muito finas podem proporcionar elevada capacidade hidráulica e ao mesmo tempo acabamento superficial. Com isto é possível a aplicação de elevadas cargas na prensa com reduzido risco de marcação da folha. Outra vantagem do feltro com construção laminada é a de prensagem consistente ao longo da vida. A necessidade de incremento nas propriedades superficiais da folha de papel levou ao desenvolvimento de bases superiores dos feltros laminados com fios cada vez mais finos. Isto criou o conceito de bases laminadas Super Finas, que são bases semelhantes a uma tela formadora com grande concentração de fios muito finos. O objetivo é dar suporte a folha e distribuição de pressão uniformemente no nip. Este desenvolvimento permitiu a aplicação de feltros em prensas de nip largo sob altas cargas, sem perder qualidade de impressão. A técnica de manufactura de telas formadoras produz tecidos de altíssima qualidade a partir do tecido plano, ao contrário do tecido tubular usado para feltros. Infelizmente, os fios de poliamida, usados para prensagem, não permitem aplicação de emendas de alta qualidade como os de poliester, usados nas telas formadoras. Por isso, uma nova tecnologia de fabricação foi desenvolvida. Esta construção nos fornece bases cujos fios formam ângulos diferentes em relação às direções dos fios “longitudinais” e “transversais”. Estes fios não estão apenas em tecidos diferentes, com dois sistemas de fios em planos diferentes, mas também estão posicionados em ângulos diferentes. Assim os fios “longitudinais” de uma base não vão formar um berço nos fios “longitudinais” da outra base evitando o colapso da estrutura. Isto fornece maior resistência à compactação e menor perda de espessura ao longo do tempo permitindo maior vida. O projeto da vestimenta, desta forma, se mantém mais aberto sob carga, o que vai favorecer a manutenção das propriedades e facilitar a sua limpeza. Outro benefício é a estabilidade dimensional, uma vez que os fios que suportam a tensão do feltro não estão na direção longitudinal, a estrutura das bases não permite o alongamento típico que pode ocorrer com outras vestimentas. A tecnologia de fabricação de feltros com bases laminadas multiaxiais apresenta ainda a vantagem da uniformidade de distribuição de pressão, que traz como conseqüência, uma operação com perfil de umidade mais uniforme. A busca pelo desenvolvimento de estruturas que permitam operação estável, com manuseio de água adequado, aliada a qualidade da folha levou os fabricantes de vestimentas a desenvolver novas estruturas. O uso de estruturas não tecidas, e novos materiais permitem a construção de feltros que forneçam excelente superfície, otimizando as propriedades de manuseio de água. Visando unicamente facilitar e aumentar a segurança durante a instalação desenvolveu-se feltro com emenda. As variações de construção de bases com emenda aliada às diferentes combinações atende a todos os requisitos mencionados acima. Isto permite que se tenha garantida a fácil instalação e atender ao mesmo tempo as necessidades de cada posição de prensagem das diferentes máquinas que produzem diferentes tipos de papéis. A outra parte do feltro correspondente à manta Pode ser constituída com diferentes estratificações, com diferentes objetivos. A manta deve ser construída de maneira a atender tanto a demanda de desaguamento quanto as demais necessidades de acabamento. Muitos materiais estão sendo desenvolvidos e aplicados. Existem materiais próprios para aplicação em posições com potencial para desgaste visando maior vida. Materiais de alto peso molecular também podem ser aplicados para maior resistência química. Novos conceitos também estão sendo aplicados para evitar reumedecimento, como por exemplo, fibras de diferentes formas e materiais. 8 Conclusão A demanda para maiores teores secos e eficiência de máquina, mantendo e desenvolvendo a qualidade da folha, continuará sendo o grande desafio a ser enfrentado tanto pelo fabricante de papel quanto pelo seu fornecedor de feltros. Os feltros de construção laminada, utilizando-se os diferentes conceitos recentemente desenvolvidos, serão de grande contribuição para o acabamento superficial da folha para efetivamente atender as necessidades do mercado de papel. BIBLIOGRAFIA DAVENPORT, F.L. – Pressing Fundamentais – Albany International Press Fabric Division, EUA, June 1992. FREITAS, Julio C. – Conceitos Básicos de Prensagem – Albany International – março 2000. LASINSKY, Ellen – Engineering the Evolution: Laminated Press Fabrics – Fabric Facts, vol. 44 nº 45, Albany International, 1997. McCARTHY, W.M. – A Papermaker’s Guide do Laminated Press Fabrics – Fabrics Facts – vol. 39 nº 1-2, albany International. WAHLSTROM, P.B. – Our Present Understanding of the Fundamentals of Pressing, Pulp and Paper Magazine, Canada 70 (10), 1969. 9