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Atenuação De Riscos Em Sistemas De Terraceamento Em Goiás.

Dissertação de mestrado com o objetivo de quantificar, por meio de simulações, o aumento na altura do camalhão de terraços promovido pelo uso de coeficientes de desuniformidade, relacionando-o com a alteração no período de retorno da equação de intensidade, duração e frequência de precipitação. Buscar informações junto a técnicos que atuam na área, visando levantar os aspectos considerados quando do dimensionamento e implantação de terraços e, também, avaliar a uniformidade da crista e a variação na seção...

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JANAINA DE MOURA OLIVEIRA ATENUAÇÃO DE RISCOS EM SISTEMAS DE TERRACEAMENTO EM GOIÁS Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Agronomia, área de concentração: Solo e Água. Orientador: Prof. Dr. Nori Paulo Griebeler Goiânia, GO – Brasil 2009 Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e Dissertações Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás–UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor(a): Janaina de Moura Oliveira CPF: E-mail: Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ X ] Dissertação [ ] Tese [email protected] []Sim [X] Não Vínculo Empregatício do autor Agência de fomento: Sigla: País: Brasil UF: GO CNPJ: Título: ATENUAÇÃO DE RISCOS EM SISTEMAS DE TERRACEAMENTO EM GOIÁS - Palavras-chave: erosão, conservação do solo, desuniformidade de terraços, irregularidade em terraços, atuação profissional Título em outra língua: MITIGATION OF RISKS TO SYSTEMS OF TERRACES IN GOIÁS Palavras-chave em outra língua: erosion, soil conservation, terraces inequality, professional action Área de concentração: Agronomia – Solo e Água Data defesa: (dd/mm/aa) 05 junho 2009 Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Agronomia Orientador(a): Nori Paulo Griebeler CPF: E-mail: [email protected] Co-orientador(a): CPF: E-mail: 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização?1 [X] total [ ] parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: __________________________________________________ [ ] Outras restrições: _____Gostaria que não fosse divulgado os anexos. Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. Data: / / Assinatura do(a) autor(a) 1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados. 3 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (GPT/BC/UFG) O482a Oliveira, Janaina de Moura. Atenuação de riscos em sistemas de terraceamento em Goiás [manuscrito] / Janaina de Moura Oliveira. – 2009. 75f., : il., figs., tabs. Orientador: Prof. Dr. Nori Paulo Griebeler. 1 Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, 2009. 2 BIBLIOGRAFIA: F. 72-75. Inclui lista de símbolos, figuras e tabelas. 2.1.1 1. Erosão – Goiás [Estado] 2. Conservação do solo 3. Desunifor-midade de terraços 4. Irregularidade em terraços 5. Atuação profis-sional I. Griebeler, Nori Paulo. II. Universidade Federal de Goiás, Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos III. Título. CDU: 631.6.02(817.3) Nota: Permitida a reprodução total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor 4 JANAINA DE MOURA OLIVEIRA ATENUAÇÃO DE RISCOS EM SISTEMAS DE TERRACEAMENTO EM GOIÁS Dissertação DEFENDIDA E APROVADA em 05 de Junho de 2009, pela Banca Examinadora constituída pelos membros: __________________________________________ Prof. Dr. Nori Paulo Griebeler Presidente - EA-UFG __________________________________________ Prof. Dr. Wilson Mozena Leandro Membro – EA - UFG __________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim Membro – UFMT Aos meus pais Sônia Maria de Moura Oliveira e Antônio Martins de Oliveira, e aos meus irmãos, Eleuza da Silva Borges e Welington Moura de Oliveira, pelo amor e companheirismo incondicional, pela motivação e apoio nos momentos difíceis... Dedico. Ter problemas na vida é inevitável. Ser derrotado por eles é opcional. ROBERTO SHINYASHIKI AGRADECIMENTOS À Deus, pela vida, pela casa, pelos estudos... Por tudo. À Universidade Federal de Goiás, a Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos e ao Programa de Pós Graduação em Agronomia, pela oportunidade de realização deste curso. À Capes, pela bolsa concedida. Ao professor Dr. Nori Paulo Griebeler pelas orientações e amizade durante o curso. Aos funcionários da UFG – Pós-graduação pelo apoio gentil e amigo durante o curso, principalmente o secretário da pós-graduação, Wellinton Barbosa Mota. Aos amigos do LAGE, Max, Pietro, Vinicyus, Yuri, que muito ajudaram com as coletas de dados em campo. À Jairo Augusto de Oliveira Peres, pelo apoio na realização deste trabalho e pelo carinho e compreensão. A todas as pessoas que conviveram comigo nestes anos de trabalho. E, em especial, à minha família, meus pais, Sônia Maria de Moura Oliveira e Antônio Martins de Oliveira, à irmã, Eleuza da Silva Borges, e ao irmão, Welington Moura de Oliveira, minhas preciosidades, meu porto seguro! Meu sincero reconhecimento. SUMÁRIO LISTA DE SÍMBOLOS .................................................................................................... 9 LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ 10 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 13 RESUMO............................................................................................................................ 14 ABSTRACT ....................................................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.6 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 18 PREJUÍZOS SÓCIO-ECONÔMICOS E AMBIENTAIS ..................................... 19 PROCESSO EROSIVO......................................................................................... 20 FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO ................................................... 21 TIPOS DE EROSÃO ............................................................................................. 24 Erosão laminar .................................................................................................... 24 Erosão em sulcos .................................................................................................. 25 Erosão em voçorocas ........................................................................................... 25 PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS ................................................................ 26 Práticas edáficas .................................................................................................. 27 Práticas vegetativas ............................................................................................. 27 Práticas mecânicas .............................................................................................. 28 TERRACEAMENTO............................................................................................ 29 3 3.1 3.2 3.3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 35 SIMULAÇÕES ..................................................................................................... 35 ENTREVISTAS .................................................................................................... 38 LEVANTAMENTO DE CAMPO ......................................................................... 39 4 4.1 4.1.1 4.2 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 43 SIMULAÇÕES ..................................................................................................... 43 Preparo convencional x plantio direto............................................................... 52 ENTREVISTAS .................................................................................................... 54 LEVANTAMENTO DE CAMPO ......................................................................... 58 5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 72 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 73 LISTA DE SÍMBOLOS ∆A ∆Hr A Cd Hr Ht IDF L2 Ln Ln-1 LPAn LPAn-1 LPB2 P PB PC PD PU S SA SP Tie TR Área de acumulação real do terraço (m2) Variação da altura recomendada de camalhão de terraços Área de acumulação do terraço (m2) Coeficiente de desuniformidade Altura recomendada de camalhão de terraços Altura teórica de camalhão de terraços Equação de intensidade duração e frequência de precipitação Leitura realizada na crista do terraço (m) Valor da leitura para a qual será calculada a área (m) Valor da leitura anterior à que será calculada a área (m) Valor da leitura para a qual será calculada a área, no ponto mais alto do terraço (m) Valor da leitura anterior à que será calculada a área, no ponto mais alto do terraço (m) Leitura realizada no ponto mais baixo da crista do terraço (m) Ponto a ser uniformizado (m) Ponto mais baixo do terraço (maior leitura de mira) (m) Plantio convencional Plantio direto Ponto uniformizado (m) Área da seção que se deseja comparar (seção real ou Baixa) Área da seção Alta Área percentual de acumulação do terraço (%) Taxa de infiltração estável Período de retorno LISTA DE FIGURAS Figura 1. Distribuição geográfica das localidades para as quais realizou-se as simulações......................................................................................................... 36 Figura 2. Tela do software, indicando os dados de entrada utilizados para a condição padrão, exceto o coeficiente de desuniformidade (a); e dados referentes à equação de Lombardi Neto (b). ........................................................................ 37 Figura 3. Esquema do posicionamento do nível e da mira, para o levantamento da crista do terraço (a); e para o levantamento da seção transversal (b). ......... 41 Figura 4. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Aruanã, GO. ................................................................................................. 44 Figura 5. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Catalão, GO.................................................................................................. 45 Figura 6. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Goianésia, GO. ............................................................................................. 45 Figura 7. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Goiânia, GO. ................................................................................................ 46 Figura 8. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Iporá, GO. .................................................................................................... 46 Figura 9. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Itaberaí, GO.................................................................................................. 47 Figura 10. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Morrinhos, GO. .......................................................................... 47 Figura 11. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Niquelândia, GO. ........................................................................ 48 Figura 12. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Porangatu, GO. ........................................................................... 48 Figura 13. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Quirinópolis, GO. ....................................................................... 49 11 Figura 14. Variação da altura do camalhão de terraços (∆Hr, cm) em sistema de preparo convencional de solo. Diferença entre altura recomendada (Hr) proporcionada pelos Coeficientes de desuniformidade (Cd) e pelos períodos de retorno (TR, anos) para dez localidades do estado de Goiás. ...................... 50 Figura 15. Variação da altura do camalhão de terraços (∆Hr, cm) em sistema de plantio direto. Diferença entre altura recomendada (Hr) proporcionada pelos Coeficientes de desuniformidade (Cd) e períodos de retorno (TR, anos) para dez localidades do estado de Goiás. ................................................................. 50 Figura 16. Incremento médio na altura recomendada de terraços (cm) e equação de ajuste, em sistema de preparo convencional de solo (a); e plantio direto (b), promovido pela elevação do período de retorno (TR). ..................................... 53 Figura 17. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 1, lavoura de arroz no município de Piracanjuba, GO (terraços reformados). ........................................................... 60 Figura 18. Vista parcial da Área 1 (lavoura de arroz com terraços reformados) (a); vista da estrada que corta a área de cultivo (b), no município de Piracanjuba, GO. . 60 Figura 19. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 2, área de pastagem no município de Piracanjuba, GO (terraços recém-construídos). ................................................ 61 Figura 20. Vista parcial da Área 2 (pastagem recém-terraceada) (a); e dos sedimentos existentes na parte baixa da área, no município de Piracanjuba, GO. .............. 62 Figura 21. Vista parcial das condições da Área 3 (área sem cultivo, terraços recémconstruídos) no município de Guapó, GO. ....................................................... 63 Figura 22. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 3, área sem cultivo no município de Guapó, GO (terraços recém-construído)........................................................... 63 Figura 23. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 4, pasto no município de Guapó, GO (terraços sem reforma). ..................................................................................... 64 Figura 24. Vista parcial da Área 4 (pasto com terraços sem reforma) (a); e ponto onde o Terraço 3 estourou e o camalhão foi completamente desfeito (b), no município de Guapó, GO. ................................................................................. 64 Figura 25. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 5, cultivada com parcelas experimentais de arroz no município de Santo Antônio de Goiás, GO. .................................. 66 Figura 26. Vista parcial da Área 5 (parcelas experimentais de arroz), espaçamento entre terraços ajustado à largura mínima das parcelas (a); e terraços com camalhão alto, (b), no município de Santo Antônio de Goiás, GO. ................. 66 Figura 27. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, reformados, medidos na Área 1, lavoura de arroz no município de Piracanjuba, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). ......... 68 Figura 28. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, recém-construídos, medidos na Área 2, pasto no município de Piracanjuba, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). ......... 68 Figura 29. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, recém-construídos, medidos na Área 3, área sem cultivo no município de Guapó, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). 69 Figura 30. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, sem reforma, medidos na Área 4, pasto no município de Guapó, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). .................................. 70 12 Figura 31. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível medidos na Área 5, cultivada com parcelas experimentais de arroz no município de Santo Antônio de Goiás, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). ........................................................... 71 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Períodos de Retorno (TR) para diferentes ocupações de área. ........................... 32 Tabela 2. Questões abordadas em entrevista com engenheiros agrônomos que atuam na assistência técnica no estado de Goiás.............................................................. 39 Tabela 3. Áreas visitadas, localização, uso atual e condição dos terraços levantados. ...... 40 Tabela 4. Altura recomendada de camalhão de terraços (Hr) calculada para a condição padrão (período de retorno, TR, 10 anos e coeficiente de desuniformidade, Cd, 1,0), em sistema de Plantio Convencional e para variações de Cd e TR para dez localidades do estado de Goiás........................................................... 43 Tabela 5. Valores médios do incremento na altura de camalhão do terraço, em sistema de preparo convencional de solo, em percentual e em centímetros, promovido pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e do período de retorno (TR), comparados à simulação padrão (TR 10 anos e Cd 1,0) e à simulação imediatamente anterior. ...................................................... 51 Tabela 6. Valores médios do incremento na altura de camalhão do terraço, em sistema de plantio direto, em percentual e em centímetros, promovido pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e do período de retorno (TR), comparados à simulação padrão (TR 10 anos e Cd 1,0) e à simulação imediatamente anterior. .................................................................................... 51 Tabela 7. Variação acumulada da altura de camalhão (∆Hr), em sistema de preparo convencional e plantio direto, promovida pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e período de retorno (TR) equivalente, calculado pela equação de ajuste de reta dos dados de variação de altura recomendada de camalhão (Hr). .................................................................................................. 53 Tabela 8. Valores máximos e mínimos de leitura de mira; e média, desvio padrão e variância dos dados (análises realizadas nos valores de pontos uniformizados). ................................................................................................. 59 Tabela 9. Área de acumulação da seção medida no ponto mais alto (seção Alta) e no mais baixo (seção Baixa) de cada terraço levantado em cada área. ................. 67 RESUMO OLIVEIRA, J. M. Atenuação de riscos em sistemas de terraceamento em Goiás. 2009. 75 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia: Solo e Água) – Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009.1 O dimensionamento, implantação e manutenção de sistemas de terraceamento nem sempre segue padrões técnicos, resultando em gastos desnecessários ou riscos de falha das estruturas. Neste estudo quantificou-se, por meio de simulações, o aumento na altura recomendada do camalhão de terraços (Hr) em nível promovido pelo uso de coeficientes de desuniformidade (Cd), relacionando-os com a alteração no período de retorno (TR). Estas foram realizadas utilizando o software Terraço 3.0, no qual foram determinados o espaçamento e a Hr, para 10 localidades do estado de Goiás. Considerou-se, para este fim, uma condição padrão, alterando-se entre os sistemas de preparo de solo convencional e plantio direto e variando-se o TR e o Cd. Foram levantados, também, por meio de entrevistas, de modo aberto, com Agrônomos, os aspectos considerados pelos técnicos no dimensionamento e implantação deste tipo de prática conservacionista. Avaliou-se, ainda, a uniformidade de terraços planejados para implantação em nível em cinco áreas, nas quais foram realizadas leituras de crista, com nível ótico, em três terraços. Nos pontos de maior e menor leitura de cada terraço foram levantadas as seções de acumulação. Nas simulações obteve-se Hr média de 40,8 cm para plantio convencional e de 47,7 cm para o sistema de plantio direto. Em média, o aumento de 1 décimo no valor do Cd, foi igual à variação de 5 anos ou mais no TR, com diferenças crescentes em favor do Cd. A Hr com o uso do Cd 1,7 foi equivalente a um TR de 113,39 anos para o plantio convencional e de 112,12 anos para o plantio direto. O aumento médio na Hr para cada incremento de 5 anos no TR ou de 0,1 no Cd foi, em todos os casos, menor que dois centímetros. De acordo com as entrevistas, de modo geral, os profissionais terceirizam o dimensionamento e/ou locação de terraços para agrimensores, e também não conferem o trabalho contratado. Esses, quando realizam projetos de terraceamento não consideram critérios técnicos necessários ao projeto e à implantação do sistema. Nas medidas de campo não foi observada uniformidade em nenhum dos terraços analisados, havendo casos em que a leitura de crista em um ponto ficou abaixo da leitura no fundo do canal em outra posição do mesmo terraço. A desuniformidade na crista, entre a seção mais alta e a mais baixa, variou de 18 cm a 60,5 cm. A seção Real de acumulação variou de 0,0 m2 a 1,4 m2. Com base nos resultados, conclui-se que: é necessária a inclusão do Cd nos cálculos de terraceamento ou o aumento dos valores de TR considerados; o projeto do sistema de terraceamento é realizado sem obedecer a critérios técnicos, traduzindo-se em ineficiência em campo; e, os terraços implantados apresentam falhas que comprometem o seu desempenho. Palavras-chave: erosão, conservação do solo, desuniformidade de terraços, irregularidade em terraços, atuação profissional. 1 Orientador: Prof. Dr. Nori Paulo Griebeler. EA-UFG. ABSTRACT OLIVEIRA, J. M. Mitigation of risks to systems of terraces in Goiás. 2009. 75 f. Dissertation (Master in Agronomy: Soil and Water) – Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009.1 The design, implementation and maintenance of terracing does not always follow technical standards, resulting in unnecessary costs or structures failure risks. This study quantified by means of simulations, the increase in the recommended ridge height of level terraces (Hr) promoted by the use of uniformity coefficients (Cd), relating them to the ridge height promoted by change in return period (TR). These were conducted using the software Terrace 3.0, which were determined Hr to 10 locations in the state of Goias, Brazil. For this purpose was considered a standard condition, changing between systems of conventional tillage and no till and varying the TR and Cd. Also been raised, through interviews with agronomists, the aspects were that used in the design and implementation of this soil conservation practice. We evaluated also the uniformity of level terraces in five areas, in which readings were the height of ridge using an engineer level. In points of highest and lowest reading of each terrace were raised sections of accumulation. The simulations were obtained Hr average of 40.8 cm for conventional tillage and 47.7 cm for no-tillage system. On average, an increase of 0.1 in Cd value, was equal to the change in 5 years or more in the TR. Major differences were generate with use of Cd. Hr generate by Cd 1.7 was equivalent to a 113.39 years to TR value for conventional tillage and 112.12 years for no till. The average increase in Hr for each increment of 5 years in the TR or 0.1 on the Cd was, in all cases, less than two centimeters. According to the interviews, in general, agronomists contract another professional to design and employ the project. Interviewed professionals don’t realize terracing projects and not consider technical criteria for the design and deployment of the system. On field measurements don’t was observed uniformity in any of the terraces studied, and in some cases, the height read at one point was below the bottom of the channel in another position in the same terrace. The unevenness in the ridge section between the highest and lowest ranged from 18 cm to 60.5 cm. Real accumulation section ranged from 0.0 m2 to 1.4 m2. Based on the results, it is concluded that: needs to be included in the design of terracing systems the use of Cd or increased TR values. The system design doesn’t consider technical criteria, resulting in inefficiency and, the terraces deployed present deficiencies that compromise their performance. Key words: erosion, soil conservation, terraces inequality, professional action. 1 Adviser: Prof. Dr. Nori Paulo Griebeler. EA-UFG. 3 INTRODUÇÃO A degradação do solo agrícola pode ser definida como a mudança deste, de uma condição mais favorável a uma condição menos favorável para o uso na agricultura, ocorrida por meio de alterações que provocam o seu desequilíbrio físico e/ou químico. Entre as principais causas da degradação dos solos está a erosão. Os fatores que mais a influenciam são as condições climáticas (principalmente a precipitação), o relevo, a cobertura vegetal, as características físicas do solo e, ainda, suas condições de uso e manejo. Para o controle do processo erosivo é recomendável o estabelecimento de um plano de uso e ocupação do solo, no qual os diferentes parâmetros que interferem na erosão sejam considerados de forma integrada. As práticas conservacionistas, edáficas, vegetativas ou mecânicas, podem ser utilizadas para este fim, sendo que, raramente uma única prática é suficiente para garantir o controle do processo erosivo, devendo este ser realizado pela combinação de várias delas. O terraceamento agrícola é a prática mecânica de conservação do solo mais antiga, com sinais de seu emprego desde a Idade Antiga. É uma das práticas mais difundidas entre os agricultores, porém, nem sempre é utilizado de forma correta, reduzindo, assim, a sua eficiência. Uma combinação eficiente no controle da erosão é o sistema de plantio direto com o terraceamento. Contudo, devido à necessidade de aumento no rendimento operacional de máquinas ou pela falsa impressão de que o plantio direto resolve os problemas de erosão na propriedade é comum a retirada de terraços em áreas que utilizam este sistema de plantio, mesmo sem considerar todos os aspectos envolvidos na problemática da erosão. Por apresentar elevado custo de implantação e manutenção e para que se tenha segurança e eficiência no controle da erosão, antes da adoção do terraceamento, faz-se necessário o conhecimento das condições do local de implantação. Dentre estas, deve-se ter conhecimento das características do solo e do relevo, das culturas a serem implantadas, do sistema de cultivo a ser utilizado e dos fatores climáticos da região. A não observância 17 destes fatores poderá prejudicar o desempenho da prática. Dentre os fatores a serem considerados, a precipitação pluviométrica apresentase como o de maior importância e complexidade. Suas características são variáveis no tempo e no espaço, sendo estas normalmente associadas a modelos que relacionam a intensidade, a duração e a frequência com que os eventos ocorrem. Estes modelos são baseados em informações estatísticas de valores históricos, sendo a sua obtenção realizada com base em pesquisas regionais e dependentes da disponibilidade de dados. Havendo informações disponíveis, determina-se a intensidade de precipitação esperada dependendo do período para o qual a estrutura deva ser dimensionada, o qual é chamado de período de retorno. Em obras que envolvam grandes riscos utilizam-se períodos de retorno maiores, aumentando, consequentemente, a intensidade da chuva esperada, resultando em estruturas maiores e mais onerosas. Ademais, o dimensionamento adequado de uma obra não é suficiente para que a eficiência necessária seja atingida, devendo a sua construção ser realizada seguindo padrões. Falhas na implantação ou na manutenção dos terraços poderão colocar o sistema em risco e fazer com que todo um criterioso dimensionamento baseado em dados de pesquisa e modelos complexos torne-se inútil. Uma vez que existem dificuldades quando da implantação da obra, podem ser utilizados alguns coeficientes para minimizar os riscos associados a esta etapa. Estes coeficientes visam aumentar a segurança da obra e promover a majoração dos valores encontrados no dimensionamento. A magnitude destes coeficientes deve, no entanto, estar relacionada a fatores que fujam ao controle técnico, não devendo ser utilizado para mascarar a falta de cuidado ou critérios de execução. Com base no exposto, o objetivo deste estudo foi quantificar, por meio de simulações, o aumento na altura do camalhão de terraços promovido pelo uso de coeficientes de desuniformidade, relacionando-o com a alteração no período de retorno da equação de intensidade, duração e frequência de precipitação. Buscar informações junto a técnicos que atuam na área, visando levantar os aspectos considerados quando do dimensionamento e implantação de terraços e, também, avaliar a uniformidade da crista e a variação na seção transversal de terraços de infiltração implantados em campo. 4 REVISÃO DE LITERATURA A erosão consiste no processo de desprendimento, arraste e deposição de partículas do solo. É classificada em natural ou geológica e antrópica ou acelerada (Camapum de Carvalho et al., 2006). A primeira atua simultaneamente aos processos pedogenéticos, sendo uma forma natural de evolução do relevo. A segunda ocorre quando, em função da ocupação das terras pelo homem, o equilíbrio da natureza é rompido e a remoção do solo pelos processos erosivos é superior à sua velocidade de formação. Quanto ao agente causador, a erosão pode ser eólica, quando causada pelo vento, ou hídrica, quando causada pela água. A erosão eólica ocorre principalmente quando o seu agente causador atua diretamente sobre solos secos e com partículas de baixa ou sem coesão (Neves, 2005). Já a erosão hídrica surge principalmente devido a ocorrência de chuvas intensas. Salomão (1994) destaca que, em regiões tropicais, esta resulta, principalmente, da ação das águas pluviais diretamente sobre a superfície dos solos. A erosão hídrica pode ser subdividida em duas formas principais de apresentação: feições erosivas laminares, ocasionadas pelo impacto de gotas associado ao escoamento superficial difuso, e feições erosivas lineares, causadas pelo escoamento superficial e subsuperficial concentrados. As primeiras consistem na remoção uniforme de uma fina camada superficial de solo, enquanto que as feições lineares resultam da remoção do solo de forma concentrada, podendo originar grandes cortes neste (sulcos e voçorocas). Esta pode ser provocada pela própria conformação do relevo, por estradas ou mesmo por caminhos de gado ou outros animais, assim como por práticas inadequadas de uso e manejo do solo, as quais possam vir a favorecer o escoamento em um determinado ponto do terreno. Ocorre também em áreas urbanas, associadas, frequentemente, à ausência ou ineficácia do sistema de drenagem, tanto das águas pluviais como servidas. Toda a sociedade é prejudicada pela erosão e, com o intuito de atenuar tais prejuízos são utilizadas as práticas conservacionistas. O uso destas nem sempre é de fácil implementação, pois normalmente envolve custos e/ou interferências no sistema produtivo ou, ainda, nas tradições agrícolas, havendo assim a necessidade de convencimento do agricultor para sua utilização. 19 4.1 PREJUÍZOS SÓCIO-ECONÔMICOS E AMBIENTAIS Os danos causados ao homem e ao meio ambiente pela erosão são elevados (Pruski, 2006a). O escoamento superficial transporta, junto com as partículas de solo, defensivos agrícolas, sementes, nutrientes químicos e matéria orgânica. Ainda de acordo com esse autor, a erosão reduz a capacidade produtiva dos solos, resultando em aumento dos custos de produção e diminuição dos lucros dos agricultores, levando, em alguns casos, à total degradação de áreas agrícolas. Estimativa realizada por esse autor aponta para prejuízos da ordem de US$ 1,5 bilhão, somente devido à perda de nutrientes. Hernani et al. (2002) ressaltam que, por causa da erosão e do mau uso dos solos agrícolas, são perdidos 822,7 milhões de toneladas de solo a cada ano. Os referidos autores estimaram que a erosão causaria ao país, em custos internos e externos à propriedade rural, um prejuízo total de US$ 4,24 bilhões, por ano, em custos relativos à reposição de nutrientes via corretivos e fertilizantes; perdas devido à menor produtividade e ao maior custo de produção; tratamento de água; manutenção de estradas; recarga de aquíferos; reposição da capacidade de acumulação dos reservatórios etc. Devido ao carreamento de partículas em suspensão, a erosão causa assoreamento de reservatórios, rios e lagos, trazendo problemas à qualidade e disponibilidade de água, favorecendo a ocorrência de escassez de água no período de estiagem (Pruski, 2006a), enchentes no período chuvoso (Favaretto et al., 2006a; Pruski, 2006a) e propagação de doenças. O assoreamento reduz a capacidade de armazenamento dos cursos d’água e de reservatórios, diminuindo o potencial de geração de energia elétrica e aumentando os custos relativos à construção de barragens. Favaretto et al. (2006a), acrescentam ainda a elevação dos custos de tratamento de água para abastecimento doméstico da população urbana. O material em suspensão, que chega aos cursos d’água por meio do escoamento superficial, aumenta a turbidez da água e altera o metabolismo dos ecossistemas aquáticos (Cogo, 2005). Neves (2005) ressalta que o nitrogênio e o fósforo são nutrientes transportados pelo escoamento superficial e que apresentam grande importância. O mesmo autor cita, ainda, que o primeiro participa da formação das proteínas, um dos componentes básicos da biomassa, e o segundo atua em processos como armazenamento de energia e estruturação da membrana celular, constituindo-se como principal responsável pela eutrofização desses ecossistemas. Para as comunidades rurais os problemas decorrentes da erosão dos solos, 20 como as más condições de tráfego nas estradas rurais, podem também inviabilizar a comercialização da produção, o acesso a saúde, educação e lazer. Com a degradação dos solos ocorre uma redução na rentabilidade das áreas rurais. Isto, aliado às dificuldades de deslocamento da população rural, estimula o êxodo, fator de empobrecimento e grande problema social nos centros urbanos. 4.2 PROCESSO EROSIVO O processo erosivo inicia-se com a incidência das precipitações estando relacionado a diversos fatores naturais, como intensidade da precipitação, declividade do terreno e comprimento de rampa; a algumas características do solo, relacionadas à sua erodibilidade; e de uso do ambiente, como cobertura vegetal. No início da precipitação ocorre a interceptação pela vegetação, reduzindo a energia cinética das gotas d’água e consequentemente sua capacidade erosiva. Vencida a capacidade de retenção foliar a água começará a precipitar-se para o solo, porém com menor energia cinética, causando menor impacto na superfície deste. A parte da chuva que não é interceptada pela vegetação incide diretamente sobre o solo. De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1999), a velocidade final das gotas aumenta de acordo com o seu tamanho e com a altura de queda, atingindo um máximo de aproximadamente 9 m.s-1. As partículas deslocadas pelo impacto direto da gota da chuva podem ser lançadas a mais de 60 cm em altura e a um raio de até 1,5 m (Bertoni & Lombardi Neto, 1999; Araújo et al., 2005). Ao atingir o solo, a água inicia o processo de infiltração, que consiste somente na passagem da água da superfície para o interior do solo, sendo a partir desse momento chamado de percolação. A água que infiltra é a que estará disponível para ser utilizada pelas plantas, que contribuirá com o escoamento de base dos córregos e rios e com a manutenção de nascentes, por meio do abastecimento dos lençóis de água subterrânea. Se a intensidade de precipitação for inferior a taxa de infiltração, toda a água precipitada será infiltrada, no entanto, se a intensidade for maior, o excedente começará a ser acumulado nas microdepressões da superfície do terreno. Com a continuidade da precipitação, e esgotada a capacidade de retenção superficial, iniciar-se-á o escoamento. Associado ao escoamento superficial ocorre o transporte de partículas do solo liberadas pelo impacto das gotas da chuva. Juntamente com as partículas de solo em suspensão são transportados outros materiais que podem causar a poluição dos recursos 21 hídricos. Dependendo da energia do escoamento, este também pode provocar a desagregação do solo ou mesmo transportar agregados. O solo transportado sofre deposição somente quando a energia do escoamento é reduzida. 4.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO O processo erosivo ocorre pela ação de fatores climáticos associados a outros fatores relativos à área. A ação combinada da força destes é que determina a intensidade do processo erosivo (Pruski, 2006b). O princípio para planejar ações corretivas para uma determinada área é a estimativa de perda de solo por erosão (Fujihara, 2002). Entretanto, de acordo com o mesmo autor existem dificuldades para se avaliar de forma exata a magnitude da erosão acelerada, assim como os seus impactos ambientais e econômicos, por envolver a avaliação de inúmeras combinações possíveis entre diferentes tipos de solos e alternativas de uso e manejo (Weill & Sparovek, 2008). O principal fator climático relacionado à erosão é a chuva. Entre os fatores relacionados à área destacam-se a declividade do terreno ou grau do declive, o comprimento do declive, a capacidade de infiltração de água no solo, a resistência do solo à ação erosiva da água, a rugosidade superficial do terreno e a cobertura do solo. De acordo com Favaretto et al. (2006), a forma mais significativa de quantitativamente se avaliar resultados de um processo é por meio do uso de uma equação estabelecida. Existem várias equações ou modelos matemáticos para se estimar a perda de solo por erosão. Entre os modelos existentes, o mais popular é a Equação Universal de Perda de Solo (EUPS, ou USLE, em inglês) desenvolvida por Wischmeier e Smith em 1978 (Favaretto et al., 2006a), por ser simples, bastante conhecida e estudada e por requerer um número relativamente pequeno de informações (Weill & Sparovek, 2008). Esta equação foi desenvolvida nos Estados Unidos da América objetivando, principalmente, estimar a perda de solo por erosão hídrica em determinada área, com vistas a auxiliar o planejamento conservacionista. Em 1997, a USLE foi revisada e novas informações foram incorporadas a ela, sendo renomeada, passando a ser chamada de Equação Universal de Perda de Solo Revisada (EUPSR ou RUSLE, em Inglês) (Favaretto et al., 2006a). A USLE expressa a ação combinada dos fatores controladores da erosão, sendo representada da seguinte forma: A = RKLSCP 22 Em que: A= perda média anual de solo calculada pela equação (t/ha/ano); R= fator erosividade da chuva (MJ/ha) / (mm/h/ano); K= fator erodibilidade do solo (t/ha/h) / (MJ/mm/ha); L= fator comprimento do declive (adimensional); S= fator grau do declive (adimensional); C= fator combinado cobertura-manejo do solo (adimensional); P= fator prática conservacionista de suporte (adimensional). Weill & Sparovek (2008) ressaltam que para aplicação do modelo em determinada área, seus fatores devem ser ajustados considerando as condições locais. Os fatores R, K, L e S dependem das condições naturais do clima, do solo e do relevo, e definem em conjunto o potencial natural de erosão. Os demais fatores – C e P – são antrópicos e se relacionam com as formas de ocupação e uso das terras. O fator R expressa o potencial erosivo da chuva e da sua enxurrada associada (Roque et al., 2001; Favaretto et al., 2006a). Sua determinação define a melhor época para o estabelecimento das práticas de manejo e conservação do solo (Val et al., 1986, citados por Roque et al., 2001). O potencial erosivo pode ser obtido pelo produto entre a energia cinética total da chuva e a sua intensidade máxima em 30 minutos (Wischmeier & Smith, 1978, citados por Roque et al., 2001). Esse produto mensura a interação do processo de transporte das partículas do solo que ocorre entre a enxurrada e a erosão por impacto, salpico e turbulência (Fujihara, 2002). Favaretto et al. (2006a) salientam que o fator K expressa a perda de solo por unidade de energia erosiva (por unidade do fator R). De acordo com Fujihara (2002), a erodibilidade do solo é a sua vulnerabilidade ou suscetibilidade à erosão, que é a recíproca da sua resistência à erosão. A velocidade de infiltração da água do solo, permeabilidade e a capacidade total de armazenamento de água estão entre as propriedades intrínsecas de um solo que determinam a sua erodibilidade (Fujihara, 2002; Farinasso et al., 2006) e aquelas que resistem às forças de dispersão, salpico, abrasão e transporte pela chuva e escoamento (Farinasso et al., 2006). A forma de obtenção direta deste fator, em campo, é com a utilização de parcela experimental usualmente chamada de “padrão”, com 22,0 m de comprimento e 9% de declividade, a qual é preparada convencionalmente, no sentido do declive, e mantida permanentemente sem cultivo e descoberta (Favaretto et al., 2006a). De acordo com Farinasso et al. (2006), o fator comprimento de rampa (L), é 23 adimensional, medido em metros, sem a unidade e o fator declividade (S) é caracterizado como o ângulo ou o índice da inclinação do terreno. O fator combinado LS expressa a relação entre a perda de solo de uma área com comprimento e grau de declive qualquer e aquela da parcela padrão. Da mesma forma que o fator K, o fator combinado LS pode ser obtido indiretamente, por meio de equações, desde que experimentalmente calibradas (Favaretto et al., 2006a). Em trabalho visando avaliar o comportamento da perda acumulada de solo ao longo do tempo de precipitação para diferentes valores de energia cinética decorrentes de chuvas simuladas e de declividade da superfície do solo Amorim et al. (2001) verificaram que a perda total de solo aumenta com o incremento da energia cinética da precipitação e da declividade da superfície do solo, sendo que a declividade apresentou efeito menos expressivo na perda total de solo comparado ao da energia cinética. O fator C expressa a relação entre a perda de solo de uma área cultivada sob determinada condição de cobertura e de manejo do solo e aquela da parcela padrão (Favaretto et al., 2006a). As perdas de solo de uma dada área sem cobertura vegetal podem ser quantificadas pelo produto dos termos R, K, L e S da USLE. Contudo, dependendo dos diversos tipos de cultura que estiverem sobre o solo, seqüência de culturas e práticas conservacionistas estas perdas podem ser maiores ou menores. Deste modo, devido às inúmeras interações que ocorrem, o valor de C não pode ser obtido de forma independente (Farinasso et al., 2006) ademais, pelo mesmo motivo, é um fator de obtenção muito difícil e complexa (Favaretto et al. 2006a). O mesmo autor salienta ainda que a cobertura e o manejo do solo são fatores redutores da erosão, assim sendo, quanto menor o valor do fator C, tanto menor será a perda de solo calculada. O fator P (prática conservacionista) representa a relação entre a perda de solo de uma área cultivada com determinada prática conservacionista de suporte (estabelecida no sentido transversal ao declive) e as perdas que ocorrem na mesma área, se cultivada no sentido do declive (morro acima ou morro abaixo no terreno) (Favaretto et al., 2006a). Quanto menor o valor do fator P, tanto menor será a perda de solo calculada pela equação, isto porque as práticas conservacionistas de suporte atuam como fator redutor da erosão, da mesma forma que o fator C. Para que a USLE possa ser mais amplamente utilizada torna-se necessário melhorar os bancos de dados com pesquisas locais para adequação e/ou calibração dos parâmetros da referida equação. 24 4.4 TIPOS DE EROSÃO Há diversas classificações de erosão quanto ao tipo de degradação e feições decorrentes. Segundo Araújo et al. (2005), a erosão pluvial pode ocorrer na forma de erosão por impacto (efeito splash), laminar, sulcos ou voçorocas. Estas formas de erosão também são comumente denominadas de erosão entre sulcos (laminar), erosão em sulcos e erosão em voçorocas. 4.4.1 Erosão laminar Diversos autores, entre eles Bertoni & Lombardi Neto (1999); Lepsch (2002) e Camapum de Carvalho et al. (2006), denominam erosão superficial, laminar ou em lençol a erosão causada pelo escoamento superficial difuso. Ainda que alguns autores a denominem de erosão laminar, consideram-na como erosão formada por diversos filetes interligados, de dimensões e formas variadas (Oliveira, 1994; Guerra, 1998; Lepsch, 2002). Esta forma de erosão também é chamada de erosão das áreas entre sulcos (Oliveira, 1994; Amorim et al., 2001) ou entressulcos (Montolar-Sparovek et al., 1999; Bezerra & Cantalice, 2006). Favaretto et al. (2006a) salientam que o termo erosão laminar deve ser eliminado por não ser adequado à descrição do processo erosivo causado pelas águas pluviais. Isto, devido ao fato de o impacto da gota de chuva ser o principal agente causador deste tipo de erosão e, sem ele, a capacidade de desagregação e transporte do escoamento superficial, quando na sua forma laminar, ser bastante pequena. De acordo com Amorim et al. (2001), neste tipo de erosão, o desprendimento e transporte de sedimentos são ocasionados pela ação conjunta tanto do escoamento superficial quanto dos mecanismos de impacto das gotas de chuva sobre a superfície do terreno. A erosão laminar é caracterizada pela remoção de partículas do solo de forma uniforme em toda a sua superfície (Neves, 2005; Camapum de Carvalho et al., 2006). Este tipo de erosão é de difícil percepção, sendo, portanto, considerada bastante perigosa na degradação das terras agrícolas (Griebeler, 1998), uma vez que transporta a camada superficial do solo, que contém grande parte dos nutrientes aplicados durante os cultivos e também matéria orgânica. 25 4.4.2 Erosão em sulcos Quando o escoamento superficial concentra-se nos pontos preferenciais do terreno, em virtude do microrrelevo ou em feições criadas pelo homem ou animais (estradas não pavimentadas, caminhos, trilhas de gado, entre outros), e sua tensão cisalhante supera a tensão crítica de cisalhamento do solo, inicia-se neste, a formação de incisões que dão origem aos sulcos (Cassol et al., 2002). As feições erosivas lineares são facilmente identificadas, constituindo-se, com frequência, na primeira forma de erosão notada pelos agricultores no campo. Estas são diferenciadas pelas formas e dimensões. Diferentes autores classificam os sulcos de erosão com base na sua profundidade, largura e na possibilidade ou não da sua transposição por máquinas. Os sulcos são chamados superficiais quando podem ser cruzados por máquinas agrícolas e se desfazem pela regularização dos terrenos; rasos, quando ainda podem ser cruzados por máquinas agrícolas, porém, já não se desfazem quando do preparo do solo; e, por último, profundos, quando não podem mais ser cruzados por máquinas agrícolas. 4.4.3 Erosão em voçorocas As feições erosivas do tipo voçorocas constituem-se de sulcos bastante profundos, que não mais podem ser transpostos por máquinas agrícolas e/ou já atingiram o horizonte C. Constitui-se no estádio mais avançado de erosão. Segundo Favaretto et al. (2006a), a profundidade de uma voçoroca é função da espessura do substrato geológico intemperizado do perfil de solo e do volume de água concentrado que escoa sobre o seu leito. De acordo com Castro et al. (2004), voçorocas, geralmente, apresentam fluxo contínuo de água no fundo devido a interceptação do lençol freático. No entanto, existem voçorocas onde não se observa a presença de água. Elas podem iniciar-se na parte superior de uma encosta, como sulco, desconectadas dos canais da rede de drenagem. Podem, também, surgir e evoluir conectadas aos cursos d’água, começando no fundo de vale e progredindo em direção à montante, as quais, para Oliveira (1999), apresentam maior poder de produção de sedimentos do que as desconectadas. 26 4.5 PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS A ciência da conservação do solo e da água preconiza um conjunto de medidas, com a finalidade de manter ou recuperar as condições físicas, químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios para seu uso e manejo, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva. Estas medidas visam proteger o solo da erosão, aumentando a disponibilidade de água e nutrientes e a atividade biológica do solo, criando condições adequadas ao desenvolvimento vegetal. Normalmente o potencial de utilização das terras normalmente não é respeitado. Devido à falta de planejamento para o uso do solo, é comum observar uma subutilização em algumas áreas e sobre utilização em outras. O uso da terra de acordo com seu potencial é o princípio básico da conservação e da sustentabilidade (Favaretto et al., 2006b). Alguns fatores causadores da erosão podem ser controlados, e qualquer medida tomada com o intuito de atenuar tais fatores é chamada de prática conservacionista. Estas visam proteger o solo do processo erosivo ou diminuir a energia do escoamento superficial (Bertoni & Lombardi Neto, 1999). A adoção de práticas de manejo conservacionista é importante porque visa não apenas o controle da erosão, mas também a manutenção da fertilidade natural. Assim, por meio da preservação da camada superficial do solo, onde se concentra a maior parte dos nutrientes, permite-se o cultivo dos solos por longo período, evitando o seu depauperamento. Monegat (1991) relata que as práticas de conservação do solo, quando aplicadas corretamente, possibilitam o aumento da renda líquida obtida da exploração agrícola. Desta forma, para o aumento da renda e do padrão de vida das famílias rurais, devem ser estabelecidas ações técnicas visando à obtenção de melhor integração das atividades produtivas. Esta integração depende de um adequado planejamento de uso e das atividades a serem desenvolvidas na propriedade rural. Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destacase um maior aproveitamento da água das chuvas, para evitar perdas excessivas por escoamento superficial. Algumas práticas conservacionistas envolvem alterações no volume e na velocidade do escoamento antes deste adentrar em um curso d’água, aumentando o tempo de oportunidade, criando, desta forma, condições para que a água pluvial se infiltre no solo. A ação isolada de um agricultor não traz a solução dos problemas decorrentes da erosão, visto que seus efeitos atingem o meio rural como um todo assim como as 27 cidades. Desta forma, um plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar com o envolvimento efetivo de toda a sociedade rural e urbana. De acordo com Fernandes (1989), as medidas de controle da erosão apresentam baixa eficácia quando utilizadas isoladamente e em nível de propriedade. O mesmo autor salienta ainda que o planejamento de sistemas de manejo e conservação do solo deve ser realizado em nível de bacia hidrográfica, tendo em mente a integração dos recursos naturais e seus múltiplos usos, contando com o associativismo e a cooperação entre os diversos usuários destes recursos. Assim como a ação isolada de um agricultor não traz os melhores resultados, a aplicação de uma única prática normalmente não resolve o problema, devendo ser utilizado um conjunto de diferentes técnicas para controle da erosão. Na maioria dos casos, melhores resultados são demonstrados com a utilização de uma combinação de práticas mecânicas e vegetativas (Uddin, 2000) aliada ao uso de práticas edáficas. Dependendo da interpretação de cada autor as práticas conservacionistas são classificadas de diferentes formas, sem que sua importância seja reduzida. Entretanto, nenhuma classificação leva em consideração a função que as práticas conservacionistas exercem no controle à erosão. As práticas conservacionistas são mais comumente divididas em edáficas, vegetativas e mecânicas. 4.5.1 Práticas edáficas São consideradas práticas edáficas aquelas que utilizam-se de modificações no sistema de cultivo com vistas à conservação dos solos. Estas práticas têm ação indireta sobre o processo erosivo, atuando em melhorias das condições do solo, como aumento dos teores de matéria orgânica, agregação, permeabilidade, porosidade e cobertura vegetal. Dentre elas, as principais são o cultivo de acordo com a capacidade de uso do solo; o controle de queimadas; a adubação verde, química e orgânica; a calagem, a fosfatagem e a gessagem. 4.5.2 Práticas vegetativas Quando se utiliza a própria vegetação para proteção do solo, as práticas conservacionistas utilizadas são vegetativas. A cobertura vegetal protege um terreno contra a erosão pelo impacto direto das gotas de chuva, atuando como uma defesa natural. Além 28 disso, reduz a energia cinética das águas pluviais superficiais e as dispersa, possibilitando maior infiltração e aumentando a capacidade de retenção de água pelo solo. Entre as práticas vegetativas podem ser citadas o florestamento e reflorestamento, uso de plantas de cobertura, cobertura morta, rotação de culturas, formação e manejo de pastagens, cultivo em faixas e cordões vegetativos, entre outras. 4.5.3 Práticas mecânicas As práticas mecânicas são aquelas que utilizam estruturas artificiais para a contenção do escoamento superficial, interferindo em fases mais avançadas do processo erosivo (Pruski et al., 2006a). Os autores ressaltam que este tipo de prática age especificamente sobre o escoamento superficial. Pires & Souza (2003) salientam que as práticas mecânicas propiciam a infiltração ou o escoamento seguro da água de enxurrada. Uma vez interceptado o escoamento, este não adquire energia suficiente para ocasionar perdas de solo acima do limite tolerável. Contudo, os limites que são considerados toleráveis para fins agrícolas pela literatura nem sempre são toleráveis do ponto de vista ambiental. Deste modo, a camada de solo carreada pode não afetar expressivamente a produtividade, entretanto os cursos d’água podem não suportar a carga de sedimentos que chega até eles, além de a velocidade de formação dos solos ser bastante inferior à velocidade de remoção deste pela erosão. As práticas mecânicas, apesar de apresentarem a conveniência do dimensionamento, possuem custo de implantação e manutenção mais elevado. Desta forma, devem ser utilizadas somente em situações nas quais as práticas vegetativas e edáficas não forem suficientes para conter o processo erosivo, uma vez que estas são de mais fácil execução, fáceis estabelecer e apresentam menor custo de manutenção (Bertoni & Lombardi Neto, 1999; Uddin, 2000). De acordo com Pires & Souza (2003), as principais práticas mecânicas são a distribuição adequada dos caminhos, o preparo do solo e o plantio em nível, os sulcos e camalhões em pastagens, o mulching vertical, as bacias de captação de águas pluviais provenientes de estradas, o canal escoadouro e o terraceamento. Além destas, outras, como o enleiramento em contorno, a subsolagem, a irrigação e a drenagem também são consideradas práticas mecânicas de conservação. 29 4.6 TERRACEAMENTO O terraceamento é uma das mais antigas práticas de controle da erosão (Margolis, 1989; Oliveira et al., 1992), porém seu uso em lavouras comerciais é mais recente. Tendo em vista que o cultivo comercial inicialmente era feito utilizando somente o sistema de preparo convencional, com o tempo ocorreram reduções na taxa de infiltração de água no solo, assim, o terraceamento passou a ser utilizado nestas áreas com vistas a atenuar esse problema (Garcia & Righes, 2008). O sistema tem como princípio básico o parcelamento do comprimento de rampa, sendo composto por um canal e um dique, dispostos perpendicularmente ao sentido da declividade, objetivando interceptar a enxurrada, antes que esta adquira volume, velocidade e, por consequência, poder erosivo. Resck (2002) considera o terraceamento como a mais importante prática mecânica para controle da erosão. Sendo considerado uma das práticas conservacionistas mais conhecidas (Griebeler et al., 1998) e eficientes, desde que bem planejado, executado e mantido (Oliveira et al., 1992; Pires & Souza, 2003; Castagnara et al., 2007). Quando da sua utilização as perdas de solo podem ser reduzidas em até 80% e as de água em até 100%, sendo reconhecido o seu efeito no controle da erosão (Pires & Souza, 2003), porém, alguns critérios técnicos fundamentais devem ser rigorosamente observados, o que torna limitado o seu uso em várias situações, especialmente em áreas acidentadas (Borges et al., 1989). De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1999), nem todos os solos podem ser terraceados com êxito, a exemplo dos terrenos pedregosos, declivosos, muito rasos, ou com subsolo adensado. Margolis (1989) salienta que as dificuldades no planejamento, construção e manutenção tornaram o terraceamento uma prática sofisticada, de uso limitado apenas a propriedades altamente capitalizadas com emprego de tecnologia avançada e culturas de alto valor econômico. Para Borges et al. (1989), mesmo a grande difusão do terraceamento entre os agricultores não é suficiente para que a implantação seja realizada de maneira correta, levando, frequentemente, a insucessos no seu uso, provocando rejeição desta prática e também de outras medidas de manejo e conservação na propriedade. Quando da não observância de critérios de emprego do terraceamento, as consequências podem ser mais graves do que em caso de não uso da técnica. Além do mais, melhores resultados com o uso dessa prática podem ser obtidos combinando-a com outras práticas de conservação do solo (Borges et al., 1989; Oliveira et al., 1992), como o 30 plantio em nível, rotação de culturas, culturas em faixas, adubação verde, correção química, manejo dos restos culturais etc. (Resck, 2002; Pires & Souza, 2003; Pruski et al., 2006a). a. Terraceamento em sistema de plantio direto O terraceamento age especificamente no escoamento superficial, não melhorando, contudo, as condições do solo (Garcia & Righes, 2008). Neste sentido, na década de 1980 houve a difusão da semeadura direta, que proporciona melhorias nas condições físicas do solo e bons resultados quanto às reduções nas perdas deste por erosão. Tal fato aliado à intenção de melhorar o rendimento operacional de máquinas agrícolas motivou a retirada de terraços sem considerar critérios de conservação (Denardin et al., 2005). Para Denardin et al. (2003), mesmo a cobertura permanente e a consolidação e estabilização da estrutura do solo observadas no sistema plantio direto não condicionam o adequado controle da erosão. Para o caso do estado de Goiás, onde as condições climáticas nem sempre possibilitam a formação e manutenção adequada de palha, a retirada de terraços de áreas sob cultivo em sistema de plantio direto torna-se ainda mais perigosa que em outras localidades do país. Isso ocorre devido à rápida decomposição da matéria orgânica, deixando o solo descoberto no início do período chuvoso, quando a cultura ainda não promove boa cobertura do solo. Deste modo o estudo da possibilidade de redução na quantidade de terraços implantados em campo torna-se crucial para respaldar as decisões tomadas em campo. O tráfego de máquinas pesadas e a redução na movimentação do solo promovem aumento da compactação, diminuindo a taxa de infiltração, gerando aumento nas perdas de água, nutrientes (Garcia & Righes, 2008) e da própria matéria orgânica incrementada ao solo. De acordo com Resck (2002), não há razão para a retirada dos terraços ou para realizar plantio desnivelado em áreas de plantio direto, em função de vários trabalhos verificarem que há perdas de água neste sistema. Favaretto et al. (2006b) salientam que no plantio direto a enxurrada, embora seja praticamente isenta de sólidos, normalmente apresenta taxas de nutrientes, em especial o fósforo, bem mais elevadas que em sistemas convencionais de preparo, o que pode ocasionar problemas de eutrofização em lagos e reservatórios, além das perdas dos nutrientes carreados da área de cultivo. De acordo com Denardin et al. (2003), a cobertura do solo pode reduzir em até 31 100% a energia erosiva das gotas de chuva, não sendo muito eficaz na dissipação desta no escoamento superficial. Isto ocorre em função de que, a partir de determinada energia adquirida pelo escoamento superficial, este promove o arraste dos restos culturais, causando erosão laminar e abrindo sulcos sob a cobertura. Devido a estes aspectos, os autores ressaltam ser necessário, mesmo em áreas de plantio direto, o parcelamento do declive. b. Período de retorno Para o correto dimensionamento de terraços e de outras práticas agrícolas que visem à conservação do solo, alguns princípios de hidráulica devem ser considerados. Portanto, o conhecimento das características da chuva permite a planificação mais segura destas estruturas (Bazzano et al., 2007). Tanto do ponto de vista construtivo como do ponto de vista econômico e ambiental, a obra deve ser dimensionada apresentando uma relação ótima entre custo de implantação e os riscos e/ou prejuízos ocasionados pela sua falha. Entretanto, a necessidade de considerarem-se benefícios e custos torna-se restrita em função da difícil quantificação ou da impossibilidade destes serem convertidos em unidades monetárias. O período de retorno (TR) é um fator utilizado nos cálculos de dimensionamento de obras que relaciona risco e custo. Para eventos chuvosos, este pode ser estimado a partir da análise de distribuição de frequência (Eltz et al., 1992). E corresponde ao intervalo de tempo médio, em anos, que um evento hidrológico extremo possa ser igualado ou superado pelo menos uma vez, em média (Eltz et al., 1992; Moreti et al., 2003; Tucci, 2003). Quanto maior o valor de TR, maior será a intensidade de precipitação esperada e, maior será a estrutura necessária para conter o escoamento gerado. Assim, normalmente não são tomados valores de TR muito elevados para estruturas que não envolvam vidas ou cujos prejuízos devido às falhas da estrutura não impliquem em vultosos prejuízos econômicos. Para o dimensionamento de sistemas de terraceamento, é comum a utilização de um TR de 10 anos, na Tabela 1 são apresentados alguns valores de TR comumente utilizados. 32 Tabela 1. Períodos de Retorno (TR) para diferentes ocupações de área. Tipo da obra Ocupação do solo TR(anos) Microdrenagem Residencial 2 Comercial 5 Áreas com edifícios de serviço público 5 Aeroportos 2a5 Áreas Comerciais e Artérias de Tráfego 5 a 10 Macrodrenagem Áreas Comerciais e Residenciais Áreas de Importância específica 50 a 100 500 ou mais Fonte: DAEE/CETESB (1980), citado por Porto et al. (2002). c. Uso de coeficientes de majoração/segurança Em estudo visando avaliar a variabilidade da seção transversal de terraços posicionados em nível, Griebeler et al. (1998) observaram grandes disparidades na capacidade de acumulação de água em diferentes seções de um mesmo terraço. Em sistemas de terraceamento em nível tem-se como princípio que a cota de crista, ou a parte superior do camalhão, esteja perfeitamente nivelada no terreno. Caso isso não aconteça, a capacidade de acumulação de água pelo terraço estará limitada ao menor valor de cota da crista do camalhão. A redução na capacidade de acumulação pode ocorrer devido a diversos fatores, entre eles, o acúmulo de sedimentos provenientes da área à montante do terraço; abatimento da crista do terraço seja por tráfego de animais ou máquinas, ou mesmo pela ação do tempo nessa; pode ocorrer, ainda, por falta de cuidados quando da locação, implantação e/ou manutenção do sistema. A falta de cuidados é um fator muito comum na implantação do terraceamento, tendo em vista que, a construção e a manutenção de tais estruturas são comumente realizadas sem o acompanhamento técnico necessário e sem o critério exigido. Numa análise superficial, se os valores implantados forem superiores àqueles previstos estar-se-á aumentando o custo da obra e se forem inferiores, aumentar-se-á o risco de falha da estrutura, principalmente por rompimento. Nestes casos, muitas vezes, os custos não são reduzidos, pois a obra em muitos casos é contratada com base no dimensionamento. Em seu trabalho, Griebeler et al. (1998) observaram variação no nível de crista tanto em terraços recém construídos como naqueles que já haviam sofrido manutenção. Baseado neste estudo, os autores apontaram para a necessidade do uso de coeficientes de majoração, a serem aplicados no dimensionamento, de modo a compensar a 33 desuniformidade observada e reduzir os riscos de falha da estrutura. Este coeficiente, incorporado ao cálculo do terraceamento como fator multiplicador, porém na forma de raiz quadrada (Equação 1), promove a majoração dos resultados encontrados de modo a proporcionar mais segurança à obra implantada em campo. Em que:  = √ + 10 (1) Hr = altura recomendada para o terraço (cm); e Ht = altura de água acumulada ou transportada pelo terraço considerando sua seção transversal uniforme (cm). O valor de 10 cm corresponde à borda livre de água que é normalmente adotada no dimensionamento de qualquer tipo de canal. O uso deste coeficiente, porém, não constitui-se de artifício que deva ser utilizado em detrimento dos critérios técnicos a serem considerados quando da locação e implantação de sistemas de terraceamento em campo uma vez que a sua incorporação na equação visa aumentar a segurança da obra e não retira a responsabilidade do técnico quanto aos cuidados na implantação desta. d. Software para dimensionamento de terraços Para facilitar o dimensionamento de sistemas de terraceamento Pruski et al. (2006b) desenvolveram o Hidros, que consiste em um conjunto de softwares que aplica vários modelos para o dimensionamento e manejo de projetos hidroagrícolas. Entre estes está o Terraço 3.0, um software que permite selecionar, dimensionar e otimizar a implementação de sistemas de terraceamento para o controle da erosão considerando as condições da área agrícola analisada. Neste software o dimensionamento de terraços iniciase com a criação de um projeto, que consiste de um arquivo contendo as informações relativas ao projeto do sistema de terraceamento (Pruski et al., 2006b). O Terraço 3.0 disponibiliza ao usuário informações sobre várias práticas conservacionistas e sistemas de preparo e de manejo do solo a partir de informações de bancos de dados tutoriais e fotográficos. Neste software, os terraços são dimensionados considerando diferentes equações e vários parâmetros. Dentre estes está o sistema de terraceamento que será dimensionado (em nível ou gradiente); a precipitação (é necessário definir o TR da 34 precipitação de projeto); o tipo de canal; informações do terreno (declividade e rugosidade); definição da equação para cálculo do espaçamento; e solo. Após a definição dos dados é efetuado o dimensionamento e, entre os resultados deste estão a altura teórica (H) e a altura recomendada (Hr) para os terraços, sendo possível recalcular a altura recomendada fornecendo o coeficiente de desuniformidade (Cd) da seção transversal, que corresponde aos coeficientes de majoração obtidos com base no trabalho de Griebeler et al. (1998). O padrão do software é 1,0 e as alterações podem ser feitas a partir desse valor. Tanto o aumento no valor do Cd quanto no TR da precipitação geram aumentos na altura recomendada para o camalhão, incrementando o custo do sistema a ser implantado, trazendo, no entanto, maior segurança à obra. 5 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho constituiu-se de três etapas, simulações de sistemas de terraceamento, entrevistas e coleta de dados em campo. As simulações, assim como a análise dos dados, foram realizadas no Laboratório de Geoprocessamento da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás (LAGE/UFG). As entrevistas foram realizadas com técnicos que atuam na assistência técnica, utilizandose, para tanto, de um questionário não estruturado. A coleta de dados em campo foi realizada em propriedades rurais que utilizam o sistema de terraceamento em nível como prática conservacionista. 5.1 SIMULAÇÕES Utilizou-se o software Terraço 3.01, no qual foram realizadas simulações de sistemas de terraceamento em nível para dez localidades do estado de Goiás para as quais a equação de Intensidade Duração e Frequência de Precipitação (IDF) é conhecida. Este software permite o dimensionamento de sistemas de terraceamento em nível e em gradiente, determinando os espaçamentos, vertical e horizontal, e a altura do camalhão, utilizando-se de dados do terreno, uso, manejo e condições físico-hídricas do solo e condições climáticas regionais. As localidades foram definidas baseando-se na sua distribuição geográfica e na tradição agrícola, sendo elas Aruanã, Catalão, Goianésia, Goiânia, Iporá, Itaberaí, Morrinhos, Niquelândia, Porangatu e Quirinópolis. Na Figura 1 é apresentada a distribuição geográfica das localidades utilizadas no presente estudo. Para a realização das simulações foram utilizados dados referentes ao software, assim chamados por serem comuns a todas as equações disponíveis nesse; e outros pertencentes somente à equação utilizada. 1 Disponível em: . 36 Figura 1. Distribuição geográfica das localidades para as quais realizou-se as simulações. Na condição padrão foram considerados os seguintes dados de entrada: taxa de infiltração estável (Tie) de 20 mm.h-1; declividade do terreno 0,07 m.m-1; condição de solo descoberto (sem cultivo); e canal com seção triangular. A equação utilizada para a determinação do espaçamento entre terraços foi aquela desenvolvida por Lombardi Neto e colaboradores e está disponível no software como opção Lombardi Neto. Nesta, foram utilizados os seguintes dados: cultura da soja (índice U=1); resistência do solo à erosão: grupo A (fator K=1,25). Para a equação de precipitação, estipulou-se o período de retorno (TR) de 10 anos. Não foi considerada a existência de imperfeições no canal, ou seja, tomou-se o coeficiente de desuniformidade (Cd) igual a 1,0. Na sequência é apresentada uma tela do software indicando os dados de entrada utilizados para a condição padrão (Figura 2). 37 a b Figura 2. Tela do software, indicando os dados de entrada utilizados para a condição padrão, exceto o coeficiente de desuniformidade (a); e dados referentes à equação de Lombardi Neto (b). Tendo sido atribuídos os dados da condição padrão, foram realizadas simulações visando à determinação do espaçamento e da altura do camalhão do terraço. As simulações foram realizadas alterando-se os tipos de preparo de solo. Foram considerados os sistemas de preparo convencional do solo (PC) grupo 3, índice M=1: preparo primário 38 utilizando grade leve e o secundário com utilização de grade niveladora e restos culturais parcialmente incorporados, com ou sem rotação de culturas; e plantio direto (PD), grupo 5, índice M=2: solo sem preparo primário; preparo secundário com plantio sem revolvimento do solo, utilizando ou não, roçadeira, rolo-faca e/ou herbicidas, com restos culturais mantidos na superfície do terreno. Para cada condição de preparo adotada, foram variados o TR e o Cd. Os valores de TR e Cd foram variados de forma independente. Inicialmente manteve-se o valor de TR constante na condição padrão (10 anos) e, para cada localidade, alterou-se o valor do Cd, variando-se o mesmo para 1,1; 1,2; 1,3; 1,4; 1,5; 1,6 e 1,7; posteriormente, mantendo-se o Cd na condição padrão (1,0), alterou-se o valor de TR, considerando valores de 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 anos. Foram analisadas as variações na altura recomendada (Hr) do camalhão dos terraços promovidas pelas variações tanto no TR como no Cd para cada sistema de preparo do solo de forma independente. Para melhor avaliação dos dados resultantes das simulações, estes foram transportados para uma planilha eletrônica e analisados comparativamente. Todas as comparações foram explicitadas sob a forma de gráficos, de modo a facilitar o entendimento e a visualização dos resultados. Foi plotado num gráfico a variação do TR, no eixo das ordenadas, pela variação acumulada média da altura simulada de camalhão de terraços (∆Hr), no eixo das abcissas. Após isso, foi determinada, para PC e PD, a equação de ajuste de reta, com TR em função de ∆Hr. De posse da equação foi calculado o TR correspondente à Hr promovida por variações no Cd, objetivando quantificar a qual TR corresponderia a alteração de cada unidade de Cd utilizada nas simulações, tendo em vista que, tanto o aumento do TR como do Cd promovem aumentos no valor de Hr. Estas comparações foram realizadas apenas dentro de cada sistema de preparo de solo considerado, não sendo feitas comparações deste tipo entre sistemas (PC e PD). 5.2 ENTREVISTAS Para a realização das entrevistas, foi elaborado um questionário não estruturado ou despadronizado, visando o direcionamento dos pontos a serem abordadas com cada técnico. As entrevistas foram conduzidas de modo aberto, na forma de diálogo, sem obedecer restritamente a sequência ou a forma da questão. Na Tabela 2 são apresentados os 39 itens abordados nas entrevistas. Tabela 2. Questões abordadas em entrevista com engenheiros agrônomos que atuam na assistência técnica no estado de Goiás. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Qual a sua formação? Há quanto tempo trabalha com assistência técnica? Tem ou já teve problemas com erosão em alguma área? Você conseguiu resolver o problema? Como você escolhe a prática conservacionista que será implantada na área? Como dimensiona a prática a ser utilizada (distância entre estruturas, altura etc.)? Usa equações? Qual? Tempo de Retorno de quantos anos? Na sua opinião, quando o sistema de plantio direto é utilizado, pode ser dispensado o uso de terraceamento? É você que loca os terraços? Você instrui o operador de máquinas que construirá o terraço? Como? Você acompanha a implantação? Você confere o nivelamento do terraço após sua implantação? Como saber se o terraço está em nível? Faz manutenção? Como? A que você atribui a falha (transbordamento/ruptura) de um terraço? Que tipos de falhas você acredita que possam ocorrer? Você usa ou recomenda terraço em gradiente? Em quais situações? As entrevistas foram realizadas nas cidades de Morrinhos, Silvânia e Goiânia, todas no estado de Goiás. Foram entrevistados seis Engenheiros Agrônomos. As respostas obtidas para cada assunto abordado no questionário foram analisadas comparativamente e discutidas de forma agrupada, sem identificação do técnico entrevistado nem mesmo da região a qual ele pertence. Foram ressaltadas apenas as situações relevantes do ponto de vista técnico. Como informações relevantes foram consideradas situações em que não houve consideração de critérios técnicos quando da adoção, dimensionamento e/ou implantação de práticas conservacionistas; situações em que houve bom senso, mesmo não havendo consideração de critérios técnicos; e situações em que houve consenso entre as respostas obtidas, denotando ser comum aquele comportamento entre técnicos que atuam na assistência técnica e extensão rural. 5.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO Foram visitadas quatro propriedades e avaliadas/levantadas cinco áreas, sendo duas com sistema de terraceamento recém implantado e três com sistema implantado a mais de um ano. Em todos os casos foram analisados terraços projetados para serem implantados em nível. Na Tabela 3 encontram-se relacionadas as áreas visitadas com sua 40 respectiva localização, uso atual e situação dos terraços quanto à manutenção. Tabela 3. Áreas visitadas, localização, uso atual e condição dos terraços levantados. Área Localização Uso atual Terraços 1 Piracanjuba Lavoura de arroz Reformado 2 Piracanjuba Pasto recém-formado Recém-construído 3 Guapó Despejo de dejetos Recém-construído 4 Guapó Pasto antigo Sem reforma 5 Santo Antônio de Goiás Parcelas experimentais Foi utilizada uma metodologia baseada naquela desenvolvida e aplicada por Griebeler et al. (1998). Nesta realiza-se a medição da seção transversal do terraço em diversos pontos ao longo do mesmo, bem como a leitura da cota de crista. Em cada área avaliada foram levantados dados de três terraços, escolhidos aleatoriamente. Em cada terraço foram realizadas leituras considerando uma extensão de 100 m, sendo estas realizadas utilizando-se um nível ótico e mira graduada. As cotas de cada terraço foram referenciadas a um plano local. A coleta dos dados foi realizada, inicialmente, somente na crista de cada terraço. Para tanto, o nível foi posicionado de modo a possibilitar a visualização de uma grande extensão do terraço e, com a mira, foram realizadas leituras sobre o camalhão distantes 1 m entre si, totalizando cem leituras (Figura 3a). Nos pontos de maior e menor leitura (ponto mais baixo e ponto mais alto do terraço), foram levantadas as seções transversais, visando verificar a maior e a menor área de acumulação de água. Estas seções foram levantadas fazendo-se leituras, com o nível ótico, a cada 20 cm, em sentido transversal ao alinhamento do terraço (Figura 3b), iniciando em 40 cm à jusante, realizando medições à montante até a leitura se igualar-se ou superar a leitura da cota de crista. Os resultados obtidos foram analisados em planilha eletrônica. Para realizar-se a análise comparativa das cristas dos três terraços em um mesmo plano de referência, todos os pontos de leitura de crista foram uniformizados. A uniformização deu-se igualando o valor de maior leitura de crista (ponto mais baixo do terraço) a 0,05 m e as demais leituras foram referenciadas a partir desta, utilizando-se a Equação 2. 41 a B Figura 3. Esquema do posicionamento do nível e da mira, para o levantamento da crista do terraço (a); e para o levantamento da seção transversal (b). Em que: =  + 0,05 − 2 PU é o ponto uniformizado (m); PB é o ponto mais baixo do terraço (maior leitura de mira) (m); P é o ponto a ser uniformizado (m). Deste modo, tornou-se possível analisar a variação dos três terraços levantados numa mesma área em um único plano de referência. Para realização das análises da área de acumulação dos terraços foi realizado o cálculo de área pela Equação 3.   −   +  −    =   0,2 2  3 42 Em que: A é a área de acumulação do terraço (m2); Ln-1 é o valor da leitura anterior à que será calculada a área (m); Ln é o valor da leitura para a qual será calculada a área (m); L2 é a leitura realizada na crista do terraço (m). Também foi realizada a comparação das áreas de acumulação entre o ponto mais alto (seção Alta) e o ponto mais baixo (seção Baixa) do terraço, para averiguação da área real (seção Real) de acumulação da seção transversal dos terraços, esta foi realizada através da Equação 4:  ∆ =    Em que:   −    +   −     0,2 2 4 ∆A é a área de acumulação real do terraço (m2); LPAn-1 é o valor da leitura anterior à que será calculada a área, no ponto mais alto do terraço (m); LPAn é o valor da leitura para a qual será calculada a área, no ponto mais alto do terraço (m); LPB2 é a leitura realizada no ponto mais baixo da crista do terraço (m). A área real de acumulação e a área da seção Baixa foram comparadas à seção Alta em termos de percentual pela Equação 5: # = Em que: #  100 # SP é a área percentual de acumulação do terraço (%); S é a área da seção que se deseja comparar (seção real ou Baixa); SA é a área da seção Alta. 5 6 6.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO SIMULAÇÕES Nas simulações realizadas para a condição padrão, em sistema de preparo convencional do solo, os espaçamentos vertical e horizontal obtidos foram de 1,75 m e 24,9 m, respectivamente. A altura recomendada de camalhão (Hr) para a condição padrão (Cd=1,0 e TR=10 anos) variou de 37,2 cm a 46,2 cm, com média de 40,78 cm. Já no sistema de plantio direto (PD), as dimensões obtidas foram de 2,62 m para espaçamento vertical e 37,41 m para o horizontal e a Hr para a condição padrão variou de 43,3 cm a 54,4 cm, com média de 47,72 cm. Na Tabela 4 são apresentados os resultados de Hr obtidos com as simulações realizadas. Tabela 4. Altura recomendada de camalhão de terraços (Hr) calculada para a condição padrão (período de retorno, TR, 10 anos e coeficiente de desuniformidade, Cd, 1,0), em sistema de Plantio Convencional e para variações de Cd e TR para dez localidades do estado de Goiás. Localidade Aruanã Catalão Goianésia Goiânia Iporá Itaberaí Morrinhos Niquelândia Porangatu Quirinópolis Aruanã Catalão Goianésia Goiânia Iporá Itaberaí Morrinhos Niquelândia Porangatu Quirinópolis Padrão 46,1 39,1 37,6 37,2 39,5 40,6 41,4 39,6 46,2 40,5 Padrão 46,1 39,1 37,6 37,2 39,5 40,6 41,4 39,6 46,2 40,5 Cd 1,1 47,8 40,5 39,0 38,6 41,0 42,1 42,9 41,1 48,0 42,0 TR 15 47,8 40,4 39,0 38,6 40,9 41,9 42,9 40,8 48,4 42,0 Cd 1,2 49,5 41,8 40,3 39,8 42,3 43,5 44,4 42,5 49,7 43,4 TR 20 49,1 41,3 40,1 39,6 41,9 42,9 43,9 41,7 50,0 43,1 Hr (cm) Cd 1,3 Cd 1,4 51,1 52,7 43,1 44,4 41,5 42,7 41,0 42,2 43,7 44,9 44,9 46,2 45,8 47,2 43,8 45,1 51,3 52,9 44,8 46,1 TR 25 TR 30 50,1 51,0 42,1 42,7 40,9 41,6 40,3 41,0 42,7 43,3 43,7 44,3 44,7 45,4 42,4 43,0 51,3 52,4 44,0 44,7 Cd 1,5 54,2 45,6 43,9 43,3 46,1 47,5 48,5 46,3 54,4 47,4 TR 35 51,7 43,2 42,1 41,5 43,9 44,9 46,0 43,5 53,3 45,3 Cd 1,6 55,6 46,8 45,0 44,4 47,3 48,7 49,7 47,5 55,9 48,6 TR 40 52,4 43,7 42,6 42,0 44,4 45,3 46,5 43,9 54,1 45,8 Cd 1,7 57,0 47,9 46,0 45,5 48,5 49,9 51,0 48,6 57,3 49,8 TR 45 52,9 44,1 43,1 42,4 44,8 45,8 47,0 44,3 54,9 46,3 44 Nas Figuras 4 a 13 são apresentados os resultados obtidos com as simulações realizadas, para as dez localidades, variando os valores de TR e de CD, considerando os dois sistemas de preparo de solo. Considerando o PC, entre as dez localidades utilizadas na simulação, Goiânia foi a que apresentou os menores valores para Hr e Porangatu os maiores. Para o PD, o comportamento se apresentou semelhante, uma vez que o escoamento é função do tamanho e das características da área de contribuição e das características da precipitação. Como nas simulações alterou-se o sistema de manejo, o tamanho da área de contribuição (área entre terraços) foi também alterado, no entanto, de maneira igual para todas as localidades, assim como as características da precipitação. Altura do camalhão do terraço (cm) 70 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 65 60 55 50 45 0 Hr (PD(CD)) = 1 -0,036x2 2 3 4 + 2,246x + 51,98 (R² = 1) Hr (PC(CD)) = -0,029x2 + 1,827x + 44,28 (R² = 1) 5 6 7 8 9 Hr (PD(TR)) = -0,108x2 + 2,134x + 52,33 (R² = 0,99) Hr (PC(TR)) = -0,087x2 + 1,731x + 44,57 (R² = 0,99) Figura 4. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Aruanã, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 45 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 Hr (PD(CD)) = 1 2 -0,029x2 3 4 + 1,808x + 43,82 (R² = 1) 5 6 7 8 9 Hr(PD(TR)) = -0,080x2 + 1,574x + 44,25 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,020x2 + 1,441x + 37,67 (R² = 1) Hr (PC(TR)) = -0,065x2 + 1,277x + 37,99 (R² = 0,99) Figura 5. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Catalão, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 Hr(PD(CD)) = 1 -0,029x2 2 3 4 + 1,727x + 42,18 (R² = 1) 5 6 7 8 9 Hr(PD(TR)) = -0,084x2 + 1,675x + 42,44 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,026x2 + 1,435x + 36,20 (R² = 0,99) Hr(PC(TR)) = -0,075x2 + 1,427x + 36,36 (R² = 0,99) Figura 6. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Goianésia, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 46 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 Hr(PD(CD)) = 1 -0,027x2 2 3 4 + 1,696x + 41,66 (R² = 0,99) 5 6 7 8 9 Hr(PD(TR)) = -0,084x2 + 1,639x + 41,90 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,020x2 + 1,358x + 35,90 (R² = 0,99) Hr(PC(TR)) = -0,071x2 + 1,354x + 36,05 (R² = 0,99) Figura 7. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Goiânia, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 Hr(PD(CD)) = 1 -0,033x2 2 3 4 5 6 7 8 9 + 1,873x + 44,27 (R² = 1) Hr(PD(TR)) = -0,085x2 + 1,667x + 44,68 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,023x2 + 1,483x + 38,07 (R² = 1) Hr(PC(TR)) = -0,071x2 + 1,371x + 38,32 (R² = 0,99) Figura 8. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Iporá, GO. 47 Altura do camalhão do terraço (cm) 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 Hr(PD(CD)) = 1 -0,029x2 2 3 4 5 6 7 8 9 + 1,891x + 45,64 (R² = 1) Hr(PD(TR)) = -0,083x2 + 1,619x + 46,08 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,025x2 + 1,551x + 39,08 (R² = 1) Hr(PC(TR)) = -0,067x2 + 1,325x + 39,44 (R² = 0,99) Figura 9. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Itaberaí, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 65 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 60 55 50 45 40 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Hr(PD(CD)) = -0,027x2 + 1,913x + 46,63 (R² = 1) Hr(PD(TR)) = -0,088x2 + 1,731x + 46,98 (R² = 0,99) Hr(PC(CD)) = -0,025x2 + 1,598x + 39,82 (R² = 1) Hr(PC(TR)) = -0,071x2 + 1,407x + 40,21 (R² = 0,99) Figura 10. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Morrinhos, GO. 48 Altura do camalhão do terraço (cm) 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 1 2 3 Hr(PD(CD)) = -0,029x2 + 1,825x + 44,54 (R² = 1) Hr(PC(CD)) = -0,029x2 + 1,544x + 38,10 (R² = 1) 4 5 6 7 8 9 Hr(PD(TR)) = -0,074x2 + 1,451x + 45,05 (R² = 0,99) Hr(PC(TR)) = -0,063x2 + 1,215x + 38,53 (R² = 0,99) Figura 11. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Niquelândia, GO. Altura do camalhão do terraço (cm) 70 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 65 60 55 50 45 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Hr(PD(CD)) = -0,033x2 + 2,226x + 52,23 (R² = 1) Hr(PD(TR)) = -0,133x2 + 2,658x + 52,08 (R² = 0,99) Hr(PC(CD) = -0,029x2 + 1,844x + 44,40 (R² = 1) Hr(PC(TR)) = -0,108x2 + 2,170x + 44,32 (R² = 0,99) Figura 12. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Porangatu, GO. 49 Altura do camalhão do terraço (cm) 60 PC (TR) PD (TR) PC (CD) PD (CD) 55 50 45 40 35 0 1 Hr(PD(CD)) = -0,031x2 2 3 + 1,892x + 45,54 (R² = 1) Hr(PC(CD)) = -0,025x2 + 1,551x + 38,98 (R² = 1) 4 5 6 7 8 9 Hr(PD(TR)) = -0,090x2 + 1,792x + 45,83 (R² = 0,99) Hr(PC(TR)) = -0,079x2 + 1,508x + 39,19 (R² = 0,99) Figura 13. Altura recomendada para o camalhão do terraço (cm), em sistema de preparo convencional e plantio direto, proporcionada por diferentes períodos de retorno (TR, anos) e Coeficientes de desuniformidade (Cd) para a localidade de Quirinópolis, GO. Os resultados encontrados indicam que, no primeiro incremento de 0,1 no Cd e de cinco anos no TR, para ambas as condições de plantio consideradas, ocorreu aproximadamente um mesmo incremento na Hr, havendo equivalência entre estes valores. Contudo, na medida em que foram sucedendo-se os aumentos dessas variáveis ocorreram maiores incrementos na altura de crista do terraço promovidos pela variação do Cd do que pela variação proporcional do TR. Assim sendo, o aumento de um décimo no valor do Cd, equivale à variação de cinco anos ou mais no TR, com diferenças crescentes em favor do Cd. Nas Figuras 14 e 15 são apresentadas as diferenças observadas quando comparado o incremento na altura proporcionado pela variação de 0,1 no valor do Cd e cinco anos no valor do TR para PC e PD, respectivamente. Exceção quanto aos efeitos de variação de Cd e TR no aumento de Hr foi observada para a localidade de Porangatu (Figuras 14 e 15), na qual tanto o Cd 1,1 como o Cd 1,2 resultaram em menor incremento de Hr quando comparada ao TR 15 e TR 20 anos. Já comparando os incrementos promovidos pelo Cd 1,3 e o TR 25 anos, observa-se que estes são equivalentes. A partir destes valores, o incremento em Hr passa a ser maior quando alterado 0,1 ponto no Cd do que quando alterado cinco anos no valor de TR, obedecendo a tendência observada para as demais localidades. A diferença observada nos 50 valores iniciais da curva está relacionada aos valores de intensidade e de período de retorno utilizados para determinar a equação de IDF para esta localidade, sugerindo que, para um mesmo incremento de TR, a variação observada nos menores valores de precipitação é superior àquela encontrada para as demais localidades. 5 Aruanã 4 Catalão Goianésia ∆hr (cm) 3 Goiânia 2 Iporá Itaberaí 1 Morrinhos 0 Niquelândia -1 1,1-15 1,2-20 1,3-25 1,4-30 1,5-35 1,6-40 1,7-45 Porangatu Quirinópolis Hr (Cd) - Hr (TR) ∆hr (cm) Figura 14. Variação da altura do camalhão de terraços (∆Hr, cm) em sistema de preparo convencional de solo. Diferença entre altura recomendada (Hr) proporcionada pelos Coeficientes de desuniformidade (Cd) e pelos períodos de retorno (TR, anos) para dez localidades do estado de Goiás. 6 Aruanã 5 Catalão 4 Goianésia 3 Goiânia Iporá 2 Itaberaí 1 Morrinhos 0 Niquelândia -1 1,1-15 1,2-20 1,3-25 1,4-30 1,5-35 Hr (Cd) - Hr (TR) 1,6-40 1,7-45 Porangatu Quirinópolis Figura 15. Variação da altura do camalhão de terraços (∆Hr, cm) em sistema de plantio direto. Diferença entre altura recomendada (Hr) proporcionada pelos Coeficientes de desuniformidade (Cd) e períodos de retorno (TR, anos) para dez localidades do estado de Goiás. 51 Nas Tabelas 5 e 6 é apresentada a variação média (% e cm) do incremento na altura do camalhão proporcionada pela alteração nos valores de Cd e de TR para PC e PD, respectivamente. Tabela 5. Valores médios do incremento na altura de camalhão do terraço, em sistema de preparo convencional de solo, em percentual e em centímetros, promovido pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e do período de retorno (TR), comparados à simulação padrão (TR 10 anos e Cd 1,0) e à simulação imediatamente anterior. ∆Hr em relação à 1,1 Padrão (%) Anterior (%) Padrão (cm) Anterior (cm) Padrão (%) Anterior (%) Padrão (cm) Anterior (cm) 3,73 3,73 1,52 1,52 1,2 7,20 3,35 2,94 1,42 1,3 Cd 1,4 1,5 1,6 1,7 10,58 3,15 4,32 1,38 13,86 2,97 5,66 1,34 16,99 2,75 6,94 1,28 20,00 2,57 8,17 1,23 22,94 2,45 9,37 1,2 (anos) 35 40 45 11,61 1,32 4,76 0,6 12,90 1,15 5,29 0,53 14,09 1,06 5,78 0,49 15 20 25 TR 30 3,64 3,64 1,49 1,49 6,30 2,57 2,58 1,09 8,39 1,97 3,44 0,86 10,15 1,62 4,16 0,72 Média 3,00 1,34 1,90 0,83 Tabela 6. Valores médios do incremento na altura de camalhão do terraço, em sistema de plantio direto, em percentual e em centímetros, promovido pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e do período de retorno (TR), comparados à simulação padrão (TR 10 anos e Cd 1,0) e à simulação imediatamente anterior. ∆Hr em relação à Padrão (%) Anterior (%) Padrão (cm) Anterior (cm) 1,1 3,85 3,85 1,84 1,84 1,2 7,54 3,55 3,60 1,76 1,3 11,05 3,27 5,28 1,68 Padrão (%) Anterior (%) Padrão (cm) Anterior (cm) 15 3,77 3,77 1,81 1,81 20 6,53 2,65 3,13 1,32 25 8,73 2,07 4,19 1,06 Cd 1,4 14,46 3,07 6,91 1,63 TR 30 10,52 1,65 5,05 0,86 Média 1,5 17,72 2,85 8,47 1,56 (anos) 35 12,13 1,45 5,82 0,77 1,6 20,90 2,70 9,99 1,52 1,7 23,96 2,53 11,45 1,46 3,12 40 13,50 1,22 6,48 0,66 45 14,71 1,06 7,06 0,58 1,98 1,64 1,01 Comparando-se o aumento no camalhão promovido pela elevação do TR com aquele promovido pelo Cd, para os intervalos e condições de plantio considerados, 52 verificou-se que este último resultou em maior altura de camalhão. No PC para cada incremento de 0,1 no Cd ocorreu um aumento médio de 1,34 cm na Hr, representando elevação de 3% e para o PD o aumento médio foi de 1,64 cm na Hr, representando elevação de 3,12%. Quando da variação do TR, a cada incremento de cinco anos, houve uma elevação média de 0,83 cm (1,9%) em PC e em PD 1,01 cm (1,98%). Em ambos os casos, a taxa de aumento promovido na Hr foi decrescente. Este comportamento decrescente ocorre porque o Cd é introduzido na equação como um multiplicador ao valor da altura teórica de camalhão de terraços na forma de raiz quadrada (Equação 1), o que implica em um valor numérico cada vez menor. Quanto ao TR, o comportamento decrescente se deve ao fato de que, os dados de precipitação que geram as equações de IDF tendem as apresentar maiores variações para as menores precipitações e consequentemente, para pequenos valores de TR, tendendo a uma linearidade com o aumento deste. 6.1.1 Preparo convencional x plantio direto Nas simulações realizadas, utilizando-se a mesma equação e considerando-se as mesmas condições, foram obtidos maiores espaçamentos vertical e horizontal para o PD do que para o PC. Este fato era esperado, uma vez que, na equação de Lombardi Neto et. al. (1994), utilizada nesse estudo, o índice manejo do solo para PD é o dobro daquele utilizado para PC, gerando maiores espaçamentos. A possibilidade de ampliação do espaçamento entre terraços foi constatada, em campo, por Denardin et al. (1999), quando da realização de trabalho visando a validação do modelo matemático incluído no software “Terraço for Windows” para o dimensionamento de terraços em lavoura sob sistema de plantio direto. A Hr para a condição padrão no sistema de plantio direto foi, também, maior que no preparo convencional. Este comportamento pode ser explicado pelo fato de, em ambos os casos, ter sido utilizada a mesma Tie. Neste caso, é gerada a mesma lâmina de escoamento superficial esperado para ambas as condições de plantio e, devido aos maiores espaçamentos calculados para o PD, a estrutura necessária para conter o escoamento em uma rampa maior ser, também, maior. A variação acumulada média de Hr, promovida pelo TR, e também, a equação de ajuste de reta, determinada para os dados observados é demonstrada na Figura 16 (a e b) para PC e PD, respectivamente. De acordo com as equações apresentadas na Figura 16, foi calculada a Hr para variações anuais de TR, para comparar à Hr promovida pelo Cd, este 53 foi chamado de TR equivalente, o resultado encontra-se apresentado na Tabela 7. 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 TR (PD) TR= 10,3e0,256∆Hr R² = 0,999 TR (anos) TR (anos) TR (PC) TR Exponencial (TR) 0 2 4 ∆Hr (cm) 6 8 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 TR = 10,36e0,208∆Hr R² = 0,999 TR Exponencial (TR) 0 2 4 ∆Hr (cm) 6 8 a b Figura 16. Incremento médio na altura recomendada de terraços (cm) e equação de ajuste, em sistema de preparo convencional de solo (a); e plantio direto (b), promovido pela elevação do período de retorno (TR). Tabela 7. Variação acumulada da altura de camalhão (∆Hr), em sistema de preparo convencional e plantio direto, promovida pela variação do coeficiente de desuniformidade (Cd) e período de retorno (TR) equivalente, calculado pela equação de ajuste de reta dos dados de variação de altura recomendada de camalhão (Hr). Condição de plantio Preparo convencional Plantio direto 1,1 1,2 1,3 ∆Hr simulado (cm) 1,52 2,94 4,32 TR equivalente (anos) 15,20 21,86 31,13 ∆Hr simulado (cm) 1,84 3,60 5,28 TR equivalente (anos) 15,19 21,91 31,07 Cd 1,4 1,5 1,6 1,7 5,66 6,94 8,17 9,37 43,86 60,87 83,40 113,39 6,91 8,47 9,99 11,45 43,61 60,32 82,75 112,12 Analisando-se o incremento na altura, em centímetros, promovido pelas variações no Cd e no TR, esse não foi muito expressivo, contudo, acredita-se que o aumento na segurança da obra promovido por estas variações seja compensatório a um custo não muito elevado. No trabalho realizado por Griebeler et al. (1998), foram encontradas variações na seção de acumulação de terraços que convertidas em Cd geraram coeficientes variando entre 1,4 e 1,7. Estes valores, quando aplicados, geram incrementos na altura dos terraços que equivaleriam a valores de TR superiores a 100 anos, os quais, de acordo com DAEE/CETESB (1980), citado por Porto et al. (2002), são recomendados para projetos de 54 macrodrenagem em áreas comerciais e residenciais. Desta forma, se observarmos a relação apresentada como TR equivalente na Tabela 7, calculada pela equação de ajuste de reta, para Cd de 1,4 teríamos um TR de 44 anos. Quando analisado em termos de TR o incremento passa a ter relevância, tendo em vista que este valor é muito acima do recomendado para o terraceamento agrícola (10 anos). Como o valor de TR corresponde a uma relação entre o custo e os riscos da obra, valores de TR nessa faixa somente são considerados para obras de elevado risco. Entretanto, Moreti et al. (2003) salientam que, apesar de o TR necessário ao terraceamento agrícola ser de 10 anos, pode-se admitir valores mais elevados de TR (20 anos, 50 anos e 100 anos) para garantir maior segurança no uso desta prática conservacionista. Por outro lado, analisando o aspecto construtivo, um ou dois centímetros pode corresponder a algumas poucas passadas do trator na fase final de construção do terraço. Devendo, neste caso, ser feita uma análise do desempenho de máquinas para a sua construção, de modo que a redução na capacidade de acumulação do sistema seja analisada em termos de ineficiência na fase construtiva da obra, seja ela por descuido ou apenas uma tentativa de economia na construção, que na verdade se traduz em redução da segurança da obra. Ademais, a falta de critérios quando da locação, implantação e/ou manutenção da estrutura reduz a capacidade real de acumulação do terraço, consequentemente, a precipitação esperada, determinada com base no valor de TR utilizado na equação de IDF, não será suportada e o risco de falha da estrutura e de ocorrência de prejuízos poderá ser elevado. A falta de critérios nestas etapas pode não representar redução nos custos, uma vez que o serviço a ser executado será o mesmo, no entanto, a consideração dos critérios incrementará a segurança. 6.2 ENTREVISTAS Os seis agrônomos entrevistados possuem entre quatro e 22 anos atuando na assistência técnica e extensão rural. Todos os entrevistados, ao menos uma vez, já enfrentaram problemas de erosão em suas áreas, o que era esperado, uma vez que em clima tropical problemas de erosão hídrica são frequentes. Para o caso de Goiás, onde o regime pluviométrico é bem característico, com estações seca e chuvosa bem definidas, estes problemas podem ser ainda mais comuns devido à concentração do período chuvoso. Todos os técnicos tentaram resolver seus problemas com erosão, relatando que 55 alguns destes foram totalmente resolvidos, outros, somente parcialmente e alguns não tiveram solução. Somente alguns dos casos de tentativas bem sucedidas foram, muito resumidamente, relatados pelos entrevistados. Entre eles chamou a atenção um caso em que havia um problema de erosão em uma área cortada por uma estrada construída no sentido da pendente e que a melhor saída foi mudar a estrada de lugar. Após esta etapa procedeu-se à construção dos terraços, tendo este trabalho sido terceirizado. Os problemas com erosão não foram totalmente resolvidos, pois no ponto onde anteriormente passava a estrada os terraços rompiam frequentemente, sendo que a solução adotada foi a de levantar mais a crista do terraço neste ponto. Diante do tipo de erosão, das condições de cultivo, das condições da área, considerando, inclusive, o produtor rural em questão e de acordo com a experiência de cada técnico é que é realizada a escolha da prática a ser utilizada, seja ela uma mais simples ou de mais difícil implantação e manutenção. Todos os entrevistados utilizam alguma prática, mesmo que inconscientemente (plantio em nível, rotação de culturas, plantio direto, adubação etc.). De modo geral, os profissionais que atuam na assistência técnica não realizam o trabalho de dimensionamento de terraços. O que normalmente ocorre é a terceirização do serviço, mediante contratação de um agrimensor que realiza o trabalho. Tanto o dimensionamento como a locação dos terraços são realizados por este profissional. Dentre os entrevistados, apenas dois afirmaram dimensionar a prática a ser utilizada. O primeiro afirmou que quando do uso do terraceamento agrícola, ele não utiliza tabelas ou fórmulas específicas para este fim e, deste modo, não considera nenhum período de retorno. O segundo afirmou que dimensiona sempre considerando a mesma medida para espaçamento vertical e a mesma altura de camalhão. Considerando essas informações, percebe-se que o sistema é implantado sem critérios técnicos ou científicos e se estes são utilizados pelo profissional contratado para tal finalidade, acaba não sendo de conhecimento do Agrônomo. Quando o assunto período de retorno foi abordado houve certa confusão quanto à sua conceituação. Acredita-se que a confusão decorra do fato de os extensionistas, em sua maioria, realizarem mais projetos de economia, envolvendo financiamentos bancários etc., do que de conservação. E, nesse caso, o termo período de retorno referir-se ao tempo que um investimento demanda para ser pago e retornar lucros ao investidor, neste caso, o produtor rural. Denotando falta de conhecimento a respeito de critérios básicos necessários 56 ao terraceamento e ao dimensionamento de obras hidráulicas. Com relação ao uso de terraceamento agrícola em sistema de plantio direto, foi relatado que é necessário utilizar os terraços, porém, os produtores são quem dita as regras nesse momento, afirmando aos técnicos que necessitam maior rendimento operacional das máquinas. Transpareceu que a regra geral é o teste. Tira um terraço e vai tirando na medida em que não forem aparecendo problemas de erosão na área. Em caso de necessidade os mesmo são reconstruídos, optando, neste caso, para o maior espaçamento possível. Como relatado anteriormente, quem dimensiona e loca os terraços é o profissional (agrimensor) contratado para este fim. Neste sentido foi questionado aos entrevistados se estes acompanham e/ou conferem o serviço contratado, tendo a maioria alegado não acompanhar os trabalhos. Contudo, alguns afirmaram conferir se o mesmo está de acordo com o contratado. É importante ressaltar que houve afirmações de que este tipo de trabalho não é realizado por escritórios de assessoria agrícola devido estes não disporem de equipamentos adequados para esta finalidade. Assim sendo, sem os equipamentos necessários, não há como conferir o nivelamento, os espaçamentos vertical e horizontal e a altura da crista, bem como a área de acumulação dos terraços implantados em campo. Uma vez locados os terraços, é necessário que estes sejam construídos. Esta etapa é, normalmente, realizada utilizando-se tratores com equipamentos específicos ou não para construir terraços. Visto que existem técnicas adequadas para este fim e esta não é uma atividade corriqueira em propriedades rurais, acredita-se que há certa dificuldade na sua construção, podendo resultar em irregularidades no sistema, prejudicando a sua eficiência. Quando questionado se os agrônomos instruíam os operadores de máquina quanto à esta etapa, a maioria respondeu que não, uma vez que contratam um profissional com o qual executam serviços costumeiramente, ou que quem executa esta tarefa é o operador de máquinas da propriedade onde o sistema será implantado. Quando questionados sobre como saber se o terraço está em nível, uma resposta chamou a atenção, foi alegado que terraço funciona apenas no ano seguinte à sua implantação e saber do nivelamento só é possível com a ocorrência das primeiras chuvas posteriores à esta etapa, ou seja, se ocorre extravasamento de água é sinal de que haviam problemas com o nivelamento. Contudo, a mesma pessoa que fez tal afirmação disse ainda que com o início do período chuvoso é feito um rigoroso acompanhamento do terraço recém-implantado, a fim de verificar pontos falhos, para ser feita a correção de crista 57 nestes, por meio de movimentação de porções de terra. De modo geral, todos os entrevistados alegaram fazer alguma operação de manutenção nos terraços, mesmo que esta não seja realizada adequadamente. Normalmente é feito o que foi chamado de “levantar as curvas” a cada período chuvoso ou quando é observada a redução no canal e/ou abatimento da crista. A frequência com que a operação de manutenção acontece aparenta ser um grande problema para o terraceamento. A maioria dos entrevistados listou como principais falhas a ruptura e o transbordamento, ocasionados por fortes chuvas. Para a maioria dos entrevistados, os problemas em terraceamento são decorrentes apenas de falhas na fase de implantação. Alguns relataram que podem ocorrer falhas decorrentes de problemas de dimensionamento, afirmando sobre o risco de ocorrerem chuvas de elevada intensidade podendo assim provocar o rompimento dos terraços. Nenhuma resposta foi de encontro ao método utilizado no dimensionamento, ou seja, se ele é falho por causa da utilização de tabelas antigas ou por que nem mesmo foi realizado um dimensionamento. Não é possível aqui, afirmar que as tabelas utilizadas são antigas, pois os profissionais contratados pelos agrônomos entrevistados para realizar o dimensionamento e locação dos terraços não foram entrevistados. Com relação à recomendação ou utilização de terraços em gradiente, dentre os técnicos entrevistados, apenas um deu uma resposta positiva. O referido técnico afirmou que utilizou terraço em gradiente em apenas uma área. Relatando ter construído apenas um terraço no alto da área a ser protegida. O terraço em questão, pela forma como descrito, aparenta ter também a função do canal escoadouro ou ainda de um canal divergente, tendo em vista que foi construído na parte mais alta da área, com a função de drenar a água advinda de áreas vizinhas para um curso d’água próximo à lavoura. Por meio das respostas obtidas, observa-se claramente a existência de falhas no processo, seja no dimensionamento, na locação ou na construção do sistema de terraceamento. Algumas das falhas relatadas mostram-se bastante primárias, visto que, independente da vivência profissional do Agrônomo, este deve ter tido algum contato com o dimensionamento de tais estruturas durante a sua formação, não justificando a utilização de estimativas ou valores constantes ou mesmo a desconsideração de fatores relacionados ao uso da técnica. As respostas obtidas erguem uma questão crucial a ser abordada no ensino e na responsabilidade do profissional. A eficiência do terraceamento como prática conservacionista é muitas vezes 58 contestada por técnicos e produtores, porém, com base no exposto observa-se que a falta de critérios quando do planejamento coloca todo o sistema em risco e pode-se até mesmo admitir que este seja um dos fatores a colocar em dúvida a eficiência da prática. Logicamente que, assim como outras obras de engenharia, estas, mesmo que adequadamente planejadas e executadas, estão sujeitas a falhas, no entanto estas falhas não seriam tão toleráveis quando envolvessem maiores custos. Por outro lado pode-se admitir também que existe um aspecto cultural envolvido no problema, pelo qual é mais fácil questionar a ineficiência da técnica em detrimento da ineficiência do técnico ou dos atores envolvidos. É fato que a fiscalização e a efetiva atribuição de responsabilidades aos envolvidos deve ser melhor estudada. Cabe ressaltar também que, apesar da literatura enfatizar problemas de perda de solo e nutrientes como fontes de elevação dos custos de produção, referindo-se a economia do processo, o fator ambiental deve ser pensado e discutido de maneira mais enfática. Isto porque, mesmo que os prejuízos ocasionados pela falha da estrutura sejam pequenos ao produtor, estes podem ser expressivos para o ambiente. 6.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO De acordo com os dados coletados em campo, a desuniformidade nos terraços implantados em nível é bastante expressiva. Na Tabela 8 são apresentados os valores máximos e mínimos de leitura de mira, a média, o desvio padrão e a variância dos dados (calculados utilizando-se os valores de pontos uniformizados). A mínima variação da cota de crista encontrada nestes foi de 18 cm e a máxima de 60,5 cm, com média em 33,1 cm. Esses valores comparados à Hr obtida para a condição padrão em PC são preocupantes, uma vez que, a média das variações corresponde, aproximadamente, ao valor mínimo obtido para a crista dos terraços, que foi de 37,2 cm. Analisando-se os terraços avaliados, aquele que individualmente apresentou maior uniformidade foi o Terraço 2 pertencente à Área 3; o terraço de menor uniformidade foi Terraço 3 da Área 1. Entre as áreas avaliadas, a mais uniforme foi a Área 3 e a menos uniforme a Área 4. De modo geral, a variação encontrada na crista de terraços, considerando-se todas as áreas avaliadas, é expressiva, uma vez que nas simulações realizadas a diferença encontrada na Hr entre o maior e o menor TR considerados (Hr45anos - Hr10anos) foi inferior ao desvio padrão. 59 Tabela 8. Valores máximos e mínimos de leitura de mira; e média, desvio padrão e variância dos dados (análises realizadas nos valores de pontos uniformizados). Área Terraço Hmáx (m) Hmín (m) ∆H (m) Média1 Média2 Desv. padrão Variância 1 2 3 Todos 0,420 0,505 0,535 0,535 0,05 0,05 0,05 0,05 0,370 0,455 0,485 0,485 0,437 0,3195 0,4106 0,3075 0,3458 0,0850 0,0997 0,1257 0,1142 0,0072 0,0099 0,0158 0,0130 1 2 3 Todos 1 2 3 Todos 1 2 3 Todos 0,300 0,345 0,425 0,425 0,285 0,260 0,390 0,390 0,375 0,325 0,655 0,655 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,250 0,295 0,375 0,375 0,235 0,210 0,340 0,340 0,325 0,275 0,605 0,605 0,307 0,262 0,402 0,1787 0,2008 0,2478 0,2091 0,1748 0,1465 0,2208 0,1807 0,1709 0,1856 0,4959 0,2841 0,0628 0,0724 0,0826 0,0783 0,0564 0,0423 0,0878 0,0717 0,0663 0,0502 0,0814 0,1644 0,0039 0,0052 0,0068 0,0061 0,0032 0,0018 0,0077 0,0051 0,0044 0,0025 0,0066 0,0270 1 2 3 Todos Todas as áreas 0,350 0,230 0,310 0,350 0,05 0,05 0,05 0,05 0,300 0,180 0,260 0,300 0,247 0,331 0,2330 0,1415 0,2111 0,1952 0,2430 0,0934 0,0444 0,0610 0,0794 0,1242 0,0087 0,0020 0,0037 0,0063 0,0154 (1) a (2) b (3) c (4) d (5) e a) Lavoura de Arroz, município de Piracanjuba-GO; b) Pastagem recém implantada, município de Piracanjuba-GO; c) Área sem cultivo, município de Guapó-GO; d) Pastagem, município de Guapó-GO; e) Parcelas experimentais, município de Santo Antônio de Goiás-GO 1. Média das variações, por área e para todas as áreas; 2. Média das leituras de crista. Na Figura 17 é mostrada a variação medida na crista dos terraços da Área 1. Esta área, que também é utilizada pelo proprietário da fazenda como pastagem, atualmente encontra-se arrendada por uma empresa que cultiva arroz (Figura 18a). Nela há uma estrada cruzando alguns terraços (Figura 18b). Nos pontos de cruzamento, foi tomado o cuidado de construir “travesseiros”, que são pequenos diques de terra batida, dispostos na extremidade do canal para evitar o transbordamento de água para fora da área a terraceada, a fim de que, neste caso, a estrada não se torne caminho preferencial do escoamento. 60 0,6 Leitura de Crista (m) 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 0,0 Terraço 1 Desvio padrão (0,114) Terraço 2 Variância (0,013) Posição de leitura Terraço 3 média (0,346) Figura 17. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 1, lavoura de arroz no município de Piracanjuba, GO (terraços reformados). a b Figura 18. Vista parcial da Área 1 (lavoura de arroz com terraços reformados) (a); vista da estrada que corta a área de cultivo (b), no município de Piracanjuba, GO. 61 Na Área 1 os pontos medidos dentro da estrada ficaram entre os mais baixos, com exceção do Terraço 3, cujos pontos mais baixos ficaram na extremidade final da faixa medida e eram pontos onde o terraço estourou (leituras 91, 92, 95, 96 e 98). A variação da leitura de crista encontrada nestes terraços é de 37 cm no Terraço 1; 45,5 cm no Terraço 2; e 48,5 cm no Terraço 3. Entre todas as áreas avaliadas, esta foi a que apresentou maior variação média entre os pontos mais alto e mais baixo do terraço (43,7 cm). Na Figura 19 são apresentadas as leituras de crista realizadas na Área 2. Nesta área, que é bastante inclinada, anteriormente era cultivada soja, havendo atualmente um pasto recém formado e ainda não totalmente fechado (Figura 20a). Nela os terraços haviam sido re-implantados há pouco tempo em decorrência de uma forte chuva ter destruído totalmente o sistema então implantado. Na região mais baixa da área foi possível observar grande quantidade de sedimentos (Figura 20b). 0,5 Leitura de Crista (m) 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 0,0 Terraço 1 Desvio padrão (0,078) Terraço 2 Variância (0,006) Posição de leitura Terraço 3 média (0,209) Figura 19. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 2, área de pastagem no município de Piracanjuba, GO (terraços recém-construídos). Na Área 2, apesar de, visualmente, não haver problemas com os terraços atualmente implantados, cabe ressaltar que, assim como na Área 1, estes apresentam-se mal nivelados, havendo variação de crista de 25 cm, 29,5 cm e 37,5 cm nos Terraços 1, 2 e 3, respectivamente. Nesta área, não havia sinal de transbordamento nos terraços medidos, contudo os terraços ainda eram bastante recentes, podendo não ter ocorrido eventos 62 chuvosos que gerassem grande volume de escoamento na área desde sua implantação. a b Figura 20. Vista parcial da Área 2 (pastagem recém-terraceada) (a); e dos sedimentos existentes na parte baixa da área, no município de Piracanjuba, GO. A Área 3 também havia sido terraceada recentemente e há com ela um cuidado maior devido ao risco ambiental caso ocorram falhas no sistema implantado, uma vez que esta destina-se ao despejo de dejetos (Figura 21). Foi relatado que a colocação de estacas para a construção dos terraços foi realizada a cada 20 m, o que não garantiu que o operador de máquinas mantivesse ou conseguisse manter adequadamente a linha de nível. O gráfico gerado a partir das leituras realizadas nesta área é apresentado na Figura 22. Ainda com relação à Área 3, a variação média foi a segunda menor encontrada, 23,5 cm para o Terraço 1; 21 cm para o Terraço 2; e 34 cm para o Terraço 3, apresentando uma variação média de 26,2 cm. Nesta Área havia sinais de chuvas recentes que geraram escoamento superficial relativamente grande, com empoçamento de água nas adjacências. 63 Figura 21. Vista parcial das condições da Área 3 (área sem cultivo, terraços recémconstruídos) no município de Guapó, GO. 0,5 Leitura de Crista (m) 0,4 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 0,0 Terraço 1 Desvio padrão (0,072) Terraço 2 Variância (0,005) Posição de leitura Terraço 3 média (0,181) Figura 22. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 3, área sem cultivo no município de Guapó, GO (terraços recém-construído). Ao lado da Área 3, separadas apenas por uma estrada de terra, localiza-se a Área 4 (Figura 23). Os terraços desta área encontram-se implantados há algum tempo e aparentavam estado de conservação ruim (Figura 24a), apresentando, inclusive um ponto de rompimento no Terraço 3, (leituras 66 e 67), não havendo nestes pontos nem mesmo sinal de presença de camalhão (Figura 24b). 64 0,7 Leitura de Crista (m) 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 0,0 Terraço 1 Desvio padrão (0,164) Terraço 2 Variância (0,027) Posição de leitura Terraço 3 média (0,284) Figura 23. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 4, pasto no município de Guapó, GO (terraços sem reforma). a b Figura 24. Vista parcial da Área 4 (pasto com terraços sem reforma) (a); e ponto onde o Terraço 3 estourou e o camalhão foi completamente desfeito (b), no município de Guapó, GO. 65 A situação observada no Terraço 3 da Área 4 não é incomum. Esta pode ter acontecido devido ao mau dimensionamento, má locação ou má implantação dos terraços. Tendo em vista que estes apresentavam sinais de falta de manutenção e que apresentaram relativamente boa uniformidade entre si, o terraço pode ter estourado em função de chuvas muito fortes. Ou ainda, aquele poderia ser um ponto de fraqueza na crista do terraço. Caso tivessem sido realizadas operações periódicas de manutenção na área, possivelmente não tivesse ocorrido o rompimento do referido terraço, uma vez que este, apesar das variações no nível da crista, apresenta-se semelhante aos demais, os quais não apresentaram sinais de rompimento. Para a essa área, a variação encontrada nos terraços foi de 32,5 cm, 27,5 cm e 60,5 cm, respectivamente para os Terraços 1, 2 e 3. Apesar de esta apresentar o maior valor de variação entre pontos num mesmo terraço, sua variação média foi a segunda maior (40,2 cm). O resultado do levantamento dos terraços da Área 5 encontra-se na Figura 25. Esta área é cultivada, em sua maioria, com parcelas de arroz. Nesta área inicialmente acreditou-se que os terraços fossem em gradiente devido aos valores leituras de cota iniciais apresentarem constante decréscimo, porém não foi encontrado canal escoadouro. Questionou-se o desnível encontrado nos terraços e foi esclarecido que nesta área, quando da etapa de demarcação, optou-se pela necessidade de um espaçamento mínimo entre terraços para colocarem-se parcelas de experimentos de pesquisa. Assim sendo, alguns terraços foram re-locados de modo a obter-se o espaçamento necessário à implantação das parcelas. A vista parcial da Área 5 é mostrada na Figura 26. A Área 5 apresentou a menor variação entre pontos medidos no mesmo terraço, 30 cm no Terraço 1; 18 cm no Terraço 2; e 26 cm no Terraço 3, com média de 24,7 cm de variação entre pontos medidos. 66 0,4 Leitura de Crista (m) 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 0,0 Terraço 1 Desvio padrão (0,079) Terraço 2 Variância (0,006) Posição de leitura Terraço 3 média (0,195) Figura 25. Leitura de cota de crista (pontos uniformizados a partir de 0,05 m) de terraços em nível, medida na Área 5, cultivada com parcelas experimentais de arroz no município de Santo Antônio de Goiás, GO. a b Figura 26. Vista parcial da Área 5 (parcelas experimentais de arroz), espaçamento entre terraços ajustado à largura mínima das parcelas (a); e terraços com camalhão alto, (b), no município de Santo Antônio de Goiás, GO. 67 O levantamento da seção transversal e a quantificação da área real de acumulação de água pelos terraços nas seções do ponto mais alto e do mais alto de cada terraço encontram-se apresentados na Tabela 9. Tabela 9. Área de acumulação da seção medida no ponto mais alto (seção Alta) e no mais baixo (seção Baixa) de cada terraço levantado em cada área. Relação seção Seção (m2) Alta (%) Área Terraço Alta Baixa Real Baixa Real 1 1,43 0,71 0,05 49,47 03,23 Arroz Piracanjuba (1) 2 1,51 -0,87* 0,00 -57,31 00,13 3 1,47 0,30 0,01 20,40 00,99 1 1,71 0,82 0,55 48,16 31,91 Pasto Piracanjuba (2) 2 1,30 0,74 0,28 56,91 21,37 3 1,53 0,88 0,05 57,59 03,01 1 0,60 0,36 0,07 60,20 11,32 Sem cultivo Guapó (3) 2 0,62 0,29 0,06 47,48 09,59 3 0,81 0,64 0,02 78,45 02,39 1 2,00 0,09 0,21 04,55 10,65 Pasto Guapó (4) 2 1,18 0,15 0,08 12,40 07,18 3 2,35 -0,12* 0,00 i-4,94 00,00 Experimental 1 1,30 1,01 0,19 78,07 14,68 Sto. Antônio de Goiás (5) 2 3,01 1,90 1,43 63,08 47,34 3 1,62 0,79 0,35 48,47 21,37 * Terraços onde não há seção de acumulação. Os resultados da avaliação das seções de acumulação de água da Área 1 encontram-se na Figura 27. A seção Alta dos três terraços desta área encontra-se na média de todas as áreas (1,47 m2) e a seção Real encontra-se entre as menores 0,05 m2; 0,00 m2; e 0,01 m2, respectivamente para os Terraços 1; 2; e 3. Entre os terraços medidos nesta área, o Terraço 2 foi o que apresentou maior área de acumulação na seção Alta (1,51 m2) e a menor seção Real. Isto por que o ponto mais baixo deste terraço situa-se próximo à estrada e nela não há área acumulação (Figura 27b). A Figura 28 apresenta as seções dos terraços da Área 2. Nesta área os terraços foram construídos recentemente e mostraram boa uniformidade nos perfis, apresentando mesma conformação, porém, em cotas diferentes. Nela a seção Baixa apresentou 0,82 m2 para o Terraço 1; 0,74 m2 para o Terraço 2; e 0,88 m2 para o Terraço 3. A seção Real dos Terraços 1 e 2 também está entre as maiores observadas (0,55 m2 e 0,28 m2, respectivamente). Alto Baixo Leitura de régua (m) 8,5 8,4 8,3 8,2 8,1 8,0 7,9 7,8 8,6 8,4 8,2 8,0 7,8 Alto 7,6 Baixo 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 Leitura de régua (m) 68 Posição de leitura Posição de leitura b 8,8 8,6 8,4 8,2 8,0 7,8 7,6 Alto Baixo 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 Leitura de régua (m) a Posição de leitura Baixo 9,6 9,4 9,2 9,0 8,8 8,6 8,4 8,2 Alto Baixo 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 Alto Leitura de régua (m) 7,2 7,0 6,8 6,6 6,4 6,2 6,0 5,8 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 Leitura de régua (m) c Figura 27. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, reformados, medidos na Área 1, lavoura de arroz no município de Piracanjuba, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). Posição de leitura Posição de leitura b 6,2 6,0 5,8 5,6 5,4 5,2 5,0 4,8 Alto Baixo 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 Leitura de régua (m) a Posição de leitura c Figura 28. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, recém-construídos, medidos na Área 2, pasto no município de Piracanjuba, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). 69 A Área 3 apresentou os menores valores para área de acumulação de água na seção Alta, sendo 0,6 m2 no Terraço 1; 0,62 m2 no Terraço 2; e 0,81 m2 no Terraço 3 (Tabela 8). As seções Baixa e Real ficaram, para os três terraços, abaixo da média. É interessante observar que nesta área as seções transversais também apresentaram uniformidade entre si, diferindo apenas na linha de nível (Figura 29 a, b e c). Esta uniformidade, entretanto, pode advir do fato de estes terraços terem sido, assim como os da Área 2, construídos recentemente, ou mesmo do implemento utilizado em sua construção. Foi observada grande uniformidade entre as seções Alta e Baixa dos terraços desta área, sendo a maior, entre todos os terraços de todas as áreas, aquela observada para o Terraço 3, Baixo 7,2 7,0 6,8 6,6 6,4 Alto 6,2 Baixo 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Alto Leitura de régua (m) 9,4 9,2 9,0 8,8 8,6 8,4 8,2 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 Leitura de régua (m) da ordem de 78,45%. Posição de leitura Posição de leitura b 9,2 9,0 8,8 8,6 8,4 8,2 8,0 7,8 Alto Baixo 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 Leitura de régua (m) a Posição de leitura c Figura 29. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, recém-construídos, medidos na Área 3, área sem cultivo no município de Guapó, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). A Área 4 teve a 2ª (2,35 m2) e a 3ª (2,00 m2) maiores áreas de acumulação na seção Alta, respectivamente para o Terraço 3 e para o Terraço 1 (Figura 30). Entre os terraços que possuem seção de acumulação, os desta área foram os que apresentaram as menores seções, com 0,09 m2 e 0,15 m2 de área para a seção Baixa dos Terraços 1 e 2, respectivamente. A menor fidelidade na conformação das seções, para os terraços que possuem seção de acumulação foi encontrada nesta área. Nesta, o Terraço 3 estourou nos 70 pontos 66 e 67, sendo que a seção Baixa foi medida no ponto 66 (Figura 30c). Neste ponto 34 31 1 Posição de leitura Baixo 25 Alto 6,6 28 6,8 22 8,8 Baixo 19 Alto 16 9,0 7,0 13 9,2 7,2 10 9,4 7,4 7 9,6 7,6 4 Leitura de régua (m) 9,8 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 Leitura de régua (m) o terraço não possui nem mesmo sinal de camalhão, como mostrado na Figura 24b. Posição de leitura b 8,2 8,0 7,8 7,6 7,4 7,2 7,0 6,8 Alto Baixo 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 Leitura de régua (m) a Posição de leitura c Figura 30. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível, sem reforma, medidos na Área 4, pasto no município de Guapó, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). A maior seção de acumulação, entre os terraços levantados, foi encontrada para o Terraço 2 da Área 5 constando de 3,01 m2 na seção Alta; 1,90 m2 na seção Baixa e 1,43 m2 na seção Real (Tabela 8). Os terraços desta área possuem bastante fidelidade entre as seções de acumulação. O Terraço 2 (Figura 31 b) apresenta suas seções em cotas bastante próximas, contudo os Terraços 1 e 3 apesar da fidelidade entre as seções de acumulação, estas se encontram em cotas diferentes como mostra a Figura 31 (a e c). Nesta área era esperado um comportamento diferenciado tendo em vista que ela situa-se numa estação de pesquisa e supõe-se que neste caso as práticas conservacionistas, o uso e o manejo da área sejam os mais adequados. A representação dos níveis de crista dos terraços e das seções transversais levantadas reforça pontos relatados anteriormente, enaltecendo a falta de cuidados no planejamento, dimensionamento e na implantação deste tipo de sistema. Os resultados encontrados mostram que o aumento da altura do camalhão do terraço, seja este promovido por meio do uso do Cd ou do TR, poderá amenizar, porém, não resolverá o problema, 71 tendo em vista que existem dificuldades não relacionadas à técnica, e sim a forma como ela Leitura de régua (m) 10,0 9,8 9,6 9,4 9,2 9,0 8,8 Alto Baixo 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 Baixo 9,4 9,2 9,0 8,8 8,6 8,4 8,2 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Alto Leitura de régua (m) está sendo trabalhada e a importância que tem sido dada à mesma. Posição de leitura Posição de leitura b 7,6 7,4 7,2 7,0 6,8 6,6 Alto 6,4 Baixo 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 Leitura de régua (m) a Posição de leitura c Figura 31. Seções transversais correspondentes aos pontos extremos de leitura de crista de terraços em nível medidos na Área 5, cultivada com parcelas experimentais de arroz no município de Santo Antônio de Goiás, GO, terraço 1 (a); terraço 2 (b) terraço 3 (c). Apesar de o terraceamento agrícola ser uma das práticas de conservação do solo mais antigas e mais difundidas entre os agricultores, a sua utilização deve passar por revisões, visto as falhas observadas. Pouco adianta o desenvolvimento de modelos sofisticados ou o aperfeiçoamento de ferramentas, se o profissional não se convencer de sua importância e desprezar princípios básicos. Neste sentido, para que a utilização deste tipo de prática seja mais efetiva e eficiente em campo, deve-se seguir procedimentos adequados para o seu dimensionamento, utilizar técnicas adequadas de locação, implantação e verificação e, acima de tudo, ter consciência de que as falhas podem ser corrigidas de maneira simples e sem grandes incrementos em custos. 7 CONCLUSÕES - A inclusão de um coeficiente de desuniformidade no cálculo da altura do camalhão do terraço é importante para reduzir os riscos de falha do sistema de terraceamento. - O uso de coeficientes de desuniformidade no dimensionamento de terraços pode ser substituído pelo aumento no valor do período de retorno de precipitação. - Os incrementos promovidos na altura do camalhão do terraço pelo aumento no período de retorno não são muito expressivos, podendo-se admitir maiores valores quando do dimensionamento. - O projeto, a locação e a implantação do sistema de terraceamento são realizados sem obedecer a critérios de dimensionamento e precisão requeridos para a obra, sendo os principais fatores responsáveis pela ineficiência do sistema em campo. - Os terraços implantados apresentam falhas que comprometem o seu desempenho colocando o sistema em risco, com seções transversais apresentando capacidade real de acumulação muito baixa ou nula. - A variação máxima encontrada no nível de crista dos terraços avaliados supera a altura recomendada simulada para o sistema de plantio convencional utilizando-se o período de retorno de cem anos ou o coeficiente de desuniformidade 1,7. 8 REFERÊNCIAS AMORIM, R. 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