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ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE
ALDO PACHECO FERREIRA
TESE SUMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
DE
ENGENHARIA
DA
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DO
RIO
DE
JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA BIOMÉDICA. Aprovada por:
-------------------------------------------------Prof. Carlos Roberto Strauss Vieira, M.Sc.
-------------------------------------------------Prof. Marcelo Martins Werneck, PhD.
------------------------------------------------Prof. Antonio Gianella Neto, D.Sc.
------------------------------------------------Prof. Ubirajara Aluízio de Oliveira Mattos, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 1996
FERREIRA, ALDO PACHECO Aspectos
de
Unidades
de
Segurança Saúde
Ambiental
(Rio
de
em
Janeiro)
1996. 170
p.
29,7
cm
(COPPE/UFRJ,
M.SC.,
Engenharia Biomédica, 1996) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Controle
Ambiental
em Unidades de
Saúde 2. Engenharia Clínica 3. Segurança Hospitalar 4. Recomendações I. COPPE/UFRJ
II. Título
Quanto ao motivo que me impulsionou foi muito simples. Para alguns, espero, esse motivo poderá ser suficiente por ele mesmo. É a curiosidade - em todo caso a única espécie de curiosidade que vale a pena ser praticada com um pouco de obstinação: não aquela que procura assimilar o que convém conhecer, mas que permite separar-se de si mesmo. De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir. Michel Foucault
Agradecimentos Aos amigos e funcionários das diversas Unidades da Fundação Oswaldo
Cruz,
discussões
pela
técnicas,
colaboração
em
utilização
de
experimentos, equipamentos,
observações, bibliotecas
e
computadores. Ao
Dr.
Eduardo
Vieira
Martins,
Vice-Presidente
de
Desenvolvimento Tecnológico e Produção, pelo interesse ao trabalho e suas implicações, propiciando que profissionais da Fiocruz tenham seus horizontes abertos e que possuam pós-graduação nas diversas áreas da Saúde, ganhando assim a Instituição que se fortalece como um todo. Aos
Professores
do
Programa
de
Engenharia
Biomédica
da
COPPE/UFRJ, pela formação e ensinamentos. Ao
corpo
técnico
de
funcionários
do
Programa
de
Engenharia
Biomédica, pela atenção e convívio. Ao
Professor
Saneamento
e
Saúde
Dalton
Marcondes
Ambiental,
da
Silva Escola
do de
Departamento Saúde
Pública
de -
Ensp/Fiocruz. Ao Engenheiro de Segurança Cosme Rangel Campista "in memorian", que tão cedo nos deixou. À Dra. Anne Marie Medeiros Vaz, Coordenadora do Programa de Gestão de Lixo Hospitalar no Município do Rio de Janeiro. Ao Professor Carlos Roberto Strauss Vieira que aceitou mais este desafio na orientação desta tese. Aos técnicos da FIOCRUZ, Waldney Gonçalves Menezes e Luís Sérgio Cardoso Santos, pelos inestimáveis préstimos para o desenvolvimento de medições utilizadas em vários tópicos desta dissertação.
Aos
colegas
da
turma
harmoniosa e agradável.
de
Mestrado
de
1993,
pela
convivência
Agradecimentos Especiais
A
minha
querida
mãe,
Sra.
Léa
Ferreira,
pela
vida
e
determinação.
Aos meus queridos filhos, Fernanda e Fábio, pelo sentido da vida.
A minha tia, Sra. Laís Guerreiro, pelo carinho.
A
Regina
dedicação.
Célia
Torres
Chousa,
pelo
amor,
companheirismo
e
ÍNDICE
PÁGINA FOLHA DE ROSTO................................................ i FICHA CARTOGRÁFICA............................................ ii DEDICATÓRIA................................................... iii AGRADECIMENTOS................................................ iv AGRADECIMENTOS ESPECIAIS...................................... vi ÍNDICE........................................................ vii RESUMO........................................................ xvi ABSTRACT......................................................xviii CAPÍTULO I -
INTRODUÇÃO...................................... 1
CAPÍTULO II - HISTÓRICO....................................... 5 CAPÍTULO III - ASPECTOS DE
SEGURANÇA
NO
USO
DE
GASES
ANESTÉSICOS.................................... 9 III.1 - Histórico: A prática anestésica..................... 9 III.2 - Introdução.......................................... 10 III.3 - Aspectos teóricos e experimentais................... 11 III.3.1 - Anestésicos de Uso Geral...................... 11 III.3.2- Riscos no Uso de Anestésicos................... 13 III.3.2.1 - Introdução............................... 13
III.3.2.2 - Morbidade entre Anestesistas............. 13 III.3.2.2.1 - Dano Citogenético................... 14 III.3.2.2.2 - Incidência
de
Anormalidades Fetais
em bebês nascidos de
Profissionais
Femininos........................... 15 III.3.2.2.3 - Hepatite por Halotano............... 16 III.3.2.2.4 - Morbidade Psiquiátrica: Suicídio.... 17 III.4 - Recomendações de Normas Técnicas.................... 18 III.5 - Avaliação Experimental dos Níveis Residuais de Gases Anestésicos em Centros Cirúrgicos................... 19 III.5.1 - Introdução.................................... 19 III.5.2 - Coleta de Amostras............................ 19 III.5.3 - Testes........................................ 20 III.5.3.1 - Metodologia empregada na
coleta de gases
anestésicos.............................. 21 III.5.3.1.1 - Medições da concentração de halotano 21 III.5.3.1.2 - Medições
da
concentração
de óxido
nitroso............................. 21 III.5.4 - Resultados.................................... 22 III.6 - Discussão........................................... 24 III.7 - Recomendações para a Prevenção da Poluição Ambiental
por Gases Anestésicos............................... 25 III.7.1 - Sistemas Coletores............................ 26 III.7.1.1 - Sistemas Ativos.......................... 26 III.7.1.1.1 - O
efeito
Bernoulli e o Sistema
Venturi......................... 26 III.7.1.1.2 - Utilização de
Linhas de Vácuo.. 28
III.7.1.1.3 - O Sistema de Ar Condicionado.... 28 II.7.1.2 - Sistema por Absorção...................... 28
CAPÍTULO IV - A ÁGUA EM UNIDADES DE SAÚDE .................... 29 IV.1 - Introdução........................................... 29 IV.2 - Aspectos teóricos.................................... 30 IV.2.1 - Constituintes Básicos da água.................. 30 IV.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 31 IV.4 - Metodologia para Análises Laboratoriais.............. 32 IV.4.1 - Coleta de Amostras............................. 32 IV.4.2 - Testes Químicos................................ 33 IV.4.2.1 - Alcalinidade.............................. 34 IV.4.2.2 - Dureza Total.............................. 34
IV.4.2.3 - Cálcio.................................... 34 IV.4.2.4 - Magnésio.................................. 34 IV.4.2.5 - Cloretos.................................. 35 IV.4.2.6 - Ferro Total............................... 35 IV.4.2.7 - Nitratos.................................. 35 IV.4.2.8 - Cloro Residual............................ 35 IV.4.3 - Testes Físicos................................. 36 IV.4.3.1 - Cor....................................... 36 IV.4.3.2 - Turbidez.................................. 36 IV.4.3.3 - pH........................................ 37 IV.4.4 - Testes Microbiológicos......................... 37 IV.4.4.1 - Procedimentos Experimentais............... 37 IV.5 - Resultados........................................... 38 IV.6 - Discussão............................................ 40 IV.7 - Recomendações quanto à Doenças de Veiculação Hídrica. 40
CAPÍTULO V - A IMPACTAÇÃO AMBIENTAL PELO ESGOTO............... 42 V.1 - Introdução............................................ 42 V.2 - Aspectos teóricos..................................... 44
V.2.1 - Constituintes Químicos.......................... 44 V.2.2.- Constituintes Físicos........................... 47 V.2.3 - Riscos Potenciais do Esgoto..................... 47 V.3 - Recomendações de Normas Técnicas...................... 48 V.4 - Avaliação Experimental................................ 50 V.4.1 - Coleta de Amostras.............................. 50 V.4.2 - Testes.......................................... 51 V.5 - Resultados............................................ 55 V.5.1 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)............ 55 V.5.2 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)............... 55 V.6 - Discussão............................................. 56 V.7 - Recomendações
para
o
Tratamento
de
Efluentes
de
Unidades de Saúde..................................... 57 V.7.1 - Tratamento por Desinfecção...................... 57 V.7.1.1 - Agentes Físicos............................ 57 V.7.1.2 - Meios Mecânicos............................ 58 V.7.1.3 - Radiação................................... 58 V.7.1.4 - Agentes Químicos........................... 58
V.7.2 - Tratamento para Áreas não Esgotadas............. 59
CAPÍTULO VI - LIXO HOSPITALAR................................. 61 VI.1 - Introdução........................................... 61 VI.2 - Aspectos teóricos e experimentais.................... 62 VI.2.1 - Definição de Resíduos Hospitalares............. 62 VI.2.2 - Tipos de Resíduos Hospitalares................. 63 VI.2.3 - Composição dos Resíduos Hospitalares........... 65 VI.2.4 - Manipulação dos Resíduos Hospitalares.......... 66 VI.2.4.1 - Qualidade Microbiológica do Lixo Hospitalar 66 VI.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 68 VI.4 - Avaliações práticas em Hospitais do Rio de Janeiro... 70 VI.5 - Resultados........................................... 71 VI.6 - Discussão............................................ 73 VI.7 - Recomendações para o Gerenciamento do Lixo Hospitalar 74 VI.7.1 - Formas de Tratamento........................... 75 VI.7.1.1 - Incineração............................... 76 VI.7.1.2 - Esterilização a Vapor - Autoclavagem...... 79 VI.7.1.3 - Esterilização a Gás....................... 81
VI.7.1.4 - Inativação Térmica........................ 82 VI.7.1.5 - Desinfecção Química....................... 82 VI.7.1.6 - Irradiação................................ 83 VI.7.2 - Riscos
operacionais
no
trato
com
Resíduos
Hospitalares................................... 84 VI.7.3 - Destinação Final............................... 87 VI.7.3.1 - Aterro Sanitário.......................... 88
CAPÍTULO VII - ILUMINÂNCIA EM ÁREAS HOSPITALARES.............. 89 VII.1 - Introdução.......................................... 89 VII.2 - Aspectos teóricos e experimentais................... 89 VII.2.1 - Acuidade Visual............................... 89 VII.2.2 - Eficiência Luminosa........................... 90 VII.2.3 - Brilho........................................ 91 VII.2.3.1 - O desconforto pelo brilho............. 92 VII.3 - Recomendações de Normas Técnicas.................... 92 VI.4 - Avaliações
experimentais
realizadas
no
Instituto
Fernandes Figueira................................... 96 VII.4.1 - Medições de níveis de lux..................... 96 VII.4.1.1 - Resultados
de
medições
em
áreas
do
Instituto Fernandes Figueira.......... 96 VII.4.2 - Avaliação dos níveis de brilho................ 97 VII.4.2.1 - Cálculo da constante de brilho em áreas do Instituto Fernandes Figueira....... 98 VII.4.2.1.1 - Resultados do cálculo do índice de brilho........................... 102 VII.5 - Discussão........................................... 102 VII.6 - Recomendações
quanto
ao
nível
de
iluminância
hospitalar.......................................... 104
CAPÍTULO VIII - VENTILAÇÃO HOSPITALAR......................... 105 VIII.1 - Introdução......................................... 105 VIII.2 - Aspectos teóricos e experimentais.................. 105 VIII.2.1 - Os Princípios da Ventilação.................. 105 VIII.2.2 - Fluxo Laminar................................ 106 VIII.2.3 - Sistemas de Ventilação....................... 108 VIII.3 - Recomendações de Normas Técnicas................... 108 VIII.4 - Avaliações práticas no sistemas de Segurança
controle nos
de
Sistemas
patógenos de
nos
Ventilação
Hospitalar......................................... 110 VIII.4.1 - Amostragens de Microrganismos ............... 110
VIII.4.1.1 - Procedimentos.......................... 110 VIII.4.2 - Resultados................................... 111 VIII.5 - Discussão.......................................... 113 VIII.6 - Recomendações quanto ao
controle
de
patógenos
na
Ventilação Hospitalar.............................. 114 VII.6.1 - Desinfecção do ar............................. 115
CAPÍTULO IX - RISCO FÍSICO PROVOCADO
PELO
RUÍDO
EM UNIDADES
DE SAÚDE........................................ 117 IX.1 - Introdução........................................... 117 IX.2 - Aspectos teóricos.................................... 117 IX.2.1 - A Física do Som................................ 117 IX.2.2 - Elementos de um Estudo Básico sobre Ruídos..... 118 IX.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 119 IX.4 - Diagnóstico Sonoro Ambiental - Avaliação prática..... 120 IX.5 - Discussão............................................ 122 IX.6 - Recomendações quanto ao nível sonoro hospitalar...... 122
CAPÍTULO X - CONCLUSÃO........................................ 124 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................... 129 ANEXOS........................................................ a/i
Resumo
da
tese
apresentada
a
COPPE/UFRJ
como
parte
dos
requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).
ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE
Aldo Pacheco Ferreira
Agosto, 1996
Orientador: Carlos Roberto Strauss Vieira
Programa: Engenharia Biomédica
Esta dissertação discute aspectos de segurança no controle do ambiente hospitalar, enfatizando processos operacionais e ações eficazes para diminuir os riscos
neste
complexo
sistema.
Todos
os
serviços
médicos
são
afetados
por
sistemas de meio ambiente e este fato merece atenção prévia em todos os níveis. Os
temas
resíduos,
estudados
água,
complexidade
da
neste
esgotos, prestação
trabalho
iluminação, de
cuidados
são
relacionados
ruído à
e
sistema
a de
gás
anestésico,
ventilação.
A
saúde, que se baseia na ciência e
engenharia, o engenheiro clínico é um dos mais novos membros da prestação de cuidados
à
equipe
necessidades
de
de
saúde.
atenção
a
As
saúde
unidades dos
de
saúde
pacientes,
têm
sem
planejado
perceber
os
alcançar efeitos
ocupacionais hospitalares. Quanto aos cuidados à saúde, em termos de tecnologia e utilização, depende mais e mais sobre as decisões feitas pelo engenheiro clínico. Sistemas políticas
e
de
segurança
procedimentos
confiáveis instaurados,
devem para
ser
instalados,
minimizar
os
e as práticas, riscos
para
os
pacientes, funcionários e visitantes. As variações de controle ambiental são
originam taxas significativas, devendo-se garantir pronta e eficaz correção de qualquer condição de defeitos, propiciando que avaliação no ambiente seja mais ativa do que reativa impedindo que haja resultados adversos no hospital naqueles que buscam saúde. Existe a crença de que nem a morte ou riscos graves a danos corporais seja aceitável se medidas razoáveis possam ser tomadas a fim de impedi-las. Sejam quais foram as razões, tornou-se evidente que uma considerável atenção está centrada
na
segurança
hospitalar.
É
também
destacada
a
importância
reavaliação de leis e regras para regular atividades no ambiente hospitalar.
na
Abstract of thesis presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.).
ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE
Aldo Pacheco Ferreira
August, 1996
Thesis Supervisor: Carlos Roberto Strauss Vieira
Department: Biomedical Engineering
This
dissertation
discuss
security
aspects
in
the
hospital
environment control, emphasizing processes and effective operating actions
to
decrease
risks
in
this
complex
system.
All
medical
services systems are affected by environment and this fact deserves prior attention on all levels. The subjects studied in this work are related to anesthetic gas, waste, The
water,
sewer,
complexity
of
illumination, health
care
noise
and
delivery,
ventilation which
is
system.
based
on
engineering and science, the clinical engineer is one of the newest members of the health care delivery team.
The units of health have
planned reach patients health care necessities without realizing the
occupational effects in hospital professionals.
As health care, in
terms of technology utilization, depends more and more on decisions made by clinical engineer. Comprehensive safety systems should be installed, and practices, policies,
and
procedures
instituted,
patients, hospital staff, and visitors.
to
minimize
hazards
to
The environmental control
variations are the principal origin of significant rates, assuring ready
and
effective
correction
of
any
defective
condition,
propitiating that environment appraising will be more active than reactive hindering adverse results in the hospital search of health. There is a wide faith that nor death risk or serious corporal damage is acceptable if reasonable steps could be taken in order to prevent them.
Whichever will be the reasons it has become obvious
that a considerable attention is being focused in hospital security. It is also detached the importance in reevaluating laws and rules to regulate activities in hospital environment.
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Essa dissertação tem como objetivo geral estudar o ambiente hospitalar, discutindo aspectos de segurança. utilizados
recursos
basicamente
metodológicos
caracterizados
Desta forma, foram
distintos,
como:
revisão
que
podem
ser
da
literatura,
reconstituição de experiências e experiências elaboradas. Para isso, fez-se alguns experimentos no intuito de avaliar as reais condições de funcionamento do ambiente hospitalar, abordando fatos e ações. Para fins de melhor sistematização, este trabalho foi dividido em
tópicos
que
expressam
as
principais
vertentes
do
ambiente
hospitalar. Assim sendo, procurou-se, inicialmente, no Capítulo II, expor as origens históricas do hospital, suas bases conceituais, a evolução hospitalar ao longo do tempo e suas formas mais contemporâneas. Num
segundo
experimentalmente
momento, os
no
níveis
Capítulo residuais
III, de
pretendeu-se gases
mostrar
anestésicos
em
centros cirúrgicos, suas implicações no corpo técnico e mecanismos de segurança. Nos Capítulos IV, V e VI, estudou-se os riscos da impactação ambiental da água utilizada em laboratórios e unidades de saúde, do esgoto
e
do
recomendações
lixo
hospitalar,
alternativas
quanto
disposição final dos resíduos gerados.
com a
análises formas
de
laboratoriais, tratamento
e
Nos
Capítulos
VII,
VIII
e
IX,
analisou-se
a
iluminação,
a
ventilação e os efeitos causados por ruídos em unidades de saúde, e no Capítulo posterior, a Conclusão geral do trabalho. A
promoção
fundamental
no
da
saúde
âmbito
da
e
da
segurança
melhoria
das
constitui
condições
um
de
objetivo
vida
e
de
trabalho, as quais devem ser inseridas numa abordagem integrada e em estreita relação com um conceito global de saúde, utilizando como base o avanço tecnológico, a busca da melhoria das condições de operações dentro de hospitais, visando minimizar os riscos desse complexo sistema. Tais aspectos do ambiente hospitalar foram selecionados para aprofundamento,
por envolverem dados preocupantes apontados pelos
levantamentos bibliográficos, bem como merecerem destaque no plano geral de ação em segurança hospitalar. O ambiente hospitalar requer algum tipo de análise sistemática na área da segurança, onde esforços efetivos devem ser buscados para minimizar prejuízos evitáveis a pacientes e profissionais. Isso pode refletir a possibilidade de que essa segurança poderá ser alcançada através de uma legislação atualizada e conseqüente conscientização dos perigos ocupacionais da área hospitalar.
Há uma
larga crença de que nenhum risco de morte ou dano corporal sério é aceitável se usadas medidas de prevenção de acidentes. A dedicação profissional com a saúde e com a segurança pode estar implícita nas funções desenvolvidas no hospital.
Entretanto,
para ser efetiva, deve existir alguma compreensão específica do que fazer
e
como
fazer.
Boas
intenções
devem
ser
suplantadas
por
habilidades específicas, conhecimento relevante e informação técnica
adequada.
Dessa forma, impõem-se a necessidade de providenciar a
atuação prática de procedimentos de segurança. Se
de
um
lado
deve
estar
perfeitamente
assegurado
o
pleno
e
técnico-
atendimento as funções fundamentais do hospital:
• a assistência aos doentes, • o
aperfeiçoamento
de
médicos,
enfermeiras
pessoal
administrativo, • a
participação
em
programas
de
saúde
pública
e
medicina
preventiva, • o incentivo à pesquisa técnica e científica;
de outro, deverá estar garantido um perfeito esquema funcional ativo,
que
deverá
operacional
se
serviços
absoluta
de
processar-se
desenvolva
com
segurança
para
que
adequado para
o
todo
padrão paciente
de e
seu
complexo
qualidade todo
o
e
corpo
técnico. Quaisquer que sejam as razões, o ambiente hospitalar requer uma atenção
especial
em
segurança.
Profissionais
ligados
à
área
hospitalar estão tornando-se conscientes da importância da relação entre o individual e a organização coletiva, e a maneira pela qual os
problemas
ocupacionais
podem
estar
sendo
influenciados
pelos
fatores ambientais. McFARLAND (1986) relata que os procedimentos de segurança, em especial na área hospitalar, devem ser abordados como uma "doença não contagiosa, mas de proporções epidêmicas"; recomendando ainda que
especialistas em segurança, como epidemiologistas, concentrem
esforços variáveis
sobre do
as
interações
ambiente.
entre
o
hospedeiro,
o
agente
e
as
Como epidemia, os aspectos de segurança
devem ser avaliados, analisando a incidência e a relação aos fatores ambientais. Há de se ter uma melhor compreensão do ambiente hospitalar, onde o
trabalho
prevenção advindos
com de do
monitoramento.
segurança acidentes, avanço
constituir-se-á acoplando-se
tecnológico
que
ao
em
sistemas dia-a-dia
muito
amplos
de
mecanismos
ajudarão
neste
CAPÍTULO II HISTÓRICO
Os hospitais atuais têm atrás de si uma tradição e constituem um aspecto inseparável entre a medicina e a prática médica, sendo em última
instância,
instituições
que
alcançam
enorme ação social, política e econômica. pertence,
sem
dúvida,
ao
patrimônio
em
nossos
dias
uma
A trajetória hospitalar
cultural
da
história
da
humanidade. Como o hospital comportou-se através dos tempos? As
diferentes
circunstâncias
durante,
aproximadamente,
dois
milênios de história refletem a interrelação histórica e social que condicionaram no passado e determinam no presente, não só os modelos arquitetônicos,
como
também
os
fins e a natureza destes centros
assistenciais. Escritos médicos do século V e VI a.C. por HIPÓCRATES DE COS que viveu de 460 a 375 a.C., destaca-se como a primeira enciclopédia da história
da
medicina,
direcionando
alguns
livros
para
as
preocupações com o ambiente. Os livros que integram a coleção hipocrática, correspondem a concepções e escolas diferentes integrando momentos separados por quase dois séculos de diferença.
Situava-se cronologicamente entre
o ano 430 e 380 a.C., descrevendo sobre a teoria da medicina, a moral
médica,
fisiológicos,
o
exercício
consagrando-se
profissional, no
saberes
prognóstico
das
anatômicos
e
enfermidades,
clínica médica, cirurgia, patologia médica e problemas terapêuticos (RIERA, 1985).
Estes livros discorriam sobre "os ares, águas e
lugares", onde Hipócrates alerta ao médico sobre a necessidade de colocar especial atenção, para o correto exercício profissional, no clima da localidade, nas variações das estações do ano, os ventos, a formação
da
flora,
suas
águas,
valorizando
enfaticamente
as
referências ao marco geográfico, climático, natural e antropológico. A história da segurança despertou na Revolução Industrial, na metade
do
termos
de
século
XIX.
produção,
humanos,
saúde
Enquanto foram
e
as
muitas
segurança,
fábricas vezes
eram
superiores
inferiores
partindo
daí
em
os
em
valores primeiros
questionamentos sobre condições de segurança no trabalho. Especificamente, a segurança hospitalar começou a ser aplicada nos hospitais que serviram nas duas grandes guerras mundiais. Até este momento, os hospitais tinham características puramente religiosas. um
espaço
O Hospital nasceu como um lugar para isolar os pobres, onde
se
realizava
a
caridade,
e
não
como
um
lugar
terapêutico: o personagem ideal do hospital até o século XVIII não é o
doente
que
é
preciso
curar,
mas
o
pobre
que
está
morrendo
(FOUCAULT, 1986). Mas
o
hospital
insalubre. a
constituía-se,
já
no
século
XVIII,
em
lugar
Na passagem para a Idade Contemporânea, tendo como marco
Revolução
Francesa,
surgiu
um
novo
tipo
de
arquitetura
e
organização funcional dos hospitais, qualitativamente diferente de seus
predecessores.
Se
concretiza,
então,
como
um
lugar
privilegiado de prática médica, concebido com um rígido controle, sobretudo
que
temperatura
do
envolvesse ambiente;
o
doente, além
das
como
a
qualidade
aplicações
do
ar
e
farmacêuticas
a e
cirúrgicas, passou-se a valorizar a ação do meio sobre o doente como instrumento para debelar sua enfermidade. A estrutura, organização e finalidade hospitalar têm estreita correlação com os avanços e progressos tecnológicos.
Os hospitais
foram, gradativamente, adequando suas dependências, de acordo com as exigências
e
nível
especialidades,
com
científico enorme
da
medicina.
desenvolvimento
e
Determinadas
incidência
social,
exigiram a criação de centros hospitalares especializados. Entretanto, em termos de segurança, teve-se através dos tempos ações isoladas.
Florence Nightgale, enfermeira na I Grande Guerra
Mundial, com seu posicionamento profissional, ficou como o primeiro marco histórico. A evolução hospitalar não foi acompanhada no que diz respeito aos aspectos insalubres para os especialistas de prática médica. Assim,
como
demonstra
a
literatura,
desde
Hipócrates,
ambiente eram importantes para cura de pacientes.
dados
do
Através do avanço
tecnológico melhorou-se em muito as intervenções médicas, entretanto só a partir de 1967, ou seja no século XX, é que começa a ter-se preocupações
claras
profissionais
da
de
área
incidências
hospitalar,
danosas
devido
a
ocupacionais práticas
a
médicas,
especialmente resíduos de gases anestésicos (VAISMAN, 1967). O
hospital
elementos culturas. mais
se
comuns
tem são
uma logo
trajetória
secular
identificados
nas
e
universal,
várias
cujos
sociedades
e
A despeito disso, os hospitais em todo mundo cada vez parecem,
resultado,
principalmente,
da
similaridade
progressiva dos perfis epidemiológicos e da aproximação das culturas dos países que se industrializam e se desenvolvem dentro do mesmo
modo de produção, da universilização e uniformidade das tecnologias médicas. A
história
hospitalar
história da cultura humana.
constitui
um
capítulo
inseparável
da
Alguns aspectos mágicos e sacerdotais
ainda remanescem; afinal, lidar com limiares tão críticos como a vida e a morte, suscita expectativas desconhecidas.
CAPÍTULO III
ASPECTOS DE SEGURANÇA NO USO DE GASES ANESTÉSICOS
III.1 - Histórico: A prática anestésica A busca pelo alívio da dor nas intervenções cirúrgicas teve sempre
a
atenção
dos
pesquisadores,
já
que
essa
constituía
um
empecilho operacional para o desenvolvimento de algumas técnicas de cura,
notadamente
a
cirurgia.
Na
cronologia
de
utilização
de
anestésicos (tabela III.1), data do século XIX os primeiros dados científicos, quando Crawford Long, no ano de 1841, removeu um tumor do pescoço de um paciente utilizando como agente anestésico éter dietílico.
Em 1844, Horace Wells e Gardner Colton protagonizaram a
primeira demonstração pública anestésica utilizando óxido nitroso e em
1847,
James
Simpson,
na
Inglaterra,
descreveu
a
utilização
anestésica do clorofórmio (SMITH, 1982).
Tabela III.1: Cronologia de utilização dos agentes anestésicos.
Agentes Anestésicos Éter dietílico
Ano de Introdução 1841
Óxido Nitroso
1844
Clorofórmio
1847
Ciclopropano
1933
Tricloroetileno
1934
Fluroxeno
1954
Halotano
1956
Metoxiflurano
1960
Enflurano
1974
III.2 - Introdução Na
evolução
propriedades
com
hospitalar,
ressalta-se
vasopressores
e
a
importância
inflamabilidade
no
de
uso
de
anestésicos, suporte fundamental para que as cirurgias pudessem ser mais duráveis, melhor restabelecimento de pacientes, etc. com
o
passar
dos
anos,
problemas
ocupacionais
com
Porém,
anestesistas
começaram a ter espaço na literatura. O ambiente insalubre dos hospitais e, principalmente, das salas cirúrgicas, produz alterações patológicas sobre a equipe de saúde, ocasionando dessa
enfermidades
publicação,
anestesistas,
ocupacionais
pioneira
outros
no
(VAISMAN,
relato
de
pesquisadores
1967).
A
partir
anormalidades
entre
prosseguiram
estudos
pormenorizados, na busca de identificar o nível de letalidade dos gases
anestésicos,
discutir
mecanismos
de
segurança;
porque,
até
então, só se atentava para os efeitos sedatórios dos anestésicos e não
suas
implicações
anormalidades
de
ocasionadas
uso. por
Foram
diagnosticadas
anestésicos,
provocando,
diversas assim,
um
questionamento dos procedimentos de segurança na sala cirúrgica. Na busca de segurança em anestesia, no que diz respeito aos resíduos ambientais, propõe esse capítulo um estudo bibliográfico das
alterações
orgânicas
causadas
pelas
diversas
modalidades
de
anestésicos, discutir procedimentos de segurança, alertar quanto ao uso
indiscriminado
de
diferentes
anestésicos,
avaliar
experimentalmente os resíduos ambientais de anestésicos em centros cirúrgicos com base nas Normas da NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health e buscar soluções para a destinação dos gases anestésicos residuais.
O anestesista estando exposto a longas jornadas diárias, inala drogas geral,
que,
pelo
pela
seu
efeito
concentração
residual
ambiental
e
aditivo,
elevada,
provocados,
produzem
em
em seu
organismo diversas alterações com conseqüências nocivas a sua saúde, ressaltando,
dentre
gastrintestinais,
outras,
cutâneas,
o
aparecimento
hematopoiéticas
de
manifestações
e pulmonares (BRUCE &
BACH, 1975).
Observa-se, também, que estas drogas produzem, ainda,
depressão
medula
da
óssea
com
leucopenia
(NUNN
et
al.,
1982a;
PARBROOK, 1967), lesão hepática (CHENOWETH, 1971) e imunodepressão (VILJANEN et al., 1993), dentre outras.
III.3 - Aspectos teóricos e experimentais
III.3.1 - Anestésicos de uso geral Em geral, a anestesia é raramente produzida pela administração de um simples agente e ainda assim, a combinação dos agentes pode variar consideravelmente, dependendo do treinamento e preferências do anestesista.
A seleção dos agentes é um procedimento complexo
dependente do tipo de intervenção cirúrgica, a condição do paciente, etc.
Na
prática
cirúrgica
atual
há
grande
utilização
como
veiculadores anestésicos, o halotano (1,1,1, triflúor-2-cloro-bromoetano)
e
inorgânicas
o
óxido que
nitroso
produzem
(N2O).
Uma
anestesia
geral
das
poucas
é
óxido
o
substâncias nitroso.
É
formado pela desidratação do nitrato de amônio (NH4NO3), sendo um gás inerte, incolor, com sabor e odor da noz.
Não é explosivo, nem
inflamável, mas com o O2 é um comburente, facilitando as reações de combustão.
Tem hoje amplo uso em anestesia não como agente único,
tendo
em
vista
sua
baixa
potência
anestésica,
mas
como
agente
potencializador dos efeitos anestésicos inalatórios e venosos. A
tabela
III.2
demonstra
os
anestésicos
de
uso
geral,
apresentando suas funções químicas.
TABELA III.2 - Função química dos principais agentes anestésicos.
Grupo
Função
Funcional
Química
Grupo
Função
Funcional
Química
R-H
Hidrocarboneto
R1-O-R2
Éter
R-OH
Álcool
R-C≡N
Nitrila
Fenol
R-X
Derivado
Ar-OH
halogenado O
Aldeído
O
||
Ácido orgânico
||
R-C-H
R-C-OH
R-NH2
Amina primária
R1-N-R2
Amina terciária
R1-NH-R2
Amina secundária
O
|
Amida
||
R3
R-C-NH2
O
Éster
O
||
Sal orgânico
||
R1-C-O-R2
R-C-OMe
Fonte: NOCITE, 1993.
A quase totalidade dos anestésicos habitualmente utilizados são compostos orgânicos com funções químicas definidas e estabelecidos na
prática
preocupados anestésicos,
médica com
mundial.
os
tendo-se
efeitos
Porém,
apareceram
mórbidos
causados
expectativas
de,
nas
novas
pesquisadores pelos
atuais
descobertas,
aparecerem
compostos
ínfimo.
Para
que
isso,
tenham avança-se
um
comprometimento
no
melhor
metabólico
conhecimento
da
farmacocinética e farmacodinâmica de anestésicos, almejando alcançar compostos
que
combinem
baixa
solubilidade
no
sangue
e
grande
estabilidade molecular. Outro ponto a ser levado em consideração é que o efeito do óxido nitroso
reduz
a
concentração
alveolar
mínima
de
outros
agentes
inalatórios, sendo aditivo e não sinergístico, isto é, a analgesia do óxido nitroso soma-se a do halogenado, diminuindo as necessidades desse em anestesia cirúrgica.
III.3.2 -
Riscos no uso de anestésicos
III.3.2.1 - Introdução O conceito de poluição causando seqüelas tem se avolumado nos textos literários, denotando que a atmosfera dos centros cirúrgicos está invariavelmente contaminada por gases anestésicos. Na
ausência
de
precauções
especiais
de
sistemas
de
descontaminação destes ambientes, aumentará a indução de diversas anormalidades
orgânicas
nos
profissionais
que
atuam
no
centro
cirúrgico, em especial nos anestesistas, pelo efeito cumulativo.
III.3.2.2 - Morbidade entre anestesistas O primeiro estudo sobre morbidade entre anestesistas foi feito por
VAISMAN
na
Rússia,
em
1967.
Este
trabalho
inspirou
vários
autores a experimentações biológicas e pesquisas epidemiológicas, na
tentativa de avaliar o risco ocupacional aos profissionais do centro cirúrgico.
III.3.2.2.1 - Dano Citogenético De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o teste de maior segurança na avaliação de danos genéticos a partir de exposições ocupacionais
por
citogenéticos.
agentes
anestésicos,
dá-se
por
estudos
Alguns autores direcionaram seus estudos para os
efeitos mutagênicos celulares induzidos por gases anestésicos (BADEN et al., 1976; WHITE et al., 1979; NATARAJAN, 1990).
Estas mutações
contribuem
e
significativamente
congênita. lesões
para
doenças
humanas
malformação
Em situações típicas de exposição ocupacional, novas
são
aplicadas
sobre
linfócitos
de
indivíduos,
reparados,
caracterizam-se
os
o
ácido quais,
como
desoxiribonucleico não
sendo
(DNA)
reparados
ou
de mal
aberrações cromossomiais (NUNN et
al., 1982b). A freqüência esperada de aberrações pode ser baixa, a menos que a exposição seja alta, como é o caso de profissionais de longa atuação no ofício.
Tal fato foi descrito por NATARAJAN (1990), em
pesquisa realizada com anestesistas e de alguns profissionais do centro cirúrgico, com resultados que explicitaram a alta incidência de metáfases aberrantes nos linfócitos. aberrações
cromossomiais
nos
casos
A incidência aumentada de
estudados
foi
relacionada
ao
potencial carcinogênico de agentes anestésicos, uma vez que 90% dos carcinogênicos são também mutagênicos. O óxido nitroso (N2O) não é mutagênico sozinho, mas potencializa o efeito mutagênico de anestésicos voláteis como o halotano que,
também
analisado
isoladamente,
não
expressou
caráter
mutagênico
(WHITE et al., 1979; BADEN et al., 1977; WASKELL, 1978; STURROCK & STRUMIN, 1985; BASLER & ROHRBORN, 1989).
Segundo Baden, o halotano
em combinação com o N2O em experiências de laboratório com Drosophila evidenciaram mutações letais. A
combinação
administrada
à
de
N2O
pacientes
e
na
anestésicos maioria
das
voláteis, cirurgias,
comumente formam
os
resíduos ambientais das salas de operação, inalados assim pelo corpo técnico, em especial os anestesistas, sendo este quadro agravado onde
sistemas
de
segurança
estejam
obsoletos
ou,
ainda
pior,
ausentes. O óxido nitroso oxida o íon cobalto da vitamina B12 inativandoa, já que essa atua como um cofator na síntese de folato, metionina e tiamina, e assim interferindo com a síntese de DNA.
Exposições a
altas concentrações de óxido nitroso causam anemia megaloblástica, leucopenia
e
neuropatia.
pacientes
expostos
múltiplas
exposições
a
Mudanças
óxido e
no
nitroso
período
megaloblásticas por
longos
imediatamente
ocorrem
períodos, após
a
em após
operação
(AMOS et al., 1982).
III.3.2.2.2 - Incidência de bebês
anormalidades fetais em
nascidos
de
profissionais
femininos Outros residuais
estudos de
gases
ressaltam
os
anestésicos
efeitos sobre
às
exposições
profissionais
crônicas
femininos,
indicando incidências de anormalidades fetais em bebês provenientes dos mesmos.
Vários
autores
têm
associado
o
trabalho
operacional
de
anestesistas a efeitos deletérios sobre a gravidez, incluindo altas taxas de abortos espontâneos, malformação congênita e infertilidade involuntária (COHEN et al.,1971; KNILL-JONES et al., 1972). Existem dados que suportam a afirmação de que a exposição a gases
anestésicos
evidenciam
riscos
de
abortos
espontâneos
e
a
magnitude do aumento deste risco é aproximadamente 30% (BURING et al., 1985), sendo o agente causativo o óxido nitroso (VANIO, 1987). PHAROAH et al. (1977) demonstraram que concepções ocorridas quando a mãe
encontrava-se
em
trabalho
de
rotina
na
prática
anestésica,
resultavam em taxas maiores de bebês com baixo peso ao nascer, altas taxas
de
natimortos
e
maiores
malformação
congênita
do
sistema
cardiovascular, quando relacionadas ao grupo de mulheres de outras atividades hospitalares.
Entretanto, diferenças significativas não
foram encontradas para outras malformações.
III.3.2.2.3 - Hepatite por Halotano A utilização de halotano induz necrose hepática.
Existem alguns
trabalhos que ressaltam a função hepática anormal em anestesistas expostos a baixas concentrações de halotano no desempenho da função (LINGS,
1988),
e
isso
tem
levado,
ocasionalmente,
à
hepatites
clínicas (BELFRAGE et al., 1966; KLATSKIN & KIMBERG, 1969; STURROCK & STRUMIN, 1985). É importante ressaltar, que em todos os casos, os testes para hepatite
infectiva
se
mostraram
negativos.
Outro
dado
é
que
o
hábito de consumo de bebida alcoólica não influenciou os testes, não interferindo nos resultados obtidos.
Outro dado a ser levado em
consideração
de
é
que
o
desenvolvimento
cirrose após a hepatite
recorrente representou uma parcela desprezível dos casos estudados.
III.3.2.2.4 - Morbidade Psiquiátrica: Suicídio Dados de mortalidade demonstram um excesso de mortes devido ao suicídio, como evidencia NEIL e colaboradores em trabalho realizado em
1987,
após
uma
pesquisa
sobre
índices
de
mortalidade
entre
anestesistas, na Inglaterra, por um período de 27 anos; o que é confirmado,
também,
comparados
a
outros
no
estudo médicos
em
anestesistas
de
especialidades
trabalho realizado por LEW (1979). que
as
taxas
de
suicídio
americanos
quando
diferentes,
no
Outra conclusão nas pesquisas é
são
particularmente
anestesistas com menos de 55 anos.
altas
entre
BRUCE & BACH (1975) evidenciam
que a taxa de suicídio entre anestesistas é maior do que o dobro quando comparadas a outros grupos sócio-econômicos da população em geral. Mas como seria o perfil psiquiátrico destes especialistas? Segundo REDFERN (1990) postula-se algumas explanações, como por exemplo: -
"A
anestesia
atrai
pessoas
que
são
mais
prováveis
tentar
suicídios que outros médicos." Anestesistas diferem de médicos em geral, sendo mais tensos e mais introvertidos (REEVE, 1980). anestesistas
têm
personalidade
REEVE também aponta que 20% dos com
perfil
pacientes que tentam o suicídio (REEVE, 1984).
idêntico
ao
aqueles
-
"O
direção
trabalho
do
de
stress,
um
anestesista
ansiedade
e
é
mais
provável
eventualmente
assumir
inabilidade
a de
governar-se." Característicos questionamento significante
períodos
sobre
risco
a de
de
validade morte
ansiedade de
aguda,
viver
prematura
ou
por
com
morrer,
crise
levam
overdose
ou
de
a
um
suicídio
(McNAMEE et al., 1987). A
consistência
anestesistas, questões.
de
indica Essa
dados
a
sobre
necessidade
morbidade
é
a
morbidade
de
causa
um
psiquiátrica
aprofundamento
dos
resíduos
em
nestas
anestésicos
cumulativos ou o anestesista tem um perfil psicológico diferente? O incremento nas taxas de suicídio é pertinente a uma reflexão desta morbidade psiquiátrica.
III.4 - Recomendações de Normas Técnicas Há
muitos
residuais
e
sistemas
vapores
do
designados centro
para
cirúrgico
o
transporte
como
um
todo;
carecem de regulamentos normativos obrigatórios. algumas
instituições
mundiais
estão
envolvidas
de
gases
todavia,
Devido a isso, na
quantificação
residual de gases anestésicos, destacando-se dentre outras, NIOSH, dos
Estados
Unidos,
que
padronizou
níveis
residuais
máximos
rotina com óxido nitroso de 25 partes por milhão (p.p.m.). anestéticos utilizado Estas
halogenados,
sozinho
e
concentrações
cirúrgicos.
0,5
o
limite
p.p.m.
limite
foram
recomendado
em
é
2
p.p.m.
em
Para quando
combinação com óxido nitroso.
adotadas
para
todos
os
centros
Entretanto, a maior dificuldade com qualquer avaliação
de níveis anestésicos nas salas de operação é que as concentrações não são uniformes, variando temporariamente, ou seja, pelo ciclo respiratório
e
pelo
estágio
espacialmente no ambiente. procedimentos
que
de
operação,
além
de
difundirem
Abarca a literatura, recentes técnicas e
indicam
resultados
efetivos,
mas
que,
ainda,
clamam por padronizações respaldadas por estudos mais profundos de Instituições Normativas.
Sem tirar o mérito das duas publicações
mundiais sobre sistemas coletores, sendo estas, a AENOR (Associacion Española de Normalizacion y certificacion), com a Norma PNE 110-012, Anesthetic Gas Scavenging e a NFPA (National Fire Protection Agency, USA),
com
a
Norma
56-A,
Standard
for
the
use
of
inhalational
anesthetic, ainda assim, é evidente a não difusibilidade de tais procedimentos, bem como uma avaliação precisa e adequada de cada situação particular (a que se destina o hospital, quais serão as cirurgias a serem executadas, qual a complexidade dos sistemas de segurança, etc.).
III.5 - Avaliação Anestésicos
Experimental em Centros
dos
Níveis
Residuais
de Gases
Cirúrgicos do Instituto Fernandes
Figueira
III.5.1 - Introdução Em geral, na prática usual cirúrgica as concentrações utilizadas são: 60% de óxido nitroso + 1% de halotano.
Para que se tenha uma
idéia, em ambientes sem sistemas coletores alcançam-se concentrações de 120 ppm e 2 ppm, respectivamente. Para que se meça a contaminação ambiental é necessário que se leve em conta a taxa de fluxo de ventilação volumétrica no ambiente.
É importante que o volume da sala seja especificado para que se possa ter idéia do fator de diluição provável ocorrido no ambiente.
III.5.2 - Coleta de Amostras O tipo de técnica visando a avaliação da poluição ambiental, depende principalmente das disponibilidades de equipamentos.
Têm-se
descrito na literatura duas metodologias: a cromatografia gasosa e espectrofotometria
por
infravermelho.
Um
ponto
a ser levado em
consideração é que a espectrofotometria por infravermelho de baixas concentrações
de
halotano
induz
a
resultados
duvidosos,
susceptibilidade da técnica a interferência por álcoois.
pela
Devido a
isso, os experimentos práticos foram feitos utilizando-se a técnica da cromatografia gasosa. Os primeiros trabalhos a se deterem em tais procedimentos como o de AUSTIN et al., (1978) evidenciaram técnicas de coleta de amostras para
análises
por
cromatografia
gasosa,
empregando
seringas
plásticas, de vidro ou ainda sacos de nylon. Outra possibilidade de medir concentrações de halotano e óxido nitroso,
com
cromatografia
gasosa,
é
um
método que determina as
concentrações dos gases tanto no ambiente como no sangue. É o método proposto por DOUGLAS et al., (1970).
III.5.3 - Testes Devido
aos
experimentos
fatos
utilizando
expostos a
técnica
anteriormente, da
cromatografia
realizaram-se gasosa
nos
laboratórios do Instituto de Biofísica (UFRJ), de Química Analítica (Fiocruz),
de
Química
da
Universidade
Santa
Úrsula,
de
amostras
colhidas
no
Instituto
Fernandes
Figueira/Fiocruz,
utilizando
o
equipamento Air Sampler (Gallenkamp & Co. Ltd). O ar residual foi amostrado continuamente no primeiro momento com sistema coletor (Sistema Venturi + Ventilação) e, depois, sem sistema coletor, durante sessões de intervenções cirúrgicas e os resultados
obtidos
representam
a
média
dos
níveis
agentes anestésicos durante a sessão de coleta.
residuais
de
As amostras foram
colhidas num raio de 1,5 m em torno da mesa cirúrgica, em cirurgias de pelo menos 1/2 hora, 60-70 cm acima da cabeça do paciente.
O
fluxo de gases foi de aproximadamente 9 l/min.
III.5.3.1 - Metodologia empregada na
Coleta de Gases
Anestésicos A técnica envolvida nesta etapa foi a de adsorção química dos gases, empregando-se tubos de adsorção específicos para a pesquisa de
halotano
constituíam
e
para
a
internamente
suporte cromatográfico.
pesquisa com
0,8
de g
óxido de
nitroso,
material
os
quais
adsorvente
e
se um
Após a sessão de coleta os tubos foram
submetidos a uma desabsorção térmica e procedeu-se a análise por cromatografia gasosa.
III.5.3.1.1 - Medições da Concentração de Halotano As concentrações de halotano foram medidas com a utilização de um detetor de ionização por chama a 250°C, após separação em coluna de vidro de 2,13 m, com um diâmetro interno de 3,18 mm, a 80°C, através
de
um
suporte
sólido
(Chromosorb
W
-
100/120
malhas),
tratado com óleo de silicone OV-101.
O gás carreador utilizado foi
Hélio com um fluxo de 20-50 l/min e o volume de amostra de 0,1 ml.
III.5.3.1.2 - Medições
da Concentração
de Óxido
Nitroso As concentrações de óxido nitroso foram medidas com a utilização de
um
detetor
de
captura
eletrônica,
com
fonte
radioativa
de
Níquel 63 (espaço de pulso de 150 µs) a 250°C, após separação em coluna de vidro de 3 m, com um diâmetro interno de 3,2 mm, a 80°C, através
de
um
suporte
sólido
(Porpaq
Q
-
80/100
malhas).
O
carreador usado foi Argônio com um fluxo de 25 l/min e o volume da amostra de 0,5 ml.
III.5.4 - Resultados Chegou-se
aos
seguintes
resultados
(tabela
III.3)
de
concentração residual média de óxido nitroso e halotano, com sistema coletor
e
sem
sistema
coletor.
baseado nas normas da NIOSH.
O
procedimento
de
análise
foi
Tabela III.3:
Expressa a concentração residual em ppm encontrada no
centro cirúrgico de óxido nitroso e halotano, com sistema coletor e sem sistema coletor.
Procedimentos
Óxido nitroso (ppm)
Halotano (ppm)
Sem sistema coletor (n=3)
108 - 269 - 430
3 - 1 - 7
Com sistema coletor (n=7)
13 - 53 - 32 - 25 -
0,3 - 1,3 - 0,4 -
29 - 42 - 38
0,8 - 0,7 - 0,8 1,7
Legenda:
n = número de amostras colhidas para teste ppm = partes por milhão
Para melhor visualização dos resultados obtidos, expressam-se graficamente valores em ppm comparativos do uso de anestésicos, com sistema coletor e sem sistema coletor (gráficos III.1 e III.2).
Gráfico III.1: Concentração
residual de
valores em ppm
nitroso
500 450 400 350 300 Sem Sistema Coletor 250 200 150 100 50 0
Com Sistema Coletor
de óxido
Gráfico III.2: Concentração halotano
residual
de
valores
em ppm de
7 6 5 4
Sem Sistema Coletor Com Sistema Coletor
3 2 1 0
III.6 - Discussão A poluição na sala de cirurgia deve ser monitorada e caminhos encontrados para minimizar as fontes de poluição. afetam
as
concentrações
residuais
dos
gases
Os fatores que
anestésicos
para
os
quais o pessoal do centro cirúrgico está exposto, em especial os anestesistas, são muitas (geralmente níveis acima dos recomendados), mas incluem a ventilação da sala, o sistema coletor de resíduos ambientais e o tipo de circuito anestésico em uso. No
hospital
em
que
foi
feita
a
avaliação,
a
mecânica
de
despoluição está prejudicada pelo sistema de ar condicionado, com previsão
nominal
de
5
a
7
trocas/hora,
o
que
é muito aquém de
eficiência prevista na literatura (25 trocas/hora), ficando em torno de 70% ineficiente, corroborando com os resultados ruins observados nas medições. Os resultados indicaram níveis médios acima dos recomendados pela NIOSH, tanto para halotano (3,6 ppm sem sistema coletor e 0,85
com sistema coletor), quando o indicado é no máximo 0,5 ppm; quanto para óxido nitroso (269 ppm sem sistema coletor e 33 com sistema coletor), quando o indicado é no máximo 25 ppm. Este dado reforça a posição de que a monitoração ambiental em centros
cirúrgicos
deva
fazer
parte
residual de gases anestésicos.
de
um
programa
de
controle
Outro ponto, também, é sistematizar
o controle de eficiência dos sistemas despoluidores utilizados na prevenção residual de anestésicos As evidências apresentadas constituem motivação suficiente para que
se
estude
o
problema
de
concentração de vapores anestésicos
residuais em salas cirúrgicas, utilizando para isso, como ferramenta básica, dados da engenharia clínica na instalação ou adequação dos sistemas coletores e uma coleta aleatória para medição dos níveis residuais
dos
gases
e
a
verificação
periódica
dos
equipamentos
anestésicos.
III.7 - Recomendações
para
a prevenção da Poluição Ambiental por
Gases Anestésicos No
intuito
anestésicos expostos,
de
diminuir-se
inalacionais
sistemas
para
coletores
as
os
concentrações
quais
foram
os
introduzidos
dos
agentes
anestesistas nos
estão
anos 70.
extensão da poluição ambiental depende basicamente de: - a quantidade de vapores anestéticos empregada; - o tamanho e estrutura arquitetônica do centro cirúrgico; - a eficiência do sistema coletor; - a quantidade
de
resíduos
equipamentos anestéticos.
oriundos
do
escapamento dos
A
Classifica-se o centro cirúrgico, para efeitos de avaliação da contaminação
ambiental
por
gases
anestésicos,
em
três
(3)
categorias:
- salas sem sistema de ventilação ou sistema coletor; - salas com sistema coletor; - salas com sistema de ventilação.
A redução a traços da poluição ambiental de gases e vapores é bastante
difícil
de
ocorrer,
devido
a
vazamentos
máscaras e através das conexões das mangueiras. diminuir
drasticamente
permitir
escapes
poluidores
e,
suas
gasosos
concentrações
pelo
principalmente,
uso
de
pela
pelo
sistemas
utilização
através
das
Porém, é possível cuidado e
em
fluxos
não menos
disseminada
de
sistemas antipoluidores.
III.7.1 - Sistemas Coletores Uma
variedade
anestésicos anestesia.
de
residuais
controles devem
ser
para
a
eliminação
incorporados
aos
dos
agentes
sistemas
de
Estes sistemas são comercialmente acessíveis, embora em
certos casos, com modificações efetivas possam ser fabricados nas oficinas do hospital.
Todos os sistemas coletores devem coletar os
gases residuais e dispo-los em algum ponto seguro.
III.7.1.1 - Sistemas Ativos Este sistema proporciona a movimentação de gases, expelindo-os para a atmosfera.
III.7.1.1.1 - O efeito Bernoulli e o Sistema Venturi O sistema venturi, em linhas gerais, consiste em um tubo que tem na sua parte alongada uma constrição (figura III.1).
Utilizando o
efeito Bernoulli, quando o gás passar através do tubo será acelerado ao encontrar essa constrição.
Figura III.1. Esquema geral de funcionamento do sistema venturi
Dessa forma, obtêm-se um fluxo aéreo de escape direcionado, utilizando o efeito Bernoulli, com fácil adequação no sistema de infra-estrutura
do
(1990)
(1987),
e
WARD
centro a
cirúrgico
e
concentração
que,
segundo
residual
VANE
atingiria
et
al.
níveis
razoáveis semelhantes àqueles preconizados pela NIOSH. Contudo, é importante ressaltar que esta adequação subentende uma
complementação
proporcionando
um
fundamental
incremento
expelido para a atmosfera.
do
valoroso
sistema no
fluxo
de de
ventilação, ar
que
será
Em alguns modelos de venturi existem
depressões no intuito de vencer a perda de carga que o sistema necessita, gerando pressão negativa no interior do sistema para que
se
utilize,
a
princípio,
as
correntes
de
ar
natural
em
seu
e
uso
funcionamento. Sem
dúvida,
com
os
recentes
estudos
de
introdução
generalizado de sistemas coletores no centro cirúrgico, sobretudo de países da Europa, têm-se obtido queda de concentrações nos níveis de agentes anestésicos voláteis.
III.7.1.1.2 - Utilização de Linhas de Vácuo Nesse sistema adapta-se uma linha de vácuo na mangueira de saída condutora do volume de gás exalado, direcionando-o a local de escape seguro. Esse sistema deve ter uma pressão balanceada para que se evite uma pressão negativa excessiva ao paciente (não mais que 5 mmHg).
III.7.1.1.3 - O Sistema de Ar condicionado A freqüência de trocas de ar no centro cirúrgico, levando-se em conta
a
capacitação
de
ar
no
ambiente
e,
consequentemente,
a
depuração do mesmo em virtude dos resíduos ambientais, induz uma adequação física das instalações, o que na prática demonstra ser de qualidade excelente a ocorrência de 27 trocas de ar/hora. (DAVENPORT et al., 1980).
III.7.1.2 - Sistema por Absorção A utilização de métodos alternativos se torna eficaz, dependendo da natureza e periodicidade de manipulação com gases anestésicos (ex.:
pequenas
cirurgias),
proporcionando
a
remoção
de
vapores
anestésicos voláteis com a utilização de carvão ativado na forma
compacta
(aldasorber).
Esse
produto
comercializado
é
de
possibilidade imediata de utilização e tem grande valia quando o agente anestésico é o halotano.
Porém, não demonstra efetividade
quando o agente indutor anestésico é o óxido nitroso (WARD, 1987).
CAPÍTULO IV A ÁGUA EM UNIDADES DE SAÚDE
IV.1 - Introdução: A linha geral sobre a qualidade da água é a proteção à saúde pública, visando assegurar a confiabilidade do fornecimento através da eliminação ou redução a concentrações mínimas de contaminantes químicos ou biológicos, sabidamente perigosos à saúde.
A proposta
desse capítulo é analisar os critérios usados para identificar estes contaminantes
da
água,
bem
como
avaliar
a
qualidade
da
água
em
unidades de saúde. Água
pura
é
um
produto
artificial,
assim
as
águas
naturais
possuem substâncias em sua composição, em solução ou em suspensão, em proporções
muito
variadas,
podendo
modificar
consideravelmente
as
propriedades, os efeitos e os usos. A água de uso hospitalar deve ter suas características físicoquímicas e biológicas controladas e dentro de parâmetros de qualidade definidos,
em
especial
a
de
uso
para
hemodiálise
a
qual
tem
fundamental importância para pacientes crônicos, uma vez que estes usam água com muita freqüência para seu tratamento (anexo I).
Deve
estar isenta de microrganismos e com os constituintes químicos dentro dos limites preconizados (American Public Health Association). A qualidade da água de uso hospitalar deve ser avaliada levandose em consideração que a mesma deve atender aos seguintes aspectos: • não carrear poluentes além dos níveis permitidos; • receber tratamento prévio dos resíduos ou agentes poluidores;
• possibilitar a detecção e correção de perigos potenciais no que se refere a patógenos; • não ser contaminada em qualquer parte do seu ciclo, por despejos radioativos ou metais pesados provenientes dos laboratórios.
IV.2 - Aspectos teóricos
IV.2.1 - Constituintes Básicos da Água A
água
possui
constituintes
químicos
que
estão
presentes
de
acordo com a composição do solo, tais como: fósforo, flúor, cloro, ferro, manganês, cálcio, magnésio, nitratos, sulfatos, cromatos e fosfatos; sendo diretamente importantes para o crescimento da fauna microbiana, na prevenção da cárie dentária, com características de desinfecção e controle microbiológico.
Outros como o ferro, quando
exposto a altas concentrações de oxigênio, transforma-se na forma férrica, insolúvel e estável, que se precipita dando a água uma cor ferruginosa, causando problemas às instalações hidráulicas. Os
constituintes
indesejáveis
da
água
são
indiscutivelmente
aqueles que são capazes de ter impacto direto sobre a Saúde Pública e para
os
quais
os
valores
padrões
foram
estipulados.
Sistemas
efetivos para remoção destes contaminantes são de uso comum e incluem técnicas tais como: destilação, osmose reversa, cloração, floculação e
decantação,
filtração
em
leitos
de
areia,
adsorção
por
carvão
ativado, troca iônica e filtração ultrafina. Os
problemas
evidentes,
associados
primeiramente,
por
com
constituintes
sua
habilidade
químicos de
causar
tornam-se efeitos
adversos após períodos prolongados de exposição e, em particular são
contaminantes que possuem propriedades tóxicas cumulativas, tais como metais pesados e substâncias carcinogênicas.
Da mesma forma podem na
presença de outros constituintes orgânicos e inorgânicos, formarem subprodutos também perigosos e a avaliação desses não considera o potencial
de
interação
de
cada
substância
com
outros
compostos
presentes. Apesar
da
literatura
mundial
estar
balizada
em
determinados
parâmetros de avaliação da qualidade da água de uso geral, sem aterse em caráter especial à de uso hospitalar, testes básicos devem ser feitos
em
intervalos
regulares
de
acordo
com
a
capacidade
do
abastecimento, estoque da água, periodicidade de manutenção, etc; bem como
testes
aleatórios
que
busquem
a
avaliação
de
possíveis
contaminantes eventuais, mas de qualquer modo perigosos, podendo-se destacar: - arsênio - bário - cromo hexavalente - herbicidas - cianetos - inseticidas - selênio
IV.3 - Recomendações por Normas Técnicas A Organização Mundial de Saúde (1987) expressa os cuidados com a qualidade da água de uso hospitalar quanto as suas características físicas,
químicas
e
biológicas,
uma
vez
que
várias
doenças
importantes podem ser transmitidas por veiculação hídrica destacando-
se: Febre tifóide, paratifóide, as disenterias (amebianas e bacilar), hepatites infecciosas, gastroenterites, esquistossomose e cólera. A
potabilidade
coliformes/100 significa
o
ml. mais
da
água
Pesquisas sensível
e
refere-se
a
freqüentes específico
presença de
modo
de
organismos para
até
04
fecais
assegurar
a
qualidade higiênica da água (Code of Federal Regulations - FDA/USA). Escherichia coli pode ser usada como indicador da poluição fecal ou eficiência de tratamento.
IV.4 - Metodologia empregada para análises laboratoriais As metodologias empregadas para análises laboratoriais envolvem uma padronização de métodos de laboratório de grande importância, visando que a qualidade da água testada seja uniforme em diferentes Laboratórios Nacionais e Internacionais, como as preconizadas pela International Organization for Standardization.
IV.4.1 - Coleta de Amostras As amostras foram coletadas em laboratórios do Campus da Fiocruz em drenos localizados imediatamente após filtragem (figura IV.1), em volumes
de
250
ml,
acondicionadas
em
frascos
de
vidro
neutro
estéreis, mantidos a 4°C, em geladeira, até a realização das provas (prazo máximo 48 horas), seguindo as orientações da NBR 9898 (1987).
Figura IV.1: Esquema básico de Filtragem de Água
IV.4.2 - Testes Químicos Foram realizados testes nas amostras coletadas no Departamento de Saneamento Saúde Ambiental, da Escola Nacional de Saúde Pública Fiocruz, analisando a água utilizada nos diversos setores localizados no Campus da Fiocruz, em especial, os laboratórios de pesquisa e a Unidade hospitalar (Hospital Evandro Chagas). Apesar de ter em consideração a complexidade do experimento, direcionei
o
trabalho,
primeiramente,
para
ensaios
laboratoriais
químicos, por já ter identificado a presença de filtros com resinas de troca iônica nestes setores antes da distribuição pela respectiva Unidade,
o
que
impossibilitaria
biológica expressiva.
a
princípio
uma
contaminação
IV.4.2.1 - Alcalinidade A alcalinidade é causada por sais básicos, em especial o sódio e o
cálcio.
O
sistema
químico
predominante
na
água
natural
é
o
equilíbrio dos íons bicarbonato e carbonato, tendo usualmente maior prevalência o íon bicarbonato.
Apesar da alcalinidade estar sempre
associada a outros constituintes e de não ter nenhum significado sanitário, ainda assim expressa indicações do grau de tratamento da água, pelo balanceamento iônico.
IV.4.2.2 - Dureza Total A
dureza
é
definida
como
a
soma
de
cátions
polivalentes
expressados em uma quantidade equivalente de CaCO3, sendo que os cátions mais comuns são os de cálcio e de magnésio.
Uma importância
particular de dureza elevada é a tendência para o desenvolvimento de incrustação de carbonato de cálcio.
Outro problema é que águas com
níveis pequenos de dureza, em função do pH e oxigênio dissolvido, podem ser corrosivas, atacando principalmente equipamentos.
IV.4.2.3 - Cálcio O
cálcio
é
um
condições naturais.
dos
elementos
mais
freqüentes
na
água
nas
Outro ponto importante é que o corpo humano
necessita de doses diárias de cálcio, nos níveis de 0,7 a 2,0 mg/dia.
IV.4.2.4 - Magnésio O
magnésio
é
um
elemento
comumente encontrado na água.
indispensável
ao
homem
e
também
IV.4.2.5 - Cloretos Em geral concentrações de cloreto de cálcio e cloreto de sódio aparecem na água dissolvidos na forma iônica, sendo indicativos do sabor da água.
IV.4.2.6 - Ferro Total Quando atóxicos
a
(≤0,3
concentração mg/l)
é
férrica
favorável
encontra-se ao
acima
dos
níveis
desenvolvimento
das
ferro-
bactérias, aliada a necessidade humana diária ser também em torno de 0,3
mg/dia.
Quando
a
água
ressalta
o
caráter
ferruginoso,
apresentando concentrações superiores a este valor, proporciona danos sérios às instalações hidráulicas.
IV.4.2.7 - Nitratos O nitrogênio apresenta-se na água em várias formas dependendo do nível de oxidação, entretanto, o nitrato é a forma mais oxidada do nitrogênio, com indicativos de ser o ânion mais estável. concentrações
aparecem
como
indicadores
de
grande
Em altas
contaminação
biológica, propiciando enorme fonte nutritiva a microrganismos.
IV.4.2.8 - Cloro Residual A cloração da água tem sido aplicada em situações de emergência desde 1850, período que corresponde ao término das grandes epidemias (Peste Negra - Europa, Cólera Asiática - Londres, Cólera - Hamburgo, Febre Tifóide - Suíça, etc.). está
intimamente
ligada
ao
A importância da desinfecção da água problema
da
sua
segurança
sanitária,
conseguida através da eliminação dos agentes capazes de produzir as
doenças de veiculação hídrica. no
tratamento
da
água
Dessa forma, o emprego da desinfecção
permitiu
que
se
conseguissem
resultados
excelentes na eficiência do sistema de controle com a eliminação de vários tipos de doenças. Outro ponto é que desinfetantes químicos usados no tratamento da água
resultam
perigosos.
na
formação
de
subprodutos,
alguns
potencialmente
Contudo, o risco à saúde a partir desses subprodutos são
extremamente pequenos em comparação com os riscos associados a uma desinfecção inadequada.
IV.4.3 - Testes Físicos IV.4.3.1 - Cor A água quimicamente pura e isenta de partícula em suspensão reflete uma cor azul.
Essa cor é o resultado da refração da luz
pelas moléculas da água.
IV.4.3.2 - Turbidez A turbidez é provocada pela presença de impurezas orgânicas e inorgânicas
em
suspensão,
suspensão grosseira.
desde
a
fina
dispersão
coloidal
até
As impurezas orgânicas (microrganismos, óleos,
gorduras, etc.) e as impurezas inorgânicas (argila, areias, sílica, etc.), geralmente, são provenientes da erosão dos solos por efeito das
chuvas,
industriais.
da
poluição
das
águas
pelos
esgotos
ou
resíduos
Assim, o grau de turbidez depende da concentração e da
natureza das impurezas, bem como do tamanho destas partículas.
IV.4.3.3 - pH O pH (logaritmo do inverso da concentração de íons hidrogênio) em
abastecimento
de
água
é
significativo
pois
diz
respeito
ao
processo de tratamento da água e pode contribuir para a corrosão das instalações hidráulicas e do sistema de distribuição, adicionando contaminações de ferro, cobre, zinco e cádmio.
IV.4.4 - Testes Microbiológicos Os
patógenos
quando
presentes
na
água,
em
certas
ocasiões,
propiciam o aparecimento de doenças, principalmente as legioneloses (PACHERE, 1993).
Em tais casos, essas doenças se tornam sérias
devido a multiplicação dos microrganismos, sobretudo onde não ocorra atenção especial no tratamento e inspeção da água utilizada. Após a liberação do corpo do seu hospedeiro, os microrganismos, gradualmente, perdem viabilidade e a habilidade de infectar.
A taxa
de decaimento é usualmente exponencial; porém, devido a presença de nutrientes, esses microrganismos podem ter grau infectivo durante o decaimento e, ainda assim, serem importantes veículos de transmissão de doenças.
IV.4.4.1 - Procedimentos Experimentais 1) Material utilizado: - placas de Petri com agar lactosado. - séries de garrafas Roux com 100,0 ml de caldo lactosado. - séries
de
tubos
com 10,0 ml
contendo tubos de Durhan.
de
caldo
verde
brilhante,
2) As amostras das águas a serem testadas foram filtradas em volumes de
100,0
ml,
em
filtros
com
membrana
esterilizante
(0,45µ).
Inoculou-se cada membrana em garrafas Roux contendo caldo lactosado e incubou-se em estufa bacteriológica a 35ºC, durante 48 horas.
3) As que tiveram crescimento bacteriano, inoculou-se 0,1 ml de cada garrafa em tubos com caldo verde brilhante com tubos de Durhan e em placas de Petri com agar lactosado e tornou-se a incubar a 35°C por 24/48 horas, para confirmar em caso (+), a presença de coliformes. Após
48
horas
houve
crescimento
bacteriano
caracterizando a presença de coliformes. se
o
exame
microscópico
(Gram),
com
formação
de
gás,
Para confirmação procedeu-
observando-se
a
presença
de
coliformes (Gram negativo).
IV.5 - Resultados Os resultados das análises químicas, análises físicas e análises microbiológicas estão consolidados nas tabelas IV.1, IV.2 e IV.3, respectivamente.
Tabela IV.1: Resultados das análises químicas Testes
Valores obtidos
Métodos
(mg/l) Alcalinidade a hidróxidos
0
a carbonatos
0
a bicarbonatos
38
determinação direta
Dureza Total
46
determinação direta
Cálcio
8,8
EDTA
Magnésio
5,83
determinação direta
Cloretos
150
Mohr
Ferro total
0,05
ortofenantrolina
Nitratos
2,66
ácido fenoldisulfônico
Cloro residual
0,9
ortotolidina
Tabela IV.2: Resultados das análises físicas Testes Cor Turbidez pH
Valores obtidos
Métodos
13 unidades Hazen
aqua tester
6 unidades Jackson
turbidímetro de Hellige
6,4
potenciométrico
Tabela IV.3: Resultados das análises microbiológicas Testes
Valores obtidos
Métodos
Agar lactosado
+
microbiológico
Caldo lactosado
+
microbiológico
Caldo verde brilhante
+
Gram
(06)
IV.6 - Discussão Os
resultados
indicam
que
a
avaliação
da
água
de
serviço
apresenta aspectos físicos e químicos dentro dos padrões globais; entretanto,
em
nível
microbiológico,
do
limite
apresenta
preconizado
para
uma
indicação
ligeiramente
acima
critérios
de
potabilidade.
Como a característica do hospital do Campus da Fiocruz
não prevê pacientes em estado pós-operatório, não indica portanto perigo iminente de contaminação, mas precisando rever o sistema de filtragem e monitorar a qualidade da água, incluindo pesquisa para identificar a possível presença de Legionella pneumophila (Centers for Disease Control and Prevention, 1992). A eficiência dos filtros na remoção de bactérias varia com a carga
de
bactérias
e
com
um
efetivo
pré-tratamento;
e,
em
determinadas situações, não se pode excluir a desinfecção da água após a filtração. controles
da
Entretanto, hoje a literatura é clara nos diversos
água,
principalmente
em
áreas
hospitalares
com
especialidades médicas de ponta, necessitando testes rotineiros e em pontos escolhidos ao acaso da linha de água e em alguns casos da água de
abastecimento
alterações
da
da
fornecedora,
qualidade
da
água,
para ter-se
que
na
observância
resultados
que
de
possam
auxiliar a manutenção do prédio das ações a serem tomadas.
IV.7 - Recomendações quanto a doenças de veiculação hídrica Com a descoberta em 1977 (McDADE et al.) de um patógeno de veiculação hídrica (Legionella pneumophila), causador de pneumonia, a qual, em certos casos, tem comprometimento direto com a morte em pacientes
em
fase
de
recuperação
operatória;
surgiram
em
alguns
centros
internacionais,
pesquisas
direcionadas
a
avaliação
da
presença, grau de infectividade e modo de controle da água (ATLAS et al. 1995). Haugh e colaboradores (1990), concluíram que 5,3% das amostras estavam
contaminadas
com
L.
pneumophila,
(Dublin
Hospital),
com
contagens variando de 3,0x10² - 2,5x10³ /litro. Outro dado importante foram as pesquisas realizadas por Bollin et al. (1985) e WOO et al. (1986), demonstrando potencial modo de transmissão de L. pneumophila através
de
pulmonar. testes
chuveiros,
humidificadores
e
aparelhos
de
ventilação
Contudo, em circunstâncias especiais, são indispensáveis complementares
legioneloses.
a,
principalmente,
enteroviroses
e
CAPÍTULO V A IMPACTAÇÃO AMBIENTAL PELO ESGOTO
V.1 - Introdução Esse
capítulo
ambiental
está
causada
pelos
direcionado
a
despejos
laboratórios
de
observância
da de
impactação Unidades
de
Saúde, os quais trabalham com vários agentes etiológicos causadores de inúmeras doenças. Os
corpos
características
d'água físicas
e
(rios,
lagos,
químicas
que
lagoas,
influenciam
etc.),
têm
enormemente
o
ambiente aquático, afetando os tipos e número de organismos que aí se
desenvolvem.
Quantidades
adicionais
de
material
orgânico,
nitrogênio e fósforo oriundos das águas de drenagem e de despejos, resultam
num
maior
crescimento
de
fitoplâncton
biomassa, com trocas em organismos presentes.
e
acúmulo
de
Se a quantidade de
material orgânico for bastante elevada, o oxigênio dissolvido pode ser reduzido e causar impacto adicional no balanço da comunidade aquática. A
Lei
Federal
n°
6938
(1981),
que
dispõe
sobre
a
Política
Nacional do Meio Ambiente, discorre sobre poluição como a ″degradação da
qualidade
ambiental″
resultante
de
atividades
que
direta
indiretamente: • prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; • afetem desfavoravelmente a biota; • afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
ou
• lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Tais considerações redundam em sistemas de saneamento que se desenvolvem em função do estabelecimento de prioridades relativas às fontes
de
energia
mais
tratamento de esgoto.
usadas,
dentre
as
quais,
o
sistema
de
A Organização Mundial de Saúde (1987), define
saneamento como o "controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bemestar físico, mental ou social". Os
crescentes
usos
requerem
a
construção
de
sistemas
de
esgotamento maiores e em maior número, observando, principalmente no âmbito
hospitalar,
quantidade
de
o
tratamento
microrganismos
preliminar,
nesses
devido
despejos,
a
evitando
uma que
grande esses
possam servir como veículos que facilitem a transmissão de doenças aos usuários a jusante do corpo receptor. global,
saúde,
saneamento
e
controle
da
Assim, de uma forma poluição
se
relacionam
diretamente. O estabelecimento de um sistema de esgotos adequado para um hospital exige um trabalho cuidadoso de engenharia. de
dimensões
necessárias
das
tubulações
está
A determinação
relacionada
com
a
estimativa da quantidade de águas servidas, estabelecendo dimensões e declividades convenientes para as canalizações.
É essencial que a
aplicação ótima de tais tecnologias seja incorporada dentro de uma infra-estrutura
contemporânea
de
tratamento
maximizar os benefícios de controle ambiental.
de
esgoto,
para
V.2 - Aspectos teóricos
V.2.1 - Constituintes químicos De
uma
forma
geral,
diferentes maneiras.
o
esgoto
pode
ser
caracterizado
de
É sabido que o conteúdo do esgoto determina as
características do manuseio, estabelecendo, também, as metodologias de uso destas. Direciona-se tais testes para determinar a porção volátil de sólidos
devido
a
presença
de
materiais
orgânicos.
Estes
são
fundamentais e muito necessários às características analíticas do esgoto.
Nitrogênio orgânico Fornece
a
matéria
nitrogenada
total
existente
no
líquido,
excetuando a existente em forma de nitrogênio amoniacal, nitritos e nitratos e se transforma em amoníaco por decomposição anaeróbia e em nitritos e nitratos pela aeróbia.
Nitrogênio amoniacal Acusa a quantidade de nitrogênio existente em forma de hidróxido de amônia e sais amoniacais.
Nitrogênio albuminóide É
o
amoníaco
que
se
desprende
quando
se
aquece
o
líquido
residual com uma solução alcalina de permanganato de potássio.
Gás sulfídrico Sua presença no líquido do esgoto indica decomposição anaeróbia. Em grandes quantidades dá odores na estação de tratamento, o que significa demanda química de oxigênio.
Nitritos e nitratos O ensaio de nitritos indica a quantidade e nitrogênio que foi parcialmente oxidado enquanto que o de nitratos mostra o progresso da completa oxidação e estabilidade.
Cloretos Os efluentes hospitalares são mais ricos em cloro. útil
para
determinar
o
período
de
detenção
nos
Sua medida é tanques
de
sedimentação.
Demanda química de oxigênio (DQO) Tem por finalidade avaliar a combustão química úmida de todo o material carbonatado da amostra.
Oxigênio dissolvido O esgoto fresco pode conter uma pequena quantidade de oxigênio dissolvido procedente do abastecimento d'água, mas após tratamento completo, sua presença torna-se uma indicação muito importante da eficiência do mesmo.
A redução para menos de 3 a 5 mg/l pode causar
impactação adversa no ambiente aquático.
Demanda de cloro A cloração de líquidos residuários tem caráter de desinfecção. A
demanda
será
a
diferença
entre
a
quantidade
adicionada
e
o
residual.
Valor do pH É
a
concentração
de
íons
hidrogênio.
oxidado terá um pH de cerca de 7,3.
O
líquido
residuário
Este ensaio é o mais importante
no tratamento do esgoto e indica normas para o estabelecimento de um valor ótimo e bem definido de pH.
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) Misturando-se o oxigênio com um esgoto que contenha bactérias, produzir-se-á a decomposição aeróbia da matéria orgânica instável até que seja atendida a sua necessidade de oxigênio.
A quantidade
de oxigênio absorvido durante este processo (DBO), dá uma indicação importante amostra.
sobre
a
quantidade
de
matéria
Expressa-se na forma diferencial:
dL = − KL dt
onde: L= demanda de oxigênio t= tempo em dias K= constante associada com dias e temperatura
orgânica
contida
na
V.2.2 - Constituintes físicos O esgoto sanitário é composto de 99,9% de água e 0,1% de sólidos em suspensão e em solução, com DBO da ordem de 250 mg/l (VIEIRA, 1993).
Seu tratamento é essencial para a proteção da saúde pública,
e regulamentações seguras devem ser observadas para o lançamento de efluentes líquidos de unidades de serviços de saúde, pois cerca de 50 tipos de infecções podem ser transmitidas (FEACHEM et al., 1988). Os
mecanismos
através
da
biosíntese
biologicamente barreiras envolve
biológicas.
de
de
induzida,
diversos
presença
específicos
envolvidos enzimas,
filtração Assim,
fatores,
substâncias
a
incluem
biodegradação,
acumulação,
biológica
e
precipitação
a
formação
biodegradabilidade
ressaltando-se
químicas,
os
dentre
tipos
de
do
outros:
de
efluente o
pH,
a
microrganismos,
a
concentração de oligoelementos e nutrientes, o teor de sais e a temperatura do efluente (NT-202, 1986).
V.2.3 - Riscos potenciais do esgoto O
vírus
(saliva,
HIV
sêmen,
Entretanto,
tem leite
ANSARI
et
sido
detectado
materno), al.
em
vários
secreções
(1992)
fluidos
cervicais
detectaram
e
sua
corporais em
fezes.
presença
em
efluentes hospitalares através da reação em cadeia por polimerase. Entendo que a transmissão de HIV ocorre através de contato sexual, via parenteral e perinatalmente da mãe para o feto. vírus
patogênicos
infectados servidas
serem (CASSON
que
são
liberados
freqüentemente et
al.,
nas
detectados
1992),
tem
fezes em
levado
E o fato de de
sistemas
indivíduos de
águas
pesquisadores
a
identificar outras fontes de contaminação, como YOLKEN & VISCIDI
(1991), os quais argumentam que os vírus HIV liberados nas fezes podem
ter
um
importante
papel
na
transmissão
a
hospedeiros
que
possam utilizar, sobretudo por ingestão oral, as águas advindas e não
tratadas
ou
mal
tratadas,
contaminadas
por
esses
agentes
infecciosos no despejo do esgoto ″in natura″ ao corpo receptor.
V.3 - Recomendações de Normas Técnicas Realizaram-se várias análises laboratoriais a fim de determinar as características dos líquidos residuários, assim como a qualidade do tratamento, para que se possa drenar à rede coletora dentro dos limites recomendados. Para a determinação da DBO, (DBO5), orientei-me na metodologia padronizada pela FEEMA (MF 439.R1, 1981). Para
a
determinação
da
DQO,
orientei-me
na
metodologia
padronizada pela FEEMA (MF 440.R1, 1981). Em geral, um esgoto sanitário apresenta potencial de risco à saúde da população pela presença de diversos patógenos (tabelas V.1, V.2, V.3 e V.4), uma vez que possuem, em média, concentrações de microrganismos, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (1987), pode-se assim agrupar:
Tabela V.1: Patógenos Helmintos HELMINTOS ANCYLOSTOMA ÁSCARIS ENTEROBIUS FASCÍOLA HYMENOLEPIS NECATOR SCHISTOSSOMA STRONGYLOIDES TAENIA TRICHURIS
NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml ATÉ 10³ ″ ″ ″ ″ ″ ″ ″ ″ ″
Tabela V.2: Patógenos Protozoários PROTOZOÁRIOS BALANTIDIUM ENTAMOEBA GIARDIA
NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml ATÉ 10³ ″ ″
Tabela V.3: Patógenos virais VÍRUS ADENOVÍRUS ENTEROVÍRUS VÍRUS DA HEPATITE A REOVÍRUS ROTAVÍRUS
NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml 10²-104 ″ ″ ″ ″
Tabela V.4: Patógenos bacterianos BACTÉRIAS COLIFORMES SALMONELLA SHIGELLA STREPTOCOCCUS VIBRIO YERSÍNIA
NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml 106-109 101-104 101-104 105-106 103-105 101-102
Fonte: World Health Organization, Technical Report Series, 1987.
V.4 - Avaliação experimental V.4.1 - Coleta de Amostras Procedeu-se a coleta de amostras (representação esquemática figura
V.1)
após
tratamento
e
a
representação
de
outros
pontos
identificam o funcionamento da estação como um todo, dando a idéia do conjunto. amostras,
A metodologia de coleta, preservação e análises de
seguiram
a
indicação
do
″Standard
Methods
for
the
Examination of Water and Wastewater″ (1989).
Figura V.1: Representação
esquemática
do
ponto
de
coleta
de
amostras
O ponto a é o ponto de entrada de esgoto bruto e de recalque do material até o tanque de aeração, que é representado pelo ponto b. As amostras do ponto a devem espelhar as condições do esgoto bruto que chega à estação de tratamento, revelando qual o tipo de afluente a ser tratado. O ponto b, o tanque de aeração, deve fornecer informações a respeito da principal unidade da estação, que é o local onde se
processa
o
consumo
da
matéria
orgânica.
Dados
como
oxigênio
dissolvido, sólidos e pH transmitem o funcionamento do processo, mostrando o grau de eficiência. O ponto 1, que é o ponto escolhido para testes, representa o efluente final depois de passar por todo o tratamento, propiciando a avaliação das condições do resíduo a ser lançado no corpo receptor, indicando a viabilidade do sistema. O ponto c representa o lodo recirculado, onde pode-se verificar de que maneira se opera a estação pela análise das condições do lodo, tais como sedimentalidade, idade do lodo, etc. O risco natural de um esgoto doméstico, face aos microrganismos presentes, é potencializado frente a um esgoto hospitalar, uma vez que outros microrganismos também podem estar presentes no efluente. Para isso, em termos de formas de tratamento, foram levados em conta os seguintes parâmetros: • tipo de doentes internos; • localização do hospital com relação à rede pública de esgotamento sanitário; • múltiplos fins das águas dos corpos receptores.
V.4.2 - Testes O projeto de tratamento de efluentes no hospital Evandro Chagas (Fiocruz), dá-se em duas etapas: 1) Caixa coletora de efluentes: dosagem de cloro (6 a 12 ppm) 2) Acondicionamento do esgoto total da Instituição na estação de tratamento, setorizada no interior do Campus.
O projeto da estação de tratamento de efluentes do Campus da Fundação
Oswaldo
Cruz
(figura
V.2)
visa
atender
às
necessidades
hidráulicas-sanitárias da Instituição que é o centro brasileiro de referência em saúde pública e, como tal, não deve menosprezar o potencial patogênico de seus resíduos, justamente por serem fonte de inúmeras doenças.
Figura V.2: Esquema
do
fluxograma
de
processo de tratamento de
efluentes da Fiocruz.
Foi desprezada a influência de substâncias tóxicas inibidoras do processo biológico de tratamento, oriundas das pias de laboratórios, face
à
pequena
quantidade
lançada
e
a
grande
diluição
final
resultante. O processo de tratamento é uma das variantes do processo de lodos ativados denominada de aeração prolongada, que se caracteriza pelo elevado tempo de detenção no tanque de aeração (superior a 24 h) e um baixo fator de carga que varia de 0,05 a 0,1 Kg de DBO/Kg de
sólidos
suspensos
voláteis.
Variações
na
concentração
da
alimentação vão afetar diretamente os teores de remoção, mas não devem
interferir
na
qualidade
do
efluente
obtido,
que
necessita
apresentar estabilidade de DBO e DQO. Conforme demonstra os dados levantados de dimensionamento da Estação unidades:
de
Tratamento
grade
manual,
(tabela medidor
V.5), de
fazem vazão
de
parte
as
esgoto
seguintes e
de
lodo
recirculado, tanque de aeração, decantador, câmara de contato de cloro, casa de cloração, elevatória de recirculação de lodos, leito de secagem de lodos.
Tabela V.5: Valores característicos da estação de tratamento
Vazões de carga orgânica vazão média
18 l/s
vazão máxima horária
57 l/s
concentração de esgotos
200 mg DBO/l 307 mg DQO/l
carga orgânica média
307 Kg DBO5/dia
Tanque de aeração relação A/M
0,05 Kg DBO5/(Kg SSV x dia)
concentração de SSV
3000 mg/l
tempo de detenção
32 h
volume útil
2048 m³
altura útil
3,5 m
largura x comprimento
17,1 x 34,2 m
Decantador secundário taxa de aplicação de sólidos
2,5 Kg/(m² x h)
quantidade de sólidos
518 Hg SSV/h
área necessária
207,2 m²
diâmetro adotado
17 m
altura periférica
3 m
tempo de detenção
3,3 h
Recirculação de lodos
Índice:
índice volumétrico
100 ml/g
concentração de sólidos
10000 mg/l
A/M - relação alimento/microrganismo
SSV - sólidos suspensos voláteis DBO - demanda bioquímica de oxigênio DQO - demanda química de oxigênio
V.5 - Resultados
V.5.1 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
D1 - D2 DBO (mg/l) =
------------
X
100
⇒ 17 mg/l (média de 3 testes)
p
Índice: DBO5 = quantidade de oxigênio necessária para estabilizar a matéria orgânica
presente
na
amostra,
em
05
dias,
a
20°C
em
condições
aeróbicas. D1 = oxigênio dissolvido na diluição da amostra antes da incubação D2 = oxigênio dissolvido na diluição da amostra após incubação p
= percentagem da amostra na diluição
V.5.2 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)
(B-A) x N x 8000 DQO (mg/l) = -------------------- ⇒ 10 mg/l S
(média de 3 testes)
Índice: B
=
volume
da
solução
de
sulfato
ferroso
amoniacal
gasto
na
de
sulfato
ferroso
amoniacal
gasto
na
titulação do branco A
=
volume
da
solução
titulação da amostra N = normalidade da solução de sulfato ferroso amoniacal S = volume de amostra utilizada
V.6 - Discussão O
incremento
e
controle
de
regulamentos
ambientais
têm,
marcadamente, aumentado o volume gerado de esgoto e a complexidade de requerimentos de disposição.
Está claro que somente estruturas
efetivas de operação para o tratamento de esgoto, usando tecnologias apropriadas, serão adequadas a encontrar os objetivos de qualidade ambientais. Por ser dotada de vários laboratórios de pesquisa em saúde e trabalhando
com
diversos
tipos
de
microrganismos,
concentrei
na
estação de esgotos os testes para uma avaliação global do processo, quer vindo do hospital Evandro Chagas, do laboratório de hanseníase, do
posto
de
saúde
da
Escola
Nacional
de
Saúde
Pública
ou
dos
diversos outros setores de trabalho com pesquisas em: aids, febre amarela, raiva, poliomielite, doença de Chagas, etc. Os resultados obtidos refletem o alto grau de eficiência da estação
de
tratamento,
em
relação a testes realizados no esgoto
bruto (ponto a), girando em torno de 97% (DQO) e 75% (DBO).
Isto
denota
Vale
a
remoção
de
microrganismos
durante
o
processo.
ressaltar que neste caso o controle do lodo ativado é fundamental para que tais índices de eficiência sejam alcançados.
V.7 - Recomendações
para o Tratamento de Efluentes de Unidades de
Saúde Como as características de qualidade de efluentes de unidades de saúde, geralmente, não são aceitáveis para o lançamento direto nos corpos receptores, estes são tratados para corrigir tais diferenças através de parâmetros de controle.
Assim, pode-se utilizar diversas
metodologias
que
pontuais,
mas
sempre
possível
direcionando
para
estações de tratamento de esgoto (ETE).
V.7.1 - Tratamento por desinfecção A desinfecção causa uma destruição seletiva dos microrganismos causadores de doenças.
Para esse tratamento, os procedimentos se
dividem em: agentes físicos, meios mecânicos, radiação e agentes químicos.
V.7.1.1 - Agentes físicos Agentes autoclavação infecciosa
físicos de
grave
geralmente
resíduos é
uma
usados
biológicos
técnica
são de
utilizada
formas
de
pacientes em
pequena
calor. com
A
doença
escala;
a
utilização de água quente em pontos de visita da rede de esgoto, cuja linha provém de setor destacado para tratamento, só é eficaz quando o agente infeccioso são bactérias não esporuladas.
V.7.1.2 - Meios mecânicos Os meios mecânicos de desinfecção de esgoto com os respectivos percentuais de eficácia, segundo WHO (1987), são:
Processo Peneiras finas Peneiras grossas Caixas de areia Decantação
Estes situações
processos de
são,
tratamento,
% de 10 0 10 25
de
alguma
porém,
remoção - 20 - 5 - 25 - 75
maneira,
conforme
denota
úteis o
em
algumas
percentual
de
remoção de DBO, suas utilizações são casuísticas, direcionadas pelo poder
aquisitivo
da
construção
e/ou fazendo parte de um sistema
intermediário mais complexo de ação.
V.7.1.3 - Radiação A utilização de raios gama que são emitidos de isótopos, tais como cobalto 60, prende-se a monitoração intensa para que se evite níveis de materiais radioativos excedendo aos limites especificados (Nuclear Regulatory Commission, USA).
V.7.1.4 - Agentes químicos Utiliza-se fenóis e compostos fenólicos, álcoois, iodo, cloro e seus
compostos,
bromo,
metais
pesados,
compostos
quaternário, peróxido de hidrogênio, álcalis e ácidos.
de
amônio
De todos os
desinfetantes químicos, o cloro é o mais utilizado mundialmente no controle
de
microrganismos
patogênicos
(WATER
RESEARCH
CENTER,
1979). nos
O uso de ozônio na redução de material orgânico e patógenos
efluentes
crescente controle
hospitalares
utilização dos
órgãos
nos
(NG
et
países
sanitários
al.,
1994),
tem
desenvolvidos,
obtido
impelida
uma pelo
e pela diminuição de espaços que
propiciem a elaboração de novas estações de tratamento.
Observei
esta modalidade de tratamento no hospital Rio Mar, localizado na Barra
da
Tijuca,
eficiência
do
com
tecnologia
processo,
da
verificando
residual de 0,15 mg/l.
White no
Martins.
efluente
Constatei
uma
a
concentração
Seguiu o processo e na fase final, após
adição de 16 ppm de O3/l ao efluente, constatou-se após 10 minutos de finalizado o processo, nível zero de concentração residual. de
ser
uma
tecnologia
cara
e
somente
acessível
a
Apesar
poucos,
tal
procedimento não causa dano no local de despejo do efluente, neste caso a Lagoa de Camorim.
V.7.2 - Tratamento para áreas não esgotadas Métodos prescritos para estes fins: - sumidouro Fossa séptica
- valas de infiltração - filtro anaeróbio
Lagoa anaeróbia Lagoa facultativa unicelular Digestor anaeróbio de fluxo ascendente Lagoa aerada Valo de oxidação Tratamento eletrolítico Filtro de bambu
Os dados de cobertura por serviços de saneamento publicados pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES, em seu XIX catálogo nacional - CABES, publicado em Julho/94, mostram dados preocupantes.
Segundo esses dados, somente 38% da população
do país se encontra ligada às redes coletoras de esgoto. Dessa forma, é grande a responsabilidade quanto a destinação dos efluentes hospitalares dessas áreas, necessitando a utilização de tecnologias apropriadas e a proteção ao meio ambiente, impedindo a disseminação de patógenos e a contaminação sistemática do lençol freático.
CAPÍTULO VI LIXO HOSPITALAR
VI.1 - Introdução Propõe eficazes
os
hospitalar.
esse
capítulo
discutir
procedimentos Para
isso,
mecanismos
inerentes
à
trabalhou-se
que
possam
manipulação
em
hospitais
tornar
do
com
lixo
variadas
especialidades como o hospital Lourenço Jorge, o hospital Miguel Couto,
o
hospital
Instituto
Fernandes
Sousa
Aguiar,
Figueira,
o
hospital
avaliando
a
Pedro
rotina
Ernesto
de
e
descarte
o de
resíduos, observando as práticas hospitalares impelidas por mutações e
novas
formas
gerando
de
resíduos
doenças
apresentadas
qualitativamente
e
no
decorrer
dos
tempos,
quantitativamente
mais
perigosos. A aquisição de dados para uma completa avaliação ambiental do lixo
hospitalar,
inclui
análises
químicas,
físicas
e
biológicas.
Devido a sofisticação relativamente aumentada em relação as opções de manipulação e de disposição em níveis ambientalistas aceitáveis, torna-se necessário uma caracterização racional do lixo hospitalar desde sua geração e coleta setorizada, providenciando uma avaliação correta,
o
que
ocasionará
em
direcionamento
seguro
para
estes
resíduos gerados.
VI.2 - Aspectos teóricos e experimentais VI.2.1 - Definição de Resíduos Hospitalares Os vários organismos nacionais e internacionais que vem tratando do assunto apresentam classificações divergentes sobre a definição
destes resíduos.
Segundo algumas Instituições Internacionais, tais
como: Environmental Protection Agency (EPA) e Centers for Disease Control
(CDC),
infeccioso
os
são
termos
lixo
freqüentemente
hospitalar, usados
lixo
médico
e
inapropriadamente
lixo como
sinônimos. Lixo hospitalar refere-se a todo lixo sólido, biológico ou não biológico, que é descartado e não intencionado para uso suplementar, como o lixo administrativo, o lixo orgânico e o lixo médico.
Lixo
médico refere-se a materiais gerados como resultado do diagnóstico de pacientes, tratamento ou imunização e lixo infeccioso refere-se a porção do lixo médico que pode transmitir uma doença infecciosa, como o lixo microbiológico. É importante ressaltar que apesar do lixo infeccioso ser capaz de
produzir
doenças
infecciosas,
esta
constatação
requer
considerações dos fatores necessários para a indução de doenças, as quais incluem dose, susceptibilidade do hospedeiro, presença de um patógeno, e este patógeno deve possuir uma virulência suficiente e também quantidade suficiente para causar uma doença infecciosa. contudo
deixar
de
admitir
o
perigo
deste
material,
não
se
Sem deve
deixar de observar em que condições este lixo será manuseado. Quando examinando a designação do lixo como infeccioso pelos procedimentos operativos do CDC e da EPA, emergem pontos de vista que em prática requerem em muito o bom senso dos estabelecimentos hospitalares, para bem direcionar as atividades inerentes à esta manipulação. Outro
ponto
sempre
questionável
e
discutido
por
vários
pesquisadores é saber: Todo o resíduo produzido em serviços de saúde
é perigoso ou nocivo?
"Resíduo perigoso" são resíduos que devido a
sua quantidade, concentração ou característica física, química ou infecciosa, possam:
• Causar
ou
contribuir
significativamente
para
um
aumento
na
mortalidade, ou causar doenças irreversíveis ou incapacitantes; • Constituir pública
perigo
ou
ao
presente,
meio
substancial
ambiente,
quando
ou
potencial
inadequadamente
à
saúde
tratado,
estocado, transportado ou descartado, ou de outra manipulado.
O caráter "nocivo" está descartado, baseando-se em dados da literatura que afirmam que a parte infecciosa do lixo hospitalar curiosamente não é expressiva, somente 15% (RUTALA, 1992).
VI.2.2 - Tipos de Resíduos Hospitalares A conceituação dos resíduos hospitalares induz a busca de uma diretriz que acarrete em um correto gerenciamento e, sobretudo, para que as portarias, normas e decretos advindos destas interpretações estabeleçam avaliação
coerência
dos
efeitos
na
legislação.
de
um
programa
Um de
componente
chave
gerenciamento
do
na lixo
hospitalar é identificar os tipos e a quantidade de lixo produzido por paciente. A taxa média de geração do lixo hospitalar é função do número de leitos.
Dados da literatura indicam que pacientes hospitalizados
geram em torno de 7 kg/dia (RUTALA & MAYHALL, 1992).
Enquanto
hospitais
resíduos
são
considerados
os
geradores
principais
de
devido ao grande volume por eles produzidos, representam somente uma
parcela de geradores. como:
clínicas
médicas, proporções
Há outros significativos contribuidores, tais
veterinárias,
laboratórios desprezíveis
de no
clínicas
patologia contexto
odontológicas,
clínica, global
farmácias mas
clínicas e,
em
importantes
no
descarte seguro, os diabéticos que fazem uso sistemático de seringas na aplicação de insulina e os usuários de drogas injetáveis (gráfico VI.1).
Gráfico VI.1: Percentual de Resíduos Médicos / Estabelecimentos
farmácias lab. patologia clínica clínicas médicas clínicas odontológicas clínicas veterinárias hospitais 0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Fonte: RUTALA & WEBER, 1991. Sendo os procedimentos médicos mundialmente idênticos, os dados obtidos por RUTALA & WEBER (1991) servem de balizadores para os profissionais rejeitos.
É
que
gerenciam
importante
que
a
manipulação os
resíduos
e
disposição
gerados
por
destes
clínicas,
laboratórios e farmácias também obedeçam aos critérios que norteiam os
resíduos
hospitalares,
levando
em
conta
o
tipo,
contaminação, a segurança na disposição final, etc.
o
grau
de
Para que isso
aconteça, torna-se de grande valia o esclarecimento dessa faixa da população que faz uso deste material potencialmente perigoso, dos procedimentos
de
descarte,
através
de
campanhas
discussões em vários segmentos da sociedade.
esclarecedoras
e
VI.2.3 - Composição dos Resíduos Hospitalares Para seleção e um método mais eficiente de tratamento do lixo hospitalar, a análise de composição dos resíduos hospitalares é uma informação fundamental. O lixo hospitalar (gráfico VI.2) é constituído por uma mistura heterogênea (LI & JENQ, 1993), composto de plástico (≅14% do peso), sólidos celulósicos secos (≅46% do peso), sólidos celulósicos úmidos (≅19% do peso) e não-combustíveis (≅21% do peso).
Gráfico VI.2: Percentual de Composição dos Resíduos Hospitalares.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Fonte: LI & JENQ, 1993. A
taxa
quantitativos
de
geração
depende,
dos
resíduos
evidentemente,
do
hospitalares número
de
em
termos
leitos,
das
especialidades médicas, como também do número de leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI); contudo, a composição dos resíduos mantém esta proporcionalidade. A parte do lixo combustível é constituída por: papel, materiais têxteis, papelão, galhos de árvore, folhas, restos alimentares e
plásticos.
A parte do lixo não-combustível compõe-se basicamente de
metal e vidro.
VI.2.4 - Manipulação dos Resíduos Hospitalares
VI.2.4.1 - Qualidade Microbiológica do Lixo Hospitalar Na
manipulação
com
resíduos
hospitalares,
pode-se
facilmente
enontrar microrganismos cujo o habitat natural seja o solo ou a água (Pseudomonas
sp
e
Bacillus
sp),
assim
como
microrganismos
oportunistas pertencentes à flora do homem ou de animais, como as bactérias
do
grupo
coliforme
(Escherichia
coli,
Klebsiella
sp,
Enterobacter sp), Proteus sp, Staphylococcus sp, Streptococcus sp e Candida sp. Vários estudos têm quantitativamente e qualitativamente avaliado o
conteúdo
microbiológico
do
lixo
hospitalar,
correlacionando
a
presença de microrganismos nestes com a flora normal humana (tabela VI.1).
BLOCK & NETHERTON (1988), investigaram a possibilidade de
sobrevivência de patógenos em experimentos com amostras coletadas no lixo e apesar das condições adversas para a manutenção do potencial infectivo destes microrganismos, estes sobreviveram em média de 5 a 8 dias, sem que se disseminassem para os rejeitos que se encontravam próximos.
MOSE & REINTHALER (1985), encontraram maior variedade de
espécies bacterianas em resíduos hospitalares.
Tabela VI.1: Microrganismos
encontrados
no
lixo
hospitalar
e
percentual médio encontrado na flora normal humana.
I 100%
-
III 80%
Klebsiella
80%
-
80%
-
Enterobacter
80%
-
80%
80%
Proteus
80%
-
80%
80%
Pseudomonas sp
20%
-
80%
1%
Bacillus sp
100%
-
-
-
Streptococcus sp
100%
100%
80%
-
80%
100%
80%
Escherichia coli
Staphylococcus sp
II
Fontes: SOBSEY et al., 1975; ENVIRONMENTAL
IV 20%
100%
PROTECTION AGENCY, 1986;
BRENNIMAN & ALLEN, 1993; HARDING & GREEN, 1993. (I)
trato intestinal
(III) trato genital
(II) trato respiratório
(IV)
pele
VI.3 - Recomendações de Normas Técnicas O
princípio
fundamental
para
que
se
possa
legislar
sobre
resíduos em serviços de saúde é o estabelecimento de balizadores que identifiquem Instituição
propósitos de
Saúde
de
que
ação,
gera
e
que
resíduos
segundo
a
infectantes,
EPA,
"Toda
químicos
ou
radioativos, tem a obrigação moral e legal de dispor destes resíduos de forma que se constituam no menor risco ao meio ambiente e à saúde pública" (Environmental Protection Agency, 1989). A Associação Brasileira de Normas Técnicas através da Norma Técnica Brasileira (NBR 12808 - Resíduos de serviços de saúde Janeiro de 1993) classifica os resíduos de serviços de saúde de hospitais que atuam no país quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.
As Normas do CDC consideram cinco tipos de resíduos hospitalares como
infectantes:
material
microbiológico,
material
patológico,
carcaças de animais infectados, sangue e material pérfuro-cortante. A
EPA
inclui
ainda
todo
o
resíduo
proveniente
de
pacientes
com
doenças transmissíveis e que estejam em isolamento. O
Conselho
Nacional
do
Meio
Ambiente
-
CONAMA,
através
da
Resolução nº 5 de 5 de Agosto de 1993, definiu procedimentos mínimos para o gerenciamento dos resíduos sólidos, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Conforme a NBR nº 10.004 (1987) da Associação Brasileira de Normas
Técnicas
definição: de
-
ABNT,
os resíduos sólidos obedecem a seguinte
"Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam
atividades
da
comunidade
de
origem:
industrial,
doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.″ incluídos
nesta
definição
o
lodo
proveniente
de
Ficam
sistemas
de
tratamento de água, o lodo de estações de tratamento de esgoto, resíduos
gerados
em
equipamentos
e
instalações
de
controle
de
poluição. Utilizando
a
NBR
12808
(ABNT,
1993),
os
resíduos
sólidos
hospitalares assim são agrupados:
Grupo A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido a presença de agentes biológicos. Enquadram-se nesse grupo: Sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos,
fetos
e
peças
contaminada;
anatômicas;
resíduos
filtros
advindos
de
de
gases
área
de
aspirados
de
isolamento;
área
restos
alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte; objetos perfurantes ou
cortantes,
capazes
de
causar
punctura
ou
corte,
tais
como:
lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados, etc.
Grupo B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido as suas características químicas. Enquadram-se nesse grupo: a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados; b)
resíduos
farmacêuticos
(medicamentos
vencidos,
contaminados,
interditados ou não-utilizados); c) produtos perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, inflamáveis e reativos).
Grupo C: rejeitos radioativos. Enquadram-se nesse grupo: Materiais provenientes
radioativos de
ou
laboratórios
nuclear e radioterapia.
Grupo D: resíduos comuns.
contaminados de
análises
com
radionuclídeos,
clínicas
de
medicina
VI.4 - Avaliações práticas de acompanhamento em hospitais
do
Rio
de Janeiro Para
o
desenvolvimento
prático
deste
tópico
foram
feitas
inspeções em horários alternados, durante três meses, no hospital Universitário Pedro Ernesto, hospital Souza Aguiar, hospital Miguel Couto,
hospital
Lourenço
Figueira/Fiocruz, críticas,
Jorge
observando-se
a
e
coleta
Instituto dos
Fernandes
resíduos
nas
áreas
não-críticas e semi-críticas dos hospitais pesquisados,
atentando para o grau de risco dos resíduos gerados, para que se tenha
como
repercutindo
decorrência em
uma
facilidades
operacionalização para
segura de
e
as
aplicações
de
operacionalização
eficaz,
técnicas
de
tratamento e destinação final. Em
geral,
o
processamento
do
lixo
hospitalar, segundo BAILEY (1986), redunda nos seguintes passos: • identificação
do
lixo
infeccioso
e
separação
do
lixo
comum,
preferivelmente na fonte de geração; • acondicionamento e manuseio apropriado; • transporte e área de estocagem adequada até disposição final. De um modo geral esses foram os balizadores paras as observações de campo.
VI.5 - Resultados A tabela VI.2 reflete o consolidado das observações realizadas nos hospitais pesquisados.
Tabela VI.2: Resultado dos procedimentos de coleta e tratamento do lixo hospitalar HOSPITAIS Procedimentos
HLJ
IFF
SA
MC
HUPE
Incineração
sim
não
sim
não
não
Esterilização
não
sim
sim
sim
não
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
sim
não
sim
sim
sim
sim
não
a vapor Esterilização a gás Inativação térmica Desinfecção química Irradiação
índice: HLJ
- Hospital Lourenço Jorge
IFF
- Instituto Fernandes Figueira
SA
- Hospital Souza Aguiar
MC
- Hospital Miguel Couto
HUPE - Hospital Universitário Pedro Ernesto
A manipulação dos rejeitos dá-se de forma adequada através de uma
identificação
específica
da
parte
infecciosa,
sendo
estes
resíduos administrados de forma globalizada, tendo no propósito de gerenciamento o direcionamento para uma redução de custos e eficácia no tratamento. Dessa
forma,
apesar
dos
graves
problemas
encontrados
nos
hospitais da rede pública, sobretudo na questão financeira que tanto penaliza a gerência hospitalar, emerge com qualidade e competência uma diretriz que visa, dentre outros pontos, as seguintes intenções:
• identificar as áreas produtoras de lixo infeccioso; • dar tratamento seguro a este material; • considerar as outras áreas como produtoras de lixo doméstico; • ter
um
programa
de
coleta
seletiva
dos
outros
resíduos
não
considerados infecciosos, com fins a reciclagem (papel, plástico, metal,
vidro);
proporcionando,
principalmente,
uma
redução
considerável no volume do lixo gerado.
VI.5 - Discussão No
Município
do
Rio
de
Janeiro,
encontra-se
em
fase
de
implantação gradativa nos hospitais de sua rede e, já implantado no hospital Lourenço Jorge, hospital Souza Aguiar e o hospital Miguel Couto, a coleta setorizada do lixo hospitalar, com base nas recentes discussões
propiciadas
pela
literatura.
Têm-se
procedimentos
semelhantes no Instituto Fernandes Figueira. Após
a
coleta
seletiva
dos
resíduos,
a
parte
infecciosa
acondiciona-se em contêineres especiais, mas por falta de infraestrutura não ocorre nenhum tratamento, sendo estes resíduos levados em caminhões coletores da Comlurb para a disposição em depósito de lixo do Município do Rio de Janeiro, localizado no Jardim Gramacho, o qual não possui nenhuma condição de operar, já que não é um aterro sanitário e sim um vazadouro a céu aberto.
Apesar dos resíduos
serem colocados em vala isolada, ainda assim é bastante questionável essa
manipulação.
A
remoção dos rejeitos do hospital Fernandes
Figueira é terceirizada, porém a disposição final também se dá no vazadouro da Comlurb.
VI.7 - Recomendações para o Gerenciamento do Lixo Hospitalar O gerenciamento do lixo hospitalar pode ser eficiente com custos efetivamente reduzidos no contexto global, através de um programa seletivo, baseando-se nos seguintes passos (PETTS, 1994): • identificação
do
lixo
infeccioso
com
separação
do
lixo
geral,
preferivelmente na fonte; • acondicionamento
e
manipulação
em
condições
apropriadas,
para
controle do perigo que este lixo representa;(*) • tratamento; • transporte para estocagem temporária em área adequada; • disposição final.
(*) Acondicionamento próprio do lixo infeccioso até sua destruição ou disposição é o elemento crucial do programa de gerenciamento, para prevenir contaminação de pessoas ou o ambiente.
Assim, é de se esperar que no fluxo operacional hospitalar, as áreas
de
risco
sejam
identificadas,
tendo
como
base
as
classificações utilizadas por Normas Técnicas Brasileiras (ABNT) e FEEMA
(Nacionais)
e/ou
Instituições
afins,
como
CDC
e
EPA
(Internacionais), tendendo, assim, dispender maiores recursos nesse gerenciamento, como também atacar com qualidade a parte realmente problemática do lixo hospitalar (tabela VI.2).
Tabela VI.2: Resíduos Hospitalares descarte/tratamento.
e
Métodos
Fonte / tipo de resíduo médico Resíduo Método de Infectante¹ descarte / tratamento¹
recomendados
Resíduo Infectante²
de
Método de descarte / tratamento²
microbiológico
SIM
E, I
SIM
E, I, IT, Q
sangue/derivados
SIM
E, I, ES
SIM
E, I, ES, Q
patológico
SIM
I
SIM
I, EIT, CS
pérfuro-cortantes
SIM
E, I
SIM
E, I
doenças em isolamento
NÃO
-
SIM
E, I
carcaças contaminadas,
SIM
E, I
SIM
I, EIT
NÃO
-
opcional
se considerado RI
autópsia e cirurgia
NÃO
-
opcional
se considerado RI
unidade de diálise
NÃO
-
opcional
se considerado RI
equipamentos contaminados
NÃO
-
opcional
se considerado
partes de corpo contaminados de laboratório
RI
Fonte: RUTALA & MAYHALL, 1992. índice: I E Q ES IT CS RI EIT
-
incineração esterilização a vapor desinfecção química esgoto sanitário inativação térmica cremação ou sepultamento resíduo infectante esterilização a vapor com incineração ou trituração
(1) CDC - Centers for Disease Control (2) EPA - Environmental Protection Agency
VI.7.1 - Formas de Tratamento Atualmente, a literatura mundial reconhece as seguintes formas de tratamento dos rejeitos hospitalares: • incineração • esterilização a vapor
• esterilização a gás • inativação térmica • desinfecção química • irradiação
VI.7.1.1 - Incineração A
incineração
combustíveis
em
é
um
resíduos
processo inertes,
de
transformação
por
meio
de
de
queimas
resíduos em
altas
temperaturas e sob condições controladas. A incineração do lixo hospitalar é entendida como tendo muitas vantagens.
Altas temperaturas são capazes de destruir compostos
infecciosos. pode
ser
Uma redução significante do volume (cerca de 90%),
alcançada.
Os
custos
com
disposição
são
grandemente
reduzidos, uma vez que o lixo residual não precisa ser disposto em aterro
especializado.
Poucos
pré-requisitos
são
requeridos,
em
relação a outros métodos de tratamento. Porém, ocorre uma preocupação marcante acerca das emissões do incinerador que queima o lixo hospitalar, se essas emissões podem conter
microrganismos
ou
substâncias
tóxicas.
A
observação
com
emissões do incinerador revelam a presença de altos níveis de metais tóxicos, como por exemplo: cádmio (Cd), cromo hexavalente (Cr+6), chumbo (Pb), mercúrio (Hg), policlorada dibenzo-p-dioxina (PCDD) e policlorado dibenzofurano (PCDF) (VOGG et al., 1987).
Esses gases
devem passar por um filtro eletrostático e serem condensados, e o líquido
produzido
neutralização. ou
cloro
não
por
essa
condensação
passar
por
tratamento
de
Entretanto, a completa eliminação de todos os metais é
considerado
possível,
mas
os
administradores
hospitalares podem eliminar a aquisição de produtos contendo cloro e outros
metais
e
melhorar
as
práticas
de
segregação
do
lixo,
induzindo, assim, a redução dos problemas do lixo como um todo. Os incineradores atualmente disponíveis podem ser agrupados em três categorias: • Sistema modular de ar rarefeito; • Sistema modular de excesso de ar; • Fornos rotatórios.
O tamanho dos incineradores varia de 45 Kg/h a 3600 Kg/h.
O
mecanismo básico de funcionamento dá-se em uma câmara primária de combustão que opera a uma temperatura entre 760°C e 982°C e câmara secundária de combustão que opera a uma temperatura acima de 1093°C em condições de excesso de ar.
O ar adicional permite minimizar a
formação dos produtos de combustão incompleta (PCI), gerados como resultado do alto conteúdo de plásticos nos resíduos dos Serviços de Saúde.
O tempo de retenção para gases nesta câmara deverá ser de
0,5 a 2 segundos e a sobrecarga deverá ser evitada para impedir a formação dos PCI’s. através
de
testes
A EPA recomenda ainda a monitoração biológica pela
semeadura
no
lixo
a
ser
incinerado
de
Bacillus subtillis variedade niger. Para a incineração, também torna-se importante a caracterização físico-química dos resíduos hospitalares:
Poder Calorífico O
Poder
Calorífico
tem
especial
importância
na
operação
de
incineradores, os quais visam, também, a recuperação do calor gerado durante a incineração dos resíduos (anexo II).
Umidade O
teor
de
umidade
dos
resíduos
sólidos
são
constituídos,
principalmente, pela quantidade de matéria orgânica neles presente; assim, esse teor médio encontra-se na faixa de 50% a 60%.
Como, por
exemplo, os resíduos oriundos da maternidade e centro cirúrgico, devido a grande concentração de matéria orgânica, em especial, a placenta, sangue e tecidos humanos.
Teor de Carbono O
teor
de
carbono
está
relacionado
com
o
valor
do
poder
calorífico e dos sólidos voláteis, evidenciando também o teor de matéria orgânica. carbono
A determinação mais expressiva da concentração de
encontra-se
nas
amostras
provenientes
da
maternidade,
situando-se na faixa de 30%.
Teor de Hidrogênio O
teor
de
hidrogênio
encontrado
encontra-se na faixa de 2,5% a 5,0%.
nos
resíduos
hospitalares,
Esse valor está relacionado
com a quantidade de matéria orgânica, ressaltando a quantidade de material plástico presente.
Sólidos Voláteis O teor de sólidos voláteis indica de que maneira os resíduos hospitalares podem ser reduzidos em relação ao peso e ao volume, devido
a
grande
volatilizados.
quantidade
Dentre
os
de
compostos
materiais
que
combustíveis,
possam
ser
destacam-se
o
papel, o plástico, o papelão e a gaze.
VI.7.1.2 - Esterilização a Vapor - Autoclavagem Consiste no tratamento do resíduo infectante com vapor saturado a
uma
temperatura
comprovada
de
121°C,
sob
pressão.
A
autoclavagem
é
de
eficácia na esterilização de instrumentais cirúrgicos,
campos cirúrgicos e resíduos de laboratório de patologia clínica, principalmente microbiológicos.
Os materiais a serem autoclavados
devem ser coletados em sacos plásticos, colocados em contêineres de aço ou polipropileno e introduzidos na autoclave. carga
e
o
material
contido
no
contêiner
O tamanho da
afetarão
o
período
necessário para o material do resíduo alcançar a temperatura ideal para a esterilização.
Em geral, as condições recomendadas para a
esterilização são de 45 minutos. Recomenda-se a esterilização a vapor dos resíduos oriundos de isolamento, sangue e derivados pérfuro-cortantes contaminados. Alguns problemas inerentes à esterilização por vapor devem ser analisados.
O primeiro diz respeito a composição variada do resíduo
infectante. temperatura
Alguns que
materiais
outros;
isto
requerem
porque
mais
alguns
tempo
resíduos
e
maior
têm
maior
capacidade de aquecimento e menor condutividade de calor que outros. Alguns
são
úmidos,
outros
secos;
alguns
são
ácidos,
outros
alcalinos.
Isso torna a operação mais difícil.
Será preciso então
padronizar as cargas. Outro problema seria a conteinirização do resíduo para evitar o derrame; com isso o ar ficaria retido no contêiner, impedindo a penetração
do
vapor;
portanto,
o
conteúdo
seria
submetido
à
esterilização ao calor seco ao invés de vapor, necessitando maior tempo de exposição e aumento de temperatura.
Assim, o aumento de
temperatura e a duplicação ou triplicação do tempo de exposição pode resolver
este
problema.
Alguns
fabricantes
de
esterilizadores
recomendam para estes casos, o uso de 132°C, 28 a 30 atmosferas de pressão de vapor, ao invés de 121°C e 15 atmosferas de pressão de vapor, que são normalmente utilizadas em autoclaves de laboratório. Uma forma de se contornar o problema é adicionar água ao conteúdo dos
contêineres,
o
que
produziria um vapor internamente.
Outra
forma é abrir o contêiner antes da esterilização ou puncionar os sacos plásticos para permitir a penetração do vapor e retirar o ar do interior. A esterilização a vapor, embora efetiva e de baixo custo, tem limitações.
Não é ideal para todos os resíduos hospitalares, tais
como os da quimioterapia, os quais não são destruídos, ou químicos voláteis
que
autoclave. corporais
seriam
vaporizados
e
disseminados
pelo
vapor
da
Não se presta também para grandes quantidades de fluidos e
outros
líquidos,
demoram muito a aquecer.
ou carcaças de grandes animais que
Finalmente, a esterilização a vapor não
reduz o volume do resíduo ou modifica sua aparência externa, como ocorre com outros métodos.
Para
operar
uma
autoclave,
com
o
máximo
de
eficácia,
as
• Todo excesso de ar deve ser removido da câmara principal.
A
seguintes considerações devem ser observadas:
presença de ar dilui o vapor e diminui a penetração do resíduo. Dessa forma, todas as tampas de frascos devem ser desapertadas antes
de
serem
colocadas
em
autoclave
e
todos
os
pacotes
resistentes ao calor abertos. • Os
tipos
de
resíduos
específicos. pelo
vapor
recomendados
para
a
autoclavação
são
Resíduo de baixa densidade é facilmente penetrado e
requer
um
curto
período
de
residência.
Partes
corporais, entretanto, não são facilmente penetradas e necessitam de um tempo de residência prolongado. • O operador deve estar familiarizado com os resíduos específicos e as
limitações
operacionais
da
autoclave
tratamento efetivo de todos os resíduos.
para
assegurar
o
A monitoração periódica
do equipamento e do resíduo tratado é essencial para o efetivo controle de qualidade. ser
monitorados
a
Válvulas de pressão e termômetros devem cada
ciclo
de
tratamento
e
qualquer
peculiaridade registrada.
VI.7.1.3 - Esterilização a Gás É o processo de tratamento onde os resíduos são esterilizados por um produto químico vaporizado numa câmara selada.
Em geral, são
utilizados o óxido de etileno e o formaldeído. Embora
o
maior
uso
desses
gases
seja
na
esterilização
e
descontaminação de instrumentos cirúrgicos no hospital, podem também ser utilizados na esterilização de resíduos.
Porém, a desvantagem
de utilização deste processo em grande escala é o alto custo de suas instalações e o alto risco de exposição dos operadores, devido ao grau carcinogênico destes gases. A EPA não recomenda o uso em larga escala. sua
utilização
apenas
descontaminação potencialmente
de
como
método
instrumentos
de
Recomenda apenas a
tratamento
cirúrgicos
e
para
a
acessórios
contaminados, ou ainda, acessórios ou equipamentos
que não possam sofrer a ação do calor para a sua esterilização.
VI.7.1.4 - Inativação Térmica Inativação térmica ou esterilização a calor seco é o processo pelo qual os resíduos infectantes são esterilizados pela exposição ao
calor.
A
ausência
de
vapor
protege
o
material
cortante
e
pontiagudo e outros materiais sensíveis ao vapor da corrosão durante o processo.
Os materiais que devem ser esterilizados utilizando
esta metodologia são os instrumentos cirúrgicos de cortes, óleos, pós e gordura. A inativação térmica é usada tanto para resíduos sólidos quanto para
líquidos
e,
em
geral,
a
sua
resíduos líquidos de grande volume.
maior
utilização
dá-se
para
Entretanto, a sua utilização
para resíduos sólidos prevê uma monitoração severa, uma vez que a esterilização ao calor seco é menos eficiente que a esterilização a vapor, pois não tem a vantagem de penetração de vapor no resíduo.
VI.7.1.5 - Desinfecção Química É
a inativação do resíduo pela adição de quantidades limitadas
de produtos químicos (percloreto de sódio, peróxido de hidrogênio,
quaternários
de
amônia,
desinfetante químico.
cetonas)
ou
pela
imersão
do
resíduo
em
O resíduo gerado é inicialmente triturado
para assegurar maior poder de penetração do agente químico, o qual tem
a
finalidade
principal
de
desintegrar
destruindo assim os contaminantes.
o
material
orgânico,
Durante o processo de trituração
uma solução de hipoclorito de sódio a 5% deve ser aspergida sobre o resíduo.
Os líquidos resultantes são lançados em rede pública e o
resíduo sólido é então coletado e descartado como não infectante em aterro sanitário.
VI.7.1.6 - Irradiação É o processo de esterilização do resíduo através da irradiação ionizante de uma fonte, como por exemplo, o cobalto 60 para destruir agentes infecciosos.
As principais formas de irradiação possíveis
de utilização são: as irradiações gama, irradiação ultravioleta e irradiação infravermelha.
A irradiação infravermelha e ultravioleta
tem
resíduos
pouca
utilidade
nos
poder de penetração. devido
a
pouca
hospitalares
devido
ao
pequeno
Já a irradiação gama tem emprego significante
demanda
de
eletricidade
e
o
não
aquecimento
do
material irradiado. Para
controle,
a
monitoração
segundo
a
EPA,
deve
ser
feita
quinzenalmente pela semeadura de esporos de Bacillus pumilus, no material a ser irradiado.
VI.7.2 - Riscos
operacionais
no
trato
com
resíduos
hospitalares
As emissões do Incinerador Pesquisas
laboratoriais
sobre
combustão
de
polietileno
polipropileno e polivinil têm indicado emissões de partículas de monóxido
de
clorídrico
carbono, e
a
etano,
etileno,
incineração
de
contaminantes como PCDD e PCDF.
propano,
plásticos
propileno
revela
e
também
ácido outros
EKLUND et al. (1986, 1987, 1988)
encontraram que é suficiente combinar fontes de carbono variadas, tais como, fenol, propano e metano com oxigênio e HCl entre 400°C a 950°C para sintetizar compostos clorados, incluindo PCDDs e PCDFs. Os produtos perigosos que poderiam estar presentes nas emissões de
um
incinerador
incluem
o ácido clorídrico (HCl), monóxido de
carbono (CO), óxido de nitrogênio (NO), dióxido de enxofre (SO2), polibifenilas
cloradas
(PCB’s),
dioxinas,
furanos
e
particulados
incluindo compostos de mercúrio, arsênico, cádmio e cromo. não
é
somente
incineradores poluição, coleção
e
tais
tóxico,
necessitam como
mas
altamente
do
complemento
escovadores
precipitadores
corrosivo; de
para
equipamentos
O HCl tanto, anti-
úmidos de ar, sistemas secos de
eletrostáticos.
Após
tratamento,
esses
gases são condensados e o líquido produzido por essa condensação passa por tratamento para neutralização da poluição.
Além disso, as
chaminés devem ter pelo menos 100 metros de altura, facilitando a dispersão dos gases. A EPA afirma que ″está comprovada uma ligação entre as dioxinas e
o
câncer″.
A
ligação
foi
provada
com
testes
em
cobaias
de
laboratório,
cujas
reações
orgânicas
àquelas verificadas em seres humanos.
à
poluição
são
semelhantes
A dioxina pode causar câncer
quando entra em uma célula, alterando seu código genético. começa
a
se
reproduzir
de
forma
errada
causando
a
A célula
doença.
A
contaminação se dá, basicamente, através da cadeia alimentar, quando a substância cai em um alimento depois consumido pelo homem. A NBR 11175 de Julho de 1990 (Incineração de resíduos sólidos perigosos - Padrões de desempenho), fixa parâmetros nacionais para a observância de procedimentos operativos de incineração, ressaltando o controle ambiental (anexo III). Vários passos para minimizar os riscos com a incineração dos resíduos
hospitalares
podem
ser
utilizados,
como
os
descritos
a
seguir: Reduzir a colocação de metais no incinerador (*) e indicar a esterilização por autoclavação e disposição em local apropriado de um aterro sanitário. (*) Materiais metálicos (bisturis, agulhas, etc.) esterilizados, seguidos
por
trituração
ou
solidificação
e
disposição
em
aterro
sanitário, podem reduzir emissões de Cr+6 a níveis desprezíveis.
Introduzir um programa de segregação estrita, tal como eliminar o uso
de
lixos
gerais
no
incinerador
e
requerer
dos
responsáveis
químicos das firmas fornecedoras de materiais hospitalares, que os produtos
destinados
a
área
cádmio (Cd) ou cromo (Cr).
infecciosa
não
contenham
chumbo(Pb),
Reduzir
a
dependência
simultaneamente
emissões
desenvolvimento
de
sobre
de
plásticos
HCl,
substituto
o
para
que
clorados,
também
materiais
a
reduzindo
pode
incluir
o
base
de
e
PVC
polietileno.
Implementar
o
treinamento
do
operador,
melhorando
como
conseqüência o limite da possibilidade da formação de PCDD e PCDF na combustão.
Cloro e Cloretos É importante o conhecimento das quantidades de cloro e cloretos presentes
nos
qualidade
do
resíduos ar,
uma
hospitalares, vez
que
estes
para em
controle processos
ambiental
da
incinerativos
transformam-se em ácido clorídrico (HCl), e em grandes quantidades (geralmente acima dos 3%), são responsáveis diretos pela formação de chuva ácida.
Teor de Enxofre O enxofre presente nos resíduos hospitalares não deve assumir valores maiores de 2%, porque do ponto de vista ambiental, se este material for incinerado, a partir desta concentração adquire caráter tóxico.
Todavia o valor médio encontrado é de 0,5% (VELZY et al.,
1990). Nas análises particularizadas dos resíduos das diversas áreas hospitalares, o lixo obtido do setor de ortopedia foi o que mais contribuiu em enxofre, relação esta associada a grande quantidade de gesso nele presente.
VI.7.3 - Destinação Final A avaliação do impacto ambiental constitui no primeiro e mais crucial estágio decisório, uma vez que o sistema de disposição final é um conjunto de unidades, processos e procedimentos que visam o lançamento de rejeitos ao solo, garantindo-se a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Nos últimos anos a inquietação pública sobre a disposição do lixo hospitalar tem marcadamente aumentado.
O incremento do medo
público sobre o lixo hospitalar é potencializado devido aos riscos hipotéticos
destes
rejeitos
na
transmissão
do
vírus
da
aids,
hepatite B e outros agentes associados com doenças transmissíveis pelo sangue. Através da falta de compreensão dos modos de transmissão, o medo de
uma
doença
fatal
como
a
aids
e
o
desleixo
das
instalações
hospitalares, desprovidas, em geral, de verbas para manutenção de sua infra-estrutura básica, acentua-se uma pressão nos dirigentes da área de saúde (federal, estadual e municipal) para que se viabilize regulamentos normativos a respeito do lixo hospitalar.
Entretanto,
apesar dos regulamentos constrangedores existentes, deve-se buscar soluções para uma boa prática ecológica e sanitária na disposição do lixo hospitalar, avaliando os fatores legais, técnicos, econômicos e seguros.
VI.7.3.1 - Aterro Sanitário O
aterro
sanitário
consiste,
em
síntese,
recobrimento diário do lixo (IKEGUCHI, 1994).
na
compactação
e
FRANTZIS simplístico,
(1993)
considera
provavelmente
o
termo
antiquado
e
aterro não
sanitário
incluindo
requerimentos que os aterros modernos têm de abarcar.
muito
todos
os
Um termo mais
adequado seria aterro ambiental, que pressupõe o seguimento de prérequisitos de um aterro moderno, ou seja, critérios ambientais, de engenharia e econômicos (anexo IV).
CAPÍTULO VII ILUMINÂNCIA EM ÁREAS HOSPITALARES
VII.1 - Introdução A luz compreende radiações de 4000 a 8000 Angstroms (Å), tendo como característica fundamental a de excitar a retina, produzindo as sensações
luminosas.
particularmente iminente,
como
em em
O
controle
e
direção
áreas
hospitalares
centros
cirúrgicos,
com
da
emissão
situações
berçários
de
de de
alto
luz, risco
risco,
unidade de terapia intensiva, etc., denotam a necessidade de bom nível de iluminância para a execução eficiente e confortável das atividades médicas. Tendo-se como base dados da literatura, procurou-se fixar os valores de iluminância para funcionarem como índices de referência. Tais
valores
estão
baseados
em
lux,
que
corresponde
ao
fluxo
luminoso de um lúmen por metro quadrado.
VII.2 - Aspectos teóricos e experimentais
VII.2.1 - Acuidade visual O espectro de recepção do olho humano é variável e em ambientes hospitalares
tornam-se fundamentais ajustes fotométricos, uma vez
que a variabilidade temporal e espacial no recinto ressalta marcada diferença
a
tempo
e
posição.
BLACKWELL
(1990)
propõe
um
novo
conceito de ″capacidade visual para assimilar informação″ como mais apropriado, se as condições de iluminação permitirem um profissional em atividade detectar luz em aproximadamente 1/20 do segundo.
VII.2.2 - Eficiência luminosa As
luzes
devem
ser
direcionadas
prevista na área de trabalho.
para
uma
iluminação
máxima
Dados nas variações das durações de
exposição influem nas decisões do que seja mais apropriado para as aplicações das situações práticas visuais, particularmente onde o uso máximo tem de ser feito com extrema perícia.
A iluminação compreende grandezas tais como:
• Fonte luminosa, que é a fonte de energia radiante que é sentida pelo olho humano, ou seja, é visível; • Fluxo luminoso descreve a energia visível emitida por uma fonte.
É
a fração da energia total relacionada com o sentido humano da visão; • Intensidade luminosa é uma medida da emissão luminosa em uma dada direção; • Iluminância é definida como um fluxo luminoso incidente sobre uma superfície, por uma unidade de área da mesma.
Permite descrever um
ambiente luminoso, de uma forma quantitativa; • Luminância exprime a real sensação luminosa tal como é recebida pelo olho.
O
nível
de
iluminação
ambiental
em
hospitais
contribui,
efetivamente, a retinopatias de prematuros e padrões de segurança devem ser rediscutidos. em
crianças
de
GLASS et al. (1985) identificaram problemas
berçários
que
permaneciam
por
longos
períodos.
Embora com exposição duradoura em uma tensão elevada de oxigênio e a imaturidade da retina serem associadas aos fatores que contribuem a danos na retina, o fato potencializador é a exposição à luz.
Outro
ponto é que estando a taxa de sobrevivência de prematuros aumentada, em especial, aqueles com menos de 1000 gramas ao nascer, tem havido também
concomitante
aumento
de
retinopatia
prematura,
já
que
exposições à luz em demasia resultam em danos a fotoreceptores, ao epitélio pigmentado e ao coróide, estruturas essas envolvidas no transporte de oxigênio na retina. O espectro de recepção do olho humano varia entre indivíduos: com
o
tempo,
com
a
idade
e
com o estado de saúde; entretanto,
ajustes fotométricos a ambientes devem providenciar visão eficiente, confortável e segura, observando três conceitos fundamentais: como queremos
ver,
qual
qualidade da luz.
a
quantidade
de
iluminação
necessária
e
a
Segundo GLOTZBACH et al. (1993) a variabilidade
da intensidade luminosa em enfermarias de recém-natos sob cuidados intensivos modula os ritmos biológicos destes.
VII.2.3 - Brilho Brilho é um fenômeno subjetivo, isto é, uma expressão na forma de sensação visual.
O olho não funciona com eficiência completa
quando da presença de luminosidade não desejada no campo visual. Quando limiares de alta iluminação no campo visual, alguma forma de
brilho
irá
resultar,
gerando
um
contraste
redução direta na habilidade de ver objetos.
à
percepção,
com
VII.2.3.1 - O desconforto pelo brilho O
desconforto
iluminação
de
pelo
brilho
interiores,
como
é
causado,
resultado
principalmente,
direto
de
em
iluminação
excessiva por grande quantificação de lâmpadas por área ou luz do sol
através
de
janelas,
resultando
incapacidades
fisiológicas
do
olho associadas ao músculo iridomotor que controla o diâmetro da pupila. brilho
Segundo é,
de
HOPKINSON
fato,
um
&
caso
COLLINS
(1970),
clássico
com
a
investigação
severas
limitações
do de
métodos para a avaliação quantitativa exata dos aspectos ambientais de interiores (tabela VII.1).
Tabela VII.1 - Valores limites de índices de brilho
Ambiente
índice limite de brilho
Laboratórios
28
Áreas administrativas
19
Enfermarias
13
Centro cirúrgico
10
VII.3 - Recomendações de Normas Técnicas Para ajustes fotométricos a NBR 5413 (1982), preconiza que a luz ou energia radiante (Q) é visualmente avaliada como energia radiante e para fins de cálculos representada como:
760
Q =
∫ K λU
380
λ
d
λ
onde: Kλ = eficácia luminosa espectral Uλ = energia radiante espectral dλ = distância da fonte ao receptor
Os
valores
subjetivas,
limite
de
proporcionadas
brilho a
são
partir
dependentes
de
métodos
de
avaliações
experimentais
quantificação dos efeitos do desconforto ao brilho.
de
Segundo IES
(1978), têm-se:
Constantes de brilho
Critérios de desconforto
600
intolerável
150
inconfortável
35
aceitável
8
perceptível
CATEGORIAS 1.Ambientes onde o brilho não é permitido:
índice limite 10
2.Ambientes onde o brilho deve ser mínimo:
índice limite 13
3.Ambientes onde o grau de diferentes brilhos podem ser permitidos dependendo da natureza do trabalho, da sensibilidade da pessoa, do tempo
na
sala,
junto
com
o
grau
de
atenção
demandado
pelo
trabalho: índice limite 16 - 28
Os valoes preconizados para iluminância de áreas hospitalares são explicitados na tabela VII.2.
Porém para efeito de cálculo, o
nível de iluminância média do campo de trabalho têm-se de acordo com a fórmula (IES/CP-29; 1978):
A(M-1) (N-1) + B(M-1) + C(N-1) + D I=------------------------------------MN
sendo: I= iluminância média do campo de trabalho A= média aritmética das oito medidas efetuadas B= média aritmética das quatro medidas efetuadas C= média aritmética das quatro medidas efetuadas D= média aritmética das duas medidas efetuadas M= número de fontes de luz por fileira N= número de fileiras por fontes de luz
Tabela VII.2: Níveis recomendados
de
iluminação
para
ambientes
hospitalares
Área
Nível de iluminação (lux)
Laboratórios coleta de amostras patologia sala de microscopia geral Enfermarias geral observações e tratamento
100 200 50 100 100 500 a 1000
Centro cirúrgico geral mesa operatória
250 2500
Centro obstétrico geral mesa operatória
250 2500
Berçário geral Corredores geral centro cirúrgico centro obstétrico
50 a 100 100 200 200
Cozinha geral
300
Unidade de Tratamentos Intensivos geral tratamento
300 1000
Salas administrativas geral trabalho intermitente
150 300
Fontes: IES, 1978; NBR 5413, 1982; STONER, 1987.
VII.4 - Avaliações experimentais realizadas no Instituto Fernandes Figueira
VII.4.1 - Medições de níveis de lux Para as realizações das medições foi utilizado um luxímetro PANLUX eletronic, GOSSEN GMBH, em toda área hospitalar, durante o fluxo de trabalho.
As medidas foram tomadas a 0,75 m do piso, em
pequenas áreas de 0,4 m x 0,4 m, observando-se os critérios de medições preconizados pela NBR 5413 (1982), chegando aos resultados expressos a seguir.
VII.4.1.1 - Resultados de medições em áreas do Instituto Fernandes Figueira A tabela VII.3 reflete o resultado das medições.
Tabela VII.3: Resultados
de
medições
em
áreas
do Instituto
Fernandes Figueira
Local
Iluminação (lux)
Laboratórios
150 - 220 - 300
Enfermarias
200 - 280- 400
Centro cirúrgico Berçário UTI Corredores Áreas administrativas
2400 100 - 150 200 - 450 - 500 50 -70 -200 - 250 100 -180 - 250 - 400
Sala de necropsia
500
Sala de computação
300
VII.4.2 - Avaliação dos níveis de brilho A avaliação e o controle da claridade, em especial o desconforto provocado
pelo
brilho
excessivo,
leva
em
conta
a
natureza
do
ambiente e a duração do tempo de atuação neste ambiente, ocasionando um efeito inibitório nos processos de retina, com marcante redução da percepção ao contraste do objeto em foco. Os resultados obtidos de várias investigações evidenciam que a sensação
de
brilho
fonte (figura VII.1).
está
relacionada
diretamente
a
luminância
da
Figura VII.1: Ângulo sólido = A cos φ cos θ / d2
Fonte: The Ergonomics of Lighting, 1970.
VII.4.2.1 - Cálculo da constante de brilho em áreas do Instituto Fernandes Figueira Vários fotométrico.
sistemas
de
projeção
podem
ser
utilizados
no
estudo
Para esta avaliação deu-se preferência, especialmente,
às projeções senoidais. Para chegar aos valores limites do índice de brilho, utilizou-se o cálculo do ângulo sólido com a Equação (2), substituindo-se os dados
encontrados
no
cálculo
da
constante
de
brilho,
obtido
da
expressão na Equação (1), substituindo-se na Equação (3), chegandose ao índice de brilho:
(Bs1,6 W0,8)/Bbϕ ²
(1)
onde,
Bs é a iluminância da fonte; W
é o ângulo sólido;
Bb é a iluminância média geral; e
ϕ o ângulo formado entre a direção da visão e a direção da fonte de brilho.
A cos θ cos φ/d²
(2)
onde,
A é a área luminosa de uma instalação projetada em um plano horizontal ou vertical, em posição de linha não paralela à linha de visão;
θ
e φ o ângulo entre a normal e plano de projeção e a direção da
fonte do observador no plano horizontal e vertical; e d é a distância da fonte ao observador.
10 log10(constante de brilho)
Testes práticos a) Laboratório de genética
(3)
a.1 Cálculo do ângulo sólido (W) a.1.1 Cálculo do ângulo θ
vértice B= ponto de luz vértice C= centro de bancada
a²= b² + c²
c= 1,33 m ⇒ 4,36 pés
a²= 1,33²+ 2,53²
b= 2,53 m ⇒ 8,30 pés
a²= 8,1698 a =
81698 ,
a = 2,86m ⇒ 9,38 pés cateto oposto a B
2,53
sen B= ------------------ = -------- = 0,88462 hipotenusa
2,86
θ = arc sen 0,88463 = 62,2° a.1.2 Cálculo do ângulo φ
vértice B= Centro de bancada a²= b² + c² b= 0,78 m a²= 0,78² + 2,15²
c= 2,15 m
a= 2,29 m cateto oposto a B 0,78 sen B= ------------------- = ------ = 0,34061 hipotenusa 2,29
φ= arc sen 0,34061 = 19,9°
a.1.3 Ângulo sólido (w)
W= A cos θ cos φ / d² onde Área A = 2,4 m x 0,45 m ⇒ 7,874 pés x 1,476 pés = 11,62 pés² W= 11,62 cos 62,2º cos 19,9º / 9,38²
W= 0,0579172
a.2 Cálculo da Constante de Brilho
Constante de brilho = (Bs1,6 W0,8 / Bb ϕ²)
onde: Bs= 270 lux ÷ 10,76 = 25,09294 foot-Lamberts W = 0,0579172 Bb= 178 lux ÷ 10,76 = 16,54275 foot-Lamberts e ϕ em esterorradianos, ficando: área em pés² x seno do ângulo ϕ = ----------------------------------------------------distância² em pés do ponto em teste ao foco de luz 11,62 x sen 62,2º = ------------------- = 0,1168256 9,38²
Constante de brilho:
=(25,092941,6 x 0,05791720,8)/(16,54275 X 0,1168256²) = 78,6764537
a.3 Índice de brilho = 10 log10 constante de brilho = 10 log10 78,6764537 = 19 As demais áreas encontram-se explicitadas na tabela VII.4.
VII.4.2.1.1 - Resultados
do
cálculo
do índice de
brilho Os
resultados
do
índice
de
brilho
encontrado
encontram-se
explicitados na tabela VII.4.
Tabela VII.4: Resultados obtidos Brilho
de
para
algumas
o
áreas
cálculo do
do
Instituto
índice
de
Fernandes
Figueira.
Área
Ângulo Ângulo θ φ
Ângulo sólido (w)
Constante de brilho
Índice de brilho
Valores limite
(em graus)
(em graus)
(em esterorradianos)
Laboratório de Genética
62,2°
19,9°
0,0579172
78,6764537
19
28
Centro cirúrgico
68,8°
24,4°
0,307
13,63155846
11
10
Centro obstétrico
72,2°
17,3°
0,29913
10,4316121
10
10
5ª enfermaria
67,7°
19,4°
0,3013
17,1719212
12
13
6ª enfermaria
71°
20,8°
0,2301
24,1511192
14
13
Berçário
70,9°
18,2°
0,27061
19,1414789
13
13
Administração
73°
19,3°
0,041316
123,1212119
21
19
VII.5 - Discussão Má
iluminância
atividades.
incide
diretamente
na
deterioração
das
Também é importante atentar para o nível de iluminação,
os
quais
não
dependem
somente
da
quantidade
distribuição dessa luz em todo campo visual.
de
luz,
mas
da
Quando o alto nível de
luz localizada é requerida como em salas cirúrgicas, em especial no ponto de operação, a iluminação geral deve ressaltar a diferença a outros locais da sala para assegurar condições visuais confortáveis. Os
resultados
obtidos
frente
aos
valores
de
iluminância,
encontram-se dentro dos níveis preconizados em toda área hospitalar. Tal
fato
deve-se
a
atenção
expressa
do
setor
de
manutenção
aos
providenciar
um
critérios de iluminação hospitalar. A
iluminação
ambiente
para
agradável.
pacientes
As
cores
acamados
deve
reproduzidas
por
fontes
de
luz
e
ambientais constituem-se em efeitos psicológicos e terapêuticos. Os valores limite de brilho para algumas áreas (laboratório de genética, centro obstétrico, 5ª enfermaria, berçário) encontram-se nas faixas aceitas.
Entretanto, os valores limite de brilho do
centro cirúrgico, 6ª enfermaria e sala de administração necessitam de ajustes para que se obtenha um equilíbrio determinado para estas áreas especificadas pelo IES (1962, 1978). Os resultados obtidos de várias investigações evidenciam que a sensação de brilho está relacionada diretamente a iluminância da fonte.
A observância de tais procedimentos diminuirá, em muito, os
efeitos
adversos
causados
pelos
níveis
de
iluminação
deficiente,
tomando-se como base os vários prismas discutidos nesse capítulo, bem
como
nas
normas
regulamentadoras
que
visam
estabelecer
parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psico-fisiológicas dos profissionais, de modo a permitir
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (NBR 5413, 1982).
VII.6 - Recomendações quanto ao nível de iluminância hospitalar Em geral, a iluminação em hospitais apresenta muitos problemas envolvendo as variabilidades das condições visuais ambientais. Quando o alto nível de luz localizada é requerida como em salas cirúrgicas, em especial no ponto de operação, a iluminação geral deve ressaltar a diferença a outros locais da sala para assegurar condições visuais confortáveis.
Na área de operação deve-se ter
2500 lux e a iluminância geral 250 lux. Já ROBINSON et al. (1990) evidenciam que as medidas de iluminância de berçários deve ser de 50 lux à noite e 470 lux durante o dia. O valor da iluminância média do campo de trabalho deve espelhar as condições da natureza e características das fontes de luz, tensão elétrica no ponto de fornecimento da energia, altura e posição do campo de trabalho. A energia radiante pode ser avaliada tendo-se como base o fluxo radiante, que representa a taxa de tempo do fluxo de qualquer parte do espectro de energia radiante em Ergs/segundo e o fluxo luminoso, medido em lúmens ou lux.
CAPÍTULO VIII VENTILAÇÃO HOSPITALAR
VIII.1 - Introdução Esse capítulo tem por objetivo discutir o sistema de ventilação hospitalar, juntando, para isso, observações de campo e dados da literatura mundial. Os
contaminantes
hospitalares, portanto,
são
sobretudo
deve
ser
especialmente
nos
exercido
centros no
perigosos
cirúrgicos.
campo
da
higiene
em
ambientes
O
controle,
pessoal,
na
manutenção de um ambiente limpo e na caracterização microbiológica destes microrganismos, determinando o impacto sobre a saúde humana. Não há dúvida de que algumas infecções utilizam-se do ar como meio de dispersão de seus microrganismos patogênicos. sobre
Hospitais″
importância
da
(1863),
ventilação
Florence para
Em seu livro ″Notas
Nightingale
alcançar
reconheceu
satisfatório
a
tratamento
médico, denotando como causa principal as condições insalubres dos ambientes hospitalares.
Uma ventilação adequada tem se convertido em
um fator principal no desempenho de serviços médicos modernos.
VIII.2 - Aspectos teóricos e experimentais
VIII.2.1 - Os princípios da ventilação A
ventilação
hospitalar
ocorre,
principalmente,
mecânicos, sendo conseqüência de fatores, a destacar:
por
sistemas
• a
necessidade
de
conduzir
a
ventilação
nas
áreas
internas
do
hospital; • a necessidade de estruturas seladas nos serviços médicos modernos para tratamento, isolamento e propósitos de segurança; • a necessidade do
controle da umidade, temperatura e qualidade do
ar.
Qualquer tipo de ventilação está direcionada a eliminação de contaminantes
ou
suplementação
de
ar,
como
resultado
da
energia
aplicada ao sistema, denotando um alto conteúdo de energia provocada pelo incremento da pressão total com componentes tanto de energia cinética
como
energia
potencial.
A
pressão
estática
e
a
de
velocidade se somam a pressão total na corrente de ar, a qual flui através do sistema de ventilação. A pressão estática é a energia que abre o conduto de um sistema de pressão positiva ou fecha num sistema de pressão negativa, tendo como finalidade básica o salvamento das perdas de ar provocadas pela fricção no sistema de condutos.
Da mesma maneira, a pressão de
velocidade é a energia que faz com que o ar em um sistema flua a uma velocidade dada.
VIII.2.2 - Fluxo laminar O fluxo de ar na maioria dos sistemas industriais de ventilação é
turbulento,
quantidade
sendo
expresso
adimensional,
porém
pelo
Número
denotando
de o
Reynolds fluxo
que
laminar
regiões turbulentas, em função da velocidade e temperatura.
é
uma
contra
Assim, é
claro que na maioria dos sistemas de ventilação, o fluxo de ar se
encontre
bem
hospitalar
se
dentro
da
utiliza
região o
fluxo
turbulenta. laminar,
em
Contudo,
no
ambiente
especial
nos
centros
cirúrgicos (anexo V). Nos últimos anos, em certas salas de hospitais se têm adotado sistemas de ventilação de fluxo laminar (figura VIII.1)
Figura VIII.1: Desenho
esquemático de
fluxo laminar horizontal e
fluxo laminar vertical.
A área mais comum para esse tipo de instalação é a sala de operações, se bem que esses sistemas podem ser utilizados em outra áreas, como as salas de isolamento de pacientes.
Preferencialmente,
o fluxo de ar dentro de salas com potencial de infecção elevado devem ser servidos por sistemas que proporcionem fluxo unidirecional e com escoamento laminar.
O fluxo laminar é representado pelo número de
Reynolds inferior a 2100.
Nesta região, o ar flui em um curso
linear, sem misturas ou turbulências que possam perturbar o fluxo. Esses sistemas operam tanto em direções verticais quanto horizontais, transportando materiais carregados de partículas de ar a um sistema de filtros para sua eliminação antes da recirculação na sala (anexo VI).
VIII.2.3 - Sistemas de ventilação Nos sistemas de ventilação para uso hospitalar, destacam-se a ventilação geral, a ventilação de diluição e a ventilação local de expulsão, com os seguintes propósitos: • suplemento de ar artificial; • eliminação de contaminantes; • dissolução de contaminantes.
Em
termos
gerais,
uma
ventilação
adequada
inclui
qualquer
sistema que proporcione um fornecimento de ar artificial a todas as áreas
requeridas.
As
fontes
de
contaminantes
do
ar
são,
invariavelmente, os ocupantes das salas que os disseminam através de partículas de pele, gotas de secreção expelidas pela boca ou pela respiração (SEAL and CLARK, 1990).
VIII.3 - Recomendações de Normas Técnicas Quanto mecânico
aos
do
confiável
de
aspectos
ar,
esse
movimento
de
deve do
segurança
nos
proporcionar ar.
Para
sistemas uma
de
fonte
alcançar
o
ventilação
constante controle
e de
contaminantes, se requer grandes suprimentos de ar não contaminado, em tais proporções que possam evitar a acumulação progressiva de contaminantes (STANLEY, 1981). A
capacidade
de
renovação
da
atmosfera
local
depende
da
velocidade (dp/dt) de inserção do agente poluidor, pois, se esta velocidade for muito grande, não dá tempo da atmosfera se reciclar, sobrevindo daí os efeitos da poluição.
Assim: 403 x α x 10
6
x EG
Q = ----------------------------
x K
MW x LV
onde: Q = grau de ventilação (pés³/min) α = gravidade específica do produto EG= grau de evaporação do produto MW= peso molecular do produto LV= valor limite do produto (*) K = fator de segurança (*) valor estabelecido pelo American Conference of Governamental Industrial Hygienists - ACGIH
É
importante
ter-se
a
flora
normal
do
ambiente
mapeada,
a
temperatura e o nível de umidade do ar controlados, atentando para fatores que possam possibilitar o desenvolvimento de microrganismos potencialmente patogênicos, até porque existe no ambiente hospitalar uma
flutuação
antibióticos, indicando,
de
microrganismos
oscilações
assim,
que
que
bioquímicas
os
adquirem
(NICOLELIS
procedimentos
de
&
resistência BACCALA,
higienização
à
1991),
ambiental
também devem ser monitorados e alterada a aplicação quando ficar evidenciada resistência. populacionais
cíclicas
O ambiente hospitalar apresenta respostas em
termos
do
nível
de
susceptibilidade
desinfetantes comumente empregados.
VIII.4 - Avaliações práticas no controle de patógenos nos sistemas de ventilação hospitalar
a
VIII.4.1 - Amostragem de microrganismos Existem poucos métodos padronizados de amostragem de qualidade do ar.
Procedi coleta de amostras nas áreas do Instituto Fernandes
Figueira/Fiocruz, durante o fluxo de trabalho, em sessões de coleta na parte da manhã (imediatamente após a limpeza) e na parte da tarde (após
fluxo
de
atendimento),
para
avaliar
o
nível microbiológico
aéreo local. Em resposta ao incremento da conscientização de problemas da poluição do ar e de sua higienização, considerações enfáticas têm tido lugar, em especial, microrganismos patogênicos.
Áreas: • áreas de circulação • enfermarias • berçário • maternidade • laboratórios • centro cirúrgico
VIII.4.1.1 - Procedimentos A avaliação da presença de contaminantes foi feita com técnicas bacteriológicas,
utilizando
meios
de
cultivo
que
propiciam
o
desenvolvimento de patógenos em placas de Petri com agar sangue e agar triptcaseína-soja espalhadas sobre bancadas, mesas, etc.
Após
exposição por 15 minutos, as placas foram fechadas e levadas à estufa para incubação.
Todas as placas com agar sangue foram levadas a
37ºC.
As placas com agar triptcaseína soja foram divididas em três
partes: a primeira parte foi incubada a 25ºC (pesquisa de fungos), a segunda parte a 37ºC (bactérias aeróbias) e a parte restante, em anaerobiose, a 37ºC.
O número total de colônias reflete as unidades
de formação de colônias/m³ (UFC/m³), como também a média de três testes, de tal forma que a área pesquisada seja representativa do ambiente (Farmacopéia Brasileira, 1988).
VIII.4.2 Resultados Não houve diferenças significativas nas amostras colhidas no período da manhã e no período da tarde. A observação do material incubado foi feita diariamente por 14 dias e, na observância do crescimento de microrganismos, esses foram identificados de acordo com as técnicas laboratoriais afins (COWAN, 1974). Os resultados são apresentados na tabela VIII.1, evidenciando os tipos de microrganismos encontrados nas diferentes áreas, em unidades formadoras de colônias por m³ (UFC/m³).
Tabela VIII.1: Microrganismos
encontrados na pesquisa do ambiente
hospitalar no Instituto Fernandes Figueira
Número de microrganismos (UFC/m³)
ÁREAS A
B
C
D
E
F
G
Centro cirúrgico pediátrico
2
φ
1
φ
3
1
1
Centro cirúrgico ginecológico
3
2
4
2
7
1
φ
1ª Enfermaria
φ
1
6
3
4
φ
2
5ª Enfermaria
2
1
3
2
1
φ
6
Berçário(Unidade de pacientes graves)
2
1
1
φ
φ
φ
φ
Berçário intermediário
φ
1
2
φ
φ
1
φ
Berçário normal
2
φ
1
1
φ
1
φ
Maternidade
2
2
3
2
1
2
1
Laboratório de patologia
φ
φ
2
φ
φ
1
φ
Laboratório de análises clínicas
3
φ
4
2
3
2
1
Pátio
8
7
23
11
9
4
9
Legenda: A = Staphylococcus aureus B = Klebsiella pneumoniae C = Escherichia coli D = Proteus mirabilis E = Pseudomonas aeruginosa F = Bacillus subtilis G = Candida albicans
VIII.5 - Discussão A contenção das fontes constitui a parte essencial da higiene do ar.
A recirculação do ar ambiente aquecido ou resfriado através de
contínua
filtração
cirúrgicos,
embora
é
uma
tenha
técnica
como
permitida
principal
mesmo
atrativo
a
em
centros
economia
de
energia que proporciona. Os
microrganismos
identificados
encontram-se
em
nível
baixo
quando compara-se o quantitativo das áreas pesquisadas, algumas, em especial, com a utilização de sistemas mecânicos de ventilação e todas
com
externa. não
rígido
controle
asséptico
com
as
áreas
de
circulação
Entretanto, sem descartar o perigo microbiológico, estes
refletem
uma
população
variada,
comum
nas
dependências
ambulatoriais de hospitais gerais de grande porte. A maior parte da contaminação em hospitais cai na categoria altamente tóxica, requerendo sistemas de ventilação de expulsão local (STANLEY,
1981).
A
ventilação
por
diluição
é
fundamental
para
centros cirúrgicos, onde se requer as trocas por hora dos agentes anestésicos utilizados, áreas laboratoriais; porém, não é apropriada
as
áreas
comuns
e
enfermarias,
sobretudo
em
hospitais
de
grande
porte.
VIII.6 - Recomendações
quanto
ao
controle
de
patógenos
na
ventilação hospitalar O nível microbiológico aéreo do hospital pesquisado encontra-se baixo.
Entretanto
para
todas
as
áreas
hospitalares
deve-se
permanentemente ter o fluxo aéreo controlado. Quando o ar é expulso de uma área de grandes concentrações de microrganismos ou a patogenicidade destes indique medidas protetoras máximas ocorre descarregamento exterior através de dutos providos de filtros esterilizantes ou precipitadores em sua parte terminal.
É
fundamental um impulsor de ar ou ventilador para fazer com que o ar contaminado circule pelo sistema de expulsão local. Em áreas de manipulação com produtos químicos, em especial gases anestésicos, CHARNLEY (1964) preconiza a utilização de uma fórmula matemática
que
reflete
o
planteamento
normal
da
ventilação
por
diluição, expressando os requerimentos desde o ponto de vista de volume de ar como trocas de ar por hora (em pés³/min). Segundo DAVENPORT (1976), espera-se que o centro cirúrgico tenha 27 trocas/hora e que nas outras dependências hospitalares tenha-se um fluxo de pelo menos 10 l/s por pessoa (RUOTSALAINEN et al., 1994), o que representa em média 5 trocas/hora. Vários fatores podem afetar seu funcionamento. importante
é
a
manutenção
regular
dos
sistemas
O fator mais de
filtração;
entretanto, os fatores que podem afetar adversamente o sistema de ventilação incluem o freqüente abrir e fechar portas, o movimento de pessoal,
a
exposição
de
pelo
capilar
e
facial
e
a
atividade
supervigorosa, o que proporciona o movimento de biopartículas que se acumulam em superfícies horizontais, reativadas na corrente de ar pela ação dos movimentos de gente na sala.
VIII.6.1 - Desinfecção do ar O
formol
era
até
pouco
tempo
o
único
desinfetante
gasoso
verdadeiramente eficaz, com o qual se procedia a desinfecção terminal dos quartos de doentes contagiosos (NAYAK et al., 1993).
Os vapores
de formol são, entretanto, muito irritantes para as mucosas e, assim, não
podiam
ser
usados
para
a
desinfecção
de
ambientes
ocupados.
Lâmpadas ultravioletas, cujo valor desinfetante foi estabelecido por WELLS (1936-1942), tendo seu emprego utilizado em áreas específicas como complemento às desinfecções locais (BERG et al., 1992). Porém, pulverizações de hipoclorito de sódio a 1% (NaClO) e propileno glicol (CH3CHOHCH2OH) têm se constituído em meio seguro e econômico.
A
condição
pulverizações
é
que
as
essencial partículas
para do
a
líquido
eficácia
de
dispersado
tais sejam
suficientemente pequenas e permaneçam suspensas durante algum tempo, a
fim
de
que
possam
entrar
em
contato
com
as
gotículas
de
microrganismos presentes no ar. A desinfecção é função direta da intensidade do agente físico ou químico empregado.
A dinâmica deste processo dá-se pela relação de
velocidade dx/dt, que é proporcional à concentração de substância não transformada (a-x) que diminui exponencialmente em função do tempo (t) a partir da concentração inicial (a).
dx ----- = K (a-x) dt
(a-x)= a . e
− kt
No caso particular da desinfecção (a-x), corresponde ao número de microrganismos sobreviventes (A) e x ao número inicial (Ao):
A= Ao . e
− kt
CAPÍTULO IX RISCO FÍSICO PROVOCADO PELO RUÍDO EM UNIDADES DE SAÚDE
IX.1 - Introdução O ruído representa um grande problema no ambiente hospitalar.
É
um produto da atividade humana e da operação de sistemas mecânicos, sendo
fruto
do
avanço
tecnológico,
propiciado,
fundamentalmente,
pela a inserção de equipamentos em diversas áreas operacionais e pela
maioria
dos
hospitais
estarem
em
centros
urbanos
e
assim
inseridos nos problemas sonoros das cidades. O equipamento médico que utiliza o som na forma de alarmes é de primordial importância como indicador da condição do paciente e da interpretação deste som por parte do profissional.
Contudo, muitos
destes sons úteis e necessários podem considerar-se coletivamente como uma moléstia e de influência negativa no processo de cura.
IX.2 - Aspectos teóricos
IX.2.1 - A física do som O som é uma vibração com um nível de energia e uma freqüência que pode impressionar o sistema auditivo do homem.
Se propaga no ar
na forma de ondas em uma série de compressões e rarefações.
Esses
movimentos aerotransportados são percebidos pelo ouvido através do canal auditivo, onde se chocam com a membrana timpânica, produzindo uma
vibração
estimulando
as
simpática células
que
é
dentro
transmitida do
ouvido
até
a
interno,
perilinfa, a
qual
interpretada pelo cérebro mediante a conexão com o nervo auditivo.
é
IX.2.2 - Elementos para estudo básico sobre ruídos Ruído
é
um
agente
físico
ambiental,
representado
por
uma
vibração de freqüência audível, com intensidade desagradável e/ou perigosa, que pode gerar danos no sistema auditivo.
A intensidade
do som é medida em decibéis, unidade de medida da onda sonora, da qual é constituído o som que bate no tímpano do ouvido e o faz vibrar.
O
som
além
da
intensidade
é
caracterizado
freqüência, ou seja, o número de vibrações emitidas.
também
pela
A nocividade
do som é dada pela pressão combinada com a freqüência. Para calcular os níveis de ruído, têm-se como base o uso de uma escala de medição.
A escala de decibel (dB), denominada assim em
honra a Alexandre Graham Bell, se define com a relação:
dB =10
log
2 P P0
donde P é a pressão do som medido em (N/m²) e P0 é uma pressão do som de referência (2 x 10-5 N/m²), que representa o limite da condição humana.
Teoricamente, se estabelece o valor mais alto no limite da
dor em torno de 140 dB e assim, a difusão de pressões do som real oscila em um intervalo de 0-140 dB. A natureza da escala de decibéis é uma consideração importante em qualquer esforço realizado, com o fim de reduzir os níveis de ruído.
Tais
dependências
níveis
se
hospitalares,
encontram sendo
tipicamente
suficientemente
nas
diferentes
altos,
podendo
permitir perigos especiais a pacientes devido a idade, condição e tratamentos especiais com drogas.
O ruído no hospital pode produzir tanto moléstia como perigo para à saúde.
Estudos prévios de ruído têm sugerido modificações
acústicas na estrutura do hospital e têm documentado largas fontes de ruído e seus níveis.
A maior parte do ruído em equipamentos e
maquinário é produzida por um excesso de vibração.
A vibração pode
fazer que vibrem outros objetos de ruído geral, sendo geralmente resultado
de
partes
frouxas,
ajuste
deficiente
e
manutenção
inadequada. O controle de ruídos é fundamental no hospital moderno. conhecimento
dos
problemas
ocasionados
pelo
ruído
é
um
O
primeiro
passo no controle ambiental.
IX.3 - Recomendações de Normas Técnicas Aponta a literatura que os níveis de ruídos em hospitais devem cair, preferencialmente, no intervalo de 50-85 dB. Um paralelo a esta observação é a norma de ruído industrial atual que delimita em 90 dB o nível máximo de exposição contínua por 8 horas.
O hospital
requer níveis controlados, considerando principalmente os benefícios da calma durante o processo de recuperação (MINCKLEY, 1968). Existe certa evidência que os níveis de ruído em incubadoras podem ser surpreendentemente altos. outra
discussão
na
literatura
psicológico do recém-nascido.
A parte o perigo físico, há
médica sobre os efeitos no ajuste FALK & WOODS (1973) demonstraram que
os pacientes sob tratamento com antibióticos aminoglicosídicos se expõem a um risco maior de perda de audição em presença de níveis de som superior a 58 dB. pode
ter
um
efeito
Outros estudos têm demonstrado que o ruído
adverso no eixo pituitário-adrenal (HENKIN &
KNIGGE,
1993)
assim
como
no
sistema
cardiovascular
(GEBER
&
ANDERSON, 1977), porém, devido a dados insuficientes, é impossível fixar critérios estritos que não afetarão adversamente as funções cardiovasculares e endócrinas. Outros estudos têm documentado níveis de ruídos excessivos na sala de operação (SHAPIRO & BALLAND, 1972). ruídos mais irritantes. de
intervenção
Os alarmes causam os
Registraram sons de até 108 dB em períodos
cirúrgica,
devido
a
vários
fatores,
tais
como:
alarmes das máquinas de monitoramento dos gases anestésicos, vozes da equipe, outros equipamentos gerais. A extensão de reações fisiológicas tende a incrementar quando o nível
de
ruídos
é
intenso,
quando
é
aperiódico
ou
quando
é
incontrolável, advindo reações como dilatação pupilar, aumento da secreção de adrenalina, elevação da pressão sangüínea, aumentando o nível
de
stress,
sobretudo
em pacientes conscientes em parte ou
total durante a intervenção cirúrgica.
IX.4 - Diagnóstico sonoro ambiental - Avaliação prática Para avaliar o nível de ruído, fez-se diversas incursões no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, em quatro horários distintos: na madrugada - de 05 às 6 da manhã, no período da manhã - de 10 às 11 horas, à tarde - das 14 às 15 horas e no período da noite - das 21 às 22 horas. O ruído pode se apresentar de diversas formas, gerando grande dificuldade
quanto
a
determinação
de
uma
forma
de
avaliação
confiável e, por conseguinte, dificultando a criação de limites de
tolerância compatíveis com a natureza humana.
As áreas hospitalares
têm característica de ruído intermitente, com picos de ação durante determinados
períodos,
intensidade acústica.
retornando
após
a
um
patamar
mínimo
de
Os resultados encontram-se na tabela IX.1, a
qual reflete as medidas realizadas em variados períodos no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, utilizando-se como equipamento de medida o
decibilímetro
INMETRO.
-
Simpson
(Model
886),
previamente
aferido
pelo
Tabela IX.1: Níveis
de
decibéis
(dB)
em
setores do
Instituto
Fernandes Figueira ÁREA
Nível de Ruído (dB)
Corredores
50 70 75
Unidade de pacientes graves
60 70 95
Pediatria
60 80
Centro cirúrgico
50 95
Hall de espera
60 80
Área externa
60 80 105
IX.5 - Discussão Ruídos no ambiente hospitalar constituem-se num problema diário, podendo
induzir
qualidade ambiental
do
efeitos
trabalho
com
hospitalares
a
exposto
claros
devem
deletérios a
efeitos
estar
ele. à
atentas
sobre É
o um
saúde. aos
ruídos
ser
humano
típico As
e
a
estressor
administrações
internos,
devendo
providenciar inspeções e avaliações permanentes. A existência de níveis potenciais perigosos em certas áreas do hospital, como o centro cirúrgico, sala de recuperação, berçários, indicam
necessidade
plantas
hospitalares
de
monitoramento
devem
prever
constante. tratamento
Sem
dúvida,
anti-acústico
as nas
dependências mais importantes do hospital, impedindo assim problemas operacionais, porque em função do número de leitos, da finalidade hospitalar,
vão
influir
diretamente
no
volume
de
internações
e
intervenções médicas diárias, ou seja, é melhor prevenir os futuros problemas que impor medidas nem sempre possíveis na tentativa de encontrar-se soluções.
IX.6 - Recomendações quanto ao nível sonoro hospitalar A correlação entre o nível de ruído e o número de pessoas pode controlar-se mediante a adoção de políticas de zonas silenciosas e certas
medidas
de
isolamentos, etc.).
isolamento
de
ruído
(cortinas,
proteções,
Em muitos casos, uma manutenção melhorada pode
solucionar o problema de certa forma, ainda que se possa necessitar de
alguns
dispositivos
significativa dispositivos
de
redução. de
A
controle
isolamento ou amortecimento.
controle
de
nível
maquinário,
de
de
ruído
ruído
reduz
a
para a
ganhar
uma
maioria
dos
vibração
mediante
É importante o estabelecimento de uma
faixa de segurança de no máximo 85 dB (LOEB, 1986).
No caso de
necessidade de diminuição do nível de ruídos em determinadas áreas, deve-se
reconhecer
que
as
reduções
são
logarítmicas
e
que
uma
redução de 10 dB se considera excepcional e pode ser muito custosa (PETERSON et al., 1974).
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ANEXO I
Cuidados especiais de água para hemodiálise:
Fator
Observações
Distribuição através de tubulação tamanhos superdimensionados em diâmetro
a) tamanho
interno
e
comprimento
aumentam
o
reservatório de bactérias. juntas
b) construção
rugosas,
ramificações podem
terminações
não
atuar
devem
como
ser
cegas
e
usadas,
reservatório
de
bactérias.
c) tanques de armazenamento
são
indesejáveis
reservatórios presentes
pois
de
devem
atuam
bactérias. ser
como Se
desinfectados
rotineiramente.
Equipamentos de diálise a) simples passagem
o
desinfetante
deve
ter
contato
com
todas as partes do circuito da máquina.
b) banho recirculante
o projeto das bombas de recirculação e máquinas permite níveis de contaminação em
massa.
É
recomendada
durante a noite.
desinfecção
ANEXO II
Defini-se Poder Calorífico em duas abordagens:
-
Poder
calorífico
superior:
é
a
quantidade
de
calor
desprendida por um quilo de combustível (papel, etc.) para queimar-se por completo, resultando anidrido carbônico e água.
-
Poder
calorífico
inferior:
é
a
quantidade
de
calor
desprendida por um quilo de combustível, produzindo gás carbônico e vapor d'água.
A diferença resultante entre os dois poderes caloríficos é o calor necessário para vaporizar a água.
Assim, o poder calorífico
pode ser determinado, em geral, por dois procedimentos:
a) pela análise estimativa dos constituintes do resíduo:
somando os
poderes caloríficos dos componentes multiplicados pelas respectivas quantidades.
1 Kg de hidrogênio dá origem a 9 Kg de água.
O
nitrogênio existente não participa da combustão, ou seja, entra e sai inativo. flúor,
Todo o oxigênio se liga ao hidrogênio formando água. fósforo,
desprezíveis.
cloro,
etc.,
apresentam
em
geral
O
concentrações
O poder calorífico do carbono é igual a 8140 Kcal/Kg.
O poder calorífico do hidrogênio é igual a 34462 Kcal/Kg e o poder calorífico do enxofre é igual a 2165 Kcal/Kg. Assim,
obtêm-se
o
poder
calorífico
Kcal/Kg, através das seguintes fórmulas:
(superior
e
inferior)
em
Poder Calorífico Superior=8140 C + 34462 [H - (O/8)] + 2165 S Poder Calorífico Inferior=8140 C + 29000 [H - (O/8)] + 2165 S - 600A
Definição: A= quantidade de água C= quantidade de carbono H= quantidade de hidrogênio O= quantidade de oxigênio S= quantidade de enxofre b) por ensaio de laboratório:
é realizado em calorímetros, como a
bomba de Mahler ou de Parr, utilizando uma amostra de peso conhecido do combustível (geralmente 1 grama), previamente seca à 100°C por 1 hora, à 30 atmosferas de oxigênio. um
fio
de
inflamado.
platina
de
poder
Por contato externo, através de
calorífico
conhecido,
o
material
é
Mede-se a diferença de temperatura provocada em banho de
água, onde está imerso o aparelho.
Este resultado é mais preciso,
uma vez que o método de ensaio anterior apesar de valioso, em seus cálculos molecular
não dos
leva
em
compostos
conta
o
calor
presentes
perdas de combustível nas cinzas.
no
liberado resíduo
pela
dissociação
hospitalar,
nem
as
ANEXO III
O
controle
requisitos
ambiental
gerais
de
pode
ser
operação,
monitorado,
análise
do
de
acordo
resíduo,
emissão, etc., corrigindo as emissões da seguinte maneira:
14 Ec =
---------- Em 21 - Om
Onde: Ec = emissão corrigida para o teor de oxigênio referido Em = emissão medida Om = quantidade de oxigênio medido
com
os
padrões
de
ANEXO IV Com o advento de um conceito de aterro sanitário a partir dos Estados Unidos, no início dos anos 70, o aterro sanitário tem sido largamente
reconhecido
como
uma
das
tecnologias
que
realiza
ambientalmente legítimo tratamento e disposição do lixo. O uso de critérios para a seleção de um local apropriado, deve minimizar riscos à saúde, impactos ambientais e custo e maximizar a aceitabilidade pública.
Isto inclui parâmetros geotécnicos, análises
da estabilidade do solo, critérios de seleção para enterramento de materiais, medidas de segurança e controle de qualidade de instalação de
trincheiras,
lixiviado
avaliação
(chorume),
da
qualidade
arquitetura
das
e
quantidade
lagoas
do
líquido
apropriadas
de
estabilização do líquido lixiviado e monitoramento e tratamento da contaminação
das
águas
subterrâneas
e
aterro, devido a percolação do chorume.
Critérios Ambientais:
- hidrologia - amenidade visual - distância - uso da terra
Critérios de Engenharia: - local físico - acessibilidade - topografia - solo - clima
superficiais
próximas
ao
Critérios Econômicos:
- aquisição da propriedade - desenvolvimento do local - distância da disposição - custo anual
Na relação cruzada entre os tópicos anteriormente descritos, deve-se prevenir a poluição causada pelo líquido percolado nas águas superficiais
e
subterrâneas,
devendo-se
evitar
solos
com
permeabilidade inferiores que 10-7m/s-1, dando-se preferência àqueles que impeçam a migração do líquido percolado a lugares subterrâneos do solo. Quanto ao recobrimento do lixo diário, atualmente, utiliza-se como base de sustentação uma membrana sintética de PVC (cloreto de polivinil) de espessura entre 1,0 e 1,5 mm.
Recobrimento asfáltico
ainda em uso em alguns países ou térreo utilizado na grande maioria, deve
gradativamente
ter
seu
uso
desestimulado
pelos
danos
em
proporções variadas causados no ambiente. Para
reduzir
danos
ambientais
devido
a
produção
do
líquido
percolado, sistemas de drenagem são necessários para interceptar e desviar
este
material.
Assim,
os
sistemas
empregados
para
este
do local
de
propósito são: - drenagem
instalada
ao
longo
da
periferia
disposição, - drenagem das águas pluviais acumuladas, - drenagem das águas de superfície.
Estes drenos são interligados e o líquido coletado é armazenado em
um
sistema
tratamento
coletor
está
para
diretamente
futuro
tratamento.
relacionado
a
O
qualidade
sistema do
de
material
percolado, afetado pelo tipo e espécie do lixo, pré-tratamento do lixo, idade do aterro, etc. O processo de tratamento está compreendido em quatro fases: - pré-tratamento e igualamento, - tratamento biológico, - tratamento físico-químico, - tratamento do sedimento.
O tratamento biológico é favorecido para líquidos percolados gerados
a
fresco.
O tratamento físico-químico destina-se a líquidos percolados
a
partir
partir
de
de
lixo
materiais
não
biodegradáveis
combustível,
produzidos de deposição antiga.
resíduos
ou
de
gerado
de
lixo
incinerador
ou
Pré-tratamento e igualamento ajuda a
manter a qualidade para futuro tratamento biológico.
Os sedimentos
produzidos após tratamento do material percolado devem ser retornados ao aterro após desidratação. De
qualquer
utilizado utilização
para como
maneira aterro. área
deve-se Após
de
construções pesadas no local.
observar
constatação
disposição
de
a de
saturação
do
local
inviabilização
lixo,
deve-se
de
evitar
ANEXO V
Define-se o Número de Reynolds como:
DVe Re= ----µ
onde:
D= diâmetro do conduto (em pés) V= velocidade linear média do fluxo de ar (pés/seg) e= densidade do fluxo (lb/pés³) µ= viscosidade do fluxo (lb/pés)
Critérios para estabelecimento de fluxo aéreo
< Re < 2100: Fluxo Laminar 2100
< Re < 4000: Região de Transição < Re < 4000: Fluxo Turbulento
ANEXO VI
A poluição de um determinado meio pode, com algumas restrições, ser definida pela equação diferencial:
Y(t)= eln
y(t)
P(t) y(t)= -----v
onde: v= volume em metros cúbicos P= metros cúbicos do poluente
dp ------ = - y(t) dt