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As Leis E As Medidas Do Espaço No Século Xv

As leis e as medidas do Espaço no século XV

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5 FACULDADE INTEGRADA TIRADENTES ARQUITETURA E URBANISMO AS LEIS E AS MEDIDAS DO ESPAÇO DO SÉCULO XV: RENASCIMENTO MACEIÓ 2014 AS LEIS E AS MEDIDAS DO ESPAÇO DO SÉCULO XV: RENASCIMENTO Seminário apresentado a disciplina Teoria e História da Arte, Arquitetura, Cidade e Paisagem I, ministrada pela profa. Dra Mônica Peixoto Vianna, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade Integrada Tiradentes, como requisito para avaliação de parte da nota da 1ª UP. MACEIÓ 2014 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................03 2 AS LEIS E AS MEDIDAS DO ESPAÇO DO SÉCULO XV: RENASCIMENTO........04 3 SAN LORENZO, FLORENÇA .........................................................................................04 3.1 Analize dos eixos em San Lorenço, Florença ...............................................................06 4 SANTO ANDRÉ, MÂNTUA ..............................................................................................06 4.1 Analize dos eixos em santo andré, Mântua ..................................................................07 5 SANTA MARIA DELLE CARCERI, PRATO ................................................................08 5.1 Analize dos eixos em Santa Maria delle Carceri, Prato .............................................09 6 CONCLUSÃO .....................................................................................................................10 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................11 1 INTRODUÇÃO No livro saber ver a arquitetura de Bruno Zevi, as várias idades do espaço foram divididas em onze temas. Neste trabalho vamos tratar de um deles, que é as leis e as medidas do espaço do século XV. Onde vamos falar um pouco sobre o estilo arquitetônico dessa epoca, que foi o renascimento e o nosso objetivo é analizar os eixos organizadores do espaço que Coelho Netto fala em seu livro, a construção do sentido da arquitetura. Serão analizados os eixos organizadores do espaço em três projetos arquitetônicos de três grandes arquitetos do renascimento. As obras analizadas são: Basílica de San Lorenzo, de Filippo Brunelleschi, Basílica de Santo André, de Leone Battista Alberti e Santa Maria delle Carceri, de Giuliano da Sangalo. 2 AS LEIS E AS MEDIDAS DO ESPAÇO DO SÉCULO XV: RENASCIMENTO O renascimento surgiu na Itália, no inicio do século XV. Mas as origens da arquitetura renascentista estão presentes no século XI e XII e é mantida por toda a Idade Média. Algumas obras testemunham o nascimento da cultura renascentista antes do século XV, o Pórtico de Civita Castellana, a igreja dos Santos Apóstolos e o San Miniato em Florença. Várias coisas aconteceram entre o século XV e XVI, bem assim como o descobrimento da América, descobrimento da perspectiva científica, a elaboração das teorias matemáticas da proporção e nesse momento surgiram os primeiros tratadistas. No renascimento a principal figura era o homem, era o homem que construía, calculava e o espaço era feito para o homem, para a sua percepção. Bruno Zevi em seu livro Saber Ver a Arquitetura diz que: Até agora o espaço do edifício havia determinado o tempo da caminhada do homem, conduzindo sua vista ao longo das diretrizes desejadas pelo arquiteto; com Brunelleschi, pela primeira vez, já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço, possui o segredo do edifício. (ZEVI, Bruno, 2011, p. 97). As principais características da arquitetura renascentista são: presença de coluna, capitéis suspensos, cornijas salientes, janelas de dupla abertura e altos-relevos. O principal arquiteto do pré-renascimento foi sem duvidas Filippo Brunelleschi. "A nova arquitetura ficou devendo sua existência a um só homem, Filippo Brunelleschi." (JANSON, 1993, p. 588). Outros arquitetos também se destacaram nesse período, como Leone Battista Alberti que foi um grande tratadista e Giuliano da sangallo. 3 SAN LORENZO, FLORENÇA San Lorenzo é uma igreja, projetada por Filippo Brunelleschi em Florença e sua planta tem formato de cruz romana. Inicialmente lhe foi encomendado apenas uma sacristia nova para a igreja, mas os planos que ele traçou impressionaram de tal maneira o seu cliente, que lhe pediu que projetasse a igreja toda. Essa foi à primeira oportunidade que Brunelleschi teve de criar um edifício totalmente concebido por ele mesmo. San Lorenzo foi iniciada em 1421, mas foi tantas vezes interrompida que o seu interior só ficou acabado em 1469, depois de mais de vinte anos da morte do arquiteto. Mas apesar disso, a essência da igreja é aquilo que Brunelleschi esboçara por volta de 1420 e representa a primeira afirmação integral dos seus objetivos arquiteturais (figs. 01, 02 e 03). A planta recorda as igrejas do gótico de Cister, pois a nave e o transepto não possuem abóbadas. O que lhe deferência é a acentuação da simetria e da regularidade, pois os seus compartimentos bem definidos e separados representam uma total diferença em relação às concepções dos arquitetos do gótico. Fig. 03. Planta de San LorenzoFig. 03. Planta de San LorenzoFig. 02. Interior de San LorenzoFig. 02. Interior de San LorenzoFig. 01. FILIPPO BRUNELLESCHI. San Lorenzo, Florença, 1421-69Fig. 01. FILIPPO BRUNELLESCHI. San Lorenzo, Florença, 1421-69 Fig. 03. Planta de San Lorenzo Fig. 03. Planta de San Lorenzo Fig. 02. Interior de San Lorenzo Fig. 02. Interior de San Lorenzo Fig. 01. FILIPPO BRUNELLESCHI. San Lorenzo, Florença, 1421-69 Fig. 01. FILIPPO BRUNELLESCHI. San Lorenzo, Florença, 1421-69 O frio e o estático do gótico, agora são substituídos pelo calor emocional e o continuo movimento espacial. Ao entramos em San Lorenzo, a nossa vista parece abarcar toda a estrutura, quase como se daquela posição privilegiada enfrentássemos uma demonstração especialmente clara e convincente da perspectiva científica e observamos o retorno dos arcos de volta-perfeita e às colunas, em vez de pilares, nas arcadas da nave. Janson diz que: Um exemplo especialmente digno de atenção encontra-se nas abóbadas das laterais: os arcos mestres assentam em pilastras adossadas na parede exterior (correspondendo às colunas da arcada da nave), mas uma arquitrave contínua sobrepõe-se aos arcos e pilastras, ligando todos os tramos. Seria de esperar que estes fossem cobertos por abóbadas de aresta, do tipo clássico; em vez disso, encontramos um tipo novo de abóbada cuja superfície curva é formada pela parte superior de uma cúpula hemisférica (de raio igual à metade da diagonal do compartimento quadrado). Evitando as nervuras e até as arestas, Brunelleschi criou uma abóbada "de uma só peça" espantosamente simples e geometricamente regular, que faz de cada tramo uma unidade distinta. (JANSON, H. W. 2007, pag. 591). 3.1 ANALISE DOS EIXOS EM SAN LORENZO, FRORENÇA O primeiro eixo que percebemos é que a igreja de San Lorenzo é um espaço interior, bem assim como a sua fachada, pois só pode ser consederado espaço exterior aquilo que está afastado da igreja ou edificação, bem assim como a rua que passa ao lado. O segundo eixo que percebemos é que por San Lorenzo por ser uma igreja cristã, é um lugar de reunião, de comunhão e de oração dos fiéis, logo é um espaço comum, pois as pessoas tinham "livre" acesso, já não era um espaço privado como o templo grego que era a morada dos deuses e não a casa dos fiéis. O terceiro eixo analizado é o espaço construído X espaço não-construido, se observamos a igreja de San Lorenzo (fig. 01) podemos identificar que ela é um espaço construído e o que está em volta dela pode ser considerado como espaço não-construído. O quarto eixo analizado é que o espaço onde se encontra a igreja de San Lorenzo é um espaço totalmente artificial, sem presença da natureza. O quinto eixo que analizamos é que a Igreja de San Lorenzo é um espaço amplo, quando observamos o seu interior (fig. 02), podemos ver seu grande salão para a reunião dos fiéis. O sexto eixo analizado é o espaço vertical X espaço horizontal e ao analizarmos o período vemos que no renascimento a figura principal era o homem e as edificações eram feitas para o homem, ao contrário do gótico onde as igrejas possuíam uma verticalidade muito grande para assim chegar mais perto de Deus, no renascimento a proporção das edificações já é para o homem, o homem se sente em casa, vivi e não somente ver a edificação, com isso percebemos que San Lorenzo é um espaço horizontal. O sétimo e ultimo eixo é o espaço geométrico X espaço não-geometrico, se analizarmos a planta de San Lorenzo (fig. 03) poderemos ver perfeitamente que é um espaço geométrico, onde o ângulo de noventa graus prevalece em toda edificação. 4 SANTO ANDRÉ, MÂNTUA A basílica de Santo André foi desenhada em 1470 por Leone Battista Alberti, fica em Mântua e sua planta tem formato de cruz romana. A sua entrada é em forma do arco do triunfo romano (figs. 04, 05 e 06). Janson diz que: Aqui, fato significativo, emprega outra vez as pilastras planas que acentuam a preponderância da superfície parietal, mas estas, ao contrario do que se vê no Palácio Rucellai, estão claramente diferenciadas. São de dois tamanhos – as maiores estão ligadas à arquitrave continua e ao frontão acentuadamente relevado, formando a chamada "Ordem Colossal" que une e enquadram os três andares da fachada equilibrando exatamente os impulsos verticais e horizontais do traçado. Tão empenhado estava Alberti em sublinhar a coesão interior da fachada que lhe deu largura igual à altura, apesar de esta ser consideravelmente inferior à da nave da igreja. Assim, a parte superior da parede ocidental fica acima do frontão e é relativamente visível da rua porque está recuada (...). Mas, se a fachada se encontra fisicamente separada do corpo principal do edifício, sob o aspecto artístico está em perfeita continuidade com o interior da igreja, onde a mesma ordem colossal, as mesmas proporções e o mesmo motivo do arco triunfal reaparecem nas paredes da nave. A fachada oferece uma "antecipação" exata do interior. (JANSON, H. W. 2007, pag. 610 e 611). Fig. 06 Planta de Sto. André. MântuaFig. 06 Planta de Sto. André. MântuaFig. 05 Interior de Sto. André. MântuaFig. 05 Interior de Sto. André. MântuaFig. 04 LEONE BATTISTA ALBERTI. Sto. André, traçada em 1470. MântuaFig. 04 LEONE BATTISTA ALBERTI. Sto. André, traçada em 1470. Mântua Fig. 06 Planta de Sto. André. Mântua Fig. 06 Planta de Sto. André. Mântua Fig. 05 Interior de Sto. André. Mântua Fig. 05 Interior de Sto. André. Mântua Fig. 04 LEONE BATTISTA ALBERTI. Sto. André, traçada em 1470. Mântua Fig. 04 LEONE BATTISTA ALBERTI. Sto. André, traçada em 1470. Mântua Alberti não planejava o transepto, nem a cúpula, nem a capela-mor, ele planejava apenas uma nave, terminando em uma abside. Foi-lhe permitido criar uma estrutura que na verdade merece a designação de "templo cristão". 4.1 ANALISE DOS EIXOS EM SANTO ANDRÉ, MÂNTUA A analize dos eixos que fizemos em San Lorenzo se aplica perfeitamente em Santo André (fig. 04, 05 e 06). A igreja é um espaço interior em relação ao ambiente que se encontra. É um espaço comum, porque bem assim como San Lorenzo é uma igreja cristã, santo André também é, então os fiéis tinham livre acesso a igreja. É um espaço construído e as pessoas se reuniam dentro desse espaço. É um espaço artificial, notamos perfeitamente a ausência da natureza. O seu interior (fig. 05) é um espaço amplo, onde os fiéis se reúnem. A mesma analize que fizemos sobre o espaço vertical X espaço horizontal em San lorenzo, se aplica em Santo André, logo é um espaço horizontal. Se analizarmos a planta (fig. 06) ou até mesmo sua fachada já percebemos que é um espaço geométrico. 5 SANTA MARIA DELLE CARCERI, PRATO Santa Maria delle Carceri, em Prato, foi iniciada em 1485, o seu arquiteto foi Giuliano da Sangallo e sua planta tem o formato de cruz grega. Muitos traços do plano de Brunelleschi na Capela Pazzi são recordados em Santa Maria dele Carceri (figs. 07, 08 e 09), mas a configuração essencial da edificação é mais próxima do ideal de Alberti. Fig. 07 GIULIANO DA SANGALLO. Sta Maria dele Carceri, 1485. PratoFig. 07 GIULIANO DA SANGALLO. Sta Maria dele Carceri, 1485. PratoFig. 08 Interior de Sta. Maria dele Carceri. PratoFig. 08 Interior de Sta. Maria dele Carceri. PratoFig. 09 Planta de Sta. Maria dele Carceri. PratoFig. 09 Planta de Sta. Maria dele Carceri. Prato Fig. 07 GIULIANO DA SANGALLO. Sta Maria dele Carceri, 1485. Prato Fig. 07 GIULIANO DA SANGALLO. Sta Maria dele Carceri, 1485. Prato Fig. 08 Interior de Sta. Maria dele Carceri. Prato Fig. 08 Interior de Sta. Maria dele Carceri. Prato Fig. 09 Planta de Sta. Maria dele Carceri. Prato Fig. 09 Planta de Sta. Maria dele Carceri. Prato Janson faz uma analise da composição dessa igreja, ele diz que: Executando a cúpula, toda a igreja poderia encaixar-se dentro de um cubo, já que a altura (até o tambor) é igual à largura e ao comprimento. Ao cortar, por assim dizer, os cantos deste cubo, Giuliano formou uma cruz grega (plano que preferia pelo seu valor simbólico) (...). Não pode haver duvidas de que Giuliano a desenhou conforme a velha tradição da cúpula do céu. A abertura central ao alto e as doze no perímetro referem-se claramente a Cristo e aos Apóstolos. Brunelleschi já tinha encontrado esta solução na Capela Pazzi, mas a cúpula de Giuliano, coroando uma estrutura perfeitamente simétrica, transmite de um modo bem mais impressionante o seu valor simbólico. 5.1 ANALISE DOS EIXOS EM SANTA MARIA DELLE CARCERI, PRATO Do mesmo modo que analize feita em San Lorenzo se aplica em Santo André, ela se aplica também em Santa Maria delle Carceri (fig. 07). A igreja de Santa Maria delle Carceri é um espaço interior. É um espaço comum, porque bem assim como San Lorenzo e Santo André são igrejas cristãs, Santa Maria delle Carceri também é, então os fiéis também tinham livre acesso a igreja. É um espaço construído e as pessoas se reuniam dentro desse espaço. É um espaço artificial, muito embora seja notada natureza ao fundo (fig. 07). O seu interior (fig. 08) também é um espaço amplo, onde os fiéis se reúnem. A mesma analize que fizemos sobre o espaço vertical X espaço horizontal em San Lorenzo, se aplica em Santo André e em Santa Maria delle Carceri logo é um espaço horizontal. Se analizarmos a planta (fig. 09) ou até mesmo sua fachada (fig. 07) já percebemos que é um espaço geométrico e seu formato lembra o formato de um cubo. 6 CONCLUSÃO Concluimos que o renascimento pode ser considerado como um periodo revolucionario na história da arquitetura, onde grandes arquitetos fizeram grandes feitos. Filippo Brunelleschi criou a perspectiva exata, onde todos os pontos do espaço retratado obedecem a uma norma única de projeção, e ele foi considerado o pioneiro dos arquitetos renascentistas. Vimos a importancia de Leone Battista Alberti para a arquitetura, com a publicação dos seus tratados. Analizando os eixos organizadores do espaço, podemos perceber que se tratando da mesma epóca ou do mesmo estilo, muitas das vezes as analizes dos eixos podem ser as mesmas, como foi no nosso caso, onde escolhemos três projetos arquitetônicos de basílicas que ficam localizadas nos mesmo país, logo os frequentadores possuiam "a mesma cultura". Haveria diferenciação nas analizes dos eixos se tivessemos escolhidos outro tipo de edificação, como um dos palácios da epóca, onde seria espaço privado e não comum. Mas ainda assim a elaboração desse trabalho contribuio muito para o aprendizado do grupo, onde aprendemos um pouco mais da epoca, das suas leis e medidas e aprendemos também a analizar um projeto arquitetonico de acordo com os eixos organizadores do espaço. REFERÊNCIAS COELHO NETTO, J. Teixeira. A construção do sentido na arquitetura. São Paulo, SP: Perspectiva, 2009. ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BENEVOLO, Leonardo. Introdução à Arquitetura. São Paulo, Ed. Mestre Jou, 1972. JANSON, H. W. História Geral da Arte: Renascimento e Barroco. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BATTISTONI FILHO, Duílio. Pequena História da Arte. 18ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2009.