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Artigo Acadêmico

Artigo sobre os mecanismos psicofisiológicos do crack no cérebro humano de áditos crônicos..

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Artigo de revisão/Review article/Artículo de revisión Apresentado em 06 de Junho de 2011. Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC. Unidade Salvador-BA, Brasil. Jossan Borba. Acadêmico do curso de Biomedicina, 3s., not., da FTC. Salvador-BA. [email protected]; Carlos Miranda. Acadêmico do curso de Biomedicina, 3s., not., da FTC. Salvador-BA. [email protected]; Elane Pinho Acadêmica do curso de Biomedicina, 3s., not., da FTC. Salvador-BA. [email protected]; Márcio Assis. Biólogo. Docente da disciplina TID III do curso de Biomedicina da FTC. Salvador-BA. UMA VISÃO BIOMÉDICA: A PSICOFISIOLOGIA DO CRACK NO CÉREBRO HUMANO. A VISION BIOMEDICAL: THE PSYCHOPHYSIOLOGY OF CRACK IN HUMAN BRAIN. UNA VISIÓN PARA BIOMÉDICA: LA PSICOFISIOLOGÍA DE CRACK EN EL CEREBRO HUMANO. Resumo: O objetivo desta revisão foi realizar uma, breve, pesquisa dos processos biológicos diretamente ligados aos problemas psicossociais exteriorizados e presentes em todos os países em que há áditos do crack. Demonstrar, inicialmente, a fisiologia do crack a partir da absorção dos pulmões, qual tem seu rápido efeito, onde através da corrente sanguínea difunde-se passivamente por fim em todo o cérebro, desencadeando impulsos nervosos sob a ação das monoaminas moduladoras principais, dopamina e serotonina, quais regulam os mecanismos dos sistemas de recompensa e punição, respectivamente; causando alterações nos cérebros de áditos deste psicostimulante e rápida dependência psicológica crônica. Palavras-chave: Crack; Cérebro; Sistemas de Recompensa e Punição; Dependência. Abstract: The aim of this review was to conduct a brief, research on biological processes direcdy linked to psychosocial problems and externalizing present in all countries where there is addicts crack. Demonstrate, first, the physiology of the crack from the absorption of the lungs, which has fast results, where through the bloodstream diffuses passively finally throughout the brain, triggering nerve impulses under the action of monoamine modulating key, dopamine and serotonin, which regulate the mechanisms of reward and punishment systems, respectively, causing changes in the brains of addicts in this fast psychostimulant and chronic psychological depend-ence. Keywords: Crack; Brain; Punishment and Reward System; Dependence. Resumen: El objetivo de esta revisión fue realizar una breve investigación sobre procesos biológicos direcdy vinculados a los problemas psicosociales y externalización presentes en todos los países donde hay crack adictos. Demostrar, en primer lugar, la fisiología de la grieta de la absorción de los pulmones, lo que ha resultados rápidos, donde a través de la sangre se difunde pasivamente por último a través del cerebro, provocando impulsos nerviosos bajo la acción de la monoamino modulación clave, la dopamina y la serotonina, que regulan los mecanismos de los sistemas de recompensa y castigo, respectivamente, provocando cambios en los cerebros de los adictos a este psicoestimulante rápido y psicológica crónica dependencia. Palabras clave: Crack; cerebro, sistemas castigo y recompensa; Dependencia. 1 Introdução Em meados dos anos 80, nos E.U.A, uma nova droga surgiu. Devido ao seu baixo custo, efeito rápido e intenso rapidamente ganha popularidade entre seus áditos, especialmente nas áreas urbanas mais pobres. Chegando ao Brasil — e ao mundo — no início dos anos 90. Hoje, após três décadas, o que ora era barato, tem cobrado um alto preço deixando problemas físicos e emocionais sérios não apenas em seus usuários, mas em comunidades inteiras pelo mundo. O crack, quimicamente, é uma molécula orgânica com atividade psicoestimulante, capaz de burlar as vias fisiológicas normais do Sistema Nervoso Central (SNC) e induzi-lo a uma relação de dependência psicológica. Por tanto, a pesquisa e o conhecimento de ambos cabe, também, às Ciências Biológicas em sua modalidade médica ou à Biomedicina. Os componentes químicos da cocaína é uma combinação da COC + EMA + NaHCO3, qual resulta em uma sal cristalino de aparência branco-amarelada e facilmente clivada através de pirólise. Em sua fórmula molecular tem-se C17H21NO4. O cérebro humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg. É dividido em dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo) bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória. (MARK et al 5 ). Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos. Possui dois hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo, que são separados parcialmente pela fissura longitudinal do cérebro. Sendo que é dividido em 5 lobos: frontal, parietal, occipital, temporal e a ínsula, sendo que esta última não se relaciona diretamente com nenhum osso e situa-se profundamente no sulco lateral. Lobo frontal: Responsável pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades individuais e emoção. Os lobos frontais são considerados o nosso centro de controle emocional e lar da nossa personalidade. Lobo temporal é a estrutura central responsável pelo gerenciamento da memória. Lobo Parietal Responsável pela sensação de dor, tato, gustação, temperatura, pressão. Também está relacionado com a lógica matemática. Os lobos parietais podem ser divididos em duas regiões funcionais. Uma envolvida na sensação e na percepção e outra responsável pela integração do input sensorial, primariamente com o sistema visual. A primeira função integra informações sensoriais para formar uma única percepção (cognição). A segunda função constrói um sistema de coordenadas espaciais para representar o mundo que nos cerca. Indivíduos com danos nos lobos parietais geralmente demonstram profundos déficits, tais como anormalidades na imagem corporal e nas relações espaciais. Lobo Occipital Responsável pelo processamento da informação visual. Lobo da ínsula O lobo da ínsula está localizado na parte mais profunda do cérebro na face interna do lobo frontal é separada dos demais lobos por sulcos preínsulares, uma de suas funções principais é coordenar as emoções fazendo parte do sistema límbico. Funciona como uma espécie de intérprete do cérebro, ao traduzir sons, cheiros, sabores, sentimentos de nojo, desejos, raiva, orgulho, e todas as formas de emoção e sentimentos são processados na porção frontal da ínsula. (MENEZES3). Desenvolvimento O trajeto do crack tem sido descrito, através de três vias principais: A) Respiratória: Possui efeito mais rápido que a cocaína em pó, aspirada, por sua maior absorção pelos alvéolos pulmonares, onde é rapidamente absorvida ganhando a cirgulação sanguínea; B) Circulatória: Através da difusão passiva, devido ao gradiente de concentração, penetra na via circulatória ganhando rapidamente o cérebro; C) Cerebral: Ultrapassa a barreira hematoencefálica e se dispersa pelas fendas sinápticas, onde exerce seu efeito. Todo o trajeto desde a inalação do crack ao seu efeito tem o tempo aproximado em 10 segundos. Todos os processos biológicos e funções psíquicas relacionados ao cérebro são modulados por neurotransmissores, que agem como moduladores, inibindo e ativando os impulsos nervosos que chegam ao cérebro, através das fibras nervosas aferentes de associação e projeção em praticamente todos os lobos cerebrais; coordenando, assim, os mais variados e complexos comportamentos humanos visando a autopreservação da espécie no planeta. As principais vias moduladoras são pertencentes os neurotransmissores do grupo das catecolaminas, quais fazem parte das funções principais dos sistemas responsáveis na manifestação da dependência do crack. Via dopaminérgica - dopamina: Moduladora do sistema de recompensa. A ATV (área tegmentar ventral) no 2 mesencéfalo possui em sua estrutura a Substância negra, principal núcleo de corpos de neurônios que sintetizam e armazenam a dopamina. Sua síntese dá-se através da descarboxilação do DOPA, proveniente do aminoácido tirosina e metabolizado pela enzima tirosina hidroxilase. A função da dopamina está diretamente relacionada ao sistema de recompensa (motivação); Prazer (euforia); Função Motora; Compulsão e Preservação. Via serotoninérgica — serotonina: Está, por sua vez, presente na Formação reticular. Área situada no tronco encefálico, entre a ponte e o bulbo, onde, entre outros núcleos, encontra-se os núcleos da rafe, em especial o núcleo magno da rafe, que sintetiza e armazena a serotonina. Esta é proveniente do aminoácido triptofano, pela descarboxilação do seu anel aromático. A função da serotonina está diretamente e indiretamente relacionada ao humor, processamento da memória, sono e vigília e conhecimento. (MACHADO3). O Sistema de Punição foi descoberto em 1943, pelos pesquisadores W. R. Hess e M. Brugger com a estimulação do hipotálamo medial os animais que apresentaram propriedades aversivas. Principais partes relacionadas são: Os Núcleos da Rafe — Liberação de serotonina; Hipotálamo medial — Diretamente relacionada ao medo/punição, através de conexões com os corpos amigdalóides; Corpo Amigdalóide — É uma área de percepção semiconsciente, que auxilia na padronização da resposta comportamental da pessoa de acordo com a ocasião. Centro de identificação de perigo; Situação de alerta (lutar ou fugir); Tálamo — Onde processa-se o comportamento emocional, ou seja, a reação do indivíduo. Recebendo e enviando informações ao córtex cerebral. Relaciona-se ao córtex pré-frontal — Relacionado ao planejamento de ações, baseado na memória de curo e longo prazo (positiva ou negativa) e dos movimentos relacionado aos estímulos. (BRANDÃO1). O sistema límbico coordena os comportamentos emocionais de acordo com a qualidade do estímulo (visual, auditivo, olfatório e psíquico). Vias serotominérgicas ascendentes, que se originam nos núcleos da rafe e projetam-se na amígdala, sistema septo-hipocampal e hipotálamo medial desempenham um papel essencial na associação de significado aos dados objetivos da informação sensorial e na gênese da reação emocional. São Disparados eventos que são integrados pelo hipotálamo medial e corpo amigdalóide, resultando em alterações do estado interno que prepara o organismo para a ação adequada (luta ou fuga.) e não requerem um controle consciente; acionando, então, mecanismos prosencefálicos que preparam o organismo para as interações com o meio externo, modulando o repertório comportamental a fim de dirigir respostas esqueletomotoras adequadas. (NEAD6). O Sistema de Recompensa foi descoberto em 1954, James Olds e P. Milner, psiquiatras norte-americanos, com a estimulação de áreas específicas no mesencéfalo provoca sensação de prazer em ratos. Sistema de neurotransmissão de dopamina, denominado Sistema mesolímbicomesocortical; Autopreservação - alimento, sexo, defesa e Humor; Principais partes relacionadas são ATV/Mesencéfalo — Substância negra — Liberação de dopamina; Corpo Amigdalóide Centro de identificação de perigo; Gera medo e ansiedade — Situação de alerta (lutar ou fugir); Tálamo — Onde se processa o comportamento emocional, ou seja, a reação do indivíduo. Recebe e envia informações. Relaciona-se ao córtex préfrontal. Córtex pré-frontal — Relacionado ao planejamento de ações, baseado na memória de curo e longo prazo (positiva ou negativa) e dos movimentos relacionado aos estímulos. (NEAD6). Segundo Cardoso e Sabbatini2, quando a cocaína entra no sistema de recompensa do cérebro, ela bloqueia os sítios transportadores dos neurotransmissores acima mencionados (dopamina e serotonina), os quais tem a função de levar de volta estas substâncias que estavam agindo na sinapse. Desta maneira, ela possibilita a oferta de um excesso de neurotransmissores no espaço intersináptico à disposição dos receptores póssinápticos, fato biológico cuja correlação psicológica é uma sensação de magnificência, euforia, prazer, excitação sexual. Por este motivo, denominase o consumo da cocaína "Sindrome de Popeye", numa analogia dessa droga com o espinafre do conhecido marinheiro das histórias em quadrinhos. Uma vez bloqueados estes sítios, a dopamina e outros neurotransmissores específicos não são recaptados, ficando portanto, livres no espaço intersináptico, no cérebro até que a cocaína saia. Quando um novo impulso nervoso chega, mais neurotransmissores são liberados na fenda sináptica, acumulando-se no cérebro por suas bombas recaptadoras (proteínas responsáveis pelo transporte da dopamina da fenda sináptica de volta para dentro do neurônio pré-sináptico) estarem bloqueados pela cocaína. Ao contrário do sistema normal de autopreservação da espécie, quan3 do por um período curto de tempo os neurotransmissores dopaminérgicos ficam ligados a Figura 1: Mecanismo normal de liberação e recaptação de dopamina. poucos receptores e são rapidamente ”sequestrados” pelas bombas recaptadoras mantendo a homeostase (função normal) do sistema. to deste psicoestimulante para que, em seguida, haja alterações psicofisiológicas entre as Figura 2: Bloqueio da bomba de recaptação de dopamina pela molécula de cocaína. vias normais principais, dopaminégica e serotoninérgica, dos sistemas de recompensa e punição, levando o indivíduo ao estado de dependência psicológica crônica, gerando o ciclo: droga-prazer-culpa-falta de prazer-busca-droga. Método Estudo de revisão bibliográfica abordou publicações, por intermédio de buscas sistemáticas utilizando os bancos de dados eletrônicos, literaturas publicadas sobre o uso do crack e o seu efeito no cérebro humano. Discussão Após estimulo (visual, auditivo, olfatório ou psíquico) ambas as vias — dopaminérgicas e serotoninérgicas — são ativadas, simultaneamen frontal. Portanto, sendo a memória associativa positiva a via dopaminérgica terá um feedback positivo/reforço (negativo serotoninérgica), gerando o sentimento de prazer. Caso negativo, a viaserotoninérgica irá ter um feedback positivo (negativo para dopaminérgica), gerando, assim um sentimento de falta de prazer e ansiedade, preparando o corpo para luta/aversão ou fuga/estado depressivo. Conclusão Segundo os autores referidos nas literaturas consultadas, fica demonstrado que a desregulação homeostática hedonista da busca pelo prazer é um dos motivos, pessoais, para a busca da droga. Os mecanismos da dependência da cocaína-crack, provém percepção distorcida de si mesmo do ádi- Sendo assim, esta falta de sincronismo proveniente do consumo crônico do crack é estabelecida entre o estímulo (externo ou interno/psíquico), o córtex pré-frontal (memória) e o sistema límbico (comportamento emocional), onde, para o ádito psicodependente crônico, prevalece a recompensa como o prazer memorizado e buscado sem limites. Referência 1. Brandão, M. L. Psicofisiologia. Atheneu, 1 Ed. São Paulo, 1995; 2. Cardoso, S. H. . Sabbatini, R. M. E. Revista Cérebro & Mente. Núcleo de Informática Biomédica. Os Efeitos da Cocaína no Cérebro. Universidade Estadual de Campinas. Publicado em 18/Jan/1998. Acessado: 02/Abr/2011. Disponível em: ; 3. Machado, A. Neuroanatomia Funcional. Atheneu, 2 Ed. Rio de Janeiro; 4 4. Meneses. M.s. Neuroanatomia aplicada. Guanabara koogan. Rio de Janeiro, 1999; 5. Mark, F. Bear. Barry. W. Connors. Michaela. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. Paradiso. Artmed; 6. NEAD (Núcleo Einstein de Álcool e Drogas). Hospital Albert Einstein. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. Álcool e drogas sem distorção: Neurobiologia da Dependência Química; O Sistema da Recompensa. Publicado em 10/Março/2003. Acessado: 02/04/11 Disponível em: 5