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Armazenamento De Sementes

Após as operações de secagem e de beneficiamento, as sementes são destinadas ao armazenamento, onde permanecem até a ocasião apropriada para a comercialização ou utilização para a semeadura. O armazenamento pode trazer grandes vantagens porque na época de colheita, quando a oferta é superior à procura, o agricultor pode se ver obrigado a comercializar imediatamente o seu produto, recebendo por ele um preço pouco compensador. Porém se efetuar um armazenamento adequado, poderá aguardar até o momento em que a...

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PRINCÍPIOS DE ARMAZENAMENTO DE SEMENTES Notas de aula Responsável – Profª. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque INTRODUÇÃO Após as operações de secagem e de beneficiamento, as sementes são destinadas ao armazenamento, onde permanecem até a ocasião apropriada para a comercialização ou utilização para a semeadura. O armazenamento pode trazer grandes vantagens porque na época de colheita, quando a oferta é superior à procura, o agricultor pode se ver obrigado a comercializar imediatamente o seu produto, recebendo por ele um preço pouco compensador. Porém se efetuar um armazenamento adequado, poderá aguardar até o momento em que a procura atinja um nível tal que possibilite a comercialização com maiores lucros. Quando o produto é destinado à semeadura, deve-se salientar que o seu armazenamento é praticamente obrigatório, pois para a maioria das culturas propagadas por sementes, a época de colheita dificilmente coincide com a época mais adequada de semeadura. Assim, a colheita de sementes de milho, arroz, soja, feijão e outras, predomina nos meses de março a maio, ao passo que essas mesmas culturas geralmente são instaladas em outubro e novembro. As sementes devem ser colhidas, secadas, beneficiadas e, posteriormente, armazenadas sob condições tais que possibilitem a conservação das boas qualidades ou, pelo menos, que a queda de qualidade não seja acentuada até o momento de sua utilização. O armazenamento sob condições desfavoráveis implica na desvalorização, pois a utilização de sementes deterioradas acarreta baixa percentagem de emergência no campo, comprometendo o padrão da cultura. No planejamento para o armazenamento de sementes consideram-se o histórico dos lotes, as características da espécie, as condições ambientais e o período de tempo que os lotes deverão permanecer nos depósitos. A preservação da qualidade das sementes é um fator vital, desde a colheita até o plantio subseqüente ou mesmo durante vários anos. A máxima qualidade das sementes é atingida no ponto de maturidade fisiológica, mas as condições apropriadas do ambiente preservarão a viabilidade e o vigor das sementes colhidas, até a época do novo plantio. O princípio básico do armazenamento é conservar a qualidade, por isto deve-se armazenar as sementes beneficiadas de alta qualidade. CONSIDERAÇÕES GERAIS Os problemas de armazenagem surgem normalmente das seguintes situações ou circunstâncias: - Sementes de baixa qualidade são armazenadas - Sementes não são convenientemente secas - Sementes são armazenadas por longos períodos - Sementes de "vida curta"/sementes "recalcitrantes" são armazenadas inadequadamente - Sementes são armazenadas úmidas, em lugares sem ventilação e quentes. TIPOS DE ARMAZENAMENTO 1. Armazenamento de sementes comerciais: geralmente por um período curto (6-8 meses), da colheita à semeadura. É menos exigente quanto às condições ambientais. O objetivo básico é a conservação da viabilidade das sementes. As sementes devem ser armazenadas com teor de água de aproximadamente 13%. 2. Armazenamento de estoques reguladores: deve-se ter um maior rigor nas condições ambientais. O período de armazenagem é mais longo (1-2 anos). O principal objetivo é preservar a viabilidade das sementes. Para esse tipo de armazenamento, o teor de água recomendado é de 10% 3. Armazenamento de sementes básicas: o período de armazenagem é mais longo do que as anteriores e exige cuidados. O ambiente deve ter controle de umidade relativa e de temperatura. O principal objetivo é preservar a viabilidade e a identidade genética das sementes. 4. Armazenamento de sementes em bancos de germoplasma: com o objetivo de manter a viabilidade pelo maior período possível. Exige maiores cuidados com uso de baixa temperatura e baixa umidade relativa do ar (5ºC, 20-40% UR). Tem por finalidade também preservar a identidade genética da espécie ou cultivar (preservação de recursos genéticos). FATORES QUE AFETAM O ARMAZENAMENTO DE SEMENTES (GERMINAÇÃO E VIGOR DURANTE O ARMAZENAMENTO) 1. Inerentes às sementes: a) Condições ambientais durante a maturação b) Viabilidade inicial c) Umidade inicial d) Natureza do tegumento e) Espécie 2.Inerente às condições de armazenamento: a) Umidade relativa b) Temperatura c) Tipo de embalagem d) Presença de insetos e microorganismos 1.a. Condições ambientais durante a maturação Sementes completamente maduras apresentam máximo vigor, desde que sadias. Condições climáticas desfavoráveis durante o período de maturação podem causar maturação incompleta das sementes; essas, quando armazenadas, perdem mais rapidamente suas boas qualidades. A maturação uniforme dificilmente é obtida e o problema pode se agravar; em plantas de algodoeiro certas sementes atingem o ponto de maturidade cerca de 6 a 8 semanas após outras sementes da mesma planta. Essas sementes, expostas a condições adversas no campo, podem ser menos vigorosas e não resistir às condições de conservação. Pontos a considerar: - condições climáticas desfavoráveis na maturação: temperatura, água, umidade relativa - Duas fases criticas: fase de enchimento (1 e 2 - acúmulo de matéria seca) e fase de desidratação (maturidade fisiológica - 3 e 4) - "armazenamento no campo", "deterioração de campo" - maturação antecipada ou retardada reduz o potencial de armazenamento. 1.b. Viabilidade inicial Considerando-se que as condições de temperatura e de umidade sejam favoráveis, outros fatores podem afetar a viabilidade das sementes durante o período de conservação. Sementes de alta viabilidade inicial são muito mais resistentes a umidade e temperatura desfavoráveis do que as de baixa viabilidade inicial; a deterioração, uma vez iniciada, evolui rapidamente até a morte da sementes, embora isto não aconteça em condições favoráveis. Sementes de ervilha com 94% de germinação, armazenadas em condições normais de temperatura e umidade, não deterioram tão rapidamente como sementes com 75% de germinação inicial. - depende: condições de campo, de colheita, danos mecânicos, pós- colheita (manuseio), etc. - quanto maior a viabilidade inicial, maior o potencial de armazenamento. - limitação de espaço de armazenamento: preferência às sementes (lotes) de melhor qualidade. - Vigor da planta ascendente (nível nutricional, sanidade, etc.). 1.c. Umidade inicial - fator mais importante - colheita, secagem - redução de umidade - A secagem com a utilização de temperaturas elevadas, embora possa ser mais rápida e econômica, pode provocar prejuízos ao vigor das sementes, principalmente se forem conservadas sob condições desfavoráveis, mesmo que a germinação não seja afetada imediatamente após a secagem. - maior umidade afeta - taxa respiratória, atividade de microorganismos e insetos - umidade relativa x umidade da semente - equilíbrio higroscópio - umidade relativa x temperatura x teor de água - a cada aumento de 1% no teor de água, reduz-se pela metade o período de conservação das sementes ( 5-14%) - sementes duras- redução drástica de umidade 1.d. Natureza do tegumento - tegumento impermeável à água - semente dura - maior potencial de armazenamento. Sementes colhidas e processadas sem os devidos cuidados para se evitar a ocorrência de danificações mecânicas perdem mais facilmente a germinabilidade e o vigor durante a conservação, principalmente em ambientes úmidos onde há maiores possibilidades do desenvolvimento de microorganismos. Sementes danificadas deterioram-se com maior rapidez que as intactas, isto porque apresentam maior teor de água sob uma mesma umidade relativa; sua taxa respiratória, aliada à de microrganismos, provoca rápida deterioração. 1.e. Espécie Após atingir a maturidade fisiológica, todas as sementes perdem gradualmente sua vitalidade (no processo de deterioração), dependendo da espécie considerada, da composição química da semente, das condições sob as quais foram produzidas e armazenadas. Todavia, a longevidade é uma característica da espécie considerada. A longevidade da semente é definida como o período de tempo em que a semente se mantém viva, isto é, capaz de germinar quando colocada sob condições favoráveis, se não for dormente. A fim de se ter uma indicação de período de armazenamento seguro para várias sementes de plantas cultivadas, foram elas distribuídas em três grupos: a) sementes de vida curta (microbióticas): compreendem as sementes que, mesmo quando armazenadas nas melhores condições possíveis, vivem menos que 3 anos; exemplo: cacau, ingá, seringueira, citros, café, cana-de-açúcar, manga, jabuticaba; b) semente de vida média (mesobióticas): vivem de 3 a 15 anos; neste caso se enquadra a maioria das sementes de plantas cultivadas; c) sementes de vida longa (macrobióticas): vivem 15 anos ou mais; exemplos: sementes de algumas plantas silvestres e leguminosas que apresentam sementes duras. - Sementes de vida curta (vivem menos de 5 anos), vida longa (vivem mais de 10 anos), recalcitrantes (não toleram dessecação) e ortodoxas (toleram dessecação). - Influenciada pela natureza do tegumento, composição química, gens dominantes de longevidade, estrutura da semente (glumas, etc.). 2.a. Umidade relativa e temperatura de armazenamento - "Principais fatores" - quanto menores, maior o potencial de armazenamento. - UR% + T(ºC) = 55,5 - Diminuindo 5,5ºC na temperatura do ar, dobra-se o período de conservação de sementes (0-50ºC) - Mais difícil e mais caro o controle da UR. Quadro 1- Porcentagem de germinação de sementes de sorgo após armazenamento sob diferentes condições de umidade relativa e temperatura. Umidade Relativa Temperatura Meses de armazenamento % ºC 0 4 8 12 20 10 95 94 96 97 20 95 94 95 96 30 95 93 93 95 40 10 95 94 95 95 20 95 94 94 95 30 95 94 93 92 60 10 95 93 93 97 20 95 95 95 92 30 95 94 90 75 80 10 95 92 47 38 20 95 47 10 0 30 95 0 0 0 - Teste de envelhecimento precoce (ou acelerado) - predizer o potencial de armazenamento. - Umidade Relativa controla a umidade das sementes e a temperatura controla a velocidade dos processos bioquímicos. - Conservação de sementes em regiões tropicais e subtropicais: Armazenamento a curto prazo (até 9 meses) 1- 30ºC – 50% UR Cereais até 12% de umidade Oleaginosas -8% 2- 20ºC – 60% UR Cereais- máximo 13% Umidade Oleaginosas -9,5% Armazenamento a médio prazo (até 18 meses) 1- 30ºC – 40% UR Cereais- 10% Oleaginosas- 7,5% 2- 20ºC – 50% UR Cereais – 12% Oleaginosas – 8% 3- 10ºC – 60% UR Cereais – 12% Oleaginosas – 9% Armazenamento a longo prazo 1- 3 a 5 anos : 10ºC e 45% UR – maioria das espécies 2- 5 –15 anos : 0 a 5ºC e 40% UR 2.b – Embalagem Sabe-se que a melhor maneira de se conservar a boa qualidade das sementes é o armazenamento em locais frios e secos. Sendo a umidade fator extremamente importante, as sementes conservadas secas podem manter a sua viabilidade mesmo quando colocadas em ambientes com temperaturas relativamente altas. No entanto, quando conservadas em embalagens que permitem trocas de vapor d'água com o ar atmosférico, podem absorver umidade em locais de alta umidade relativa, deteriorando-se com relativa facilidade. Por outro lado, as sementes submetidas a secagem até atingir os níveis de 4-8% de umidade mantém alto vigor sob diversas condições de umidade relativa e temperatura, quando são conservadas em recipientes à prova de penetração do vapor d'água. Os materiais utilizados para a embalagem de sementes devem apresentar resistência à tensão e ruptura para suportarem as condições de manejo e, se possível, proteger as sementes contra insetos, roedores e trocas de vapor d'água com a atmosfera. A durabilidade, as facilidade para impressão ou rotulação, sua resistência ao choque também são fatores considerados para a escolha do material destinado à embalagem. De modo geral, existem três tipos de embalagens, classificadas quanto à possibilidade de trocas de vapor d'água com o ar atmosférico. A escolha depende da umidade inicial, umidade relativa, temperatura, modalidade de comercialização, valor da semente, características mecânicas da embalagem, disponibilidade do comércio e período de conservação. a) embalagens porosas: permitem trocas de vapor d'água entre as sementes e o ar atmosférico; exemplos: sacos de tela de algodão, de juta, de papel e de tela de plástico. Usadas em clima seco ou período curto. Deve ter resistência à rupturas, facilidade de empilhamento e de manuseio, e boa apresentação. b) embalagens resistentes à penetração do vapor d'água: permitem passagem de menores quantidades de vapor d'água; exemplos: sacos de papel multifolhados, polietileno, poliéster, plástico fino, papel tratado com asfalto, papel plastificado, papel aluminizado – teor de água 2-3% mais baixo. Usado quando as condições não são muito úmidas e o período de armazenamento não muito prolongado. c) embalagens à prova da penetração de vapor d'água: impedem a passagem do vapor de água, como os recipientes: laminados de fibra e alumínio, recipientes de vidro com gaxeta de vedação, laminados de alumínio e papel, laminados de alumínio e plástico, latas, papel celofane. Teor de água entre 6-12% para sementes albuminosas e 4 a 9% para oleaginosas. Ex.: feijão, milho, trigo e sorgo – 9% (umidade máxima) beterraba, ervilha, milho doce – 8% algodão, cenoura, soja – 7% abóbora, amendoim, cebola, pepino, tomate – 6% couve, repolho - 5% Materiais empregados para embalagem: a) Tela de juta: É material de baixo custo, empregado na confecção de sacos. Estes apresentam grande resistência à tensão, à ruptura, podem ser utilizados em pilhas altas e suportam bem o manejo. Sob condições normais de conservação, não são alterados durante vários anos mas, sob grande período de exposição à luz solar e alta umidade b) Tela de algodão: A sacaria de algodão é muito utilizada na comercialização de sementes de grandes culturas. Apresentam facilidade de manejo, de impressão e protegem as características físicas das sementes, mas não contra insetos, roedores e trocas de vapor d'água com o ar; a proteção é satisfatória quando são laminados com outros materiais mais resistentes. c) Produtos de papel: A maioria das embalagens pequenas para sementes são de papel sulfite ou papel "Kraft" revestidos com material argiloso branco para facilitar a impressão; apresentam a desvantagem de permitir trocas de umidade com o ambiente. Sacos de papel multifolhados são muito empregados na embalagem de sementes grandes. Geralmente, consistem de duas ou mais camadas de papel "Kraft", protegidas por uma capa externa de papel mais resistente. Entre as paredes multifolhadas pode-se colocar capas especiais de asfalto, polietileno ou alumínio delgado, para maior proteção contra efeitos da umidade. Rompem-se com certa facilidade, não resistindo em pilhas muito altas (os das camadas mais baixas podem se romper) e em regiões muito secas podem se tornar quebradiços. Para embalagens de sementes de hortaliças são utilizados recipientes laminados de papel e alumínio ou papel e plástico, resistentes ou à prova de penetração de umidade. d) Películas de celofane: Podem ser empregadas isoladamente ou em combinação com outros materiais, para a conservação de pequenas quantidades de sementes. Em regiões secas geralmente se tornam quebradiças, de modo que seu emprego é facilitado quando laminado com polietileno. e) Alumínio: As folhas de alumínio, utilizadas isoladamente, não constituem boas embalagens devido ao seu difícil manejo. Quando revestidas com outros materiais são excelentes pois, nessas condições, oferecem proteção muito eficiente contra a penetração de umidade e de gases. f) Polietileno: Películas de polietileno, com diferentes densidades podem ser laminadas entre si com outras películas como alumínio delgado, papel, tecidos em geral, que permitem a melhoria das propriedades da embalagem, pois as várias propriedades de cada película geralmente são aditivas quando combinadas. g) Recipientes metálicos: Quando corretamente fechados, constituem- se em barreiras muito eficientes contra a penetração de vapor d'água, de gases, de roedores e de insetos. Protegem perfeitamente a germinação e o vigor das sementes, se estas forem secadas adequadamente. h) Recipientes de vidro: Pouco utilizados para a conservação de sementes principalmente porque se quebram com facilidade. Porém, são empregados para pesquisas e exposições em casas comerciais onde se realizam vendas de sementes a granel. Oferecem proteção semelhante à dos recipientes metálicos. i) Recipientes de papelão: São muito utilizados sob a forma de caixas retangulares e cilíndricas, estas com tampa e fundo metálicos. Normalmente, não apresentam resistência às trocas de umidade mas, através de laminação ou revestimento com papel ceroso, podem ter suas propriedades melhoradas. oferecem boa proteção às sementes, mas as caixas são de difícil manejo e podem se romper facilmente. Acondicionamento e rotulação: Praticamente todas as sementes, com exceção das contidas em recipientes pequenos, são comercializadas com base no peso ou volume. Quando é utilizado o volume, este deve estar relacionado com um determinado peso. As embalagens devem trazer informações sobre a espécie, variedade, pureza física, teor de água, poder germinativo, nome do produtor e tratamento das sementes, se for o caso. Estas informações podem ser fornecidas por etiquetas coladas ao recipiente ou por impressão direta. Máquinas rotuladoras especiais são empregadas para latas; também pode haver necessidade de impressão direta e posterior rotulação, para que as sementes sejam identificadas perfeitamente, mesmo que o rótulo se desprenda. Todo o manejo das embalagens deve ser cuidadoso para se evitar principalmente as danificações mecânicas devidas a impactos e pressões; danos podem ocorrer naturalmente durante o período de conservação devido ao armazenamento com teor inadequado de umidade. Influência das embalagens sobre a conservação das sementes: a) condições tropicais: altas temperatura e umidade relativa; b) condições desérticas: alta temperatura e baixa umidade relativa; c) condições frígidas: baixa temperatura e média umidade relativa. Sob condições desérticas, à exceção da embalagem de papel e alumínio, as embalagens permitiram trocas entre as sementes e o ar. Em condições frígidas as sementes colocadas em sacos permeáveis absorveram umidade. Embalagens impermeáveis e resistentes, aliadas à baixa temperatura favoreceram a boa conservação. Nas condições tropicais as embalagens não exercem influência; a alta umidade relativa e a temperatura prejudicam a conservação em embalagens porosas, enquanto o alto teor de água das sementes e a temperatura elevada favorecem a deterioração em recipientes herméticos. De modo geral, as embalagens à prova de trocas de umidade são muito prejudiciais se as sementes são armazenadas com teores inadequados de umidade; as sementes desenvolvem a respiração anaeróbica e, assim, dá-se a liberação de substâncias tóxicas que passam a prejudicá-las intensamente. 2.c. PRESENÇA DE FUNGOS - Aspergillus e Penicillium spp – gêneros - Controle – secagem, ambiente seco (65% UR – 10-13% umidade), limpeza - Afetam o poder germinativo, qualidade organoléptica, valor nutritivo, vigor. - Causam rancificação, aquecimento (aumentam taxa respiratória), micotoxinas. Temperaturas (ºC) mínimas, ótimas e máximas para o metabolismo de fungos de armazenamento. ___ "Fungo "mínima "ótima "Máxima " "Aspergillus "5 -10 "30 – 35 "40 – 45 " "restrictus " " " " "A. glaucus "0 - 5 "30 -35 "40 – 45 " "A. candidus "10 – 15 "45 – 50 "50 – 55 " "A. flavus "10 – 15 "40 – 45 "45 – 50 " "Penicillium sp. "-5 - 0 "20 - 25 "35 - 40 " -Fungos de campo – descoloração, enrugamento, redução da qualidade fisiológica – alto UR – Fusarium, Helminthosporium. 2.d. Presença de insetos - temperaturas e umidades elevadas (30 – 32ºC, crescimento reduzido abaixo de 20ºC e cessam abaixo de 10ºC ) - expurgo – fosfina, nebulização do local - secagem, limpeza - Ordens Coleóptera e Lepidoptera - metamorfose completa - inspeção, sacarias novas - afetam germinação, vigor, teor de nutrientes, peso, pureza física - causam poluição, redução comercial, transmitem (carregam) esporos de fungos - aumentam taxa respiratória e causam aquecimento O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas tem sido adotado com maior intensidade entre os produtores de sementes. As sementes tratadas, em geral, apresentam melhor conservação, com menor perigo de deterioração, desde que o tratamento tenha sido executado de maneira adequada. REGRAS PRÁTICAS 1 – Armazenar por mais de 1 ano somente sementes de alta qualidade. 2 – A armazenagem de sementes em ótimas condições devem ser reservadas aos lotes com alta qualidade e nunca aos de baixa qualidade. 3 – Selecione logo os lotes para armazenar por mais de 1 ano. 10 PRECEITOS PARA ARMAZENAGEM DE SEMENTES 1 – A qualidade das sementes não é melhorada com o armazenamento. 2 – Teor de água e temperatura são os fatores mais importantes influenciando o armazenamento. 3 – Teor de água da semente é função da umidade relativa e, em menor extensão, da temperatura. 4 – Teor de água é mais importante do que temperatura. 5 – Um decréscimo de 1% no teor de água duplica o período de conservação (5 – 14%). 6 – Condições secas e frias são as melhores para o armazenamento. 7 – Um decréscimo de 5,5ºC na temperatura duplica o período de conservação (0 – 50ºC). 8 – Sementes danificadas, imaturas e deterioradas não armazenam tão bem quanto sementes maduras, não danificadas e vigorosas. 9 – Para armazenamento em embalagens impermeáveis o teor de água da semente deve ser 2 – 3% mais baixo do que para embalagens permeáveis. 10 – Longevidade da semente é uma característica das espécies. Para se conservar o poder germinativo e o vigor das sementes é necessário mantê-las em ambiente seco e frio; quanto mais seco e mais frio, dentro de certos limites, maiores as possibilidades de se prolongar a conservação das sementes. No ambiente, a umidade presente no ar pode ser suficiente para provocar o reinício das atividades do embrião, se o oxigênio e a temperatura forem suficientes; a respiração das sementes, aliada à de microorganismos e de insetos provoca o aquecimento, que pode chegar ao ponto de reduzir drasticamente a viabilidade das sementes. O equilíbrio higroscópio entre a umidade do ar e a umidade da semente permite estimar a possibilidade de boa conservação, desde que se evite a ocorrência de pontos de acumulação de umidade no interior do depósito. Generalizando, quando as sementes estão em equilíbrio com a umidade relativa inferior a 65%, há boas condições para a conservação. As boas qualidades de sementes relativamente úmidas, podem ser mantidas se a temperatura do ambiente for baixa, ocorrendo diminuição da velocidade de deterioração; se a temperatura for alta, o desenvolvimento de fungos e o aquecimento das sementes provocam a rápida deterioração devido à ativação do metabolismo das sementes. INSTALAÇÕES PARA O ARMAZENAMENTO: A boa conservação das sementes pode ser obtida por duas maneiras: em locais onde as condições climáticas são favoráveis ou em ambiente controlado. No primeiro caso, os custos são menores, bastando secar adequadamente, proceder a embalagem recomendada e procurar manter as sementes protegidas das possíveis varia;cões das condições ambientais. Quando as condições locais são relativamente desfavoráveis ou o período de armazenamento é longo, pode haver necessidade da conservação em ambiente controlado, que requer planejamento mais detalhado e envolve maiores despesas. Silos e tulhas: São utilizados para a conservação de grandes quantidades de sementes durante período relativamente curto. São instalados em locais secos e bem ventilados para evitar elevações bruscas de temperatura e umidade relativa em seu interior. As tulhas são instalações mais simples, geralmente divididas em compartimentos de igual capacidade, destinadas à conservação de sementes com diferentes teores de água. Deve possuir telhado perfeito, piso isolado do solo para evitar acumulação de umidade e bom revestimento interno. Os silos compreendem instalações mais sofisticadas que as tulhas. São de preços mais elevados, construídos de alvenaria, metal ou plástico, podendo incluir sistemas de ventilação com ar aquecido ou não. Câmara frias: Câmaras frigoríficas e, também, refrigeradores domésticos são utilizados para conservação de sementes por longos períodos. Devem ser providas de compartimentos e prateleiras de modo a alojar diferentes lotes de sementes. Geralmente, são mantidos a temperatura de 4C (40F) e além de apresentarem elevado custo de instalação, tem o inconveniente de apresentar alta umidade relativa, aumentando o teor de água das sementes. As sementes armazenadas em câmaras frias de alta umidade relativa, quando são retiradas desses ambientes, perdem rapidamente seu poder germinativo e vigor. Câmaras secas: São câmaras onde o ambiente é mantido a baixa umidade relativa, utilizada principalmente para a conservação de material mais valioso (do melhorista) ou para trabalhos de pesquisa; para fins comerciais seu custo é oneroso. Os dissecantes mais utilizados são a alumina e a sílica gel. Esta consegue absorver umidade até 40% do seu peso seco; posteriormente são secadas e podem ser reaproveitadas. Câmaras secas e frias: Reúnem em uma só as virtudes das câmaras frias e das câmaras secas. Todavia, a instalação e a manutenção das mesmas é cara; por esse motivo são usadas somente para os materiais mais valiosos.