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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS
Materiais substâncias com propriedades úteis e que o homem usa para fazer
as coisas.
Os materiais sólidos são classificados com base na estrutura atômica e
ligações químicas em:
Metálicos; cerâmicos, polímeros e compósitos
Metálicos: Possuem ligações metálicas entre átomos, um grande numero de
elétrons não localizados, extremamente bons condutores de eletricidade e
calor, resistentes e deformáveis, divididos em ferrosos e não ferrosos
Polímeros: Compostos por macromoléculas orgânicas, química baseada no
carbono e hidrogênio, possuem estruturas moleculares muito grandes, baixa
densidade e extremamente flexíveis, baixa condutividade térmica e elétrica
baixa resistência mecânica, não servem para altas temperaturas.
Cerâmicos: Denominação genérica dada a todos os materiais não metálicos e
não-orgânicos. A grande variedade de materiais que se enquadram nessa
classificação é composta por minerais argilosos, cimento e vidro. Pode ser
combinação de metálicos com não metálicos. Isolantes para eletricidade e
calor e mais resistentes a altas temperaturas, porém quebradiços
Compósitos: Composição de dois ou mais tipos de materiais diferentes.
Matriz – Fornece a estrutura
Reforço – Fornece ás propriedades mecânica
Ex: Fibra de vidro.
Propriedades DOS MATERIAIS
A determinação e/ou conhecimento das propriedades dos materiais é muito
importante para a escolha do material para uma determinada aplicação, bem
como para o projeto e fabricação do componente.
Definem o comportamento do material, dependem do agrupamento e organização
dos átomos.
Todos os metais e ligas possuem em estado sólido uma estrutura cristalina
bem definida.
Devido à distribuição geométrica correta dos átomos, dispostos em planos e
no espaço, os metais apresentam um Reticulado Espacial Cristalino
Alotropia = dois ou mais estados cristalinos
Sistemas cristalinos = É a forma do arranjo da estrutura substituindo
átomos por pontos
Estruturas cristalinas dos principais metais
cúbico de corpo centrado (CCC): cromo, potássio, sódio metálico, etc.
cúbico de faces centradas (CFC): alumínio, ferro, ouro, prata, etc
Hexagonal compacta: magnésio.
Propriedades mecânicas
São aquelas que definem o comportamento do material segundo um determinado
esforço a que ele pode ser submetido
Resistência mecânica: É a propriedade apresentada pelo material em resistir
a esforços externos, estáticos ou lentos. Tais esforços podem ser de
natureza diversa, como sejam: tração, compressão, flexão, torção,
cisalhamento.
Resiliência: Capacidade de resistir a solicitações dinâmicas sem se
deformar permanentemente
Elasticidade: Propriedade apresentada pelos materiais em recuperar a forma
primitiva tão depressa cesse o esforço que tenha provocado a deformação
Plasticidade: É a propriedade que apresentam certos materiais de se
deixarem deformar permanentemente assumindo diferentes tamanhos ou formas
sem sofrerem rupturas, rachaduras ou fortes alterações de estrutura quando
submetidos a pressões ou choques compatíveis com as suas propriedades
mecânicas. O inverso da plasticidade é a fragilidade
Maleabilidade: É a maior ou menor facilidade apresentada pelo
material em se deformar sob ação de uma pressão ou choque, compatível com a
sua resistência mecânica
Ductilidade = Capacidade dos materiais de se deformarem sem se
romperem. Maior ou menor deformação
Dureza: É definida pela resistência da superfície do material à penetração,
ao desgaste, e ao atrito, embora a primeira definição seja a mais comumente
aceita.
A dureza e a resistência á tração estão intimamente relacionadas
Fluência: Fenômeno de alongamento contínuo e que pode conduzir à ruptura.
Esta característica é típica de materiais ferrosos quando submetidos a
cargas de tração constantes por longo tempo a elevadas temperaturas.
Tenacidade: Mede a capacidade que o material tem de absorver energia até
fraturar-se incluindo a deformação elástica e plástica quando essa energia
é absorvida progressivamente, é dada pela energia consumida para fraturá-lo
Propriedades tecnológicas (metalúrgicas)
São as que conferem ao material uma maior ou menor facilidade de se deixar
trabalhar pelos processos de fabricação usuais. As propriedades
tecnológicas são:
Fusibilidade: É a propriedade que o material possui de passar do estado
sólido para o líquido sob ação do calor. Todo metal é fusível, mas, para
ser industrialmente fusível, é preciso que tenha um ponto de fusão
relativamente baixo.
Soldabilidade: É a propriedade que certos metais possuem de se unirem, após
aquecidos e suficientemente comprimidos. A soldabilidade depende do tempo
em que o metal permanece num estado sólido-plástico, sob o efeito do calor
produzido pela ação soldante.
Temperabilidade: Propriedade que possuem alguns metais e ligas de
modificarem a sua estrutura cristalina após um aquecimento prolongado
seguido de resfriamento brusco, transformando a estrutura cristalográfica
do material que, em conseqüência, altera todas as propriedades mecânicas.
Tal propriedade caracteriza o aço com certo teor de carbono, assim, como
determinadas ligas de alumínio,
Usinabilidade: É a propriedade de que se relaciona com a resistência
oferecida ao corte e é medida pela energia necessária para usinar o
material, sob condições padrões.
Fadiga: não chega a ser uma propriedade do material mais sim, um problema
característico de materiais sujeitos a esforços cíclicos
PROPRIEDADES TéRMICAS
Condutividade térmica: São propriedades que possuem certos corpos de
transmitir mais ou menos calor. Neste caso, materiais bons condutores de
calor, na ordem decrescente de condutibilidade: Ag, Cu, Al, latão, Zn, Aço
e Pb. Corpos maus condutores de calor, na ordem decrescente de
condutibilidade: pedra, vidro, madeira, papel, etc.
Dilatação: Propriedade pela qual um corpo aumenta quando submetido à ação
do calor. A capacidade de dilatação de um material está relacionada ao
chamado coeficiente de dilatação térmica, que pode ser: linear, superficial
e volumétrico. Esta característica dos materiais deve ser considerada
PROPRIEDADES ELÉTRICAS
Condutividade elétrica. É a propriedade que possuem certos materiais de
permitir maior ou menor capacidade de transporte de cargas elétricas.
Propriedades eletromagnéticas
Suscetibilidade magnética: Capacidade de reunir as linhas e força campo
magnético.
Ferromagnéticos – Paramagnéticos - Diamagnéticos
Propriedades físicas
Densidade: É a relação entre o peso de certo volume de um corpo e o peso de
igual volume de água. É um número abstrato.
Exemplo: Pb = 11,4 Cu = 8,9 Al = 2,7 Mg = 1,7
Peso específico: É o peso da unidade de volume do corpo.
Por exemplo: o peso específico do aço é 7,8 kg/dm3.
Propriedades químicas
Resistência à corrosão: Quase todos os materiais são suscetíveis de
corrosão por ataque químico. Para alguns materiais, a solubilização é
importante. Em outros casos, o efeito da oxidação direta é o mais
importante. Além disso, a resistência do material à corrosão química,
devido ao meio ambiente, é da maior importância. Desde que freqüentemente,
o ataque pela corrosão é irregular, é muito difícil medi-la. A unidade mais
comum para a corrosão é polegadas de superfície perdida por ano.
Solidificação dos Metais
A fase líquida não possui nem a ordem perfeita dos cristais nem a plena
desordem dos gases. Para ir ao estado sólido os átomos devem se agrupar,
isto reduz a distância entre eles, às células unitárias se organizam
apresentando um contorno de agregado de cristais irregulares (esses
cristais recebem o nome de grãos).
Tamanho dos grãos
Durante a solidificação, os núcleos vão sendo formados e crescendo. Esses
núcleos acabarão tendo um volume final que determinará o tamanho do grão
O tamanho dos grãos dos metais depende da:
- velocidade de nucleação: quantos núcleos se formam por unidade de tempo.
- velocidade de crescimento: é a velocidade com que estes núcleos crescem
A área de limites do grão tem um efeito importante em muitas propriedades
dos metais, especialmente na resistência mecânica. Este limite é denominado
"contorno do grão. Em temperaturas mais baixas provocam um aumento de
resistência mecânica dos metais, porque dificultam o movimento das
deslocações sob tensão. A temperatura elevada pode ocorrer escorregamento
ao longo dos limites do grão e estes se tornam regiões de fraqueza.
A American Society for Testing of Materials (ASTM) criou um índice do
tamanho de grão dos aços, através da seguinte equação: N = 2n-1 onde: N é o
número de grãos observados por polegada quadrada, quando o metal é
examinado ao microscópio com um aumento de 100x n é o número do tamanho de
grão ASTM. Considerando os grãos, as microestruturas dos metais
monofásicos podem ser diferenciadas de três maneiras:
Tamanho de grão; Forma do grão e Orientação preferencial
Defeitos durante a solidificação dos metais
-Bolhas: vazios oriundos de gases dissolvidos no líquido e que ficaram
retidos no lingote fundido. Para se evitar as bolhas utilizam-se,
desoxidantes. Ex: Fe-Si, Fe-Mn, que evitam a formação de CO ou CO2, pois se
combinam com o O2.
-Trincas: são ocasionadas pelas tensões excessivas que se desenvolvem
durante o resfriamento ou ainda devido ao formato desigual das peças,
impedindo o resfriamento uniforme.
-Segregação: ao solidificar um metal, as impurezas como: fósforo e
enxofre, não são tão solúveis no estado sólido como no líquido, portanto
são repelidas para o líquido quando a solidificação se propaga. A
solidificação cominha da periferia para o centro, portanto é no centro que
as impurezas se acumulam, esse fenômeno é denominado segregação.
-Rechupe: a solidificação de um metal se inicia pelas partes que estão
em contato com as paredes do molde ou na parte superior, onde o metal está
exposto ao ar. O metal ao passar do estado líquido para o sólido diminui
seu volume, portanto aparecerá uma região central no
lingote ou peça que se chama rechupe.
Defeitos Cristalinos:
Defeito é uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos
átomos, uma cristalização nunca é perfeita. Os defeitos cristalinos afetam
muitas das propriedades físicas, mecânicas e elétricas dos materiais. Eles
podem ser pontuais ou lineares em um cristal.
Podem envolver uma irregularidade: Na posição dos átomos ou No tipo de
átomos
O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das
circunstâncias sob as quais o cristal é processado.
.
(a ) Lacuna. (b)
Intersticial
Por que os defeitos são importantes?
Os defeitos, mesmo em concentrações muito pequenas, podem causar uma
mudança significativa nas propriedades de um material.
Sem a presença de defeitos:
Os metais seriam muito mais resistentes;
Os cerâmicos seriam muito mais tenazes;
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Definições:
Austenita: é a solução sólida do carbono em ferro gama.
Ferrita: é a solução sólida do carbono em ferro alfa.
Cementita: o carboneto de ferro (Fe3C).
Grafita: a variedade alotrópica do carbono (estrutura cristalina
hexagonal).
Perlita: ferrita + cementita
AQUECIMENTO DO AÇO
O que acontece com o aço ao ser aquecido?
No caso de aço não ligado que contém 0,4% de carbono:
- em temperatura de 300°C a estrutura do aço ao carbono é igual a sua
estrutura na temperatura ambiente: ferrita (cor branca) e perlita (cor
preta);
- em temperatura de 723°C inicia-se uma transformação em sua estrutura: a
ferrita transforma-se em austenita e a cementita da perlita se decompõe;
- em temperatura de 800°C toda a estrutura do aço transforma-se em
austenita.
O gráfico anterior ilustra uma região de mudança de fase em intervalo de
temperatura: A ferrita e a perlita transformam-se em austenita. Essa região
é chamada zona crítica: área em que as células unitárias do ferro CCC se
transformam em CFC, durante o aquecimento do aço.
A austenita forma-se no aço a partir de 723° C. Encontra-se na região acima
da zona crítica, na zona de austenitização, conforme se pode observar no
gráfico. A austenita tem uma estrutura cúbica da face centrada (CFC),
apresentando menor resistência mecânica e boa tenacidade. Não é magnética.
DIAGRAMA DE EQUILIBRIO Fe – C
TRATAMENTOS TÉRMICOS
De modo geral, o tratamento térmico consiste em aquecer e resfriar uma
peça de metal para que ela atinja ás propriedades mecânica desejadas como
dureza, elasticidade, ductibilidade e resistência a tração, que são
chamadas propriedades mecânicas do metal. A peça adquiri esta propriedade
sem que se modifique o estado físico do metal.
Processo
A peça de aço deve ser colocada em um forno com temperatura definida para o
tipo de material, durante o tempo que foi calculado para alcançar o efeito
desejado. Retira-se com segurança do forno com o uso de uma tenaz e
submete-se ao resfriamento.
O resultado desse processo é a mudança nas propriedades mecânicas do aço, e
dependem de três fatores:
- Temperatura de aquecimento
- Velocidade de resfriamento
- Composição química do material
Fatores de influência nos tratamentos térmicos.
O tratamento térmico representa um ciclo tempo temperatura, de modo que,
basicamente, os fatores a considerar são os seguintes: aquecimento, tempo
de permanência à temperatura e resfriamento.
Aquecimento.
Considerando como objetivo fundamental do tratamento térmico a modificação
das propriedades mecânicas do material, verifica-se que isto só é
conseguido mediante uma alteração da sua estrutura. Nestas condições, a
liga considerada deve ser aquecida a uma temperatura que possibilite tal
modificação. Esta temperatura corresponde geralmente valores acima da
temperatura de recristalização do material; no caso dos aços chamamos de
temperatura crítica. No aquecimento deve ser considerado o fator velocidade
de aquecimento, que não pode ser muito lenta, caso contrário haverá
excessivo crescimento de grão, Ou muito rápida, o que poderá provocar
empenamento ou mesmo aparecimento de fissuras.
Tempo de permanência à temperatura.
A influência do tempo de permanência à temperatura de aquecimento é mais ou
menos idêntica a influência da máxima temperatura de aquecimento, ou seja,
o tempo à temperatura deve ser suficiente para que as peças se aqueçam de
modo uniforme através de toda sua seção. Deve-se evitar tempo além do
estritamente necessário para que isto ocorra, pois pode haver indesejável
crescimento de grão, além da oxidação de determinadas ligas.
Resfriamento.
A escolha do meio de resfriamento é fundamental no processo de tratamento
térmico e depende essencialmente da estrutura final desejada. O aumento do
percentual do carbono na liga é o responsável pelo aumento da dureza do
aço. Esse aumento do carbono se traduz pelo aumento da cementita na
mistura. Com os tratamentos térmicos podemos modificar as formas de
cristalização do aço e a disposição do carbono na liga, modificando, assim,
a dureza do material. A modificação da forma de cristalização é conseguida
através da velocidade de resfriamento podendo endurecer ou "amolecer" o
material.
TIPOS DE TRATAMENTOS TÉRMICOS
Existem duas classes de tratamentos:
Os tratamentos térmicos: que por simples aquecimento e resfriamento,
modificam as propriedades de toda a massa do aço.
Os tratamentos termoquímicos: que modificam as propriedades somente numa
fina camada superficial da peça. Nesses tratamentos a peça é aquecida
juntamente com produtos químicos e posteriormente resfriada.
TRATAMENTOS TÉRMICOS
Recozimento
Esse tratamento térmico tem por objetivo redução da dureza que os aços
possam apresentar devido a processos anteriores tais como: conformação a
frio (encruamento), tratamentos térmicos, processos de soldagem, fundição
ou outros processos que gerem endurecimento.
Torna o aço mais homogêneo, melhora sua ductilidade tornando-o facilmente
usinável. O tratamento consiste em elevar-se a temperatura da peça até a
transformação completa em austenita e resfriar-se lentamente. de uma
maneira geral, indica-se o resfriamento com a peça envolvida em areia para
os aços de baixo carbono e o resfriamento controlado dentro do forno, para
os aços de alto carbono. Após o recozimento a perlita se apresenta mais
grosa resultando daí uma menor dureza e resistência
Normalização
Pode ser também chamado de recozimento de normalização. O seu objetivo é
dotar o aço de suas características normais (material laminado a quente e
resfriamento ao ar). A normalização refina a granulação do aço; apaga
vestígios de tratamentos térmicos anteriores; elimina microestruturas
brutas de fundição; regulariza microestruturas em juntas soldadas. As peças
Normalizadas apresentam dureza média e uma boa resistência mecânica ao
contrário das peças recosidas que são bem macias; maleáveis e pouco
resistentes. O tratamento consiste em aquecer o material até a temperatura
de transformação da austenita e fazer-se resfriamento ao ar. As
microestruturas obtidas na normalização são semelhantes às do recozimento
apenas com a diferença de que a perlita se apresenta mais fina resultando
daí uma maior dureza e resistência.
Revenimento
É um tratamento térmico subcrítico (abaixo da temperatura de transformação
da austenita) Tem como objetivo aliviar as tensões na martensita reduzindo
significativamente sua fragilidade reduzindo conseqüentemente a dureza
obtida na têmpera. A microestrutura obtida é chamada martensita revenida.
As temperaturas do revenido podem variar de acordo com o desejo de maior ou
menor alívio de tensões internas e a sua conseqüente perda de dureza. Altas
temperaturas de revenido podem estar entre 550/650° C e baixas temperaturas
estão entre 300/400° C. Resfriamento ao ar.
Têmpera
O tratamento de têmpera consiste em elevar-se o material à temperatura de
transformação da austenita e resfriar-se o material rapidamente. Esse
resfriamento deve ser mais rápido quanto menor for o teor de carbono no
material. Podemos utilizar como meios de resfriamento desde a salmoura
gelada, passando por resfriamento em água gelada, água à temperatura
normal, óleo, ar soprado ou ar normal. Os tratamentos de têmpera também
podem apresentar diversas maneiras de serem efetuados. Temos a têmpera
comum com pouco controle no resfriamento ou as têmperas mais elaboradas que
por isso mesmo recebem os nomes de austêmpera ou martêmpera. A
microestrutura que se deseja obter na têmpera comum é a martensita. Essa
microestrutura apresenta elevada dureza, elevada resistência mecânica e
elevada fragilidade. A têmpera comum causa um grau elevado de tensões
internas podendo gerar trincas e empenos em peças mais delicadas. Outro
resultado dessa têmpera é a perda de tenacidade. Para reduzir esses
inconvenientes é indicado a seguir um tratamento de revenimento.
Para se entender os tratamentos térmicos a seguir é necessário conhecer as
curvas TTT. As curvas, Temperatura, Tempo, Transformação (TTT) são
características que os aços apresentam no resfriamento. Visto em um gráfico
x, y (temperatura, tempo) elas assim se apresentam:
Vejamos, então como podemos aproveitar essas características dos aços ao
serem resfriados. Quando queremos obter uma transformação na estrutura
interna de uma peça de aço, devemos aquecê-la a uma temperatura acima da
linha de transformação da austenita. Ao resfriá-la podemos fazê-lo mais ou
menos lentamente. A distância (tempo) entre o zero e o ponto "a" no gráfico
varia para cada tipo de aço podendo ser muito grande ou menor que zero. Por
isso devemos conhecer essas curvas do aço que queremos temperar para que
possamos utilizar o tipo de têmpera mais adequado.
Quando a curva do resfriamento, devido à sua pouca velocidade corta as
curvas "1 " e "2 " no seu ponto alto obtemos uma microestrutura no material
formada por perlita grosseira (recozimento). Quando a velocidade de
resfriamento é um pouco maior temos como microestrutura, no material, a
perlita fina (normalização). Quando essa velocidade é muito grande e não
corta as curvas temos a formação de martensita (têmpera comum).
Martêmpera
A martêmpera tem por objetivo obter na peça tratada uma estrutura de
martensita como na têmpera comum, porém devemos controlar o resfriamento
para que quando a temperatura alcançar a linha Mi (início da formação da
martensita) esse resfriamento é retardado de maneira que a transformação se
complete mais lentamente. O meio de resfriamento é normalmente óleo ou sal
fundido. O material é mantido maior tempo entre as duas linhas de
transformação para que a formação da martensita se dê de maneira uniforme,
gerando menores tensões internas. Em seguida a peça é resfriada a qualquer
velocidade. Esse tratamento normalmente necessita o tratamento de
revenimento para aliviar tensões residuais.
Austêmpera
É um tratamento de endurecimento dos aços que consiste em aquecer o
material acima da temperatura de formação de austenita manter essa
temperatura até a completa transformação e fazer um resfriamento brusco até
uma temperatura ligeiramente acima da linha Mi. Esse processo é obtido
através da manutenção do material em banho de chumbo ou sal (fundidos) (260
a 440° C). Deixando o material a uma temperatura constante durante o tempo
em que a linha de resfriamento ultrapassa as curvas "1" e "2" na altura de
transformação da bainita (sempre em temperatura constante). A temperatura
escolhida depende da dureza que queremos obter. Quanto mais baixo no
gráfico atingimos a bainita maior endurecimento vamos conseguir. Esse
tratamento dispensa o revenimento por gerar baixas tensões internas. É
normalmente indicado para temperar peças delicadas onde os empenos e as
deformações são críticos. A desvantagem desse tratamento é que ele não pode
ser feito em aços de baixa temperabilidade além de ser um tratamento mais
caro.
TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS
Cementação
A finalidade da cementação é fazer com que um aço de baixo teor de carbono
(macio) fique com a superfície dura, reunindo assim as duas características
ideais de uma peça. Que seja macia o suficiente para não partir com a
continuidade de choques e não se desgastar por abrasão nos pontos onde se
atrite com outras peças, como nos mancais. Esse tratamento é feito
aquecendo a peça em um ambiente rico em carbono, o material do ambiente em
que fica a peça pode ser sólido, líquido ou gasoso. A peça deve permanecer
nesse ambiente por um tempo suficiente para que o carbono migre através do
material da peça tornando assim, a superfície rica em carbono. A espessura
da camada dura depende do tempo de permanência da peça nesse ambiente. Essa
permanência a alta temperatura faz com que cresça demasiadamente a
granulação do material cementado. Para que isso não aconteça o aço deve ser
especial para cementação, quer dizer, deve ter elementos de liga que iniba
o aumento do grão, com a temperatura. Após o tratamento superficial
(cementação) a peça deve ser temperada para que a camada superficial, rica
em carbono adquira a dureza desejada. Muitas vezes esse endurecimento é
feito através da têmpera por indução.
Nitretação
É um tratamento semelhante à cementação. Apenas em vez do uso da atmosfera
de carbono, utiliza-se uma atmosfera rica em nitrogênio. Esse elemento
combina-se com alguns elementos de liga do aço (principalmente o alumínio),
formando nitretos que têm elevada dureza. Esse tratamento tem como vantagem
sobre a cementação o fator de não necessitar têmpera e ainda aumentar a
resistência da peca à fadiga e à corrosão. Tem ainda a vantagem de utilizar
temperaturas menores que a com menores riscos de empenos da peça nitretada.
Tanto na nitretação como na cementação o interior da peça não sofre
modificações consideradas.
Carbonitretação
O meio carbo-nitretante é uma atmosfera gasosa, contendo carbono e
nitrogênio ao mesmo tempo. A atmosfera pode ser constituída pelos seguintes
gases:
Gás de gerador – 77 a 89%
Gás natural – 9 a 15%
Amônia – 2 a 8%
A temperatura vária de 700º. a 900º. C e o tempo de tratamento é
relativamente pequeno; a espessura das camadas carbo-nitretadas vária de
0,07 a 0,7 mm
A carbonitretação é usada, geralmente em peças de pequeno porte, como
componentes de relógios e aparelhos eletrodomésticos.