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Universidade Veiga de Almeida
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Nutrição
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA
Profªs: Cláudia Valéria Cardim da Silva
Calendário acadêmico 2010/1
"DATA "CONTEÚDO PROGRAMÁTICO "
"23/02 "Módulo 1 - Apresentação da disciplina "
" "Aplicações da estatística na prática do Nutricionista "
"02/03 "ESTATÍSTICA DESCRITIVA: Análise Exploratória de Dados "
" "Tabelas de freqüência,gráficos "
"09/03 "Exercícios "
"16/03 "Medidas de tendência central: média, mediana, moda "
"23/03 "Medidas de dispersão:variância, desvio padrão, percentil "
"30/03 "Exercícios "
"06/04 "Orientação do trabalho - P1 "
"13/04 "P1 – local hall do BL C(Mostra de trabalhos) "
"20/04 "Vista das avaliações (P1) ; Módulo 2 – "
" "Epidemiologia:conceitos "
"27/04 "INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS "
"04/05 "Indicadores de mortalidade "
"11/05 "Exercícios "
"18/05 "Indicadores de Morbidade "
"25/05 "Exercícios "
"01/06 "Epidemiologia Descritiva "
"08/06 "Variáveis Epidemiológicas "
"15/06 "Exercícios "
"22/06 "P2 "
"29/06 "2ª chamada "
"04/07 "P6 "
TEMA I - APLICAÇÃO DA BIOESTATÍSTICA NA PRÁTICA DO NUTRICIONISTA
1) Os dados apresentados no quadro a seguir referem-se aos resultados
obtidos pelos inquéritos sobre consumo alimentar realizados no Brasil nos
últimos anos. A partir dessas informações, o que pode ser dito?
" Ano/ "74/75 "87/88"95/96 "2002/200"
"Alimentos " " " "3 "
"cereias "37,3 "34,7 "35 "35,3 "
"arroz "19,1 "16,2 "16 "14,7 "
"biscoitos "1,1 "1,9 "2,7 "3,5 "
"feijão "8,1 "5,9 "5,7 "5,7 "
"carne verm "4,4 "4,9 "5,9 "5,4 "
"frango "1,6 "2,5 "3,4 "3,2 "
"gordura Veg "11,6 "14,6 "12,6 "13,5 "
"gordura "3 "1 "0,8 "1,1 "
"animal " " " " "
"frutas "2,2 "2,7 "2,6 "2,4 "
"verduras/leg"1,1 "1,2 "1 "0,9 "
"refrigerante"0,4 "0,9 "12,5 "10,3 "
"s " " " " "
"açúcar "13,4 "12,6 "12,5 "10,3 "
2) Um nutricionista é contratado por uma prefeitura no interior do estado
do RJ para coordenar as atividades de nutrição na rede básica de saúde. O
secretário de saúde pede para que o profissional entregue um plano de
trabalho sobre ações prioritárias. Apresente então uma proposta de trabalho
baseada na situação apresentada abaixo:
Cidade X – população total:50.000
População urbana: 89%;Saneamento básico: 34% dos domicílios;
Dados do SISVAN: 18% das crianças estão abaixo do percentil 10 para
peso/idade; 16% apresentam-se abaixo de -2 DP para altura/idade; 6% estão
abaixo de -2DP para peso/altura. Em relação as gestantes, 23% são
adolescentes e do total, 26% encontram,-se com baixo peso e 35% com excesso
de peso. Na população adulta observa-se que 55% está com excesso de peso.
Dados do serviço de saúde:
Nas consultas dos menores de dois anos, a maior demanda decorre das IRAs
(infecções respiratórias) e diarréia. Um inquérito realizado por uma
universidade local em três bairros, mostrou que 45% das crianças menores de
nove anos apresentam anemia e 48% parasitoses intestinais. Para a população
adulta o principal motivo de consulta são as doenças hipertensivas e o
diabetes.
TEMA II - ESTATÍSTICA DESCRITIVA: Análise Exploratória de Dados
I.1 - ORGANIZAÇÃO, DESCRIÇÃO E EXPLORAÇÃO DOS DADOS
Considere que você esteja participando de uma pesquisa e suponha que a
pesquisa já tenha passado pelos passos: Definição dos objetivos, Formulação
de Questões ou Hipóteses, Planejamento da Pesquisa e Coleta dos Dados.
Os dados foram coletados, por um estudo observacional (amostragem) ou
por um estudo experimental, e se encontram em alguma planilha. Na grande
maioria das vezes se trata de uma massa de dados incompreensível, sem uma
aparente estrutura, e precisam ser urgentemente "entendidos".
Para que os mesmos sejam organizados, descritos formalmente de modo
que se possa explora-los, procurando indícios de padrões ou características
interessantes que indiquem possíveis tendências, e mesmo, relatar ou expor
características dos mesmos a outras pessoas, utiliza-se das técnicas
chamadas descritivas ou exploratórias. Tais técnicas consistem da leitura
e resumo dos dados utilizando tabelas, gráficos, estatísticas e esquemas.
As técnicas descritivas devem fornecer resultados simples, atrair a
atenção, ser auto-explicativos, de fácil compreensão e confiáveis.
O maior interesse, depois de obtidos os dados, é saber como os dados
estão se comportando. Uma descrição dos mesmos com tais propriedades, deve
dar uma idéia global, sobre o conjunto de dados, como os valores das
variáveis observadas estão se distribuindo entre os indivíduos, e se
houver, indicar tendências.
Após a coleta e a digitação de dados em um banco de dados apropriado,
o próximo passo é a análise descritiva. Esta etapa é fundamental, pois uma
análise descritiva detalhada permite ao pesquisador familiarizar-se com os
dados, organizá-los e sintetizá-los de forma a obter as informações
necessárias do conjunto de dados para responder as questões que estão sendo
investigadas.
Tipo de variáveis
Cada uma das características de interesse observadas ou medidas
durante o estudo é denominada de variável. As variáveis que assumem valores
numéricos são denominadas quantitativas, enquanto que as não numéricas,
qualitativas.
Uma variável é qualitativa quando seus valores são atributos ou
qualidades (por ex: sexo, raça, classe social). Se tais variáveis possuem
uma ordenação natural, indicando intensidades crescentes de realização, são
classificadas de qualitativas ordinais (por ex: classe social - baixa,
média ou alta). Se não for possível estabelecer uma ordem natural entre
seus valores, são classificadas como
qualitativas nominais (por ex: Sexo - masculino ou feminino).
As variáveis quantitativas podem ser classificadas ainda em discretas
ou contínuas. Variáveis discretas podem ser vistas como resultantes de
contagens, e assumem, em geral, valores inteiros (por ex: Número de
filhos). Variáveis contínuas podem assumir qualquer valor dentro de um
intervalo especificado e são, geralmente, resultados de uma mensuração (por
ex: Peso, em kg; Altura, em metros).
Descrição dos dados
É importante conhecer e saber construir os principais tipos de
tabelas, gráficos e medidas resumo para realizar uma boa análise descritiva
dos dados. Vamos tentar entender como os dados se distribuem, onde estão
centrados, quais observações são mais freqüentes, como é a variabilidade
etc., tendo em vista responder às principais questões do estudo. Cada
ferramenta fornece um tipo de informação e o seu uso depende, em geral, do
tipo de variável que está sendo investigada. Grosso modo, utilizaremos as
duas abordagens sugeridas no quadro:
Tabela de freqüências
Como o nome indica, conterá os valores da variável e suas respectivas
contagens, as quais são denominadas freqüências absolutas ou simplesmente,
freqüências. No caso de variáveis qualitativas ou quantitativas discretas,
a tabela de freqüência consiste em listar os valores possíveis da variável,
numéricos ou não, e fazer a contagem na tabela de dados brutos do número de
suas ocorrências. A freqüência do valor i será representada por ni, a
freqüência total por n e a freqüência relativa por fi = ni/n.
Para variáveis cujos valores possuem ordenação natural (qualitativas
ordinais e quantitativas em geral), faz sentido incluirmos também uma
coluna contendo as freqüências acumuladas f ac, obtidas pela soma das
freqüências de todos os valores da variável, menores ou iguais ao valor
considerado.
No caso das variáveis quantitativas contínuas, que podem assumir infinitos
valores diferentes, é inviável construir a tabela de freqüência nos mesmos
moldes do caso anterior, pois obteríamos praticamente os valores originais
da tabela de dados brutos. Para resolver este problema,determinamos classes
ou faixas de valores e contamos o número de ocorrências em cada faixa. Por
ex., no caso da variável peso de adultos, poderíamos adotar as seguintes
faixas: 30 "— 40 kg, 40 "—50 kg, 50 "— 60, 60 "— 70, e assim por diante.
TABELA DE DUPLA ENTRADA :
Quando temos duas variáveis qualitativas, e deseja-se descrever as
frequências comuns para as classes de uma e de outra variável, fazemos uma
tabela de dupla entrada. Se uma ou as duas variáveis são quantitativas e
pode-se e deseja-se categoriza-las, como por exemplo transformando a
variável renda em faixa salarial, ou idade em faixa etária, pode-se também
usar tabelas de dupla entrada, como por exemplo:
Gráfico de barras
Para construir um gráfico de barras, representamos os valores da
variável no eixo das abscissas e suas as freqüências ou porcentagens no
eixo das ordenadas. Para cada valor da variável desenhamos uma barra com
altura correspondendo à sua freqüência ou porcentagem. Este tipo de gráfico
é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou quantitativas
discretas, pois permite investigar a presença de tendência nos dados.
Diagrama Circular
Para construir um diagrama circular ou gráfico de pizza, repartimos um
disco em setores circulares correspondentes às porcentagens de cada valor
(calculadas multiplicando-se a freqüência relativa por 100). Este tipo de
gráfico adapta-se muito bem para as variáveis qualitativas nominais.
Para fazer essa associação, consideremos o ângulo interno de um setor
representando a porcentagem da respectiva categoria observada no conjunto
de dados. Assim, o angulo total do círculo, 360o, representa a porcentagem
total de todas as categorias observadas, 100%.
Isso é feito por uma regra de 3 simples:
100% está para 360o , assim como a freqüência f% está para o angulo (.
Ou ainda n está para 360o , assim como ni está para o angulo (.
O que dá a fórmula: ( o =
EXEMPLO
Histograma
O histograma consiste em retângulos contíguos com base nas faixas de
valores da variável e com área igual à freqüência relativa da respectiva
faixa. Desta forma, a altura de cada retângulo é denominada densidade de
freqüência ou simplesmente densidade definida pelo quociente da área pela
amplitude da faixa. Alguns autores utilizam a freqüência absoluta ou a
porcentagem na construção do histograma, o que pode ocasionar distorções
(e, conseqüentemente, más interpretações) quando amplitudes diferentes são
utilizadas nas faixas.
Ex.
ESTATÍSTICAS:
Ainda com o objetivo de resumir, ou descrever o conjunto de dados,
usaremos algumas medidas características, usadas para representar, de uma
forma ou de outra, a própria distribuição do conjunto de dados.
Qualquer medida obtida a partir das informações dos dados é chamada
ESTATÍSTICA.
O objetivo do cálculo de estatísticas é resumir as informações obtidas
em um único valor, de modo que esse valor dê uma característica da amostra,
que possa nos levar a ter uma idéia de uma característica da população.
EXEMPLOS.
São estatísticas:
a soma das observações: x1+x2+x3+...+xn =
o máximo do conjunto de dados: max(x1,x2,x3,...,xn )
o valor mais freqüente, etc..
índices,taxas: proporções de ocorrências de certa característica com
relação a um grupo fixado. Por exemplo, o coeficiente de mortalidade
infantil: óbitos em menores de 12 meses/nascidos vivos.
1) Medidas de posição (tendência central)
São medidas que visam localizar o centro de um conjunto de dados, isto
é, identificar um valor em torno do qual os dados tendem a se agrupar. As
medidas de posição ou de tendência central mais utilizadas são: média
aritmética, mediana e moda.
Média aritmética: é a soma de todas as observações dividida pelo
número de observações.
_
X = x
----
n
Mediana: valor que ocupa a posição central dos dados ordenados; é o valor
que deixa metade dos dados abaixo e metade acima dele. Se o número de
observações for par, a mediana será a média aritmética dos dois valores
centrais.
Ex.: mediana de
a) 3, 4, 7, 8 e 8 ? Md=7
Moda: é o valor mais freqüente no conjunto de dados
Ex: NÚMERO DE FILHOS DE FUNCIONARIOS DE UMA EMPRESA
"NÚMERO DE "0 "1 "2 "3 "4 "5 "
"FILHOS " " " " " " "
"frequência "4 "5 "7 "3 "2 "1 "
EX: Considere os seguintes valores de peso obtidos entre mulheres de entre
30 e 40 anos de um grupo de hidroginástica
56,57,63,64,64,64,65,65,66,66,66,66,68,69,71,72
n=16
x = 1.042
_
X = 1.042/16=65,125
Md= 66+65 = 65,5*
--------
2
neste caso, para o cálculo da mediana, deve-se usar a média aritmética
dos dois valores centrais, visto n ser um número par.
Mo= 66
2) Medidas de dispersão
As medidas de tendência central fornecem informações valiosas mas, em
geral, não são suficientes para descrever e discriminar diferentes
conjuntos de dados. As medidas de dispersão ou variabilidade permitem
visualizar a maneira como os dados espalham-se (ou concentram-se) em torno
do valor central. Para mensurarmos esta variabilidade podemos utilizar as
seguintes estatísticas: amplitude total; distância interquartílica; desvio
médio;
Entre as medidas de dispersão mais usadas cita-se a distribuição por
quartis e percentis. Os quartis dividem o conjunto de dados em quatro
partes iguais e os percentis em 100 partes iguais.
Entendendo o percentil:
Suponha que uma determinada criança de dois anos pese 12kg e que se deseje
saber como ela se situa dentro de sua comunidade; para fazer essa análise,
pode –se fazer uma distribuição de porcentagens acumuladas conhecida como
percentil.
O percentil é obtido dividindo-se a população organizada em ordem crescente
em 100 partes iguais. Ele indica a porcentagem do total de observações que
são iguais ou se situam abaixo de um determinado valor.No exemplo dado, se
o valor 12kg corresponder ao posto percentil 90, então 90% dos habitantes
da referida comunidade, aos 2 anos de idade pesam12kg ou menos.
Quando a população é dividida em dez partes iguais, fala-se em decil e
quando dividida em quatro partes iguais, quartil.
Quartis
"Estatísti"Notação"Definição, propriedades "
"ca " " "
"1º "Q1 "É o valor que ocupa a posição tal que um quarto dos "
"quartil " "dados (25%) tomam valores menores ou iguais ao valor "
" " "do primeiro quartil. "
"2º "Q2 "Coincide com o valor da mediana, ou seja 50% dos dados"
"quartil "Me "tomam valores menores ou iguais aos da mediana. Entre "
"(Mediana)" "o primeiro quartil (Q1) e a mediana (Me) ficam 25% dos"
" " "dados. "
"3º "Q3 "É o valor que ocupa a posição tal que um quarto dos "
"quartil " "dados (25%) tomam valores maiores ou iguais ao valor "
" " "do terceiro quartil. Entre a mediana (Me) e o terceiro"
" " "quartil (Q3) ficam 25% "
De todos os percentis os mais importantes são:
"Percenti"Notação"Definição, propriedades "
"l " " "
"1º "P1 "1% dos dados tomam valores menores ou iguais "
"5º "P5 "5% dos dados tomam valores menores ou iguais "
"10º "P10 "10% dos dados tomam valores menores ou iguais "
"25º "P25 "25% dos dados tomam valores menores ou iguais (Q1) "
"50º "P50 "50% dos dados tomam valores menores ou iguais (Q2 ="
" " "Me) "
"75º "P75 "25% dos dados tomam valores maiores ou iguais (Q3)"
"90º "P90 "10% dos dados tomam valores maiores ou iguais "
"95º "P95 "5% dos dados tomam valores maiores ou iguais "
"99º "P99 "1% dos dados tomam valores maiores ou iguais "
Variância; Desvio padrão e Coeficiente de variação.
-Amplitude total: é a diferença entre o maior e o menor valor do conjunto
de dados.
Ex.: dados: 3, 4, 7, 8 e 8.
amplitude total = 8 – 3 = 5
- Distância interquartílica: é a diferença entre o terceiro e o primeiro
quartil de um conjunto de dados. O primeiro quartil é o valor que deixa um
quarto dos valores abaixo e três quartos acima dele. O terceiro quartil é o
valor que deixa três quartos dos dados abaixo e um quarto acima dele. O
segundo quartil é a mediana.
- Desvio médio: é a diferença entre o valor observado e a medida de
tendência central do conjunto de dados.
- Variância: é uma medida que expressa um desvio quadrático médio do
conjunto de dados, e sua unidade é o quadrado da unidade dos dados.
FÓRMULA DA VARIÄNCIA
_
S2= (Xi-X)2/ n-1
- Desvio Padrão: é raiz quadrada da variância e sua unidade de medida é a
mesma que a do conjunto de dados.
s = s2
- Coeficiente de variação: é uma medida de variabilidade relativa, definida
como a razão percentual entre o desvio padrão e a média, e assim sendo uma
medida adimensional expressa em percentual.
_
CV=S/X
( Concluindo:
Medidas de dispersão: medem o grau de variabilidade ou dispersão dos dados
Vejamos então o que representa as medidas de dispersão abaixo:
"Estatística "Notação "Definição, propriedades "
"Amplitude "A "É a distância entre o valor mínimo e máximo e da"
" " "variável "
" " "A = Xmax - Xmin "
"Amplitude "IQ "É a distãncia entre o valor do primeiro e do "
"Interquartíl" "terceiro quartil "
"ica " "IQ = Q3 – Q1 "
"Desvio médio"DM "É a média dos valores absolutos dos desvios dos "
" " "valores da variável em relação à média "
"Variância "S2 "É a média dos quadrados dos desvios dos valores "
" " "da variável em relação à média "
"Desvio "S "É a raiz quadrada da variância "
"padrão " " "
"Coeficiente "CV "É uma medida de dispersão relativa. É definida "
"de variação " "como o quociente entre o desvio padrão e a "
" " "média, multiplicado por 100, para expressar "
" " "porcentagem. "
LISTA DE EXERCÍCIOS
População, amostra, variável, coleta de dados, questionário, apuração de
dados e
apresentação tabular. Apresentação gráfica. Medidas de tendência central e
de dispersão
Exercício 1
Os dados a seguir são provenientes do grupo Western Collaborative Group
Study, criado na Califórnia em 1960-61. Foram estudados 3154 homens de meia
idade para investigar a relação entre padrões de comportamento e risco de
doença Coronariana. Os dados apresentados são de 40 homens para os quais
foram medidos os níveis de colesterol (mg/100ml) e realizada uma
categorização segundo comportamento. O comportamento de tipo A é
caracterizado pela urgência, agressividade e ambição. O de tipo B é
relaxado, não competitivo e menos preocupado.
a) Quais variáveis que estão sendo estudadas? identifique a natureza de
cada variável;
b) Descreva cada um dos grupos quanto ao valor mínimo e valor máximo do
nível de colesterol.Você encontrou algum valor que foge ao padrão dos
demais valores? Qual(is)?
c) Apure os dados e apresente a variável nível de colesterol em uma tabela
considerando os dois tipos;
d) Classifique a variável nível de colesterol em duas categorias: nível
normal (abaixo de 160mg/100ml) e nível elevado (160 e mais) e faça uma
tabela bidimensional cruzando as variáveis: nível de colesterol (normal e
alto) e tipo de comportamento (A e B);
e) Interprete os resultados.
a) Apresente os dados em uma tabela
b) Apresente os dados graficamente
c) Apresente o número médio e mediano de refeições diárias
Exercício 3
Os dados a seguir são de um estudo que investiga a relação entre níveis de
β-caroteno (mg/L) e hábito de fumar em gestantes.
a) Calcule as freqüências relativas
b) Existe alguma indicação de existência de associação entre as variáveis?
Justifique
LISTA DE EXERCÍCIOS
Os dados abaixo referem-se a avaliação do estado nutricional segundo IMC de
jovens matriculados no 3º ano do ensino médio em uma escola do Município de
Mesquita. Data da avaliação:14/08/06
Com base nessas informações:
1) Calcule a média e mediana de idade por sexo.
2) Calcule o IMC médio por sexo.
3) Há algum valor de IMC e estatura que podem ser identificados como moda?
4) Avalie o estado nutricional segundo sexo e faixa etária. Faça um gráfico
de barras
5)O podemos deduzir desses resultados?
PLANILHA DE DADOS
"NOME "SEXO "IDADE "PESO "ALTURA "IMC "
"ADRIANO F. AURÉLIO "2 "18 "52,8 "1,675 "18,8 "
"ANDREZA DOS S. DA SILVA "1 "19 "42,2 "1,57 "17,1 "
"ARIEL M. DA SILVA "1 "24 "52,4 "1,59 "20,7 "
"BRUNO G. FERNANDES "2 "18 "99 "1,93 "26,6 "
"CAROLINE M. DA COSTA "1 "18 "56,2 "1,63 "21,2 "
"DANIELE S. MACHADO "1 "17 "57,2 "1,616 "21,9 "
"DÉBORA O. DE CAMPOS "1 "18 "62,8 "1,551 "26,1 "
"GUILHERME C. DA SILVA "2 "19 "51,6 "1,633 "19,3 "
"HELLEN F. MACHADO "1 "19 "56,2 "1,613 "21,6 "
"JEFERSON D. M. RIBEIRO "2 "26 "52,8 "1,75 "17,2 "
"JÉSSICA LUANA G. ROSA "1 "25 "48,4 "1,488 "21,9 "
"JONATHAN O. DE JESUS "2 "19 "63 "1,872 "18,0 "
"LUCIENE DOS S. SOUZA "1 "20 "50,8 "1,61 "19,6 "
"MARCILIO R. DA S. MIGUEL "2 "17 "57,2 "1,715 "19,4 "
"MARIANA DE S. R. PIMENTA "1 "18 "60,8 "1,633 "22,8 "
"PAULA Q. DE CARVALHO "1 "21 "54 "1,596 "21,2 "
"RUAN DA C. GUIMARÃES "2 "23 "52,4 "1,693 "18,3 "
"TALITA C. DOS SANTOS "1 "18 "49,4 "1,57 "20,0 "
"TAMIRES DA S. DOS SANTOS "1 "18 "68,6 "1,659 "24,9 "
"TAÍS N. DA SILVA "1 "24 "45,4 "1,575 "18,3 "
"VERÔNICA F. DA SILVA "1 "19 "52,6 "1,659 "19,1 "
"WELLINGTON S. DE S. DE OLIVEIRA "2 "22 "51,4 "1,659 "18,7 "
"MARIA EDUARDA O. DE ALENCAR "1 "20 "45 "1,563 "18,4 "
Distribuição Normal ou de Gauss
Muitas variáveis biológicas apresentam uma distribuição equilibrada,
em que os valores centrais são mais freqüentes e os extremos, mais raros,
sendo os valores muito baixos tão pouco freqüentes quanto os muito altos.
Tabela 1 -Taxa de hemoglobina em 560 homens normais.
"Hemoglobina (g/100 mL) "fi "
"12,5 "- 13,5 "0,01 "
"13,5 "- 14,5 "0,06 "
"14,5 "- 15,5 "0,24 "
"15,5 "- 16,5 "0,38 "
"16,5 "- 17,5 "0,23 "
"17,5 "- 18,5 "0,07 "
"18,5 "- 19,5 "0,01 "
Figura 1. Taxa de hemoglobina em 560 homens normais.
Propriedades ou características da curva normal
Tem forma de sino
Simétrica em relação à perpendicular que passa pela média (µ)
A média, a mediana e a moda são coincidentes
A curva tem dois pontos de inflexão, um desvio-padrão (() acima e abaixo da
média
A área sob a curva totaliza 1 ou 100%
Aproximadamente 68% ((2/3) dos valores de x situam-se entre os pontos (µ-()
e (µ+()
Aproximadamente 95% dos valores de x estão entre (µ-2() e (µ+2()
Aproximadamente 99,7% dos valores de x estão entre (µ-3() e (µ+3()
OBS:
_
X (média) = também conhecida como µ
DP (desvio padrão) ou DE (desviation estandard) = também conhecido como (
Figura 2. CURVA NORMAl. A área hachurada está compreendida entre µ-( e µ+(
e corresponde a aproximadamente 68% da área total que fica abaixo da curva
normal.
Bibliografia:
FILHO, UD. Introdução à Bioestatística.São Paulo: Negócio Editora,
1999.158p
BERQUÓ, ES. Bioestatística. São Paulo: EPU, 1998.
1ª AVALIAÇÃO – P1
Roteiro sugestivo
Dinâmica adotada: TRABALHO EM GRUPO, pesquisa de campo, apresentação de
trabalho científico.
Objetivo: Permitir ao launo de ferramentas básicas da Bioestatística que
permitam a descrição de informações e sua sistematização a partir de
indicadores de saúde e nutrição.
Detalhamento: O trabalho constará primeiramente da escolha do tema e
público de interesse do grupo. Posteriormente será realizada a etapa de
coleta de dados em campo; sua consolidação e análise dos resultados.
O resultado obtido será apresentado no trabalho escrito e apresentação na
forma de pôster. Avaliação: serão atribuídos conceitos para a participação,
trabalho escrito, apresentação.
Sugestões de locais
- Creche (Dindinha – Profa Flávia)
- Escolas
- Univ Veiga de Almeida (alunos de diferentes cursos, funcionários)
- Projeto Maré (VOM) – Prof Sérgio
- Academias, clubes, agremiações
- Empresas
- Público de supermercado
- Base de dados secundários: bancos de dados de uso público (SIM, SINAN,
Bolsa Família, SINASC,SISVAN, bancos disponibilizados pelo IBGE, etc.
Obs: os grupos poderão ter outras idéias a depender dos objetivos do
trabalho
TRABALHO ESCRITO
ROTEIRO:
1 – Introdução : referencial teórico sobre o tema escolhido
2 - Objetivos
3 – Metodologia: descrevera população escolhida, as variáveis, formas que
os dados foram obtidos.
4 – Resultados: Apresentar o texto explicativo contendo os gráficos,
tabelas, figuras
5 – Conclusão
Bibliografia consultada
Anexos
POSTER
Dimensão onde será apresentado o trabalho: 100 cm de largura X 120cm de
altura, contendo os seguintes itens: TÍTULO situado acima, seguido abaixo
pelo nome dos autores; objetivos, metodologia, resultados (selecionar os
mais importantes), conclusão.
" " "
" "UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA "
" "PRÓ-REITORIA ACADÊMICA "
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Rio de Janeiro, de 2010
Prezado (a) Dra, Sra (sr),
Estamos encaminhando os acadêmicos de Nutrição desta universidade para
realização de um trabalho visando a aplicação dos conteúdos da disciplina
"Bioestatística e Epidemiologia". Este trabalho irá tratar de diversos
temas de importância na área da saúde.
Para este intento, pedimos sua colaboração no sentido de receber os
alunos e darem algumas informações solicitadas.
Desde já agradecemos sua valiosa contribuição na formação dos alunos
da Universidade Veiga de Almeida e estamos disponíveis para dar qualquer
informação que seja necessária.
Atenciosamente,
---------------------------------------------------------
Profa. Dra. Claudia Valéria Cardim da Silva
Coordenadora da disciplina
Coord. do Curso de Nutrição da Universidade Veiga de Almeida
[email protected]
MÓDULO 2 - EPIDEMIOLOGIA
INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS:
Indicadores: São medidas utilizadas para descrever e analisar uma situação
existente, avaliar o cumprimento dos objetivos, as metas e suas mudanças ao
longo do tempo, além de prever tendências futuras. Podem ser classificados
em:
Demográficos: natalidade, fecundidade, esperança de vida.
Socioeconômicos: renda percapta e familiar, escolaridade, saneamento,
renda;
etc.
Saúde: morbidade, mortalidade, entre outros.
Tradicionalmente, porém, por ser muito difícil mensurar a saúde (aspectos
positivos), mede-se a .não saúde. (aspectos negativos), ou seja, as doenças
(morbidade), as mortes (mortalidade), as incapacidades físicas e mentais
(seqüelas).
A forma de expressar os indicadores ou de escolher os mais apropriados
depende
dos objetivos que se quer alcançar, os quais podem ser representados por
valores
absolutos ou relativos.
Questão 1
Quais os indicadores que você utilizaria para conhecer a situação da saúde
de uma comunidade/serviço?
Questão 2
No Município de Icapuí,/Ceará, no ano de 1980, foram registrados 70 casos
de sarampo e, no ano de 1997, 90 casos. Qual o ano em que a população
esteve sob o maior risco de adoecer por sarampo?
Os indicadores de valores absolutos referem-se aos dados não trabalhados e
restringem-se a eventos (número de casos e óbitos) localizados no tempo e
no espaço,não possibilitando comparações temporais ou geográficas. São
úteis no planejamento e na administração da saúde, como, por exemplo, para
a estimativa do número de leitos, medicamentos e insumos em geral.
Para ser possível comparar as freqüências de morbidade e mortalidade, torna-
se necessário transformá-las em valores relativos, isto é, em numeradores
de frações, tendo denominadores fidedignos. Os dados são relativos quando
mostram alguma relação com outros, podendo ser expressos através de
coeficiente, índice e razão.
Coeficiente ou taxa: é a relação entre o número de eventos reais e os que
poderiam acontecer, sendo a única medida que informa quanto ao .risco. de
ocorrência de um evento. Por exemplo: número de óbitos por leptospirose no
Rio de Janeiro, em relação às pessoas que residiam nessa cidade, em cada
ano.
Índice ou proporção: é a relação entre freqüências atribuídas de
determinado evento, sendo que, no numerador, é registrada a freqüência
absoluta do evento, que constitui subconjunto da freqüência contida no
denominador. Por exemplo: número de óbitos por doenças cardiovasculares em
relação ao número de óbitos em geral.
Razão: é a medida de freqüência de um grupo de eventos relativa à
freqüência de outro grupo de eventos. É um tipo de fração em que o
numerador não é um subconjunto do denominador. Por exemplo: razão entre o
número de casos de Aids no sexo masculino e o número de casos de Aids no
sexo feminino.
1. Indicadores de Mortalidade
Mortalidade é a variável característica das comunidades de seres vivos.
Refere-se
ao conjunto dos indivíduos que morrem num dado intervalo de tempo.
O risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de vir
a morrer, em decorrência de uma doença, é calculado pela taxa ou
coeficiente de mortalidade. Ela representa a intensidade com que os óbitos
por uma determinada
doença ocorrem numa certa população.
Questão 3
Que conclusões você tiraria acerca de um município que apresenta elevados
coeficientes de mortalidade por causas evitáveis?
Indicadores como o de mortalidade geral, mortalidade infantil, mortalidade
materna e por doenças transmissíveis são os mais utilizados para avaliar o
nível de saúde de uma população.
1.1. Indicadores de Mortalidade
Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG): mede o risco de morte por todas
as causas em uma população de um dado local e período.
Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI): mede o risco de morte para
crianças menores de um ano de um dado local e período.
- Coeficiente de Mortalidade Infantil Precoce (CMIP - Neonatal): mede o
risco de morte para crianças menores de 28 dias.
- Coeficiente de Mortalidade Infantil Tardia (CMIT): mede o risco de morte
para crianças com idade entre 28 dias e 1 ano.
Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM): mede o risco de morte materna.
Coeficiente de Mortalidade por Causa (CMC): mede o risco de morte por
determinada causa, num dado local e período. No denominador deve constar a
população exposta ao risco de morrer por essa mesma causa.
Coeficiente de Letalidade (CL): o coeficiente de letalidade situa-se na
transição entre os indicadores de morbidade e mortalidade. A letalidade
mede o poder da doença em determinar a morte e também pode informar sobre a
qualidade da assistência médica prestada ao doente.
Razão de Mortalidade Proporcional (RMP) ou Indicador de Swaroop-Uemura:
mede a proporção de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais em relação ao
total de óbitos em um dado local e período.
Para facilitar e permitir a comparação entre os coeficientes, tanto os de
mortalidade quanto os de morbidade, calculados para diferentes locais ou
para o mesmo local em diferentes períodos de tempo, utiliza-se sempre uma
base comum (100, 1.000, 10.000, 100.000, 1.000.000) que representa uma
potência de 10 (10n). Essa potência de 10 é escolhida de forma a tornar os
números obtidos o mais próximo possível do inteiro, procurando aumentar as
frações obtidas pela divisão, e, consequentemente, diminuindo o número de
zeros dessas frações decimais. Por convenção, nos coeficientes de
mortalidade geral e infantil, a base é por 1.000 e quando se trata de
mortalidade por causas, a base mais adequada é 105 = 100.000.
O coeficiente de letalidade expressa-se sempre em porcentagem.
Questão 4
Os dados seguintes referem-se ao estado de Brasilândia, nos anos de 1985
e 1996:
"ESPECIFICAÇÃO "1985 "1996 "
"População total "8.402.017 "9.003.804 "
"População masculina "3.948.550 "4.238.322 "
"Mulheres em idade fértil "2.352.564 "2.520.605 "
"População de nascidos vivos "245.378 "182.593 "
"População de menores de 1 ano "240.927 "179.761 "
"Total de óbitos "50.412 "58.814 "
"Óbitos >50 anos "27.727 "35.288 "
"Óbitos em menores de 1 ano "7.114 "4.009 "
"Óbitos masculinos "32.789 "37.157 "
"Óbitos maternos "270 "150 "
"Óbitos por infecções intestinais em < "1.006 "201 "
"de 1 ano "207 "308 "
"Óbitos por câncer de próstata "4.037 "4.411 "
"Óbitos por causas mal definidas " " "
a) Com esses dados, calcule os indicadores relacionados abaixo:
" "1985 "1996 "
"(1) Coeficiente de mortalidade geral " " "
"(2) Coeficiente de mortalidade infantil " " "
"(3) Coeficiente de mortalidade materna " " "
"(4) Coeficiente de mortalidade por câncer de " " "
"próstata " " "
"(5) Mortalidade proporcional de óbitos por " " "
"infecções intestinais em< de 1 ano " " "
"(6) Proporção de mortes por causas mal definidas " " "
b) Compare e analise os indicadores do ano de 1985 com os de 1996
2. Indicadores de Morbidade
Morbidade é uma variável característica de comunidades de seres vivos e
refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquirem doenças num dado
intervalo de tempo.
Denota-se morbidade ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em
uma população exposta.
A morbidade é freqüentemente estudada segundo quatro indicadores básicos:
a incidência, a prevalência, a taxa de ataque e a distribuição
proporcional.
2.1. Incidência
A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número
de casos novos dessa doença que se iniciou no mesmo local e período. Traz a
idéia de intensidade com que acontece uma doença numa população e mede a
freqüência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na
população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer.
QUESTÃO 5
a) No ano de 1996 foram confirmados 2.490 casos de dengue no estado de
Brasilândia, cuja população nesse ano era de 9.003.804 habitantes. Qual foi
o coeficiente de incidência de dengue em Brasilândia, em 1996?
b) Comente o que isso significa:
2.2. Prevalência
O verbo prevalecer significa ser mais, ter mais valor, preponderar,
predominar.
A prevalência indica qualidade daquilo que prevalece. Portanto, prevalência
implica acontecer e permanecer existindo num momento considerado.
O coeficiente de prevalência é mais utilizado para doenças crônicas de
longa duração, como hanseníase, tuberculose, aids e diabetes. Casos
prevalentes são os que estão sendo tratados (casos antigos), mais aqueles
que foram descobertos ou diagnosticados (casos novos). Portanto, a
prevalência é o número total de casos de uma doença, novos e antigos,
existentes num determinado local e período. A prevalência, como idéia de
acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença na população
(Figura 1).
A prevalência pode ser pontual ou lápsica.
A prevalência pontual, também conhecida como instantânea ou momentânea, é
medida pela freqüência da doença ou pelo seu coeficiente em um ponto
definido no tempo, seja o dia, a semana, o mês ou o ano. No intervalo de
tempo definido da prevalência pontual, na série dos casos prevalentes estão
excluídos aqueles que evoluíram para cura, ou para óbito que migraram.
Ao considerar os casos prevalentes num período de tempo mais ou menos longo
e
que não concentra a informação em um dado ponto desse intervalo, tem-se a
Prevalência lápsica ou por período de tempo. Por exemplo, a prevalência da
hanseníase. É a prevalência que abrange um lapso de tempo. Na prevalência
lápsica estão incluídos todos os casos prevalentes, inclusive os que
curaram, morreram ou emigraram, consistindo na soma da prevalência pontual,
ao começo de um período especificado ou ao final do período anterior, com
todos os casos novos que ocorreram nesse período.
Coeficientes de prevalência são valiosos para o planejamento, em função do
conhecimento do número de doentes existentes na comunidade. Para propósitos
epidemiológicos (identificação de fatores de risco, por exemplo), as
medidas de incidência são mais efetivas.
2.3. Taxa de Ataque
Essa taxa, sempre expressa em percentagem, nada mais é do que uma forma
especial de incidência. É usada quando se investiga um surto de uma
determinada
doença em um local onde há uma população bem definida, como residência,
creche, escola, quartel, colônia de férias, grupo de pessoas que participou
de um determinado evento como um almoço, etc. Essas pessoas formam uma
população especial, exposta ao risco de adquirir a referida doença, em um
período de tempo bem definido.
Questão 6
Numa tarde um grupo de 17 pessoas foram atendidas na emergência de um
hospital de uma comunidade, devido a uma condição diagnosticada como
Intoxicação por toxina estafilocócica. Entrevistas com essas pessoas
levaram à identificação de outras 39 que ficaram doentes com sinais e
sintomas compatíveis com a intoxicação por toxina estafilocócica, mas que
não procuraram assistência médica. Maiores investigações revelaram que
todas as pessoas doentes e outras 42 que não adoeceram, compareceram a um
mesmo piquenique. Qual a taxa de ataque da intoxicação entre os que
compareceram ao piquenique?
2.4. Distribuição Proporcional
A distribuição proporcional indica, do total de casos ou mortes ocorridas
por uma determinada causa, quantos ocorreram, por exemplo, entre homens e
quantos Entre mulheres, ou quantos ocorreram nos diferentes grupos de
idade. O resultado sempre é expresso em porcentagem. A distribuição
proporcional não mede o risco de adoecer ou morrer (como no caso dos
coeficientes); somente indica como se distribuem os casos entre as pessoas
afetadas, por grupos etários, sexo, localidade e outras variáveis.
Questão 7
Número de casos, óbitos, incidência e letalidade por grupo etário, de
doença meningocócica no estado de Rondônia, no ano de 1995.
a) Complete o quadro acima.
b) Coloque em ordem decrescente os grupos etários mais atingidos:
1º ___________________________ 2º __________________________
3º _____________________________
c) Qual o grupo etário de maior risco?
d) Qual o grupo em que ocorreu a maior letalidade?
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA
A epidemiologia descritiva estuda a variabilidade da freqüência das doenças
em nível coletivo, em função de variáveis ligadas a pessoa, tempo e lugar.
Refere-se às circunstâncias em que as doenças e agravos à saúde ocorrem nas
coletividades.
A epidemiologia descritiva objetiva responder quem, quando e onde ocorre
determinado agravo à saúde.
Desse modo, qualquer problema de saúde, sob a perspectiva epidemiológica,
deve ser descrito a partir de determinadas características ou variáveis,
antes que se possa analisá-lo.
1. Variáveis Epidemiológicas
Os métodos e técnicas da epidemiologia são utilizados para detectar uma
associação entre uma doença e características da pessoa com fatores do seu
ambiente relacionados com o tempo. Portanto, o primeiro passo para o
entendimento de um problema de saúde ou de uma doença consiste em descrevê-
lo pelas variáveis pessoa, ou adquiridas (idade, sexo, raça, escolaridade,
renda, estado nutricional e imunitário, etc.); de suas atividades
(trabalho, esportes, praticas religiosas,costumes, etc.); de circunstâncias
de vida (condição social, econômica e do meio ambiente).
De acordo com a idade, expõem-se mais ou menos às fontes de infecção. Por
exemplo, geralmente os adultos expõem-se mais a eventos como hanseníase,
tuberculose, acidentes de trânsito, homicídios, aids. As condições
patológicas relacionadas ao baixo nível de imunidade são mais freqüentes
nas idades extremas, ou seja, crianças e idosos.
Para verificar a associação existente entre determinada doença e a idade, é
preciso estratificá-la em grupos etários ou grupos de pessoas que reúnam
características semelhantes.
TEMPO E LUGAR.
Os métodos e técnicas da epidemiologia são utilizados para detectar uma
associação entre uma doença ou agravo e as características da pessoa e os
fatores do seu ambiente relacionados com o tempo. Portanto, o primeiro
passo para o entendimento de um problema de saúde ou de uma doença,
consiste em descrevê-lo pelas variáveis pessoa, tempo e lugar.
Pessoa: Quem?
Pessoas podem ser descritas em termos de suas características herdadas
Questão 8
Correlacione as doenças e agravos à saúde da segunda coluna, de acordo
com os respectivos caracteres relativos à pessoa:
"(1) Vida sedentária "( ) Acidentes de trãnsito e homicícios "
"(2) Hábito de fumar "( ) Hepatite B, Aids e Sífilis "
"(3) Crianças com idade de 1 a 4 anos "( ) Doenças cardiovasculares "
"(4) Homens com idade acima de 60 anos "( ) Deficiências nutricionais e "
"(5) Adultos jovens com vida sexual ativa "parasitoses "
"(6) Homens de 20 a 29 anos de idade "( ) Câncer de pulmão "
" "( ) Câncer de próstata "
TEMPO: Quando?
A cronologia de uma doença é fundamental para a sua análise epidemiológica.
A distribuição dos casos de determinada doença, por períodos de tempo
(semanal, mensal, anual) permite verificar como a doença evolui no tempo,
isto é, se apresenta variações cíclicas; se está estacionária; decrescendo
ou aumentando. Pode-se observar qual a semana, o mês em que geralmente
ocorre o maior número de casos.
Para saber se houve mudanças, é necessária a existência de dados anteriores
(série histórica). As variações das doenças no transcorrer do tempo (anos,
meses, semanas, dias) são importantes, pois mostram alterações nos fatores
causais.
Casos de doenças agudas podem ocorrer em horas ou dias. Já as doenças
crônicas devem ser estudadas de acordo com a incidência em meses ou anos.
A distribuição dos casos por períodos de tempo serve para orientar as
medidas de controle, fornecendo, por exemplo, informação sobre os melhores
momentos para intensificar a imunização e para prevenir um possível surto.
No aspecto administrativo, serve para orientar quando se deve concentrar
recursos materiais e humanos, facilitando as ações de controle necessárias.
2. Distribuição Cronológica da Mortalidade e Morbidade
Segundo Rouquayrol, a distribuição cronológica da mortalidade e da
morbidade é a relação entre uma seqüência de marcos temporais sucessivos
(cronologia) e uma medida de freqüência de casos e óbitos. É o registro da
história da doença. A
distribuição cronológica apresenta-se das seguintes maneiras:
2.1. Tendência Secular
São as variações na incidência/prevalência ou mortalidade/letalidade de
doenças,
observadas por um longo período de tempo, geralmente dez anos ou mais.
Na análise da tendência secular para medir a doença, devem ser usados
coeficientes e não números absolutos, pois a população pode sofrer aumento
em seu tamanho e com isso, conseqüentemente, aumentar o número de casos.
Estudos de tendência secular podem ser feitos com doenças transmissíveis e
não
transmissíveis. Os coeficientes de incidência de doenças como tuberculose,
difteria, cardiovasculares ou acidentes do trânsito mostram que suas
tendências vêm mudando através de décadas.
Questão 9
Observe e analise o gráfico a seguir:
Comente a tendência secular do sarampo.
3. Variação Cíclica
São variações, com ciclos periódicos e regulares. A mudança cíclica no
comportamento de doenças são recorrências nas suas incidências que podem
ser anuais ou podem ter periodicidade mensal ou semanal. Na variação
cíclica, portanto, um dado padrão é repetido de intervalo a intervalo.
4. Variação Sazonal (sazo = estações do ano)
Ocorre quando a incidência das doenças aumenta sempre e periodicamente em
algumas épocas ou estações do ano, meses do ano, dias da semana, ou em
horas do dia. Por exemplo, dengue (nas épocas quentes do ano), acidentes de
trânsito (horas de muita movimentação urbana - deslocamento para o
trabalho, escolas). Em relação às doenças com variação estacional, deve-se
conhecer o nível endêmico, pois, se há aumento normal em certa época do
ano, ele não pode ser confundido com uma epidemia.
As variações estacionais são muito comuns em doenças infecciosas e
transmissíveis, como gripe, malária, meningite, dengue, broncopneumonias,
gastroenterites e outras.
Certos envenenamentos, como os causados pela aranha marrom (ocorrência
típica em Curitiba, nos meses quentes do ano), também são de variação
sazonal.
Questão 10
Analise a ocorrência sazonal de acidentes ofídicos no Paraná.
5. Formas de Ocorrências das Doenças
5.1. Caso Esporádico
Quando em uma comunidade, em relação à certa doença, se verifica apenas o
aparecimento de casos raros e isolados, sem previsibilidade nenhuma, eles
são chamados de casos esporádicos.
5.2. Endemias
É a ocorrência de determinadas doenças com variações na sua incidência de
caráter regular, constante, sistemático. Assim, denomina-se endemia a
ocorrência de uma determinada doença que, no decorrer de um longo período
de tempo, acomete sistematicamente populações em espaços delimitados e
caracterizados, mantendo incidência constante e permitindo variações
cíclicas ou sazonais.
5.3. Epidemias
As epidemias caracterizam-se pelo aumento do número de casos acima do que
se espera, comparado à incidência de períodos anteriores. Mas, o importante
é o caráter desse aumento: descontrolado, brusco, significante, temporário.
Se, numa dada região, inexiste determinada doença e surgem um ou poucos
casos, pode-se
afirmar que é uma epidemia, em virtude do caráter de surpresa, como, por
exemplo, o aparecimento de um caso de raiva canina numa região que, há
muitos anos, não apresentava um único caso.
Epidemia ou surto epidêmico podem ser expressões sinônimas, havendo autores
que, entretanto, os consideram de significados distintos. Todavia, costuma-
se designar surto quando dois ou mais casos de uma determinada doença
ocorrem em locais circunscritos, como instituições, escolas, domicílios,
edifícios, cozinhas coletivas, bairros ou comunidades, aliados à hipótese
de que tiveram, como relação entre eles, a mesma fonte de infecção ou de
contaminação, o mesmo quadro clínico e ocorreram ao mesmo tempo. As
epidemias ou surtos são ocasionados, em geral, por dois fatores:
a) aumento no número de suscetíveis: quando é suficientemente grande o
número
de suscetíveis em um local, a introdução de um caso de uma doença
transmissível gera diversos outro, configurando um grande aumento na
incidência. O aumento do número de suscetíveis pode ter diversas causas:
nascimentos;
migrações;
baixas coberturas vacinais.
b) alterações no meio ambiente favorecem a transmissão de doenças
infecciosas.
contaminação da água potável por dejetos favorecem a transmissão de febre
tifóide, hepatite A, hepatite E, cólera, entre outras;
aglomeração de pessoas em abrigos provisórios, em situações de
calamidade, facilitam a eclosão de surtos de gripes, sarampo e outras
doenças respiratórias agudas;
aumento no número de vetores infectados responsáveis pela transmissão de
algumas doenças devido à condições ambientais favoráveis e à inexistência
ou ineficácia das medidas de controle, facilitando o crescimento do número
de casos de doenças, como malária, dengue;
contaminação de alimentos por microorganismos patogênicos ocasionam
surtos de intoxicação e infecção alimentar, freqüentes em locais de
refeições coletivas.
Uma epidemia ou surto pode surgir a partir das seguintes situações:
1. Quando inexiste uma doença em determinado lugar aí se introduz uma fonte
de infecção ou contaminação (por exemplo, um caso de cólera ou um alimento
contaminado), dando início ao aparecimento de casos ou epidemia.
2. Quando ocorrem casos esporádicos de uma determinada doença e começa a
haver aumento na incidência além do esperado.
3. A partir de uma doença que ocorre endemicamente e alguns fatores
desequilibram a sua estabilidade, iniciando uma epidemia.
As epidemias ou surtos, podem ser:
a) Quanto ao tipo de fonte de infecção ou contaminação:
1. Fonte comum: caracteriza-se por não haver um mecanismo de transmissão de
hospedeiro a hospedeiro. Na epidemia por fonte ou veículo comum, o fator
extrínseco (agente infeccioso, fatores físico químicos ou produtos do
metabolismo biológico) é veiculado pela água, por alimentos, pelo ar ou
introduzido por inoculação. Todos os suscetíveis devem ter acesso direto a
uma única fonte de contaminação, podendo ser por curto espaço de tempo
(fonte pontual) ou por um espaço de tempo mais longo (fonte persistente).
Trata-se, geralmente, de uma epidemia explosiva e bastante localizada em
relação ao tempo e lugar.
2. Propagada, de contato ou contágio: quando o mecanismo de transmissão é
de hospedeiro a hospedeiro, ocorrendo a propagação em cadeia, difundida de
pessoa a pessoa por via respiratória, anal, oral, genital, ou por vetores.
Como, por exemplo, a gripe, a meningite meningocócica, doenças sexualmente
transmissíveis, a raiva canina.
b) Quanto ao tempo de aparecimento:
1. Explosiva ou maciça: quando várias pessoas são expostas simultaneamente
à mesma fonte de infecção, tendo como exemplo os surtos de infecção ou
intoxicação alimentar, cujo tempo de incubação é muito curto.
2. Lenta: na epidemia lenta, o critério diferenciador é a velocidade com
que ela ocorre na etapa inicial do processo, que é lenta, gradual e
progride durante um longo tempo. Acontece, em geral, nas doenças de curso
clínico longo, principalmente doenças não transmissíveis, podendo ocorrer
também com doenças cujos agentes apresentam baixa resistência ao meio
exterior ou para os quais a população seja altamente resistente ou imune.
Será lenta, ainda, quando as formas de transmissão e meios de prevenção
são bem conhecidos pela população.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA-FILHO, N. E ROUQUAYROL, M.Z. Introdução à Epidemiologia, 3a. Edição
- MEDSI, Rio de Janeiro, 2002
BRASIL/MS. Medidas de Saúde Coletiva e Introdução à Epidemiologia
Descritiva. ModIII; Unid I, agosto de 2003.
ANEXO 1 – FÓRMULAS DOS PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE
-----------------------
FIGURA 1
DIFERENTES RELAÇÕES ENTRE A INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA