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Análise Dos Fatores Que Podem Influenciar O Preço Da Linhaça Marrom E Da Dourada

Monografia de Conclusão do Curso de Farmácia _Se utilizar gentileza citar fonte

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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC FACULDADE REGIONAL DO VALE DO AÇO - FARV CURSO DE FARMÁCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GILDETE GONÇALVES DE OLIVEIRA MARCILEIDE EMÍLIA PACHECO STEFANE CRISTINA PAIXÃO OLIVEIRA ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O PREÇO DA LINHAÇA MARROM E DA DOURADA, UTILIZADAS COMO ALIMENTO FUNCIONAL E/OU NUTRACÊUTICO, NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES IPATINGA 2010 GILDETE GONÇALVES DE OLIVEIRA MARCILEIDE EMÍLIA PACHECO STEFANE CRISTINA PAIXÃO OLIVEIRA ANÁLISE DOS FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O PREÇO DA LINHAÇA MARROM E DA DOURADA, UTILIZADAS COMO ALIMENTO FUNCIONAL E/OU NUTRACÊUTICO, NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Farmácia da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Teodoro IPATINGA 2010 Professora Luciana Flávia AGRADECIMENTO Em primeiro lugar agradecemos a Deus, por sempre iluminar nossos caminhos; e ter nos dado força e determinação no desenvolvimento deste trabalho. A professora e orientadora, Luciana Flávia Teodoro, pelo apoio, compreensão e pronta disponibilidade para solução de dúvidas durante todo o trabalho, ficam aqui, desta forma, nosso sincero reconhecimento e admiração; suas inúmeras sugestões enriqueceram muito esta pesquisa, e nos faltam palavras para expressar nossa gratidão. À nossa família, pela confiança, apoio e estímulo constante, não apenas pelo presente trabalho, mas por todas as situações adversas ocorridas no decorrer da graduação e nas quais sempre estiveram em nosso lado torcendo por esta conquista. Aos nossos amigos, maridos e namorado por compreenderem nossa ausência e nos auxiliarem em cada etapa vivida. Ao Sandro Resende pelo apoio e ajuda no lançamento dos dados da pesquisa, elaboração das tabelas e cálculos estatísticos. Aos professores Willian Saliba e Felipe Chaves, componentes da banca, pelas preciosas observações e sugestões para melhoria desta monografia. A todos, que de alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa, os nossos sinceros agradecimentos. RESUMO Nos dias atuais é crescente a conscientização da sociedade que a alimentação tem forte influência na prevenção ou agravamento de doenças, e dentre estas as cardiovasculares que são a principal causa de morte em todo o mundo. Uma vez que é muito difícil alterar o estilo de vida das pessoas e modificar totalmente sua forma de alimentação, os alimentos funcionais e nutracêuticos vêm como uma alternativa de melhora no fornecimento de elementos essenciais, muitas vezes ausentes na alimentação. Dentre os alimentos que vem sendo considerados e pesquisados como funcionais está a linhaça, oleaginosa riquíssima em ácidos graxos monoinsaturados (ômega 9) e poli-insaturados (ômega 3 e 6), considerados essenciais por não serem sintetizados pelo organismo, é também rica em fibras e outros compostos fitoquímicos. No Brasil são vendidas ambas as variedades da linhaça, marrom e dourada, em diferentes formas e preços, mas sempre havendo uma supervalorização da variedade dourada que é vendida a preços bem superiores. Este estudo, de caráter descritivo quali-quantitativo, foi realizado no município de Ipatinga – MG, em estabelecimentos de comércio varejista de produtos farmacêuticos e comércio varejista de produtos alimentícios com o objetivo de se obter maior conhecimento sobre a relação alimentação e doenças cardiovasculares, sobre o que são os alimentos funcionais e nutracêuticos e quais constituintes presentes na linhaça a evidenciam como benéfica na prevenção das doenças cardiovasculares; verificar o interesse das farmácias, drogarias e mercados alimentícios na comercialização da linhaça; verificar se existem diferenças significativas no teor de nutrientes que justifique a supervalorização da linhaça dourada e analisar se fatores como tipo de processamento, embalagem e aspectos legais influenciam no custo final da linhaça como alimento funcional. A pesquisa revelou grande interesse na comercialização da linhaça em Ipatinga, uma vez que 80,6% dos estabelecimentos pesquisados vendiam pelo menos uma das formas da linhaça. A diferença no preço de ambas as variedades não pode ser justificada pelo teor de nutrientes; e os fatores tipo de processamento, embalagem e aspectos legais influenciaram no preço final da linhaça de forma conjunta, mas não equivalente, uma vez que em todos os fatores analisados observou-se supervalorização da variedade dourada. Palavras-chaves: Linhaça, alimento funcional, nutracêutico, doenças cardiovasculares, preço. ABSTRACT Nowadays there is growing awareness in society that food has a strong influence in the prevention or worsening of disease, and cardiovascular disease among those who are the leading cause of death worldwide. Since it is very difficult to change the lifestyle of people and completely change their way of food, nutraceuticals and functional foods come as an alternative to improve the supply of essential elements, often absent in the diet. Among the foods that have been considered and investigated as functional is linseed, oilseed rich in monounsaturated fatty acids (omega 9) and polyunsaturated (omega 3 and 6), considered essential because they are not synthesized by the body, is also rich in fiber and other phytochemical compounds. Sold in Brazil are both varieties of flaxseed, brown and gold in different shapes and prices, but there is always an overestimation of the golden variety that is sold at prices much higher. So the objective was to get this work with further clarification on the feeding relationship and cardiovascular diseases, increased knowledge about what are functional foods and nutraceuticals and what constituents present in flaxseed to show how beneficial in preventing cardiovascular disease, to verify the interest of pharmacies , drug stores and food markets in the marketing of flaxseed, check whether there are significant differences in nutrient content that justifies the overvaluation of golden flaxseed, and to examine whether factors such as processing, packaging and legal aspects influence the final cost of flaxseed as a functional food. To achieve this, a study was a descriptive qualitative and quantitative in Ipatinga, Minas Gerais, through the application of a form that allowed to obtain these data. To define the range of establishments of retail trade of pharmaceutical products was used information from VISA Ipatinga and retail food product information in reports issued by VISA Ipatinga and ACIAPI-CDL. For discussion of results and statistical analysis were performed using appropriate literature. The survey showed great interest in the commercialization of flaxseed in Ipatinga, since 80.6% of outlets surveyed sold at least one form of flaxseed. The difference in price of both varieties can’t be justified by the content of nutrients. The factors type of processing, packaging and legal aspects, influence the final cost of flaxseed as a whole, but not equivalent, since in all the factors analyzed was observed overvaluation of gold variety. Key Words: Flaxseed, functional food, nutraceutical, cardiovascular disease, price. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Linho ................................................................................................................... 19 FIGURA 2 - Linhaça marrom e linhaça dourada, respectivamente. ........................................ 20 FIGURA 3: Estrutura química do ácido alfa - linolênico (ômega 3). ...................................... 22 FIGURA 4: Estrutura química do ácido linoléico (ômega 6). .................................................. 24 FIGURA 5: Estrutura química do ácido oléico (ômega 9). ...................................................... 24 QUADRO 1: Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo laudo do laboratório de análise de alimentos da UNICAMP, 2009..... 29 QUADRO 2: Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o estudo: Caracterização físico-química e termo-oxidativa das sementes de linhaça (Linum Usitatissimum L.) e de seus óleos. EPAMINONDAS, 2009. ..... 30 QUADRO 3: Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o estudo: Efeitos comparativos de dietas ricas em linhaça marrom e dourada no câncer de mama. LICHTENTHÃLER, 2009. ....................................................... 30 QUADRO 4: Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o livro A importância da linhaça na saúde. TRUCOM, C. 2006. ........ 31 QUADRO 5: Composição centesimal das linhaças marrom e dourada segundo o estudo: Efeitos comparativos de dietas ricas em linhaça marrom e dourada no câncer de mama. LICHTENTHÃLER, 2009. ...................................................................................................... 32 FIGURA 6 - Extração do óleo de linhaça por prensagem a frio. ............................................. 34 FIGURA 7 - Semente de linhaça íntegra e na forma de farinha pós-processamento. .............. 36 QUADRO 6: Amplitude da embalagem. .................................................................................. 38 FIGURA 8 - Embalagem plástica flexível transparente, embalagem plástica opaca e lata plástica rígida de polipropileno (PP), respectivamente. ........................................................... 40 FIGURA 9 - Embalagem metalizada stand-up pouch laminado com zíper. ............................ 41 FIGURA 10 - Embalagem secundária de papel cartão............................................................. 41 FIGURA 11 - Embalagens de vidro. ........................................................................................ 42 FIGURA 12 - Cápsulas gelatinosas moles e tipos de embalagens utilizadas no embalo. ........ 43 GRÁFICO 1: Distribuição da comercialização da linhaça no município de Ipatinga, 2010.... 49 GRÁFICO 2: Estabelecimentos que comercializam x não comercializam linhaça em Ipatinga, 2010. ......................................................................................................................................... 50 GRÁFICO 3: Tipos de embalagens utilizadas no embalo da linhaça, no mercado de Ipatinga, 2010. ......................................................................................................................................... 62 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Visão geral do número de estabelecimentos que vendem linhaça por variedade de produtos comercializados em Ipatinga, 2010. .......................................................................... 51 TABELA 2: Citação nas embalagens de produtos de linhaça marrom e na dourada quanto à presença de ácidos graxos mono e poli-insaturados contidas nas embalagens de linhaça de acordo com a marca, em Ipatinga, 2010. .................................................................................. 53 TABELA 3: Produtos por tipo que trazem quantidade exata dos ácidos graxos poliinsaturados em seus rótulos, 2010. ........................................................................................... 54 TABELA 4: Comparação de preço de venda da linhaça entre as variedades marrom e dourada em duas formas de apresentação, Ipatinga, 2010. .................................................................... 54 TABELA 5: Variação do preço da semente íntegra e farinha da linhaça marrom por marca em Ipatinga, 2010. .......................................................................................................................... 56 TABELA 6: Variação do preço da semente íntegra e farinha da linhaça dourada por marca em Ipatinga, 2010. .......................................................................................................................... 57 TABELA 7: Variação de preço entre os tipos de processamento da linhaça, Ipatinga, 2010. . 58 TABELA 8: Preços médios do óleo de linhaça em cápsulas, Ipatinga, 2010. ......................... 59 TABELA 9: Variação do preço da embalagem por tipo de material, Ipatinga, 2010. ............. 61 TABELA 10: Comparação no preço do produto em um mesmo tipo de embalagem, Ipatinga, 2010. ......................................................................................................................................... 64 TABELA 11: Relação do preço médio dos produtos com registro e sem registro, Ipatinga, 2010. ......................................................................................................................................... 66 ABREVIATURAS E SIGLAS AACC - American Association of Cereal Chemists ACIAPI-CDL - Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga AG - Ácidos Graxos AIDS - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida ALA - Ácido alfa-linolênico ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária AVE - Acidente Vascular Encefálico CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CGDANT - Coordenação de Doenças e Agravos Não Transmissíveis CT - Colesterol Total DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DAC - Doença Arterial Coronariana DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis DHA - Ácido decosapentanóico EPA - Ácido eicosapentanóico FA - Fibra Alimentar FEA - Faculdade de Engenharia de Alimentos HDL - Lipoproteína de alta densidade IDB - Indicadores e Dados Básicos para a Saúde no Brasil IMC - Índice de Massa Corporal LD - Linhaça Dourada LDL - Lipoproteína de baixa densidade LM - Linhaça Marrom MS - Ministério da Saúde RIPSA - Rede Interagencial de Informações para a Saúde RT - Registro Técnico OMS - Organização Mundial de Saúde OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde PIQ - Padrão de Identidade e Qualidade PNB - Produto Nacional Bruto PRODIR - Processo de Distribuição Responsável PUFA – Polyunsaturated fatty acid (Ácidos graxos poli-insaturados) SDG - Secoisolariciresimol diglicosídeo SINAVISA - Sistema Nacional de Informação em Vigilância Sanitária SUS - Sistema Único de Saúde UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico VLDL - Lipoproteínas de densidade muito baixa VISA - Vigilância Sanitária SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 14 1. DOENÇAS CARDIOVASCULARES .............................................................................. 14 1.1 Nutrição e doenças cardiovasculares .............................................................................. 15 2 ALIMENTOS FUNCIONAIS E NUTRACÊUTICOS..................................................... 16 3 LINHAÇA ............................................................................................................................ 19 3.1 Principais componentes da linhaça com características funcionais............................. 20 3.1.1 Ácidos Graxos ................................................................................................................. 21 3.1.1.1 Ômega 3 ........................................................................................................................ 22 3.1.1.2 Ômega 6 ........................................................................................................................ 23 3.1.1.3 Ômega 9 ........................................................................................................................ 24 3.1.2 Fibras ............................................................................................................................... 25 3.1.3 Outros compostos fitoquímicos com características funcionais ...................................... 27 4 FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NO CUSTO DO CONSUMO DA LINHAÇA MARROM E DA DOURADA COMO ALIMENTO FUNCIONAL E/OU NUTRACÊUTICO ................................................................................................................. 28 4.1 Teor de nutrientes ............................................................................................................. 28 4.1.1Conteúdo de ácidos graxos ............................................................................................... 28 4.1.2 Outros nutrientes ............................................................................................................. 31 4.2 Tipos de processamento ................................................................................................... 32 4.3 Embalagens ....................................................................................................................... 37 4.3.1 Funções da embalagem .................................................................................................... 37 4.3.3 Materiais empregados na confecção da embalagem de acordo com o tipo de apresentação da linhaça ............................................................................................................ 39 4.3.3.1. Embalagens metálicas ................................................................................................. 39 4.3.3.2 Embalagens plásticas .................................................................................................... 40 4.3.3.3 Embalagens de papel .................................................................................................... 41 4.3.3.4 Embalagens de vidro .................................................................................................... 42 4.3.3.5 Cápsulas gelatinosas moles ou elásticas ....................................................................... 42 4.4 Legalidade da empresa junto aos órgãos reguladores .................................................. 44 5 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 46 5.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 46 5.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 46 6. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 47 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 49 7.1 Caracterização do mercado de venda de linhaça em Ipatinga ..................................... 49 7.2 Fatores que influenciam no custo da linhaça marrom e da dourada como alimento funcional e/ou nutracêutico.................................................................................................... 52 7.2.1 Teor de nutrientes ............................................................................................................ 52 7.2.2 Tipos de processamento................................................................................................... 55 7.2.3 Embalagens ...................................................................................................................... 60 7.2.3 Aspectos legais ................................................................................................................ 64 8 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 68 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 70 ANEXO I: FORMULÁRIO DA PESQUISA ....................................................................... 80 12 INTRODUÇÃO O Brasil, desde a década de 1940, vem passando por um processo de inversão das curvas de mortalidade, observando-se um declínio de mortes por doenças infecciosas e um concomitante aumento por doenças crônicas não-transmissíveis, sendo que a principal doença responsável por esta inversão são as doenças cardiovasculares (Ministério da Saúde, 2000). Para se ter uma idéia só durante o ano de 2010, até agosto, foram notificados cerca de 750.253 internações e 56.102 óbitos por doenças cardiovasculares em todo o país (DATASUS, 2010). As doenças cardiovasculares, anteriormente, eram consideradas um tipo de doença de idosos, mas, devido a fatores como estilo de vida e alimentação inadequada, elas tem sido observadas em faixas etárias cada vez menores. Esta incidência cada vez mais precoce pode ser caracterizada por dietas hiperlipídicas com excesso de ácidos graxos saturados e colesterol, sendo em geral este excesso, o ponto mais combatido tanto na prática clínica quanto no âmbito educativo, com aplicação de dietas hipocalóricas. Contudo, não se observam a mesma postura e conhecimento, em relação à importância dos ácidos graxos poli-insaturados na prevenção de doenças cardiovasculares e outras condições mórbidas (SILVA & JUNIOR, 2004). Esta morbimortalidade por doenças cardiovasculares pode ser minimizada através de bons hábitos alimentares, aliás, esta idéia de que o alimento é algo que apenas apresenta sabor, aroma e propriedades nutritivas, é algo que ficou no passado. Hoje em dia, são reconhecidas categorias adicionais entre os alimentos, incluindo “alimentos funcionais” e “nutracêuticos”, que são entendidos como produtos que apresentam mais benefícios do que os alimentos comuns (CARRARA, 2009). Nos últimos anos, muitos estudiosos, fabricantes de alimentos e consumidores têm manifestado interesse pelos alimentos funcionais e suas substâncias bioativas, já que tem sido observada a atuação dos mesmos na promoção de saúde e qualidade de vida, uma vez que atuam na redução do risco de doenças crônico-degenerativas (PIMENTEL; FRANCKI; GOLLÜCKE, 2005), dentre eles a linhaça (MACIEL, 2006; MORRIS, 2006). 13 Apesar do foco das farmácias e drogarias serem a venda de medicamentos, seu cenário tem mudado diante do crescente número de pessoas que procuram as farmácias em busca de soluções preventivas, alimentos funcionais que atuem em quadros de pré-doença ou mesmo suplementos alimentares e, de acordo com a RDC n.º 44, de 17 de agosto de 2009, sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, é permitido a venda de alimento para fins especiais, alimento com alegação de propriedade funcional e alimento com alegação de propriedades de saúde. A linhaça pode ser considerada um alimento funcional por ser fonte natural de substâncias bioativas fitoquímicas, capazes de atuar sobre o organismo, promovendo melhorias no funcionamento digestivo, no controle da glicose e na redução do colesterol sanguíneo, além de apresentarem ações imunomoduladoras e anti-inflamatórias, importantes na redução do risco de várias doenças crônico-degenerativas (MACIEL, 2006; MORRIS, 2006). Duas variedades são conhecidas e consumidas no Brasil: a linhaça marrom e a linhaça dourada, em diferentes apresentações (semente íntegra, farinha e óleo), sendo adicionada a dieta usual ou adquirida e consumida em cápsulas, no entanto o preço de aquisição da linhaça marrom e linhaça dourada se diferem muito, podendo chegar a cerca de cinco a dez vezes mais o valor da linhaça dourada em relação à marrom (EPAMINONDAS, 2009). 14 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. DOENÇAS CARDIOVASCULARES As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo desde meados da última década. Só no Brasil as doenças cardiovasculares representam um terço dos óbitos e 65% do total de mortes na faixa etária de 30 a 69 anos de idade, sendo que a população mais atingida se encontra em plena fase produtiva. No Sistema Único de Saúde (SUS), foram registrados mais de 1,2 milhões de internações em 2002 ocasionadas por doenças cardiovasculares, representando 10,3% do total de internações e de 17% dos gastos financeiros (GODOY et al., 2007). Dentre os fatores de risco envolvidos na etiologia da doença cardiovascular aterosclerótica e que são considerados de maior importância destacam-se a hipertensão arterial, as dislipidemias, a presença de hipertrofia ventricular esquerda, a obesidade e alguns hábitos relacionados ao estilo de vida, como sedentarismo, tabagismo, ingestão rica em calorias, gorduras saturadas e colesterol, tendo estes, efeito sinérgico quando ocorrem em conjunto (NEUMANN, et al., 2007). Embora estes fatores de risco possam se iniciar precocemente, ainda são pouco valorizados clinicamente; a obesidade na infância é o mais importante fator de risco para as doenças cardiovasculares na vida adulta (GAMA, CARVALHO & CHAVES, 2007). Uma pesquisa do Sistema de Vigilância de Doenças Crônicas realizada por Inquérito Telefônico (Vigitel) interrogou, em 2007, 54.251 pessoas em todas as capitais brasileiras, conforme informativo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), seção Prevenção e Controle de doenças: 15 O estudo é feito anualmente desde 2006 com adultos (> 18 anos) através da Coordenação de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT/ MS). Os resultados da pesquisa de 2007 foram lançados no dia 04 de abril à imprensa, causando grande impacto em toda a mídia nacional (televisão, rádio e imprensa). A pesquisa aponta que cerca de 43% da população adulta está com excesso de peso (IMC> 25) e também que o consumo de frutas e hortaliças é baixo. Além disso, 29% dos adultos são sedentários não fazendo atividade física nem no trabalho ou no lazer. De acordo com a CGDANT, o principal objetivo da pesquisa é construir uma linha de base para o monitoramento dos fatores de risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), dar sustentabilidade às políticas públicas de saúde e promover a sensibilização das lideranças nacionais para o aprimoramento de legislações que favoreçam a promoção da saúde, prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco associados. Dados do Saúde Brasil (MS) e do IDB (RIPSA) apontam que DCNT são responsáveis por aproximadamente 70% das mortes no país, sendo que muitas destas poderiam ser evitadas com intervenções efetivas para promoção de hábitos saudáveis, prevenção e controle adequados dos fatores de risco destas doenças, como obesidade, hipertensão e diabetes. Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2008). Dentre todos os fatores de risco associados ao aparecimento das doenças cardiovasculares o componente dietético ainda é o ponto em que a possibilidade de intervenção é mais efetiva e principal estratégia como forma de prevenir e remediar alguns fatores de risco cardiovasculares (AZEREDO; ANASTÁCIO & CASTRO, 2006). 1.1 Nutrição e doenças cardiovasculares A alimentação contribui de várias formas para determinar ou agravar alterações como dislipidemias, hipertensão e aterosclerose (NEUMANN, et al., 2007). Uma alimentação desequilibrada pode afetar de forma significativa o risco de doenças coronarianas, por seu efeito na alteração dos lipídios plasmáticos e lipoproteínas (SPOSITO et al., 2007). Os elementos que influenciam nesta alteração do perfil lipídico (dislipidemias) são os mesmos citados anteriormente como fatores de risco da etiologia das doenças cardiovasculares e estão divididos como modificáveis (sedentarismo, alimentação, obesidade, tabagismo, diabetes, hipertensão arterial) e não modificáveis (idade, sexo, grupo étnico, características genéticas) (KE et al. 2002). De acordo com IV Diretriz Brasileira sobre dislipidemia e prevenção da aterosclerose, (2007), há muito tem sido demonstrado que o aumento do consumo de gordura associa-se à elevação plasmática de colesterol e à maior incidência de aterosclerose coronária e aórtica e por esta 16 razão a terapia nutricional deve ser adotada na prevenção e no tratamento das dislipidemias, onde o plano alimentar deverá contemplar questões culturais, regionais, sociais e econômicas. Tratamentos não medicamentosos das dislipidemias e medidas de prevenção da aterosclerose e outras doenças cardiovasculares têm despertado o interesse não só entre os profissionais da saúde, mas também entre pacientes que cada vez mais buscam uma maior expectativa de vida relacionando nutrição e saúde, preferindo assim uma alimentação mais saudável e inclusão de alimentos funcionais e nutracêuticos aos fármacos tradicionais. De acordo com ZIEGLER & SGARBIERI (2009) o crescente interesse da indústria pelos alimentos funcionais também tem razão ligada diretamente pelas atuais necessidades em combater os problemas de saúde vividos pela população mundial. O decaimento das taxas de nascimento e aumento da expectativa de vida em várias partes do mundo tem levado a um envelhecimento na população global. No entanto, não está sendo acompanhada por um aumento semelhante na qualidade de vida. O mundo tem convivido com diferentes doenças que atualmente são causadas principalmente por excesso de trabalho, falta de tempo para atividades extras, vícios como cigarro e alcoolismo, má alimentação, falta da prática de atividades físicas, entre outras (IKEDA; MORAES & MESQUISTA, 2010). Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (2007), até o século passado, a maioria das causas de morte em todo mundo eram doenças como pneumonia, tuberculose e diarréia. Com as mudanças de hábito de vida, melhoria do saneamento básico e maior acesso da população aos medicamentos, essas doenças deixaram de ser as grandes causas de morte neste último século sendo substituídas por doenças cardíacas, câncer, acidente vascular encefálico (AVE), Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e até suicídio. Neste novo cenário, tornou-se fundamental a necessidade de investimento na qualidade da alimentação funcional para proporcionar uma melhor qualidade de vida e consequentemente um melhor envelhecimento à população, minimizando os problemas de saúde. 2 ALIMENTOS FUNCIONAIS E NUTRACÊUTICOS No passado, o alimento era entendido como algo que apresentava sabor, aroma e propriedades nutritivas. Hoje em dia, no entanto, são reconhecidas categorias adicionais entre os alimentos, 17 incluindo “alimentos funcionais” e “nutracêuticos”, que são entendidos como produtos que apresentam mais benefícios do que os alimentos comuns, da forma como eram vistos anteriormente (CARRARA et al., 2009). O nutracêutico é um alimento ou parte de um alimento que proporciona benefícios médicos e de saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento da doença. Tais produtos podem abranger desde os nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de cápsulas e dietas até os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas. Podem ser classificados como fibras dietéticas, ácidos graxos poliinsaturados, proteínas, peptídios, aminoácidos ou cetoácidos, minerais, vitaminas antioxidantes e outros antioxidantes (glutationa, selênio) (ANDLAUER & FÜRST, 2002). Por sua vez, alimento funcional, de acordo com a resolução número 18, de 30 de abril de 1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido como parte da dieta atual produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde. Isto é, são considerados alimentos funcionais aqueles que, além de fornecerem a nutrição básica, promovem a saúde. Esses alimentos possuem potencial para promover a saúde por meio de mecanismos não previstos pela nutrição convencional, devendo ser salientado que esse efeito restringe-se à promoção da saúde e não à cura de doenças. Uma grande variedade de produtos tem sido caracterizada como alimentos funcionais e em decorrência da ampla divulgação pela imprensa da relação entre alimentação e saúde, a preocupação da sociedade ocidental com os alimentos tem aumentado de forma exponencial. Com isso uma grande quantidade de novos produtos que supostamente proporcionam benefícios à saúde tem sido apresentada pela indústria alimentícia diariamente (ANJO, 2004) incluindo componentes que podem afetar inúmeras funções corpóreas, relevantes tanto para o estado de bem-estar e saúde como para a redução do risco de doenças. Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características: a) devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dieta normal/usual; b) devem ser compostos por componentes naturais; 18 c) devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios à saúde além de aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental; d) a alegação de sua propriedade funcional deve ter embasamento científico; e) pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um de seus componentes tenha sido removido; g) pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentes tenha sido modificada; h) pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes tenha sido modificada (ROBERFROID, 2002). Kruger & Mann (2003) definem os ingredientes funcionais como um grupo de compostos que apresentam benefícios à saúde, tais como as alicinas presentes no alho, os carotenóides e flavonóides encontrados em frutas e vegetais, os glucosinolatos encontrados nos vegetais crucíferos. Outros constituintes dos alimentos com potencial funcional são os ácidos graxos ômega 3 e ômega 6 encontrados em peixes de água fria (p. ex. salmão), óleos vegetais, semente de linhaça, nozes e alguns tipos de vegetais, por estarem relacionados com a prevenção de doenças cardiovasculares, por meio da redução dos níveis de triglicerídeos e de colesterol sanguíneo, reduzindo a pressão arterial (MARTINS et al., 2008). Estes ingredientes podem ser consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo estes alimentos considerados alimentos funcionais, ou individualmente, como nutracêuticos. Atualmente, a linhaça ocupa um lugar destacado como um alimento funcional, depois de séculos de uso na medicina natural (MACIEL, 2006), por ser fonte de substâncias bioativas fitoquímicas, capazes de promover melhorias no funcionamento digestivo, no controle da glicose e na redução do colesterol sanguíneo, além de apresentarem ações imunomoduladoras e anti-inflamatórias, importantes na redução do risco de várias doenças crônico-degenerativas, tais como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e obesidade (MACIEL, 2006; MORRIS, 2006). Porém seu consumo é baixo devido à falta de hábito e também pela escassez de informação dos consumidores (MOURA, 2008). 19 3 LINHAÇA A linhaça é uma semente oleaginosa originada do linho, planta herbácea pertencente à família das Lináceas cujo nome em latim é Linum usitatissimum Linn, que significa muito útil (MACIEL, 2006). Registros históricos têm mostrado que provavelmente o cultivo do linho e da linhaça silvestre tenha sido realizado desde 8000 a.C, na região do Crescente Fértil (Síria, Turquia e Irã) (TRUCOM, 2006). Hipócrates, o pai da medicina moderna, escreveu usar linhaça para o alívio de dores de estômago em 650 a.C. e o filósofo grego, Theophrastus, recomendou o uso de mucilagem da linhaça para curar tosse. Carlos Magno, Imperador Romano considerou a linhaça tão importante para a saúde que ele decretou leis e regulamentos exigindo seu consumo. O óleo de linhaça também foi comumente utilizado para preparar bálsamos para inflamações da pele e bebida curadoras para distúrbios intestinais. Atualmente, nutricionistas e cientistas redescobrem os benefícios da linhaça para saúde (MACIEL, 2006). O linho apresenta caule ereto e fibroso, de onde se extraem as fibras para a fabricação de tecidos. Apresenta folhas alongadas e estreitas e flores de cor azul-clara (FIG. 1). Os frutos apresentam-se em forma de cápsula esférica, chamados cachopas, que contém duas sementes em cada um dos cinco compartimentos, totalizando cerca de 10 sementes por cápsula, podendo haver variações de sete a onze sementes em cada uma (TRUCOM, 2006). FIGURA 1 – Linho FONTE: http://www.ruralbioenergia.com.br/default.asp?tipo=1&secao=linhaca.asp 20 No Brasil, o linho foi introduzido no início do século XVIII, na ilha de Santa Catarina (Florianópolis), difundindo depois para outros estados como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (MACIEL, 2006), e é conhecida popularmente pelas denominações linhaça marrom (LM) e linhaça dourada (LD), conforme a coloração da casca, a qual é definida de acordo com a quantidade de pigmentos da camada externa, que atuam como uma forma de proteção contra a irradiação solar, sendo a pigmentação tanto maior quanto mais intensa for tal irradiação (FIG. 2). FIGURA 2 - Linhaça marrom e linhaça dourada, respectivamente. Fonte: http://alimentacaoviva.blogspot.com/2008_03_17_archive.html A linhaça marrom e a linhaça dourada apresentam algumas peculiaridades, principalmente quanto ao local de cultivo e dos custos para o consumidor (EPAMINONDAS, 2009). A produção da variedade marrom predomina em países de clima quente e úmido, como o Brasil, apresentando baixos preços comerciais, geralmente acessíveis à maior parte da população brasileira com baixo poder aquisitivo. A variedade dourada (de cor marrom-claro dourado), apesar de já estar sendo produzida no Brasil desde 2006, continua sendo, em sua maior parte, importada de países de clima frio, como o Canadá e Estados Unidos, sendo vendida a preços bem superiores (TRUCOM, 2006). 3.1 Principais componentes da linhaça com características funcionais A linhaça é um alimento funcional que ganhou atenção recentemente na área de prevenção de doenças cardiovasculares por conter três componentes muito importantes: ácidos graxos essenciais, em especial o ácido graxo poli-insaturado α-linolênico (ALA), fibras solúveis e 21 por compostos fitoquímicos (lignanas, ácidos fenólicos, flavonóides) (EPAMINONDAS, 2009; MACIEL, 2006). 3.1.1 Ácidos Graxos Os ácidos graxos fazem parte dos principais componentes dos lipídeos. São formados de uma cadeia hidrocarbonada, variando no comprimento de 2 a 20 ou mais átomos de carbono, com um grupo carboxílico (HO-C=O) a um extremo da cadeia e um grupo metílico (CH3) no outro. São, frequentemente nomeados em forma abreviada de acordo com suas estruturas químicas e são classificados como: a) Saturados: se encontram, predominantemente, em alimentos como carne, ovos, queijo, leite, manteiga, óleos de coco e palma. b) Insaturados: podem ser monoinsaturados, representados pela série ômega-9 (oléico) e poli-insaturados, representados pelas séries ômega-6 (linoléico e araquidônico) e ômega-3 (α-linolênico, eicosapentaenóico-EPA e docosahexaenóico-DHA) dependendo do número de duplas ligações (SPOSITO et al., 2007). Quando toda ligação disponível dos carbonos do ácido graxo estão retendo um hidrogênio, ou seja, se a cadeia está com a sua capacidade máxima de ligação preenchida com hidrogênio ele é chamado de ácido graxo saturado. Se a cadeia tiver um ou mais ponto de insaturação, isto é um lugar onde está faltando hidrogênios, é chamado de ácido graxo insaturado. Se tiver a presença de apenas um hidrogênio, diz-se mono-insaturado, se tiver dois pontos ou mais se trata de um ácido graxo poli-insaturado (SIZER, 2003). Os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA’s - Polyunsaturated fatty acid) se classificam, principalmente, nas séries ômega 6 e ômega 3, os mesmos se diferenciam na posição da primeira dupla ligação, contando desde o grupo metílico terminal da cadeia do ácido graxo. O PUFA onde a primeira dupla ligação, a partir do grupo metila terminal, encontra-se entre o terceiro e o quarto diz-se ômega-3 e o que a dupla ligação encontra-se entre o sexto e o sétimo carbonos da cadeia lipídica refere-se ao ômega-6 (GÓMEZ, 2003; TRUCOM, 2006). 22 3.1.1.1 Ômega 3 O ácido α-linolênico (ALA), com 18 átomos de carbono e três duplas ligações (FIG. 3), representante da família do ômega 3 (ALA), é encontrado em quantidades apreciáveis em sementes oleaginosas como canola, soja e linhaça e em peixes de águas frias (cavala, sardinha, salmão, arenque) (SPOSITO et al., 2007). FIGURA 3: Estrutura química do ácido alfa - linolênico (ômega 3). FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_alfalinol%C3%AAnico A prevenção aparente de aterosclerose por ácidos graxos ômega-3 foi observada em vários estudos epidemiológicos, entre eles, o realizado com os esquimós da Groelândia, que apresentaram baixa incidência de doenças coronarianas quando comparados aos dinamarqueses. Apesar disso, a dieta dos esquimós é rica em gordura e provê maior quantidade de colesterol. A diferença dietética importante está na composição dos PUFA's das duas dietas, os esquimós têm consumo elevado de ácidos graxos ômega-3, devido à grande ingestão de peixes (SUFFREDINI, 2008). O papel dos ácidos graxos ômega-3 na proteção de doença arterial coronariana (DAC) ainda necessita de esclarecimentos, além da somação do seu potencial antioxidante à sua capacidade de competir com o ácido araquidônico no metabolismo plaquetário (ANDRADE; CARMO, 2006). Estudos indicam que a proporção de 6,5% de ácidos graxos ômega-3 nas membranas de eritrócitos associa-se à redução acentuada de risco para doenças cardiovasculares (KRISETHERTON; et. al., 2002). O ômega 3 presente nos peixes EPA (ácido eicosapentanóico) e DHA (ácido decosapentanóico) são ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa e diferem do ômega 3 presente na linhaça em estrutura (α-linolênico, ácido graxo poli-insaturado de cadeia curta) e portanto na ação sobre o sistema cardiovascular. O ômega 3 presente nas fontes de origem marinha (óleo de peixe) apresentam um papel protetor nas doenças coronarianas e suas 23 complicações, pois, metabolicamente, eles diminuem a produção hepática de triacilglicerol e apoliproteína B, os principais constituintes lipídicos e protéicos das VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) (CONNOR, 2000), e de acordo com a IV Diretriz Brasileira sobre dislipidemia e prevenção da aterosclerose (2007), altas dosagens (4 a 10 g ao dia) de EPA e DHA, encontrados no óleo do peixe, reduzem os triglicérides e aumentam discretamente o HDL, mas podem, entretanto, aumentar o LDL. Já o ômega 3 presente na linhaça pode reduzir os riscos de doenças cardíacas através de uma variedade de mecanismos biológicos, incluindo a diminuição da função plaquetária, inflamação, pressão arterial e arritmia cardíaca, além de aumentar a saúde dos vasos sanguíneos (UNIVERSITY OF MARYLAND MEDICAL CENTER , 2008). O ácido α-linolênico, preponderante no óleo de linhaça, também pode ser convertido em ácidos graxos de cadeia longa ômega-3 (DHA e EPA) encontrados no óleo de peixe, mas o processo de alongamento e posterior dessaturação do ácido α-linolênico é lento em humanos, sendo que apenas uma pequena porção de ácido α-linolênico é convertida em EPA e DHA. Isso demanda a ingestão de grandes quantidades de óleo rico em ácido α-linolênico, como o óleo de linhaça, para a obtenção do mesmo efeito do óleo de peixe (UNIVERSITY OF MARYLAND MEDICAL CENTER, 2008). Segundo TARPILA (2002), o nível de sangue de ALA aumentou 12%, o EPA aumentou 11% e DHA 5% em 80 indivíduos que consumiram alimentos enriquecidos com linhaça moída e óleo de linhaça durante quatro semanas. O ômega 3 representa cerca de 55% dos ácidos graxos essenciais presentes na linhaça (LIMA, 2007), o que faz da linhaça a principal fonte de ácido graxo α-linolênico (MORRIS, 2006). 3.1.1.2 Ômega 6 O ácido linoléico é o expoente mais importante da série do ômega 6 e está presente de forma abundante nos óleos vegetais como óleo de girassol, cártamo, milho, soja, algodão, etc. Pode ser metabolizado em outros ácidos ômegas 6, incluindo os ácidos γ-linolênico, dihomoγ-linolênico e araquidônico (BRAGATO,2009). Caracteriza-se como um PUFA por possuir 18 átomos de carbono e duas duplas ligações (18:2), situadas entre C6 e C7 (da extremidade 24 com o grupo metila) e entre C9 e C10 (FIG. 4) (COULTATE, 2004). O ácido graxo ômega-6 é precursor do ácido araquidônico, sintetizado especialmente no fígado, no retículo endoplasmático liso, por sucessivas reações de dessaturações, catalisadas pelas enzimas delta 6, delta 5 e delta 4 dessaturases e reações de alongamentos, catalisadas por enzimas elongases. A delta 6 dessaturase é uma enzima-chave, regulando a biossíntese de PUFA (ANDRADE & CARMO, 2006). FIGURA 4: Estrutura química do ácido linoléico (ômega 6). FONTE: http://en.wikipedia.org/wiki/Omega-6_fatty_acid O ômega 6 representa 14,5% dos ácidos graxos essenciais presentes na linhaça (LIMA, 2007). 3.1.1.3 Ômega 9 O ácido oléico é o mais comum dos ácidos graxos de cadeia longa monoinsaturado (18:1), sua única dupla ligação situa-se entre os C9 e C10 (FIG. 5). Encontra-se na maioria das gorduras animais, incluindo aves, carne de vaca e cordeiro, bem como em azeitonas, sementes e nozes (COULTATE, 2004). FIGURA 5: Estrutura química do ácido oléico (ômega 9). FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_oleico Os ácidos graxos monoinsaturados (oléico) exercem o mesmo efeito sobre a colesterolemia que os ácidos graxos poli-insaturados, sem, no entanto, diminuir o HDL e provocar oxidação lipídica. Suas principais fontes dietéticas são o óleo de oliva, óleo de canola, azeitona, abacate e oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas) (SPOSITO et al., 2007). 25 O ácido oléico parece explicar os efeitos benéficos da dieta mediterrânea (com alto teor de fibras, flavonóides e antioxidantes, provenientes de vinho tinto e frutas, e maior proporção de carboidratos em relação aos lipídios) sobre a colesterolemia. Além disso, mostra efeito protetor para as doenças cardiovasculares, devido à supressão da resposta inflamatória local e modificação do padrão de lipoproteínas circulantes, reduzindo a concentração de LDL sem alterar HDL. (CURI et al., 2002). O ômega 9 representa 18,6% dos ácidos graxos essenciais presentes na linhaça (LIMA, 2007). 3.1.2 Fibras As fibras alimentares estão entre os principais fatores da alimentação na prevenção de doenças crônicas. Vem despertando crescente interesse de especialistas das áreas da saúde por constituírem um conjunto de substâncias derivadas de vegetais resistentes à ação das enzimas digestivas humanas, que possuem diversas propriedades físico-químicas que resultam diferentes efeitos fisiológicos no organismo, como por exemplo, aumento da viscosidade do conteúdo intestinal, redução do colesterol plasmático, aumento do volume do bolo fecal, redução do tempo de trânsito no intestino grosso, e por tornar a eliminação fecal mais fácil e rápida (MATTOS & MARTINS, 2000). Podem ser classificadas em fibras solúveis (FS) e fibras insolúveis (FI), de acordo com a solubilidade de seus componentes em água, sendo que cada tipo são responsáveis por funções fisiológicas específicas: a) Fibras solúveis: são representadas pela pectina (frutas), amido resistente, goma (aveia, cevada e leguminosas) e pela mucilagem e possuem muitos benefícios à saúde (POSSAMAI, 2005). Elas podem agir no organismo das seguintes maneiras: capturando água e formando géis, que aumentam a viscosidade do conteúdo gastrointestinal, contribuindo para o atraso do esvaziamento gástrico; aumentando a saciedade; diminuindo a biodisponibilidade de carboidratos e lipídios; reduzindo os níveis sanguíneos de colesterol, por meio da captação de sais biliares e triglicerídeos no intestino delgado, dificultando a absorção de gorduras, colesterol e glicose e 26 forçando o fígado a mobilizar colesterol de depósito para a produção de mais ácidos biliares. São substâncias de maior solubilidade em meio aquoso, sofrem fermentação pelas bactérias intestinais e são totalmente degradadas no cólon (POSSAMAI, 2005). b) Insolúveis: as fibras insolúveis encontram-se presentes na celulose (trigo), na hemicelulose (grãos) e lignina (hortaliças) (MACIEL, 2006) e proporcionam uma textura firme a alguns alimentos (POSSAMAI, 2005). Este tipo de fibra por sua vez, possui a propriedade de formação do bolo fecal, reduzindo seu tempo de permanência no organismo e prevenindo a constipação intestinal. Estas características estão relacionadas com a proteção contra o câncer de colón (HUSSAIN et a.l, 2006). As fibras presentes na linhaça correspondem a 28% de sua composição, sendo que cerca de um terço desta é de fibra solúvel e dois terços fibras insolúveis (HUSSAIN et al., 2006). Relatórios sobre as proporções de fibras solúveis e insolúveis na linhaça variam entre 20:80 e 40:60 (LIMA, 2007). O Instituto de Medicina da Academia Nacional Norte-Americana também propõe duas definições: fibra funcional e fibra alimentar, sendo que fibra alimentar consiste de carboidratos não digeríveis e ligninas que são intrínsecos e intactos nos vegetais (linhaça inteira) e fibra funcional consiste de carboidratos não digeríveis isolados (as mucilagens extraídas das sementes de linhaça) adicionados aos alimentos que exercem efeitos fisiológicos benéficos em humanos (FOOD AND NUTRITION, 2005). De acordo com a Portaria nº 27 de 13/01/1998 - Regulamento Técnico Referente à Informação Nutricional Complementar, para que um produto seja considerado fonte de fibra alimentar, o mesmo deve conter no mínimo 3g de fibras/100g em alimentos sólidos e 1,5g de fibras/100 mL em líquidos. A recomendação de ingestão de FA total, segundo a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose (2007) é de 20g a 30g/dia, sendo que 5 a 10g destas devem ser solúveis, como medida adicional para a redução do colesterol. Os diversos trabalhos realizados em todo o mundo mostram que os mecanismos de ação das fibras alimentares nas funções fisiológicas e metabólicas do corpo ainda não estão completamente compreendidos. As propriedades físicas e químicas das fibras alimentares 27 podem provocar respostas locais e sistêmicas no corpo humano. Estas propriedades estão relacionadas com a origem, o processamento e a forma pela qual a fibra é ingerida. As respostas locais correspondem ao efeito direto que ocorre como resultado da presença da fibra no trato gastrointestinal, enquanto a resposta sistêmica relaciona-se ao efeito metabólico que ocorre como uma resposta ao efeito local da fibra (GIBSON & WILLIAMS, 2000). 3.1.3 Outros compostos fitoquímicos com características funcionais Dentre as diversas substâncias bioativas presentes na linhaça que conferem propriedades funcionais com ação na prevenção das doenças cardiovasculares também se destacam os fitosteróis e os flavonóides. Os fitosteróis, também chamados esteróis vegetais, apresentam estrutura química semelhante à do colesterol. Quando presentes na dieta são convertidos a esteróis livres e ácidos graxos, introduzindo-se nas micelas que transportam os lipídeos e assim impedem a incorporação do colesterol nas mesmas. Desta forma, uma alimentação rica em ésteres de fitosteróis contribui para a diminuição do colesterol sanguíneo, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares, já que há uma redução na absorção do colesterol dietético, sendo o colesterol não absorvido eliminado por meio das fezes (PIMENTEL, FRANCKI & GOLLÜCKE, 2005). Já os flavonóides estão presentes em torno de 35 a 70 mg a cada 100g de linhaça (MORRIS, 2007). São polifenóis que atuam como antioxidantes, quelando metais, como os íons ferro, cobre e zinco, interagindo com enzimas e transportadores hormonais, catalisando o transporte de elétrons e bloqueando a propagação da cadeia de radicais livres. Tal ação antioxidante contribui para a inibição da atividade de enzimas diretamente ligadas aos processos inflamatórios, evitando a oxidação do LDL-colesterol e reduzindo o risco de aterosclerose e outras doenças cardiovasculares. Além disso, os flavonóides atuam relaxando as células musculares do sistema cardiovascular, reduzindo a pressão arterial e melhorando a circulação sanguínea (PIMENTEL, FRANCKI & GOLLÜCKE, 2005; TRUCOM, 2006). 28 4 FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NO CUSTO DO CONSUMO DA LINHAÇA MARROM E DA DOURADA COMO ALIMENTO FUNCIONAL E/OU NUTRACÊUTICO 4.1 Teor de nutrientes A qualidade nutricional e funcional de ambas as variedades da linhaça tem sido questionadas e vários estudos têm sido desenvolvidos para avaliá-las, mas sempre havendo uma tendência à supervalorização das sementes douradas em detrimento das marrons. Em abundância no Brasil, as sementes de cor marrom já foram acusadas de maior toxicidade e menor funcionalidade nutricional. Isso ocorre talvez por serem menos estudadas que as douradas, variedade que é consumida e pesquisada há mais tempo pelos maiores produtores mundiais no hemisfério norte (Canadá - maior produtor mundial - e Estados Unidos). Hoje já se sabe que as diferenças entre ambas as variedades são mínimas e geralmente são resultantes de diferentes condições de cultivo, portanto, para o consumidor, a decisão de escolha entre as variedades marrom ou dourada deve se pautar somente pelo preço (sendo as sementes douradas cerca de cinco a dez vezes mais caras que as marrons), validade e aparência visual, uma vez que suas propriedades são equivalentes (TRUCOM, 2006; EPAMINONDAS, 2009). De modo geral, pode-se dizer que a linhaça apresenta 28% de fibra alimentar, 41% de lipídeos e 21% de proteína. Sua composição lipídica apresenta baixa concentração de ácidos graxos saturados (9%), moderada quantidade de monoinsaturados (18%) e grande teor de ácidos graxos poli-insaturados (73%), com destaque para o ácido α-linolênico (ômega-3) (MORRIS, 2006). 4.1.1Conteúdo de ácidos graxos A predominância do ômega 3 três vezes maiores que o de ômega 6 na semente de linhaça tem estabelecido correlação com a prevenção de doenças coronarianas (MACIEL, 2006) e diminuição substancial do risco de problemas cardiovasculares (HU et. al., 2001). 29 Nos QUADROS 1, 2, 3 e 4 são apresentados laudos de análise de diversos laboratórios e universidades, realizados com ambas as variedades da linhaça (marrom e dourada), seguindo a mesma metodologia e condições de análises. No QUADRO 1, é apresentado resultados da análise laboratorial realizada pelo laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da UNICAMP, por cromatografia gasosa capilar das amostras do óleo da linhaça marrom e da linhaça dourada. A partir desta análise pode-se evidenciar semelhança nutricional entre as duas sementes em relação a seus conteúdos de ácidos graxos. QUADRO 1 Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo laudo do laboratório de análise de alimentos da UNICAMP, 2009. Ácidos Graxos Semente marrom (%) Semente dourada (%) Óleo de linhaça C18:1 C18:2 Oléico Linoléico (Ômega-9) (Ômega-6) 22,10% 14,72% 21,00% 16,05% C18:3 Linolênico (Ômega-3) 50,62% 53,10% EPAMINONDAS, 2009, também submeteu a análise do perfil dos ácidos graxos presentes nas duas variedades de linhaça à cromatografia gasosa e também encontrou resultados semelhantes para ambas variedades. Em ambas as análises observam-se maior conteúdo de ácido graxo monoinsaturado (ômega 9) na variedade marrom (QUADRO 2). 30 QUADRO 2 Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o estudo: Caracterização físico-química e termo-oxidativa das sementes de linhaça (Linum usitatissimum L.) e de seus óleos. EPAMINONDAS, 2009. Óleo de linhaça C18:2 C18:1 Oléico Linoléico Ácidos Graxos (Ômega-9) (Ômega-6) Semente marrom (%) 27,36 ± 0,02 15,24 ± 0,03 Semente dourada (%) 23,70 ± 0,00 18,48 ± 0,03 C18:3 Linolênico (Ômega-3) 43,64 ± 1,03 43,27 ± 0,20 LICHTENTHÃLER (2009) também realizou análise das duas variedades de linhaça por cromatografia gasosa, mas diferiu no método, pois não realizou análise do óleo da linhaça obtido por prensagem a frio das sementes íntegras. Primeiro realizou trituração da amostra para obtenção de uma ração (farinha da linhaça) e só depois extraiu o óleo e procedeu aos testes em triplicata encontrando os seguintes resultados, demonstrados na QUADRO 3: QUADRO 3 Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o estudo: Efeitos comparativos de dietas ricas em linhaça marrom e dourada no câncer de mama. LICHTENTHÃLER, 2009. Óleo de linhaça C18:1 C18:2 Oléico Linoléico Ácidos Graxos (Ômega-9) (Ômega-6) Semente marrom (%) 30,60 ± 0,64 11,20 ± 0,07 Semente dourada (%) 22,50 ± 0,10 17,20 ± 0,11 C18:3 Linolênico (Ômega-3) 41,20 ± 1,06 52,70 ± 0,26 Nesta análise já pode observar diferença significativa no perfil de ácidos graxos, com maior concentração de ômega 3 e 6 na variedade dourada e confirmando maior predominância de ácido graxo monoinsaturado (ômega 9) na variedade marrom. 31 TRUCOM (2006) também fez análise comparativa entre as duas variedades, mas encontrou resultados bem diferentes dos apresentados até aqui, uma vez que encontrou maior teor do ácido graxo poli-insaturado ômega 3 na variedade marrom e maior teor de ácido graxo monoinsaturado (ômega 9) na variedade dourada (QUADRO 4). QUADRO 4 Comparação da composição percentual de ácidos graxos da linhaça em ambas as variedades segundo o livro A importância da linhaça na saúde. TRUCOM, C. 2006. Ácidos Graxos Semente marrom (%) Semente dourada (%) Sementes de linhaça C18:1 C18:2 Oléico Linoléico (Ômega-9) (Ômega-6) 18,00 14,60 23,50 15,80 C18:3 Linolênico (Ômega-3) 58,20 50,90 4.1.2 Outros nutrientes Conforme já foi elucidado, a semente de linhaça, quando consumida de modo regular, associada a uma dieta balanceada, por meio de suas fibras solúveis e insolúveis, promove efeitos benéficos ao organismo, como a redução do risco de obesidade, de diabetes mellitus, de hipercolesterolemia e de doenças cardiovasculares, além de doenças do cólon, como constipação intestinal e diarréia, diverticulite e câncer colo-retal. As fibras alimentares correspondem a cerca de 28% do peso seco da linhaça, sendo cerca de 17 a 22% de fibras insolúveis e de 6 a 11% de fibras solúveis, podendo tais teores variar conforme o método utilizado para análise química e extração das fibras (MACIEL, 2006; PIMENTEL, FRANCKI & GOLLÜCKE, 2005; TRUCOM, 2006; EPAMINONDAS, 2009) LICHTENTHÃLER (2009) realizou análise em triplicada da composição centesimal de ambas as variedades da linhaça e encontrou os resultados demonstrados na QUADRO 5 para proteínas, fibras solúveis e fibras insolúveis: 32 QUADRO 5 Composição centesimal das linhaças marrom e dourada segundo o estudo: Efeitos comparativos de dietas ricas em linhaça marrom e dourada no câncer de mama. LICHTENTHÃLER, 2009. % de matéria-prima em base seca Proteínas Fibra solúvel Fibra insolúvel Linhaça Marrom 21,0 (±0,80) 9,13 (±0,36) 33,0 (±2,41) Linhaça Dourada 21,6 (±0,44) 8,89 (±0,81) 30,0 (±1,38) A composição da semente de linhaça varia de acordo com a variedade genética, meio ambiente, processamento e métodos de análise. Geralmente o conteúdo de proteína da semente diminui conforme aumenta o teor de lipídios (MONEGO, 2009). É importante ressaltar que consumo do óleo isolado, apesar da concentração de ômega-3, apresenta como desvantagem a privação do consumo de outros importantes constituintes da linhaça, como as fibras e as proteínas (MORRIS, 2007). 4.2 Tipos de processamento A linhaça é comumente encontrada como grão íntegro ou processada como farinha (grão moído) ou na forma de óleo. O seu sabor e aroma de nozes permitem que ela seja facilmente incorporada a diversos produtos, tanto integralmente, como moída. Atualmente, a principal aplicação do grão inteiro de linhaça é em produtos forneados preparados com cereais, para aumentar a quantidade e qualidade de fibra e proteína. A linhaça moída é aplicada em diversos alimentos como bolachas, pães, bolos tipo muffins, biscoitos tipo cookies, caramelos, bebidas nutritivas e iogurte. Pode também ser adicionada em saladas, sopas e produtos cárneos processados (MARTINS, et al., 2008). O seu óleo é usado por diversas indústrias, como a têxtil, cosmética e farmacêutica, além da alimentícia. Na alimentação humana, o óleo de linhaça tem sido utilizado amplamente, devido às suas propriedades tecnológicas e funcionais, como já descritas, principalmente por conter altas concentrações de ácidos graxos (PITA, 2006). 33 O processamento comercial da linhaça para produzir óleo e farinha é semelhante ao de outras oleaginosas. A primeira etapa é a limpeza das sementes em que estas são passadas através de telas de batedeira e aspiradores para remover o material estranho como erva daninha, pedras e terra (OOMAH & MAZZA, 1998) em seguida a linhaça passa por processamentos específicos como descritos a seguir. 4.2.1 Óleo da linhaça Do ponto de vista de registro, existem dois tipos de linhos destinados à produção da semente oleaginosa comercial, o linho tradicional ou linhaça e o Solin (oleaginosa que foi desenvolvida nos anos 1990, a partir do linho (Linum usitatissimum L.), utilizando técnicas avançadas de melhoramento genético, visando reduzir o teor de ácido α-linolênico, que em geral é de 50% na linhaça, para menos de 5% no Solin (TOMM et al., 2006). Desse modo, deu-se origem a um óleo mais estável, devido à redução das reações de oxidação e polimerização, tornando-o próprio para ser utilizado tanto em saladas, quanto para cozinhar). Independente do tipo da semente, a extração do óleo ocorre por compressão ou prensagem a frio, fato que preserva sua atividade funcional (TRUCOM, 2006). Na prensagem a frio, as sementes são colocadas inteiras em uma prensa mecânica adaptada (FIG. 6), forrada com um tecido, evitando, assim, a perda de amostra pelos orifícios da prensa. Esse procedimento é realizado separadamente para as sementes de ambas as variedades, cruas ou torradas. As sementes são prensadas sem trituração para evitar o aumento da superfície de contato do óleo de linhaça com o oxigênio atmosférico e a ativação de enzimas celulares, como a lipase e a peroxidase, responsáveis pela degradação mais rápida do óleo (MORETTO; FETT, 1998). Posteriormente os óleos são filtrados à vácuo e acondicionados em vidros âmbar podendo ser submetidos à temperatura de congelamento (cerca de -18˚C), para sua maior conservação (EPAMINONDAS, 2009). 34 FIGURA 6 - Extração do óleo de linhaça por prensagem a frio. FONTE: EPAMINONDAS, 2009. As vantagens da extração por prensagem a frio são baixo custo inicial de instalação, não emprega solventes, o que reduz o custo de processamento e consequentemente do óleo obtido. O óleo resultante pode ser consumido sem necessidade de refino (OETTERER, REGITANOD’ARCE & SPOTO, 2006). São comercializados a granel, embalado à vácuo em garrafas opacas ou em cápsulas gelatinosas (MAZZA, 2000). 4.2.2 Farinhas da linhaça Há uma grande indefinição na literatura quando se trata da farinha da linhaça. Um estudo realizado pela Universidade de Manitoba, no Canadá, em 2008, analisou a biodisponibilidade do ácido α-linolênico (ALA) em indivíduos após a ingestão das três diferentes formas de linhaça (semente, farinha e óleo); e após um mês de ingestão de linhaça observou significativo aumento dos níveis plasmáticos de ALA (p = 0,005) nos grupos suplementados com óleo de linhaça e semente de linhaça moída (farinha). Os indivíduos que receberam suplementação com linhaça inteira não conseguiram um aumento significativo do ALA (p > 0,05) a níveis plasmáticos (AUSTRIA, 2008), indicando um favorecimento à maior biodisponibilidade do ALA nos produtos processados. 35 TRUCOM (2006) defende a teoria que diz que a linhaça para ser consumida deve ser triturada em liquidificador antes do consumo de maneira que os ácidos graxos poli-insaturados fiquem mais biodisponíveis ao organismo. Ela deve ser adquirida na forma de semente e só triturada no momento do consumo para evitar a oxidação lipídica. As farinhas da linhaça podem ser comercializadas na forma de farinha sem desengordurar (linhaça moída) e farinha desengordurada (MONEGO, 2009). O termo farinha de linhaça pode ser aplicado à semente moída sem extrair o óleo, já a torta de linhaça moída ou farinha desengordurada é a farinha obtida após o processo de extração do óleo. Todos estes produtos, farinha de linhaça e farinha de linhaça desengordurada, apresentam diferentes conteúdos de óleo (35%; e entre 3-10% respectivamente) (FAO, 2008). A linha de produção das farinhas de linhaça inicia-se com o recebimento dos grãos de linhaça dourada e marrom, que são inspecionados e analisados quanto a parâmetros de qualidade física, química e biológica. Posteriormente, os grãos são submetidos ao processo de secagem, por tratamento térmico a 72ºC por 8 minutos aproximadamente, com a finalidade de reduzir a umidade do grão. Os grãos após etapa de secagem são levados para classificação em mesa de gravidade para retirada de algum possível fragmento físico, sendo acondicionados em sacarias previamente inspecionadas. Após classificação os grãos são encaminhados para o armazenamento onde são mantidos em sacarias sob condições adequadas de higiene (sobre pallets, afastado da luz solar, distanciado das paredes), sob temperatura ambiente, livre de acesso de insetos e roedores, atendendo as normas estabelecidas pelas Boas Práticas de Fabricação, RDC 275, de 2002 da ANVISA (MOLENA et al., 2010). A farinha da linhaça pode ser obtida industrialmente a partir da moagem mecânica das sementes da linhaça em moinhos. A moagem, de acordo com FOUST (1982) consiste em uma operação unitária frequentemente utilizada em grãos cujo objetivo é a redução do tamanho das partículas para formação de uma farinha ou pó (FIG. 7). 36 FIGURA 7 - Semente de linhaça íntegra e na forma de farinha pós-processamento. FONTE: http://yrislight.blogspot.com/2010_04_01_archive.html Já a farinha desengordurada é obtida a partir da torta resultante da extração do óleo das sementes oleaginosas, após moagem e torrefação. A torta extraída normalmente é seca em estufa a 105°C em aproximadamente 30 minutos, originando a farinha ou farelo desengordurado (OOMAH & MAZZA, 1998). É considerado um subproduto natural e de baixo custo, possui elevado conteúdo de fibras e proteínas (PITA, 2006), porém possui reduzido teor de lipídios, tornando-se mais interessante e vantajoso o consumo da farinha sem desengordurar ou linhaça triturada, uma vez que, além das fibras, proteínas e minerais, obtém também os benefícios do ômega-3 e demais ácidos graxos constituintes de seus lipídios (EPAMINONDAS, 2009). Existe também farinha de linhaça micronizada, esta é obtida através do processo de moagem em que os grãos são despejados no alimentador do moinho e elevados para uma unidade de armazenamento temporária (silo pulmão) situado sobre o reator, onde recebem mais 8% de umidade, em forma de vapor d’água, sendo desta forma, aquecido com objetivo de fazer a cozimento, o que o torna mais digestivo. Em seguida, os grãos passam pelo sistema turbo dryer a vácuo, ainda neste mesmo reator, para melhor secagem e extração do excesso de umidade, juntamente com as possíveis toxinas (cianogênicos, linamarina, etc.); na sequência, é efetuada a micronização, no qual os grãos são submetidos à moagem, até atingir a granulometria desejada (em torno de 30 microns) e por último já em forma de farinha, o produto é embalado (MOLENA et al., 2010). 37 4.3 Embalagens A embalagem é um componente importante do custo de produção, pois muitas vezes, representa o principal item na composição do custo final do produto. É também um fator crítico na proteção e na logística de distribuição de seus produtos. Uma vez no ponto de venda, a embalagem se transforma em uma importante ferramenta de marketing, tendo envolvido trabalho de profissionais e empresas especializadas em marketing, pesquisa, promoção e design (MESTRINER, 2002). 4.3.1 Funções da embalagem As embalagens podem ainda ser definidas em termos de seu papel protetor como “o meio de se obter a distribuição segura de produtos em condições adequadas para o consumidor final com o menor custo” (FELLOWS, 2006); uma vez que é ela que garante que todo o esforço dedicado no processamento de um alimento de qualidade vai ser respeitado e mantido durante o transporte, distribuição, comercialização, chegando o alimento à mesa do consumidor, adequado para o consumo (PADULA & ITO, 2006), possuindo assim um papel essencial na conservação dos alimentos, pois os protegem das alterações que levam ao fim de sua vida útil (TRIBST, SOARES & AUGUSTO, 2008). A embalagem quando bem especificada possui a propriedade de proporcionar uma barreira entre o alimento e o ambiente e conseguir proteger o produto alimentício de fatores como oxigênio, luz, umidade, odores estranhos, perda de valor nutricional e de aroma, de contaminação microbiológica ou de qualquer outra natureza, entre outros evitando alterações químicas e físicas do produto e oferecendo proteção e resistência contra riscos mecânicos e ambientais encontrados durante distribuição e uso (FELLOWS, 2006; PADULA & ITO, 2006), sendo estas as funções primárias da embalagem. Além de suas funções primárias, as embalagens de acordo com MESTRINER (2002), também desempenham uma série de funções e papéis nas empresas e na sociedade, sendo estas conhecidas como funções secundárias. No QUADRO 6 estão descritos os principais 38 componentes que revelam toda amplitude da embalagem para que ela possa ser compreendida em seu sentido completo. QUADRO 6 Amplitude da embalagem. Funções primárias Funções econômicas Funções tecnológicas Funções mercadológicas Funções conceituais Funções de comunicação Funções socioculturais Funções para o meio ambiente Conter, proteger e transportar Componente do valor e do custo de produção Valor das matérias-primas Novos materiais, novas formas de acondicionamento e conservação do produto Chamar a atenção, transmitir informações, despertar o desejo de compra, vencer a barreira do preço, suporte de ações promocionais Construir a marca do produto, formar conceito sobre o fabricante, agregar valor ao produto Principal oportunidade de comunicação do produto Expressão da cultura e do estágio do desenvolvimento de empresas e países Importante componente do lixo urbano, tendência mundial de reciclagem. Fonte: Mestriner, 2002, p. 04 Dentre estas funções secundárias, um fator importante da embalagem que encarece o produto, não tanto pela sua funcionalidade e necessidade de proteção, é a necessidade de seu embelezamento, que aumenta ao valor agregado à imagem de qualidade do produto, e isto, muitas vezes, é em conseqüência de exigência dos consumidores, de forma que isso pode gerar também, um diferencial competitivo para o produto. Esse diferencial pode tornar-se uma importante ferramenta de comunicação e marketing, agregando valor ao produto, fazendo até que os consumidores paguem por essa funcionalidade, facilidade de manuseio e também pela beleza e estética, ajudando também na promoção de venda (DEBONA, 2007). Dados mostram o quanto o consumidor paga por esses atributos de acordo com tipo de produto: 85% do preço da água mineral engarrafada; 70% do preço da ervilha ou milho em conserva; 60% do preço do xampu; 50% do preço do óleo de soja; 30% do preço do leite longa vida; 25% do preço dos alimentos congelados; 20% do preço da cerveja; 15% do preço dos brinquedos. E este custo adicional não decorre da necessidade de proteção adequada dos produtos, mas também da beleza da embalagem, do valor que agrega à imagem de qualidade dos produtos, do seu impacto no ponto de venda, e da disposição que desperta, na consumidora, de pagar mais pelo produto (VEJA, 2005). 39 Porém, não se pode pensar a concepção de um produto sem a embalagem, principalmente nos segmentos alimentício e farmacêutico (DEBONA, 2007). Uma vez que, do ponto de vista econômico a embalagem deve proteger o que vende e vender o protege (LIMA, 2003). FELLOWS (2006), ainda considera que é difícil comparar os custos das embalagens sem incluir, por exemplo, os custos dos contêineres de transporte, os custos de depreciação dos equipamentos de embalagem, as necessidades de mão de obra, a energia necessária para sua manufatura (vidros e metais, por exemplo, requerem um alto consumo de energia para a sua fabricação), etc. Sendo também importante considerar o custo da embalagem em relação ao valor do produto. 4.3.3 Materiais empregados na confecção da embalagem de acordo com o tipo de apresentação da linhaça Uma gama de tipos e materiais de embalagens é encontrada no mercado (metálicas, vidro, plásticas e celulósicas), sendo que muitas delas são constituídas de mais de um tipo de material (TRIBST, SOARES & AUGUSTO, 2008). 4.3.3.1. Embalagens metálicas As principais embalagens metálicas são constituídas de aço ou alumínio. Latas de metal hermeticamente fechadas apresentam vantagens sobre outros tipos de recipientes uma vez que elas podem suportar altas temperaturas de processamento e baixas temperaturas. Elas são impermeáveis a luz, umidade, odores, gases e microorganismos, conferindo total proteção aos seus conteúdos. São inerentemente à prova de adulterações, e o aço pode ser reciclado por extração de resíduos sólidos. Entretanto, o alto custo do metal e os custos de fabricação relativamente altos as tornam caras. Elas são mais pesadas que outros materiais, exceto o vidro, gerando, portanto, custos mais altos de transporte (FELLOWS, 2006). 40 4.3.3.2 Embalagens plásticas As embalagens plásticas são produzidas a partir de polímeros orgânicos oriundos do petróleo e podem ser classificadas de acordo com seus aspectos tecnológicos e estrutura em flexíveis e rígidas, sendo que as rígidas são as encontradas sob a forma de garrafas, frascos, potes e caixas, e as flexíveis (FIG. 8) são as encontradas principalmente sob a forma de filmes (mono ou multicamadas) (BORSCHIVER, MENDES & ANTUNES, 2001). No Brasil, do total da produção de plásticos, 31% foi transformada em embalagem o que torna este o setor mais importante para plásticos. Do total de embalagens plásticas aproximadamente 60% está voltado para o setor de alimentos (MADI, 2005). Seu uso no mercado de embalagens tem crescido fortemente, em detrimento dos demais tipos de embalagens (vidro, metal e papel), o que pode ser atribuído à melhoria contínua dos plásticos, grande versatilidade de formas com opção de decoração e baixo custo (GILES & BAIN, 2001). FIGURA 8 - Embalagem plástica flexível transparente, embalagem plástica opaca e lata plástica rígida de polipropileno (PP), respectivamente. FONTE: http://www.amoravida.com.br, http://www.maeterra.com.br, http://www.jasminealimentos.com/produtos/detalhes/id/76 Em geral, os filmes flexíveis podem ser produzidos com uma variedade de propriedades e para tanto podem ser laminados com papel, outros plásticos ou alumínio como no caso dos pouches laminados e tem valor como resíduo (FIG. 9) (FELLOWS, 2006). Estes pouches laminados são confeccionadas a partir de filmes multicamadas, que não somente incluem os plásticos e o alumínio, mas também os adesivos entre as camadas. O alumínio na embalagem 41 é responsável pela barreira a gases, aromas, umidade e a luz e pela resistência a temperaturas altas (SARANTÓPOULOS & JÚNIOR, 2005). FIGURA 9 - Embalagem metalizada stand-up pouch laminado com zíper. FONTE: http://www.amoravida.com.br 4.3.3.3 Embalagens de papel O papel é um dos mais econômicos e versáteis materiais para embalagens. Sua maior utilização é nos sacos de papel para farináceos e pós e também como embalagens secundárias, estas em geral, semi-rígidas produzidas em papel cartão. Os cartuchos (FIG. 10) são o tipo mais popular de embalagem para alimentos e as principais razões do seu amplo uso são: mais econômicos que outros tipos de embalagens; possuem baixo custo de material, fabricação e montagem; podem ser dobráveis ocupando um mínimo espaço na estocagem e transporte quando vazios; permitem impressão e são disponíveis em vários tipos, desde o mais simples até os mais luxuosos além de apresentarem grande variedade de tamanhos e estilos (STRAPAZZON, 2006), além de serem recicláveis e biodegradáveis (FELLOWS, 2006). FIGURA 10 - Embalagem secundária de papel cartão. FONTE: http://www.pazze.com.br/linhaca_dourada_moida.htm 42 4.3.3.4 Embalagens de vidro Os recipientes de vidro (FIG. 11) quanto à manutenção da estabilidade dos alimentos apresentam as seguintes vantagens: são impermeáveis à umidade, gases, odores e microorganismos, são inertes e não reagem com ou migram para os alimentos, são rígidos, possuem boa força vertical permitindo o empilhamento sem danos para o recipiente. Mas também apresentam desvantagens como maior peso, provocando custos de transporte mais altos do que os outros tipos de embalagem, menor resistência a fraturas e choque térmico do que outros materiais, perigos potencialmente sérios devido à presença de lascas ou de fragmentos nos alimentos (FELLOWS, 2006). FIGURA 11 - Embalagens de vidro. FONTE: http://www.cisbra.com.br/linolive/v8/ver.php?codigo=33 http://www.pazze.com.br/oleo_de_linhaca.htm 4.3.3.5 Cápsulas gelatinosas moles ou elásticas As cápsulas gelatinosas moles, também conhecidas como softcaps, são uma forma de apresentação de cápsulas apropriadas para preenchimento líquido, oleoso ou pastoso com fluidez, acondicionado por um invólucro formado por gelatina adicionada a plastificantes (sorbitol e/ou glicerina), que por possuir escassa atividade de água não são exigidos o uso de conservantes na formulação (PRISTA, 2007). Para AULTON (2005) existem numerosas razões para seleção das cápsulas moles de gelatina como forma farmacêutica mais apropriada como: maior segurança por sua inviolabilidade e 43 hermeticidade, são produzidas com matéria prima de qualidade farmacêutica; permite dosagem precisa; aparência moderna e bastante atraente; transparentes ou opacas, possibilitando proteção para componentes fotossensíveis; rápida disponibilidade e absorção de seus princípios ativos encapsulados, garantindo maior rapidez na ação do produto, mantém por muito mais tempo a estabilidade dos princípios ativos encapsulados. Em contra partida o preenchimento das cápsulas moles envolve uma etapa de soldagem de duas metades das unidades, o que é possível com o uso de máquinas próprias para esse fim (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2010). As cápsulas de gelatina moles após estarem preenchidas podem ser embaladas em embalagens múltiplas (secundárias): tubos, frascos ou caixas. A matéria-prima destes recipientes é também variável (FIG. 12), utilizando-se o vidro, o alumínio, o cartão e etc. Os recipientes de plásticos são de pior qualidade, pois, em geral, são porosos. (PRISTA, 2007). FIGURA 12 - Cápsulas gelatinosas moles e tipos de embalagens utilizadas no embalo. FONTE: (PACHECO, 2005) 44 4.4 Legalidade da empresa junto aos órgãos reguladores Segundo a Resolução nº 23/2000, todos os estabelecimentos que exercerem atividades pertinentes à área de alimentos devem ser inspecionados e licenciados pela autoridade sanitária e os alimentos devem ser produzidos de acordo com um Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) ou Regulamento Técnico (RT) e demais diretrizes estabelecidas pela legislação vigente, aprovados pela ANVISA/Ministério da Saúde. A não conformidade com esses critérios, constatada por meio do monitoramento de qualidade do produto, implicará na aplicação, às empresas, das penalidades previstas na legislação vigente (BRASIL, 2000). Para fazer o registro desses produtos a empresa deve possuir Alvará Sanitário ou Alvará de Funcionamento, expedido pela Vigilância Sanitária Municipal ou Estadual, além de verificar a que categoria o produto pertence, conforme Resolução RDC nº 27/2010, a fim de constatar a obrigatoriedade de registro. A empresa deve também consultar e obedecer ao Decreto-Lei nº 986, de 21/10/1969, o qual institui normas básicas sobre alimentos (MINAS GERAIS, 2010). A Resolução nº 23/2000 ainda acrescenta que é de responsabilidade da empresa também estabelecer e implementar as Boas Práticas de Fabricação bem como apresentar o Manual de Boas Práticas de Fabricação às autoridades sanitárias no momento da inspeção e ou quando solicitado, além de adotar na cadeia produtiva, metodologia que assegure o controle de pontos críticos que possam acarretar riscos à saúde do consumidor. A empresa tem como responsabilidade também comunicar oficialmente à autoridade sanitária, no prazo de 30 (trinta) dias, a partir do início da comercialização, os locais onde estão sendo comercializados seus produtos, registrados e dispensados de registro, e solicitar ao órgão de Vigilância Sanitária do Estado, do Distrito Federal ou do Município que proceda a coleta de amostra dos mesmos, visando a Análise de Controle de Qualidade. É importante ressaltar também que à autoridade sanitária deve ser informada, num prazo máximo de até 10 (dez) dias, a data de início de fabricação dos produtos dispensados de registro. A partir, de então, pode-se iniciar a comercialização dos produtos (BRASIL, 2000). O registro de um alimento funcional só pode ser realizado após comprovada a alegação de propriedades funcionais ou de saúde com base no consumo previsto ou recomendado pelo 45 fabricante, na finalidade, condições de uso e valor nutricional, quando for o caso ou na evidência científica (PIMENTEL FRANCKI & GOLLÜCKE 2005). Com base nos conhecimentos científicos atualizados, bem como relatos e pesquisas que demonstram as dificuldades encontradas pelos consumidores em entender o verdadeiro significado da característica anunciada para determinados produtos contendo alegações, foi reavaliado em 2005 pela Gerência-Geral de Alimentos os produtos com alegações de propriedades funcionais e ou de saúde aprovados desde o ano de 1999. Com esta revisão, alguns produtos deixaram de ter alegações e outros tiveram as suas alegações modificadas. As empresas tiveram um prazo para adequar os dizeres de rotulagem, seguindo este novo formato das alegações até o esgotamento das embalagens atuais dos produtos (BRASIL, 2005). Os alimentos que devem ser registrados na categoria de Novos Alimentos devem atender aos critérios estabelecidos na Resolução nº. 16/99 (BRASIL, 2009). Segundo esta resolução, os novos alimentos têm que ser: alimentos sem tradição de consumo no país; alimentos contendo substâncias já consumidas e que, entretanto venham a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente observados nos alimentos que compõem uma dieta regular, alimentos apresentados nas formas de cápsulas, comprimidos, tabletes e outros similares. Entre esses alimentos apresentados em forma de cápsulas, encontra-se o óleo de linhaça. O ômega-3 também foi conhecido como um Novo Alimento, e entre os requisitos que devem ser atendidos e constar no relatório Técnico Científico para o seu registro é apresentar laudo analítico informando o perfil de ácido graxo para EPA, DHA e alfa-linolênico. Já na rotulagem, caso a empresa queira declarar na informação nutricional, pode fazê-lo desde que declare os três tipos de gordura, conforme resolução RDC nº 360/2003. Devem incluir também a seguinte advertência: “Pessoas que apresentem doenças ou alterações fisiológicas, mulheres grávidas e lactantes devem consultar o médico antes de consumir este produto”. 46 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo geral Investigar os fatores que podem influenciar no preço da linhaça marrom e da linhaça dourada utilizadas como alimento funcional e nutracêutico na prevenção de doenças cardiovasculares. 5.2 Objetivos específicos • Identificar quais estabelecimentos entre drogarias, farmácias e mercados alimentícios, em Ipatinga, comercializam a linhaça; • Identificar as opções e preços dos produtos de linhaça que estes estabelecimentos oferecem; • Verificar se a diferença no teor dos nutrientes relacionados à prevenção de doenças cardiovasculares justifica a diferença de preço entre a linhaça marrom e a linhaça dourada; • Verificar se há influência no preço final da linhaça marrom e linhaça dourada, considerando o tipo de processamento; • Verificar se há influência no preço final da linhaça marrom e linhaça dourada, considerando o tipo de embalagem; • Verificar se há influência no preço final da linhaça marrom e linhaça dourada, considerando os aspectos legais de registro da empresa e produto junto à ANVISA/Ministério da Saúde. 47 6. MATERIAL E MÉTODOS Este é um estudo de caráter descritivo quali-quantitativo e foi realizado no município de Ipatinga, Minas Gerais. Para a coleta de dados foi elaborado um formulário (anexo I) que objetivou conhecer quais estabelecimentos comercializam a linhaça, quais as variedades (marrom e/ou dourada) e formas (semente, farinha, cápsula) da mesma que são vendidas nas drogarias, farmácias de manipulação, estabelecimentos de produtos alimentícios e casas de produtos e suplementos naturais em Ipatinga. Os dados coletados também permitiram identificar as marcas, preços, tipos de embalagem, informações nutricionais (conteúdo de ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados e fibras) contidas nos rótulos, bem como verificar as especificações relacionadas a benefícios na prevenção de doenças cardiovasculares, divulgação na embalagem de conteúdo de ômega 3 e 6 e se o fabricante possuía registro junto à ANVISA/Ministério da Saúde. Segundo dados da Vigilância Sanitária de Ipatinga existem no município 125 estabelecimentos de comércio varejista de produtos farmacêuticos, destes 116 são drogarias e nove são farmácias de manipulação. Deste universo, foi realizada a pesquisa em 104 drogarias e nas nove farmácias de manipulação. Para definição do universo dos estabelecimentos de comércio varejista de produtos alimentícios (mini-mercados/varejão, mercados, supermercados e hipermercados) foi utilizado informações de relatórios emitidos pela VISA de Ipatinga e Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (ACIAPI-CDL) identificando-se 72 estabelecimentos em atividade. No decorrer da pesquisa ainda foram identificados mais 31 estabelecimentos não listados em ambas as listas, totalizando o total de 103 estabelecimentos de comércio varejista de produtos alimentícios. Foi realizada a pesquisa nos 103 estabelecimentos descritos. A pesquisa foi também realizada em uma clínica de nutrição e suplementos alimentares, único estabelecimento deste tipo no município. 48 A pesquisa de campo foi realizada no período de 25 de julho de 2010 a 30 de setembro de 2010. Para apresentação e discussão dos resultados foram realizadas análises estatísticas e utilização de literatura pertinente para discussão dos achados. 49 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO 7.1 Caracterização do mercado de venda de linhaça em Ipatinga A pesquisa foi realizada em 104 drogarias, nove farmácias com manipulação, 103 estabelecimentos de venda de produtos alimentícios (varejão, mercados, supermercados e hipermercados) e em uma casa de produtos naturais. Destes 217 estabelecimentos, 175 (80,6%) vendia pelo menos uma das formas de comercialização da linhaça (semente marrom, semente dourada, farinha de linhaça marrom, farinha de linhaça dourada ou óleo). Destes 175 estabelecimentos, 89 (50,9%) eram drogarias, 76 (43,4%) estabelecimentos de venda de produtos alimentícios, as nove farmácias de manipulação (5,1%) e a casa de produtos naturais (0,6%), o que demonstra o grande interesse, de todos estes tipos de estabelecimentos, na comercialização da linhaça. O GRÁFICO 1 demonstra como a venda da linhaça está distribuída na cidade de Ipatinga. GRÁFICO 1: Distribuição da comercialização da linhaça no município de Ipatinga, 2010. Das 104 drogarias pesquisadas 89 (85,6%) vendiam pelo menos umas das formas da linhaça e em apenas 15 (14,4%) não vendiam produto ou este se encontrava em falta na data da pesquisa. A linhaça também foi encontrada em 76 (73,8%) dos 103 mercados alimentícios, nas nove farmácias com manipulação (100%) e na casa de produtos naturais (100%) (GRÁFICO 2), demonstrando o interesse na comercialização da linhaça por todos os tipos de 50 estabelecimentos pesquisados. Percebe-se que o comércio varejista de produtos farmacêuticos (85,6% e 100%) mantém mais a linhaça em estoque que os mercados de produtos alimentícios (73,8%), sugerindo que esta predominância de venda da linhaça possa se dar pelo fato das farmácias e drogarias enquanto estabelecimento de saúde serem mais procuradas para aquisição de alimentos que possuem alegação de propriedades promotoras de benefícios à saúde. GRÁFICO 2: Estabelecimentos que comercializam x não comercializam linhaça em Ipatinga, 2010. Na TAB. 1 está relacionado o número de produtos de linhaça encontrada por estabelecimento. Este produto pode ser tanto a variedade da forma da linhaça (semente marrom, semente dourada, farinha de linhaça marrom, farinha de linhaça dourada, óleo de linhaça em cápsula ou vidro de óleo de linhaça) ou a variedade das marcas, que vendem a mesma forma da linhaça, disponibilizada pelo estabelecimento. 51 TABELA 1 Visão geral do número de estabelecimentos que vendem linhaça por variedade de produtos comercializados em Ipatinga, 2010. Nº Produtos 0 1 2 3 4 5 6 ou + Total Drogarias Farmácias 15 13 30 22 13 6 5 104 0 0 1 2 2 2 2 9 Casa de Produtos Naturais 0 0 0 0 0 0 1 1 Mercados alimentícios 27 18 21 8 11 3 15 103 Total 42 31 52 32 26 11 23 217 Os estabelecimentos que vendem linhaça em Ipatinga também disponibilizam grande variedade de marcas para escolha do consumidor. Foram encontrados 34 fornecedores, sendo que 33 são empresas que produzem, embalam ou distribuem produtos contendo linhaça e que possuem marcas próprias e o outro fornecedor aqui considerado seriam as farmácias de manipulação. Juntas estas 33 marcas oferecem ao consumidor 74 opções de compra da linhaça, nos mais variados tipos de apresentação, embalagens, peso, volume, concentração (quando em cápsulas) e preços. As farmácias de manipulação também oferecem além da venda dos produtos em suas embalagens originais, a venda do produto fracionado, em que o consumidor pode escolher a quantidade em gramas ou cápsulas que deseja adquirir. As opções disponibilizadas para fracionamento encontrada foram as sementes marrons e douradas, cápsulas do óleo de linhaça de 500 mg e de 1000 mg. É importante destacar que o óleo de linhaça em cápsula por ser um suplemento dietético, que contém os ácidos graxos poli-insaturados isolados e que não são consumidos na dieta usual, é considerado como um produto nutracêutico (ROBERFROID, 2002). 52 7.2 Fatores que influenciam no custo da linhaça marrom e da dourada como alimento funcional e/ou nutracêutico 7.2.1 Teor de nutrientes De acordo com as análises apresentadas na revisão bibliográfica observam-se diferenças nos resultados obtidos, mas semelhanças entre os conteúdos de ácidos graxos. Estas diferenças de composição da semente de linhaça podem variar de acordo com a variedade genética, meio ambiente, processamento e métodos de análise (MONEGO, 2009), tornando-se assim inadequada a supervalorização da variedade dourada e inclinação realizada pelo marketing das indústrias nas embalagens de que apenas a linhaça dourada contém estes ácidos graxos ou os contém em quantidades muito superiores em relação à variedade marrom, como se pôde notar ao observar as informações contidas nas embalagens dos produtos. Das seis marcas que vendem apenas produtos da linhaça dourada, todas (100%) trazem em sua embalagem a informação “Contém ômega 3 e 6” ou “Rico em ômega 3, 6 e 9” ou “Contêm ômega 3”. Na TAB. 2 estão relacionados por tipo de produto e variedade, quais marcas citam estas informações em suas embalagens. Nesta tabela foi detalhado os tipos de produtos que são comercializados pelas diferentes marcas encontradas na pesquisa e quais embalagens trazem em seus rótulos a informação ao consumidor de conter ômegas no produto. Dos 74 produtos avaliados, 37 (50%) traziam referências em suas embalagens quanto à presença de ômega 3, 6 e/ou 9. Avaliando-se separadamente a variedade marrom e a dourada, percebe-se uma tendência em passar a idéia ao consumidor de que a linhaça dourada contém estes elementos essenciais em maior quantidade que a marrom, uma vez que, dos 30 produtos da variedade marrom, apenas 11 (36,7%) continham esta informação. Já a variedade dourada, dos 31 produtos, 22 (71,0%) trazem a informação em seu rótulo de possuir estes ácidos graxos mono e poli-insaturados. Uma das marcas, apesar de comercializar ambas as variedades, cita a presença de ômega 3 e 6 apenas nos produtos da variedade dourada e nos produtos da variedade marrom cita apenas possuir fibras e proteínas. 53 TABELA 2 Citação nas embalagens de produtos de linhaça marrom e na dourada quanto à presença de ácidos graxos mono e poli-insaturados contidas nas embalagens de linhaça de acordo com a marca, em Ipatinga, 2010. Tipo de produto e variedade Farinha de linhaça dourada Farinha de linhaça marrom Óleo de linhaça dourada Óleo de linhaça marrom Óleo de Variedade não especificada Semente de linhaça dourada Semente de linhaça marrom Total Número de marcas que comercializam 18 15 2 1 13 11 14 74 Citação de ômegas nas embalagens 13 5 2 1 4 7 5 37 (%) 72,2 33,3 100 100 30,8 63,6 35,7 50 O mesmo é observado quando se analisa as informações nutricionais presentes nos rótulos que indicam quantidades de ácidos graxos poli-insaturados total ou quantidades exatas de ômega 3 e 6 (TAB. 3). A variedade dourada, dos 31 produtos disponíveis, 17 (54,8%) trazem a informação nutricional em seu rótulo com a quantidade exata destes ácidos graxos mono e poli-insaturados. Já para a linhaça marrom, em apenas sete (23,3%) dos 30 produtos, continham em suas embalagens esta informação. Mas mesmo assim o que se observou nestes casos foi um aproveitamento das informações nutricionais, isto é, as informações contidas em ambos os rótulos das variedades eram idênticas, demonstrando que foi realizada análise nutricional para apenas uma das variedades. 54 TABELA 3 Produtos por tipo que trazem quantidade exata dos ácidos graxos poli-insaturados em seus rótulos, 2010. Quantidade produtos pesquisados Tipo de Produto Produtos que informam quantidade exata de (%) ácidos graxos poliinsaturados no rótulo 55,6 10 33,3 5 Farinha de linhaça dourada 18 Farinha de linhaça marrom 15 Óleo de linhaça dourada 2 2 100 Óleo de linhaça marrom 1 0 0 Óleo de Variedade não especificada 13 9 69,2 Semente de linhaça dourada 11 5 45,5 Semente de linhaça marrom Total 14 74 2 33 14,3 44,6 Através dessa pesquisa, pode-se observar também que este favorecimento da linhaça dourada sobre a linhaça marrom em relação aos conteúdos de ômega 3 influencia diretamente no preço entre elas cobradas. A TAB. 4 mostra os valores mínimo, médio e máximo dos preços cobrados para as variedades semente e farinha por 100g de produto e a relação entre o preço médio encontrado para a linhaça dourada e marrom. TABELA 4 Comparação de preço de venda da linhaça entre as variedades marrom e dourada em duas formas de apresentação, 2010. Linhaça Preço médio (R$)/100g Semente marrom Semente dourada Mínimo 0,78 1,60 Médio 1,89 4,19 Máximo 3,72 8,50 Farinha marrom 1,54 2,19 3,75 Farinha dourada 1,64 6,10 9,60 *Relação calculada a partir do preço médio. Relação Preço Dourada/Preço Marrom* 2,2 2,8 55 Observa-se que entre as mesmas formas de apresentação há diferença acentuada entre o preço cobrado entre a variedade marrom e dourada. Para uma mesma quantidade, em gramas, a semente dourada é vendida com um valor de até 2,2 vezes mais caro que a semente marrom. O mesmo observa-se na aquisição da farinha de linhaça dourada que pode ser encontrada até 2,8 vezes mais cara que a variedade marrom, apesar de também ter encontrado valor mínimo da semente de linhaça marrom de R$ 0,78 e máximo de R$ 3,72, e valor mínimo de R$ 1,60 e máximo de R$ 8,50 para a semente de linhaça dourada, confirmando o descrito por Epaminondas (2009) de que as sementes douradas são vendidas cerca de cinco a dez vezes mais caras que as marrons. 7.2.2 Tipos de processamento A semente da linhaça pode ser processada para obtenção de vários produtos, mas para alimentação humana os dois principais produtos são a farinha e o óleo. A pesquisa identificou 33 marcas diferentes de linhaça, das quais em Ipatinga, 3 (9,1%) marcas vendem apenas farinha de linhaça dourada, 2 (6,1%) apenas farinha de linhaça marrom, 1 (3,0%) apenas semente de linhaça dourada, 2 (6,1%) apenas semente de linhaça marrom, 1 (3,0%) óleo de linhaça dourada e 9 (27,3%) óleo de linhaça não especificando se da variedade marrom ou dourada. As outras 15 (45,4%) marcas contribuem com 2, 3 ou 4 opções de apresentações da linhaça. As farmácias de manipulação oferecem opções variadas, uma vez que as apresentações podem ser fracionadas de acordo com a necessidade do consumidor. Na TAB. 4 foram considerados todos os fatores de influência no preço em conjunto para cada 100g de produto na variação dos preços entre a semente íntegra da linhaça e sua farinha. Para avaliar mais claramente a influência do processamento no custo final do produto, analisou-se as diferenças de preços entre elas cobradas considerando apenas aquelas marcas que vendiam semente de linhaça íntegra e também farinha de linhaça da mesma variedade e em um mesmo tipo de material de embalagem, conforme demonstrado nas TAB. 5 e 6, eliminando-se com isso outros fatores de influência como aquisição de fornecedores diferentes, importação, tipo de embalagem, necessidade de registro da empresa ou do produto. 56 TABELA 5 Variação do preço da semente íntegra e farinha da linhaça marrom por marca em Ipatinga, 2010. Marca 3 5* 7* 13 15* 20* 22* 26* 27* 28 LINHAÇA MARROM Preço Médio Produto (R$)/100g Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra Farinha Semente íntegra 1,72 1,92 1,77 1,95 2,10 2,45 2,04 2,38 1,36 1,75 2,55 2,64 1,55 1,59 1,75 2,35 1,83 2,25 1,18 Farinha 2,25 Relação de Preço Farinha/Semente 11,6% 10,2% 16,7% 16,7% 28,7% 3,5% 2,6% 34,3% 23,0% 90,7% *marca que comercializa ambas as variedades da linhaça (marrom e dourada). Pode se observar na TAB. 5 que não há um padrão no aumento do preço baseando-se no processamento da linhaça marrom em farinha, que utiliza apenas a operação unitária de moagem no processo (FOUST, 1982). O aumento variou desde 2,6% (marca nº 22) até 90,7% (marca nº 28). No primeiro caso o que se percebeu foi uma proximidade muito grande nos preços entre as sementes íntegras (sem processamento) e a farinha ou a venda de ambas as formas sob o mesmo preço, que é um critério adotado por alguns estabelecimentos (principalmente os de pequeno porte). Já no segundo caso (marca nº 29) esta marcante diferença de preço pode também ser justificada pela diferença de peso de cada embalagem, a semente íntegra é vendida em embalagem de 500 gramas e a farinha de linhaça em embalagem de 200 gramas, isto é, pode ter havido influência não só do processamento, mas 57 também na economia do número de embalagens ao se comercializar um produto em maior volume. TABELA 6 Variação do preço da semente íntegra e farinha da linhaça dourada por marca em Ipatinga, 2010. LINHAÇA DOURADA Preço Médio Marca Produto (R$)/100g 2,47 Semente íntegra 5* 2,90 Farinha 4,80 Semente íntegra 7* 5,25 Farinha 2,20 Semente íntegra 15* 2,44 Farinha 7,25 Semente íntegra 19 8,25 Farinha 5,45 Semente íntegra 20* 5,50 Farinha 2,31 Semente íntegra 22* 2,82 Farinha 4,63 Semente íntegra 26* 5,75 Farinha 1,99 Semente íntegra 27* 2,20 Farinha 4,00 Semente íntegra 29 9,15 Farinha Relação de Preço Farinha/Semente 17,3% 9,4% 10,9% 13,8% 0,9% 22,1% 24,3% 10,7% 128,8% *marca que comercializa ambas as variedades da linhaça (marrom e dourada). Já na TAB. 6 foram relacionados a variação de preço das 9 marcas que comercializam em Ipatinga linhaça dourada sementes íntegras e farinha e a variação neste caso ficou entre 0,9% (marca nº 20) e 128,8% (marca nº 29). Como no caso da linhaça marrom, a pequena diferença observada, deve-se ao fato de alguns estabelecimentos venderem ambas as formas sob o mesmo preço ou com uma diferença muito pequena e ainda foram encontrados casos em que determinado estabelecimento cobrava preço superior à maioria dos outros estabelecimentos, para uma mesma marca. No segundo caso (marca nº 29), a marca divulga que a farinha de linhaça que eles produzem passa por um processo de estabilização; este processo de estabilização da semente de linhaça triturada, de acordo com PASCHOAL (2009) é segredo 58 industrial exclusivo deste fabricante, que garante que os nutrientes ômega 3 e ômega 6 não irão se deteriorar. O fato é que este processo de estabilização atribuiu um aumento significativo à farinha de linhaça em comparação às sementes íntegras da mesma marca e também das demais marcas analisadas. Destas 33 marcas comercializadas apenas uma (1) comercializa além das sementes íntegras e farinha, o óleo de linhaça da mesma variedade, possibilitando uma visão mais clara da influência do processamento no preço final do produto, conforme TAB. 7. TABELA 7 Variação de preço entre os tipos de processamento da linhaça, Ipatinga, 2010. Marca Produto Preço médio (R$)/ 100 (g ou mL)* 19 Semente íntegra dourada Farinha dourada desengordurada Semente íntegra dourada Óleo de linhaça dourada Farinha dourada desengordurada Óleo de linhaça dourada 7,25 8,25 7,25 10,20 8,25 10,20 Relação de Preço entre os tipos de processamento 13,8% 40,7% 23,6% *Para as sementes e farinha, o preço médio foi calculado por 100g. Para o óleo o preço médio foi calculado por 100 mL. A partir destes dados pode-se verificar que o tipo de processo influencia no preço final do produto, principalmente em relação a obtenção do óleo de linhaça, onde houve um aumento de 40,7% em relação ao preço da semente íntegra dourada, sendo importante ressaltar que nesta marca a menor diferença entre as sementes íntegras e a farinha (13,8%) e entre a farinha e o óleo (23,6%) pode ser justificada pelo fato da farinha da linhaça ser desengordurada, já que as farinhas desengorduradas são um subproduto da produção do óleo (PITA, 2006), podendo-se inferir que nesta empresa não se produz farinha de linhaça a partir de suas sementes íntegras. Em geral as empresas que produzem óleo de linhaça em cápsulas não produzem a farinha de linhaça ou comercializam as sementes íntegras, são também empresas de maior porte que em geral já produzem outros complementos nutricionais ou medicamentos em cápsulas, não 59 sendo possível realizar uma análise comparativa entre os custos das formas de comercialização da linhaça. Na TAB. 8 estão os preços médios por 30 cápsulas de óleo de linhaça. Apesar da variedade de preços, nota-se que o óleo de linhaça dourada de 500mg/cápsula foi o mais caro (R$ 27,38) em relação aos óleos de variedade não especificada, inclusive àqueles em que a cápsula era de 1000 ou 1450 mg, supervalorizando a variação dourada. TABELA 8 Preços médios do óleo de linhaça em cápsulas, Ipatinga, 2010. ÓLEO DE LINHAÇA EM CÁPSULAS Marca Produto Apresentação 2 Óleo variedade não especificada 500 mg Preço médio (R$)/30 cápsulas 16,30 4 Óleo variedade não especificada Óleo variedade não especificada 500 mg 1000 mg 13,27 18,25 8 Óleo variedade não especificada Óleo variedade não especificada 500 mg 1000 mg 11,55 18,73 Fracionado em Óleo variedade não especificada farmácia de manipulação Óleo variedade não especificada 500 mg 8,50 1000 mg 12,75 12 Óleo linhaça dourada 500 mg 27,38 18 Óleo variedade não especificada 500 mg 18,92 24 Óleo variedade não especificada 1450 mg 23,16 25 Óleo variedade não especificada 1000 mg 11,60 30 Óleo variedade não especificada 1000 mg 13,62 31 Óleo variedade não especificada 500 mg 9,25 60 7.2.3 Embalagens No decorrer da pesquisa percebeu-se que o item que mais influenciou no preço final do produto foi o tipo de embalagem em que este é vendido, uma vez que as embalagens possuem funções secundárias que vão além da preocupação da proteção do produto, agregando valor e aumento do preço ao produto (DEBONA, 2007). Nas TAB. 9 e 10 são apresentados os valores cobrados de acordo com o tipo de material da embalagem, calculados de acordo com os seguintes critérios: • Para as apresentações semente íntegra e farinha, o peso padrão do produto (e não da embalagem) foi de 100 gramas; e para as apresentações óleo de linhaça vendida em garrafa ou frasco de vidro com conta-gotas, o peso padrão considerado foi de 100 mL; • Para a apresentação óleo de linhaça em cápsulas, vendidas em frascos plásticos ou em blísteres, a quantidade considerada para o cálculo foi de 30 cápsulas. 61 TABELA 9 Variação do preço da embalagem por tipo de material, Ipatinga, 2010. Tipo Embalagem Embalagens plásticas (flexíveis) Embalagens plásticas (flexíveis e laminadas) Embalagens plásticas (rígidas) Embalagens de papel Embalagens metálicas Embalagens de vidro Embalagem primária (blíster) e secundária (caixa cartonada) Total Especificação Preço Preço Preço Quantidade Mínimo Médio Máximo encontrada (R$) (R$) (R$) Saco plástico transparente 37 0,78 2,56 7,25 Saco plástico (branco fosco ou colorido) 07 1,75 3,01 5,75 Pacote laminado (standup pouch laminado com zíper) 01 5,58 5,58 5,58 Pote plástico 04 4,00 7,46 9,15 Frasco plástico para cápsulas (hermeticamente fechado) 07 9,25 13,77 18,73 Caixa 07 1,96 6,54 9,47 Lata 02 7,96 8,58 9,60 Frasco de vidro âmbar conta-gotas 01 23,30 23,30 23,30 Garrafa 03 7,20 8,47 10,80 03 12,33 17,26 24,13 02 27,38 27,38 27,38 Caixa com 2 blísteres contendo 15 cápsulas Caixa com 2 blísteres contendo 20 cápsulas 74 Diante dos dados apresentados observa-se acentuada variação nos preços dos produtos, quando avaliados quanto ao tipo de embalagem em que são comercializados. Em relação aos produtos que utilizam um único tipo de embalagem, a variação do preço médio foi desde R$ 2,56 para as embalagens plásticas flexíveis até R$ 23,30 para as embalagens de vidro com conta-gotas. Já para as cápsulas que são embaladas por dois tipos de embalagem (primária blíster e secundária caixa), o preço médio variou de R$ 17,26 a R$ 27,38. 62 Esta marcante diferença de preço entre os produtos, relacionado ao tipo do material de embalagem, influencia não só o consumidor no momento da compra, mas também às empresas no momento de escolha do tipo de material que seu produto será vendido e do público o qual pretende atingir. Dos 74 produtos encontrados no decorrer da pesquisa, a maioria, 56 (75,7%) estavam armazenados em embalagens plásticas; destes, 37 (66,1%) eram embalagens plásticas flexíveis transparentes, sete (12,5%) embalagens plásticas flexíveis (branco fosco ou colorido), uma (1,8%) embalagem plástica flexível laminada, quatro (7,1%) potes plásticos rígidos e sete (12,5%) frasco plástico para cápsulas (hermeticamente fechados). Os outros 18 produtos estavam embalados respectivamente por, sete caixas de papel (9,5%), duas lata metálica (2,7%), um frasco de vidro âmbar conta-gotas (1,3%), três garrafas de vidro (4,0%) e cinco blísteres para cápsulas em caixa cartonada (6,8%). Conforme demonstrado no GRÁFICO 3: GRÁFICO 3: Tipos de embalagens utilizadas no embalo da linhaça, no mercado de Ipatinga, 2010. Esta predominância das embalagens plásticas no setor alimentício confirma o descrito por GILES & BAIN (2001) que afirma que o mercado de embalagens plásticas tem crescido fortemente em relação aos demais tipos de embalagens devido à melhora contínua dos mesmos, versatilidade de formas e formatos e também por seu baixo custo. Apesar de no geral as embalagens plásticas serem tidas como de baixo custo isto também varia de acordo com sua estrutura e especificidade, uma vez que as embalagens plásticas rígidas (potes) apresentaram um preço superior às embalagens de papel, R$ 7,46 e R$ 6,54 63 respectivamente, e as embalagens plásticas rígidas (frascos plásticos para cápsulas hermeticamente fechados) preço superior à embalagem metálica (lata), R$ 13,77 e R$ 8,58 respectivamente. Já as embalagens plásticas flexíveis laminadas (pacote laminado stand-up pouch) possuem preço intermediário as embalagens plásticas e metálicas, por serem constituídas tanto pelo plástico quanto pelo alumínio, apresentado as vantagens de ambos os materiais flexibilidade (plástico) e barreira a gases, aromas, umidade e a luz proporcionada pelo alumínio (SARANTÓPULOS & JÚNIOR, 2005). Os produtos comercializados em embalagens de vidro foram os que possuíam preço mais elevado de aquisição, variando desde R$ 7,20 a R$ 23,30. Neste caso também vale ressaltar que os óleos comercializados em garrafas são de uso culinário. Já o vendido em frasco âmbar com conta-gotas, foi disponibilizado por uma única rede de supermercados, que apesar de não possuir registro do produto, indicação terapêutica, nem informações nutricionais, trás um pequeno papel dobrado atrás do rótulo contendo a informação “Tomar 20 gotas, 3 vezes ao dia.”, não sendo possível analisar a influência em seu preço neste fator uma vez que não existem outras empresas que disponibilizam este tipo de produto. Analisando-se os preços dos produtos de linhaça de acordo com seu tipo de embalagem podese dizer que os mesmos variaram na seguinte ordem: Embalagens plásticas flexíveis < embalagens plásticas flexíveis laminadas < embalagens de papel < embalagens plásticas rígidas (potes) < embalagens de vidro (garrafas) < embalagens metálicas < embalagens plásticas rígidas para suplementos alimentícios em cápsulas < conjunto de embalagens para suplemento alimentício em cápsulas (primária: blíster, secundária: caixa de papel cartonada) < embalagens de vidro (frascos com conta-gotas). Também se pode observar que independente do tipo de embalagem, as que continham linhaça marrom eram sempre mais baratas quando comparadas ao mesmo tipo de embalagem contendo linhaças douradas, demonstrando mais uma vez a supervalorização da linhaça dourada em detrimento da marrom (TAB. 10) 64 TABELA 10 Comparação no preço da linhaça marrom e dourada em um mesmo tipo de embalagem, Ipatinga, 2010. Tipo de embalagem Tipo de produto Preço médio (R$) Farinha dourada 3,43 Farinha marrom 2,10 Semente dourada 3,47 Semente marrom 1,74 Farinha dourada 4,37 Farinha marrom 2,36 Farinha dourada 8,61 Semente dourada 4,00 Farinha dourada 8,31 Farinha marrom 2,57 Óleo dourado 10,20 Óleo marrom 7,20 Óleo dourado 27,38 Óleo não especificado 17,26 Saco plástico transparente Saco plástico (branco fosco ou colorido) Pote plástico Caixa Garrafa de vidro Embalagem primária (blíster para cápsulas) e secundária (caixa cartonada) 7.2.3 Aspectos legais As exigências legais propostas pelos órgãos regulamentadores é outro item que pode influenciar no preço, uma vez que uma empresa para ter autorização de funcionamento na área de alimentos, tem que atender às normas de Boas Práticas de Fabricação RDC/ANVISA nº 275, de 21 de outubro de 2002, o que aumenta a qualidade do produto disponibilizado ao consumidor, mas também gera custos ao fabricante que normalmente os repassa ao cliente. 65 Os produtos classificados como alimentos são dispensados de registro, conforme resolução RDC/ANVISA nº 23 de 15/03/2003 necessitando apenas que a empresa esteja registrada e autorizada a produzi-los, mas este registro também acarreta custos ao fabricante. Das 33 marcas que comercializam linhaça em Ipatinga, apenas 20 (60,6%) possuíam registro de suas empresas com Autorização para Funcionamento e realização de atividades na área de alimentos, de acordo com consulta realizada em 03 de novembro de 2010 no DATAVISA – Empresas, utilizando os critérios CNPJ ou Nome da empresa no site da ANVISA. Das 23 marcas que comercializam linhaça (semente íntegra ou farinha) apenas duas (8,7%), de acordo com a consulta ao banco de dados SINAVISA/PRODIR no site da ANVISA, possuem registro na ANVISA, em que citam comercializar produtos da linhaça (sementes íntegras ou farinha), sendo que estes produtos estão cadastrados na categoria de “Produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos”, sendo, portanto dispensados de registros, mas não de comunicação à ANVISA de sua fabricação, de acordo com a RDC nº 23 de 15/03/2003. Mesmo possuindo registro/autorização de funcionamento, as marcas destas duas empresas não estão entre aquelas que cobram mais caro por seus produtos, e esta ausência de acréscimo, pode se dever ao fato de serem empresas maiores, que comercializam muitos produtos além da linhaça, inclusive farinha de outros cereais, não acrescentando assim custos significativos à empresa e assim conseguirem comercializar estes produtos a um preço mais acessível. A TAB. 11 traz os preços médios das sementes íntegras e farinha da linhaça (marrom e dourada) das empresas que possuem autorização junto à ANVISA em relação às empresas que possuem não possuem autorização. Os óleos em cápsulas (dourado e não especificado) não foram inclusos na tabela, uma vez que todas as marcas que comercializam este tipo de complemento nutricional possuem registro de seu produto na ANVISA/MS. 66 TABELA 11 Relação do preço médio dos produtos de empresas com e sem autorização de funcionamento na ANVISA, 2010. Média de Preço (R$)/100 g Média de Preço (R$)/100 g Semente marrom Semente dourada Empresa autorizada 1,94 5,22 Empresa sem autorização 1,96 3,58 Farinha marrom Farinha dourada 2,37 7,48 2,08 3,92 Produto Relação empresa autorizada/sem autorização (%) -1,0 45,8 13,9 90,8 No caso da semente de linhaça marrom a presença ou não de autorização da empresa pela ANVISA não influenciou no valor por ela cobrado, havendo uma grande proximidade na média de preço entre estas marcas, chegando inclusive ao preço da semente de linhaça marrom da empresa sem autorização ser superior à com autorização, não tendo significância estatística. Nos demais produtos, semente dourada, farinha marrom e farinha dourada, os produtos cujas empresas eram autorizadas foram respectivamente, 45,8%, 13,9% e 90,8% mais caros que os produtos de empresas sem autorização, demonstrando que o processo de adequação às normas sanitárias da ANVISA pode acarretar o repasse dos custos gastos pelo fabricante, pela realização das boas práticas de fabricação dos produtos da linhaça, ao consumidor. E analisando-se as variedades separadamente, observa-se que o aumento na variedade dourada (45,8% nas sementes e 90,8% na farinha) é sempre superior à variedade marrom (-1,0% nas sementes e 13,9% na farinha), demonstrando mais uma vez tendência a supervalorização da espécie dourada em detrimento a marrom. Já das nove empresas que comercializam óleo de linhaça em cápsulas além de todas possuírem autorização de funcionamento, todos os produtos também possuem número de registro na ANVISA, o que poderia ser um dos fatores que justificaria o alto preço cobrado pelos suplementos de linhaça em cápsulas. As empresas atualmente se beneficiam da isenção de registro do produto, mas não do registro da empresa, porque até a presente data a ANVISA não reconhece a linhaça como um alimento 67 funcional e sim como novo alimento, apesar de já terem sido demonstradas diversas evidências de eficácia da linhaça na saúde humana e também na prevenção de doenças cardiovasculares, sendo até mesmo recomendada pela IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, como fonte de ácidos graxos ômega-3 (linolênico, EPA e DHA). Também já existem diversos estudos publicados (BOMBO, 2006; MACIEL, 2006; MORRIS, 2006; MATIAS, 2007; LIMA, 2007; MARTINS et al., 2008; SUFFREDINI, 2008; MOURA, 2008; AUSTRIA, 2008; EPAMINONDAS, 2009; LICHTENTHALER, 2009) que apontam a linhaça como alimento funcional e nutracêutico, principalmente por suas altas concentrações de ácidos graxos poli-insaturados, fibras, fitoesteróis, com aplicações, entre outras, na prevenção de doenças cardiovasculares. Sendo assim, acredita-se que num futuro bem próximo a linhaça seja inclusa nesta lista de alimentos funcionais. 68 8 CONCLUSÃO A pesquisa revelou grande interesse dos estabelecimentos na venda da linhaça uma vez que 80,6% dos estabelecimentos no qual a pesquisa foi realizada vendiam pelo menos uma das formas de comercialização. A predominância de venda ocorreu pelas drogarias e farmácias em que juntas representavam 56% do mercado de linhaça em Ipatinga, evidenciando ser de grande relevância o conhecimento do farmacêutico sobre o uso da linhaça. A pesquisa também demonstrou não haver diferenças significativas entre as variedades em relação a seus constituintes. Na realidade houve alternâncias nos resultados, ora apontando maior concentração na variedade dourada ora na variedade marrom, sendo inadequado justificar a diferença de preço em relação ao conteúdo de nutrientes e também o favorecimento da linhagem dourada realizada pelos marketings que as empresas e mídia realizam. Já em relação aos demais fatores de influência no preço final dos produtos analisados, podese dizer que vão influenciar de maneira conjunta, mas não equivalente em ambas as variedades, uma vez que, em todos os fatores avaliados a linhaça dourada sempre apresentava valor superior a linhaça marrom demonstrando uma supervalorização da linhaça dourada. De todos os fatores, o que apresentou mais nítida influência no custo final do produto foi o tipo de embalagem. Pelo o exposto e importância do tema, o farmacêutico, enquanto participante da equipe técnica de pesquisa em tecnologia de alimentos nas indústrias, deve ter conhecimento sobre os tipos de processamento, embalagens, necessidade de registro dos produtos e a influência destes fatores no preço final do produto. Além disso, o profissional farmacêutico que atua em farmácias e drogarias deve estar preparado para fornecer informações sobre os alimentos funcionais, dentre estes a linhaça, sempre baseado em evidências científicas e não apenas pautado no que é divulgado pelo marketing das empresas, garantindo informações fidedignas 69 na dispensação destes produtos, sempre em vista da melhoria da qualidade de vida da população. 70 REFERÊNCIAS ANDLAUER, W.; FÜRST, P. Nutraceuticals: a piece of history, present status and outlook. Food Research International, Germany, v. 35, n. 2, p. 171-176, jan. 2002. ANDRADE, P. M. M., CARMO, M. G. T. Ácidos graxos n-3: um link entre eicosanóides, inflamação e imunidade. Mn- metabólica. São Paulo, v. 8, n. 3, p. 135-143, jul./set. 2006. ANJO, D. F.C. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia vascular. Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. J Vasc Br. v. 3, n. 2, p. 145-154, abr/jun. 2004. 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Nutr, Campinas, v. 22, n. 1, fev. 2009. 80 ANEXO I: FORMULÁRIO DA PESQUISA Pesquisa de Campo Data: ____/_____/2010 Estabelecimento Nº: CNPJ: 1) Tipo de estabelecimento: 2) Apresentação : ( ) Drogaria ( ) Farmácia ( ) Mercados alimentícios ( ) Sementes ( ) Óleo ( ) Farinha 3) Variedade: ( ) Marrom ( ) Dourada ( ) Não especifica 4) Embalagem: ( ) 100g ( ) 200g ( ) ____Cáps 1g 5) Tipo de embalagem: ( ) Sacos plásticos transparentes ( ) Sacos plásticos escuros ( ) Potes hermeticamente fechados ( ) Lata ( ) Caixa ( ) Outros: 8) A embalagem apresenta: a) Recomendação diária b) Possui indicação terapêutica c) Nº de registro no Ministério da Saúde d) Nº de registro na ANVISA 9) As informações nutricionais diferem entre as variedades? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não foi possível comparar 10) Especifica quantidade total de poliinsaturados? ( ) Sim Quanto? _____________ ( 11) Especifica a quantidade exata de ômega 3 e 6? ( ) Sim Ômega 3:_________ Ômega 6:_________ ( 12) Especifica quantidade total de monoinsaturados? ( ) Sim Quanto? _____________ ( 13) Especifica a quantidade exata de ômega 9? ( ) Sim Quanto? _____________ ( 14) Especifica a quantidade de fibras? ( SITE e 0800: ( ) 250g ( ) 500g ( ) Outros: ( ) 1 Kg ) Não ) Não ) Não ) Sim ( ) Não : ( ) Outros: 6) Marca: ( ) ____Cáps 500mg 7) Valor: R$ ( ( ( ( ) Não Folha: ______ ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Não ) Não ) Não ) Não Qual? * ( ) Ver verso ( ) Ver verso * *