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Análise De Riscos Ou Gestão De Perdas

Avaliam-se os programas e metodologias utilizados na análise e na gestão de riscos industriais

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Análise de Riscos ou Gestão de Perdas? Engº Antonio Fernando Navarro1 Resumo Neste breve artigo tratamos da relação existente entre Análise de Riscos e Gestão de Perdas, e da complementaridade existente. Observa-se em muitos trabalhos que, por Análise de Riscos, pode ser entendida a técnica ou conjunto de ferramentas de gestão, às quais, corretamente aplicadas podem fornecer resultados inerentes aos riscos, como por exemplo: suas características, freqüência de ocorrências e severidade de perdas, os quais podem ser qualitativos ou quantitativos. A questão entre obter informações qualitativas ou quantitativas dependerá do grau de aprofundamento da análise em questão. Por Gestão de Perdas compreende-se o conjunto de estratégias que visam ao controle ou acompanhamento das perdas e dos resultados subseqüentes. De maneira ampla a gestão possibilita o melhor acompanhamento dos planos de ação que devem ser empreendidos, para a análise, interpretação de resultados, elaboração de planos de eliminação e ou mitigação de perdas, e a avaliação de resultados. Análise de Riscos O risco, ou o evento, contra o qual se está elaborando um plano de prevenção ou de eliminação de perdas, ou também contratando uma apólice de seguros, deve atender a algumas particularidades para que seja enquadrado como tal, ou seja: deverá ter que ser futuro; ser incerto; ser possível; ser independente da vontade das partes, e conduzir a uma perda que poderá vir a ser mensurável. Procura-se entender como e porquê esse risco vem a se manifestar, qual a periodicidade das manifestações, ou da freqüência das ocorrências ou eventos, e qual é a extensão das perdas sentidas ou observadas, com fins de se reduzir a severidade dos prejuízos. Ainda, 1 Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – e-mail: [email protected]; [email protected]. 1 buscam-se meios de reduzir a extensão das perdas a outros ambientes, locais ou equipamentos, com o emprego de mecanismos de proteção, confinando as conseqüências dos eventos. O Gerenciamento de Riscos (Risk Management) é um conjunto de técnicas de abordagem, com vistas à análise qualitativa e quantitativa dos eventos, por meio das quais busca-se identificar, avaliar e tratar os riscos que sejam emergenciais e/ou latentes, capazes de provocar perdas financeiras, pessoais, patrimoniais e de responsabilidades civis. As técnicas de Gerenciamento de Riscos, quando bem empregadas transformam-se em um elemento de antecipação ou de previsão de um cenário de perdas futuras. O Gerenciamento de Riscos pode ser utilizado como uma das ferramentas dos programas de qualidade e produtividade, na medida em que, com a identificação dos riscos que possam vir a afetar bens, e com a análise das conseqüências, diretas ou indiretas, de forma prematura ou preventiva, consegue-se evitar que um empreendimento industrial venha a sofrer paralisações ou perdas. O processo, ou o conjunto de tecnologias empregadas no Gerenciamento de Riscos possibilita o surgimento de meios que atenuam as perdas ameaçadoras dos patrimônios das empresas, reduzindo suas severidades ou gravidades, através da eliminação dos riscos ou do controle dos eventos e de suas conseqüências. De uma certa forma, ao se controlar as perdas e por conseguinte, reduzir a parte dos custos variáveis, estar-se-á aumentando o nível de Produtividade da empresa. A Produtividade pode vir a ser expressa pela razão entre o Faturamento e os Custos incidentes para a obtenção do faturamento. Os custos devidos a perdas não são todos perfeitamente mensuráveis ou previsíveis. Pela inexistência de um maior controle ou de dados confiáveis parte-se para a contratação de seguros, como um atenuante ou como uma forma de transferência dos riscos. Ocorre que, quase sempre, as coberturas oferecidas pelas seguradoras prevêem a inclusão de franquias ou de participações obrigatórias para a empresa, obrigando-as a retenção de parte dos riscos incidentes. Muitas vezes, um bom programa de prevenção de perdas conduz a diminuição das ocorrências, ou então, à limitação da extensão de suas conseqüências a um nível aceitável ou gerenciável. Em função disto tudo, as empresas que têm um maior controle sobre o seu patrimônio e sobre as suas perdas costumam praticar a política do auto-seguro, transferindo para as Seguradoras somente a parcela de risco que seria financeiramente insuportável. Graficamente, um dos principais conceitos de Qualidade e de Produtividade pode vir a ser expresso, de maneira simplificada por: 2 Faturamento Produtividade = Custos Pela amplitude de sua área de atuação a Gerência de Riscos não é uma técnica exata, mas sim de aproximação. Não é uma técnica ou um conjunto de procedimentos que defina de modo preciso: haverá um incêndio naquele equipamento nos próximos 200 dias de operação; mas sim, e tão somente que, dentre uma amostra de 2.000 equipamentos existentes em um empreendimento industrial e em funcionamento ocorre, em média, um incêndio a cada 200 dias. Essa aproximação se deve ao fato de não se ter condições de matematizar totalmente os riscos, face às suas inúmeras variáveis. O que se faz é, por meio de processos matemáticos, estatísticos ou atuariais, e levando-se em conta o histórico de eventos ocorridos, projetar um comportamento provável e futuro para os riscos. Exemplificando o que acabamos de apresentar anteriormente, consideremos a análise de um determinado equipamento, sujeito ao risco de incêndio. De modo amplo, para que esse venha a estar envolvido pelo incêndio deverá estar operando sob certas variáveis, dentre as quais destacamos:  Estar sobrecarregado;  Estar operando continuamente, sem interrupção;  Estar envolto por uma atmosfera propícia (com presença de substâncias combustíveis ou comburentes);  Não possuir um adequado plano de manutenção corretiva ou preventiva;  Estar empregando materiais, substâncias ou produtos que facilitem a ação do incêndio, sem os cuidados necessários. Se qualquer um dos fatores elencados acima, envolvendo a operação de um motor, vier a ocorrer de forma isolada ou em conjunto isso já será suficiente, com uma grande probabilidade, para o surgimento de um incêndio. Deve-se salientar que muitas correntes de disseminação da cultura do Gerenciamento de Riscos pregam a identificação e a mensuração de riscos, através da utilização de fórmulas matemáticas. 3 Entendemos que, para os riscos extremamente simples, ou para as análises de riscos com poucas variáveis ou com variáveis previamente conhecidas, uma fórmula é um elemento simplificador de uma análise ou de uma idéia, visto que não demanda, para a conclusão do trabalho, de qualquer análise pessoal. Porém, para riscos de maior complexidade a simples adoção de uma fórmula ou de uma regra de análise não significa um pré-requisito para uma boa análise, ou para uma análise confiável. Cabe-se destacar que análises pessoais podem enriquecer o resultado de um trabalho como também podem vir a comprometê-lo. Se o trabalho de análise precisa ser despersonalizado a aplicação de fórmulas passa a ser importante. Por outro lado, se o mais importante é a exteriorização do conhecimento do engenheiro de risco de nada valerá a aplicação de formulações matemáticas. Não faz tanto tempo assim quando aguardávamos nos noticiários de televisão, principalmente em vésperas de feriados, a repórter informar se ia chover ou não. A intuição e experiência do meteorologista prevalecia sobre qualquer tipo de cálculo. Com o passar do tempo, foram desenvolvidos programas de computação extremamente potentes e complexos, que determinam, com uma razoável precisão, se irá chover dentro dos próximos 4 ou 5 dias. É lógico que nem todos os riscos têm a complexidade de uma previsão do tempo, principalmente se podemos traçar um modelo matemático confiável. Para uma previsão de risco de incêndio os conceitos poderão variar desde resultados bem simples até resultados mais complexos. Tudo dependerá do que irá se fazer com essa análise. Em grandes empreendimentos industriais espera-se poder oferecer, com uma pequena margem de erro um cenário mais realista possível. Para trabalhos menos sofisticados e que não requerem maior conhecimento técnico pode-se pensar em algo bem simples, como por exemplo, o incêndio iniciando-se em uma lixeira, dessas de escritório. As perguntas que podem vir a ser feitas para a obtenção de dados preliminares são as seguintes:  Qual a probabilidade de um cesto de lixo de escritório vir a pegar fogo?  A probabilidade desse evento ocorrer dependerá do local em que ela estiver localizada, do tipo de lixo contido nele, do grau de cultura das pessoas que transitam pelas proximidades, do fato de possuir ou não tampa, e outros fatores mais. Se a lixeira não estiver em um local com grande tiragem de ar certamente o incêndio demorará para irromper-se. Se o lixo nela contido não for combustível não haverá chance para o incêndio iniciar-se. Se as pessoas tiverem um elevado nível de conscientização certamente não permitirão que alguém jogue algo que possa gerar um incêndio. Se a lixeira tiver uma tampa, 4 pela falta de oxigenação em seu interior a possibilidade de um incêndio ocorrer será remota. Provavelmente, não há necessidade de criar-se modelos probabilísticos para a determinação da possibilidade de ocorrência de incêndio em uma lixeira. O mais provável é que alguém já tenha alguma estatística montada em cima de ocorrências verificadas em uma determinada instalação industrial ou em conjuntos de escritórios. É importante abordar este assunto desta forma, porque muitas vezes somos compelidos a dar pareceres ou esclarecer se determinado risco irá materializar-se, e, mesmo se ocorrendo, será capaz de gerar perdas humanas, materiais ou financeiras, equivalentes a milhares de unidades monetárias. Voltando à exemplificação anterior percebe-se que, mesmo se tratando de um estudo aparentemente simples, como o envolvendo uma lixeira, dessas mais baratas, não se deve descuidar da boa interpretação dos dados obtidos. Normalmente, em atividades de escritório, e nesse recipiente que começam a maioria dos incêndios. Podemos mesmo afirmar que ultrapassa a 60% a estatística de incêndios originários em lixeiras. Lembramo-nos de um trabalho de Gerenciamento de Riscos que envolvia um parecer acerca de uma obra marítima, caracterizada pela deposição de um enrocamento que avançava sobre o mar uns 400 metros, e a seguir se projetava da direção paralela à costa, por uns 500 metros. Durante a fase do projeto executivo e bem no início dos serviços, optou-se por construir-se o molhe do enrocamento em duas fases, ao invés de uma só fase. Ao sermos consultados fomos verificar as cartas náuticas de correntes marinhas e o Departamento de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha, a fim de obter dados referentes à altura e à força da “onda centenária”. Como o próprio nome indica, uma onda centenária é aquela que ocorre somente a cada 100 anos, e com uma intensidade tal que a torna ímpar. Pois bem, analisamos os fatos e chegamos à conclusão que a possibilidade de ocorrer uma onda centenária, naquela época do ano era bem remota. Esclarecemos os riscos que se corria ao mudar-se o planejamento da execução. Em um período de um ano e meio ocorreram duas ondas centenárias, com elevadas perdas para o projeto. Para melhor exemplificar, pedras de 4 a 6 toneladas foram arrastadas como se fossem cascalhos de rio, por longas distâncias. O número de etapas básicas empregadas no processo de identificação e Gerenciamento de Riscos pode variar substancialmente de autor para autor, não sendo algo prédeterminado. Entretanto, alguns parâmetros devem ser conhecidos. Dentre os quais citamos: 5 Função do Gerenciamento de Riscos A função do Gerenciamento de Riscos é a de reduzir perdas e minimizar os seus efeitos. Isso quer dizer que se assume a existência de perdas em todos os processos industriais, como um fato perfeitamente natural. Entretanto, por meio de técnicas, basicamente de inspeções e de análises, procura-se evitar que essas perdas venham a ocorrer com certa freqüência, ou reduzir os efeitos dessas mesmas perdas, limitando-as a valores aceitáveis, ou dentro do perfil estipulado pela empresa em seus orçamentos anuais. Não existe um método único de Gerenciamento de Riscos, ou uma metodologia padrão. Costuma-se confrontar os procedimentos em vigor com procedimentos-padrão para aquele tipo de etapa, analisando as possíveis alterações existentes, através de um amplo conhecimento das várias etapas da atividade analisada. O Gerenciamento de Riscos é um contínuo processo de busca de defeitos, ou de quase-defeitos, com vistas à sua prevenção. Esses defeitos são chamados riscos. Risco é uma chance de perda e provavelmente, o mais importante degrau no processo de identificação e gerenciamento das perdas. Com as informações obtidas por intermédio da aplicação das várias técnicas adotadas no Gerenciamento de Riscos e o emprego de metodologias específicas pode-se também quantificar riscos. A partir do momento que se qualifica e quantifica um risco tem-se a sua real magnitude ou sua expressão matemática. A qualificação é a identificação do tipo de risco ou da qualidade, se é que podemos assim dizer à respeito das características dos eventos que podem surgir. Trata-se de um risco de incêndio, ou de um risco de explosão, ou de um risco de danos elétricos, etc.. A quantificação é a determinação do valor da perda, expressa em percentual do valor dos bens ou em valores absolutos, ou do tamanho do prejuízo a se verificar no futuro. O risco, se ocorrer, poderá gerar uma perda que irá afetar 48% do patrimônio da indústria. A perda potencial é de cerca de $ 500,000. Como veremos adiante, tanto o tipo de risco quanto o valor da perda gerada são bastante importantes para a fixação do custo do risco, ou seja, do valor que a perda, se ocorrida, pode assumir. Essa informação é muito importante para a execução de um programa de tratamento do risco. Em função do custo do risco, que pode vir a ser razoavelmente calculado por processos simples, consegue-se elaborar um plano de retenção das perdas ou de transferência para uma Seguradora, por intermédio de um contrato de seguros. 6 Se as perdas são pequenas e a probabilidade de virem a ocorrer é baixa, com toda a certeza pode se tratar de um caso de retenção do risco, ou de um auto-seguro. Por outro lado, se a perda tem características de vir a apresentar danos severos, é o momento de se pensar em transferila, por intermédio da contratação de uma apólice de seguros. Passaremos a entender nos capítulos que se sucederão que uma transferência de risco não é uma operação isolada. O fato de se transferir um risco não é um pressuposto de que todas as preocupações da empresa estarão resolvidas, ou todos os prejuízos serão reembolsados, ou as perdas reparadas. Normalmente existem mecanismos dentro do contrato de seguros que transformam a empresa em co-responsável pelas perdas, ou seja, se um sinistro vier a ocorrer, a empresa terá que bancar uma parte do mesmo e a seguradora a quem ela transferiu a responsabilidade será responsável pela diferença. Esse mecanismo de co-responsabilidade é o que denominamos de franquia ou participação obrigatória do segurado (POS). Assim, a empresa por não ter condições técnicas de repassar 100% tem que se preparar para evitar as ocorrências dos eventos. Uma das formas de prevenção se dá por intermédio da aplicação das técnicas corretas de Gerenciamento de Riscos, associada a adoção de mecanismos ou de sistemas de prevenção de perdas. No tocante a esses, iremos destinar alguns capítulos para tratar do assunto especificamente. Origem do Gerenciamento de Riscos A Gerência de Riscos surgiu como técnica nos Estados Unidos, no ano de 1963, com a publicação do livro Risk Management in the Business Enterprise, de Robert Mehr e Bob Hedges. Seguramente uma das fontes de consulta ou de inspiração dos autores foi um trabalho de Henry Fayol, divulgado na França em 1916. A origem da Gerência de Riscos é a mesma da Administração de Empresas, a qual, por sua vez, conduziu aos processos de Qualidade e de Produtividade. Por ser uma técnica relativamente nova, sua divulgação e adaptação pelos países variou de acordo com as necessidades de momento, das experiências dos técnicos que a difundiram, da fase de desenvolvimento pela qual estava passando o país e outros motivos mais. No Brasil o seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970, com aplicação voltada especificamente para a área de seguros, com vistas à prevenção de riscos em bens patrimoniais, segurados pelas empresas do setor. Desta forma, seus conceitos começaram a se propagar juntamente com os conceitos prevencionistas do Mercado Segurador Brasileiro, 7 principalmente no que diz respeito ao risco de incêndio. Porém, com o intercâmbio entre os países e a melhor compreensão da técnica vislumbrou-se um melhor futuro para a mesma. Quase ao final da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia de Confiabilidade de Sistemas, ou a Engenharia de Segurança de Sistemas, alguns conceitos comuns passaram a se mesclar, dando nova configuração à Gerência de Riscos. Nos capítulos a seguir faremos uma análise de alguns tipos de processos industriais, com destaque para os seus principais riscos e sugestões de formas ou de maneiras adotadas para o tratamento dos riscos. Nos deteremos mais no tópico prevenção e combate a incêndios nessas análises, por ser esse o principal risco das empresas, sem entretanto descuidarmos da análise e da exemplificação de outros riscos. Existem inúmeros eventos que constantemente ameaçam o patrimônio das empresas. Porém, em linhas gerais, dos eventos geradores de danos que incidem em instalações industriais, tanto no que diz respeito à freqüência de ocorrências, como também no tocante à severidade das perdas, o Incêndio é o mais comum. Na ilustração a seguir apresenta-se um gráfico com os percentuais médios, aplicados aos riscos maiores ou geradores das ocorrências, verificados nos acidentes envolvendo indústrias. 60 Quebra de Máquinas Incêndio Danos Elétricos Explosão Equipament. Y Explosão Substâncias Impacto de Veículos 15 5 5 5 Derrame de Materiais 5 1 X 2 1 Corrosão Erosão Nesse capítulo abordaremos desde o conhecimento das características dos agentes extintores até o seu emprego, sempre com vistas à prevenção e controle dos riscos. Finalmente, cumpre ressaltar que muitas vezes a Gerência de Riscos é confundida com a Segurança Industrial. Ambas têm caráter preventivo. Entretanto, na Gerência de Riscos procura-se tratar o risco sob o prisma matemático de sua ocorrência, quase que para fins de estudos, enquanto que a Segurança Industrial parte direto para as medidas corretivas. A linha de trabalho que consideramos ideal é aquela que associa os métodos de análise empregados na Gerência de Riscos com os procedimentos da Segurança Industrial. 8 Falando de Riscos O livro Gerenciamento de Riscos Industriais2 vem a tratar das formas de identificação, mensuração e tratamento dos eventos, ou dos riscos, que atingem indústrias, causando-lhes danos ou perdas, preenchendo uma lacuna na análise de perdas para fins de tratamento dos riscos. Existem inúmeras ocorrências que são objeto de análise pelos Gerentes de Riscos, da mesma forma que existem dezenas de significados para a palavra Risco. Falar de um risco é comentar sobre alguma coisa que poderá vir a ocorrer, em um empreendimento industrial, e caso isso se verifique, poderá trazer consigo danos materiais ou danos pessoais. Diferenciamos perdas de danos por considerarmos que os danos são os prejuízos sofridos por um bem patrimonial, e as perdas estão comumente relacionadas a uma redução patrimonial ou financeira. Como tivemos a oportunidade de comentar no capítulo anterior, um risco é um evento capaz de conduzir a danos, que se caracteriza por ser futuro, ser possível, ser incerto, ser independente da vontade das pessoas, e conduzir à perdas, as quais sejam mensuráveis. Assim, o risco é algo sempre futuro, ou que pode ocorrer no próximo momento, capaz de causar danos. Entretanto, deve-se salientar que para a sua correta mensuração há necessidade desses danos poderem vir a ser perfeitamente dimensionados e avaliados. Se o risco existir mas não houver a perda financeira ou o dano material não se poderá atribuir a ele um custo. Esse é extremamente relevante em qualquer processo de análise ou de tratamento do risco, inclusive para a sua mensuração. No presente capítulo faremos alguns comentários acerca dos riscos a que uma indústria está sujeita. Muitos dos conceitos que iremos apresentar são pessoais, resultado de uma análise continuada por muitos anos. Os conceitos de riscos são muito amplos. Risco não é somente aquilo que está para acontecer ou aquilo que temos receio de que aconteça em um determinado momento: • Hoje teremos o risco de um temporal; Levem os seus casacos; Não cheguem tarde da noite; • Há risco de vocês serem assaltados, portanto, não cheguem tarde; Não andem por ruas escuras; • Se vocês não estudarem correrão o risco de não tirarem boas notas; • Não tente consertar o chuveiro para não ter o risco de levar um choque. 2 Gestão de Riscos Industriais – registrado na Biblioteca Nacional sob nº 123.087/1996, e Ferramentas Empregadas na Gestão de Riscos Industriais – registrado na Biblioteca Nacional sob nº 128.681/1996, ambos redigidos por Antonio Fernando Navarro.  9 Para cada um dos exemplos citados a palavra risco tem um significado diferente. Não chegar junto com o temporal apresenta o inconveniente, e não o "risco" da pessoa molhar-se. No caso do assalto efetivamente há um risco de perda monetária ou de danos à própria vida ou à saúde. Nas provas a pessoa pode ser reprovada. O único risco, que não é aquele objeto de nossa análise é o da perda financeira de ter que repetir o ano letivo ou ter o dissabor do constrangimento pessoal. Finalmente, no caso do chuveiro, o risco envolve a vida da própria pessoa. Se essa estiver sobre um piso molhado poderá sofrer um choque mortal. Para toda causa há sempre uma conseqüência. Se há um risco é porque há um cenário de insegurança, ou uma prática insegura. Fazer um equipamento funcionar sem ler o manual de instruções é um risco. O equipamento poderá se queimar. A palavra Risco dá margem a uma série de interpretações. Contudo, está sempre associada, em qualquer caso, a: um insucesso, um perigo, uma perda ou um dano. Riscos são todos os insucessos ocorridos em uma determinada fase ou época e não de todo esperados. Os riscos podem vir a ser encontrados em várias atividades. Algumas das que procuramos destacar são as seguintes: • procedimentos cirúrgicos; • operações financeiras; • construções civis; • montagens industriais; • implantação de empreendimentos, etc. No vocabulário das Seguradoras a palavra risco pode representar: • o próprio segurado, o contratante do seguro, o estipulante da apólice ou o beneficiário principal; • a atividade principal exercida no empreendimento industrial; • uma edificação segurada ou um bem segurado; • eventos que possam atingir o patrimônio acobertado por uma apólice; • ramos ou modalidades de seguros (seguro Incêndio - risco de Incêndio, seguro de Transportes risco de Transportes, seguros de Engenharia - Riscos de Engenharia, seguro de Vida - riscos de Vida, e outros seguros e riscos.). 10 Para que a definição fique mais clara, o insucesso é traduzido como um fato gerador de perdas materiais, financeiras ou pessoais. Tem-se então uma ampliação do conceito para o mercado segurador. A Gerência de Riscos, enquanto ciência, ocupa-se de uma série de atividades, todas elas voltadas para a gerência ou a administração de riscos, ou de eventos que possam vir a causar perdas ou danos, envolvendo: PRODUÇÃO PROCESSOS PATRIMÔ+IOS PESSOAS FI+A+ÇAS Dentro do nosso enfoque de apreciação os Riscos são todos os fatos, situações, bens ou atividades sujeitos a perdas. Para fins de estudos podem ser classificados em: • voluntários; • acidentais; • aleatórios. Existem várias outras formas de classificação dos Riscos. Uma das mais empregadas pelo Mercado Segurador é a seguinte: Riscos Puros Os riscos puros são aqueles onde há somente duas possibilidades: perder ou não perder. Não existe a chance de nada acontecer, ou seja, quase que o risco materializou-se. Riscos Especulativos Nos riscos especulativos há possibilidade, além da perda ou da não perda, do ganho. O componente adicional desse enquadramento é o do ganho, que até então não era abordado. Em um jogo, qualquer que seja ele, pode-se perder, pode-se ganhar e pode-se não perder se não houver a participação do jogador. O risco especulativo é diferenciado dos demais riscos por possuir um componente adicional de ganho, componente esse inexistente nas outras categorias de eventos. Por exemplo, a análise de um empreendimento imobiliário, em lançamento, é um risco especulativo, já que o 11 mesmo poderá redundar num ganho. Aplicações em mercados financeiros também são riscos especulativos. O risco de um jogo é totalmente especulativo A Gerência de Riscos por nós tratada abrange única e exclusivamente os riscos puros. Riscos Voluntários Riscos voluntários são todos aqueles incorridos conscientemente pela empresa ou por seus funcionários. A morte de soldados durante uma guerra travada entre dois países é um risco voluntário do país invasor. A navegação em um mar revolto é um risco voluntário do comandante da embarcação. Atravessar a pé uma grande avenida com o sinal de pedestres fechado é um risco voluntário do próprio pedestre. Riscos voluntários também podem ser identificados como todos aqueles em que há um ato voluntário o qual induz à participação humana no evento. A criança que acende uma fogueira está praticando um risco voluntário, porque ela assim o quer, ou seja, deseja acender o fogo. Pode estar praticando o ato de forma consciente ou não. O risco voluntário enquadra-se na categoria de riscos puros. Riscos Acidentais Riscos acidentais são os riscos ocorridos sem que tenha havido contribuição voluntária para tal. O desabamento de um prédio, o alagamento de um pátio de estocagem são riscos acidentais. Os riscos a que estão sujeitos os construtores são também riscos acidentais. Para que não haja conflito de interpretação os riscos acidentais podem ser enquadrados dentro das características daqueles decorrentes das atividades normais de uma empresa, gerados acidentalmente. Da mesma forma como nos riscos voluntários, os riscos acidentais também são riscos puros. Riscos Aleatórios Riscos aleatórios são aqueles eventos ocorridos sem a participação humana, tais como: terremotos, tremores de terra naturais, vendavais, furacões, enchentes, inundações. Na 12 linguagem de seguros são considerados os eventos de causa externa. Os riscos aleatórios também são conhecidos como riscos da natureza. A aleatóriedade dos riscos indica que não podem ser previstos. Podem ocorrer a qualquer momento. Hoje em dia, com a evolução da informática, o homem já consegue modelar parâmetros da natureza, com uma margem de erro bastante reduzida. Em nível de condições atmosféricas as análises já indicam uma previsão com até 5 dias de antecedência, com margens de erro inferiores a 10%. Computadores mais poderosos já conseguem aumentar o percentual de Confiabilidade das informações, auxiliando em muito os agricultores em suas tarefas. Isso não quer dizer que os riscos, com essas análises estarão deixando de possuir algumas daquelas particularidades a eles inerentes, quais sejam, a de serem futuros, possíveis, incertos, independentes da vontade das partes, capazes de gerarem perdas ou danos, e de que apresentem danos que possam vir a ser mensurados. Uma segunda classificação define os riscos como: Estáticos Dinâmicos Riscos Dinâmicos São os derivados da atividade financeira especulativa. O risco do sucesso de um lançamento imobiliário é um risco dinâmico, da mesma forma que o lançamento de um novo produto no mercado consumidor. Esses riscos não são sujeitos, normalmente, a um processo de Gerenciamento de Riscos. Até o podem ser. Dentre os fatores que impedem uma avaliação mais criteriosa estão: dependência de fatores externos ao processo, como por exemplo conjunturas econômicas; execução inadequada do projeto ou execução do projeto por empresa ou pessoa que não levou em consideração ou não foi convenientemente informada de parâmetros importantes. Se uma empresa resolve lançar um empreendimento imobiliário em um momento em que o País está em crise ou com falta de liquidez certamente terá dificuldades em vendê-lo. Por outro lado, se o projeto é maravilhoso mas o local não é adequado com certeza o maior impeditivo da venda será o preço cobrado de cada uma das unidades lançadas. 13 Riscos Estáticos São todos aqueles em que a efetivação do evento pode ou deve pressupor uma perda ou uma redução do patrimônio humano ou material da empresa. Um incêndio ou um alagamento são riscos estáticos. A determinação da magnitude ou da gravidade dos riscos estáticos deve ser feita partindo-se dos seguintes dados: • aleatóriedade das ocorrências de perdas; • freqüência das ocorrências; • valores médios das perdas; • valores acumulados de perdas previsíveis e esperadas; • perda máxima possível, e outros dados estatísticos. Na medida em que se define uma freqüência de ocorrências, quantificando-a e se avalia a extensão provável das perdas verificadas tem-se uma real noção da magnitude do risco, de seu tamanho ou expressão. Esse dimensionamento possibilita que se determine o risco, em termos numéricos. Qualquer processo de avaliação de riscos conduz sempre a dados empíricos. Quando se diz que a probabilidade de uma pessoa morrer pela descarga elétrica de um raio é de 0,0000001% não se está afirmando que a cada 1.000.000 de pessoas morrerá uma eletrocutada. Quer dizer que de um universo de pessoas estudadas, o número de mortes por eletrocussão é de 1 para cada 1.000.000. Assim, a freqüência da ocorrência será de 1 para cada 1.000.000, ou 1:1.000.000. Ainda tratando do mesmo exemplo de queda de raio, a medida do risco é dada, principalmente, por dois parâmetros, a saber: # freqüência: # gravidade: um acidente a cada 1.000.000 de pessoas da amostra; uma morte por eletrocussão ou uma morte para cada parcela da população sujeita a risco. No segmento industrial são utilizadas técnicas de Engenharia de Confiabilidade para a mensuração de riscos, complementarmente às várias técnicas de Gerenciamento de Riscos existentes, envolvendo conceitos de Confiabilidade. 14 Modernamente estão sendo disponibilizados continuamente para os especialistas softwares de avaliação de perdas, enfocando os riscos de incêndio e de explosão, bem como programas específicos para análises de poluentes atmosféricos. Os softwares de incêndio, por exemplo, trabalham na determinação da temperatura de flashover, ou seja, a temperatura na qual todas as substâncias existentes em um ambiente entram em combustão no mesmo momento. Trata-se de um momento crítico porque conduz a uma perda total de todo o patrimônio existente no ambiente. Já os softwares de explosão calculam, para ambientes abertos, a intensidade das perdas que poderão vir a ser sofridas pelos bens ao redor da fonte geradora de explosão. Confiabilidade Confiabilidade é a probabilidade de um sistema ou algum de seus componentes vir a desempenhar satisfatoriamente as funções a ele atribuída em projeto, dentro de condições normais de utilização e operação. A não Confiabilidade, ou o insucesso, é denominada de probabilidade de falha. O conjunto de falhas ocorridas em um intervalo de tempo é conhecido como taxa de falha. Normalmente atribui-se à palavra confiabilidade uma quase certeza de que tudo ocorrerá a contento. Por exemplo: tenho a maior confiança de que tudo correrá bem. Ë uma definição quase que intuitiva. Lançam-se mão de estudos de Confiabilidade quando se quer analisar o comportamento de um sistema, com vistas à análise de prevenção de riscos. Os estudos de Confiabilidade também são empregados na elaboração de planejamentos de manutenção preditiva. Confiabilidade (R) pode ser traduzida como a probabilidade de um equipamento, ou de um sistema, desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado e sob determinadas condições. Probabilidade de Falha (Q) representa o inverso da Confiabilidade, ou a não Confiabilidade. Q=1-R ⇔ R=1-Q Para Sistemas de componentes em Série, a Confiabilidade assume a seguinte configuração matemática: 1 2 3 4 5 15 Para : R1 = 0,90 R2 = 0,90 R3 = 0,90 R4 = 0,90 R5 = 0,90 Rt = R1 x R2 x R3 x R4 x R5 = 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 x 0,90 = 0,59 (59%) Se quisermos aumentar a Confiabilidade de sistemas de componentes em série teremos que aumentar a Confiabilidade de cada um de seus componentes, visto que a confiabilidade total é a do conjunto e não a de cada parte desse.. Para Sistemas de componentes em Paralelo, a Confiabilidade assume a seguinte configuração: 1 input output 2 Para: R1 = 0,90 R2 = 0,80 Q1 = 1 - 0,90 = 0,10 } } Qt = Q1 x Q2 = 0,10 x 0,20 = 0,02 Q2 = 1 - 0,80 = 0,20 } Rt = 1 - Qt = 1 - 0,02 = 0,98 (98%) A Confiabilidade total em sistemas em paralelo é maior do que a Confiabilidade de cada um de seus componentes. Aplicada a estudos de Confiabilidade tem-se a Lei Exponencial de Confiabilidade. -λ λt -t/T R = e = e , onde: e = 2,718 λ = taxa de falha (número de falhas por cada hora de operação ou número de operações do sistema) t = tempo de operação T = tempo médio entre falhas T = 1/t Como exemplo numérico do que acabamos de apresentar podemos ter o seguinte: { 4 falhas em 1.000 horas de operação; { λ = 0,004; { T = 250 horas; TMEF = T = 0,25 x 105 horas} t = 1.000 horas } λ = 1/T = 1/ (0,25 x 10 )5 = 4 x 10-5 falhas / hora e = 2,718 } 16 -λ λt - 4x10-5 x 103 R=e =e = 0,9608 (96,08%) Q = 1 - R = 1 - 0,9608 = 0,0392 (3,92%) As técnicas empregadas nos estudos de Confiabilidade podem variar de acordo com os objetivos inicialmente propostos para a análise das situações. Algumas das que poderemos empregar são as seguintes: Check-list O Check List é um método é de caráter geral, com abordagens qualitativas, ou seja, diagnostica situações de riscos a partir de um certo cenário, avaliado por intermédio de perguntas previamente estabelecidas. Por essa razão não deve ser empregado como um único método. Na verdade, trata-se de um relatório elaborado com antecedência, específico para cada sistema, onde são anotados dados que servirão de base para outros métodos. Usualmente é um descritivo do sistema e de suas condições de segurança e operação. O sucesso do emprego de Check-list depende muito das análises posteriores que se seguirão, bem como dos resultados pretendidos. Os relatórios poderão vir a ser extremamente complexos ou ao contrário, abordar somente alguns poucos assuntos. De um modo geral contém um grupo de perguntas básicas que serão formuladas a operadores dos equipamentos, as quais, analisadas juntamente com outros dados, permitirão que sejam traçados perfis aproximados do risco. Por exemplo, iremos supor que se deseja realizar uma palestra a noite, em uma sala de aula. Os requisitos mínimos indispensáveis poderiam ser analisados através do Check List, como se segue: 1. Quais são as condições de limpeza do ambiente? ótima boa regular deficiente 2. Existem canetas para o Quadro de aula? sim não 3. O sistema de ar condicionado está funcionando? sim não 4. Arrumação das cadeiras está de acordo com o planejado? sim não 17 5. Há cadeiras em número suficiente ao de inscritos? sim não 6. O acendimento das luminárias está correto? sim não 7. Existirá uma equipe de manutenção para resolver todos os problemas que poderão surgir? sim não 8. Alguém estará encarregado de acompanhar o palestrante? sim não 9. Houve divulgação suficiente para o evento? sim não 10. Os equipamentos de apoio ao palestrante estão funcionando plenamente? sim não Para que a análise fique completa teremos que verificar o que falta para o evento não ser um fracasso. Assim, se as condições de limpeza não forem boas teremos que limpar a sala. Se não houverem canetas no quadro o palestrante não poderá escrever. Se o ar condicionado não estiver funcionando e for uma época de muito calor haverá o desconforto da platéia. Se as cadeiras não estiverem arrumadas teremos que arrumá-las. Se as luminárias não estiverem acendendo poderá não haver a palestra. E assim por diante. O importante não é a montagem do questionário de verificações, mas sim a sua correta interpretação, que deverá estar compatível com o resultado a que se pretende. Gerentes de Riscos mais experientes costumam montar listas de verificações como forma de direcionar o seu trabalho, evitando que alguma informação mais importante possa vir a ser esquecida durante os trabalhos. Até mesmo os especialistas de grandes empresas não deixam de programar as suas perguntas ou as suas dúvidas. “Preciso verificar essa situação. Não devo me esquecer de perguntar à respeito da última compra efetuada. Será que o equipamento X sofreu uma reforma ultimamente?” Existem sempre algumas questões-chave, para as quais nos preparamos previamente, anotando em nossos blocos de notas ou elaborando um questionário. What-if Trata-se de um método qualitativo, ou seja, um método que permite chegar ao tipo e ao tamanho de risco, muito importante no emprego em discussões de caráter geral acerca de um sistema, e para a abordagem das conseqüências maiores de um acidente. 18 Deve-se sempre separar, em um acidente, as causas das conseqüências. As causas são os fatos geradores os as razões da deflagração do evento. As conseqüências são os resultados. Existem uma série de perguntas clássicas que podem vir a ser feitas, como por exemplo: E se de repente uma pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado? E se a caldeira vier a explodir? E se a pressão da linha de vapor subir muito? O mais interessante da metodologia é que para cada pergunta há várias respostas. Por meio dessas identifica-se o problema e as prováveis soluções. O objetivo do método é o de identificar, através da discussão do tema os problemas mais comuns que possam afetar o bom desempenho do sistema ou de seus componentes. A metodologia trás consigo uma importância maior porque associa causas a conseqüências. Por exemplo: E se a pessoa atravessar a rua com o sinal de pedestres fechado? A causa é o ato em si de atravessar a rua. ë um ato voluntário. A conseqüência é o que poderá ocorrer com esse pedestre. Poderá ser atropelado? poderá vir a cair ao chão? poderá vir a chegar ao outro lado da rua incólume? As respostas que poderão vir a ser fornecidas estabelecerão o padrão de segurança necessário para evitar-se o risco em si. Costuma-se empregar o método juntamente com outros, especialmente o Checklist e a Análise Preliminar de Riscos. Técnica de Incidentes Críticos Trata-se de uma técnica operacional qualitativa, que busca obter informações relevantes acerca de incidentes ocorridos durante determinada fase ou período, relatadas por testemunhas que os vivenciaram. Os incidentes são os quase acidentes, ou os acidentes não geradores de perdas. A metodologia emprega, principalmente, entrevistas com os operadores ou mantenedores dos sistemas sujeitos a estudos. Alternativamente poderá se lançar mão de trabalhos de bancos de dados, onde todos os acidentes ou incidentes foram relacionados por tipo de ocorrência. Na área naval um dos bancos de dados mais requisitados é o WOAD Statistical Report (Statistics on Accidents to Offshore Units Engaged in Oil and Gas Activities). O WOAD Worldwide Offshore Accidente Databank, uma publicação da Det Norske Veritas (DNV) relaciona freqüências de acidentes, a exposição, estatísticas e várias outras informações as quais possibilitam obter dados necessários à interpretação da forma de ocorrência dos mesmos. 19 O incidente é um evento negativo com potencial para provocar danos. Dentre as inúmeras formas de classificação dos incidentes podemos ter o seguinte critério: Classe I Classe II Classe III Classe IV : Aqueles que provocam alterações no planejamento ou na produção. : Aqueles que provocam atrasos no planejamento ou na produção; : Aqueles que provocam paralisações ou o insucesso do planejamento; : Aqueles que afetam a integridade física das pessoas; Algumas perguntas envolvendo equipamentos que sofreram acidentes são clássicas, como as que se seguirão. Ocorre que também aqui não se deve rotular procedimentos. Cada Gerente de Riscos pode buscar obter dados que lhes sejam mais familiares ou que se enquadrem dentro de conceitos já estabelecidos. Como exemplo citamos: ⇒ Que tipo de acidente pode ocorrer com este equipamento? • • • • • • • Como? Em que circunstâncias? Qual foi o resultado? Como foi controlado? Houve uma extensão dos danos a outros equipamentos ou instalações? Quanto tempo durou a paralisação? A reposição das perdas foi imediata? ⇒ Já ocorreu algum tipo de paralisação? • • • • • • • De que ordem? Quanto tempo a máquina ficou parada? Houve parada de produção? Quantos acidentes ocorreram? Em que época? Com que freqüência? Quais foram os tipos de danos verificados e de que ordem? ⇒ Quantas horas os equipamentos ficaram parados? • Qual ou quais foram as razões dessas paralisações? • Como se deu o reinicio das operações? • Quais foram as medidas tomadas durante a paralisação e após o reinicio das atividades? O incidente é importante como dado estatístico porque comprova a existência de falhas operacionais ou de controle, possibilitando a sua imediata reparação. 20 De um modo geral, com as entrevistas com os operadores dos equipamentos conseguem-se obter inúmeras informações elucidatórias dos problemas operacionais mais comuns que tenham ocorrido em um intervalo de tempo estipulado para a análise. A grande questão é que, na maioria das vezes, não se tem uma precisão de dados estatísticos ou matemáticos, principalmente quanto à data dessas ocorrências, visto que a maioria dessas não é registrada adequadamente, ou então as informações fornecidas para o registro não estão completas. A partir daí, monta-se um quadro com os incidentes alocados por tipo de severidade de perda. A técnica tem um emprego bastante difundido quando há uma precariedade de informações no tocante a perdas ocorridas. Ou seja, não há um registro ou esse não é tão confiável, que possa vir a ser empregado em análises matemáticas. A partir daí, em função da quantidade dos incidentes relatados consegue-se fazer uma extrapolação para a obtenção do número de acidentes, que é o objetivo maior. Desta forma, em função dos dados apurados e de sua correlação conseguese obter a razão entre faixas de incidentes. Por exemplo, imaginemos que através de um estudo em uma indústria obteve-se informações relativas a 100 incidentes, ocorridos em um período de 5 anos. Desses 5 foram de gravidade correspondente a 100% do valor dos bens. A análise efetuada conduziu à seguinte apresentação gráfica: 5 40 60 80 100 Na extrapolação feita poderemos ter cerca de 80% dos acidentes com uma gravidade de 60%, cerca de 60% dos acidentes com uma gravidade de 40%, e cerca de 40% dos acidentes com uma gravidade de 20%. Basta termos a quantidade de acidentes registrados para podermos extrapolar os incidentes, por faixas de gravidade de perdas. O mais interessante disso tudo, é que com estes dados determinaremos o custo dos riscos ou o custo das perdas ou o custo dos seguros, bastando apenas que nos seja informada a quantidade de acidentes. 21 Análise Preliminar de Riscos (APR) Trata-se de uma técnica de inspeção desenvolvida com o objetivo de se obter análise superficial dos possíveis riscos, de suas causas, das conseqüências advindas com a materialização desses bem como das medidas corretivas ou preditivas adotadas. Em resumo, a APR visa à identificação de elementos perigosos do sistema, das situações de risco, das falhas potenciais, etc., determinando a gravidade de suas efetivações, normalmente obtidas por meio de simulações. A Análise Preliminar de Riscos procura enquadrar os riscos segundo categorias, definidas de acordo com os efeitos destrutivos que podem vir a ser observados, tabeladas como a seguir: • Desprezível ou +egligenciavel (Classe I) Risco desprezível ou negligenciável é aquele que gera efeitos imperceptíveis, não conduzindo a degradações físicas ou ambientais que não sejam facilmente recompostas. Normalmente essa categoria de riscos é perfeitamente absorvida pela empresa, juntamente com os custos de manutenção ou revisão; • Marginal ou Limítrofe (Classe II) Risco marginal ou limítrofe é o que gera ocorrências moderadas, controláveis, necessitando porém de ações saneadoras a médio prazo. São riscos que podem surpreender em termos de perdas. Usualmente as perdas estão associadas às conseqüências dos eventos; • Crítica (Classe III) Ocorrência crítica é aquela que afeta substancialmente o meio ambiente, o patrimônio ou pessoas, necessitando de ações corretivas imediatas. Esse tipo de perda é tratada através do repasse a uma Seguradora; • Catastróficas (Classe IV) Ocorrência catastrófica é normalmente geradora de efeitos irreversíveis, afetando pessoas, sistemas, patrimônios ou ambientes. Quase todos os Gerentes de Risco recomendam, como técnica de tratamento de riscos o afastamento, ou seja, a empresa deve renunciar a essa atividade. A APR é uma técnica qualitativa, não permitindo mensuração matemática do risco. Exemplo 1 - se uma bomba de São João fosse atirada no meio de uma rua poderia ser enquadrada como uma ocorrência desprezível. Atirada próxima a uma pessoa já teria efeito 22 marginal. Se atingisse o seu ouvido poderia ser classificada como crítica ou catastrófica, dependendo das extensões dos danos. Exemplo 2 - citamos o emprego de maçarico de solda e corte, seguramente um dos equipamentos com elevado potencial de geração de perdas. Os fatos iniciadores de perdas seriam: inaptidão do operador; falha de manutenção do equipamento; defeitos de fabricação e outros mais. As conseqüências dos acidentes seriam: queimaduras; princípios de incêndio; soldaduras ou cortes inadequados; danos materiais aos produtos manuseados. As medidas corretivas poderiam ir desde o treinamento do operador até uma melhor manutenção do equipamento. Um modelo de relatório de Análise Preliminar de Riscos de uma situação bem simples é apresentado a seguir. Observe-se que a maior preocupação é a de associar-se as causas às suas conseqüências. No modelo exemplificamos com a atividade de desenho com grafite sobre um papel, não importando de que tipo. O modelo é o seguinte: A+ÁLISE PRELIMI+AR DE RISCOS Identificação: Elaboração de um desenho com o emprego de lapiseira Subsistema : Grafite RISCO CAUSA EFEITO CAT. MEDIDAS PREVE+TIVAS RISCO Rasgo no Emprego papel de Papel rasgado e III grafite muito duro Borrão Emprego no grafite desenho macio Empregar um grafite mais desenho macio ou um papel mais inutilizado resistente de Desenho borrado III muito e papel manchado Empregar um grafite menos macio ou um papel mais liso Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) A AMFE é um método de análise detalhada, gerando resultados qualitativos e quantitativos, ou seja, identifica o risco ao mesmo tempo em que o mensura. A AMFE permite a análise das falhas dos equipamentos, dos componentes e dos sistemas com estimativas de freqüência de ocorrências (taxa de falhas) e a determinação dos efeitos ou conseqüências dessas mesmas falhas. A técnica, também conhecida como FMEA - Failure Modes and Effects Analysis, consiste em se estudar o sistema por partes, em conjuntos ou subconjuntos, sob a forma de diagramas de bloco, analisando não só as ocorrências isoladamente como também a interpelação existente entre essas e os demais subconjuntos. 23 Dessa análise particularizada obtém-se: revisão dos modos de falha de cada componente; efeitos que tais falhas terão sobre outros componentes que, ao falhar gerarão danos a todo o sistema. Como resultado final tem-se o calculo de probabilidade das falhas do sistema, gerado a partir das falhas de seus componentes. Logicamente, através desses estudos determinam-se as alternativas de redução das probabilidades de falha. Cada falha observada deve ser analisada separadamente como se fosse um evento independente, sem qualquer relação com os demais, exceto no que diz respeito às suas conseqüências que poderão ser as mesmas. A FMEA é por demais eficiente quando aplicada a sistemas simples. Para os casos mais complexos associa-se à FMEA um estudo de Análise de Árvores de Falha. Também costuma-se associar a um estudo de criticidade denominado de FMECA - Failure Modes and Effects and Criticality Analysis. Nesse caso, atribui-se para cada modo de falha uma classe de gravidade ou severidade. No conjunto estudado tem-se a taxa do risco ou o custo do risco, informação muito importante para a avaliação dos programas de transferência ou manutenção dos riscos. As classes de gravidade são as mesmas adotadas no método de Análise Preliminar de Riscos, ou seja, vão crescendo à medida em que a severidade das perdas vai aumentando. A pior situação é aquela que envolve vidas humanas. Outro ponto também interessante é que avalia-se a perda de um ponto menor para um maior, ou seja, de um subsistema para um sistema, e desse para uma unidade e daí para toda a empresa: Classe I : Falha resultando em excessiva manutenção do sistema; Classe II : Falha resultando potencial atraso ou perda de disponibilidade imediata; Classe III : Falha resultando potencial ameaça ao sistema ou às pessoas; Classe IV : Falha resultando potencial perda do sistema e/ou de vidas humanas; Especialmente em plantas industriais complexas, com grande número de subsistemas interagindo, emprega-se o método preliminar de HAZOP - Hazards and Operability Study. A seguir, apresentamos um modelo bem simples de uma FMEA, tendo como área de análise uma unidade de carbonatação de uma indústria química de produção de barrilha, matéria prima para a produção do vidro. Para essa FMEA, ou AMFE, tomamos como origem do problema uma disfunção elétrica em um painel de alimentação elétrica de um compressor de gás carbônico, de uma unidade de carbonatação. Através da análise discute-se a tipo de falha, as razões de tal falha 24 e o que estará conjugado a essa, ou seja, as conseqüências da paralisação do painel. O modelo é o que se segue: FMEA - U+IDADE DE CARBO+ATAÇÃO Descri Fase ção Operaç ão normal Painel de alime ntação elétric a PUE 8 Função Modo Falha de Causa Controla Desligame Vasamento o nto do de corrente funciona painel mento do compress or de CO2 Falha acidental Atuação da proteção Efeitos Próximo nível Desligamen to do compressor Atuação da proteção Desligamen Parada to do da compressor unidade Local Sistema Parada da unidade Método detecão falha Visual painel controle de Medidas de Classe Compensa tórias no 2 Revisão dos de dispositivos de proteção Revisão dos dispositivos de proteção Visual no 2 painel de controle Supervisão Não há for Parada da Parada necimento unidade da de energia fábrica Supervisão, 3 controle e manutenção Controle Curto circui Não há Parada da Parada to fornecime unidade da n to de fábrica energia Revisão dos 3 dispositivos de proteção Desligamen to proposital Análise de Árvore de Falha (FTA) A Análise de Árvore de Falha é dos métodos de Confiabilidade de Sistemas o mais conhecido. A AAF, também conhecida como FTA - Failure Tree Analysis, foi desenvolvida nos Estados Unidos na década de 60, com o objetivo de estudar o comportamento de mísseis balísticos intercontinentais. Esses mísseis representavam um alto custo unitário, de milhões de dólares e um elevado risco potencial, não só durante a armazenagem e transporte como também no lançamento. Os graus de acerto tinham de ser da ordem de 100%. Afora esse fato, durante a montagem da arma encontravam-se envolvidas centenas de empresas de todos os tamanhos, fabricando desde simples arruelas até complexos sistemas de direção de vôo. As probabilidades de perdas materiais eram enormes. Assim sendo, partindo-se de um raciocínio lógico da ocorrência de um evento indesejável, ou evento de topo, desenvolveu-se uma metodologia interativa, com o fim de se descobrir qual ou quais as falhas que, atuando em conjunto ou isoladamente poderiam gerar o evento não desejado. Com o objetivo de se ilustrar melhor a metodologia buscaremos um exemplo bem simples, qual seja: haverá uma palestra à noite em um auditório, bastante importante, com a presença de pessoas ilustres. O evento negativo seria aquele que inviabilizasse o encontro. Dentre esses escolhemos a falta de luz no auditório. 25 A montagem da árvore de falhas obedece quase sempre a mesma seqüência. Uma seqüência de algumas etapas pode ter uma forma como a apresentada a seguir: (1) ⇐ (2) evento topo (3) eventos conseqüentes (4) (8) (5) (6) (9) (10) (11) (12) (13) (14) (16) (1) : Falta de luz (2) : Falha do interruptor (3) : Falha de suprimento (4) : Interruptor com defeito (5) : Interruptor desligado (6) : Falta de fornecimento (7) : Acidentes com a linha de transmissão (8) : Defeito de fabricação (9) : Quebra de componentes (10) : Desligamento acidental (11) : Desligamento proposital (12) : Desligamento da rede por diferença de tensão (13) : Desligamento da subestação (14) : Acidentes com queda de linha (15) : Acidentes com quedas de posteamento ou equipamento (16) : Falha de componentes (17) : Falha de processo (18) : Quebra acidental (7) (15) (31) ...... (31) : Choque acidental com veículos 26 A continuação da árvore poderia conduzir a problemas envolvendo até à falha do interruptor, provocada por um componente defeituoso, ou até um simples acidente com a linha aérea externa dos condutores de energia elétrica. Para cada um dos eventos determinados chega-se a uma taxa de falha ou a uma probabilidade de falha, vista no tópico de Confiabilidade. Através da Álgebra Booleana se verifica a correlação entre esses vários eventos, resultando na probabilidade de ocorrência do conjunto. Caso as probabilidades seja muito grandes pode-se pensar em sistemas alternativos que garantam o fornecimento de energia elétrica (redundância de sistemas ou sistemas em paralelo). Ocorrendo o inverso, qual seja, probabilidade muito baixa, pode-se correr riscos. Na avaliação quantitativa considera-se a probabilidade do evento ocorrer de forma isolada, quando então emprega-se a comporta “E”, ou a possibilidade do evento ocorrer concomitantemente com outro, empregando-se a comporta “OU”. Na análise da probabilidade de falha, para cada caminho crítico determinado opera-se matematicamente, as probabilidades de falha, somadas, se a comporta for “OU”, e multiplicadas entre si, se as comportas forem “E”. O interessante dessa análise é a de entender que um evento nunca ocorre isoladamente. Hoje fala-se muito em Teoria do Queijo Suiço, da Teoria dos Dominós, e outras, que são, na verdade, visões ampliadas ou personalizadas da análise. Outros Métodos (softwares) - Bibliografia Sugerida Existem vários softwares disponíveis à venda, preparados por empresas especializadas. Além desses existem aqueles que são empregados por empresas de seguros e de resseguros, para análises específicas, voltadas a um determinado tema. Alguns dos programas são os descritos a seguir: • STATLIB - Cálculo de funções de probabilidade binomial, Poisson e Hipergeométrica, Análise de Múltipla Variância, Testes de Bartiett, Geração de conjuntos de Números Rondômicos para Monte Carlo, etc.. • STATPAC - Cálculo de freqüências, estatísticas, tabulação, tabelas de cruzamento, correlação e regressão. • SUPER CODE SYSTEM - Criação e edição de Árvore de Eventos e Arquivos de Probabilidade. 27 • SURTEC (módulos FMAP, TGR, FTA) - Adotado na realização de FMEA/FMECA, elabora e edita AAF, define eventos externos e realiza simulações pelo Método de Monte Carlo. • TECJET - Modulagem de escapamento com jato contínuo. • WHAZAN - Programa para riscos de natureza química e riscos potenciais de materiais tóxicos e/ou inflamáveis. Empregado em dispersão de gases, vazamentos de líquidos ou gases, radiação térmica de incêndio, jatos ou bolas de fogo, deslocamentos de ar por explosão, dispersão por nuvens de gás. • Outros programas - SCHE, MOCUS, BACFIRE, SAMPLE, HEUR, MARKOV, RELICS, BATEX, CANONE e outros. Os métodos anteriormente descritos geram análises qualitativas e quantitativas, através do emprego de simulações computacionais e emprego de banco de dados de acidentes. As questões mais comumente envolvidas nas análises são: • que tipo de risco pode ocorrer? • qual a sua freqüência? • Qual o dano mais comum? A partir dessa fase têm-se condições de conhecer a taxa do risco ou o custo do mesmo, visto ser essa produto de uma freqüência de ocorrências (f) por uma severidade de perdas ou gravidade (g). O resultado é o que se segue: tr = f x g No momento que se quantificam as perdas em unidades monetárias tem-se condições de saber quanto custaria cada evento, se ocorrido, e além disso, se a perda poderia ser assimilável pela empresa, dentro de programas normais de financiamento de riscos. É importante salientar que um evento, quando materializado, nunca traz consigo somente um tipo de perda. Associado a essa poderão existi outras do tipo: • • • • • • • perda material ou de insumos para a produção; perda de produção; perda financeira; perda pessoal; perda de imagem; perda de mercado; responsabilidades civis, etc. Exemplo 3 - quando um funcionário apaga um princípio de incêndio com um simples extintor, de conseqüências primárias, tem-se que agregar ao custo do material que pegou fogo outros custos do tipo: 28 # custo da recarga do extintor; # custo de homem/hora empregado na extinção; # perda de tempo de produção medida momentos anteriores à extinção até ao restabelecimento normal das atividades; # custo com a divulgação do acidente e do treinamento dos funcionários; # custo com a análise do acidente; # restauração do ambiente, incluindo a limpeza da área. Até agora vimos que: →os riscos existem e que precisam ser controlados, avaliados e quantificados. →os métodos empregados nessa avaliação, bem como que essa pode ser quantitativa ou qualitativa. →o custo do risco não deve ser mensurado somente pelos seus efeitos mais imediatos, agregandose a esses custos outros mais, incorridos em função da ocorrência do evento. Conclusão A Análise de riscos, também conhecida como Gestão de Riscos, apesar de Análise ser um processo de identificação e a Gestão ser outro processo associado à Administração, com fins preventivos, deve ser desenvolvida com o emprego de técnica associadas, técnicas essas que sejam de conhecimento geral, pois que, cada profissional têm uma visão própria dos riscos, que difere da visão de qualquer outro profissional, mesmo que ambos tenham a mesma formação, isso porque, influencia nos níveis de percepção as experiências anteriores, associadas aos problemas pelos quais passaram e as soluções dadas. Passa a ser interessante observar que dois engenheiros civis trabalhando durante um mesmo período de tempo, porém em atividades distintas e em empresas distintas podem apresentar níveis de percepções distintos e também distintos entendimentos sobre as mesmas questões. Enquanto que para um uma questão é problemática para o outro talvez não o seja. Desta maneira, ao padronizarem-se os processos de identificação e de utilizarem-se metodologias idênticas reduz-se essas diferenças de percepção. Em uma etapa seguinte, com o auxílio da matemática e da estatística pode-se fazer as correlações ou regressões, de modo que os resultados das análises possam se aproximar mais. E por que essa questão é tão importante assim? É porque somente após o conhecimento do risco e do seu modo de falha, juntamente com a periodicidade e gravidade tem-se condições de prever a extensão de perdas. Idêntica visão pode ser aplicada não só na área de seguros, para a definição das taxas de riscos, como também na manutenção, para se prever os custos do processo, na elaboração 29 de projetos e no planejamento de atividades ou na operação e unidades fabris, ou seja, passa-se a trabalhar com a segurança industrial, quando então todas as metodologias e processos passam a orbitar a questão maior que é o da operação segura de unidades, entendendo-se como tal não só aquela eficiente, como também aquela onde os riscos e ou as perdas sejam humanas ou materiais passam a ser desprezíveis ou inexistentes. Essa talvez seja a visão ótima do processo, onde o Risco passa a ser Zero, onde os desperdícios deixam de existir e os trabalhadores, capacitados, trabalham em um nível tal que podem não ter supervisões. Assim, estaremos em um degrau maior da escada de subida de valores de uma empresa, com cada um de seus componentes sabendo exatamente o que fazer, como fazer e de que modo fazer, Bibliografia sugerida • CEA - Modèle European devaluation des risques industriels et commerciaux • Cluzel & Sarrat - Evaluation du risque dincendie par le calcul - Eric - França • Costa, José de Jesus da Serra - Probabilidades e Processos Estocásticos - Matemática Aplicada Editora Vozes Ltda.. • Dow Chemical Hazzard Classification and protection guide • Fernandez, Pedro J. - Introdução à teoria das Probabilidades - IMPA - Elementos de Matemática - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.. • Fire Protection Handbook – NFPA • G. Purt - The evaluation of fire risk as for the planning of automatical fire protection EURALARM • Life Safety Code n 101 - NFPA • M. Gretener - Determination des mesures de protection decoulant de evaluation du danger potenciel d’incendie - SPI - Suíça • Monteiro, J.H.Jacy - Elementos de Álgebra - IMPA - Elementos de Matemática - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.. • NAVARRO, A.F.A. Risk Perception and its influence on reducing work-related accidents.RBRS International (versão publicada internacionalmente da Escola Nacional de Seguros), ISSN-1981-6693, v.4, n. 4, PP 71-100, Rio de Janeiro, ano 2011 • NAVARRO, A.F.A. & AMORIM, P.A.P.. Caderno de Exercícios de Seguros de Riscos de Engenharia, Fundação Escola +acional de Seguros, revisão e atualização técnica, 2ª Ed. Revista e Atualizada, ISBN-85-7052-108-1, Rio de Janeiro, 187pp, fev/1995. • NAVARRO, A.F.A. ; LOPES, T.L.E.M.; GILS, J.P.A.; ALMEIDA, A.O.; AMORIM, P.A.P.. Seguros de Riscos de Engenharia, Fundação Escola +acional de Seguros, revisão e atualização técnica, 2ª Ed. 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A gerência de riscos aplicada a riscos industriais – Revista Cadernos de Seguro ISS+ 0101-5818, Ano VII, nº 40, mai/jun, pp 09-22 – 1988 • NAVARRO, A.F.A.. A importância de dados estatísticos na Segurança Industrial - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454- Ano XV - nº 739 - 1983 • NAVARRO, A.F.A.. A normalização e o seguro – Parte I - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454 - Ano XVI - nº 799 - 1985 • NAVARRO, A.F.A.. A normalização e o seguro – Parte II - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454 - Ano XVI - nº 807 - 1985 • NAVARRO, A.F.A.. A normalização e o seguro – Parte III - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454 - Ano XVI - nº 808 - 1985 • NAVARRO, A.F.A.. A percepção de risco e o meio ambiente, Revista Cadernos de Seguro ISS+ 0101-5818, Ano XXVIII, nº 148, pp22-34, mai/2008 • NAVARRO, A.F.A.. 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Casos Fortuitos: Explosão – Incêndio Parte I, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano IV, nº 23, jul/ago, pp5-6, 1985 • NAVARRO, A.F.A.. Casos Fortuitos: Furacão, Vendaval, Incêndio Parte III, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano IV, nº 25, nov/dez, pp8-10, 1985 • NAVARRO, A.F.A.. Casos Fortuitos: O seguro e os riscos do construtor Parte VI, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano V, nº 28, mai/jun, pp26-29, 1986 • NAVARRO, A.F.A.. Casos Fortuitos: Transporte rodoviário de produtos perigosos Parte V, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano V, nº 27, mar/abr, pp21-26, 1986 • NAVARRO, A.F.A.. Critérios de avaliação de obras de terra Parte I, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano VI, nº 36, set/out, pp07-16, 1987 • NAVARRO, A.F.A.. Elaboração de roteiros para a realização de inspeções a equipamentos de incêndio - parte I - Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano VII, nº 41, jul/ago, pp13-21 – 1988 • NAVARRO, A.F.A.. Elaboração de roteiros para a realização de inspeções a equipamentos de incêndio - parte II - Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano VII, nº 43, nov/dez, pp21-33 – 1988 • NAVARRO, A.F.A.. Equipamentos de Combate a Incêndios - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454 - Ano XVI - nº 776 – 1984 • NAVARRO, A.F.A.. Explosão - Revista FUNENSEG ISS+ 0019-0446 nº 23 - 1985 • NAVARRO, A.F.A.. Fogo - Boletim Informativo FENASEG ISS+ - 1984-0454 - Ano XVI - nº 791 - 1984 • NAVARRO, A.F.A.. Furacão/Vendaval - Revista FUNENSEG ISS+ - 1984-0454 nº 25 - 1985 • NAVARRO, A.F.A.. Gerência de Riscos - Prevendo o Imprevisível - Revista de Seguros ISS+ 1413-4969, nº 759, Ano 65, pp06-07, abr/1985 31 • NAVARRO, A.F.A.. Gerência de Riscos - Trabalhando com Qualidade - A Previdência Seguros ISS+ 1677-7042, Ano 53, nº 497,pp28-29, 1991 • NAVARRO, A.F.A.. O efeito do dano máximo provável sobre o seguro - utilização de softwares específicos - Revista FUNENSEG ISSN 0101-5818, nº 78, Rio de Janeiro, 1995 • NAVARRO, A.F.A.. O efeito do dano máximo provável sobre o seguro - utilização de softwares específicos, Cadernos de Seguros ISS+ 0101-5818, Ano XIII, nº 78, mar/abr, pp21-29, 1995 • NAVARRO, A.F.A.. Segurança Industrial – A importância do conhecimento de seus conceitos Boletim Informativo FENASEG - ISSN 0101-5818, Ano XVI - nº 785 – 1984 • NAVARRO, A.F.A.. Seguros na Engenharia – Revista Engenharia e Construção ISS+ 21790728. – nº 21 – 1998 • NAVARRO, A.F.A.. Sub-avaliação de riscos - Boletim Informativo FENASEG, ISSN 01015818 – Ano XVII - nº 813 – 1985 • NAVARRO, A.F.A.. Técnicas de avaliação de riscos - parte I – Cadernos de Seguros, 01015818, Ano XI, nº 61, abr/mai, pp09-14, 1992 • NAVARRO, A.F.A.. Técnicas de avaliação de riscos - parte II - Cadernos de Seguros, 01015818, Ano XI, nº 64, out/nov, pp13-19, 1992 • NAVARRO, A.F.A.. Técnicas de avaliação de riscos - parte III - Cadernos de Seguros, 01015818, Ano XII, nº 66, fev/mar, pp16-22, 1993 • NAVARRO, A.F.A.. Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos - Revista FUNENSEG ISSN 0101-5818, nº 27 – 1986 • Navarro, Antonio Fernando - Auto Seguro - Técnicas Modernas de Avaliação de Riscos Revista FUNENSEG nº 26 – 1986 • Navarro, Antonio Fernando - Gerência de Riscos - Prevendo o Imprevisível - Revista de Seguros nº 759- 1985 • Outros programas - SCHE, MOCUS, BACFIRE, SAMPLE, HEUR, MARKOV, RELICS, BATEX, CANONE e outros. • STATLIB - Cálculo de funções de probabilidade binomial, Poisson e Hipergeométrica, Análise de Múltipla Variância, Testes de Bartiett, Geração de conjuntos de Números Rondômicos para Monte Carlo, etc.. • STATPAC - Cálculo de freqüências, estatísticas, tabulação, tabelas de cruzamento, correlação e regressão. • SUPER CODE SYSTEM - Criação e edição de Árvore de Eventos e Arquivos de Probabilidade. • SURTEC (módulos FMAP, TGR, FTA) - Adotado na realização de FMEA/FMECA, elabora e edita AAF, define eventos externos e realiza simulações pelo Método de Monte Carlo. • TECJET - Modulagem de escapamento com jato contínuo. • WHAZAN - Programa para riscos de natureza química e riscos potenciais de materiais tóxicos e/ou inflamáveis. Empregado em dispersão de gases, vazamentos de líquidos ou gases, radiação térmica de incêndio, jatos ou bolas de fogo, deslocamentos de ar por explosão, dispersão por nuvens de gás. 32