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Análise De Projeto Mais Sustentável Para Habitações De Interesse Social Do...

Este artigo apresenta uma análise de projeto mais sustentável para habitações de interesse social do programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Cuiabá-MT, para tal, as alternativas e técnicas pesquisadas levaram em consideração os aspectos climáticos, sociais e econômicos da região envolvida. Mediante a aplicação de questionário à população assistida pelo programa em questão, o desconforto térmico no interior das casas foi apontado como o principal motivo pelo descontentamento dos moradores. A partir dessas informações,...

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ANÁLISE DE PROJETO MAIS SUSTENTÁVEL PARA HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM CUIABÁ-MT Isabella Falcão da Silva Campos – isabellafalcã[email protected] Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Engenharia Civil Av. Julino Costa Marques, 369 – Jd. Aclimação 78053-253 – Cuiabá – Mato Grosso Laís Borges Rizental– [email protected] Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Engenharia Civil Rua Dom Luis de Castro Pereira, 314 – Cidade Alta 78030-375 – Cuiabá – Mato Grosso Resumo: Este artigo apresenta uma análise de projeto mais sustentável para habitações de interesse social do programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Cuiabá-MT, para tal, as alternativas e técnicas pesquisadas levaram em consideração os aspectos climáticos, sociais e econômicos da região envolvida. Mediante a aplicação de questionário à população assistida pelo programa em questão, o desconforto térmico no interior das casas foi apontado como o principal motivo pelo descontentamento dos moradores. A partir dessas informações, alternativas mais sustentáveis como a substituição da alvenaria convencional pela alvenaria em blocos de adobe, utilização de camada vegetal e cores reflexivas nas paredes externas foram estudadas, de modo que constituam possíveis implementações para os futuros projetos do Programa Minha Casa Minha Vida. Palavras-chave: Sustentabilidade, Desconforto Térmico , "Minha Casa Minha Vida" Abstract: This article presents a more sustainable project analysis for the social habitation program 'Minha Casa Minha Vida' in Cuiabá-MT, and for that, the alternatives and techniques on research consider the weather and climate factors, besides the social and economics situation of the region. Through the application of a questionary to the people who has been reached by the program, thermal discomfort inside the houses was pointed as the main reason for their unsatisfaction. From these informations, more sustainable solutions were under study, like the replacing of the conventional brickwork for adobe blocks, utilization of a vegetal layer and reflective colors on the external walls, so, it represents a future possibilities of implements for the project 'Minha Casa Minha Vida'. Key-words: Sustainability, Thermal discomfort, "Minha Casa Minha Vida" 1. INTRODUÇÃO Imersos em um mundo, onde o crescimento exacerbado e desordenado das cidades substitui o real desenvolvimento urbano, as questões sustentáveis vêm, explicitamente, ganhando espaço nos cenários sociais e políticos. Dessa forma, a atual busca por novas alternativas de baixo impacto ambiental, que promovam o equilíbrio entre o meio ambiente, negócios e sociedade, faz-se cada vez mais frequente e inevitável. Este trabalho de pesquisa tem por objetivo analisar projetos mais sustentáveis para habitações de interesse social do programa Minha Casa Minha Vida em Cuiabá. Dessa forma, o público alvo a que o trabalho é destinado são as famílias de renda bruta de até R$ 5.000 mensais e subsidiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida. O estudo em questão faz-se relevante, pois permite o aperfeiçoamento do desempenho ambiental das edificações em estudo, além de possibilitar a associação entre as novas técnicas e alternativas mais sustentáveis e o crescente desenvolvimento do programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Cuiabá. O problema da pesquisa é "Como adaptar os projetos habitacionais tradicionais do programa Minha Casa Minha Vida à necessidade iminente do uso de técnicas construtivas sustentáveis, de modo que não haja custo adicional no orçamento final que impeça a sua implementação?". Os dados que serviram de base para a elaboração do trabalho foram coletados por meio de questionário aplicado no Residencial Morro do Santo Antônio em Cuiabá. Os resultados obtidos foram os esperados e as conclusões definitivamente satisfatórias. 2. JUSTIFICATIVA - De acordo com Sattler (2009) "o tema sustentabilidade pode ser considerado como relativamente novo para estudantes de arquitetura e engenharia, no Brasil, e mesmo no exterior". - A construção civil consome até 75% dos recursos naturais extraídos, essa forma, causa grande impacto no meio ambiente e uma grande parcela destes recursos é destinada ao setor habitacional. - A necessidade de implementar novas alternativas, técnicas e adaptações aos projetos convencionais do programa Minha Casa Minha Vida que auxiliem na formulação de projetos com melhor desempenho ambiental, tão imprescindível para a população cuiabana que sofre com elevadas temperaturas diariamente. - O cenário atual brasileiro apresenta grandes problemas em associar o enorme déficit habitacional com a crescente demanda habitacional. A falta de regulamentações e diretrizes que promovam menores gastos de recursos naturais e um melhor desempenho das edificações acaba como motivação para o fortalecimento dos conceitos de sustentabilidade e as posteriores melhorias na qualidade de vida da população e na busca por cidades mais sustentáveis. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Sustentabilidade O termo sustentabilidade começou a ganhar espaço por volta de 1979, durante um Simpósio das Nações Unidas sobre Inter-relação de Recursos Ambientais e Desenvolvimento, que aconteceu em Estocolmo. Devido ao crescimento econômico e as politicas expansionistas internacionais a preocupação por manter em constância a matéria-prima foi o estopim para uma conscientização sobre a necessidade de cuidar dos recursos naturais do planeta. Surge então o termo sustentabilidade que relaciona essa necessidade de crescimento econômico com o "uso" consciente do meio ambiente. "Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades" (BRUNDTLAND, 1991). Neste mesmo contexto, Sattler (2009) define sociedade sustentável como aquela que é sábia por não colocar em risco seus sistemas de suporte, para tal, é necessário que três condições sejam atendidas, sendo elas, a taxa de uso de recursos renováveis não deve sobrepor-se às taxas de regeneração, as taxas de uso de recursos não-renováveis não podem ultrapassar as taxas de desenvolvimento dos recursos renováveis sustentáveis substitutos e por fim, a taxa de poluentes emitidos não deve exceder a absorção do meio ambiente. De acordo com o mesmo autor, o conceito de sustentabilidade ainda é considerado novo para os alunos de engenharia civil e arquitetura do país. 3.2 Pesquisas e projetos relevantes Com o intuito de modificar o cenário atual do Brasil, algumas iniciativas em andamento podem ser verificadas, o projeto Alvorada, implantado em 1997, visava desenvolver pesquisas e testar alternativas tecnológicas sustentáveis e de baixo custo em casas populares na cidade de Alvorada no Rio Grande do Sul, que além de preservar o meio ambiente, proporcionava bem-estar e conforto os seus respectivos moradores. Na figura 02, pode-se observar a fachada do protótipo Casa Alvorada. Figura 02 – Fachada principal (Norte) do Protótipo Casa Alvorada Recentemente, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), através do "Habitação para Todos" - Concurso Público Nacional de Arquitetura para Tipologias de Habitação de Interesse Social, seleciona os melhores projetos que aliam sustentabilidade e acesso universal à moradia. Em 2012, o projeto vencedor, caracterizava-se como um projeto de 53 metros quadrados sustentável e econômico, cujo o valor de R$ 1088,51 por metro quadrado não ultrapassa o índice A&C de abril de 2011 para construções de padrão simples na região Sudeste. O projeto continha interessantes alternativas que possibilitavam melhor desempenho ambiental da edificação. Para favorecer a circulação de ar dentro da casa, os projetistas utilizaram- se de aberturas na parte superior da parede correspondente à fachada, assim como fizeram uso de muros e portas vazadas que não bloqueassem a passagem de ar, reduzindo o desconforto térmico dentro da residência. Outros fatores determinantes para a diminuição do calor interno da casa, foram a utilização de cobertura reflexiva, que minimiza a absorção do calor proveniente do sol, e o uso de telhado verde que impede a incidência direta dos raios solares sobre casa. O projeto inclui também, o uso de energia limpa por meio de coletores solares localizados na torre que guarda a caixa- d`água, fundação do tipo radier que adapta-se a solos firmes, estrutura composta de blocos de concreto autoportantes que dispensam pilares e vigas, pintura mineral à base de cal e silicato de potássio, esquadrias fabricadas sob medida usando-se ferro ou alumínio com pintura eletrostática. A figura 03 corresponde ao projeto vencedor do concurso de 2012 da CDHU. Figura 03: Esquema do projeto vencedor do concurso da CDHU de 2012 3.3 Adobe como alvenaria Outra relevante alternativa para obter-se um projeto sustentável e de fato econômico, é a substituição da alvenaria tradicional pela alvenaria de blocos de adobe. Segundo Galvão (s.d.), "O adobe foi o primeiro material a ser trabalhado dentro dos princípios de modulação, isto é, elemento componente pré-manufaturado, passível de estocagem e posterior montagem na edificação do abrigo-arquitetura". De acordo com Savaio (2010), comparado aos materiais convencionais de alvenaria, o adobe é relativamente barato e possui baixo impacto ambiental. A fácil disponibilidade deste respectivo material representa uma considerável vantagem na introdução dele à alvenaria.. Segundo Galvão (s.d.) "o adobe enquanto elemento estrutural, se produzido dentro de condições mínimas de conhecimento, empírico de suas propriedades físico-químicas, é um material de boa resistência [...]". Apesar do adobe possuir qualidades estruturais apreciáveis, ainda há muito preconceito em relação a sua utilização como material estrutural. Porém, a resistência deste material pode ser confirmada pelas construções antigas à base de adobe que perduram até os dias atuais, como é o caso do Seminário da Conceição em Cuiabá, construído em 1870. Outro exemplo está localizado no Sítio Arqueológico Cajarmaquilla no Peru, onde ruínas de pelo menos mil anos antes da chegada dos espanhóis constituiu uma verdadeira cidade edificada com adobe. No Brasil, algumas iniciativas à respeito da substituição da alvenaria convencional por adobe já podem ser verificadas. Pesquisas como o do desenvolvimento de um protótipo habitacional de fardos de palha e adobe na cidade de Sentinela do Sul, Rio Grande do Sul, realizada por Ingrid Pontes Barata Bohadana e Miguel Aloysio Sattler, concretizam a possibilidade de desenvolver projetos de baixo custo por meio da utilização de materiais naturais locais. Segundo os autores Bohadana e Sattler (2006), as propostas da pesquisa em questão foram a utilização de materiais renováveis, o uso de materiais que requeressem mínimo processamento, energia e transporte e a utilização de materiais saudáveis e naturais que não agredissem o meio ambiente durante a produção, instalação e uso das edificações. Dessa forma, o adobe caracteriza-se como uma interessante alternativa já que em termos de energia, faz-se possível o uso da terra do próprio terreno, produto das escavações das fundações, impactando no orçamento final da obra. Em relação à saudabilidade da edificação, além de evitar a emissão de substâncias tóxicas ao meio, como o monóxido de carbono proveniente da queima do tijolo tradicional; quando a construção não for mais utilizada, os materiais naturais constituintes da alvenaria podem ser facilmente reciclados ou podem ser reintegrados naturalmente à terra. Seguindo o mesmo raciocínio: A energia empregada na produção do adobe é quase nula e a mão de obra necessária não precisa ser especializada, o que torna, portanto, essa técnica bastante acessível e de elevada economia construtiva, deste ponto de vista, altamente sustentável. (RUFO, 2010: 42) É importante também ressaltar que Rufo (2010) pontua a característica termo-acústica deste tipo de construção. Por apresentar propriedades higrotérmicas, contribuem com a regulação do conforto térmico, mantendo a temperatura dos ambientes sempre balanceada. Sendo assim, durante o inverno, o adobe retêm o calor dentro da casa, enquanto que no verão, o calor fica retido fora da residência. 3.4 Influência da vegetação e das cores externas De acordo com os autores Oliveira e Ribas (1995), a vegetação em suas diferentes formas (cobertura vegetal ou área verde) também influencia diretamente no controle da qualidade ambiental de uma edificação, seja no conforto térmico, acústico ou luminoso. A colocação correta da vegetação permite a absorção solar e o esfriamento do ar que penetra na residência, além de impedir a incidência direta dos raios solares contra as paredes da casa. O desempenho térmico das residências pode ser fortemente influenciado também pela cor externa que reveste a fachada da casa. Os efeitos de ganho de calor solar em função da refletância das superfícies externas da edificação podem ser verificados através de uma análise espectrofotométrica, método que além de fornecer a refletância total de cada uma das cores à radiação solar, fornece também as porcentagens individuais para cada cor. Dessa forma, as cores consideradas mais escuras, apresentam refletância menor do que as outras mais claras, ou seja, possuem maior tendência em absorver a radiação proveniente do sol, devido a baixa refletância na região do infravermelho próximo (CASTRO et al, 2003 ) 4. METODOLOGIA(método e materiais,local) 4.1. Ambiente da pesquisa Este projeto está inserido na cidade de Cuiabá localizada no estado de Mato Grosso, que segundo estimativa de população realizada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corresponde a uma população de 561 329 habitantes. A pesquisa envolve as famílias com renda bruta de até R$ 5.000 mensais, subsidiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, que a partir da implementação das medidas discutidas no método poderão ser beneficiadas. A cidade em estudo está localizada na região climática Tropical, caracterizada por invernos secos e verões úmidos devido à ação da massa equatorial continental sobre a região em questão. A cidade é conhecida pelas elevadas temperaturas, sendo este um dos principais motivadores para a realização deste estudo, como forma de amenizar o desconforto térmico no qual a população é submetida constantemente. Em relação aos aspectos políticos e ambientais que circundam o ambiente da pesquisa, pode-se afirmar que existem alguns programas de conscientização tais como o Programa Mato-Grossense de Educação Ambiental que além de diagnosticar a atual situação da educação ambiental, avalia programas e projetos através de parâmetros e critérios pré-estabelecidos e monitora políticas de educação ambiental. A sustentabilidade ambiental, do ponto de vista econômico, prevê que as empresas devem ser economicamente viáveis e seu papel na sociedade deve ser desempenhado levando-se em consideração, o aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento realizado pelo capital da empresa e isso é medido por indicadores de sustentabilidade. (DIAS, 2006: 26) Dessa forma, é de extrema necessidade a associação entre os conceitos de sustentabilidade e as edificações de interesse social do programa Minha Casa Minha Vida, que compreende grande parte da população cuiabana, já que consequentemente, a adaptação dos métodos citados neste projeto impactará em benefícios para esta grande amostra subsidiada pelo programa. A figura 01 representa a vista de satélite do residencial. Figura 01: Vista de satélite do Residencial Morro de Santo Antônio na cidade de Cuiabá. 4.2 Levantamento de dados A maior parte da coleta dos dados para a realização da pesquisa foi realizada a partir do questionário aplicado no Residencial Morro do Santo Antônio, em Cuiabá. Grande parte das famílias residentes entrevistadas foi subsidiada pelo programa Minha Casa minha Vida por apresentarem renda bruta de até R$ 5.000 mensais. Os problemas da população envolvida foram levados em consideração para que fosse possível a análise de um projeto mais sustentável para o programa Minha Casa Minha Vida, sem custos adicionais no orçamento final, a partir da utilização de técnicas sustentáveis inteligentes que correspondessem exatamente com as necessidades dos respectivos moradores. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1. Análise dos resultados Algumas das casas do Residencial Morro do Santo Antônio sofreram modificações sem qualquer planejamento pelos seus respectivos moradores. Para a elaboração desta pesquisa, foram consideradas tanto as casas que permanecem em seu projeto original quanto aquelas que sofreram modificações para que fosse possível a comparação e análise do desempenho de cada um dos tipos. O gráfico 01 permite analisar a situação das casas do residencial em questão, tornando possível identificar o número de casas que ainda encontram-se inalteradas. Gráfico 01 – Gráfico comparativo entre as casas modificadas e inalteradas do Residencial Morro de Santo Antônio, na cidade de Cuiabá. Das 160 casas do Residencial Morro do Santo Antônio, 69 sofreram algum tipo de alteração, como a construção de muros, garagem, e até mesmo sobrados, correspondendo a 43,13% de todas as casas. Por isso, muitas das informações coletadas nas casas modificadas, não puderam ser observadas nas casas inalteradas. Tendo em vista que o residencial está localizado longe dos centros urbanos, ou seja, distante das ilhas de calor, após a aplicação do questionário, observou-se que 81,25% dos entrevistados consideraram que a circulação de ar é boa dentro da casa. O restante da amostra considerou ruim a ventilação de ar dentro da casa, porém, esses moradores, em sua maioria, habitavam casas já modificadas, e a existência de muros e outras adaptações feitas, impedia a fácil circulação de ar no interior da casa. O gráfico 02, representa o percentual obtido conforme as opiniões dos entrevistados referentes à circulação de ar no interior da casa. Gráfico 02 – Percentual entre casas nas quais há ou não boa circulação de ar. Foram feitas perguntas aos moradores do residencial estudado em relação à necessidade de iluminação artificial no interior da casa durante o dia. Novamente foi possível observar diferenças entre as respostas dos moradores das casas modificadas e das inalteradas. Enquanto que os moradores das habitações que mantinham o projeto original, relataram que não era necessária a utilização de iluminação durante o dia, já que o projeto "quadradão" original possibilita a entrada suficiente de luz solar e permite a iluminação total da residência durante os períodos matutino e vespertino, alguns dos moradores que tiveram as casas modificadas afirmaram que em certos momentos a iluminação artificial faz-se necessário. Após considerável análise desses casos particulares, observou-se que as modificações realizadas sem planejamento, acabaram por bloquear os raios solares dificultando a passagem da luz para o interior da residência. O gráfico 03, apresenta o percentual obtido dos residentes que precisam ou não fazer uso de iluminação artificial durante o dia Gráfico 03 – Percentual de casas que fazem uso de iluminação artificial durante o dia. Como se pode perceber, a minoria, caracterizada por 15,625% de toda a população entrevistada necessita de iluminação artificial durante o dia, o que acaba por impactar fortemente na conta de luz das casas correspondentes. Outro aspecto fundamental considerado durante a aplicação do questionário foi o da sensibilidade térmica de desconforto térmico no interior da casa. Grande parcela dos moradores afirmou a existência de desconforto térmico em pelo menos um dos cômodos da casa, ou seja, na maioria das casas, os moradores conseguiam distinguir que a temperatura interna de certos cômodos era superior quando comparada aos outros cômodos. Dessa forma, tentou-se compreender os motivos que justificassem o desconforto presente em alguns locais específicos da casa e observou-se que os cômodos onde a temperatura era mais elevada, eram exatamente aqueles que recebiam incidência direta dos raios solares em um maior período de tempo. O gráfico 04 corresponde à porcentagem de pessoas que relataram ter ou não sensibilidade térmica de desconforto em alguns cômodos da residência. Gráfico 04 – Percentual de casas que sofrem com desconforto térmico em pelo menos um cômodo da casa. A partir da análise do posicionamento da fachada em relação ao sol, notou-se influência deste nos resultados obtidos. As casas posicionadas com a fachada nas direções Norte e Sul sofriam mais com o desconforto térmico já que os raios solares incidiam diretamente, tanto no período matutino quanto no vespertino, em duas das suas quatro paredes. Já as casas posicionadas com a fachada nas direções Leste e Oeste, durante todo o dia, a incidência direta dos raios provenientes do sol dava-se somente em uma das quatro paredes. Outro fator determinante, e que impacta, mesmo que pouco, na sensibilidade térmica dos moradores no interior da casa, é a cor da tinta utilizada para recobrir a fachada. Algumas casas reclamaram de desconforto térmico mesmo estando posicionadas com a fachada nas direções Leste e Oeste, porém, foi verificado que essa mesmas casas eram revestidas por cores de tintas mais escuras, como verde-musgo e vermelho por exemplo, esses tipos de cores, como citado anteriormente no trabalho, possuem maior tendência em absorver o calor emitido pelos raios solares, elevando a temperatura interna da edificação. 5.2. Conclusões Por meio das pesquisas referentes à substituição da alvenaria convencional pela alvenaria de blocos de adobe, assim como pelas informações coletadas com o questionário aplicado, foi concluído que há necessidade de atentar para o desconforto térmico que aflige grande parte da população estudada e portanto a substituição da alvenaria tradicional por adobe, que possui propriedade termorreguladora , caracteriza-se como uma alternativa possível e viável. Para aperfeiçoar ainda mais o desempenho ambiental das edificações o uso de trepadeira nas paredes de maior incidência solar, também se caracteriza por uma solução termorreguladora para os cômodos que apresentam maior desconforto térmico. Na aplicação desta técnica, as casas posicionadas com a fachada nas direções Norte e Sul, apresentariam duas paredes revestidas com a trepadeira, enquanto que, as casas posicionadas com a fachada nas direções Leste e Oeste, apresentariam apenas uma única parede revestida com a trepadeira. A utilização de muros e portas vazadas é uma boa opção para aumentar a circulação de ar na casa, já que permite a passagem do vento. Outra importante conclusão é a utilização de tintas de coloração clara na pintura externa das habitações. Como as soluções propostas, são técnicas bastante acessíveis e de elevada economia construtiva, essa redução no orçamente permite o investimento em outras alternativas sustentáveis, como por exemplo, a construção de cisternas coletoras da água pluvial ou até mesmo a instalação de painéis fotovoltaicos. 6. SUGESTÕES Como o objetivo deste trabalho não foi modificar as plantas dos projetos habitacionais tradicionais do programa Minha Casa Minha Vida, sugere-se para futuros trabalhos, o estudo do melhor aproveitamento do espaço conforme as necessidades econômicas e sociais das famílias envolvidas no programa Fazer um projeto avaliativo do orçamento que comprove a viabilidade econômica dos projetos mais sustentáveis, tal como este trabalho, em comparação com os projetos tradicionais do programa Minha Casa Minha Vida. Agradecimentos Agradecemos a Prof. M.Sc. Simone Ramires por toda a assistência e orientação durante o trabalho de pesquisa realizado, assim como a acadêmica de Engenharia Civil Marília Leite que se disponibilizou a nos auxiliar durante a aplicação do questionário no residencial em que habita. Agradecemos também ao acadêmico de Comunicação Social Kenderson Araújo que carinhosamente cedeu parte do seu tempo na elaboração do banner da pesquisa apresentado no dia 19 de abril de 2013. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOHADANA, Ingrid Pontes Barata e SATTLER, Miguel Aloysio. Descrição do processo de construção de um protótipo habitacional de fardos de palha e adobe em Sentinela do Sul, RS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, NORIE, 2006. CASTRO, Adriana Petito de A. Silva. Medidas de refletância de cores de tintas através de análise espectral. v. 3. Ambiente construído-Revista da ANTAC. Porto Alegre, 2003. CMMAD- COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. GALVÀO, José Lemes. Adobe e as arquiteturas. IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, s.d. MARTINS, Rosele. Projeto de 53 m² sustentável e econômico vence concurso da CHDU, publicado em 01 fevereiro de 2012, Arquitetura e Construção. RUFO, Rafael José Gonçalves. Ensaios de caracterização mecânica das alvenarias de adobe: Flat-Jack Testing. Tese de mestrado. Universidade de Avieiro, Portugal, 2010. ProMEA - Programa Mato-grossense de Educação Ambiental. Coordenação, CIEA/MT.- Cuiabá. SEMA, 2005. SATTLER, Miguel Aloysio. Habitações de baixo custo mais sustentáveis: a Casa Alvorada e o Centro Experimental de Tecnologias Habitacionais Sustentáveis. Coleção Habitare, v. 8. 488p. Porto Alegre, ANTAC, 2007. Disponível em: DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. SATTLER, M. Edificações e Comunidades Sustentáveis. Apostila do mini curso in ENTAC – Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Foz do Iguaçu. 2009. OLIVEIRA, Tadeu Almeida de e RIBAS, Otto Toledo, 1995. Sistemas de controle das condições ambientais de conforto. 92 p. Brasília. SAVAIO, Dieter Santos. Building sustainable settlements in Chimoio, Mozambique: The sustainability of using unfired adobe bricks to construct shelter. M.S.C. Thesis, University of Stellenbosch, South Africa. Stellenbosch, 2010. ROSS, Juradyr L. Sanches, 2005. Geografia do Brasil. 5 ed. rev. ampl. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2011. Demanda habitacional no Brasil. Brasília