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Alimentação Na Escola

atividades pdagogicas sobre alimentação saudável

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PROJETO PEDAGÓGICO: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SE APRENDE NA ESCOLA! José Arimatea Barros Bezerra – Universidade Federal do Ceará Cláudia Sales de Alcântara – Universidade Federal do Ceará Geraldo Magela Oliveira-Silva – Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza Resumo A escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças, é o lugar ideal para se desenvolver ações de promoção à saúde, e o desenvolvimento de uma alimentação saudável. Neste sentido, o projeto “Alimentação saudável se aprende na escola”, teve como objetivo estimular os professores da escola municipal João Frederico Ferreira Gomes a desenvolverem atividades sobre alimentação e nutrição de forma transversal e interdisciplinar com seus alunos, promovendo a construção do conhecimento crítico e estimulando um viver mais saudável hoje e no futuro. Por intermédio desta vivência, conseguimos estimular nesse espaço a adoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, assim como a construção de um material sobre alimentação saudável e práticas alimentares locais. Palavras-chave: cultura, alimentação, educação, transdisciplinaridade. 1 PROJETO PEDAGÓGICO: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SE APRENDE NA ESCOLA! José Arimatea Barros Bezerra – Universidade Federal do Ceará Cláudia Sales de Alcântara – Universidade Federal do Ceará Geraldo Magela Oliveira-Silva – Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza A escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças, é o lugar ideal para se desenvolver ações de promoção à saúde, e o desenvolvimento de uma alimentação saudável. Neste sentido, o projeto “Alimentação saudável se aprende na escola”, teve como objetivo estimular os professores da rede municipal de ensino da escola João Frederico Ferreira Gomes a desenvolverem atividades sobre alimentação e nutrição de forma transversal e interdisciplinar com seus alunos, promovendo a construção do conhecimento crítico e estimulando um viver mais saudável hoje e no futuro. Parte-se do pressuposto que uma ação desta natureza não se desenvolve plenamente tendo como alvo somente os alunos, porém deve envolver toda a comunidade escolar (professores, alunos, funcionários e pais de alunos), objetivando a construção de um conhecimento crítico que estimule a busca de condições para um viver mais saudável. Este projeto foi idealizada pelo Grupo de Pesquisas em Alimentação, Cultura e Educação – AgostoS – do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC – com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e ocorreu durante o ano de 2008 (de 05 de julho à 25 de setembro) na Escola Municipal João Frederico Ferreira Gomes, situada na periferia de Fortaleza, no bairro Parque Genibaú, que é conhecido pela pobreza e violência. Para sua realização pudemos contar com dez professores da educação infantil e ensino fundamental I, e seus respectivos alunos, beneficiando diretamente cerca de 250 crianças e indiretamente suas famílias. Mesmo em um contexto tão difícil, conseguimos estimular a adoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis. Este projeto proporcionou aos envolvidos a oportunidade de experimentarem novas possibilidades de trabalharem com um currículo alternativo, mais flexível e transdisciplinar, aproximando-se dos princípios do conhecimento 2 pertinente (Saber II); além de proporcionar uma experiência marcante na comunidade escolar, conscientizando para a cidadania, segurança alimentar e sustentabilidade, trabalhando assim para a construção da identidade terrena (Saber IV). A ação tinha como objetivo principal inserir no ambiente escolar uma discussão fundamentada e contextualizada que estimule pensar e adotar práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, através de ações educativas sobre alimentação, tendo em vista a segurança alimentar e nutricional, assim como, proporcionar fundamentação teórica básica sobre alimentação, educação alimentar, saber popular e segurança alimentar e nutricional aos professores da escola; exercitar os conhecimentos adquiridos numa perspectiva interdisciplinar e promover, com alunos, a confecção de material sobre alimentação saudável. O projeto foi dividido então em três etapas, tendo como referencial teórico metodológico a Hermenêutica de Profundidade de Thompson (1995), com propostas bem estabetecidas a fim de proporcionar alcançar os objetivos estabelecidos, são elas: a etapa teórica (quatro encontros), a etápa prática (com dois meses de duração) e a etapa de oficinas (quatro encontros). Durante a etapa teórica foram desenvolvidas atividades com os professores para apropriação das seguintes temáticas: políticas públicas de alimentação e nutrição; alimentação, na perspectiva de sua dimensão simbólica e representacional; saber popular e saber escolar; fundamentos de segurança alimentar e nutricional; educação alimentar e nutricional; interdisciplinaridade. Foram utilizados diversos recursos: textos, slides, músicas, vídeos, etc com o objetivo de tornar os momentos interessantes e estimulantes. No primeiro encontro, iniciamos com uma música do grupo 14 Bis, intitulada Bola de Meia, Bola de Gude. A escolha dessa música teve por objetivo compartilhar alguns conceitos que aparecem na letra, ou que a letra sugere: respeito, palavra, conivência, passado, presente, etc. Depois da música, apresentamos o clipe Estudo Errado do cantor Gabriel, o Pensador. Nesse momento conversamos sobre o quanto os professores se preocupam com conteúdos e notas, enquanto colocam em segundo plano os assuntos que realmente instigam os alunos, que os preparariam para a vida em sociedade (cidadania) e não apenas para uma prova de vestibular. Em seguida fizemos uma apresentação em slides onde conversamos sobre a escola, os PCN, o currículo e os Temas Transversais. Mostramos que a escola é uma instituição de grande influência na vida das crianças, e que contribui significativamente 3 para a construção dos seus valores, tornando-se o espaço social adequado para se desenvolver ações que favoreçam a promoção da saúde e o desenvolvimento de processos educativos voltados para a segurança alimentar e nutricional. Ainda durante o encontro, foi lido o texto intitulado “Procurando compreender a fala das classes populares”, do Victor Vicent Valla e exibido alguns vídeos – disponível no You Tube – que mostravam projetos de alimentação saudável desenvolvido por alguns professores, em diversos lugares do Brasil, e seus respectivos alunos, estimulando assim, os professores a construírem seus próprios projetos. O segundo encontro desta etapa começamos com uma música do Gonzaguinha, intitulada Guerreiro Menino. Um dos trechos mais enfatizado pelos professores dizia que sem o seu trabalho o homem não tem honra. E sem a sua honra se morre, se mata... Não dá prá ser feliz, não dá prá ser feliz... É compartilhado o tema trabalho como algo que traz dignidade ao ser humano e o proporciona lazer, saúde, educação, alimentação. Após este momento fizemos a exibição de um curta metragem muito conhecido e premiado, Ilha das Flores, do diretor e cineasta Jorge Furtado, de 1989. Este documentário, de apenas 12 minutos, nos ajuda a levantar questionamentos sobre a questão do acesso a alimentação. Em seguida, apresentamos uma projeção em slides que retrata sobre a fome no Brasil, a Lei de segurança alimentar e o Programa Fome Zero. Após os slides foi distribuído um texto intitulado Política de segurança alimentar para o Brasil - Fome Zero: o Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome. Esse texto foi denominado pelo MDS como sendo uma versão popular do que seria o Programa Fome Zero com o objetivo de estimular discussões. O terceiro encontro se iniciou com a apresentação de duas músicas do grupo Palavra Cantada, Sopa e Pomar, que poderiam ser trabalhada com as crianças, mostrando recursos musicais que podem ser agregado ao projeto Alimentação Saudável se Aprende na Escola e trabalhados na sala de aula. Após as músicas, houve a exibição de dois vídeos, em desenho animado, sobre educação saudável, que poderiam ser compartilhados com os alunos. O primeiro vídeo se chama Aula de Educação Alimentar com o Doutor Cenoura, que possui a direção da nutricionista Letícia de Freitas Ferreira e que faz parte de um projeto que se chama Crescendo Saudável; e o segundo vídeo se chama Dieta Saudável que ensina de modo bem humorado a escolher alimentos saudáveis para o consumo. 4 Ao terminar a exibição dos vídeos, distribuimos um texto da autoria da nutricionista Kathleen Sousa Oliveira com o nome Avaliação do material didático do projeto "Criança saudável - educação dez", ano 2005. Este estudo teve por objetivo analisar as cartilhas em quadrinhos dirigidas aos alunos das séries iniciais do ensino fundamental sobre alimentação saudável. No nosso último encontro, desta primeira etapa, iniciou-se com uma música, que poderia ser compartilhada com as crianças, de composição de Toquinho, com o nome De Umbigo a Umbiguinho, que fala da importância que a gestante tem que ter ao se alimentar, pois o neném se alimenta do que a mãe come. Após esse momento compartilhamos com os professores um vídeo da TV Escola da série hábitos saudáveis, que mostra a importância de uma alimentação balanceada, do consumo de água, de uma noite bem dormida e da prática de esporte para uma vida saudável. O que é mais interessante nesse vídeo é o handboliche, uma atividade interdisciplinar, desenvolvida em uma escola municipal de Porto Alegre, onde se mistura handball com boliche, para revisar os saberes discutidos em sala de aula. Após o vídeo, compartilhamos um pequeno texto intitulado Dez passos da alimentação saudável na escola, que dá recomendações as escolas para alcançarem uma alimentação saudável dos alunos. Essas recomendações foram publicadas pelo Governo Federal, em 2006. Ao terminarmos a discussão sobre o texto, pedi que eles escrevessem sobre o significado dessa primeira etapa do projeto. Em síntese, todos acharam relevantes a temática da educação alimentar. Na etapa seguinte, os professores colocaram em prática com seus alunos as discussões feitas sobre educação alimentar, de modo interdisciplinar, ou seja, nas aulas de português, matemática, ciências, história, etc, e transdisciplinar, ou seja, não somente nas disciplinas citadas, mas através delas, tentando superar a separação dos saberes. Atividades ricas, significativas e criativas aconteceram. Livro de receitas; pesquisas de preços em aulas de matemática; construção de um alfabeto a partir de nomes de frutas, legumes, verduras e hortaliças durante as aulas de português; atividades de colorir e recortes com os alunos da educação infantil; a criação de uma pirâmide alimentar nas aulas de ciências; criação de adivinhas, paródias e peças teatrais nos momentos de arte; além de transformarem a sala de aula em uma extensão da cozinha através da preparação de saladas coletivas. 5 No final desta etapa, como forma de avaliação os professores entregaram um relatório descrevendo como se deu a sua práxis, assim como a apropriação pelos alunos. Um dos professores relatou o seguinte: As quatro etapas do curso foi muito bacana, pois tivemos a oportunidade de questionar assuntos que antes nossos olhos estavam vendados. O material trabalhado foi bastante explorado e com certeza iremos multiplicar posteriormente. (I) Por fim, na etapa das oficinas, foram ministradas oficinas com os professores e alunos tendo em vista a apropriação de técnicas de confecção de um material “Construindo minha cartilha: alimentação saudável se aprende na escola”, um conjunto dos textos e demais produções elaboradas pelos alunos e professores, expressando a apropriação do assunto com a mediação de suas práticas alimentares. Uma das professoras explicou: Nas aulas diárias os alunos criaram desenhos e também um livrinho de receitas, o qual entregarei a orientadora do curso. Foi maravilhoso poder apreciar o potencial dos meus alunos empolgados para executar o projeto. O que percebi é que depois de ter dado ênfase a este projeto, as crianças ficaram felizes pois aprenderam o nome das frutas, o seu valor nutritivo e também houve o incentivo dos pais, pois os mesmos colaboraram com as receitas. Este projeto continua não só no mês de agosto mas também nos meses seguintes, afinal alimentação saudável é um compromisso de todos nós. Nesse material, emergiu a valorização da cultura local e do saber popular. Neste sentido, o projeto “Alimentação Saudável se aprende na escola!” favoreceu a criatividade e o desenvolvimento da capacidade crítica dos professores e dos alunos; o desenvolvimento, ou educação do olhar; a aceitação do conhecimento dos alunos, percebendo estes como produtores de conhecimento, capazes de organizar e sistematizar pensamentos sobre o mundo a sua volta; a importância do professor como mediador desses saberes e o saber científico e escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças. Referências THOMPSON, Jonh B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. 6 PROJETO PEDAGÓGICO: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SE APRENDE NA ESCOLA! (esquema gráfico) José Arimatea Barros Bezerra – Universidade Federal do Ceará Cláudia Sales de Alcântara – Universidade Federal do Ceará Geraldo Magela Oliveira-Silva – Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza INTRODUÇÃO PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O projeto “Alimentação saudável se aprende na escola” foi idealizada pelo Grupo de Pesquisas em Alimentação, Cultura e Educação – AGostoS – do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC – com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão. Ocorreu no período de 05 de julho à 25 de setembro de 2008, na Escola Municipal João Frederico Ferreira Gomes, situada na periferia de Fortaleza, no bairro Parque Genibaú, conhecido pela pobreza e violência. Contamos com dez professores do Ensino Fundamental e Educação Infantil e seus respectivos alunos, beneficiando diretamente cerca de 250 crianças e suas famílias. Proporcionou aos envolvidos a oportunidade de experimentarem novas possibilidades ao desenvolverem um currículo alternativo, mais flexível e transdisciplinar, aproximando-se dos princípios do conhecimento pertinente (Saber II); além de instigá-los para uma experiência marcante na comunidade escolar, conscientizando para a cidadania, segurança alimentar e sustentabilidade, tendo em vista a construção da identidade terrena (Saber IV). Foi necessário, para alcançar o objetivo principal desse estudo, fazer uma pesquisa do tipo qualitativa, ou seja, rica em dados descritivos, com um plano aberto e flexível, focalizada na realidade de forma complexa e contextualizada. Utilizamos ainda a PROBLEMATIZAÇÃO A escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças, é o lugar ideal para se desenvolver ações de promoção à saúde, e o desenvolvimento de uma alimentação saudável. Parte-se do pressuposto que uma ação desta natureza não se desenvolve plenamente tendo como alvo somente os alunos, porém deve envolver toda a comunidade escolar objetivando a construção de um conhecimento crítico que estimule a busca de condições para um viver mais saudável. OBJETIVOS A ação tinha como objetivo principal inserir no ambiente escolar uma discussão que estimulasse o pensar e a adoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis; assim, exercitar os conhecimentos adquiridos numa perspectiva interdisciplinar e promover, com alunos, a confecção de material sobre alimentação saudável. metodologia da Hermenêutica de Profundidade de Thompson. CONCLUSÃO Atividades ricas, significativas e criativas aconteceram no decorrer desta vivência, resultando na confecção do material “Alimentação saudável se aprende na escola”. Livro de receitas, pesquisas de preços, construção de um alfabeto, atividades de colorir e recortes, a confecção de uma pirâmide alimentar, criação de adivinhas, paródias e peças teatrais, além de transformarem a sala de aula em uma extensão da cozinha. Foram ministradas oficinas com os professores e alunos tendo em vista a apropriação de técnicas de confecção de um material “Construindo minha cartilha: alimentação saudável se aprende na escola”, um conjunto dos textos e demais produções elaboradas pelos alunos e professores, expressando a apropriação do assunto com a mediação de suas práticas alimentares. Nesse material, emergiu a valorização da cultura local e do saber popular. Neste sentido, o projeto “Alimentação Saudável se aprende na escola!” favoreceu a criatividade e o desenvolvimento da capacidade crítica dos professores e dos alunos; o desenvolvimento, ou educação do olhar; a aceitação do conhecimento dos alunos, percebendo estes como produtores de conhecimento, capazes de organizar e sistematizar pensamentos sobre o mundo a sua volta; a importância do professor como mediador desses saberes e o saber científico e escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS THOMPSON, Jonh B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.