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água E Eletrólitos - Bioquímica Ii

Transcrição da segunda aula de bioquímica II

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Transcript

S1 Um paciente internado deve estar sob constante controle, o médico deve ter conhecimento a respeito dos seus eletrólitos: Sódio, potássio, uréia, creatinina, cloreto e bicarbonato. A importância dessa avaliação será entendida no decorrer do curso. A função renal de um indivíduo é diretamente ligada ao conteúdo de água e eletrólitos, uma vez que o rim controla a quantidade de água eliminada/retida no organismo. Como os resultados (dos eletrólitos) devem ser interpretados? Um resultado bioquímico não pode ser interpretado sem conhecimento do histórico clínico do paciente, uma vez que é necessário saber se esse paciente perdeu ou está sobrecarregado de líquido, a perda de liquido pode ocorrer por diferentes meios (sudorese, diarreia, hemorragia intensa), que devem ser levados em consideração. S2 A água é o principal constituinte do nosso corpo, representando, em média, 60% da massa total. Em um indivíduo com 70kg, por exemplo, há 42 litros de água total. A quantidade de água é variável, segue uma representação geral: Homens: 60% Mulheres: 50% Crianças: 65 a 75% Idosos têm menos, por isso há um cuidado especial para que não tenham desidratação. A água é encontrada em dois ambientes: LIC: líquido intracelular Líquido dentro das células, delimitado pela membrana plasmática Representa em torno de 65% do líquido total LEC: líquido extracelular 35% do líquido total Dividido em 2 ¼ de líquido presente no plasma (delimitado pelo endotélio vascular) ¾ de líquido intersticial, que banha células e tecidos S3 Nosso organismo precisa estar sob o controle do balanço hídrico. Por balanço hídrico entende-se o somatório de todo o líquido que entra no corpo menos o somatório de todo o líquido que sai. Em um dia, perde-se, em torno de: 500 ml de urina (extremamente variável, pois há uma relação direta com a quantidade de água ingerida) Em torno de 1litro por meio da sudorese, também variável analisando a temperatura ambiente, prática de esportes, etc. Em torno de 400 ml por meio do trato respiratório 200 ml por meio das fezes, Somadas, essas perdas equivalem a 2100 ml por dia, em média. O que é perdido precisa ser reposto, por isso diz-se que devemos ingerir entre 1,5 a 2 litros de água por dia para manter o balanço hídrico. Nosso organismo produz 400ml de água em reações metabólicas (oxidação da glicose) S4 Duas forças controlam a movimentação de líquido no nosso organismo: a pressão hidrostática e a pressão osmótica. Pressão hidrostática: Pressão gerada pelo bombeamento cardíaco Exerce efeito na movimentação de água entre os compartimentos do LEC: Plasma líquido intersticial A pressão hidrostática exerce uma força no interior do capilar, forçando a saída de água para os tecidos Pressão osmótica: Desenvolvida principalmente pelas proteínas retidas no plasma, que são osmoticamente ativas. As trocas de líquido entre o LIC e o LEC ocorrem com o fundamento de manter o equilíbrio entre o meio intra e extracelular, de forma que ambos os compartimentos tenham a mesma concentração iônica. A água se orienta para o meio mais concentrado S5 Em caso de perda excessiva de líquido, alguns efeitos serão observados, e estes são distintos no LIC e no LEC. LIC: A perda de água no líquido intracelular gera disfunção celular. A célula não consegue atuar por meio de um metabolismo efetivo e o paciente irá apresentar letargia, desorientação e até mesmo entrar em estado de coma. LEC: A perda de água no líquido extracelular acarreta dificuldade para manter a circulação, por exemplo, assim sendo, o paciente apresenta um colapso circulatório e até mesmo uma parada renal. S6 A membrana celular apresenta permeabilidade seletiva e essa permeabilidade é diferenciada entre as membranas. Considerando-se essa característica semipermeável, sabe-se que há troca de líquido entre o LIC e o LEC, e o equilíbrio entre os meios intracelular e extracelular se dará a partir do momento em que houver a mesma quantidade de água entrando e saindo da célula. S7 EQUILÍBRIO ENTRADA DE ÁGUA = SAÍDA DE ÁGUA O desequilíbrio ocorre de duas formas: S8 Desidratação: Saída de água > Entrada de água S9 Superhidratação: Saída de água < Entrada de água S10 Por qual motivo a perda de água interfere na função celular? Quando há a mesma entrada e saída de água, o meio está isotônico (a concentração é igual dentro e fora da célula), porém, ao perder muito líquido, a concentração no LEC fica maior (hipertônico), gerando saída do LIC e, consequentemente, disfunção celular. Em casos de super-hidratação, que não são tão comuns, o limite de excreção de líquido pelo organismo é superado, o meio fica hipotônico e a água entra na célula, desencadeando o processo de lise celular (Obs.: Polidipsia excessiva sensação de sede). Em ambos os casos a função celular foi prejudicada, enfatizando a importância da manutenção do balanço hídrico, evitando um meio hipertônico ou hipotônico. S11 Como dito anteriormente, as análises bioquímicas são extremamente úteis, contudo, nunca irão substituir o histórico do paciente para se determinar o equilíbrio de líquidos. S12 Na desidratação, o pulso sanguíneo é aumentado para compensar a pressão sanguínea que diminuiu. As demais alterações podem ser observadas no quadro. S13 A concentração de eletrólitos será distinta dentro e fora da célula. No LEC, temos uma quantidade maior de sódio, já no LIC, o principal cátion é o potássio. Essa diferença é controlada pela bomba de sódio-potássio, que transfere o potássio para o meio intracelular e joga o sódio no meio extracelular. Os dois principais ânions envolvidos com o sódio são o cloreto e o bicarbonato, já o potássio está no meio intracelular juntamente com proteínas osmoticamente ativas e o fosfato. S14 É necessário estabelecer um equilíbrio dentro e fora da célula. Pode ocorrer, por exemplo, de um lado da membrana estar mais carregado, a maioria das nossas proteínas plasmáticas são negativamente carregadas. O Equilíbrio de Donnan consiste em dizer que o produto da concentração dos íons difusíveis (capazes de atravessar a membrana) de um lado da membrana será igual ao produto da concentração dos mesmos íons do outro lado da membrana. S15 Exemplificação do Equilíbrio de Donnan Inicialmente, em um lado da membrana há uma proteína (com carga negativa, que atrai cátions e repele íons) e ao lado há 6 sódios e 6 cloretos. A segunda imagem representa uma situação de equilíbrio iônico. Observe que 2 sódios foram transferidos para o lado da proteína e o produto dos íons desse lado é 8 (sódios) x 2 (cloretos) = 16, do outro lado, o produto é 4 (sódios) x 4 (cloretos) = 16. Ambos os resultados são 16, o que exemplifica a teoria. Nesse caso as proteínas não interferem tanto no equilíbrio, que é mantido mesmo com íons diferentes nos dois lados da membrana. S16 A regulação das osmolaridade plasmática é feita por meio do hormônio antidiurético (ADH), responsável pelo aumento de permeabilidade das porções corticais e medular dos tubos coletores do rim. Esse aumento promove uma reabsorção de água. O equilíbrio osmótico controla a quantidade de água absorvida e secretada. A presença de ADH no ducto coletor aumenta à permeabilidade à agua, levando a uma absorção maior. Na ausência de ADH, essa permeabilidade diminui e a secreção aumenta. Como controlar esse mecanismo? S17 Quando há aumento da osmolaridade, do conteúdo de sal ou então queda do volume arterial circulante, osmoreceptores e barorecptores identificam essas ocorrências e mandam informações para o hipotálamo indicando a necessidade de absorver-se água. A secreção de ADH é ativada. Outro mecanismo importante é o da sede, sinal de que o organismo necessita de água. Por exemplo, ao comer uma feijoada salgada o mecanismo da sete é ativado, pois a osmolaridade aumentou devido a alta ingestão de sódio, ao mesmo tempo o ADH começa a ser secretado, aumentando absorção de água e diminuindo a secreção, para voltar ao equilíbrio. Como a retenção de água e isso diminui as osmolaridade e aumenta o volume arterial circulante, o equilíbrio é reconstituído. Isso leva à diminuição da liberação de ADH e diminui o mecanismo da sede. S18 O contrário também é possível. A queda da osmolaridade plasmática ou o aumento do volume arterial circulante diminuem a sensação de sede e a liberação de ADH, diminuindo a absorção de água e aumentando a excreção. Ao aumentar a excreção, a osmolaridade aumenta e o volume arterial circulante diminui, o equilíbrio então é reestabelecido. O ADH é liberado novamente e o mecanismo da sede é ativado. Observe que esse sistema é contínuo. S19 A eficiência do ADH se deve à sua meia vida curta (cerca de 10 a 20 minutos), sendo metabolizado e eliminado rapidamente pelo organismo. Aumento da pressão osmótica maior liberação de ADH aumento da reabsorção de água pelos rins diminuição do volume de urina urina mais concentrada Obs.: a urina fica mais escura quando a pessoa está desidratada, evidenciando sua alta concentração. Diminuição da pressão osmótica menor liberação de ADH diminuição da reabsorção de água pelos rins aumento do volume de urina urina menos concentrada