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Acervo Des Biografias

Trabalho apresentado na disciplina de Português, elaboração de um acervo das biografias e obras de importantes autores, no período de três de Agosto a vinte e sete de Setembro de 2010.

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CT Vespasiano/ unidade conveniada CEFET-MG Disciplina: Português Professor: Turma: 3 °ELE 2 PORTUGUÊS Jeyne Kelen Marques de Souza, 02 Mariana Pacheco de Almeida, 08 Paloma Reis Machado, 12 Paulo Henrique de Matos, 13 Thaisa Fagundes Freitas, 16 Vespasiano, Novembro de 2010 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CT Vespasiano/ unidade conveniada CEFET-MG Disciplina: Português Professor: Turma:3° ELE - 2 TRABALHO DE POTUGUÊS Trabalho apresentado na disciplina de Português, elaboração de um acervo das biografias e obras de importantes autores, no período de três de Agosto a vinte e sete de Setembro de 2010. Orientador: Amílcar Figueroa Peres dos Santos Jeyne Kelen Marques de Souza, 02 Mariana Pacheco de Almeida, 08 Paloma Reis Machado, 12 Paulo Henrique de Matos, 13 Thaisa Fagundes Freitas, 16 Vespasiano, Setembro de 2010 6 SUMÁRIO 1- JORGE LUÍS BORGES.................................................................................. 09 3 - JOSÉ ALOISE BAHIA................................................................................... 15 4 - JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO.............................................................. 20 5 - JOSÉ CELSO MARTINEZ............................................................................ 24 6 - JOSÉ CONDÉ.................................................................................................. 31 7- JOSÉ LINO GRÜNEWALD .......................................................................... 35 8 - JOSÉ LOUZEIRO........................................................................................... 40 9 - JOSÉ PAULO MOREIRA DA FONSECA .................................................. 46 10 - JOSÉ PAULO PAES..................................................................................... 51 11 - JOSÉ RÉGIO................................................................................................. 64 12 - JOSÉ SARAMAGO...................................................................................... 68 13 - JOSUÉ MONTELLO.................................................................................... 78 15 - JÚLIO CORTÁZAR .................................................................................... 97 16 - LÊDO IVO..................................................................................................... 103 17 - LOURENÇO DIAFÉRIA............................................................................. 110 18 - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO................................................................ 115 19 - LUIZ SACILOTTO....................................................................................... 127 20 - LUIZ VILELA............................................................................................... 134 21 - LYA LUFT..................................................................................................... 140 22 - LYGIA BOJUNGA........................................................................................ 149 23 - LYGIA CLARCK.......................................................................................... 154 24 - LYGIA FAGUNDES TELLES..................................................................... 159 25- MANOEL DE BARROS................................................................................ 177 26 - MARCELO RUBENS PAIVA..................................................................... 184 27 - MARINA COLASANTI................................................................................ 188 28- MÁRIO PALMÉRIO..................................................................................... 197 29 - MÁRIO QUINTANA.................................................................................... 201 30 - MÁRIO VARGAS LLOSA........................................................................... 212 31 - MENOTTI DEL PICCHIA.......................................................................... 219 32 - MIGUEL TORGA......................................................................................... 227 7 33 - MILLÔR FERNANDES............................................................................... 235 34 – PEDRO NAVA.............................................................................................. XX 35 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 8 1- JORGE LUIS BORGES (1899-1986) FIGURA 1: Jorge Luis Borges, foto de 1982. FONTE: www.olivro.com/images/borges.htm "Sou um homem de letras, nada mais. Não estou certo de ter pensado nada de original em minha vida. Sou um fazedor de sonhos." 1.1) Biografia Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899. Por influência da avó inglesa, foi alfabetizado em inglês e em espanhol. Aos seis anos disse a seu pai que queria ser escritor e aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto. Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde. Em 1914 enquanto estudava o bacharelado em Genebra, Jorge escreveu alguns poemas em francês. Sua primeira publicação registrada foi uma resenha de três livros espanhóis para um jornal. Sete anos depois retornou à Buenos Aires e escreveu seu primeiro livro de poemas, "Fervor em Buenos Aires", publicado em 1923. A partir de 1924, publicou algumas revistas literárias e, com mais dois livros, "Luna de Enfrente" (poesia) e "Inquisiciones" (ensaios), ganhou em 1925 a reputação de chefe da jovem vanguarda de seu país. Nos anos seguintes, ele se transformou num dos mais brilhantes e polêmicos escritores da América Latina. 9 Inventando um novo tipo de regionalismo, acrescentou uma perspectiva metafísica da realidade, mesmo em temas como o subúrbio portenho ou o tango. Nesta fase escreveu "Cuaderno San Martin" e "Evaristo Carriego". Mas logo se cansou desses temas e começou a especular sobre a narrativa fantástica, a ponto de produzir durante duas décadas, de 1930 a 1950, algumas das mais extraordinárias ficções do século, nos contos de "Historia Universal de la infâmia" (1935); "Ficciones" (1935-1944) e "El Aleph" (1949), entre outras. Em 1937, Borges foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, o que foi seu primeiro e único emprego oficial. Saiu nove anos depois, indignado com a inclinação fascista e com a perseguição política que estava tomando a Argentina pediu demissão e passou a fazer conferências sobre autores e literatura, ganhando o respeito como o culto orador que ora observamos em El Libro. Embora sua atuação política anterior limitasse a enventuais assinaturas de apoio à luta contra o Nazismo na Segunda Guerra, contra a ditadura peronista escreveu à associação de escritores argentinos "a ditadura alimenta a opressão, a servidão, a crueldade, e o que é pior alimenta a idiotia.". Seu anti-peronismo foi confundido como apoio aos regimes militares. Em 1950 perde totalmente a visão, que vinha se deteriorando gradualmente, a exemplo de seu pai. O reconhecimento literário de Borges se solidificou em 1961 com a conquista do prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, que dividiu com Samuel Beckett. Logo receberia também prêmios e títulos por parte dos governos da Itália, França, Inglaterra e Espanha. Em 1983, Borges publicou no diário "La Nación" de Buenos Aires o relato "Agosto 25, 1983", em que profetizava seu suicídio. Perguntado depois porque não havia se suicidado na data anunciada, respondeu: "Por covardia". Borges afirmava freqüentemente o seu ateísmo e falava da solidão como uma espécie de segunda companheira. Depois de um breve casamento de 3 anos, passou a viver com Maria Kodama com que se casou em 1986 meses antes de falecer. “Há magníficos autores cujo entendimento só é possível após um esforço massacrante, que asfixia o leitor, embora na sua forma de poetar haja sublimação e arrebatamento, emboraproduzam textos de qualidade inegáveis; outros há que conseguem aliar à competência estilística uma capacidade de 10 comunicação impressionante, que não se esgota, que se abre sempre para significados precisos e ao mesmo tempo múltiplos.Jorge Luís Borges é desses autores que conseguem comunicar esplendidamente, que conseguem falar de maneira inequívoca às mentes e aos sentimentos. Era iluminado e luminoso, embora cego.” (Rey Vinas) 1.2) Publicações Fervor de Buenos Aires, Lua de frente, Inquisições (renegado pelo autor), O Aleph, Ficções, História Universal da infâmia, O informe de Brodie, O livro de areia, O livro dos seres imaginários, História da eternidade, Nova antologia pessoal, Prólogo, Discussão, Buda, Sete noites, Os conjurados, Um ensaio autobiográfico (com Norman Thomas di Giovanni), Obras completas (4 volumes), Elogio da sombra. 1.2.1)Sinopse • Ficções (1941) Ficções reúne os contos publicados por Borges em 1941 sob o título de O jardim de veredas que se bifurcam (com exceção de "A aproximação a Almotásim", incorporado a outra obra) e outras dez narrativas com o subtítulo de Artifícios. Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia de meios, de forma paradoxal e lapidar, suas conjecturas e perplexidades sobre o universo, retomando motivos recorrentes em seus poemas e ensaios desde o início de sua carreira: o tempo, a eternidade, o infinito. Os enredos são como múltiplos labirintos e se desdobram num jogo infindável de espelhos, especulações e hipóteses, às vezes com a perícia de intrigas policiais e o gosto da aventura, para quase sempre desembocar na perplexidade metafísica. Chamam a atenção a frase enxuta, o poder de síntese e o rigor da construção, que tem algo da poesia e outro tanto da prosa filosófica, sem nunca perder o humor desconcertante. 11 Em Ficções estão alguns de seus textos mais famosos, como "Funes, o Memorioso", cujo protagonista tinha "mais lembranças do que terão tido todos os homens desde que o mundo é mundo"; "A biblioteca de Babel", em que o universo é equiparado a uma biblioteca eterna, infinita secreta e inútil; "Pierre Menard, autor do Quixote", cuja "admirável ambição era produzir páginas que coincidissem palavra por palavra e linha por linha com as de Miguel de Cervantes"; e "As ruínas circulares", em que o protagonista quer sonhar um homem "com integridade minuciosa e impô-lo à realidade e no final compreende que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando" • O Aleph (1949) Em sua maioria, "as peças deste livro correspondem ao gênero fantástico", esclarece o autor no epílogo da obra. Nelas, ele exerce seu modo característico de manipular a "realidade": as coisas da vida real deslizam para contextos incomuns e ganham significados extraordinários, ao mesmo tempo em que fenômenos bizarros se introduzem em cenários prosaicos. Os motivos borgeanos recorrentes do tempo, do infinito, da imortalidade e da perplexidade metafísica jamais se perdem na pura abstração; ao contrário, ganham carnadura concreta nas tramas, nas imagens, na sintaxe, que também são capazes de resgatar uma profunda sondagem do processo histórico argentino. O livro se abre com "O imortal", onde temos a típica descoberta de um manuscrito que relatará as agruras da imortalidade. E se fecha com "O aleph", para o qual Borges deu a seguinte "explicação" em 1970: "O que a eternidade é para o tempo, o aleph é para o espaço". Como o narrador e o leitor vão descobrir, descrever essa idéia em termos convencionais é uma tarefa desafiadoramente impossível. • Elogio da sombra (1960) Através de muitas metáforas utilizadas, podemos concluir que a reflexão de Borges sobre seu passado é, não fundo, uma meditação sobre a morte. A noite, a obscuridade ou a sombra não caso deste poema, é a morte, porém a morte como iluminação e descasco mesmo, digna de ser elogiada e daqui em diante que ou poema agüente este título. 12 Borges propõe ou regresso não sola a seu passado senão a sua própria origem. A morte emerge como verdadeira revelação da identidade própria, fazendo aceitar ao eu lírico a senilidade, a cegueira e a morte mesma. A morte é para Borges um regresso e um reencontro. A vida é ilusória, ainda não vã. A vida e o mundo mesmo são ilusórios porque são labirintos nos em que nos perdemos sem olhar brevemente nossa identidade, nossa imagem verdadeira. • O livro de areia (1975) Em treze histórias muito diversas, seguidas de um breve epílogo, Jorge Luis Borges molda variações sintéticas dos temas obsessivos e recorrentes de seu percurso de contista. Com mãos experientes de artesão, imprime nelas a modelagem modesta, serena e essencial que lhes garante a eficácia pelos meios mais concisos e, de quebra, o encanto indefinível de um objeto perfeito da natureza. "O outro" abre o conjunto pelas espirais do tempo e o motivo do duplo, que Borges aprendeu a admirar nas páginas lidas e relidas de Robert Louis Stevenson e refaz agora em delicada chave pessoal. "O Congresso" alastra-se por vastidões infinitas: a narrativa mais ambiciosa da série leva uma empresa crescente a se confundir com o cosmos e a soma dos dias, não sem antes enredar, lúdica e ironicamente, traços autobiográficos do autor em seu projeto fantástico. A invenção diabólica de um "livro de areia" vai além das outras fábulas - todas desconcertantes e uma, pelo menos, terrível ("There are more things") -, pois contém um desígnio secreto: prender para sempre a atenção e a memória do leitor entre as folhas incalculáveis de sua monstruosa trama. 1.3) Considerações sobre o autor A importância da obra de Jorge Luis Borges é reconhecida na seleta inclusão de 26 autores que marcaram a literatura mundial feita por Harold Bloom (crítico literário mais popular do mundo). Bloom coloca Borges dentre os fundadores da literatura hispano americana do século 20. Jorge Luis Borges é considerado, de todos os autores latino-americanos do século 20, o mais universal. O Critico Harold Bloom ainda afirma que: “Se lermos Borges com 13 frequência e atenção, tornamos assim como borgesianos, porque lê-lo é ativar uma consciência da literatura na qual ele foi mais longe do que qualquer outro." Rey Vinas diz que Borges é desses autores que conseguem comunicar esplendidamente, que conseguem falar de maneira inequívoca às mentes e aos sentimentos. Era iluminado e luminoso, embora cego. 14 2 – JOSÉ ALOISE BAHIA (1961 - ) Figura 2: José Aloise Bahia. FONTE: www.revista.agulha.nom.br/josealoise.html 2.1) Biografia José Aloise Bahia nasceu em nove de junho de 1961, na cidade de Bambuí, região do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais. Reside em Belo Horizonte. Possui ensaios, críticas, artigos, crônicas, resenhas e poesias publicadas em diversos jornais, revistas e sites de literatura, arte e imprensa na internet. Pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, política, estética, imagem e cultura de massa. Estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Sócio fundador e diretor de jornalismo cultural da ALIPOL (Associação Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa e Outras Linguagens). Estudou economia (UFMG). Graduado em comunicação social e pós-graduado em jornalismo contemporâneo (UNI-BH). 3.2) Publicações Pavios Curtos e Crônicas Avulsas – Publicadas em Web Sites. 15 2.2.1) Sinopse • Pavios Curtos (2004) A princípio “Pavios Curtos” (anomelivros, 2004) nos parece um livro muito mais técnico, as ao adentrarmos em suas páginas, vamos percebendo que por trás daquela suposta frieza, sua poesia passa-nos uma forte carga emotiva. Influenciado por imagens que povoam sua vida, o autor nos mostra uma poesia eclética, essas que passeiam em várias vertentes, mas sempre voltada para suas próprias perspectivas de vivência, sendo o passado, o presente e o que lhe espera no porvir de sua futura poesia. Na primeira parte sentimos uma poesia mais lírica, sem perder a modernidade. São poemas escritos de forma mais direta, formalmente enxutos. Na segunda parte observamos uma poesia mais prosaica, com um diálogo com poetas, escritores e artistas plásticos que (possivelmente) o autor admire, em treze quintetos muito bem desenvolvidos. Na terceira parte vemos os poemas concretos, num trabalho feito de muita reflexão. Já a quarta parte é feita de imagens, num trabalho burilado mais para a técnica reflexiva, sem perder a sensibilidade do ato de poetar. A quinta e última parte é feita de variantes, ou seja, não muito definido, porém feita de poemas bem estruturados entre si. • Exemplo de poemas publicados em Web Sites 16 FONTE: http://www.revista.agulha.nom.br/josealoise.html 96 = 69 “Se não podes saber o que está vivendo agora, como podes saber do futuro?” Maria Rita Kehl 17 E. M. de Melo e Castro – Flor Sintética zul a ritelfer odnauq E 96 = 69 E quando refletir a luz oãçinifed amixàm a 96 = 69 a máxima definição oditeper res o 96 = 69 o ser repetido odidrep res o 96 = 69 o ser perdido oditrap res o 96 = 69 o ser partido sesued os sodot e 96 = 69 e todos os deuses soirósivorp 96 = 69 provisórios meratnemrota es 96 = 69 se atormentarem oenâropmetnoc on 96 = 69 no contemporâneo oizav od 96 = 69 do vazio sarieugec sa e 96 = 69 e as cegueiras meratnemivom es 96 = 69 se movimentarem otiucric-otruc on 96 = 69 no curto-circuito oicnêlis od 96 = 69 do silêncio edadicolev a e 96 = 69 e a velocidade res ed raxied 96 = 69 deixar de ser 18 edadicilpmis a 96 = 69 a simplicidade .airàtnulov 96 = 69 voluntária. !snemoH !snemoH 96 = 69 Homens! Homens! !serehluM !serehluM 96 = 69 Mulheres! Mulheres! siam euq O 96 = 69 O que mais ,rereuq medop 96 = 69 podem querer, .snèfer setnedra 96 = 69 ardentes reféns. àratser euQ 96 = 96 Que restará sassov de ohlepse on 96 = 96 no espelho de vossas ?sadasnac samla 96 = 96 almas cansadas? FONTE: http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=3647 2.3) Considerações sobre o autor José Aloísio Bahia pertence a uma nova geração de escritores que utilizam da internet para divulgar o seu trabalho, fato este que permite a acessibilidade de parcela da população. O autor também faz releituras de obras artísticas e literárias renomadas, divulgando – as para grandes autores e facilitando a compreensão dos textos. 19 3 – JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO (1914 – 1989) FIGURA 3 : José Cândido de Carvalho. FONTE: www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JoseCaCa.html 3.1) Biografia Nacido em 5 de agosto de 1914, em Campos dos Goytacazes, foi jornalista, contista e romancista. Filho de lavradores de Trás-os-Montes, norte de Portugal, aos oito anos, por doença do pai, deixou Campos (RJ) e veio morar algum tempo no Rio de Janeiro, quando trabalhou, como estafeta, na Exposição Internacional de 22. Admirador de Rachel de Queiroz e José Lins do Rego, começou a escrever e, em 1936, teve inicio Sua estreia na literatura com o romance “Olha para o céu, Frederico!”, publicado em 1939. Vinte e cinco anos depois, em 1964, publicou seu maior sucesso, “O coronel e o lobisomem”, que foi traduzido para o inglês, espanhol, francês e alemão. Também escreveu obras infanto-juvenis, a mais famosa “Gil no Cosmos”. Em 1970, José Cândido de Carvalho foi diretor da Rádio Roquette-Pinto, onde se manteve até 74, quando assumiu a direção do Serviço de Radiodifusão Educativa do MEC. Eleito em 23 de maio de 1973 para a Cadeira n. 31, sucedendo a Cassiano Ricardo, foi recebido em 10 de setembro de 1974 pelo acadêmico Herberto Sales na Academia Brasileira de Letras. 20 Em 75, foi eleito presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. De 1976 a 1981, foi presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte), cargo para o qual foi convidado por uma de suas maiores admirações políticas, o ministro Nei Braga. De 1982 a 1983 foi presidente do Instituto Municipal de Cultura do Rio de Janeiro (Rioarte). Estava escrevendo um novo romance, “O rei Baltazar”, que ficou inacabado. Além do grande romance que o inscreveu na literatura brasileira como um autor singular, José Cândido publicou dois livros de "contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil" e reuniu, em “Ninguém mata o arco-íris”, uma série de retratos jornalísticos. Sua obra de ficcionista é das mais originais, graças à linguagem pitoresca e aos personagens, ora picarescos, ora populares extraídos do "povinho do Brasil". Em 2005, foi lançado o filme "O coronel e o lobisomem", baseado no romance de mesmo nome, com Diogo Vilela, Selton Mello, Ana Paula Arósio, 3.2) Publicações Olha para o céu, Frederico! (romance - 1939), O coronel e o lobisomem (romance 1964), Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon (contados, astuciados -1971), Um ninho de mafagafos cheio de mafagafinhos (contados, astuciados - 1972) , Ninguém mata o arco-íris (crônicas - 1972), Manequinho e o anjo de procissão (contos - 1974), Se eu morrer, telefone para o céu (Ed. Ediouro - Rio de Janeiro, 1979) e Os Mágicos Municipais (José Olympio Editora — Rio de Janeiro – 1984). 3.2.1) Sinopse • Olha para o céu, Frederico!- romance (1939) O romance relata os negócios e a decadência moral das famílias usineiras de açúcar da região de Campos dos Goytacazes, com um delicioso senso de humor que seduz e capacita o escritor a falar de assuntos sérios sem que venha a melindrar os orgulhos de famílias locais ou as politicagens bastante conhecidas dos anos 30 na região retratada. Além deste senso de humor, há no romance inteiro, as mais saborosas expressões, figuras de linguagem: “Quem visse Frederico assim de fala mole, com miséria nas conversas, era capaz de acreditar num São Martinho encalhado, de rodas mortas, com ninho de rato nas fornalhas. 21 Conheci e vi morrer meu tio com esses lamentos que só acabaram quando sua boca se fechou vazia de palavras”. “Era alto como vela de promessa”. “Tanta gentileza acabou por trazer Dona Lúcia para a cama de Frederico. Os parentes é que não viam nada. Só olhavam a velhice de meu tio, a plantação que podia nascer em sua testa”. … “Agora, com um simples negócio de altar, os mourões do São Martinho ficavam sendo as pitangueiras da praia”. “O raposão do meu tio não mostrava as unhas. Na varanda, de tarde, esparramado na cadeira de preguiça, lia os jornais. Vinha gente tirar prosa com ele. Conversinhas de calor, da miséria de fim de vida que andava solta pelo mundo”. “Os barões, dependurados em pregos de parede, por trás das barbas, espiavam meus desmandos”. • O coronel e o lobisomem - romance (1964) Romance em primeira pessoa. Ponciano de Azevedo Furtado, neto de Simeão, oficial superior da Guarda Nacional, espécie de heroi picaresco dos Campos dos Goitacazes, estado do Rio de Faneiro, conta suas façanhas e seu esforço em lutar contra as mais variadas formas de injustiça: contra o valente de circo (Vaca-Braba), contra o cobrador de impostos, contra o tipo agiota. Espécie de cavaleiro andante das causas perdidas, solteirão rico, é cobiçado pelas mães ansiosas pelo casamento de suas filhas. Apesar de fraco no entendimento de coisas econômicas e administrativas (especulação do açucar) é um forte na arte de desencantar assombrações e cair na artimanha de mulheres casadas. “O Coronel e o Lobisomem” funde o realismo fantástico (inspirado na literatura de cordel e na fábula), e o retrato dos resíduos da sociedade patriarcal brasileira, valorizadora, da coragem e atrelada, simultaneamente, a superstições e atavismos de toda a natureza. Esse realismo "fantástico" ou "mágico" que aproxima José Cândido de Carvalho de autores importantes de ficção latino-americana (Gabriel Garcia Marques, Vargas Losa etc.) pode ser entendido como a resposta artística ao fenômeno de desmagicização do mundo, resultado do violento choque entre o Ocidente que avança e os povos extra-europeus que se rebelam tentanto consciente ou incoscientemente, defender suas criaturas autóctones. É ainda uma vez, a luta do instinto contra a civilização; do primitivo contra o moderno, do mágico contra o racional, do surreal contra o real. 22 • Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon, contados, astuciados... (1971) Um homem chamado Lulu Bergantim chega a uma cidade (Curralzinho) e é eleito prefeito. No meio da posse tira o paletó, arregaça as mangas, pega uma enxada e sai pelas ruas carpindo o mato, no que é imitado pela população. Nos meses seguintes pinta os muros da cidade e depois pega a picareta para abrir caminho à água encanada. Quando a cidade começa a erguer uma estátua em sua homenagem, Lulu é arrancado do posto de prefeito: enfermeiros o levaram para o Hospício Santa Isabel de Lavras, de onde era interno fugido. 3.3) Considerações sobre o autor José Candido Carvalho é um dos melhores romancistas brasileiro de todos os tempos. O regionalismo, presente em seus romances, foram adaptações de José Lins do Rego e Rachel de Queiroz, mas incorporando de forma mais radical as conquistas do Modernismo e um tratamento de linguagem comparável ao de Guimarães Rosa, ele utiliza de um estilo coloquial associado aos valores urbanos, esmagando a sociedade rural do Estado do Rio de Janeiro. 23 4- JOSÉ MARTINEZ CORRÊA (1937 - ) FIGURA 4 : José Celso Martinez. FONTE: veja.abril.com.br/vejasp/150502/perfil.html 4.1) Biografia José Celso Martinez Corrêa, também Conhecido como Zé Celso, nasceu em 30 de março de 1937, em Araraquara, interior de São Paulo e cresceu com o escritor Ignácio de Loyola Brandão. É uma das figuras mais importante do teatro nacional. Destacou-se como um dos principais diretores, atores, dramaturgos e encenadores do Brasil. Em 1955 a 1960, em São Paulo, Zé Celso entrou para o curso da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP, mas não exerceu a profissão, ficando inconcluso. Foi na faculdade que formou e liderou a importante Teatro Oficina. Zé Celso começou profissionalmente no teatro com uma peça de sua autoria, “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958), e “A Incubadeira” (1959), também de sua autoria. Com a direção de Amir Haddad, a Oficina produz as duas peças. No ano de 1961 a Oficina inaugura sua fase profissional com uma casa de espetáculos alugada na Rua Jaceguai. Com a peça “A Vida Impressa em Dólar”, estréia como diretor. Nessa epoca destacam-se as encenações de Pequenos Burgueses (1963), O Rei da Vela (1967), e Na Selva das Cidades (1969), obra de Bertolt Brecht. Pequenos Burgueses rendeu a José Celso todos os prêmios de melhor direção do ano e as críticas colocaram a produção como a mais perfeita encenação stanislavskiana (corpo e mente são movidos às emoções) do teatro brasileiro; a apresentação retornou aos palcos no mês seguinte. Aos 72 anos se intercala entre o cinema e o teatro: trabalhou em Encarnação do Demônio (2007), de José Mojica Marins (lançado em 2008), dirige e atua em inúmeras peças 24 teatrais, ainda comandando o Teatro Oficina, mesmo depois de cinquenta anos − como em Santidade (2007). 4.2) Publicações • Literatura •1998 - São Paulo SP - Primeiro Ato - cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974), seleção, organização e notas de Ana Helena Camargo de Staal. Editora 34 • Teatro Autoria • 1958 - São Paulo SP - Vento Forte para um Papagaio Subir • 1959 - São Paulo SP - A Incubadeira • 1998 - São Paulo SP - Cacilda! Roteiro • 1990 - São Paulo SP - 90' - Uma Coisa Inofensiva Adaptação • 1960 - São Paulo SP - A Engrenagem • 1991 - São Paulo SP - As Boas • 1996 - São Paulo SP - Para Dar um Fim no Juízo de Deus • 1996 - São Paulo SP - As Bacantes • 2001 - São Paulo SP - Os Sertões. A Terra • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 1 • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 2 • 2005 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 1 • 2006 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 2 • 2007 - São Paulo SP - Os Bandidos Direção • 1961 - São Paulo SP - A Vida Impressa em Dólar 25 • 1962 - São Paulo SP - Todo Anjo É Terrível • 1963 - São Paulo SP - Pequenos Burgueses • 1964 - São Paulo SP - Andorra • 1964 - (Uruguai) - Pequenos Burgueses • 1964 - (Uruguai) - Andorra • 1965 - São Paulo SP - Pequenos Burgueses • 1966 - São Paulo SP - Os Inimigos • 1967 - São Paulo SP - O Rei da Vela • 1967 - São Paulo SP - Quatro num Quarto • 1968 - São Paulo SP - Galileu Galilei • 1968 - Rio de Janeiro RJ - Roda Viva • 1968 - São Paulo SP - Pequenos Burgueses • 1969 - São Paulo SP - Na Selva das Cidades • 1971 - Rio de Janeiro RJ - O Rei da Vela • 1971 - São Paulo SP - Pequenos Burgueses • 1972 - Rio de Janeiro RJ - Gracias, Señor • 1972 - São Paulo SP - As Três Irmãs • 1972 - São Paulo SP - Gracias, Señor • 1973 - Rio de Janeiro RJ - As Três Irmãs • 1975 - (Portugal) - Galileu Galilei • 1984 - São Paulo SP - O Homem e o Cavalo • 1985 - São Paulo SP - Mistérios Gozozos • 1991 - São Paulo SP - As Boas • 1993 - São Paulo SP - Ham-let • 1995 - São Paulo SP - Os Mistérios Gozozos • 1996 - São Paulo SP - Para Dar um Fim no Juízo de Deus • 1996 - São Paulo SP - As Bacantes • 1997 - São Paulo SP - Ela • 1998 - São Paulo SP - Cacilda! • 1998 - São Paulo SP - Taniko, o Rito do Vale • 1999 - São Paulo SP - Boca de Ouro • 2001 - Rio de Janeiro RJ - Esperando Godot • 2001 - São Paulo SP - Os Sertões. A Terra • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 1 26 • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 2 • 2005 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 1 • 2006 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 2 • 2006 - Berlim (Alemanha) - O Rei da Vela • 2007 - São Paulo SP - Os Bandidos • 2008 - São Paulo SP - Vento Forte para um Papagaio Subir Dramaturgia • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 1 • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 2 • 2005 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 1 • 2006 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 2 ] Interpretação • 1972 - Rio de Janeiro RJ - Gracias, Señor • 1993 - São Paulo SP - Ham-let • 1997 - São Paulo SP - Ela • 1998 - São Paulo SP - Cacilda! • 2001 - São Paulo SP - Os Sertões. A Terra • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 1 • 2003 - São Paulo SP - Os Sertões. O Homem 2 • 2005 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 1 • 2006 - São Paulo SP - Os Sertões. A Luta 2 • 2007 - São Paulo SP - Os Bandidos • 2008 - São Paulo SP - Vento Forte para um Papagaio Subir • 2008 - São Paulo SP - Taniko • 2008 - São Paulo SP - Os Bandidos Tradução • 1960 - São Paulo SP - A Engrenagem • 1963 - São Paulo SP - Pequenos Burgueses • 1966 - São Paulo SP - Os Inimigos • 1993 - São Paulo SP - Ham-let • 1999 - São Paulo SP - As Três Irmãs 27 Trilha sonora • 1997 - São Paulo SP - Ela • 2008 - São Paulo SP - Vento Forte para um Papagaio Subir Instrução • 2002 - São Paulo SP - Bastidores da Cena. José Celso Martinez (2002 : São Paulo, SP) Participação especial • 2000 - São Paulo SP - Farsa Quixotesca • Filmografia •Encarnação do Demônio (O Mistificador) •Arido Movie (Meu Velho) •Lara (Vendedor humilde) •O Rei da Vela (Diretor) •"25" (diretor) 4.2.1) Sinopse • Primeiro Ato - cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974) O livro “Primeiro Ato - Cadernos, Depoimentos, Entrevistas (1958-1974)”, é um apanhado do que Zé Celso escreveu nos dezesseis anos de Oficina. Sob organização de Ana Helena Camargo de Staal, a obra apresenta uma base documental e histórica que ecoa o esforço e a persuasão do diretor da Oficina em registrar a sua época. Seus textos, mesmo quando em tom de protesto, de conclamação, resultam em poesia visceral, esponjosa, desconexa. Os textos, alguns semi - catataus, foram publicados em jornais ou revistas especializados em teatro; na imprensa comum ou, ainda, fruto de depoimentos a estudantes. Ou melhor, nem sempre foram efetivamente publicados. “SOS”, por exemplo, o manifesto lançado logo após a invasão do Teatro Oficina, pela polícia, em 20 de abril de 1974, foi 28 recusado pelas redações de todo o Brasil (e surge aqui, na íntegra, numa das passagens mais contundentes). Zé Celso discorre também sobre as diferentes escolas. Rodeado por atores de peso, como Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap, Célia Helena etc, o diretor assila o método do russo Stanislavsky, por exemplo, mas não o toma por inteiro e definitivo. Bom antropófago, ele prefere a mistura de técnicas a partir de uma realidade tupiniquim. O mesmo se dá em relação aos americanos do Living Theatre com o happening, com o qual a crítica chegou a rotular o trabalho da Oficina. Ao final de “Primeiro Ato”, temos uma aula de resistência. Impressiona como Zé Celso e seus atores “vudizaram”, como ele gosta de dizer, todos os entraves que surgiram no caminho da Oficina em seus primeiros anos - desde truculências até o incêndio do teatro, passando pela pindaíba da trupe. O livro fundamenta a religião teatral que arrebanhou todos que, um dia, pisaram no terreno da Rua Barão de Jaceguai, Bela Vista. • Vento Forte Para Um Papagaio Subir (1958) Essa é a primeira peça escrita pelo diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, em 1958, enquanto ainda morava em sua cidade natal, Araraquara, interior de São Paulo. O texto faz uma reflexão sobre a necessidade de um jovem em romper com as estreitezas da vida de uma pequena cidade, que muito ama, mas, que precisa deixar. Em “Vento Forte...” temos o rompimento com a cidade natal. A montagem original, dirigida por Amir Haddad, marca a criação do Grupo Teatro Oficina, juntamente com o espetáculo "A Ponte", de Carlos Queiroza Telles. Na peça, o vento forte é uma tempestade que destrói tudo, levando a personagem a abandonar a cidade. • A Incubadeira (1959) “A Incubadeira”, seu segundo texto dramatúrgico, compõem o que o diretor chama de uma "dramaturgia do rompimento”, nele o diretor rompe com a família. 29 • Cacilda (1998) A primeira peça da tetralogia de José Celso Martinez Corrêa que conta a vida do maior mito do Teatro no Brasil, a mãe do teatro moderno brasileiro, a atriz paulista Cacilda Becker. A tragicomediaorgya que foi escrita com a bolsa de dramaturgia Oswald de Andrade da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo em 1990, ganhou o prêmio de melhor peça na ocasião. Em 1998 ganhou o prêmio estímulo Flávio Rangel para montagem, também da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e estreou em outubro de 1998, foi considerada a peça do ano pela crítica especializada. Sucesso absoluto de crítica e de público ficou 8 meses em cartaz no Teatro Oficina sendo apresentada no festival de teatro de Recife em novembro de 2000. Na temporada de São Paulo a peça abocanhou vários prêmios, no prêmio Shell recebeu melhor autor, diretor, atriz e foi indicada para melhor iluminação, música, cenário e figurino; do APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) recebeu melhor autor, diretor, atriz e iluminação; do Mambembe recebeu melhor atriz coadjuvante e melhor espetáculo e na APETESP melhor atriz coadjuvante e espetáculo. 4.3) Considerações sobre o autor José Celso Martinez Corrêa emergiu nos anos de 1960 como um dos mais revolucionários diretores teatrais do país, numa época marcada pela encenação europeizada do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Desde então, vem construindo um dos mais originais percursos dos palcos brasileiros, além dos mais radicais e polêmicos, em busca de uma linguagem estética que revolucione o comportamento das pessoas. Associando seu teatro ao ritual dionisíaco, procura quebrar com a tradicional relação palco/platéia e integrar o público à ação dramática, para retirá-lo de sua tradicional passividade. 30 5- JOSÉ CONDÉ (1917-1971) FIGURA 5: José Condé. FONTE: www.enciclopedianordeste.com.br/nova548.php 5.1) Biografia Escritor, jornalista e advogado, José Ferreira Condé nasceu em Caruaru, no dia 22 de outubro de 1917, era filho de João José da Silva Limeira e de Ana Ferreira Condé. Quando criança estudou na Escola de Dona Chiquinha e na Escola Professor José Leão, onde produziu o seu primeiro jornal manuscrito. Ainda pequeno, transferiu-se para o Recife para fazer o Exame de Admissão, no Ginásio do Recife, e conheceu Mário Mota, tendo convivido também com Álvaro Lins e Limeira Tejo nesta época. Com a morte do seu pai, em 13 de outubro de 1929, sua vida mudou radicalmente. José Condé foi levado pelo irmão, Elysio Condé, para o Rio de Janeiro. Aluno interno do Colégio Plínio Leite, em Petrópolis, no ano de 1930, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Neste período, dirigiu dois jornais: "Para Você" e "Jaú", fundando ainda o Grêmio Literário Alberto de Oliveira, no internato onde terminou o ginásio em 1934. Em seguida, 31 prestou vestibular na cidade do Rio de Janeiro. Nessa época, publicou um poema intitulado "A Feira de Caruaru", na célebre revista "O Cruzeiro", e manteve ligações com grandes nomes da nossa literatura. Não conseguindo vaga, acabou cursando Direito numa faculdade de Niterói. Durante muitos anos foi cronista social. Fundou, com os irmãos Elysio e João Condé, o "Jornal de Letras", que serviu de base para os grandes escritores da literatura nacional, como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, entre outros. José Condé foi nomeado para a recém - fundada Agência Nacional, de onde sai um ano depois. Trabalhou no "O Jornal", depois de entendimentos com Austregésilo de Athayde, fazendo crônicas com o pseudônimo de Mr. Chipf. O caruaruense foi nomeado depois para o Instituto dos Bancários, atingindo o cargo de procurador, que exerceu até o fim de sua vida. Faleceu no dia 27 de setembro de 1971, no Rio de Janeiro. 5.2) Publicações Caminhos na Sombra (1945) Onda Selvagem (1950) Histórias da Cidade Morta (1951) Os Dias Antigos (1955) Um Ramo para Luísa (1959) Terra de Caruaru (1960) Vento do Amanhecer em Macambira (1962) Os Sete Pecados Capitais (1964) Noite contra Noite (1965) Pensão Riso da Noite: Rua das Mágoas (1966) Como uma Tarde em Dezembro (1969) Tempo Vida Solidão (1971) Obras Escolhidas (1978) 32 5.2.1) Sinopse • Um Ramo para Luísa (1959) Novela que fala da vida noturna de Copacabana. É um retrato sem retoque da vida amarga de seres humanos, homens e mulheres, moedas e garrafas, onde a solidão insiste em não ceder um centímetro de espaço para a redenção que só o amor pode trazer. • Terra de Caruaru (1960) Terra de Caruaru descreve a vida dos habitantes da cidade natal de José Condé, na década de 30: as festas folclóricas, as reuniões festivas, os pequenos acontecimentos do cotidiano e, principalmente, o poder dos 'coronéis', que fazem e desfazem, mandando na cidade como as únicas autoridades. Daí surge as grandes rivalidades entre a oposição e os mandantes, refletindo-se sobre o povo sofrido daquele recanto do agreste pernambucano. • Vento do Amanhecer em Macambira (1962) Esta novela de José Condé é considerada pela crítica sua melhor obra. Trata-se de um conflito entre dois mundos e, sobretudo, entre dois tempos. Fundamentalmente é a história de uma busca sentimental: o amor que ficou no passado e que o homem procura conquistar, palmilhando o quase sempre impossível caminho de retorno. Aquela vila perdida no meio do sertão, à mercê da raiva homicida dos cangaceiros de Lampião que vão chegar numa certa noite, é mais um símbolo do que o centro de um episódio. Resta a vila de Macambira, surgindo da escuridão da noite, ou do tempo, com seus homens armados e dispostos a lutar até a morte, esperar. É lá, onde o vento sopra como um agouro, que saberemos se o vento vem dizer, também, se ainda há esperança. Tudo gira em torno do reencontro de Lívia. Macambira é uma vila onde se encontra um retrato de Lívia numa parede, ou talvez, um canto de memória, onde ela é uma presença. Uma história de amor numa pequena vila nordestina invadida por Lampião. 5.3) Considerações sobre o autor José Condé é considerado um dos melhores ficcionistas modernos do Brasil, que documentou os grandes centros urbanos com seus problemas específicos: a burguesia e o proletariado em constante luta pela ascensão social, luta de classes, violência urbana, solidão, 33 angústia e marginalização, sem deixar de lado as festas folclóricas, as reuniões festivas, os pequenos acontecimentos do cotidiano. 34 6 – JOSÉ LINO GRÜEWALD (1931 – 2000) FIGURA 6: José Lino Grünewald. FONTE: www.releituras.com/jlgrunewald_pedras.asp 6.1) Biografia José Lino Grünewald nasceu no Rio de Janeiro em 1931, advogado e tradutor, foi jornalista, crítico literário e de cinema, colaborou durante muitos anos com os jornais, Correio da Manhã, O Globo, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Folha de S. Paulo. Em 1957 tornou-se membro do grupo Noigandres, ao lado de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Ronaldo Azevedo. Em 1969, organizou e traduziu “A Idéia do Cinema”, com ensaios de Walter Benjamin, Eisenstein, Godard, Merlean-Ponty, entre outros. Como crítico de cinema, foi o divulgador da obra de Jean-Luc Godard no Brasil. Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas “Os Cantos”, de Ezra Pound, e “Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX”, pelas quais recebeu prêmios Jabuti de Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989. Publicou, em 1987, o livro de poesia “Escreviver”, de estética concretista. Segundo os críticos Iumna Maria Simon e Vinicius de Ávila Dantas, "o que José Lino Grünewald diz a respeito do cinema de Jean-Luc Godard vale para sua poesia: 'O ato de filmar (poetar) é a experiência, e, por isso, viver a vida é viver o cinema (a poesia)'. A busca de sentido existencial através da substantivação das palavras, num movimento circular de repetição, é o que singulariza boa parte de sua poesia.". Em 1990 foi agraciado com o Prêmio de Tradução, pelo livro Poemas, de Mallarmé, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). 35 6.2) Publicações Grünewald, José Lino. Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. Grünewald, José Lino. Carlos Gardel, lunfardo e tango. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. Grünewald, José Lino; Ruy Castro. (Org.). Um Filme é um Filme: o Cinema de Vanguarda dos Anos 60. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Grünewald, José Lino. O Grau Zero do Escreviver. São Paulo: Perspectiva, 2002. (Coletânea da maior parte dos trabalhos literários do autor, organizada por José Guilherme Corrêa.). • Antologias organizadas Grandes sonetos da nossa língua.Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. Bocage. Poemas. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. Camões, Luís de. Líricas. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d. Os Poetas da Inconfidência. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. Quental, Antero de. Antologia. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. Pedras de Toque da Poesia Brasileira. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. 6.2.1) Sinopse • Escreviver (1987) 36 Escreviver, ora revistos segundo os critérios gráficos originais, acrescenta-se um conjunto de inéditos, alguns nunca difundidos, onde destila o seu humor, comentando eventos e personagens de seu círculo e de sua época. Esta coletânea repõe, assim, em circulação, a obra poética de uma das vozes mais expressivas de sua geração. José Lino Grünewald, José Lino, Zé Lino, Zèlino ou Zelino, como é muitas vezes referido neste livro, aparece aqui, em todas as vertentes de sua poesia, sonorista e visual, mas também emotiva, participante, irônica e às vezes cáustica. Deu-se especial atenção ao projeto gráfico dos seus poemas. Em suma, estes textos, que refletem, em essência, a personalidade singular do autor, inesquecível para os que o conheceram, abrem-se agora, em corpus integral, a todos os que se interessam por poesia entre nós. Exemplo de poesia concreta: Vai e vem FONTE: http://parameusalunos.blogspot.com/2008/08/poesia-concreta.html Soneto, publicado em "Escreviver": Difícil responder a tal pergunta A pergunta que o tempo eternizou Pois se alguém com alguém sempre ficou 37 São só dois corpos vãos que a vida ajunta. O que é sonhar, cismar ou divagar Definir o que é flama, fé ou flor São flácidas palavras sem valor Os fáceis pensamentos cor do ar. Restaria esta inútil melopéia De quem burila o texto e logo ri Do verbo que se quer visão e ideia. Mas neste espelho me olho e vejo a ti E ganho o conhecer renovador. A resposta é você. O que é o amor? • Um Filme é um Filme (2001) Selecionados e organizados por Ruy Castro, amigo e discípulo de José Lino Grünewald (1931-2000), os artigos de “Um filme é um filme” saíram na imprensa entre 1958 e 1970. Foram os anos mais agitados da história do cinema. Ir ao cinema parecia tão essencial e urgente quanto viver. Eram os anos 60. Afinados com seu tempo revolucionário, jovens cineastas de diferentes partes do mundo viraram o cinema de cabeça para baixo, propondo uma linguagem que nenhuma outra forma de expressão pudesse reproduzir. Um filme era um filme – não poderia ser outra coisa. • O Grau Zero do Escreviver (2002) Em 'O Grau Zero do Escreviver' está compendiada a maior parte dos trabalhos literários de José Lino estampados em jornal, todos eles vívidos e provocativos, vários mesmo 38 pioneiros, como os artigos sobre os "minipoemas" de Garcia Lorca e sobre a poesia do modernista Luís Aranha, então pouco lembrados. • Grandes sonetos da nossa língua (1988) Mais uma Ampla Reunião de Sonetos da Língua Portuguesa já Editada no Brasil. Esta Antologia Compreende Desde os Pioneiros do Gênero Como Sá de Miranda ate Renovadores Como Mario Faustino, Passando por Mestres do Soneto de Varias Épocas e Estilos. • Os Poetas da Inconfidência (1989) Poemas de Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto, três poetas envolvidos na Conjuração Mineira. Inclui também uma seleta das Cartas chilenas e do consagrado Marília de Dirceu, notas biográficas escritas pelo organizador e, ainda, versos inéditos de Cláudio Manuel da Costa. 6.3) Considerações sobre o autor Considerado um dos grandes poetas da poesia concretista, porem, ainda, pouco lembrado. Autor de uma obra que permanece como uma das mais expressivas e criativas do concretismo paulista, Grünewald não foi, no entanto, sempre um poeta concretista, pois também foi excelente critico literário e dramaturgo. 87- JOSÉ LOUZEIRO (1932- ) 39 FIGURA 7 : José Louzeiro. FONTE: www.jornalcopacabana.com.br/ed154/fvizinho.htm 7.1) Biografia Nasceu em setembro de 1932, em São Luiz, MA. Jornalista, romancista e roteirista, iniciou no jornalismo ainda adolescente n´O Imparcial, como aprendiz de revisor gráfico. Em 1954 transfere-se para o Rio e passa a frequentar diversas redações: Revista da Semana, O Jornal, Manchete, Diário Carioca, Última Hora, Correio da Manhã. Em São Paulo trabalhou na Folha de São Paulo e Diário do Grande ABC. Exerceu a função de repórter policial durante mais de 20 anos, onde nutriu alguns de seus romances. A estréia na literatura se dá em 1958 com um livro de contos: Depois da Luta. Escreveu mais de 40 livros e é considerado o criador, no Brasil, do gênero intitulado romancereportagem. Isto se deve ao romance Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, (1975), logo transformado num dos melhores filmes nacionais, dirigido por Hector Babenco, onde participou, também, como co-roteirista. Outros de seus livros mais conhecidos são: Infância dos mortos, o argumento do filme Pixote; Aracelli, meu amor; Em carne viva, lembrando o drama de Zuzu Angel e de seu filho Stuart Angel, morto na tortura, na década de 1960. Entre os infanto-juvenis: A gang do beijo, Praça das dores (um ‘remember’ dos meninos assassinados na Candelária, em 1993), A hora do morcego e Gugu Mania. Em 1997 lança a biografia de Elza Soares, Cantando para não enlouquecer. Logo depois publica O anjo da fidelidade, um estudo da trajetória de Gregório Fortunato, o guarda-costas de Getúlio Vargas. No cinema fez o roteiro de diversos filmes: Pixote, O caso Cláudia, O homem da capa preta etc. 40 Atualmente coordena, para a Editora Nova Fronteira, a coleção de romances policiais intitulada Primeira Página, já com cinco livros impressos e três lançados: No fio da noite, de Ana Teresa Jardim, Juízo final, de Nani e A fina Flor da Sedução de José Louzeiro. José Louzeiro tem uma face pouco conhecida do público: sindicalista. Em 1968, auge do período ditatorial, ele estava na linha de frente batalhando para unir os escritores em torno de uma causa comum e se tornou o maior responsável pela existência do Sindicato dos Escritores como entidade autônoma e independende 7.2) Publicações 7.2.1) Sinopse • Gang do beijo (1984) "Foi um dia chuvoso, corredores enlameados, que Beto Bassani, o BB teve a ideia original: Criar a gang do beijo". Algo que iria dar muito o que falar! Só que no meio disso tudo aconteceu um assassinato no colégio, e a turma está sendo acusada de ter cometido o crime. A partir daí, a narrativa vai crescendo em ação e aventura, envolvendo o leitor numa investigação empolgante. • Devotos do Ódio -Uma Profecia Camponesa (1987) Aqui, nesta novela que prende o leitor desde as primeiras páginas, está presente o roteirista de cinema e o novelista dos episódios mais candentes que a realidade gerou e que ele acolheu em seu trabalho de honesta e rigorosa reconstituição. Mas está presente, destacadamente, o novelhista cuja capacidade de narrar, de contar uma história, ficou apurada ao longo de uma prática intensa, em que o jornalista, na reportagem, que é a sua forma mais comunicativa, teve o papel destacado. Aqui está, pois, presente, em sua incerteza, com toda a sua arte de contar, o jornalista. Mas está presente, principalmente o brasileiro que conhece os problemas de seu país e jamais pôde permanecer indiferente ao andamento deles. • Pixote - Infância dos Mortos (1987) Este é o romance mais famoso de José Louzeiro. Foi inspirado no caso dos meninos de Camanducaia, município mineiro onde quase 100 garotos foram espancados e jogados em um 41 precipício. A força das imagens criadas pelo autor fez com que o livro servisse de base para o premiadíssimo filme de Hector Babenco - Pixote teve carreira mundial. Muito antes do massacre dos meninos de rua da Candelária, Louzeiro já chamava a atenção para este trágico problema urbano: vai fundo na descrição psicológica dos meninos, revelando seus sonhos, suas angústias e toda a perplexidade diante de um mundo hostil. • Ritinha Temporal (1991) Ritinha Temporal é o centro das atenções da cidade de Aroeiras: os fenômenos que a cercam deixam a população atônita nesta história que envolve paranormalidade, crime, contrabando, intriga política e preconceito. Ela é alvo da discriminação pelas amizades incomuns que fez. O livro e uma ótima fonte para trabalhar os temas: menor abandonado, violência, criminalidade, ética, justiça, e cidadania junto a alunos a partir da 7° série ao ensino médio, nas disciplinas Português e Geografia e Historia. • Gugu Mania (1996) Gugu Mania, como gostava de ser chamado, e Vishnu - seu computador 486 -, estão empenhados num super projeto para a feira ciências e artes da escola. Depois de muita pesquisa, Gugu monta a árvore genealógica de seus antepassados para concorrer ao prêmio. Ao mesmo tempo, sua família é envolvida num crime com vizinhos do prédio e a empregada da casa, todos lavadores de dinheiro colombianos. Prisões, investigações e muita confusão colocarão os pais e o âvo de Gugu numa tremenda enrascada, que somente a união dos familiares e a honestidade poderão solucionar. • O Bezerro de ouro (1997) Depois do enorme sucesso de A Gang do Beijo, José Louzeiro conta mais uma aventura da turma de BB, Jane e Mil Faces. Desta vez, os meninos se envolvem num grande projeto chamado "Cara-metade" e numa história que mistura folclore, um boi premiado, uma 42 passagem bíblica e muito suspense. Novamente, o colégio São Luiz é cenário de acontecimentos misteriosos, que só serão desvendados por quem tiver muita astúcia. Coisa que a gang do beijo tem de sobra • Mito em Chamas (1997) Devemos a José Louzeiro alguns dos momentos mais importantes da literatura extraída de uma realidade violenta. Dois de seus livros, sobre o desapa´-0-0089635413’1recimento de Aracélli e sobre o drama de Pixote, colaboraram para uma tomada de consciência da sociedade para o que se passava nos subterrâneos do decantado "milagre brasileiro". Pixote recebeu antológica versão cinematográfica e teve brilhante carreira internacional. É, seguramente, a produção brasileira mais conhecida e admirada no exterior. Além do tema, é de justiça salientar em sua obra, notadamente neste romance-reportagem Mito em chamas - A lenda do justiceiro Mão Branca, a sua excelente linguagem literária, enxuta, direta, com poderosa capacidade de síntese, conseguindo, numa frase, esboçar um clima, um caráter, uma trama. Lembra, em algumas passagens, o estilo áspero de Graciliano Ramos, com a técnica sofisticada de hemingway. Mas é sempre José Louzeiro. • Villa-Lobos: o aprendiz de feiticeiro (1998) A coleção brasileiros do século XX focaliza grandes figuras que ajudam a definir novos rumos para o Brasil. Villa-Lobos: cultura brasileira, o o aprendiz de feiticeiro apresenta homem que mergulhou nos sons um do gigante povo e da da natureza do país para criar música bela e forte, ao mesmo tempo nacional e universal. José Louzeiro produz uma biografia romanceada, detendo-se na infânciae juventude de Villa-Lobos e não recuando diante para deleite e maior informação do leitor. • Detetive Fora de Série (1998) 43 de passagens polêmicas, O pensamento de Louzeiro, preocupado sempre com os problemas sociais, também se manifesta em obras infanto-juvenis. Ele não abandona as características do romancereportagem, nem as preocupações com as crianças. • JK - O Otimismo em Pessoa (1999) A coleção brasileiros do século XX focaliza grandes figuras que ajudam a definir novos rumos para o Brasil em períodos conturbados e difíceis. JK: o otimismo em pessoa mostra a vida do presidente da republica, detendo-se na sua infância pobre no interior de Minas Gerais. Com uma hábil mistura de realidade e ficção, o texto fluente de José Louzeiro recria para o jovem leitor a trajetória de Juscelino e ajuda-o a conhecer uma fase decisiva da nossa história. • Urca (2000) Este livro conta a história do menor bairro do Rio, onde o autor baseado em uma vasta pesquisa, faz um passeio pelas 13 ruas e 4 avenidas da área mais cobiçada da cidade quando o assunto é segurança. • Isso não deu no jornal (2001) Este livro é o recordar alegre e despretensioso dos tempos em que o escritor e jornalista José Louzeiro enfrentou o dia-a-dia nas redações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ao contrário de amargurar-se, diante da natureza que é a vida de um repórter de polícia - função que desempenhou por mais de 20 anos -, aprendeu a ser tolerante e a encarar as dificuldades com bom humor. Por isso conseguiu resgatar fatos que, normalmente, passariam despercebidos. Neste livro, muitas lembranças estão registradas. Entre os personagens mencionados pelo autor, um deles ganha destaque, Nelson Rodrigues que, segundo José Louzeiro, utilizava a redação da Última Hora de Samuel Wainer como sendo o palco de seus monólogos e de suas revelações mais íntimas. 44 • O Anjo da Fidelidade ( 2001) O Anjo da Fidelidade, é um mergulho do repórter escritor José Louzeiro nas águas-turvas da história do Brasil. Com provas provadas, mostra que Gregório Fortunato, famoso guarda -costa de Getúlio Vargas, não era o grande corrupto assassino que teria encomendado a morte do jornalista Carlos Lacerda. Os verdadeiros articulares da trama que o escritor aponta, após quatro anos de pesquisas e diversas idas e vindas a São Borja, terra dos Vargas, eram outros, mais esses a justiça não teve poderes de inquerir, oficialmente, e muito menos de processar. Quando foi morto à traição, no pátio do Frei Caneca, outro mistério: seus bens pessoais, inclusive dinheiro, estavam na cela. Só o arquivo sumiu: continha fichas da atuação de Gregório junto ao Presidente que mais tempo governou o país. • Pink - viagem ao submundo mágico (2004) "Pink - viagem ao submundo mágico", que tem como protagonista o menino Pedrinho, nascido e criado no conforto de família de classe média, que, apaixonado pelo seu cachorro Pink, possivelmente furtado, inicia sozinho uma arriscada e perigosa viagem pelo submundo carioca à procura do animal de estimação. 7.3) Considerações sobre o Autor Este é um autor que frequentemente volta a valer-se de temas da infância. Destacou-se para sempre no mercado literário do Brasil com livros tocantes em termos de narrativa e denúncia trabalhando sempre com os temas: menor abandonado, violência, criminalidade, ética, justiça, e cidadania. Sua principal característica é o realismo em prosa, o que mais cativa o leitor jovem. 8 - JOSÉ PAULO MOREIRA DA FONSECA (1922-2004) 45 FGURA 8: José Paulo Moreira Fonseca. FONTE:www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/jose_paulo_moreira.html. 8.1) Biografia Pintor, teatrólogo e poeta brasileiro, José Paulo Moreira da Fonseca nasceu no Rio de Janeiro em 1922. Diplomado em direito (1945) e doutor pela Faculdade de Filosofia (1948), estreou como poeta com Elegia diurna (1947). Consagrou-se como poeta com a publicação de Raízes, quando conquistou o Prêmio Graça Aranha (1957) e, no ano seguinte, com Três livros, foi agraciado com seu primeiro Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do Brasil e concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Ganhou seu segundo Jabuti com o livro Luz sombra (1974). Além de poesia, publicou duas peças de teatro: Dido e Enéias (1953) e O mágico (1963). Na década de 50, fez suas primeiras incursões na pintura, como autodidata. Foram experiências isoladas, com grandes lapsos de tempo entre um e outro quadro, até alcançar, afinal, um ritmo regular de produção. Fez sua primeira exposição no Salão Nacional de Arte Moderna Rio de Janeiro em 1957. Nos anos seguintes, suas obras foram exibidas em mostras individuais em São Paulo, Frankfurt, Lisboa, Londres, Viena, Munique, Bonn e Rio de Janeiro. Participou da exposição de artistas brasileiros contemporâneos em Londres e Viena e de outras coletivas no exterior e faleceu no Rio de Janeiro. Suas obras fazem parte do acervo de instituições de artes como o Museu Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, do Museu Nacional de Olinda, em Pernambuco e do Museu Nacional de Jerusalém, em Israel. Segundo suas próprias palavras, houve “influência inicial dos Velhos Mestres e do Impressionismo, através do Museu imaginário das reproduções; a pintura italiana do Séc. XV, os holandeses do Seiscentos, a gravura japonesa, os inovadores desde Turner até Bracque e Mondrian são, no desenvolvimento da obra, os modelos fundamentais, tudo conjugado com a paisagem carioca, da Baixada Fluminense e da Serra do Mar (Petrópolis e Teresópolis)” 46 Fazendo abundante uso da espátula, José Paulo estrutura seus quadros por meio de zonas cromáticas bem distribuídas no espaço pictórico, tematicamente tendo nas fachadas, portas e janelas, paisagens e marinhas os motivos principais de sua produção. José Paulo Moreira faleceu no Rio de Janeiro em 4 de dezembro de 2004. 8.2) Publicações Obras poéticas Elegia diurna (1947) Poesias (1949) Concerto (in Poemata) (1950) Doú poemas (1951) A tempestade e outros Poemas (1951) Raízes (1957), Três livros (1958) Següência (1962) Uma cidade (1965) O tempo e a sorte e Antologia poética (1968) A simples vida (1972) Luz sombra (1973) Voz para o silêncio de um criado (1975) Palavra e silêncio (1974) A noite, o mar, o sol (1975) Sextante (1977, Prêmio Golfinho de Ouro, do Museu da Imagem e do Som) Tua namorada é a viagem (1980) Cores e palavras (1984) As sombras, o caminho, a luz (1988 Novas Memórias de Alexandro Apollonios (2000, prosa poética). Teatro Dido e Enéias (1953) O Mágico (1963) Antologia poética (Rio de Janeiro: Leitura, 1968) Noturno em Vargem das Pedras (1996) 47 8.2.1) Sinopse • Noturno em Vargem das Pedras (1996) José Paulo Moreira da Fonseca abrasileirou a tragédia grega de Agamenon mantendo uma série de dados e unidades de tempo, fez também alusões à escravatura. • Dido e Enéias (1953) Conta a tragédia de Dido, rainha de Cartago, que morre ao ser abandonada pelo príncipe troiano Eneas, entregue à malevolência da Feiticeira, sua grande inimiga. • Raízes (1957) As poesias de José Paulo Moreira da Fonseca possui formas perenes, definidas, cristalinas, e de imagens sinestésicas, tocadas de silêncio e Deus, sob o signo de morte, numa diafaneidade evanescente, onde não é demais exagerar uma nostalgia antiga de fundo clássico. Interior da igreja Enfim pecamos, bem sabemos pecar, Mas nesta hora em que se evola o incenso E desde o coro a música nos chega, Nesta hora, feito aquela em que o sol da tarde, Extremos e violáceo, tinge A viela e os degraus em cores da distância, Confusos como despertando De um escuro e longo sonho. Os escravos Em seus rudes corpos O rubor de mil vexações Salta na carne lacerada --- lanhos de uma aflita aurora Exigindo o fim das sombras. 48 • Elegia Diurna José Paulo Moreira Da Fonseca, explica o que seria o princípio básico de sua criação poética. Como é demonstrado no trecho da obra: “Nítido azul Onde voa a gaivota Como pensamento lúcido. Azul denso de tempo E a cor ardente Submissa á forma.” 8.2.2) Pinturas FIGURA 9: Óleo sobre eucatex da série "O vento"(1986),Medidas: 22x26cm, sem moldura42x46cm. 49 FIGURA 10: Óleo sobre eucatex "Janela e Livros"(1981),medidas: 34x42cm ,sem moldura 56x65cm com moldura. 8.3) Considerações Sobre o autor José Paulo Moreira da Fonseca é um dos que reagiram à chamada "fase heróica" do Modernismo, retomando formas poéticas tradicionais, possuindo grande importância na geração de 45. É um homem conhecido e respeitado por sua obra, tanto pictórica, quanto literária. Contando com mais de vinte livros publicados e quadros em diversos museus do mundo. É também um dos artistas brasileiros mais queridos de colecionadores. 50 9 – JOSÉ PAULO PAES (1926 – 1998) FIGURA 11: José Paulo Paes. FONTE:http://www.antoniomiranda.com.br/Brasilsempre/img/jose_paulo_paes.jpg&i mgrefur 9.1) Biografia José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga, São Paulo, em 22 de julho de 1926. Após concluir o antigo ginásio, transferiu-se para Curitiba, onde completou o curso superior de Química Industrial. Iniciou sua atividade literária colaborando na revista Joaquim, publicada no Paraná e dirigida pelo escritor Dalton Trevisan, e com a publicação de seu primeiro livro, em 1947, intitulado O Aluno. De volta a São Paulo exerceu a profissão de químico, começou a escrever com maior regularidade para inúmeros jornais e periódicos literários, entre os quais a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo; foi também editor da Cultrix, até 1983. Já em 1987, atuou como professor visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP, e no mesmo ano dirigiu uma oficina de tradução de poesia na UNICAMP. Amigo de Graciliano Ramos, de Jorge Amado e de Oswald de Andrade, ligou-se à Geração de 1945, aproximando-se, em um primeiro momento, da Poesia Concreta em sua fase inicial, e logo da poesia modernista. Escreveu também poemas infantis que se acham reunidos 51 em uma dezena de livros, alguns dos quais já considerados clássicos da literatura infantil contemporânea. Apontado como um dos mais representativos tradutores brasileiros, Paes exerceu sua atividade como tradutor por cerca de 40 anos. De disciplina singular aos projetos de tradução, organizou e prefaciou inúmeras coletâneas e suas traduções integrais, próprias ou em conjunto, raramente deixaram de apresentar um estudo crítico ou uma breve introdução. Como ensaísta escreveu a respeito de muitas traduções, posicionando-se como "um profissional necessitado de refletir acerca de seu próprio ofício"; Também participou, como poeta e tradutor convidado, de congressos e encontros em Portugal, na Grécia e na Dinamarca. Pela sua obra como tradutor foi laureado com vários prêmios: em 1981, Prêmio de Tradução, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte pelo livro Sonetos Luxuriosos, de Aretino; Prêmios Jabuti de Tradução de Obra Literária pelos livros Poemas, de Konstantinos Kaváfis (1983), Poemas, de William Carlos Williams (1988), Poemas, de Giorgos Seféris (1996), e pela tradução de Ascese, de Kazantzákis (1998). Recebeu também pelo conjunto de suas traduções o Prêmio Paulo Rónai de tradução da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, e em 1989, pela sua obra traduzida do grego, foi distinguido com a Cruz de Ouro da Ordem de Honra pelo presidente da Grécia. Já como poeta foi laureado com os Prêmios Jabuti de Literatura Infantil pelos livros, Poemas para Brincar e Um passarinho me contou, em 1991 e 1997, respectivamente. José Paulo Paes faleceu no dia 09 de outubro de 1998. 9.2) Publicações • Traduções Publicadas Aretino, Pietro. Sonetos luxuriosos. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras 2000. (Sonetti lussuriosi). Auden, W. H. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1986. (Collected poems). Buzzati, Dino. As montanhas são proibidas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. (Paura alla scala) 52 Caroll, Lewis. Rimas no país das maravilhas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Ática, 1996. Cather, Willa. A morte vem buscar o arcebispo. [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Guanabara, 1985. (Death comes for the archbishop). Dickens, Charles. Charles Dickens: histórias humanas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1961. Seleção, prefácio e notas de José Paulo Paes. Dickens, Charles. Os carrilhões e outros contos de Dickens. [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Ediouro, 1993. (The chimes). Seleção e prefácio de José Paulo Paes. Éluard, Paul. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988. (Poèmes). Emerson, Ralph Waldo. Ensaios. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1966. (Essays). Seleção e prefácio de José Paulo Paes. Harte, Bret. Contos de Bret Harte. [Por: José Paulo Paes, Marques Rebelo; Yolanda Toledo]. São Paulo: Cultrix, 1987. Henry, O. Caminhos do destino e outros contos de O. Henry. [Por: José Paulo Paes; Alzira Machado Kawall]. Rio de Janeiro: Ediouro, 1993. (Roads of destiny). Hölderlin, F. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1991. (Gedichte) Huysmans. J. K. Às avessas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1987. (À rebours). Estudo crítico de José Paulo Paes. Jacobsen, Jens Peter. Niels Lyhne. [Por: José Paulo Paes, Pedro Octávio Carneiro da Cunha; Julia Marchetti Polinesio]. São Paulo: Cosac Naify, 2000. Kaváfis, Konstantinos. Poemas [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. Kaváfis, Konstantinos. Reflexões sobre poesia e ética [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Ática, 1998. Kazantzákis, Nikos. Ascese: os salvadores de Deus. São Paulo: Ática, 1997. (Ασκητική). 53 Lear, Edward. Sem cabeça nem pé. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Ática, 1992. (Nonsense Poems). Lorrain, Jean. Os buracos da máscara. Antologia de contos fantásticos. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Les trous de la masque). Seleção e introdução de José Paulo Paes. Ovídio. Poemas da carne e do exílio. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1997. (Tristia). Texto em português com tradução paralela em inglês. Poe, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1985. Apresentação e seleção de José Paulo Paes. Poe, Edgar Allan. Os melhores contos de Edgar Allan Poe. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Círculo do Livro, 1987. Resweber, Jean-Paul. A filosofia da linguagem. [Por: José Paulo Paes; Yvone Toledo]. São Paulo: Editora da USP, 1982. (La philosophie du langage). Rilke, Rainer Maria. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1993. Saussure, Ferdinand de. Curso de lingüística Geral. [Por: José Paulo Paes, Antônio Chelini; Izidoro Blikstein]. São Paulo: Cultrix, 1979. (Cours de linguistique générale). Scholes, Katherine; Ingpen, Robert. Tempos de paz. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Global, 1999. (Peacetimes). Seféris, Giorgos. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Nova Alexandria, 1995. Stein, Gertrude. Três vidas. [Por: José Paulo Paes; Brenno Silveira]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. (Three lives). Sterne, Laurence. A vida e as opiniões do cavaleiro Tristram Shandy. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1998. (The life and opinions of Tristram Shandy gentleman). Sterne, Laurence. Tristram Shandy. [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. (Tristram Shandy). 54 Williams, Willian Carlos. Poemas. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1987. (Selected Poems). Wilson, Edmund. O castelo de Axel. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 2004. (Axel's Castle). Crítica literária • Antologias/Coletâneas A arte de viver ensinada pelos clássicos. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1961. Seleção, prefácio e notas de José Paulo Paes. Contos árabes. Seleção, introdução e notas de Jamil Almansur Haddad; José Paulo Paes.Ilustrações de José Rivelli Neto. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1982. Epigramas: Paladas de Alexandria. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Nova Alexandria, 1992. Gaveta de Tradutor. [Por: José Paulo Paes]. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1996. Diversos poetas. Pensamentos sobre a arte de viver. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1987. Seleção, prefácio e notas de José Paulo Paes. Poemas da Antologia Grega ou Palatina. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1995. Poesia erótica em tradução. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Cia das Letras, 1990. Vários idiomas e autores. Poesia moderna da Grécia. [Por: José Paulo Paes]. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. Seleção, tradução, prefácio, textos críticos e notas de José Paulo Paes. Poetas gregos contemporâneos. [Por: José Paulo Paes]. Florianópolis: Noa Noa, 1991. Quinze poetas dinamarqueses. [Por: José Paulo Paes]. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1997. 55 Transverso: coletânea de poemas traduzidos. [Por: José Paulo Paes]. Campinas: Unicamp, 1988. Diversos Poetas. • Infanto-juvenis Cook, Scott D. Mamãe Gansa. [Por: José Paulo Paes]. Companhia das Letrinhas, 1997. (Mother Goose) Seleção e ilustração de Scott Cook. Lorca, Federico García. Os encontros de um caracol aventureiro e outros poemas. São Paulo: Ática, 2003. Seleção de José Paulo Paes e ilustração de Odilon Moraes. Mellonie, Bryan. Começos e fins com tempos de vida no meio. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Global, 2002. (Beginnings and endings with life times in between: a beautiful way to explain life and death to children). Ri melhor quem ri primeiro: poemas para crianças e adultos inteligentes. [Por: José Paulo Paes]. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1998. Seleção e tradução de poemas de várias línguas. • Obra própria Poesia Paes, José Paulo. O aluno. Curitiba: O Livro, 1947. Paes, José Paulo. Cúmplices. São Paulo: Alanco, 1951. Paes, José Paulo. Novas Cartas Chilenas. In: Revista Brasiliense n. 7. São Paulo, 1956. (Com o pseudônimo de Doroteu Critilo). Paes, José Paulo. Epigramas. São Paulo: Cultrix, 1958. Paes, José Paulo. Poemas Reunidos. São Paulo: Cultrix, 1961. Paes, José Paulo. Anatomias. São Paulo: Cultrix, 1967. 56 Paes, José Paulo. Meia Palavra. São Paulo: Cultrix, 1973. Paes, José Paulo. Resíduo. São Paulo: Cultrix, 1980. Paes, José Paulo. Canção de Bodas. São Paulo: Eu Mesmo, 1982. Paes, José Paulo. Um Por Todos. (Poesia reunida 1947 - 1983). São Paulo: Brasiliense, 1983. Paes, José Paulo. A poesia está morta mas juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades,1988. Paes, José Paulo. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia das Letras, 1992. Paes, José Paulo. A meu esmo. Florianópolis: Noa Noa,1995. Paes, José Paulo. De ontem para hoje. São Paulo: Boitempo 1996. Paes, José Paulo. Socráticas. São Paulo: Cia das Letras, 2001. Paes, José Paulo. Melhores poemas de José Paulo Paes. (Org. Davi Arrugucci Jr.). São Paulo: Cia das Letras, 2001. Paes, José Paulo. Varal de poesia. São Paulo: Ática, 2003. Ensaios/Estudos Paes, José Paulo. As quatro vidas de Augusto dos Anjos. São Paulo: Pégaso, 1957. Paes, José Paulo. Mistério em casa. São Paulo: Comissão Estadual de Cultura, 1961. Paes, José Paulo. Os poetas. São Paulo: Cultrix, 1961. Paes, José Paulo; Massaud, Moisés. Pequeno dicionário de literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1967. Paes, José Paulo. Pavão, parlenda, paraíso. São Paulo: Cultrix/PACCE, 1967. Paes, José Paulo. Um aprendiz de morto. Rio de Janeiro: Revista de Cultura Vozes, 1976. (separata) 57 Paes, José Paulo. Gregos e baianos. São Paulo: Brasiliense, 1985. Paes, José Paulo. Tradução - a ponte necessária: aspectos e problemas da arte de traduzir. São Paulo, 1990. Paes, José Paulo. Aventura literária. São Paulo: Cia das Letras, 1990. Paes, José Paulo. De "Cacau" a "Gabriela: um percurso pastoral. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1991. Paes, José Paulo. Canaã e o ideário modernista. São Paulo: Edusp, 1992. Paes, José Paulo (Org.). Os melhores poemas de Augusto dos Anjos. São Paulo: Global, 1994. Paes, José Paulo. Transleituras. São Paulo: Ática, 1995 Paes, José Paulo. Quem, eu? Um poeta como outro qualquer. São Paulo: Atual, 1996. Paes, José Paulo; Campos, Augusto de; Pound, Ezra. ABC da Literatura. São Paulo: Cultrix, 1996. Paes, José Paulo. Os perigos da poesia e outros ensaios. São Paulo: Topbooks, 1997. Paes, José Paulo. O lugar do outro. São Paulo: Topbooks, 1999. Infanto-Juvenil Paes, José Paulo; Mello, Roger. É isso ali. Rio de Janeiro: Salamandra, 1984. (Ilust. Carlos Brito) Paes, José Paulo. Olha o bicho. São Paulo: Ática, 1989. (Ilust. Rubens Matuck) Paes, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1990. (Ilust. Luiz Maia) Paes, José Paulo. O menino de olho d'água. São Paulo: Ática, 1991. (Ilust. Rubens Matuck) Paes, José Paulo. Uma letra puxa a outra. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1992. (Ilust. Kiko Farkas) 58 Paes, José Paulo. Um número depois do outro. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993. (Ilust. Kiko Farkas) Paes, José Paulo. Lé com crê. São Paulo: Ática, 1993. (Ilust. Alcy) Paes, José Paulo. Um passarinho me contou. São Paulo: Ática, 1996. (Ilust. Kiko Farkas) Paes, José Paulo. Poesia para crianças. São Paulo: Giordano, 1996. Paes, José Paulo; Matuck, Rubens. O menino de olho-d'água. São Paulo: Ática, 1998. Paes, José Paulo. A revolta das palavras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1999. Paes, José Paulo. Vejam como eu sei escrever. São Paulo: Ática, 2001. Paes, José Paulo; Lisboa, Henriqueta et al. Poesias. São Paulo: Ática, 2002. 9.2.1) Sinopse • Lé com Cré Adivinhas, imbriques, histórias divertidas e poemas carinhosos compõem este livro, indicado para aqueles que já podem ler bem sozinhos. Prêmio Odilo Costa Filho de melhor livro de poesia para criança, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. • Rimas do País das Maravilhas Os poemas de Lewis Carroll aqui traduzidos tratam de situações ou extravagantes ou absurdas e delas tiram efeitos de humor mediante o uso de rimas engraçadas e de jogos de palavras. Tradução a ponte ecessária: aspectos e problemas da arte de traduzir reflexões sobre aspectos culturais, teóricos e práticos da arte de traduzir, escritos em estilo agradável e comunicativo. Um livro fascinante e uma rica fonte de referências para todos os estudiosos e profissionais da tradução literária • Um Passarinho Me Contou 59 Quinze poemas inteligentes e divertidos de José Paulo Paes. Livro destinado a se tornar mais um clássico da poesia para crianças. Considerado altamente recomendável para a criança pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Prêmio Jabuti de melhor livro infantil. • A Revolta das Palavras As palavras resolvem se revoltar contra o mau uso que os humanos fazem delas. A partir daí, a "mentira" troca de lugar com a "verdade" e começa a confusão. • Socráticas O último livro de poesias de José Paulo Paes traz, segundo as palavras de Alfredo Bosi, "a consciência vigilante que interroga e incomoda". O tom irônico se faz presente em todos os poemas do livro. • Vejam Como eu Sei Escrever Nos poemas que compõem esse livro, José Paulo Paes fala do cotidiano da criança em versos livres e simples, incentivando nos pequenos leitores o hábito de ler poesia como forma de prazer e divertimento. • Os Melhores Poemas de José Paulo Paes Características da obra: - Tendência constante ao poema de forma condensada (epigrama); poesia de “essências e medulas”. - Traços surrealistas. - Busca da poesia que se revela nas coisas simples. - Observação precisa, linguagem enxuta; recusa ao supérfluo e a todo sentimentalismo (contato com o concretismo). - Abertura para a história e para o tempo presente: incorporação do “sentimento do mundo” de Drummond (o vasto mundo perceptível através do pequeno). - Relação com as pequenas coisas concretas do mundo ao redor; a casa, a cidade natal, a infância, o jabuti do jardim, a vida familiar, a tinta de escrever, o espelho, os óculos, a bengala, o fósforo, o alfinete. 60 - Presença da interioridade, da consciência subjetiva e da emoção, mesmo na ironia e no negativismo. -Visão minimalista: influência da formação provinciana (Curitiba) que lembra o estilo resumido de Dalton Trevisan e o detalhismo minucioso de Guimarães Rosa que estabelece a oposição rural X urbano, particular X universal (como em Drummond). - Sátira à repressão do golpe militar de 64, ironia ao ilusório milagre econômico. Abaixo análise de alguns trechos de poemas do livro: À minha perna esquerda Pernas para que vos quero? Se já não tenho por que dançar, Se já não pretendo ir a parte alguma. Pernas? Basta uma. Forma epigramática: poemas curtos com um tom de chiste, ironia sutil. l’affaire sardinha O bispo ensinou ao bugre Que pão não é pão, mas Deus Presente em eucaristia E como um dia faltas Canção do exílio facilitada lá? ah! sabiá... papá... 61 maná... sofá... sinhá... cá? bah! Experiências concretistas. • Ri Melhor Quem Ri Primeiro Cada um dos 31 poemas desta antologia foi ilustrado por um profissional diferente. Escritos em português, ou traduzidos de várias línguas (inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, dinamarquês e grego), são poemas que vieram de épocas e lugares diferentes: da Grécia antiga, por exemplo, da França setecentista, da Suíça contemporânea. Todos testemunham a seriedade com que José Paulo Paes tratava a literatura infantil. Pesquisador, tradutor, crítico, leitor apaixonado e poeta, ele se pôs a serviço das crianças. Tudo o que fez para elas virou jogo, alegria e leveza. • Poemas: Giorgos Seféris A Poesia do Prêmio Nobel e filiada a tradicao dos grandes poetas, unindo a procura da forma harmoniosa com a revelação dos sentimentos profundos e do sentido de deslocamento do mundo. • Olha o Bicho Uma verdadeira declaração de amor pelos bichos de nossas matas, este livro exprime com palavras e imagens os talentos de dois artistas que amam a natureza. 10.3) Característica importante do autor: O concretismo Definição de concretismo: Movimento literário inaugurado em 1956 por Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Os poetas concretistas buscavam utilizar efeitos gráficos, aproximando a poesia da linguagem do design. 62 Abaixo apresenta o exemplo de um poema concretista: POÉTICA conciso? com siso prolixo? pro lixo Análise: O poema apresenta forma bastante resumida e econômica, pregam-se as idéias mais importantes do fazer literário de José Paulo Paes (daí o título): a concisão, ou seja, a preocupação com o essencial é considerada uma atitude certa, ajuizada, com siso. Dentro desse postulado, ser prolixo, ou seja, usar palavras em demasia, sem conseguir ser sucinto, é produzir arte sem qualidade, que merece ir para o lixo. Pode-se observar no texto apresentado também o destaque que é dado à palavra no seu aspecto material, concreto, ou seja, no plano do significante. . 9.4) Considerações Sobre o Autor José Paulo Paes é caracterizado pela busca da poesia que se revela nas coisas simples, observação precisa, linguagem enxuta; recusa ao supérfluo e a todo sentimentalismo (contato com o concretismo), abertura para a história e o tempo presente: incorporação do “sentimento do mundo” de Drummond (o vasto mundo perceptível através do pequeno). Relação com as pequenas coisas concretas do mundo ao redor; a casa, a cidade natal, a infância, o jabuti do jardim, a vida familiar, a tinta de escrever, o espelho, os óculos, a bengala, o fósforo, o alfinete. Presença da interioridade, da consciência subjetiva e da emoção, mesmo na ironia e no negativismo. Possui uma visão minimalista: influência da formação provinciana (Curitiba) que lembra o estilo resumido de Dalton Trevisan e o detalhismo minucioso de Guimarães Rosa 63 que estabelece a oposição rural X urbano, particular X universal (como em Drummond), sátira à repressão do golpe militar de 64, ironia ao ilusório milagre econômico. 10 - JOSÉ RÉGIO (1901-1969) 64 FIGURA 12: José Régio. FONTE: http://continentalcultural.blogspot.com/2010/04/cantico-negro-do-poeta-portuguesjose.html 10.1) Biografia Escritor português, natural de Vila do Conde (Portugal), nasceu em 17 de Setembro de 1901. Escrevia usando o pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira. Publicou nos jornais “O Democrático” e “República”, os seus primeiros versos. Aos 18 anos, foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925), com a tese “As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa”, sua tese foi pouco apreciada, sobretudo pela valorização que nela fazia de dois poetas então quase desconhecidos, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. Ainda estudante da Universidade de Coimbra, fundou e editou junto com outros dois escritores, Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, a revista “Presença”. Além da sua colaboração assídua nesta revista, deixou também textos dispersos por publicações como a “Seara Nova,” Ler”, “O Comércio do Porto” e o “Diário de Notícias”. No mesmo ano iniciou a sua vida profissional como professor de liceu, primeiro no Porto (apenas alguns meses) e, a partir de 1928, em Portalegre, onde permaneceu mais de trinta anos. Só em 1967 regressou a Vila do Conde. 65 Participou ativamente na vida pública, mantendo-se fiel aos seus ideais socialistas, apesar do regime autoritário do país, e também, seguindo os gostos do irmão, Júlio Saul Dias, expressou o seu amor pelas artes plásticas, ilustrando um dos seus livros. Faleceu em Vila do Conde no dia 22 de Dezembro de 1969. 10.2) Publicações • Poesia 1925 - Poemas de Deus e do Diabo. 1929 - Biografia. 1935 - As Encruzilhadas de Deus. 1945 - Fado (1941), Mas Deus é Grande. 1954 - A Chaga do Lado. 1961 - Filho do Homem. 1968 - Cântico Suspenso. 1970 - Música Ligeira. 1971 - Colheita da Tarde. .... - Poema para a minha mãe • Ficção 1934 - Jogo da Cabra-Cega. 1941 - Davam Grandes Passeios aos Domingos. 1942 - O Príncipe com Orelhas de Burro. 1945 a 1966 - A Velha Casa. 1946 - Histórias de Mulheres. 1962 - Há Mais Mundos. • Ensaio 1936 - Críticas e Criticados. 1938 - António Botto e o Amor. 1940 - Em Torno da Expressão Artística. 1952 - As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa. 1964 - Ensaios de Interpretação Crítica. 1967 - Três Ensaios sobre Arte. 66 • Teatro 1948 - El-Rei Sebastião. 1949 - Jacob e o Anjo. 1950 - Três Peças em Um Acto. 1957 - A Salvação do Mundo. 1958 - Benilde ou a Virgem-Mãe. 10.2.1) Sinopse • Poemas de Deus e do Diabo (1925) Poemas de Deus e do Diabo não é um livro reconfortante. José Régio instaura logo nessa obra um tipo de linguagem poética que se desenvolve de forma luxuriante, nitidamente contrária a uma retórica epigramática e enxuta. A poesia de José Régio é, nos seus melhores momentos, um documento humano e, por isso mesmo, o seu discurso afasta-se da simplificação superficialmente otimista e eufórica. Logo no texto inicial de Poemas de Deus e do Diabo as figuras assimiláveis a Cristo e ao Demônio são vistas segundo uma perspectiva deformadora que cria uma imagística, fantasmagórica e aterradora. A primeira estrofe do poema começa com um ritmo narrativo, parecendo indicar a continuação de um discurso que já vinha sendo mentalmente elaborado e instaurando um processo de narração de que as duas figuras fazem parte como personagens. O núcleo de história que subjaz ao poema é ainda completado pela transformação do "eu lírico" em personagem, que faz conjunto com as duas figuras. E as três personagens são tocadas pela mesma atmosfera de estranhamento que faz oscilar as coordenadas do mundo. A contemplação do divino corpo, sangrando "devastado", provoca no "eu" sentimentos confusos e desorientados. No que diz respeito à figura do Diabo, é usado o mesmo processo de intensificação de elementos expressivos que agigantam, por menores que seriam anódinos num contexto menos sombrio. • O Príncipe com Orelhas de Burro (1942) 67 É uma obra destinada a ficar como uma grande data da literatura portuguesa. José Régio encheu o seu livro de quadros e retratos em que se revela toda a sua lucidez de moralista, e também toda a força da sua criação poética; quadros e retratos em que os mais diversos tipos de humanidade perpassam, mas que são sobretudos magníficos como sátira e como crítica de costumes. Pretendeu ainda dar-nos um microcosmos em que cada paixão, cada tipo humano, tivesse a sua representação. 10.3) Considerações sobre o autor Como escritor, José Régio dedicou-se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio. Centrais, na sua obra, são as problemáticas do conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade, numa análise crítica das relações humanas e da solidão, do dilaceramento interior perante a relação entre o espírito e a carne e a ânsia humana do absoluto. Levando em consideração uma auto-análise e uma introspecção constantes, a sua obra é fortemente marcada pelo tom psicologista e, simultaneamente, por um misticismo inquieto que se revela em motivos como o angelismo ou a redenção no sofrimento. A sua poesia, de grande tensão lírica e dramática, apresenta-se frequentemente como uma espécie de diálogo entre níveis diferentes da consciência. A mesma intensidade psicológica, aliada a um sentido de crítica social, tem lugar na ficção. Como ensaísta, dedicou-se ao estudo de autores como Camões, Raul Brandão e Florbela Espanca. Na revista Presença, assinou um editorial que constituiu uma espécie de manifesto dos autores ligados a este órgão do segundo modernismo português, defendendo a necessidade de uma arte viva, e não livresca, que refletisse a profundidade e a originalidade virgens dos seus autores. 68 11 - JOSÉ SARAMAGO (1922 – 2010) Figura 13: José Saramago. Fonte: http://embaixada-portugal-brasil.blogspot.com/2010/07/abl-promove-homenagemjose-saramago.html "Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas, já eu teria desistido da vida." 11.1) Biografia Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registro oficial mencione como data de nascimento o dia 18. Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. A maior parte da sua vida decorreu, portanto, na capital, embora até aos primeiros anos da idade adulta fossem numerosas, e por vezes prolongadas, as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceu e técnico) que não pôde continuar por dificuldades econômicas, por isso, o autor exerceu profissões humildes, como serralheiro mecânico e desenhista técnico, até tornar-se funcionário público, jornalista autodidata e escritor. Ideologicamente, sempre se assumiu como homem de esquerda e ateu, isso mesmo depois do 69 fim da "União Soviética — o que lhe trouxe discriminações em vários países e até mesmo em Portugal. José Saramago Publicou o seu primeiro livro, um romance, Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembléia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Foi casado com Pilar Del Río. O escritor português José Saramago morreu aos 87 anos em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias no dia 18 de Junho de 2010. 11.2) Publicações Terra do Pecado (1947) Os Poemas Possíveis (1966) Provavelmente Alegria (1970) Deste Mundo e do Outro (1985) A Bagagem do Viajante (1973) As Opiniões que o DL teve (1974) O Ano de 1993 (1987) Os Apontamentos (1976 ) Manual de Pintura e Caligrafia (1977 70 Objecto Quase (1978) A Noite(1979) Poética dos Cinco Sentidos (O Ouvido) (1979) (1980) Que farei com Este Livro? (1980) Viagem a Portugal(1980) Memorial do Convento (1982) O Ano da Morte de Ricardo Reis (1986) A Jangada de Pedra (1986) A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987) História de Cerco de Lisboa (1989) 71 O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) In Nomine Dei (1993) Ensaio Sobre a Cegueira (1995) Cadernos de Lanzarote (1993-1995) (1997) Cadernos de Lanzarote I(1994) Cadernos de Lanzarote II (1995) Cadernos de Lanzarote III (1996) Todos os Nomes(1997) Cadernos de Lanzarote IV (1998) A Caverna (2000) A Maior Flor do Mundo (2001) O Homem Duplicado (2002) Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido (2005) Poesía Completa (2005) As Intermitências da Morte (2005) As Pequenas Memórias (2006) A Viagem do Elefante (2008) Caim (2009) 11.1.2) Sinopse • Terra do Pecado (1947) 72 Terra do Pecado foi o primeiro romance publicado por José Saramago. Saiu em 1947, trinta anos antes de Levantado do Chão, o livro que abriu para o autor o coração dos leitores. • Provavelmente Alegria (1970) São poemas de sombra e de luz, entrançados, de uma elaboração feita através do seu próprio avesso, simultaneamente de mar e de trevas. "Devagar, vou descendo entre corais. / Abro, dissolvo o corpo: fontes minhas / De águas brancas, secretas, reunidas / Ao orvalho das rosas escondidas. "Poemas na altura inovadores, marcados pelo amor dito-escrito em transparências breves, imprecisas, e uma certa amargura-tristeza bem portuguesas, na sua raiz claramente lírica. A paixão parece sobrepor-se à militância: "Branco o teu peito, ou sob a pele doirado? / E os agudos cristais, ou rosas encrespadas / Como acesos sinais na fortuna do seio? / Que morangos macios, que sede inconformada, / Que vertigem nas dunas que se alteiam / Quando o vento do sangue dobra as águas / E em brancura vogamos, mortos de oiro."E o erotismo faz, de forma decidida, a sua aparição em verso: "Teu corpo de terra e água / Onde a quilha do meu barco / Onde a relha do arado / Abrem rotas e caminho."» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998) • A Bagagem do Viajante (1970) Uma viagem pela selva da vida contemporânea é o que José Saramago propõe ao leitor com estas crônicas, que partem dos mais variados assuntos - uma cena de rua ou uma notícia de jornal - para apresentar uma surpreendente releitura do mundo. Das mentiras da política e da publicidade à poesia dos pequenos gestos cotidianos, da vida secreta das cidades aos mistérios que se escondem na criação artística, nada escapa ao olhar arguto do escritor. Armado com o humor, a ironia e uma constante atenção às armadilhas da linguagem, Saramago revela neste livro uma outra faceta de sua expressão concentrada: eleva assim a crônica à altura dos grandes romances que o consagraram. • Os Apontamentos (1976) Editoriais do DN e crónicas publicadas no "Diário de Lisboa", onde Saramago sublinha: "No meio de tantas palavras, não encontro senão duas que gostosamente apagaria se não fosse o escrúpulo de proteger o meu próprio respeito. É quando, uma e outra vez, falo de 73 'jornalistas revolucionários'. Como se não bastasse a ingenuidade de os imaginar assim, ainda fui cair na presunção de me incluir no grupo. Ilusão minha, ilusão nossa." Em "Apontamentos", olhar de Saramago, nomeadamente, sobre "os emigrantes, hoje e sempre"; "os franceses de torna-viagem"; "as regras da convivência"; "o eufemismo como política", ou "a resistência renegada". Ganhou a língua e toda a literatura portuguesa. Uma forma de conhecer com alguma profundidade o lado militante de José Saramago, que aqui surge de forma bastante evidente, ao contrário das suas obras de ficção, onde as convicções políticas, embora lá, aparecem de forma bastante mais diluída. Para descobrir a fase em que José Saramago alertava para os perigos do fascismo e para as virtudes do socialismo. • Memorial do Convento (1982) É eu maior sucesso, situado no final do século XVII, este último romance narra a construção do Convento de Mafra, e tem como pano de fundo o Absolutismo, a Inquisição e o despertar das ideias iluministas. • A Jangada de Pedra (1986) A obra possui a presença do Surrealismo ou realismo fantástico, como por exemplo, a península ibérica se desprendendo do continente. É dividida em 23 capítulos, a obra preserva o português lusitano expressões populares típicas de Portugal. O romance se inicia com a narração de alguns casos insólitos: A Península Ibérica acaba por se soltar do continente europeu, Portugal fica voltado aos Estados Unidos e a Espanha para a Europa, a Jangada de Pedra para. A linguagem e o estilo da obra: O autor se utiliza de períodos e parágrafos muito longos e há uma total erradicação dos sinais de pontuação. As falas de narrador e personagens são às vezes confundidas, onde o uso do discurso indireto livre é bastante influenciador. A metalinguagem também se faz presente no romance, onde se percebe leves doses de ironia. 74 • O ano de 1993 (1987) Em O ano de 1993 o leitor encontrará um José Saramago diferente, mas não menos brilhante. Em lugar do estilo caudaloso de seus romances mais conhecidos, Saramago lança mão aqui de uma escrita sintética, feita de elipses e sugestões, no limiar entre a prosa narrativa e a poesia. Num mundo não nomeado, em que as cidades foram destruídas, ocupadas por lobos ferozes ou dominadas por obscuras forças invasoras, personagens anônimos se deslocam em hordas pelos campos, montanhas e desertos. Embora a ação se passe no ano de 1993 (que à época da escrita do livro estava no futuro), eles parecem atravessar eras da história humana, da pré-história aos nossos dias. Nesse estranho cenário, os homens desaprendem e reaprendem a dominar o fogo, esquecem e recuperam o sentido do amor, e animais biônicos são desenvolvidos para fins de perseguição e opressão política. Imaginação solta e escrita rigorosa fazem o encanto desta parábola singular. Embora não seja escrito propriamente em versos, mas em períodos breves, com extrema liberdade de sintaxe e pontuação, O ano de 1993 é normalmente classificado como o terceiro e último livro de poesia do autor. Pode ser visto como o momento de passagem para a prosa narrativa que, nas décadas seguintes, encantaria os leitores de todo o planeta. • O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) É a obra mais polêmica de José Saramago e aquela que, indiretamente, o levou a sair de Portugal e a refugiar-se na ilha espanhola de Lanzarote. Ficou para a história o desentendimento com o então subsecretário de estado da Cultura Sousa Lara, que considerou o livro ofensivo para a tradição católica portuguesa e o retirou da lista do Prêmio Europeu de Literatura. Com um José destroçado por ter fugido e deixado as crianças de Belém nas mãos dos assassinos de Herodes; com uma Maria dobrada e descrita, logo no início do livro, em pleno ato de conhecer homem; com um Jesus temeroso, um Judas generoso, uma Madalena voluptuosa, um Deus vingativo e um Diabo simpático, não era de esperar outra reação das almas mais sensíveis e mais devotas do catolicismo português. E verdadeiramente viperinas são as várias páginas onde o escritor português se entretém a descrever minuciosamente os nomes e a forma como morreram os mártires dos primeiros séculos do cristianismo. Assim se escreveram os heréticos Evangelhos segundo Saramago, para irritação de muitos e prazer de alguns. 75 • Ensaio sobre a Cegueira (1995) Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, é um livro que nos faz enxergar e, muito mais do que isso, nos faz temer a própria humanidade frente a uma situação de caos. A partir de uma súbita e inexplicável epidemia de cegueira, Saramago nos guia para a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade, transformando seus personagens em animais egoístas na sua luta pela sobrevivência. O livro já começa duro e assustador. No segundo parágrafo deparamo-nos com o grito de um personagem: "Estou cego". E a maneira como Saramago escreve, com poucos pontos, muitas vírgulas e discurso corrente, faz com que os acontecimentos passem pela mente do leitor com uma velocidade incrível: vão-se cegando vários personagens sem que possamos dar uma pausa para respirar. E quando finalmente resolvemos parar, percebemos que o autor não deu nome à cidade, não datou os acontecimentos e manteve seus personagens anônimos, conhecidos apenas como "a mulher do médico", "o homem da venda preta", "a rapariga dos óculos escuros" ou "o cão das lágrimas". Deixando este relato tão aberto à imaginação do leitor, é impossível não temermos uma verdadeira epidemia, imaginarmos como agiriam as autoridades em uma situação como essa, como o medo faria vir à tona os instintos mais escondidos dos homens. • Todos os Nomes (1997) Uma obra de atmosfera kafkiana, um correto funcionário público da Conservadoria , o Sr. José — responsável pelos arquivos que guardam o registro das realizações de cada uma das pessoas da cidade —, passa a investigar, na vida real o paradeiro de uma mulher cujos papéis desaparecem da Conservadoria. • Caim (2009) Se, em O Evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste Caim ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo 76 involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revistará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente. Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto, está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar. A volta aos temas religiosos serve, também, para destacar o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: aqui, a capacidade de tornar nova uma história que conhecemos de cabo a rabo, revelando com mordacidade o que se esconde nas frestas dessas antigas lendas. Munido de ferina veia humorística, Saramago narra uma estranha guerra entre o homem e o senhor. Mais que isso, investiga a fundo as possibilidades narrativas da Bíblia, demonstrando novamente que, ao recontar o mito e confrontar a tradição, o bom autor volta à superfície com uma história tão atual e relevante quanto se pode ser. 11.3) Considerações sobre o Autor O autor se caracteriza pela conquista de um estilo marcadamente pessoal, abolindo os sinais convencionais de pontuação, suas obras valem-se exclusivamente da vírgula e do ponto. Com parágrafos que podem ter páginas inteiras, ele conduz a narrativa às vezes de forma ágil e leve, às vezes de forma lenta e intrincada, conforme sua intenção. A fala do narrador frequentemente se mistura à fala das personagens, isoladas apenas pela vírgula, o que exige uma leitura atenta. Em várias das obras do escritor, há uma atmosfera onírica e surpreendente, que se aproxima das situações insólitas criadas pelo surrealismo ou pelo realismo fantástico. Saramago propicia em seus livros profundas reflexões sobre temas universais e atemporais, como a dominação e a manipulação política por parte dos poderosos, a participação do povo na construção da História, as barreiras que se opõem aos mais profundos 77 sentimentos humanos, como o amor e a solidariedade, a falta de consciência do homem, sua incomunicabilidade, a solidão, o sentido da vida e da morte. 11 - JOSUÉ MONTELLO (1917 – 2006) Figura 14: Josué Montello. Fonte: http://suplementocultural.blogspot.com/2010/01/josue-montello-col-melhorescronicas.html 12.1) Biografia Josué Montello nasceu em São Luís, MA, em 1917. Pertence a um grupo de escritores que escrevem pelo excesso. Com mais de cem obras publicadas e conseguindo, como poucos, 78 anexar uma extrema qualidade à alta produtividade que lhe é característica, o maranhense se mudou para o Rio de Janeiro com vinte anos e, em 1954, se tornou membro da Academia Brasileira de Letras. Ele é autor de romances, ensaios, novelas, peças teatrais, livros destinados ao público infanto-juvenil, crônicas, críticas e diários, nos quais retrata inúmeros acontecimentos da vida artística, política e cotidiana brasileira através de um estilo claro e elegante. Jornalista e considerado pela crítica um dos maiores narradores da moderna ficção brasileira, ele também se aventurou pela política, tendo sido chefe da Casa Civil durante o governo Juscelino Kubitschek, sobre quem, aliás, escreveu um livro, e embaixador da Unesco. ‘Os Tambores de São Luís’ é uma de suas obras-primas. Josué de Souza Montello faleceu no Rio de Janeiro em 15 de março de 2006. 12.2) Publicações • Romance Janelas fechadas. Rio de Janeiro: Pongetti, 1941. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. A luz da estrela morta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. Labirinto de espelhos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. A décima noite. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. Os degraus do paraíso. São Paulo: Martins, 1965. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. 6ª imopressão. Cais da Sagração. São Paulo: Martins, 1971. 9ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. Os tambores de São Luís. Rio de Janeiro: José Olympio / INL, 1975. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 6ª. impressão. Noite sobre Alcântara. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. 3ª impressão. A coroa de areia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 1ª impressão. O silêncio da confissão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 2ª impressão. 79 Largo do Desterro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 2ª impressão. Aleluia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. Pedra viva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 2ª impressão. Uma varanda sobre o silêncio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 5ª impressão. Perto da meia-noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 2ª impressão. Antes que os pássaros acordem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 2ª impressão. A última convidada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 2ª impressão. Um beiral para os bem-te-vis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 2ª impressão. O camarote vazio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 3ª impressão. O baile da despedida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992. 6ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. 8ª impressão. A viagem sem regresso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 4ª impressão. Uma sombra na parede. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 3ª impressão. A mulher proibida. In: Romances escolhidos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. 2ª impressão. Enquanto o tempo não passa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. Sempre serás lembrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 2ª impressão. A herdeira do trono (a sair) A mais bela noiva de Vila Rica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (a sair). • Romances traduzidos Coronation Quay. Tradução inglesa de Cais da Sagração por Myriam Henderson, Londres: Rex Collings, 1975. 80 Muelle de la Consagración. Tradução castelhana de Cais da Sagração por Maria José Crespo. Buenos Aires: Macondo Editiones, 1979. Les Tribulations de Maître Séverin. Tradução francesa de Cais da Sagração por Florence Benoist, com a colaboração de Isa de Ricquesen. Paris: Éditions Maritimes et d`Outres-Mer, 1981. Les Tambours noirs. Tradução francesa de Os tambores de São Luís por Jacques Thiérot, Marie-Pierre Mezeas, Monique le Moing. Paris: Flammarion, 1987. Natt över Alcântara. Tradução sueca de Noite sobre Alcântara por Margareta Ahlberg. Estocolmo: Ed. Nordan, 1988. Notte su Alcantara. Tradução italiana de Noite sobre Alcântara por Adelina Aletti. Milano: Bompiani, 1997. • Ensaio Gonçalves Dias (Ensaios biobibliográficos). Rio de Janeiro: publicações da Academia Brasileira de Letras, 1942. Histórias da vida literária. Rio de Janeiro: Nosso Livro Ed., 1944. O Hamlet de Antônio Nobre. Rio de Janeiro: Ser. Doc. MEC, 1949. Cervantes e o moinho de vento. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1950. Título mudado: Viagem ao mundo do Dom Quixote. In: MONTELLO, Josué. Caminho da fonte, Rio de janeiro: INL, 1959, p. 203-78. Viagem ao mundo do Dom Quixote. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1983. Fontes tradicionais de Antônio Nobre. Rio de Janeiro: Serv. Doc., MEC, 1953. Ricardo Palma, clássico da América. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1954. Artur Azevedo e a arte do conto. Rio de Janeiro: Liv.São José, 1956. Estampas literárias. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1956. A oratória atual do Brasil. Rio de Janeiro: Serv. Doc. DASP, 1959. Caminho da fonte. Rio de Janeiro:INL, 1959. "Ford, o mágico dos automóveis". In: Grandes vocações.São Paulo: Donato Ed., 1960, v.2. O Presidente Machado de Assis. 1ª edição, São Paulo: Martins, 1961. 2ª ed. Edição para cegos - gravação em cassetes do Livro falado São Paulo: Fundação para o Livro do Cego no Brasil, 1978. Santos de casa. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1966. 81 Uma afinidade de Manuel Bandeira: Vicente de Carvalho. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1967. "O conto brasileiro: de Machado de Assis a Monteiro Lobato". In: MONTELLO, Josué. Caminho da fonte. 1ª ed. Rio de Janeiro: INL, 1959, pp. 279-365. 2ª ed. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967. O assunto é padre. De colaboração com Adonias Filho, Armando Fontes, Cassiano Ricardo e outros. Rio de Janeiro: Agir, 1968, pp. 99-120: "Bispos de outrora" (ensaio de Josué Montello). "Marcas literárias da comunidade luso-brasileira". Lisboa: Comissão Executiva do V Centenário de Nascimento de Pedro Álvares Cabral, 1968. In: Separata do Boletim da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. Lisboa, nº 4, 1968. Uma palavra depois de outra. Rio de Janeiro: INL, 1969. Un maître oublié de Stendhal. Paris: Éditions Seghers, 1970. Esse estudo de Josué Montello publicado em Paris a respeito do Abbé de Saint-Real, que viveu na França no século XVII, determinou a reedição de duas obras desse autor na Suíça, com a expressa declaração da contribuição de Josué Montello. Estante giratória. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1971. "A transição da cultura brasileira". In: Separata da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, 1973, nº 185 a 200. A cultura brasileira. Conferência proferida na Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro: Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra, 1977. Rui, o parlamentar. De colaboração com Américo Lacombe, Luís Viana Filho, Pedro Calmon e Pinto de Aguiar. Salvador: ABC Gráfica, 1978, p. 5-20: "O estilo de Rui Barbosa" (ensaio de Josué Montello). Para entender os anos 70. De colaboração com Roberto Campos, Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e outros. Rio de Janeiro: Bloch, 1980, p.111-19: "Entre o jogo-de-armar e o bestseller" (ensaio de Josué Montello). Brazilian culture. Estocolmo: Embaixada do Brasil, 1983. (Editado em inglês). Compreende: palestra de Josué Montello na Universidade de Estocolmo (1982); entrevista de Josué Montello à radio sueca (1982); entrevista de Josué Montello à imprensa sueca (1982). Os caminhos. São Luís: Departamento de Estradas de Rodagem do Maranhão, 1984. Lanterna vermelha. São Luís: Academia Maranhense, 1985. Alcântara. De colaboração com Barnabás Bossahart e Hugo Loetscher, 1989. Janela de mirante. São Luís: SIGE, 1993. 82 O Modernismo na Academia - Testemunhos e documentos. Rio de Janeiro: ABL, Coleção Afrânio Peixoto, 1994. O tempo devolvido - Cenas e figuras da História do Brasil. Rio de Janeiro: ABL, Coleção Afrânio Peixoto, 1996. Fachada de azulejo. São Luís: AML, 1996. Condição literária: São Luís: CEUMA, 1996. Memórias Póstumas de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 2ª impressão. Lúcio de Mendonça. Rio de Janeiro: ABL, 1997. Coordenação e prefácio. Baú da juventude. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1997. Diário da viagem ao Rio Negro. Introdução extensa ao estudo de Gonçalves Dias, levantando todo o trabalho de pesquisa do poeta. Rio de Janeiro: ABL, 1997. Coleção Afrânio Peixoto, 30. Os inimigos de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. 2ª impressão. O Juscelino Kubitschek de minhas recordações. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2ª impressão. • Crônicas Os bonecos indultados. Rio de Janeiro: A Casa do Livro, 1973. • História História dos homens de nossa história. Em colaboração com Nélio Reis. Belém: Oficinas Gráficas do Inst. Lauro Sodré, 1936. Os holandeses no Maranhão. 1ª edição Rio de Janeiro: DIP, 1945. 2ª ed. Rio de Janeiro: Serv. Doc. MEC, 1946. Theremin. Álbum de gravuras com introdução de Josué Montello. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1949. História da Independência do Brasil. Introdução, planejamento e direção geral da obra. Rio de Janeiro: A Casa do Livro, 1972, 4 vols. Pedro I e a Independência do Brasil à luz da correspondência epistolar. Rio de Janeiro: Associação Comercial, 1972. 83 • História literária Pequeno anedotário da Academia Brasileira. Anedotário dos Fundadores. São Paulo: Martins, 1974. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980. Aluísio Azevedo e a polêmica d`"O Mulato". Rio de Janeiro: José Olympio. Brasília: INL, 1975. A polêmica de Tobias Barreto com os padres do Maranhão.Rio de Janeiro: José Olympio. Brasília: INL, 1978. Primeiras notícias da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro: ABL, 1997. A Academia Brasileira entre o Silogeu e o Petit Trianon. Rio de Janeiro: ABL, 1997. Coleção Afrânio Peixoto, 33. • Discursos Discurso de posse como Diretor da Biblioteca Nacional, 1948; Discurso na cerimônia de despedida de Pedro Calmon como Ministro da Educação, 1951; Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Discurso de Viriato Corrêa recebendo Josué Montello. Rio de Janeiro: Serv. Doc. MEC, 1956; Discurso de saudação ao presidente do Peru, Manuel Prado, na Academia Brasileira de Letras, 1962; Discurso de posse na Academia Internacional de Cultura Portuguesa sobre a "Autonomia literária no Brasil". Lisboa, 1968; Quatro discursos em defesa da cultura. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1968; Discursos acadêmicos. Discurso de saudação a Cândido Motta Filho na Academia Brasileira de Letras; discurso de recepção de Cândido Motta Filho. Rio de Janeiro: Publicações da Academia Brasileira, 1972; Discurso de Reitor da Universidade Federal do Maranhão. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1973; Discurso de saudação ao escritor português Joaquim Paço d`Arcos como sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, 1976; Discurso de saudação a José Jansen Ferreira na Academia Maranhense de Letras, 1977; Discurso na Academia Brasileira, na inauguração do Edifício Centro Cultural do Brasil, de saudação ao representante da Academia Argentina de Letras, Angel Batistessa, 1979; Discurso de saudação a Pedro Neiva de Santana na Academia Maranhense de Letras, 1980; 84 Posse na Academia Brasileira de Letras. Discurso de saudação a José Sarney. Brasília, 1981; Discurso de recepção de José Guilherme Merquior na Academia Brasileira de Letras e resposta de Josué Montello. Rio de Janeiro: 1983; Discurso de posse na Academia de Ciências de Lisboa, como sócio correspondente. " Um escritor esquecido: José Antônio de Freitas", 1983; Discurso de saudação a Evaristo de Moraes Filho na Academia Brasileira de Letras, 1984; Discurso de saudação a Herberto Salles no PEN Clube do Brasil, 1985; Discurso de posse como acadêmico correspondente brasileiro na Academia Portuguesa de História (Lisboa). "Um português esquecido na história cultural do Brasil: Manoel Bettencourt", 1985; Discurso de posse como acadêmico brasileiro na Academia Portuguesa de História (Lisboa) Elogio de Pedro Calmon, 1988; Discurso na presidência da Academia Brasileira de Letras, 1994; Discurso por ocasião da abertura da 46ª Feira do Livro de Frankfurt, 1994; Discurso na inauguração das obras de restauração da sede da Academia, 1995; Discurso pronunciado na ABL, em homenagem a Barbosa Lima Sobrinho por ocasião de seu centenário, 1997; Discurso de agradecimento pronunciado em São Luís, no CEUMA (Centro de Ensino Unificado do Maranhão) na inauguração do "Auditório Josué Montello", quando recebeu o título de "Patrono Emérito e Perpétuo do Curso de Letras das Faculdades Integradas do CEUMA", 1997; Discurso pronunciado na ABL de saudação ao crítico Wilson Martins pelo Prêmio José Ermírio de Moraes, 1997; Discurso recebendo Evandro Lins e Silva na ABL, 1998; Discurso pronunciado em São Luís, na CCJM em cerimônia presidida pelo Secretário Perpétuo da Academia Francesa Maurice Druon, de agradecimento ao governo francês através do Ministério da Cultura e da Comunicação da República Francesa, pelo recebimento da condecoração da "Ordem do Mérito Cultural das Artes e Letras", 1999; Discurso na ABL por ocasião da entrega do Prêmio José Ermírio de Moraes a Cícero Sandroni e Laura Sandroni, 1999; Palestra proferida na ABL com o título "Liderança da língua portuguesa: José de Alencar, Rui Barbosa e Mário de Andrade", no curso A língua portuguesa nos 500 anos do Brasil, 1999; Discurso recebendo o editor Carlos Augusto Lacerda no PEN Clube do Brasil, 1999; 85 Discurso por ocasião da inauguração da reunião Internacional do Instituto Brasil Estados Unidos em São Luís, 1999; Palestra proferida no PEN Clube do Brasil: "A evocação de Maeterlink", 2000; Palestra: "O Cronista Machado de Assis" proferida na ABL, na abertura do Ciclo Machado de Assis - cronista e poeta, 2000; Palestra proferida no PEN Clube do Brasil sobre "O humor de Machado de Assis", 2001; Palestra sobre "José Lins do Rego", proferida na ABL em comemoração ao seu centenário, 2001; Discurso de recepção a Paulo Coelho no PEN Clube do Brasil, 2001; Discurso na ABL; "Como presidi a Academia", 2003. • Antologias (que organizou) Aluísio Azevedo (Trechos escolhidos). Apresentação em duas partes: a) situação histórica; b) estudo crítico. Rio de Janeiro:Agir, 1963. Machado de Assis. Estudo introdutório e antologia. Lisboa: Editorial Verbo, 1972. (Gigantes da Literatura Universal). Para conhecer melhor Gonçalves Dias. Estudo introdutório e Antologia. Rio de Janeiro: Bloch, 1973. Para conhecer melhor José de Alencar. Estudo introdutório e Antologia. Rio de Janeiro: Bloch, 1973. • Educação O sentido educativo da arte dramática. Tese de concurso, 1937. Reforma do Ensino Normal no Maranhão. São Luís: Ser. de Imprensa Oficial, 1946. Os feriados nacionais. Rio de Janeiro: MEC, 1953. Literatura para professores do 1º grau. In: Biblioteca Educação é Cultura. Rio de Janeiro: Bloch, 1980, 2. • Novelas O fio da meada. Rio de Janeiro: Ed. O Cruzeiro, 1955. Duas vezes perdida. São Paulo: Martins, 1966. Numa véspera de Natal. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1967. 86 Uma tarde, outra tarde. 1ª ed. São Paulo: Martins, 1968. 2ª ed. São Paulo: Martins, 1971. "Um rosto de menina". 1ª ed. In: Uma tarde, outra tarde. São Paulo: Martins, 1968, pp. 11-40. 4ª ed. São Paulo: Difel, 1983. A indesejada aposentadoria. Brasília: Ebrasa. Ed. de Brasília, 1972. Glorinha. São Paulo: Clube do Livro, 1977. O melhor do conto brasileiro - de colaboração com Aníbal Machado, Lygia Fagundes Telles e Orígenes Lessa (1979). Pelo telefone - com 11 colaboradores (1981). • Novelas traduzidas "La campana de soledade". O Cruzeiro Internacional, Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1964. Tradução castelhana de "O sino da soledade", in: O fio meada. "La sencilla y complicada historia del viejo diplomata". O Cruceiro Internacional, Rio de Janeiro, 1 de julho de 1965. Tradução castelhana de "O velho diplomata", in: Duas vezes perdida. "Faded lives" in: Courrier de Messagéries Maritimes. Paris, jan.-fev./1970, nº 114. Tradução inglesa de "Vidas apagadas" in: Duas vezes perdida. "Viés éteintes" in: Courrier Messagéries Maritimes. Paris,jan.-fev./1970, nº 114. Tradução francesa de "Vidas apagadas", in: Duas vezes perdida. • Romances e novelas editados em Portugal Um rosto de menina (novela). Lisboa: Difel, 1984. A coroa de areia (romance). Lisboa: Livros do Brasil, 1987. Os tambores de São Luís (romance). Lisboa: Livros do Brasil, 1990. Largo do Desterro (romance). Lisboa: Livros do Brasil, 1993. • Teatro Precisa-se de um anjo.Comédia em 3 atos. Representada no Rio de Janeiro pela Companhia Delorges, no Teatro Rival. Estréia em 26 de novembro de 1943. 87 Escola da saudade. Comédia em 3 atos. São Luís: imprensa Oficial do Maranhão, 1946. Representada no Rio de Janeiro pela Companhia Jayme Costa, no Teatro Glória. Estréia em 19 de agosto de 1947. O verdugo. Drama em 1 ato. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1954. Representada em Lima pelo Teatro Universitário da Universidade Nacional Maior de São Marcos, no Auditório da Universidade. Estréia em 13 de janeiro de 1956. Representada no Rio de Janeiro pelo Teatro de Amadores, no Teatro Mesbla. Estréia em 5 de janeiro de 1957. A miragem. Comédia em 3 atos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959. Através do olho mágico. Rio de Janeiro: Serv. Nac. do Teatro, 1959. Comédia em 3 atos. Representada no Rio de Janeiro pelo teatro de estudantes, por iniciativa da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, no auditório de O Globo. Estréia em 6 de dezembro de 1963. O anel que tu me deste. Comédia em 3 atos. Representada em Paraíba do Sul pelo Teatro de Amadores, na inauguração do Teatro Paroquial de Paraíba do Sul. Estréia em 26 de novembro de 1960. A baronesa. Comédia em 3 atos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960. Representada no Rio de Janeiro pelo "Studio A", sob a direção de Pernambuco de Oliveira, no Teatro Dulcina. Estréia em 17 de março de 1961. Alegoria das três capitais. Espetáculo oficial da inauguração de Brasília, 1960. Apresentação na Praça dos Três Poderes, em 21 de abril de 1960. Texto de Josué Montello em colaboração com Chianca de Garcia, música de Villa-Lobos e Hekel Tavares. Um apartamento no céu. Rio de Janeiro: Edições Consultor, 1995. O baile da despedida. Romance transcrito para teatro com o título O último baile do Império, representada em Coimbra, Portugal, no "Festival da Tondela", 1996. Em Lisboa, no Teatro Barraca, em 1997. • Biblioteconomia Curso de organização e administração de bibliotecas. Rio de Janeiro: Dasp, 1943. Problemas da Biblioteca Nacional. Discurso de posse do Diretor da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. • Literatura infantil 88 O tesouro de Dom José. Rio de Janeiro: Gráfica Ed. "O Malho", 1944. (Biblioteca Infantil d ´O Tico-Tico). As aventuras do Calunga.Rio de Janeiro: Gráfica Ed. "O Malho", 1945. (Biblioteca Infantil d`O Tico-Tico). O bicho do circo. Rio de Janeiro: Gráfica Ed. "O Malho", 1945. (Biblioteca Infantil d`O TicoTico). A viagem fantástica. Rio de Janeiro: Gráfica Ed. "O Malho", 1946. (Biblioteca Infantil d`O Tico-Tico). Conversa do Tio Juca. Publicado semanalmente em O Tico-Tico. Rio de Janeiro: Gráfica ed. "O Malho", 1947 a 1948. A cabeça de ouro. Rio de Janeiro: Gráfica Ed. "O Malho", 1949. (Biblioteca Infantil d`O Tico-Tico). As três carruagens e outras histórias. São Paulo: LISA; Brasília: INL, 1979. (Coleção Estrela da Manhã). Fofão, Antena e o Vira-Lata inteligente. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. O carrasco que era santo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. 4ª. impressão. A formiguinha que aprendeu a dançar. Rio de Janeiro: Consultor, 1997. • Diários Diário da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Diário da tarde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. Diário do entardecer. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1991. Diário da noite iluminada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. Diário das minhas vigílias (a sair). Confissões de um romancista (a sair). • Prefácios Mais e cem obras foram prefaciadas por Josué Montello, destacando-se os prefácios a: Ficção completa, de José Lins do Rego. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976. O fruto do vosso ventre, romance de Herberto Sales, na sua tradução japonesa publicada em Tóquio: Shinsekaisha Ltda., 1977. 89 Cartas do próprio punho, de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1978. Mestre Cícero Dias. Livro de arte, com inclusão de uma tela sobre Os tambores de São Luís, 2001. • Antologias (com contos seus) MONTEIRO, Jerônimo. O conto fantástico (antologia). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959, pp. 209-23: "O sino da soledade", novela de Josué Montello, in: O fio da meada. MAGALHÃES Júnior, R. O conto do Norte (antologia). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959, v.2; pp.145-61: "O orador" , novela de Josué Montello, in: O fio da meada. José de Barros Martins - 30 anos (antologia comemorativa do trigésimo aniversário de fundação da Livraria Martins Editora). São Paulo: Martins, 1967; pp. 219-28: "Vidas apagadas", novela de Josué Montello, in: Duas vezes perdida. NEVES, João Alves das. Mestres do conto brasileiro (antologia). Lisboa:Editorial Verbo, 1972, pp.127-44: "Numa véspera de Natal" , novela de Josué Montello, in: Uma tarde, outra tarde. MORAIS Filho, Nascimento. Esperando a missa do Galo (antologia de contos de Natal). São Luís: Edições SIOGE, 1973; pp. 233 a 251: "Numa véspera de Natal", novela de Josué Montello, in: Uma tarde, outra tarde. PROENÇA, Ivan Cavalcanti. O melhor do conto brasileiro (antologia). Rio de Janeiro: José Olympio, 1979; pp. 51-61: "Numa véspera de Natal", novela de Josué Montello, in: Uma tarde, outra tarde. Pelo telefone (antologia de contos a respeito do telefone). Edição especial. São Paulo: Telecomunicações de São Paulo S.A , 1981; pp. 115-37: "A extensão", novela de Josué Montello, in:Um rosto de menina. • Edições para cegos Gravações em cassetes do Livro falado, pela Fundação para o Livro do Cego no Brasil, com sede em São Paulo, das seguintes obras: Cais da Sagração (romance), 1976. O presidente Machado de Assis (ensaio), 1978. Aleluia (romance), 1982. 90 • Cinema Novelas de Josué Montello que foram transpostas para o cinema: "Uma tarde, outra tarde". Com o subtítulo O amor aos 40 (cinema). In: Uma tarde, outra tarde (novela). São Paulo: Martins, 1968, pp. 1810213. Novela filmada e dirigida pelo cineasta William Cobbett, sob o patrocínio da Embrafilme, em 1974. Adaptação para o cinema com texto do próprio autor. Exibição do filme em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, em 1976. "O monstro". Com o título O monstro de Santa Teresa (cinema). In: Duas vezes perdida (novela). São Paulo: Martins, 1966, pp. 11-46. Novela filmada e dirigida pelo cineasta William Cobbett, sob o patrocínio da Embrafilme, em 1975. Adaptação para o cinema com texto do próprio autor e do cineasta. Exibição do filme no Rio de Janeiro em 1978. Filme-documentário a respeito do romance Os tambores de São Luís. Produzido por Renato Bittencourt, para a Agência Nacional - Jornal nº. 96, de 1975. Filme-documentário, rodado em São Luís, a respeito de sua vida e obra literária, com o cenário de sua terra natal. Produzido por Pedro Braga dos Santos, em 1978. • Televisão Documentário sobre a vida e a obra literária de Josué Montello. Dirigido e apresentado por Araken Távora na TV Educativa para a série "Os Mágicos". Entrevista a respeito do Prêmio Nacional de Romance do INL. Entrevistado por Márcio Braga a respeito do Prêmio Nacional de Romance do INL, conferido a Josué Montello pela publicação de Noites sobre Alcântara e A coroa de areia, 1980. Filme-documentário sobre a vida e a obra de Josué Montello. Apresentado pela televisão maranhense, filmado em São Luís e dirigido por Pedro Braga dos Santos, 1980. Entrevista a respeito da Academia Brasileira de Letras. Entrevistado pela TV Educativa, na Academia Brasileira de Letra, para o Programa Os imortais, 1981. Entrevistado por Roberto d`Ávila para a TV Educativa, no Programa Um nome na História, 1981. Transposta para o teleconto a novela de Josué Montello O velho diplomata.Apresentada pela TV Cultura de São Paulo e TV Educativa do Rio de Janeiro, inaugurando o gênero 91 "Teleconto" nessas emissoras de televisão. Seriada em cinco capítulos, com texto adaptado por Jorge Andrade e Abujamra, 1981. Longa entrevista a respeito de sua vida e obra literária e a Casa de Cultura Josué Montello, em São Luís. Entrevistado em São Paulo por Benedito Buzar para a TV Bandeirantes, no Programa Maré Alta, em 1983. Entrevista a respeito do romance Pedra viva. Entrevista para a TV Manchete, a respeito de sua obra literária e o seu romance Pedra viva, em 1983. Depoimento a respeito de Alceu Amoroso Lima. Depoimento de Josué Montello para o Arquivo da Fundação Cândido Mendes, gravado em vídeo, para o circuito interno de televisão, em 1983. Entrevista a respeito da publicação do Diário da manhã. Entrevistado para a TV Manchete, no jornal Manchete panorama a respeito do Diário da manhã, em 1984. Longo depoimento para Araken Távora, para circuito fechado de televisão. A respeito de sua vida, obra e vocação literária, para divulgação no Brasil e no exterior, em universidades e instituições culturais, com a participação da IBM e da TV Educativa, onde se encontra arquivada uma cópia da gravação, em 1984. Entrevistado em São Luís por Benedito Buzar para a TV Bandeirantes, no Programa Maré Alta, em 1984. Depoimento a respeito de Uma varanda sobre o silêncio. Apresentado pela TV Manchete, no jornal Manchete Panorama, em 1984. Especial de literatura com Josué Montello-Mar-Amar-Maranhão. Longo documentário apresentado pela TV Educativa, filmado em São Luís, e pequena parte no Rio de Janeiro, focalizando os cenários dos romances de Josué Montello, juntamente com seus depoimentos, em 1984. Depoimento a propósito do romance Uma varanda sobre o silêncio. Apresentado por Danuza Leão, juntamente com a cantora Gal Costa, na TV Record, no programa Encontro Marcado, em 1984. Depoimento para o programa Sem Censura, da TV Educativa do Rio de Janeiro a respeito de Memórias Póstumas de Machado de Assis, 1997. Depoimento para a TV Manchete, no programa Campus Universitário sobre Machado de Assis, vida e obra, e a publicação de Memórias Póstumas de Machado de Assis, 1997. 92 Depoimento para o programa Sem Censura da TV Educativa, a respeito de Os inimigos de Machado de Assis, 1998. Depoimento para o programa Sem Censura da TV Educativa a respeito de O Juscelino Kubitschek das minhas recordações, 1999. Depoimento para o programa Sem Censura a respeito do romance Sempre serás lembrada, 2000. Entrevistado pela TV Educativa para o programa Observatório da Imprensa sobre a personalidade do grande jornalista Carlos Castello Branco, 2000. Entrevistado sobre Darcy Ribeiro em programa transmitido pela TV Senado, 2001. Participação no programa Primeiro time da TV Educativa, em que alude à doação dos originais de O Mulato à ABL, 2001. • Rádio Radiofonização em Lisboa, pela Rádio Renascença, no programa Páginas do Brasil, nº. 31, de duas cenas do romance de Josué Montello, A décima noite, precedidas de um breve estudo. Produção do Departamento de Rádio do Escritório de Propaganda e Expansão do Brasil em Lisboa, 1960. Radiofonização da peça de Josué Montello A baronesa, por Dias Gomes, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, 1961. Radiofonização da novela de Josué Montello A aposentadoria, pelo produtor Allan Lima, através da Rádio Ministério da Educação e Cultura, programa Vida e fantasia, 1964. Radiofonização de passagens do Pequeno anedotário da Academia Brasileira de Letras, pela Rádio Ministério da Educação e Cultura, 1965. Trasnmitida pela Rádio Emissora BBC de Londres, conversa de Josué Montello sobre "O sistema nacional de cultura no Brasil", 1968. Entrevista de Josué Montello em Paris, para a Rádio Francesa, a propósito do livro de ensaios Un maître oublié de Stendhal, publicado pela Editora Seghers, 1970. Josué Montello "Especial". Entrevista gravada a respeito de sua obra, focalizando seu romance A coroa de areia, transmitida pela Rádio Jornal do Brasil, 1980. Entrevista à Rádio Jornal do Brasil a respeito do romance Aleluia, transmitida no Noticiário da Manhã, 1982. Entrevistado em Estocolmo pela Rádio Suécia Internacional, no programa Debate, transmitido em português para a Europa, África e América Latina, 1982. 93 Entrevistado pela rádio francesa a respeito de sua obra literária, no Rio de Janeiro, pela jornalista Carmen Bernard, para ser transmitida em Paris pela Radio France Culture no programa cultural Panorama, 1983. Entrevistado pela Rádio Roquette-Pinto, do Ministério da Educação e Cultura, a respeito de sua obra literária, 1983. Radiofonização pela Rádio Ministério da Educação e Cultura da novela de Josué Montello Numa véspera de Natal, caracterizada pelos seus personagens, dentro da programação especial da Rádio O Natal na visão do contista, 1984. Entrevistado ao vivo pela Rádio MEC, prestando depoimento sobre a publicação de Memórias póstumas de Machado de Assis, 1997. • Obra completa Romances e novelas de Josué Montello, em três volumes, papel bíblia, edição Aguilar, incluindo toda a ficção do autor até 1986, e mais uma longa introdução no primeiro volume, "Confissões de um romancista". 12.2.1) Sinopse • A luz da estrela morta (1948) Mas a verdade é que o homem tem o espaço à sua disposição, podendo ir ou vir, permanecer parado ou saltar, volver aos lugares de onde partiu, reencontrar o lago, o rio ou a enseada de seu agrado, mas não pode dispor do tempo, para volver ao passado ou chegar mais cedo ao futuro. (…) E que era o relógio, em última análise, senão a palavra desse tempo, lenta, irreversível e uniforme (…) [trecho do livro A Luz da Estrela Morta] 94 Romance que curiosamente possui como figura central o próprio tempo, simbolizado nesta obra por um imponente relógio de bronze que há gerações acompanha uma família, trata de um dos assuntos mais caros a humanidade: o inexorável avançar do tempo, e a força insopitável da morte. Temáticas que encontram nesta obra um terreno fértil para serem exploradas e refletidas, e envolvem e cativam o leitor à medida que a narração nos compraz com sua fluidez. A obra “A Luz da Estrela Morta” inicia-se com uma narrativa acerca da história familiar de Eduardo, e do passado de um fantástico relógio de bronze que teria o poder de marcar o exato momento em que os integrantes daquela família morreriam. A partir daí, e com Eduardo já morando só em seu apartamento, o romance desenvolve-se sobre uma suposta nova previsão de morte apontada pelo antigo relógio, e que desta vez atingiria o próprio Eduardo. Com uma narração envolvente e vibrante, o autor expõe os temores, as angústias, alucinações e loucuras, que povoam a mente desse personagem a partir da previsão agourenta do relógio, e que o confina a uma realidade cada vez mais limitada e vigiada à medida que o relógio se mostra irredutível em sua previsão fatal. Assim, situações banais e cotidianas, são interpretadas por ele como prováveis planos da Morte para arrancar-lhe o sopro vital e concretizar a profecia soturna do antigo relógio de bronze – momento que o autor aproveita para descrever com maestria a gama de sensações e emoções que inundam esse personagem diante do mau irremediável. O autor diante desse caso patológico de perturbação mental protagonizado por Eduardo, aborda toda a fragilidade humana diante do tempo, que a tudo consome; e da morte, a eterna vitoriosa. A figura de Eduardo passa a ser o retrato da própria espécie humana, quando posta diante da força implacável e objetivada da morte. “A Luz da Estrela Morta” é regida, em geral, com um preciosismo literário que realça com uma grande vivacidade o conjunto das cenas, e das sensações humanas, permitindo uma leitura bastante veloz, agradável, e viciante. • Os tambores de São Luís (1975); A obra de ficção, cuja narrativa em terceira pessoa transcorre durante uma noite e algumas horas da manhã seguinte, conta, em tom épico, uma história de três séculos de lutas e insurreições. E embora sua ação romanesca componha uma jornada que se inicia às 22 horas de uma noite de 1915 para fechar-se às 9 horas da manhã seguinte, o relato retrocede aos 95 vários ciclos da história maranhense, misturando presente e passado, com mais de 400 personagens, entre bispos, padres, governadores, boêmios, raparigas, estudantes, professores, oradores populares, negros de ganho, artistas, tipos de rua, tentando reconstituir toda a complexa vida de uma cidade. É um romance humano, ao estilo de uma impressionante novela de mistério, que começa com um episódio imprevisto – o encontro de um negro assassinado dentro de um bar, numa noite de 1915. • O Presidente Machado de Assis (1978) Relíquia da Academia Brasileira, que teve sua primeira edição em 1961 é um livro de base para fundamentar os estudos sobre as correspondências de Machado de Assis, porque esta publicação traz revelações importantes que elucidam questões literárias que tiveram grande repercussão na imprensa do século XIX, tais quais a polêmica envolvendo Machado de Assis e Eça de Queirós, por ocasião do estudo crítico que o então escritor brasileiro publicou sobre o romance O Primo Basílio, na Revista O Cruzeiro em 16 e 30 de abril de 1878, respectivamente. Além de esclarecer questões referentes a esta polêmica traz trechos de cartas inéditas do editor de Eça de Queirós, junto com a qual vieram folhas em prova de obras do escritor português e a concessão dos direitos autorais no Brasil ao primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. • Labirinto de espelhos (1995) Os personagens desta pequena obra-prima passada no Maranhão são uma viúva rica e seus parentes pobres que esperam a sua morte. A viúva tem consciência de que todos lhe fazem a corte na esperança de serem destinatários de sua fortuna. Em meio a situações cômicas que retratam a inveja humana, a velha sobrevive à ira dos pretensos herdeiros. 12.2) Considerações sobre o Autor 96 Os romances de Josué Montello, são sempre evocativos à cidade de São Luís e ao Maranhão, parecem ser – mais do que simples propagações de nostalgia e chauvinismo – tentativas (quase) perfeitas de fazer a cidade falar. São Luís assume, na prosa montelliana, a condição paradoxal de ser um elemento impessoal (um cenário) e, simultaneamente, um corpus dotado de caráter antropomórfico capaz de exprimir o espírito humano (um conglomerado de pessoas de todas as categorias). 13- JÚLIO CORTÁZAR (1914-1984) FIGURA 15: Júlio Cortazar. FONTE: http://bobmartins.blogspot.com/2010_05_01_archive.html. 13.1) Biografia Júlio Cortázar, escritor e intelectual argentino, nasceu em 1914, Bélgica, e aos quatro anos retornou com seus pais a Buenos Aires, Argentina. Iniciou a vida como professor 97 secundário em Buenos Aires e depois recusou uma cátedra universitária, por opor-se ao regime peronista. Escreveu desde criança, mas só publicou seu primeiro trabalho – Presença, uma coletânea de sonetos – aos 25 anos com o pseudônimo Julio Denis, com tiragem de 250 exemplares. Como leitor aplicado de filosofia, foi influenciado no primeiro livro publicado com seu nome em 1949: Os reis, uma série de diálogos sobre o tema de Teseu e o Minotauro. Em 1951 publicou Bestiário, o primeiro livro de contos sem muita repercussão. Contratado como tradutor pela UNESCO (1952), radicou-se em Paris e tornou-se cidadão francês (1982). Começou a ser conhecido com Final de jogo, lançado no México em 1956. Sua consagração, porém, se deu com O jogo da amarelinha (1963), romance que inaugurou um novo modo de fazer literatura, do qual ele mesmo recomenda a leitura dos capítulos seguindo séries numéricas, saltando trechos, lendo de trás para frente. Devido a sua condição de escritor engajado por excelência, esse livro embalou os sonhos de uma geração de jovens em busca de justiça social em toda a América Latina. Politicamente, o autor foi um mistério, devido à fragilidade dos rótulos da época, pois, para a CIA, tratava-se de um perigoso esquerdista a soldo da KGB, enquanto esta considerava-o um notório agente do imperialismo a soldo da CIA e perigoso agitador antisoviético, já que denunciava as prisões em Moscou dos chamados dissidentes. Em 1999 foi lançada uma coletânea de sua produção na área da crítica literária: Julio Cortázar – Obra Crítica. No ano seguinte foi lançada uma biografia escrita pelo seu conterrâneo e colega Mario Goloboff, que resgata a trajetória do escritor numa obra que encara o fantástico e o real em sua vida: Julio Cortázar - la biografia, Editora Six Barral, 2000. Seu lançamento mais recente é o livro póstumo Papeles inesperados (Alfaragua, 2009). Em 12 de fevereiro de 1984, Julio Cortázar morre devido a complicações de sua leucemia. Seu corpo está enterrado no cemitério de Montparnasse, na França. 13.2) Publicações Presencia, 1938 (sonetos) (Sob o pseudônimo Julio Denis) La otra orilla, 1945. Los reyes, 1949 (teatro) (Os Reis) Bestiario, 1951 (contos) (Bestiário, 1986, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) Final del juego, 1956 (contos) (Final de Jogo) 98 Las armas secretas, 1959 (contos) (As Armas Secretas, 1994, Rio de Janeiro: José Olympio). Faz parte desse livro o conto Las babas del diablo (As Babas do Diabo), que inspirou Antonioni para o filme "Blow-up". Los premios, 1960 (novela) (Os Prêmios, 1983, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira) Historias de cronopios y de famas, 1962 (misceláneas) (Histórias de Cronópios e de Famas, 1964, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Valise de Cronópio, 1974, São Paulo: Perspectiva) Carta a una señorita en París, 1963 Rayuela, 1963 (novela) (O Jogo da Amarelinha, 1994, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira) La autopista del Sur, 1964 Todos los fuegos el fuego, 1966 (contos) (Todos os Fogos o Fogo, 1994, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira) La vuelta al día en ochenta mundos, 1967 (contos). El perseguidor y otros cuentos, 1967 (contos). Buenos Aires, Buenos Aires, 1967 62/modelo para armar, 1968 (novela) (62/ Modelo para Armar) Casa tomada, 1969. Último round, 1969. Relatos, 1970. Viaje alrededor de una mesa, 1970. La isla a mediodía y otros relatos, 1971. Pameos y meopas, 1971 (poemas). Prosa del observatorio, 1972 (Prosa do Observatório, 1974, São Paulo: Perspectiva) Libro de Manuel, 1973 (novela) (O livro de Manuel, 1984, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) La casilla de los Morelli, 1973. Octaedro, 1974 (contos) (Octaedro, 1986, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira) Fantomas contra los vampiros multinacionales, cómic, 1975. Estrictamente no profesional, 1976. Alguien que anda por ahí, 1977 (contos) (Alguém que anda por aí, 1981, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) Territorios, 1979 (contos). Un tal Lucas, 1979 (contos) (Um tal Lucas, 1982, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) Queremos tanto a Glenda, 1980 (contos) (Um dos contos foi publicado no Brasil, sob o título Orientação dos Gatos, 1981, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) 99 Deshoras, 1982 (contos) (Fora de Hora, 1984, Rio de Janeiro: Nova Fronteira) Los autonautas de la cosmopista, 1982 (Os Autonautas da Cosmopista) – Em colaboração com Carol Dunlop, sua companheira. Nicaragua tan violentamente dulce, 1983 (Nicarágua tão Violentamente Doce, 1987, São Paulo: Brasiliense) Silvalandia (baseado em ilustrações de Julio Silva), 1984. Salvo el crepúsculo, 1984 (poesía). Divertimento, 1986 (obra póstuma) (Divertimento) El examen, 1986 (novela, obra póstuma) (O Exame Final, s.d., Rio de Janeiro: José Olympio) Diário de Andrés Fava, 1995 (Diário de Andres Fava, s.d., Rio de Janeiro: José Olympio) Adiós Robinson y otras piezas breves (teatro), 1995 (Adeus, Robinson e Outras Peças Curtas, 1997, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira) Obra Crítica, editada em 1998, no Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 13.2.1) Sinopse • Los reyes (Os Reis), 1949 Em Os Reis, o mito de Minos, Teseu, Ariadne e o Minotauro é recriado. Nesta obra o conhecimento que se revela insaciável, o poderoso chamado de outra realidade mais funda e verdadeira que aquela que refulge nas aparências: tudo isso surge do labirinto que abriga o monstro. E o monstro voraz e implacável se submete mansamente à morte, certo de que seu desaparecimento o enraizará definitivamente na alma humana: “Quando o último osso tiver se separado da carne, e minha figura se tornado olvido, nascerei de verdade no meu reino incontável. Lá habitarei para sempre, como um irmão ausente e magnífico”, diz o autor. • Bestiario (Bestiário), 1951 O Bestiário, livro que pontua sua carreira, traz em seus contos toda essa linha tênue que separa "o que é" do que "até poderia ser". Um dos exemplos que resume todo o estilo presente em sua obra pode ser visto no Pousa tigres, conto que traz a história de uma família que convive com um tigre solto em casa e sempre que precisam passar de um aposento ao outro, devem certificar-se de que o tigre não está lá. Enquanto isso vai lentamente traçando o perfil dos personagens arrematando a história com um final marcante. Sua abordagem 100 peculiar do cotidiano fez de Cortázar um dos expoentes da literatura latinoamericana. Sua morte prematura criou um espaço aberto à imaginação, porque como ele talvez dissesse comentando isto, daquele seu jeito "cortaziano" de escrever: "A morte, apenas cinco letras que nos leva daqui pra lá sem ao mesmo nos perguntar se pode". • Final del juego (Final de Jogo), 1956 Um total de 18 contos, divididos em três blocos, este livro de 1956 em que Cortázar explora a estrada do Bestiário: a confusão do cotidiano e do fantástico, da preocupação com narrativas que simplesmente recriar a infância até a sugerir comunicação espaço e tempo paralelo acidental, ou contos de terror naqueles que não são monstros atacando sem obsessões absurdas e ideias de todos os tipos. • Rayuela (O Jogo da Amarelinha), 1963 O jogo da amarelinha (1963) é o primeiro anti-romance escrito no mundo; com base nisto, é o livro de cabeceira de muitíssimos escritores de língua espanhola. Esta obra é um modelo para referência na literatura universal. Graças a este livro, seu autor, Julio Cortázar, é reconhecido como um dos mais importantes escritores latino-americanos. O livro é baseado na vida singular de uma personagem chamada Oliveira, um intelectual com uma visão diferente da vida. Cortázar usa outra lente para enfocar a vida de sua personagem em Paris e seu regresso a seu país natal, a Argentina. Mas o importante desta obra é a magia que começa a construir-se no ar com a leitura de cada uma de suas páginas. O jogo da amarelinha não é simplesmente um livro a mais que lemos, é outra forma de ver a vida, a amostra de cada um dos problemas existenciais de um homem vistos e resolvidos a partir de outra ótica. O jogo da amarelinha é o jogo que nos propõe a vida, dando-nos a oportunidade de jogar. • Casa tomada, 1969 Uma relação estranha e agradável incestuoso ocorre em uma atmosfera de vigília expectante que apresenta uma aceitação apática e cumplicidade de uma realidade que flui e cresce em intensidade. 101 A amálgama mágica e inexplicável do conto fantástico é um entendimento fatual da realidade que pode ser básica. E nessa ambivalência leva todo o trabalho desde que esses irmãos aceitou uma cumplicidade sem precedentes, sua casa é "tomado" e cercada por algo, no qual, o autor deixa que o leitor interprete. Eles concordam em ver como cada setor de sua casa vai se sentir "ocupado" com a renúncia completa e adaptação as circunstancias. Casa tomada deixa aberta as portas para a imaginação do leitor na interpretação da entidade do invasor: estranhos seres, sobrenatural , ou talvez uma simples mortais comuns. 13.3) Considerações sobre o autor Julio Cortázar é considerado um dos autores mais inovadores e originais do seu tempo. Mestre no conto e na narrativa curta, a sua obra é apenas comparável a nomes como os de Edgar Allan Poe, Tchékhov ou Jorge Luis Borges. Deixou igualmente romances como "Rayuela", que inauguraram uma nova forma de fazer literatura na América Latina, rompendo com o modelo clássico mediante uma narrativa que escapa à linearidade temporal e onde os personagens adquirem uma autonomia e uma profundidade psicológica raramente vistas. 102 14 - LÊDO IVO (1924-) FIGURA 16: Lêdo Ivo. FONTE: http://www.topbooks.com.br/frMateria_JB_020604.htm 14.1) Biografia Nasceu no dia 18 de fevereiro de 1924, em Maceió (AL). Em 1940, transferiu-se para Recife, onde passou a contribuir com a imprensa local e a conviver com um grupo literário de que faria parte Willy Lewin, o qual haveria de exercer grande influência em sua formação cultural. Em 1941, participou do I Congresso de Poesia do Recife. Em 1943 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil. Em 1944, estreou na literatura com As Imaginações (poesia), e no ano seguinte publicou Ode e Elegia, distinguido com o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de 103 Letras. Nos anos subsequentes, sua obra literária avoluma-se com a publicação de obras de poesia, romance, conto, crônica e ensaio. Em 1947, seu primeiro romance, As Alianças, mereceu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. A seu livro de crônicas A Cidade e os Dias (1957) foi atribuído o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras. Em 1973, foi conferido a Finisterra o Prêmio Luiz Cláudio de Sousa (poesia), do PEN Clube do Brasil, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal. Seu romance Ninho de Cobras foi distinguido com o Prêmio Nacional Walmap de 1973, tendo sido traduzido para o inglês e o dinamarquês. Teve também vários livros traduzidos para o espanhol. Em 1982, Lêdo Ivo foi distinguido com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras. Desde 13 de novembro 1986, foi associado à Academia Brasileira de Letras e é o quinto ocupante da Cadeira nº 10 na sucessão de Orígenes Lessa. Lêdo Ivo também é sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, sócio efetivo da Academia Municipalista de Letras do Brasil, sócio honorário da Academia Petropolitana de Letras e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Condecorações: Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Grã-Cruz; Ordem do Mérito Militar, no grau de Oficial; Ordem de Rio Branco, no grau de Comendador. 14.2) Publicações • Poesia: As imaginações. Rio de Janeiro: Pongetti, 1944. Ode e elegia. Rio de Janeiro: Pongetti, 1945. Acontecimento do soneto. Barcelona: O Livro Inconsútil, 1948. Ode ao crepúsculo. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948. Cântico. Ilustrações de Emeric Marcier. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1949. Linguagem: (1949-19041). Rio de Janeiro, J. Olympio, 1951. Ode equatorial. Com xilogravuras de Anísio Medeiros. Niterói: Hipocampo, 1951. Acontecimento do soneto. incluindo Ode à noite. Introdução de Campos de Figueiredo. 2. ed. Rio de Janeiro: Orfeu, 1951. Um brasileiro em Paris e O rei da Europa. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1955 104 Magias. Rio de Janeiro: Agir, 1960. Uma lira dos vinte anos (contendo: As imaginações, Ode e elegia, Acontecimento do soneto, Ode ao crepúsculo, A jaula e Ode à noite). Rio de Janeiro: Liv. São José, 1962. Estação central. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1964. Rio, a cidade e os dias: crônicas e histórias. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1965. Finisterra. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1972. O sinal semafórico (contendo: de As imaginações à Estação central). Rio de Janeiro: J. Olympio, 1974. O soldado raso. Recife: Edições Pirata, 1980. A noite misteriosa. Rio de Janeiro: Record, 1982. Calabar. Rio de Janeiro: Record, 1985. Mar Oceano. Rio de Janeiro: Record, 1987. Crepúsculo civil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1990. Curral de peixe. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. Noturno romano. Teresópolis: Impressões do Brasil, 1997. O rumor da noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. Plenilúnio. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004. Réquiem, Rio de Janeiro: A Contracapa, 2008. Poesia Completa - 1940-2004. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004. • Romance: As alianças. Rio de Janeiro: Agir, 1947. O caminho sem aventura. São Paulo: Instituto Progresso, 1948. O sobrinho do general. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. Ninho de cobras. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1973. A morte do Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1984. • Conto: Use a passagem subterrânea. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1961. O flautim. Rio de Janeiro: Bloch, 1966. 10 [dez] contos escolhidos. Brasília: Horizonte, 1986. Os melhores contos de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1995. 105 Um domingo perdido. São Paulo: Global, 1998. • Crônica: A cidade e os dias. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1957. O navio adormecido no bosque. São Paulo: Duas Cidades, 1971. As melhores crônicas de Lêdo Ivo. Prefácio e notas de Gilberto Mendonça Teles. São Paulo: Global, 2004. • Ensaio: Lição de Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1951. O preto no branco. Exegese de um poema de Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1955. Raimundo Correia: poesia (apresentação, seleção e notas). Rio de Janeiro: Agir, 1958. Paraísos de papel. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1961. Ladrão de flor. Capa de Ziraldo Rio de Janeiro: Elos, 1963. O universo poético de Raul Pompéia. Em apêndice: Canções sem metro, e Textos esparsos [de Raul Pompéia]. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1963. Poesia observada. (Ensaios sobre a criação poética, contendo: Lição de Mário de Andrade, O preto no branco, Paraísos de papel e as seções inéditas Emblemas e Convivências). Rio de Janeiro: Orfeu, 1967. Modernismo e modernidade. Nota de Franklin de Oliveira. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1972. Teoria e celebração. São Paulo: Duas Cidades, 1976. Alagoas. Rio de Janeiro: Bloch, 1976. A ética da aventura. Rio de Janeiro: F. Alves, 1982. A república da desilusão. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. • Autobiografia: Confissões de um poeta. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1979. O aluno relapso. São Paulo: Massao Ohno, 1991. 106 • Literatura Infanto-juvenil: O menino da noite. São Paulo: Companhia. Editora Nacional, 1995. O canário azul. São Paulo: Scipione, 1990. O rato da sacristia. São Paulo: Global, 2000. 14.2.1) Sinopses • Ninho de cobra (1973) Na primeira edição de ninho de cobra, 1973 ano conturbado da ditadura militar, o autor reconhecendo a atmosfera politico social da época, apropria-se de fragmentos recortados do mundo exterior e confronta-os com o mundo representado na obra literária. Tomando essa linha o espaço e o tempo se desloca para as décadas de 30 e 40, período também conturbado devido a Era Vargas em que o governo não mediu esforços para impor a “ordem” através da tortura e censura. • Os melhores contos de Lêdo Ivo (1995) Este livro trás a reunião de contos do autor, são contos autênticos, no sentido rigoroso do termo. Contista do cotidiano, Lêdo Ivo, nas suas histórias curtas retrata a comédia humana carioca, pequenos dramas insuspeitos (O Flautim), casos de adultério sem remorso (A Viúva e o Estudante), o despertar da sexualidade (Quando a Fruta Está Madura), com um certo desencanto dos homens e da vida, mas com uma confiança decidida no poder purificador da poesia. O desalento com a humanidade alcança uma espécie de auge no belo Natal Carioca, um breve apólogo de sabor agridoce. As personagens são empregadas domésticas em namoro com guardas municipais (O Amor em Grajaú), aposentados, algumas crianças. A cidade do Rio de Janeiro, onde a maioria dos contos se desenrola, é uma grande presença e, como Machado de Assis, Lêdo Ivo registra com fidelidade os locais frequentados pelas personagens, a confeitaria do largo da Carioca, o teatro Carlos Gomes, e os meios de transporte, o bondinho sacolejante de Santa Teresa, os trens da Central, os ônibus congestionados. 107 • Um domingo perdido (1998) Domingo Perdido reúne treze contos em que a tônica é a existência humana. As histórias são marcadas por uma acentuada força expressiva, tanto pela riqueza da elaboração dos diálogos como pela riqueza da construção dos personagens. Ele vinha distraído, pela estreita rua que durante o dia inteiro canalizava um barulhento e colorido rio humano, quando viu Papanastássio. Estremeceu. Bastou o fragmento de um segundo, talvez menos, para se compenetrar no que significava aquela súbita e inesperada aparição... Temas constantemente presentes na vida do ser humano - frustrações, sonhos, amigos de infância, situações embaraçosas, lembranças, amor, traição, entre outros - são delineados pelo autor de uma forma bastante afetiva. • Melhores Poemas (1998) A crítica observou que As Imaginações (1944) e Ode e Elegia (1945) encarnavam esses novos rumos da poesia brasileira, inclusive em suas hesitações. Mas o poeta se distinguia pela capacidade emocional, uma sensibilidade romântica e uma espécie de alquimia verbal, um amplo domínio sobre as palavras e rara capacidade de reuni-las, extraindo delas efeitos novos, mágicos e surpreendentes. A preferência pelo soneto (gênero em que o poeta escreveria centenas de poemas) se afirma a partir de Acontecimento do Soneto (1949), uma espécie de exercício de contenção, sem abdicar da linguagem luxuriante e da adjetivação inovadora. Com o tempo, o poeta foi podando excessos, reduzindo os poemas a formas cada vez mais sintéticas, numa ação semelhante ao desgaste produzido pelo tempo, num esforço de extrair apenas o essencial dos fatos, mas sem renunciar ao permanente exercício do soneto e de outras formas poéticas de sua preferência. Aproxima-se da poesia oriental, em particular do hai-kai, como pode ser exemplificada em Confissão do Mentiroso ("Nada tenho a dizer,/ e toda vez que escrevo/ digo o meu tudo") e O Silêncio Divino: ("O silêncio. Deus fala/ pelos cotovelos ou é o grande mudo?"). Sintético e moderno, como os poetas chineses, há 3 mil anos. A verdadeira poesia flutua acima dos tempos. 108 • O rato da sacristia (2000) O Rato da Sacristia sensibiliza a criança para compreender que todo ser vivo, até mesmo um roedor, tem direitos, deveres e uma função significativa na organização do ciclo da vida. O rato, levado, sapeca e mau católico - Num lugar sagrado/ certo se escondia. Nem mesmo o arcebispo/ vê-lo conseguia. De noite dormia/ e à noite roía - devorava tudo que encontrava pela frente, não respeitava nem o dedinho do Menino Jesus. Padre, sacristão, ratoeira, veneno - nada conseguia pegá-lo. Porém, entra um personagem novo na rotina do roedor, Deus. E, nesse momento, a história surpreende. 14.3) Considerações sobre o autor Lêdo Ivo lançou o seu primeiro livro em um momento de intensa transformação da literatura brasileira, em meados da década de 1940, quando uma nova geração literária emergia e buscava se afirmar. Os novos de então, conhecidos como geração de 45 e neomodernistas, procuravam restabelecer o equilíbrio entre forma e fundo, "a revalorização da palavra, a criação de novas imagens, a revisão dos ritmos e a busca de novas soluções formais" (Tristão de Athayde), preservando as liberdades alcançadas pelo modernismo. 109 15 - LOURENÇO DIAFÉRIA (1933-2008) FIGURA 17: Lourenço Diaféria. FONTE: http://emersonaraujo46.blogspot.com/2008_08_24_archive.html 15.1) Biografia Lourenço Diaféria foi um contista, cronista e jornalista brasileiro, nasceu no bairro paulistano do Brás em 28 de agosto de 1933. Filho de um italiano e de uma mãe portuguesa, 110 viveu sua infância frente a frente às paisagens dos subúrbios da Central do Brasil. Adolescente, o pai queria que fosse estudar Direito, mas ele sempre quis ser jornalista e cursou a Faculdade Cásper Líbero e a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (cursos que não chegou a acabar). Teve os empregos de correspondente comercial e fiel de cartório antes de ingressar na Folha de São Paulo, como preparador de textos, por meio de um concurso público. A carreira de cronista no jornal, no entanto, só começou em 1964, quando a direção da redação gostou de suas divulgações em torno de como festejar o São João dentro de um dos minúsculos apartamentos que infestavam a cidade, passou por diversos situações, uma delas, em setembro de 1977, quando os militares não gostaram da crônica " Herói. Morto. Nós", por isso, Lourenço Diaféria foi preso pela Polícia Federal e enquadrado na Lei de Segurança Nacional. A história mostra que a direção do jornal não agiu de forma digna, mas o autor, felizmente, foi absolvido pelo Supremo. Lourenço Diaféria escreveu na Folha de São Paulo, sobretudo no caderno “Ilustrado”, entre 1973 e 1977. Pelas páginas do jornal passa o talentoso e múltiplo Diaféria, que um dia observa uma cobradora de ônibus ajudar uma mãe a trocar a roupa de seu bebê e, no outro, manda uma carta ao general de plantão avisando que algo cheira mal nos porões da ditadura militar. E nessa multiplicidade de olhares, o autor torna-se, como diz Jorge de Sá, testemunho do nosso tempo e o leitor termina a leitura sentindo-se mais próximo do homem, dos outros homens, enriquecido em sua consciência e emoção. O cronista e jornalista faleceu na noite do dia 16 de setembro de 2008, em sua casa em São Paulo, em decorrência de problemas cardíacos. 15.2) Publicações (lista incompleta) • Um gato na terra do tamborim (1976) • Circo dos Cavalões (1978) • A morte sem colete (1983) • O Empinador de Estrela (1984) • A longa busca da comodidade (1988) • O invisível cavalo voador – Falas contemporâneas (1990) • Papéis íntimos de um ex-boy assumido (1994) 111 • O imitador de gato (2000) • Brás – Sotaques e desmemórias (2002) 15.2.1) Sinopses • Os gatos pardos da noite – Crônica Lourenço Diaféia retrata nessa história um assunto muito comum nos dias de hoje . Abala perdida é a causa da morte do pequeno Claudemir , filho de Maria do Rosario . Para o policial o acidente foi apenas “ossos do oficio” , conseqüência de uma perseguição , afinal a noite todos os gatos são pardos . Quando o tira retornar a sua casa , a culpa ou o arrependimento não irão a seu encontro , claro ! foi apenas uma vida , o tiro disparado não teve alvo , o trabalho foi em grupo e alem disso a calvície é muito mais importante que uma vida . • O lobo e o Cordeiro – Crônica Nos tempos atuais não é de se estranhar que a lei do mais forte é a que prevalece, sem motivo ou fundações construtivas a vida do pequeno cordeiro é tirada nessa famosa fabula de La Fontaine. A moral ética da história , é mostrada de uma maneira clara e muito objetiva . O lobo , que por ser mais autoritário e maior que o novo cordeiro é o personagem que segue as regras do mundo . E o cordeiro , frágil e sem habilidades para sua auto defessa é morto sem nenhuma formalidade . • A dança - Crônica a história mais justa e nem um pouco obvia . O que aconteceu com o rei acontece com muitas pessoas , só que idéias brilhantes como a que Zadig teve não são tão fáceis de se encontrar . O justo homem foi muito certo em permanecer honesto em meio a tentação . e foi gratificado , tornando-se tesoureiro do rei . 112 Acredito que a maioria que se inscreveu para ser tesoureiro do rei acho que seria fácil , porem tudo que se vem fácil vai fácil , é um fato da vida . Nessa historia Voltaire deixa claro que desonestidade não leva a nada . • Herói. Morto. Nós – Crônica (1977) “Herói. Morto. Nós" conta sobre um sargento do Exército que havia pulado no fosso das ararinhas, no zoológico municipal, a fim de salvar um garoto de catorze anos das presas dos roedores; o menino é salvo, mas o sargento morre. O texto era uma homenagem ao sargento, herói na batalha campal cotidiana, mas referia-se também à estátua do Duque de Caxias, no centro paulistano, em cujo pedestal se aninhavam garotos de rua. • O Empinador de Estrela (1984) O empinador de estrela é o relato de um menino sobre sua vida cotidiana e sobre os sentimentos que os acontecimentos lhe despertam. A historia é entrelaçada por varias situações, tristes ou divertidas vividas pelo personagem em que não faltam considerações sobre seus animais preferidos, lagartas e formigas, além de seu gosto especial por soltar pipa e jogar futebol. Mas quando seu pai doente vai se tratar em outra cidade e a mãe o acompanha, o menino conhece a solidão e o medo de perder quem tanto ama. Por fim, saber que o pai esta melhorando e vai voltar, enche o coração do menino de alegria e, para expressar tal emoção, empina muito alto seu papagaio em forma de estrela, o que encanta todos os moradores da cidadezinha. • O imitador de gato (2000) Um casal de cegos que passeia no metrô e a aflição de um garoto que os segue para protegê-los; um assaltante que faz questão de pagar as contas rigorosamente em dia; uma mulher que pede socorro para salvar seu marido que está voando; a menininha que sonha ser professora e dá aulas para suas bonecas... Estas e muitas outras situações estão presentes 113 nestas crônicas de Lourenço Diaféria, que narra cenas do cotidiano reveladas por um olhar sensível e atento aos mais diferentes tipos humanos. • Brás – sotaques e desmemórias (2002) O Brás talvez seja o bairro paulistano mais retratado em histórias, fotos, filmes, memórias, músicas e outras narrativas. Porta de entrada dos imigrantes estrangeiros, que tinham sua primeira parada na Hospedaria dos Imigrantes, prédio hoje transformado em um museu que registra a história dos movimentos migratórios, o Brás é também o berço do mais popular esporte brasileiro, o futebol. Foi lá que nasceu Charles Miller, paulistano filho e neto de ingleses que, ao voltar de seus anos de estudo na Inglaterra, trouxe ao Brasil as primeiras bolas de “capotão” com as quais ensinaria as poucas regras do “esporte bretão” aos funcionários da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway, onde iria trabalhar. O escritor e jornalista Lourenço Diaféria, ao retratar o bairro do Brás, evita atribuir-se o papel de historiador ou de sociólogo. Prefere o registro em forma de testemunho, e apresenta ao leitor um pedaço vasto e extremamente pessoal de São Paulo, sem falsos sentimentalismos ou saudosismos. Percorre as ruas da região com a mesma sem-cerimônia com que descreve as pernas de Isaurinha Garcia, os milagres do Padre Eustáquio, o assassinato do sapateiro Martinez durante a greve de 1917, as pizzas do famoso restaurante Castelões e as lojas da rua do Gasômetro. Lourenço evita o pitoresco, o típico e o exótico. Com simplicidade e leveza, revê o lugar em que nasceu com os mesmos olhos do garoto que não fazia idéia de que aquilo fosse um bairro. Não por acaso, prefere chamar suas lembranças de desmemórias e destaca a sonoridade dos diferentes sotaques do bairro, para registrar as falas e as vidas dos muitos homens e mulheres, desde os portugueses, espanhóis e italianos dos primeiros anos do século XX, até os nordestinos de tempos mais recentes, que ajudaram a fazer do Brás um lugar que é redescoberto e recriado pelo texto sensível de Lourenço Diaféria. 15.3) Considerações sobre o autor Lourenço Carlos Diaféria era um cronista em estado puro. E, como um cronista nato, cortava fatias da vida e as dissecava em palavras. Diaféria falava do paulistano como um regionalista falaria de um sertanejo. Seu objeto de estudo era o homem comum, o cidadão anônimo. Tentaram fazer dele um mártir da “luta contra a ditadura militar”, mas esse foi 114 apenas um desvio doloroso em sua vida. Seu negócio era observar o lado mais comum da vida e descrever o que dele apreendia. 16- LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (1936- ) FIGURA 18: Luis Fernando Veríssimo. FONTE:http://2.bp.blogspot.com/_yJETQ9UYhcs/S_S28KsnxQI/AAAAAAAAACI/yCMsVjIgVh8/s1600/veris simo.jpg 115 16.1) Biografia Luis Fernando Veríssimo, escritor e humorista gaúcho nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo. Foi alfabetizado nos Estados Unidos em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. De volta ao Brasil, estuda no Instituto Porto Alegre até os 16 anos. Termina o 2º grau nos EUA, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone e ali vive até 1956. Em 1962 vai para o Rio de Janeiro, onde permanece por cinco anos empregado no jornal da Câmara de Comércio Americana. Iniciou sua carreira de jornalista no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções. Além disso, trabalhou um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos. Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo. Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2000, no jornal O Globo. 16.2)Publicações • Crônicas e Contos: - A Grande Mulher Nua - Amor brasileiro 116 - Aquele Estranho Dia que Nunca Chega - A Mãe de Freud - A Mãe de Freud (ed. de bolso) - A Mesa Voadora - A Mulher do Silva - As Cobras - A velhinha de Taubaté - A versão dos afogados – Novas comédias da vida pública - Comédias da Vida Privada - Comédias da Vida Privada (ed. de bolso) - Comédias da Vida Pública - Ed Mort em “O seqüestro o zagueiro central” (ilust. de Miguel Paiva) - Ed Mort em “Com a Mão no Milhão” (ilust. de Miguel Paiva) - Ed Mort e Outras Histórias - Ed Mort em “Procurando o Silva” (ilust. de Miguel Paiva) - Ed Mort em Disneyworld Blues (ilust. de Miguel Paiva) - As Cobras em “Se Deus existe que eu seja atingido por um raio” 117 - As Aventuras da Família Brasil, Parte II - História de Amor 22 (com Elias José e Orlando Bastos) - Ler Faz a Cabeça, V.1 (com Paulo Mendes Campos) - Ler Faz a Cabeça, V.3 (com Dinah S. de Queiroz) - Novas Comédias da Vida Privada - O Analista de Bagé em Quadrinhos - O Marido do Dr. Pompeu - O Popular . - O Rei do Rock - Orgias - Orgias (ed. de bolso) - O Suicida e o Computador - O Suicida e o Computador (ed. bolso) - Outras do Analista de Bagé - Para Gostar de Ler, V.13 - "Histórias Divertidas", com F. Sabino e M. Scliar - Para Gostar de Ler, V.14 - Para Gostar de Ler, V.7 – "Crônicas", com L. Diaféria e J.Carlos Oliveira 118 - Peças Íntimas - Separatismo; Corta Essa! - Sexo na Cabeça - Sexo na Cabeça (ed. de bolso) - Todas as comédias - Zoeira - A eterna privação do zagueiro absoluto - Comédias para se ler na escola - As mentiras que os homens contam - Histórias brasileiras de verão - Aquele estranho dia que nunca chega - Banquete com os Deuses • Romances: - Borges e os Orangotangos Eternos - Gula - O Clube dos Anjos - O Jardim do Diabo - O opositor . Poesia: - Poesia numa hora dessas?! 119 Infanto-Juvenis: - O arteiro e o tempo (ilust. de Glauco Rodrigues - O Santinho (ilust. de Edgar Vasques e Glenda Rubinstein) - Pof (ilust. do autor) Viagens – Culinária: - América (ilustrações de Eduardo Reis de Oliveira) - Traçando Japão (ilust. de Joaquim da Fonseca) - Traçando Madrid (ilust. de Joaquim da Fonseca) - Traçando New York (ilust. de Joaquim da Fonseca) - Traçando Paris (com Joaquim da Fonseca) - Traçando Ponto de Embarque para Viajar 1 - Traçando Ponto de Embarque para Viajar 2 - Traçando Porto Alegre (ilust. de Joaquim da Fonseca) - Traçando Roma (ilust. de Joaquim da Fonseca) Antologias: - Para gostar de ler Júnior - Festa de criança (ilust. de Caulos) – - As noivas do Grajaú – . - Todas as histórias do Analista de Bagé - Ed Mort - Todas as histórias - Comédias da vida privada (edição especial para escolas) – - Para gostar de ler, v. 14 - O nariz e outras crônicas - Pai não entende nada - Coleção Jovem – - Zoeira (seleção de Lucia Helena Verissimo e Maria da Glória Bordini)- O gigolô das palavras (seleção de Maria da Glória Bordini). Participações em Coletâneas: Para entender o Brasil - Organização de Luiz Antonio Aguiar. Alegro, 2001. Texto: “O 120 cinismo de (todos) nós”. Os cem melhores contos brasileiros do século - Organização de Ítalo Moriconi. Objetiva, 2000. Texto: “Conto de verão nº 2 - Bandeira branca”. O desafio ético - Organização de Ari Roitman. Garamond, 2000. Texto: “O poder do nada”. Para gostar de ler, volume 22 - Histórias de amor - Ática, 1999. Texto: “Uma surpresa para Daphne”. Porto Alegre - Memória escrita - Organização Zilá Bernd. Universidade Editorial, 1998. Texto: “Bola de cristal”. Contos para um Natal brasileiro - Relume Dumará, 1996. Texto: “White Christmas”. Contos brasileiros - Organização de Sérgio Faraco. L&PM, 1996. Texto: “A missão”. Democracia: Cinco princípios e um fim - Ilustrações de Siron Franco. Organização de Carla Rodrigues. Moderna, Continente Sul/Sur Coleção - IEL, Polêmica, 1996. 1996. Texto: Texto: “Conversa “Igualdade”. de velho”. O Rio de Janeiro continua lindo - Memória Viva, 1995. Texto: “Vitória carioca”. Passeios pela Zona Norte - Centro Cultural Gama Filho, 1995. Texto: “As noivas do Grajaú”. E o Amigos Bento secretos levou - Artes (charges) e - Ofícios, 1994. Mercado Texto: Aberto, “Casados x 1995. solteiros”. A cidade de perfil - Organização de Sérgio Faraco. Centro Cultural Porto Alegre, 1994. Textos: Separatismo “A mal - entendida”, Corta “A essa! compulsão” (cartuns) 121 - e L&PM, “Soluções”. 1993. Para gostar de ler, volume 13 - Histórias divertidas - Ática, 1993. Textos: “Atitude suspeita” e “O casamento”. O humor nos tempos do Collor - Com Jô Soares e Millôr Fernandes. L&PM, 1992. Nós, os gaúchos - Editora da Universidade, 1992. Texto: “A cidade que não está no mapa”. Cronistas do Estadão - Organização de Moacir Amâncio. O Estado de S. Paulo, 1991.Texto: “Negociações”. A Ler palavra faz a Crônicas é humor - Scipione, cabeça, volumes 1, 2 e 3 - de amor - Ceres, 1990. Pedagógica Texto: e 1989. “Lixo”. Universitária, Textos: 1990. “Amores”. Sombras e luzes - Um olhar sobre o século - Organização de Hélio Nardi Filho. L&PM, 1989. Texto: O “À novo Rodízio do conto de Memórias Temporal beira contos (Revista na Duque tapete, à brasileiro - - Mercado Nova Aberto, Oitenta (Revista beira nº6) Oitenta do Fronteira, 1985. Texto: nº espaço”. “Tronco”. L&PM, 5) - 1985. L&PM, 1982. 1981. Para gostar de ler, volume 7 - Crônicas. Ática, 1981. Textos: “Confuso”, “Futebol de rua”, “Comunicação”, “Emergência” e “Matemática”. Toda a verdade sobre Brigitte D’Anjou (Revista Oitenta nº 3) - L&PM, 1980. Condomínio (Revista Oitenta nº 122 2) - L&PM, 1980. Humor de sete cabeças (charges e cartuns) - Sulbrasileiro Seguros Gerais, 1978. Antologia O brasileira do tubarão humor - L&PM, L&PM, 1976. 1976. QI 14 - Garatuja, 1975. Editoras: – L&PM Editores, Porto Alegre (RS) . – Editora Objetiva, Rio de Janeiro (RJ) – Ática, São Paulo (SP) – Artes e Ofícios, Rio (RJ) – Epu, São Paulo (SP) – Globo, Porto Alegre (RS) . – José Olympio, Rio de Janeiro (RJ) – Cia. das Letras, São Paulo (SP) – Berlendis, São Paulo (SP) – Projeto, Porto Alegre (RS) – Mercado Aberto, Porto Alegre (RS) 16.2.1) Sinopses • O Jardim do Diabo (1988) 'O jardim do diabo', romance de Luis Fernando Veríssimo, é um thriller bem-humorado e inteligente. Uma mulher é encontrada esfaqueada em seu quarto - na parede, escritas com sangue da vítima, palavras em grego. É isso que o inspetor Macieira conta a Estevão, um escritor de histórias policiais, sempre assinadas com um pseudônimo americano. O inspetor Macieira vai atrás de Estevão por um detalhe - a cena do crime é exatamente igual à descrita por ele em seu último romance. O assassinato, no entanto, ocorreu antes de o livro ser lançado. A partir dessa visita, os dias monótonos de Estevão começam a ser invadidos por seus personagens. Vida e ficção passam então a disputar um jogo fascinante do qual o leitor é 123 grande testemunha. Com seu proverbial humor, Veríssimo nos envolve numa divertida trama, cheia de referências policiais e recursos de metalinguagem. • Gula - O Clube dos Anjos (1998) Esse é o terceiro livro publicado da coleção Plenos Pecados, que é uma série em que reúne obras de autores convidados a escrever sobre os pecados capitais. Coincidentemente, esse também foi o terceiro livro que li, sendo o primeiro sobre a Inveja e o segundo sobre a Luxúria. O que diferente entre esse livro e os dois primeiros da série é o estilo; O Clube dos Anjos é uma narrativa fictícia. Um grupo de homens tem se reunido nos último 21 anos, uma vez a cada mês, para que pudesse degustar de seus pratos preferidos num jantar organizado pelo responsável do mês. As sensações, no entanto, já não são como eram quando se reuniam durante a juventude; as mulheres foram introduzidas nesses eventos sociais, eles pareciam ter perdido o apetite e já não se davam bem desde que um deles havia morrido. Num dado momento, Lucídio aparece na vida deles: através de Daniel, o narrador, o homem misterioso consegue reunir os dez integrantes do Clude dos Anjos à mesa, presenteando a cada mês com os seus pratos preferidos, um apetite voraz, felicidade. E também com a morte. • Borges e os Orangotangos Eternos (2000) A trama se passa no ano de 1985 em Buenos Aires, num congresso da Israfel Society, que reúne estudiosos da obra de Edgar Allan Poe e suas influências em outros autores (Israfel é o nome de um poema de Poe). O protagonista, Vogelstein, é um homem solitário e de meia idade cercado por livros e residente em Porto Alegre, que viaja a capital Argentina para participar do evento e lá se vê envolvido em um crime. Vogelstein juntamente com o escritor -personagem Jorge Luis Borges tentará desvendar o mistério que tanto incomoda a polícia daquele país. Os dois partem de seus conhecimentos sobre a Literatura policial nos contos de Allan Poe para revelar o crime, já que o criminoso deixou suas pistas baseadas nas histórias do escritor norte-americano e em causos da Filosofia ocultista. A cada pista descoberta surge um novo enigma e inicia-se uma outra discussão literária, até que se dê o (im)previsível desfecho. 124 A despeito do final ser ou não previsto pelo leitor(pois tratando-se de um romance policial cada um de nós é um detetive em potencial)todo o enredo de Borges… além de bem escrito serve de justificativa para uma discussão sobre A Literatura policial. Assim Luis Fernando Verissimo adequa perfeitamente o tema a uma intriga ficcional bem mais atraente do que qualquer debate acadêmico. • Poesia Numa Hora Dessas?! (2002) Ao longo de vinte anos, o acervo pessoal de Luis Fernando Verissimo guardava algumas preciosidades — poemas, tiras e desenhos publicados em jornais e revistas com o curioso título de Poesia Numa Hora Dessas?! Da reencarnação à morte, passando por tipos singulares de nosso cotidiano como O faz-nada — uma exaltação ao vagabundo — nada escapa à pena ou ao computador de Verissimo, conectado de forma tão intensa à nossa existência como seres humanos. Como um autêntico poeta, com palavras ou imagens, o autor gaúcho nos faz rir ou chorar e refletir sobre a nossa condição de homem — o único animal que ri, que chora, que chora de rir. E que diante da crise, do medo, do fim de um ano e do começo de outro, fará o possível — como propõe o escritor — para confiar no amanhã: a não ser que descubram alguma coisa contra ele durante a noite. • O arteiro e o tempo (1994) Nesta obra fluente e bem-humorada, um menino e o tempo estabelecem um longo diálogo. O assunto? O próprio tempo e o seu poder. Conversam sobre as mudanças que o tempo provoca, e que quanto mais velho fica, mais rápido passa; quando é moço, parece que nem anda, "principalmente no ano escolar, quando as férias estão longe e cada dia leva uma semana para terminar". Menino e tempo falam sobre dinossauros, o primeiro homem, o inventor do relógio, o trabalhador que faz o tempo render e sobre o preguiçoso que pode esticá-lo... Até que um segredo se revela: o pintor é o único a mexer com os poderes do tempo. • O Santinho (1997) 125 O Santinho, Verissimo reúne contos que falam da infância e do ambiente escolar, traçando um panorama carinhoso da escola brasileira. Com muito talento e bom humor, o escritor ao mesmo tempo faz rir e emociona, ao contar histórias de alunos e professores, pais e filhos, santinhos e pestinhas também. No conto que dá título ao livro, "Santinho", o autor narra a história bem humorada de um garoto que aparentemente servia de exemplo para toda a classe, mas que, para ele, ser bem-comportado em aula não era uma decisão sua nem era nada de que se orgulhasse. Era só seu temperamento. Na verdade, era um vagabundo, não aprendia nada, vivia distraído. Mas comportamento, 10. Dona Ilka, a professora, que vivia no seu pé, olhando-o sempre de esguelha, certa de que ele não passava de um santinho do pau oco... Já em "Conversa" nos deliciamos com as artimanhas que os estudantes usavam, junto aos porteiros, para entrar como penetra nos bailes noturnos do clube da cidade, proibidos para menores de idade. • Pof (2000) Este livro contém apenas desenhos de Verissimo, feitos para que as crianças, ao folhearem as páginas, vejam uma imagem se formando. 16.3) Considerações Sobre o autor É um dos autores mais lidos dos últimos tempos, consagrou-se como cronista explorando com muito humor temas banais do cotidiano, o relacionamento amoroso, a infidelidade conjugal, a culinária, a politica, o comportamento de gerações, o preconceito, a desigualdade social. Na opinião de Jaguar "Verissimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo por aí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite a dentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço." 126 17 - LUIZ SACILOTTO (1924 - 2003) FIGURA 19: Luiz Sacilotto . 17.1) Biografia Filho de imigrantes italianos, Luiz Sacilotto nasceu em Santo André, Estado de São Paulo, em 22 de abri de 1924. Foi pintor, escultor e desenhista. Estudou pintura na Escola Profissional Masculina do Brás e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes. Trabalhou como desenhista de letras de alta precisão no Sistema de Máquinas Hollerith em São Paulo, 127 no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti e como desenhista no escritório de arquitetura de Vilanova Artigas. Aos 21 anos reencontrou com colegas de seu antigo colégio, Marcelo Grassmann e Octávio Araújo, e junto com Carlos Scliar realizaram a mostra 4 Novíssimos no Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro. Dois anos depois, participou da exposição 19 Pintores realizada na Galeria Prestes Maia em São Paulo. Sua obra conheceu uma fase figurativa, na década de 40, e o período concreto, que se estendeu por toda a segunda metade do século passado. Participou da exposição "Ruptura", realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 1952 e foi um dos signatários do manifesto de mesmo nome, que marcou o início do movimento concretista brasileiro, desse ponto em diante, bastou alguns passos para que suas obras se tornassem concretistas e mais alguns passos para explorar efeitos ópticos tornandose também, um dos precursores da optical art no Brasil. Se aventurou pela tridimensionalidade quando passou a produzir relevos em alumínio pintado e uma sequência de esculturas em latão e alumínio. Desde o início, uma das características de seus trabalhos era o distanciamento dos padrões acadêmicos e a aproximação das ideologias do Grupo Santa Helena. Passou a produzir obras de caráter expressionista densamente assinalado por cores e formas intensas. Participou da Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo e no Rio de Janeiro, da exposição Arte Moderna do Brasil – ocorrida em várias cidades européias – , da exposição Projeto Construtivo Brasileiro de Arte na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no MAM do Rio de Janeiro, de diversas Bienais Internacionais de São Paulo, da Bienal Brasil Século XX, da Bienal de Veneza, da exposição Tradição e Ruptura, da Bienal do Mercosul, da mostra Konkrete Kunst em Zurique e uma retrospectiva no MAM de São Paulo. Recebeu o prêmio artes visuais da Associação Paulista dos Críticos de Arte (em 1989 e 2000), o prêmio Melhor Conjunto da Obra da Associação Brasileira de Críticos de Arte (2000), o Prêmio Governador do Estado do Salão Paulista de Arte Moderna, entre outros. Participou de seis Bienais de São Paulo entre 1951 e 1967; da Bienal de Veneza em 1952, da Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo em 1956 e no Rio de Janeiro em 1957. Expôs também na Konkrete Kunst, exposição nacional de arte concreta em Zurique, em 1960 128 organizada por Max Bill em diversas galerias.Luiz Sacilotto faleceu dia 09 de fevereiro de 2003 no ABC paulista onde sempre viveu. 17.2) Algumas obras FIGURA 19:Toalha Cinzenta, óleo sobre tela, 31,5 x 44,5 cm, 1943 FIGURA 20: Auto-retrato, nanquim, 28 x 22 cm, 1947 129 FIGURA 21: Concreção 5715, óleo sobre tela, 80 x 80 cm, 1957 FIGURA 22: Concreção 5940, escultura em alumínio pintado, 86 x 41 x 29 cm, 1959 130 FIGURA 23: G 173, Guache sobre papel, 50 x 50 cm, 1974 FIGURA 24: Concreção 7964, óleo e têmpera sobre tela fixada em madeira, 50 x 100 cm, 1979 131 FIGURA 25: Concreção 9204, têmpera sobre tela, 110 x 110 cm, 1992 FIGURA 26: Concreção 9982, têmpera acrílica sobre tela, 110 x 110 cm, 1999 As obras do artista estão disponíveis nos seguintes Museus: • Museu de Arte Moderna de São Paulo 132 • Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro • Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo • Pinacoteca do Estado de São Paulo • Pinacoteca do Município de São Paulo • Pinacoteca da Prefeitura de Santo André • Pinacoteca da Prefeitura de São Bernardo do Campo 17.3) Considerações sobre o Artista Nas obras concretistas de Luiz Sacilotto, é muito frequente a presença de figuras geométricas, em particular de retas. E o uso dessas retas e dos ângulos formados por elas nos passa sensações desde movimento, profundidade e ate mesmo pertubaçoes. Explorar a possibilidade de se criar obras de arte através do uso de matemática e também a apreciação da obra analisando os conceitos matemáticos presentes, apresentando assim a arte como uma ferramenta para a matemática. “A sistematização do movimento, repetição e os jogos ópticos são os pontos fundamentais para a construção de sua obra que mantém-se sempre ligada e relacionada aos meios de produção. O jogo dinâmico que impõe às suas imagens nos provoca o olhar, percebemos seus recortes, seus giros, a multiplicidade das formas geométricas, o jogo interminável das ilusões ópticas. Sacilotto sempre se manteve interessado em experimentações, desde o início fez uso de materiais e técnicas diversas. Trabalhou com um grande rigor formal sem renunciar à sensibilidade. (...) Deixou um significativo conjunto de obras que evidencia sua importante trajetória artística: desenhos, gravuras, guaches, esculturas, pinturas, obras públicas, além de um grande número de projetos. 133 Luiz Sacilotto era um artista universal que sempre se manteve fiel a sua obra e seus conceitos. Um exemplo de artista sensível à emoção das linhas exatas e ângulos rigidamente traçados.” Paula Caetano Artista Plástica e mestre em Artes Visuais 18 - LUIZ VILELA (1942- ) 134 FIGURA 27: Luiz Vilela. 18.1) Biografia Luiz Vilela é romancista e contista. Nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 31 de dezembro de 1942. Aos quinze anos, foi para Belo Horizonte, onde cursou filosofia. Em 1967, estreou com o livro de contos Tremor de terra, livro que publicou, à própria custa, em edição graficamente modesta e de apenas mil exemplares e com ele ganhou, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção. Na mesma época, veio para a capital paulista, onde trabalhou como redator e repórter do Jornal da Tarde. Participou de vários projetos literários como A Revista e a Página dos Novos, editada pelo jornal Estado de Minas. Foi, também, premiado no I e II Concurso Nacional de Contos, do Paraná. E recebeu ainda o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, para o melhor livro de contos do ano, com O Fim de tudo. Depois de morar em Belo Horizonte, São Paulo, Espanha e Estados Unidos, Vilela decidiu voltar para a sua cidade natal, onde vive até hoje. Suas obras já foram traduzidas nos Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Suécia, Polônia, República Tcheca, Argentina, Paraguai, Chile, Venezuela, Cuba e México. 18.2)Obras • Tremor de terra (contos, 1967) • No bar (contos, 1968) 135 • Tarde da noite (contos, 1970) • Os novos (romance, 1971) • O fim de tudo (contos, 1973) • Contos escolhidos (antologia, 1978) • Lindas pernas (contos, 1979) • O inferno é aqui mesmo (romance, 1979) • O Choro no travesseiro (novela, 1979) • Entre amigos (romance, 1983) • Uma seleção de contos (antologia, 1986) • Contos (antologia, 1986) • Os melhores contos de Luiz Vilela (antologia, 1988) • O violino e outros contos (antologia, 1989) • Graça (romance, 1989) • Te amo sobre todas as coisas (novela, 1994) • Contos da infância e da adolescência (antologia, 1996) • Boa de garfo e outros contos (antologia, 2000) • Sete histórias (antologia, 2000) • Histórias de família (antologia, 2001) • Chuva e outros contos (antologia, 2001) • Histórias de bichos (antologia, 2002) • A cabeça (contos, 2002) • Bóris e Dóris (novela, 2006) • Amor e outros contos (antologia, 2009) • Participa de diversas antologias de contos, no Brasil e no exterior. 18.2.1) Sinopse 136 • Tremor de terra, 1967 Nesta obra destaca-se a feição realista de Vilela, nas narrativas memorialistas, focalizando um episódio marcante vivido pelo menino de então e que o narrador adulto recupera em seu discurso do presente. Ainda que não seja um fato extraordinário, ele representou, na vida daquele que narra, um momento de mudança ou de ruptura que alterou uma condição existencial anterior (de inocência, de ingenuidade) e colaborou para a sua formação e seu amadurecimento pessoal, como a morte do avô, no conto "Felicidade", e a conversa do diretor da escola com o menino que o flagrara num ato de pederastia, em "Com os próprios olhos". O herói por excelência das histórias é o ser que tem dificuldade de se encaixar no mundo. No conto "Imagem", o protagonista procura saber de seus conhecidos o que acham dele. A cada opinião percebe que sua imagem no espelho se modifica. Por ficar perdido entre tantas imagens, pois cada uma pensa uma coisa diferente, ele adquire fama de ser uma pessoa instável. Outros personagens que ensaiam contrariar o padrão imposto pela sociedade também sofrem pressão. A personagem tia Lázara de "O Violino" tenta na maturidade aprender a tocar o violino e é repreendida pela família. Feridos nessa busca inútil, os indivíduos fogem para dentro de si. O ponto máximo do recolhimento está em "Buraco", em que o herói cava um buraco onde passa a viver como tatu. Identidade é aquilo que uma pessoa tem de mais próprio, de mais pessoal. Esse é o tema explorado por Luiz Vilela no conto "Imagem", conforme demonstra a seguinte passagem: “Foi aí que eu comecei a busca. Olhava-me dia e noite no espelho, não mais para encantar-me, mas para encontrar-me, para saber quem era aquele que estava ali, no espelho. Aquele era eu – mas quem era eu?” A exploração do nonsense surge no conto "O fantasma". Trata-se do diálogo, com passagens hilárias, em que a razão domina o sentimento quando o normal, na situação, seria o medo abafar a inteligência. No final, aterrorizado com o homem, que tranqüilamente vai dormir no casarão abandonado, o fantasma desaparece. No conto - título, "Tremor de Terra", um rapaz se apaixona por uma moça casada. O sentimento o faz imaginar um momento maravilhoso e ao mesmo tempo terrível, que ele 137 compara a um tremor de terra. O abalo seria capaz de reverter a condição de "enterrado vivo" de muitos dos personagens. Como a ironia é um forte elemento dos contos, é dessa forma que lhes é ameaçado o frágil equilíbrio, visto que pode soterrá-los de vez. Este conto expõem-se diversos aspectos relativos à sexualidade na sociedade contemporânea, tais como a diferenciação entre amor e desejo sexual, a sexualidade instintiva, o namoro, o casamento, e como a noção de amor é veiculada pelos meios de comunicação de massa. • Boa de garfo e outros contos, 2000 Coletânea de contos das obras: Uma seleção de contos em que o assunto principal é a ética, O fim de tudo e Lindas pernas . A infância vista pelos olhos do adulto, imagens da vida rural e urbana, num livro escrito por quem domina a arte da escrita. "O único estímulo que o escritor precisa para escrever é a vida, e a vida ele encontra em qualquer lugar, seja na cidade grande, seja na cidade pequena, seja até onde não há cidade nenhuma." (Luiz Vilela) • Histórias de Família, 2001 O consagrado escritor mineiro Luiz Vilela reuniu em Histórias de Família dez contos que revelam com emoção o mundo íntimo das relações familiares, em narrativas cheias de lembranças, fantasias, conflitos e segredos. Vilela, com sua narrativa simples e direta, partiu do universo familiar para falar sobre sentimentos humanos universais. Os contos abordam temas diversos, como os rituais muitas vezes hipócritas que envolvem a morte de um ente querido, ou a indignação de um pai que procura entender por que o filho se engajou na guerrilha urbana. • Histórias de bichos, 2002 O autor nos faz mergulhar nas relações mais profundas entre os seres, sejam eles humanos ou animais. Histórias de Bichos nos apresenta sentimentos muitas vezes conflitantes, 138 vividos pelos personagens, que podem facilmente ser transportados da narrativa ficcional para a vida dos jovens leitores, uma vez que as situações entre os seres apresentados pelo autor são, em sua grande maioria, formadoras de caráter, envolvendo questões éticas fundamentais para o desenvolvimento dos adolescentes. • Bóris e Dóris, 2006 O autor acompanha o café da manhã do casal título. Os personagens mantêm uma ininterrupta troca de palavras no restaurante de um bar de hotel, às vezes agressiva e rancorosa, como costuma ocorrer com casais de longa data, às vezes extremamente divertida. A vida vazia de Bóris e Dóris se revela em conversas curtas e secas. Palavras duras e reveladoras que traduzem a tensão de ambos. A autor dá uma lição sobre como sustentar toda uma narrativa tendo como eixo apenas um diálogo entre duas pessoas. E ao mesmo tempo ser capaz de passar para o leitor uma visão crítica sobre as mazelas do mundo atual e sobre o difícil relacionamento entre as pessoas, mesmo entre aquelas que se amam. Bóris e Dóris se pinicam com as palavras, transmitindo para o leitor, através de suas observações e expressões, seus sonhos, medos e angústias. Os sonhos, medos e angústias de todos nós. O tempo da narração é múltiplo. A novela se passa num pedaço de manhã e num resto de noite. Bóris se mostra sempre preocupado com o seu tempo pessoal, com a angústia de não se atrasar para a convenção do grupo empresarial a que pertence. Dóris com o excesso de tempo de sua vida ociosa. Os dois se conciliam no medo do envelhecimento implacável e no que fizeram de suas vidas. E aí Bóris, tão senhor de seu momento, sente o dissabor de quem não tem o domínio sobre tudo. O espaço da narrativa está restrito ao hotel-fazenda, ou melhor, ao salão do café-damanhã e ao quarto onde está hospedado o casal. Nas lembranças dos dois os espaços se ampliam, mas sempre na necessidade de analisar momentos e definições de suas vidas. E no final este espaço está limitado a um mundo pequeno e mesquinho, pois em torno dele transitam pessoas que independem das decisões e necessidades do casal: o rapaz da recepção, a senhora misteriosa, as duas moças vizinhas de mesa, os amigos do grupo empresarial, o irmão de Bóris. 18.3) Considerações sobre o autor 139 Luiz Vilela publica pouco. Mas escreve muito. E nesse caso muito não é demonstrativo de quantidade, mas de qualidade. Um dos mais talentosos autores contemporâneos, um contista ímpar, mestre na arte de fazer diálogos. Adaptado para o cinema, teatro e televisão, foi, ainda, traduzido para várias línguas. Esgotados nas livrarias, seus livros são disputados em sebos, com o status de cult e uma linguagem que impressiona pelo tom incisivo. As personagens encontram-se em pro-fundas crises existenciais . Dentro da narrativa, percebe-se a economia da linguagem, ou seja, cortar o que não é relevante para a história contada, para que o efeito seja causado. O conto necessita ser preciso, conciso, o que o difere, em termos, de um romance. 19- LYA LUFT (1938 - ) 140 FIGURA 28: Lya Luft. "Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." 19.1) Biografia Lya Fett Luft é uma romancista, poetisa e tradutora brasileira, Professora de Literatura, Mestre em Lingüística e Literatura Brasileira. Exerceu o magistério superior, como professora de Lingüística. É também colunista da revista semanal Veja. Nasceu em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, no dia 15 de setembro de 1938. Iniciou sua vida literária nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemão e inglês. Lya Luft já traduziu para o português mais de cem livros. Entre outros, destacam-se traduções de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. Os primeiros poemas de Lya Luft foram reunidos no livro "Canções de Limiar" (1964). Em 1972 lançou o livro de poemas "Flauta Doce". Em 1976, escreveu alguns contos e 141 enviou para Pedro Paulo Sena Madureira, que era então editor da Nova Fronteira. Em 1978 lança seu primeiro livro de contos, "Matéria do Cotidiano". A ficção entrou em sua vida dois anos depois de um acidente automobilístico quase fatal em 1979. Primeiro foi o lançamento de "As Parceiras", em 1980, e depois "A Asa Esquerda do Anjo", em 1981. Em 1985, aos 47 anos, separou-se de Celso Pedro Luft e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995. A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. Diz que não escreve exclusivamente sobre mulheres, mas que escreve sobre tudo o que a assombra. Publicou também O lado fatal, coletânea de poemas, e ainda “Mulher no palco” e “O Rio do Meio”, que obteve o prêmio de melhor obra de 1996, da Associação de Críticos de Arte de São Paulo. 19.2)Publicações • Canções de limiar, 1964 • Flauta doce, 1972 • Matéria do cotidiano, 1978 • As parceiras, 1980 • A asa esquerda do anjo, 1981 • Reunião de família, 1982 • O quarto fechado, 1984 • Mulher no palco, 1984 • Exílio, 1987 • O lado fatal, 1989 • O rio do meio, 1996 • Secreta mirada,1997 • O ponto cego, 1999 • Histórias do tempo, 2000 • Mar de dentro, 2000 142 • Perdas e ganhos, 2003 • Histórias de bruxa boa, 2004 • Pensar é transgredir, 2004 • Para não dizer adeus, 2005 • Em outras palavras, 2006 • O silêncio dos amantes, 2008 • Múltipla escolha, 2010 • The Island of the Dead (O Quarto Fechado), E. U. A. 19.2.1)Sinopse • As Parceiras, 1980 A obra As Parceiras, de Lya Luft, aborda o universo feminino, enfocando as questões relacionadas ao matrimônio, à sexualidade, à solidão e ao isolamento. A partir de Análise, a narrativa produz um grande espaço interior, no qual as demais personagens vagueiam em meio a recordações, em um pretérito-presente que contribui para (re)construir a identidade da protagonista. Essa narrativa construída de modo retrospectivo e as indagações existenciais desencadeadas pelo recurso da rememoração oferecem oportunidades para que vozes distintas se façam ouvir, algumas vezes ocupando o primeiro plano, outras revelando um passado que irrompe denso e complexo. Neste trabalho, analisamos como as lembranças que fazem parte da memória individual da narradora se organizam para “revelar” sua identidade, seu pertencimento ao grupo de mulheres que compõem sua família, e como essa identidade influencia suas atitudes, fazendo com que reproduza a trajetória do referido grupo. • A Asa Esquerda do Anjo, 1981 Gísela pertencia a uma tradicional família alemã. Sua avó, Frau Wolf, era quem comandava a família, dizendo o que era certo ou não. Ela acreditava que os costumes dos Wolf, deveriam permanecer, mesmo aqui, no Brasil. Por essa razão ela obrigava Gísela a aprender a tocar piano, bordar, falar alemão, 143 sentar, caminhar e comer como uma dama. Gísela, por sua vez, odiava tudo isso, pois era desajeitada. Ela se esforçava muito, mas nunca conseguia ser tão jeitosa quanto Anemarie. Anemarie, sua prima, era a perfeitinha da família, tudo o que fazia era correto. Até que certo dia, Anemarie fugiu de casa com Stefan, o marido de sua tia Marta. Foi um choque para toda família, que virou chacota na cidade. Gísela perde sua mãe, de ataque cardíaco. Com a morte da mãe, Gísela termina o namoro com Leo. Este foi seu primeiro amor, mas não deu certo, pois tinha medo de se entregar a ele. Dez anos depois de Anemarie ter fugido com o tio Stefan, volta ao lar da família, acometida de câncer que a levou à morte. Mesmo assim, Frau Wolf, não a perdoou, cuspindo no caixão de sua neta perfeitinha. Depois morreu Frau Wolf, a matriarca da família.Apesar de nunca ter sido boa com os fazeres domésticos, Gísela aprendeu a cuidar da casa e de seu pai. E nesse meio tempo também morreu Leo, o seu grande amor, de acidente de carro.Com a família Wolf praticamente desestruturada, Gísela era a única que visitava o jazigo da família, porque desde pequena admirava o Anjo sentado à porta do jazigo. • O Rio Do Meio, 1996 Lançado originalmente em 1996, "O Rio do Meio", de Lya Luft, foi um dos pioneiros em um gênero indefinido e inusitado na literatura brasileira: nem ficção, nem relato jornalístico. Original, o livro foi vencedor do prêmio de melhor obra do ano da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Lya entremeia, com maestria e sensibilidade, lembranças, ora em primeira pessoa - sem que isso signifique estar fazendo autobiografia -, ora em terceira - sem que isso represente estar sendo objetiva. "Minha literatura não emerge de águas tranqüilas: fala de minhas perplexidades enquanto ser humano, escorre de fendas onde se move algo, que, inalcançável, me desafia. Escrevo quase sempre sobre o que não sei", revela a autora. Com sua prosa delicada, num tom quase íntimo, sussurrando verdades no ouvido do leitor, Lya versa sobre as descobertas de uma criança intrigada com a vida e seus mistérios, sobre o amadurecimento do ser humano, com seus conflitos e alegrias, sua coragem e fracassos. Segundo Lya "há temas que se repetem, perguntas que se perpetuam; inquietações coincidem entre o escritor e seus leitores, entre quem dá algum depoimento e quem assiste" e partindo disso, ela convida o leitor para um jogo, aliando histórias vividas e imaginadas, brincando, encantando e, principalmente, fazendo pensar. Aos poucos, o leitor torna-se cúmplice, ombro 144 amigo, ouvidos atentos, coração ora apertado, ora entregue, indagando ao lado de Lya sobre a angústia de não saber o que vem depois da vida, sobre a solidão, sobre cada um de nós. "O Rio do Meio" é um livro fascinante, em que todos irão encontrar um pouco sobre si mesmos e no qual é possível buscar estímulo e um pouco mais de autoconhecimento. • O Ponto Cego, 1999 O Ponto Cego é mesmo uma perspectiva vista, unicamente, pelo menino narrador que vislumbra pelos corredores da casa as teorias freudianas na medida em que narra os mais diversos posicionamentos das personagens, que vão da mãe, passa pelos filhos, o pai, as tias ao tio Nando que seria o único a receber nome na narrativa, não fosse Letícia - a filha morta. É um romance com tantas particularidades psicológicas que atravessamos a leitura com êxtases e mais êxtases ao deparar com tantos aprofundamentos e conhecimento da alma humana. É uma rede psicológica que devora. Devorar - Verbo presente do início ao fim da leitura em simbologia usada pelo bicho da seda - que tio Nando presenteia ao menino- que devora as folhas para produzir matéria prima, assim como os seres humanos se devoram para depois produzir ou mesmo descobrir algum sentimento precioso. As inovações vão desde personagens sem nome ao trazer de volta personagens de romances anteriores, aliás a autora afirmou que “suas personagens reclamam quando não mais são usadas” e além disto, há um apego afetivo que vez ou outra é preciso ressuscitá-las. A linguagem quase sempre metafórica cria uma atmosfera íntima, uma cadeia densa e precisa quando analisa através do - Ponto Cego - situação por situação, vivenciada pela família. Toda história está relacionada com a família, cada ente é descrito de uma forma simples, mas aprofundada e caracterizada, como se as personagens fossem criadas de dentro para fora - característica do Movimento Realista - é uma leitura muito prazerosa. O menino narrador que faz questão de não crescer, não consegue imaginar seus órgãos crescendo para fora do corpo, dissimula esse não crescimento a partir do momento em que sua mãe já não brinca mais com ele e nem o enche de carinhos, ao mesmo tempo em que não gosta do pai e critica durante toda narração o poder patriarcal, quando na verdade, tudo pertencia à mãe e essa se fazia nada para que o pai fosse o tudo. O pai desde que perdeu sua filha caçula e preferida desgostou de tudo e ignorava e desvalorizava o menino. Um complexo de Édipo perfeito, uma das teorias de Freud que se mostra aqui. 145 Já o filho sublimava todo esse desafeto ao desenvolver uma narrativa minuciosa e interessante de cada personagem, capaz de fazer de todos o que bem quisesse, como um controlador de suas vidas. Esse brincar de criar aliado ao ser criança reforça a teoria de Freud em que as crianças que mais inventam brincadeiras estão mais propensas a serem artistas. Outras teorias Freudianas presentes na narrativa: da sexualidade e da sublimação, do narcisismo quando o menino • fala em vingança. Perdas e Ganhos, 2003 Em “Perdas e Ganhos", que a escritora mantém um diálogo com os leitores, despertando-os para a vida. No decorrer da obra, que não é ficção, ensaio ou auto-ajuda e sim literatura, arte, a escritora trava um delicado diálogo com os leitores, convencendo-os de que o tempo não pode, jamais, ser desperdiçado com valores superficiais que muitas vezes são disseminados pela mídia, pela moda e pelo consumismo. Já no inicio do livro a escritora esclarece que escreve pra instigar os leitores a repensarem sobre o que estão fazendo com o tempo que lhes é dado. A autora, ao longo de cinco capítulos, fala sobre o valor da vida e a necessidade de reinventá-la constantemente, revalorizando-a a cada instante. No livro, ela escreve: " Vivemos segundo o nosso ponto de vista, com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo". A autora alerta que para viver qualquer fase da vida é necessário acreditar que vale a pena viver, pois há diversos modos de ser feliz, e que as pessoas devem persegui-los. No diálogo travado com os leitores, a escritora considera que a passagem do tempo pode significar a conquista da maturidade e não a perda da juventude e afirma, categoricamente, que a supervalorização da eterna juventude pode representar um tormento na vida das pessoas, que cada vez mais querem aparentar menos idade, utilizando todos os artifícios para “voltar" a ser jovem. “Se aceito a idéia de que tudo se encerra quando acaba a juventude, minha possibilidade de ser alguém válido diminui a cada ano." Portanto, os leitores são levados, no decorrer da obra, a fazer ponderações que vão da infância à velhice; muitos reflexos do passado retornam no presente. Contudo, a autora alerta seus leitores que " a vida nao tece apenas uma teia de perdas, mas 146 nos proporciona uma sucessão de ganhos" , porém com os olhos vendados não consequiremos enxergar " o desperdício de talentos que poderiam ser cultivados até o fim, sem importar a idade". • Para não dizer adeus, 2005 "Para não Dizer Adeus" marca o retorno de Lya Luft à poesia em um volume que reúne poemas antigos e outros mais recentes, quase todos bem atuais e inéditos. Para Lya dar voz à poesia, normalmente escrita à margem de algum romance, como se um de seus personagens escrevesse com sua mão invisível - é só uma forma de expressar de maneira diferente a sua arte, apenas mais um jeito de dizer tudo o que diz a sua prosa, sem perder a intensidade, a inquietação ou a beleza que marcam todos os seus textos. Como diz a autora: "é natural ter várias possibilidades de expressão, como um pintor emprega aquarela, óleo, acrílico, esculpindo ou desenhando. A gente abre portas, espia, apanha e usa o que ajuda a ver melhor, a respirar melhor. Muda, deve mudar; voltar, pode voltar: importam a liberdade de ação e a fidelidade à arte - essa que não admite interferências nem faz concessões." Mais uma vez, os leitores de Lya encontrarão aqui material para reflexão de questões do seu cotidiano: a relação entre pais e filhos, a relação entre amantes, o medo da morte, as dificuldades em aceitar as perdas, as amarras que, muitas vezes, nos impedem de ousar e amadurecer. • Em Outras Palavras, 2006 Neste livro, Lya Luft reúne crônicas que nos fazem refletir nosso cotidiano de forma bastante clara e crítica, inserindo-nos e cobrando-nos o nosso posicionamento social frente aos acontecimentos políticos de nossa atualidade, sem esquecer de mostrar o lado humano, imperfeito, mas nem por isso, menos fantástico, pois é na nossa imperfeição, nos nossos medos e desafios que, segundo ela, está o grande barato de viver. Livro leve, instigante, bom para ler uma crônica por dia, para podermos saboreá-la, digeri-la e até mesmo transportá-la para nossa vida vida quotidiana, seja no presente ou relembrando nossas peripécias do passado. Penetra nosso íntimo, faz-nos levitar, sem perder a noção da realidade. Em uma de suas crônicas denominada O feio vício, Lya Luft faz um comentário sobre como nos incomoda o sucesso alheio e escreve o seguinte "Curtimos muito mal o sucesso alheio, a alegria alheia, o amor alheio. Quando não gostamos de nossa própria vida, odiamos pensar que alguém possa estar contente com a sua. Supervalorizamos o momento 147 bom do outro, não para o curtimos com ele, mas como se isso o tornasse maior ou melhor que nós, e o tratamos como réu: culpado de não fracassar, não ser vaiado, não ficar sozinho, nem mofar na prateleira." Talvez isso explique o fato de não recebermos às vezes os elogios que merecemos, os carinhos que deveríamos receber, é que nosso sucesso dói demais aos outros. Questionamentos como esses são feitos nesse livro. • O silêncio dos amantes, 2008 O Silêncio dos Amantes marca uma volta de Lya Luft ao gênero da ficção. São vinte contos que, em essência, tratam da intercomunicação pessoal-amorosa, mexe com aquilo que os amantes deixam de expressar e perceber entre si. Para a autora as conseqüências deste bloqueio são as mais terríveis e invariavelmente causa de muitas separações. “Quando meu filho tão querido sumiu... matou-se... Essa foi a sua verdadeira morte: nossa relação tão especial era mentira. A boa vida familiar era falsa. Andávamos sobre uma camada fina de normalidade. Por baixo corriam rios de sombra que eu não queria ver. Ele, meu filho tão extraordinariamente amado, era irremediavelmente sozinho - eu, que me considerava a melhor das mães, de nada adiantei....” Trecho do conto “A Pedra da Bruxa”, conto que abre o livro. A figura do Pai, neste conto, quase sempre “atrasado” por motivos de compromissos, adia uma conversa com o filho mais novo – com quem nunca mais terá a oportunidade de falar, pois o menino desaparece misteriosamente. O mistério é componente importante neste e noutras ficções de Lya. Nos seus contos, a autora traz á superfície as trágicas dificuldades da comunicação familiar. 19.3) Considerações sobre o autor Lya Luft é uma escritora de personalidade forte e opiniões marcantes a respeito de vários assuntos como sexo e vida pessoal. Possuindo características da arte literária, a plurisignificância, mais presente no modernismo, visto como estética interpretativa do mundo e do homem do século XX, marcados pelo mecanicismo, pela fugacidade consciente, pelos estudos acerca do existencialismo, pela angústia do ser o do existir, entre outras marcas. Tais características são visivelmente expressas na produção literária da gaúcha Lya Luft, escritora contemporânea que deixa sua marca na chamada literatura introspectiva, de 148 sondagem psicológica, destacada pelo chamado fluxo da consciência dos personagens. Estes desfilam num palco onde porões e sótãos tornam-se coadjuvantes no que se refere ao desenrolar da trama. Nos textos de Lya Luft, há uma constante sucessão de personagens que simbolizam categorias marcadas pelos traumas de infância, pela castração e pelo grotesco. Aqui seja lembrado que os textos Luftianos destacam o abjeto, o vil, o sujo como raiz, geradora, e fruto das frustrações das personas que, ironicamente, marcam casarões e espaços afetados e afetadores daqueles que ali vivem. Diante disso, os seres serão vítimas de seus algozes e espectros interiores, o que prova que cada personagem é vítima e réu de si mesmo. Entretanto as causas inocentariam-nos frente a um julgamento. Recorrentemente, esses pontos aparecem em muitas narrativas pós-modernas e em especial na referida escritora. Sua linguagem é ao mesmo tempo um desvendar-se e um esconder-se em cada quarto fechado, em cada sótão e em cada porão. Assim, cada personagem revela-se e se esconde pela e para linguagem, trazendo à tona sua essência, marcada pelo medo que toca o incomum, o infrequente, o raro. 20- LYGIA BOJUNGA (1932- ) 149 FIGURA 29: Lygia BOJUNGA. "Agora vou escrever do meu jeito, não vou mais pensar no jeito-que-tem-que-dar-audiência." 20. 1) Biografia Lygia Bojunga Nunes escritora de literatura infantil e juvenil nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, no dia 26 de agosto de 1932. Aos oito anos de idade foi para o Rio de Janeiro onde em 1951 se tornou atriz numa companhia de teatro que viajava pelo interior do Brasil. A predominância do analfabetismo que presenciou nessas viagens levou-a a fundar uma escola para crianças pobres do interior, que dirigiu durante cinco anos. Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão, antes de debutar como escritora de livros infantis em 1972, com o livro Os Colegas e, já em 1982, torna-se a primeira autora, fora do eixo Estados Unidos-Europa, a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, uma das mais relevantes premiações concedida para o gênero infantil e juvenil. Desde o 2002 a escritora publica seus livros em sua própria editora a Casa Lygia Bojunga, que foi inaugurada com a (re)publicação de Retratos de Carolina. A decisão de fundar a sua própria editora vem da vontade de ir ainda mais fundo nesse relacionamento tão rico que sempre manteve com o livro. Aos 71 anos, Lygia Bojunga é uma escritora consagrada. Em mais de 30 anos seus livros lhe renderam 32 prêmios, o que comprova a qualidade da literatura que produz 20.2) Publicações • Os colegas - 1972 • Angélica - 1975 150 • A bolsa amarela - 1976 • A casa da madrinha – 1978 • Corda bamba - 1979 • O sofá estampado - 1980 • Tchau - 1984 • O meu amigo pintor - 1987 • Nós três - 1987 • Livro, um encontro com Lygia Bojunga - 1988 • O pintor (teatro) - 1989 • Nós três (teatro) - 1989 • Fazendo Ana Paz - 1991 • Paisagem - 1992 • Seis vezes Lucas - 1995 • O abraço - 1995 • Feito à mão – 1996 • A cama - 1999 • O Rio e eu - 1999 • Retratos de Carolina - 2002 20.2.1) Sinopse • A Bolsa Amarela - 1976 151 Esta obra trata-se de um romance de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades, que ela esconde numa bolsa amarela, - a vontade de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação - por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio ´criança não tem vontade´ - essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-adia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa. • A casa da madrinha – 1978 História e aventura de Alexandre um menino pobre - vendedor ambulante das sinaleiras do Rio de Janeiro que vai para o interior em busca da casa de sua madrinha. Um de seus companheiros de viagem será um pavão que repetia tudo o que Alexandre falava fora viciado por seus donos. Alexandre soube da casa da madrinha por seu irmão por isso resolve ir conhecê-la já que saíra da escola porque seus pais não gostavam da professora que inventava aulas com sua maleta colorida. Alexandre e seu pavão faziam apresentações de magicas e contavam historias, fazendo muito sucesso. Em uma das apresentações Alexandre conhece Vera que passa a conviver com eles embora os pais de Vera o rejeitasse por achá-lo largado, afinal um pai e uma mãe metódicos - Vera tinha horário para tudo. Por outro lado a história do pavão não era diferente: após conhecer o marinheiro e ser depenado é tratado por um veterinário e levado para um zoológico até que o vigia Joca resolve roubá-lo para um número numa Escola de Samba, mas com a saída de Joca da Escola de Samba o pavão será vendido para uma família que o usaria para enfeitar o jardim, nisso conhece a Gata da Capa uma vira lata matratada que se escondia atrás de uma capa de chuva moraram juntos até que a casa foi demolida, ao ir procurar a gata por terem se separado, o pavão encontra Alexandre e juntos 152 reiniciam nova jornada. Nessas aventuras usam do desenho para materializar o sonho: já que o medo da viagem os obscurecia; um lindo caminho e a casa também são desenhados por Alexandre. Vera por achar que na casa havia tudo o que uma criança precisava e que lá seriam felizes pediu que a casa se trancasse, após, tenta fugir - precisava voltar para casa, pois em meio a tanta brincadeira e fantasia perdera a noção do tempo. Alexandre vai atrás de Vera, reencontra a chave da casa perdida dentro de uma flor amarela - agora dominado o medo voltaria à casa da madrinha e continuariam viajando para o mundo do sonho e da fantasia. • Corda bamba - 1979 Corda Bamba, uma narrativa infato-juvenil conta a história de uma menina, Maria, órfã de pai e mãe. Maria aprendeu a arte circense com os seus pais, ambos equilibristas. Menina de poucas palavras viveu boa parte de sua vida num circo. Um acontecimento trágico levou a morte de seus pais e ela é obrigada a viver com a avó que está muito mais preocupada com o mundo material. Com o trauma da morte de seus pais Maria perdeu a memória de seu passado e para recobrá-la ela faz uso de uma belíssima imaginação envolvendo elementos circenses. E é com estes elementos que ela sai em busca de si mesma. Ela caminha para abrir as portas de sua vida interior e cada porta aberta traz à luz o passado esquecido. Com os acontecimentos iluminados ela reconcilia-se com eles pois lembra-se de quem ela é. • Nós três - 1987 “Nos Três”, é um livro que relata um crime envolvendo três pessoas, Mariana, Rafaela e Davi. Rafaela foi passar férias na casa de Mariana, com o passar de alguns dias cansou de ficar só olhando a Mariana fazer as esculturas, pois ela pouco conversava, e começou a 153 passear pela praia. Certo dia encontrou um pescador (Davi) aos poucos ele conquistou a amizade de Rafaela e os dois passavam horas conversando. Um dia Rafaela levou Davi até a casa de Mariana, pois afinal a jovem estava sempre tão sozinha. Mas na primeira vez ela nem o olhou. Davi ao colocar o olho em Mariana ficou hipnotizado, observou até mesmo a forma que a trança moldava seus cabelos, a concentração com que esculpia cada detalhe da pedra, o jeito com que suas mãos trabalhavam. Estava verdadeiramente admirado e apaixonado. Davi começou a ir várias vezes à casa de Mariana com Rafaela. Depois de certo tempo, em uma determinada noite os dois (Mariana e Davi) ficaram juntos. Rafaela ficou muito feliz. Mas como nem tudo é assim fácil e simples, Davi com suas andanças avisou Mariana, em uma noite, que teria que partir, pois era essa a sua vida. Mariana estava apaixonada por ele e não queria vê – lo longe. Tanto que estava passando horas esculpindo – o em uma pedra. Certo dia, os dois estavam próximos à mesa, e da faca que ela usava para esculpir também. A Rafaela estava no quarto dormindo. Davi pegou a maçã que estava em cima da mesa e se virou para ir embora. Mariana já com a faca firme na mão, lança a lâmina em Davi e em seguida dá um grito. As férias acabaram, Rafaela foi para casa. Sem dar o perdão que Mariana tanto implorou. Mariana fica sozinha novamente, os blocos de pedra ficaram jogados, nunca mais a mão de Mariana iria trabalhar. Um velho pescador que estava na praia e ficava contando histórias, agora contava que uma mulher que tirava vida das pedras um dia passou a não conseguir mais sair do lugar, batia na mão e chorava. Um dia fechou a casa, entrou no barco e ninguém sabe para onde ela foi. 20.3) Considerações sobre a autora Os textos de Bojunga baseiam-se fortemente na perspectiva da criança. Ela observa o mundo através dos olhos brincalhões da criança. Aqui é tudo possível: os seus personagens podem fantasiar um cavalo no qual cavalgam a galope ou desenhar uma porta numa parede, que atravessam no momento seguinte. 154 Lygia Bojunga é uma escritora que perpetuou esta tradição e a tornou perfeita. Para ela, o quotidiano está repleto de magia: onde brotam os desejos tão pesados que literalmente não é possível erguê-los, onde alfinetes e guarda-chuvas conversam tão obviamente como os peões e as bolas, onde animais vivem vidas tão variadas e vulneráveis como as pessoas. Imperceptivelmente, o concreto da realidade transforma-se noutra coisa, não num outro mundo, mas num mundo dentro do mundo dos sentidos, onde a linha entre o possível é tão difusa como fácil de ultrapassar. A tristeza vive com Bojunga juntamente com o conforto, a calma alegria com a estonteante aventura e no centro da fantasia da escrita está a criança, muitas vezes sozinha e abandonada, sempre sensível, sempre cheia de fantasias. A morte não é tabu, a desilusão também não, mas além da próxima esquina, espera a cura. Numa prosa lírica e marcante, pinta as suas imagens e não importa se a solidão é muito amarga, há sempre um sorriso que expressa uma compaixão com os mais pequenos, que nunca se torna sentimental. 21 - LYGIA CLARCK (1920 –1988) 155 FIGURA 30: Lygia Clarck. FONTE: http://fatimapombophotos.blogspot.com/2007/06/lygia-clark_30.html “Labirinto (nascimento) Espaço dado ao homem para que ele viva um período de regressão” 21.1) Biografia Artista plástica mineira radicada no Rio, nasceu em 1920, tendo iniciou seus estudos de pintura em 1947 com Roberto Burle Marx. m 1950, Clark viaja a Paris, onde estuda com Arpad Szènes, Dobrinsky e Fernand Léger. Nesse período, a artista dedica-se à realização de estudos e óleos tendo escadas e desenhos de seus filhos como temas. Após sua primeira exposição individual, no Institut Endoplastique, em Paris, no ano de 1952, a artista retorna ao Rio de Janeiro. Desde que decidiu abandonar Belo Horizonte e sua tradicional família de juristas para se dedicar à arte, Lygia Clark não parou de revolucionar, abrindo novas perspectivas para a arte contemporânea brasileira. Seu primeiro rompimento com os cânones da pintura acontece em 1954. Faz telas geométricas que extrapolam os limites da moldura, rompendo com a estrutura do quadro. Realizou outra individual no Ministério de Educação e Saúde e, ainda neste mesmo ano, ingressou no Grupo Frente, juntamente com Hélio Oiticica, Décio Vieira, Ivan Serpa, Aluísio Carvão e Lígia Pape. 156 Em 1959, integra a I Exposição de Arte Neoconcreta, assinando o Manifesto Neoconcreto, ao lado de Amilcar de Castro, Hélio Oiticica, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis. Clark propõe com a sua obra, que a pintura não se sustenta mais em seu suporte tradicional. Expõem seus "Bichos", placas de metal articuladas por dobradiças. É quando sua obra começa a se abrir à participação do público, com o trabalho sendo manipulado pelo espectador. A partir de 1964, Lygia começou a explorar o corpo humano, criando objetos para serem colocados sobre o corpo do espectador. Começou a ganhar repercussão internacional nessa época. Em 1964 e 1965 expôs na galeria Signals de Londres. Em 1968 a Bienal de Veneza dedica uma sala especial a seus trabalhos. Na segunda metade da década de 1960 sua obra dá outra guinada. Em 1967 ela cria "O Eu e o Tu", uma roupa que abriga o corpo de duas pessoas se tocando. Entre 1970 e 1975 viveu em Paris, onde foi professora na Sorbonne, ultrapassando os limites da arte para buscar em seus alunos reações que trouxessem à tona impulsos reprimidos, substituindo-os por energia criativa. Estimulava os discípulos a usar elementos até então estranhos em uma sala de aula, tais como tubos de caça submarina, saquinhos de plástico cheios de água, bolinhas de pingue-pongue e outros materiais fora da didática convencional. Em 1986, realiza-se, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, o IX Salão de Artes Plásticas, com uma sala especial dedicada a Hélio Oiticica e Lygia Clark. A exposição constitui a única grande retrospectiva dedicada a Lygia Clark ainda em atividade artística. Em abril de 1988, Lygia Clark falece. 21.2) Obras 157 Eu e o Tu -1967 Máscara Abismo – 1968 158 Nostalgia do Corpo a Corpo – 1986 21.3) Consideração sobre a artista A trajetória de Lygia Clark faz dela uma artista atemporal e sem um lugar muito bem definido dentro da História da Arte. Tanto ela quanto sua obra fogem de categorias ou situações em que podemos facilmente embalar; Lygia estabelece um vínculo com a vida, para uma intenção de desvincular o lugar do espectador dentro da instituição de Arte, e aproximálo de um estado, onde o mundo se molda, passa a ser constante transformação. 159 22 - LYGIA FAGUNDES TELLES (1923-) FIGURA 31: Lygia Fagundes Telles FONTE: http://www.releituras.com/lftelles_bio.asp 22.1)Biografia Lygia Fagundes Telles, advogada, contista e romancista, nasceu em São Paulo, em 19 de abril de 1923, mas passou a infância no interior do estado. A escritora fez o curso fundamental na Escola Caetano de Campos, e em seguida ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Quando era 160 estudante do pré-jurídico, cursou a Escola Superior de Educação Física, da mesma Universidade. Começou a escrever contos ainda adolescente. Estava na Faculdade quando seu livro “Praia viva” foi publicado em 1944. Em 1949, seu volume de contos “O cacto vermelho” recebeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras. Em 1950, a escritora casa-se com o jurista Goffredo da Silva Telles Júnior, na época deputado federal, de quem se separa anos depois. Muda-se então para o Rio de Janeiro. Retorna à capital paulista em 1952, quando começa a escrever seu primeiro romance, intitulado Ciranda de pedra, publicado em 1954 e que, segundo o professor Antônio Cândido, seria o marco da sua maturidade intelectual. Assume a Cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Letras, em 24 de outubro de 1985, na sucessão de Pedro Calmon e recebida em 12 de maio de 1987 pelo acadêmico Eduardo Portella. Participou do ciclo de conferências em homenagem a Machado de Assis, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1989. Em 1990 esteve na Suécia, a convite da Sociedade de Escritores Suecos, para participar, em Göteborg, da Feira Internacional do Livro; em Buenos Aires, participou do Congresso de Escritores Ibéricos e Latino-Americanos e, em março de 1992, do Congresso Internacional de Escritores, onde apresentou um trabalho sobre "A personagem feminina segundo Lygia Fagundes Telles". Lygia Fagundes Telles foi tema da série O escritor por ele mesmo, de 1997, e do quinto número dos CADERNOS DE LITERATURA BRASILEIRA em 1998, publicações do Instituto Moreira Salles. Sua coleção particular foi incorporada ao IMS em outubro de 2004 e é formada por mais de mil itens, entre livros, periódicos, artigos e vídeos, além de prêmios, medalhas, placas comemorativas e a máquina de escrever da autora. Em 2005, recebeu o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa. Prêmios Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras (1949); Prêmio do Instituto Nacional do Livro (1958); Prêmio Boa Leitura (1964); Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por Verão no Aquário (1965); Prêmio do I Concurso Nacional de Contos, do Governo do Paraná (1968); Grande Prêmio Internacional Feminino para Contos Estrageiros, França (1969); Prêmio Guimarães Rosa, (1972); Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira 161 de Letras, Jabuti e APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, pelo romance As Meninas (1974); Prêmio do PEN Clube do Brasil, para o livro de contos Seminário dos Ratos (1977); Prêmio Jabuti e APCA, para A Disciplina do Amor (1980); Prêmio II Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1984); Prêmio Pedro Nava, Melhor Livro do Ano, para As Horas Nuas (1989); Prêmio Jabuti, Biblioteca Nacional e APLUB de Literatura, para A Noite Escura e mais Eu (1996); Prêmio Golfinho de Ouro, categoria Literatura, do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro (2000); Grande Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (2000) e Prêmio Jabuti e APCA, para Invenção e Memória (2001); Prêmio Camões, pelo conjunto da obra, Portugal – Brasil (2005); Troféu Juca Pato - Prêmio Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira de Escritores / UBE, 2009. Em maio de 2005, no Rio de Janeiro, um júri integrado pelos escritores portugueses Agustina Bessa-Luís e Vasco Graco Moura, pelo angolano José Eduardo Agualusa, pelo cabo-verdiano Germano de Almeida e pelos brasileiros Antonio Carlos Secchin e Ivan Junqueira elegeu Fagundes Telles como a vencedora do Prêmio Camões, o mais importante da literatura em português. Recebeu o prêmio em 13 de outubro de 2005, no Porto (Portugal), no encerramento da VIII Cúpula Luso-Brasileira, que contou com a presença dos presidentes do Brasil e Portugal, Luiz Inácio Lula da Silva e Jorge Sampaio. Em 5 de agosto de 2005 foi escolhida pelo Grande Júri formado por reitores das principais universidades do país, Ministro de Estado e representantes de institutos e entidades científicas e culturais, para o Prêmio da Fundação Bunge (antigo Moinho Santista), na categoria Romance, Vida e Obra. O prêmio foi-lhe entregue no dia 26 de setembro, data em que também foi comemorado o aniversário de 50 anos da Fundação Bunge, no Palácio dos Bandeirantes, em solenidade presidida pelo Governador do Estado de São Paulo e presidente honorário da Fundação Bunge, Geraldo Alckmin. 22.2)Publiações Individuais Contos: • Porão e sobrado, 1938 • Praia viva, 1944 • O cacto vermelho, 1949 162 • Histórias do desencontro, 1958 • Histórias escolhidas, 1964 • O jardim selvagem, 1965 • Antes do baile verde, 1970 • Seminário dos ratos, 1977 • Filhos pródigos, 1978 (reeditado como A estrutura da bolha de sabão, 1991) • A disciplina do amor, 1980 • Mistérios, 1981 • A noite escura e mais eu, 1995 • Venha ver o por do sol • Oito contos de amor • Invenção e Memória, 2000 (Prêmio Jabuti) • Durante aquele estranho chá: perdidos e achados, 2002 • Meus contos preferidos, 2004 • Histórias de mistério, 2004 • Meus contos esquecidos, 2005 Romances: • Ciranda de pedra, 1954 • Verão no aquário, 1963 163 • As meninas, 1973 • As horas nuas, 1989 Antologias: Seleta, 1971 (organização, estudos e notas de Nelly Novaes Coelho) Lygia Fagundes Telles, 1980 (organização de Leonardo Monteiro) Os melhores contos de Lygia F. Telles, 1984 (seleção de Eduardo Portella) Venha ver o pôr-do-sol, 1988 (seleção dos editores - Ática) A confissão de Leontina e fragmentos, 1996 (seleção de Maura Sardinha) Oito contos de amor, 1997 (seleção de Pedro Paulo de Sena Madureira) Pomba enamorada, 1999 (seleção de Léa Masima). Participações em coletâneas: Gaby, 1964 (novela - in Os sete pecados capitais - Civilização Brasileira) Trilogia da confissão, 1968 (Verde lagarto amarelo, Apenas um saxofone e Helga - in Os 18 melhores contos do Brasil - Bloch Editores) Missa do galo, 1977 (in Missa do galo: variações sobre o mesmo tema - Summus) O muro, 1978 (in Lições de casa - exercícios de imaginação - Cultura) As formigas, 1978 (in O conto da mulher brasileira - Vertente) Pomba enamorada, 1979 (in O papel do amor - Cultura) 164 Negra jogada amarela, 1979 (conto infanto-juvenil - in Criança brinca, não brinca? Cultura) As cerejas, 1993 (in As cerejas - Atual) A caçada, 1994 (in Contos brasileiros contemporâneos - Moderna) A estrutura da bolha de sabão e As cerejas, s.d. (in O conto brasileiro contemporâneo Cultrix) Crônicas publicadas na imprensa: Não vou ceder. Até quando?. O Estado de São Paulo - 06-01-92 Pindura com um anjo. Jornal da Tarde - 11-08-96 Traduções: Para o alemão: - Filhos pródigos, 1983 - As horas nuas, 1994 - Missa do galo, 1994 Para o espanhol: - As meninas, 1973 - As horas nuas, 1991 Para o francês: - Filhos pródigos, 1986 - Antes do baile verde, 1989 - As horas nuas, 1996 - W. M., 1991 - Invenção e Memória, 2003 165 Para o inglês: - As meninas, 1982 - Seminário dos ratos, 1986 - Ciranda de pedra, 1986 Para o italiano: - As pérolas, 1961 - As horas nuas, 1993 Para o polonês: - A chave, 1977 - Ciranda de pedra, 1990 (traduzido também para o chinês e espanhol). Para o sueco: - As horas nuas, 1991 Para o tcheco: - Antes do baile verde, s.d. (traduzido também para russo) Edições em Portugal: - Antes do baile verde, 1971 - A disciplina do amor, 1980 - A noite escura e mais eu, 1996 - As meninas, s.d. Para o cinema: - Capitu (roteiro); parceria com Paulo Emílio Salles Gomes, 1993 (Siciliano). - As meninas (adaptação), 1996 166 Para o teatro: As meninas, 1988 e 1998 Para a televisão: - O jardim selvagem, 1978 (Caso especial - TV Globo) - Ciranda de pedra, 1981 (Novela - TV Globo) - Era uma vez Valdete, 1993 (Retratos de mulher - TV Globo) 22.2.1) Sinopse • A Estrutura Da Bolha De Sabão (1978 ou 1991) Em a “Estrutura da Bolha de Sabão” são abordados contos a rejeição e a formação da identidade do ser, onde em cada um deles, esses elementos estão aliados a outros e são encarados diversamente pelas personagens. O livro apresenta mais uma vez uma personagem feminina sem nome, que reencontra uma antiga paixão: um físico, casado que estuda a estrutura da bolha de sabão. No momento em que ele, acompanhado de sua mulher, a encontra, ela, automaticamente lembra da infância dos dois, em que brincavam com as bolhas de sabão produzidas com canudos de mamoeiro. Embora muito tempo já tivesse passado, e ele já tivesse casado, ela ainda se sentia atraída pelo físico; atração que fica evidente e acaba por fazer com que a esposa do físico sinta ciúmes. Ocorre um segundo encontro numa exposição de pintura e novamente a paixão aflora na personagem e o ciúmes na esposa. É nesta festa que a personagem descobre, através de um amigo em comum, que seu amado está doente. Preocupada ela decide ir até sua casa. Lá, diferentemente do que esperava, ela é tratada com muita cordialidade e sem nenhuma sombra de ciúmes pela esposa do físico. Tamanha foi a cordialidade, que a esposa acaba tendo que se ausentar por alguns minutos e sai deixando-os a sós. A protagonista de “A Estrutura da Bolha de Sabão” possui uma entidade definida e a sua luta é dirigida no sentido de impor-se à outra mulher na posse do objeto de desejo. É uma mulher madura que age em igualdade de condições e que só tem como adversário o acaso. A obra é considerada como uma coletânea de contos, marcados para repensar a realidade da mulher e a busca da emancipação feminina. Mas não se trata de um livro 167 inteiramente feminista. A figura do homem também é trabalhada a fundo, marcando, sobretudo o aspecto da fragilidade e das carências masculinas. • . As meninas (1973) O livro nos trás a história de três meninas que têm o seu destino trançado, ao se encontrar em um pensionato de freiras. A partir de então, a autora nos trás o relato do dia a dia das meninas, em uma sucessão de acontecimentos e diálogos surpreendentes. Com uma dose de coragem, Lygia Fagundes Telles aborda temas polêmicos em seu livro e apresenta uma crítica velada ao sistema imposto pelo período militar. Em um primeiro momento temos a descrição das três personagens principais. Lorena é apresentada como a menina rica e cheia de ideais. Apaixonada por Marcos Nemesius, um médico casado e pai de cinco filhos, a estudante de Direito passa o livro a sonhar com um telefonema, uma visita ou mesmo um recado de seu amado, o que nunca ocorre. A segunda personagem retratada é a revolucionária Lia, chamada algumas vezes por suas amigas de Lião. Filha de uma brasileira, natural da Bahia, com um alemão ex-nazista, Lia tem seus ideais bem resolvidos e demonstra muita fibra ao persegui-los, não importando as dificuldades que tenha que superar. Estudante de Ciências Sociais, tenta a todo custo reencontrar seu namorado, um preso político que será enviado para a Argélia. Já, Ana Clara, é uma atormentada aluna de Psicologia que passa toda a história envolta com problemas de drogas, seu namorado traficante e alucinações com seu trágico passado. Sob uma análise mais cuidadosa do enredo, podemos depreender uma genial crítica à ditadura e a sociedade brasileira da época. Se considerarmos cada personagem principal, descrita acima, como sendo um segmento da sociedade, veremos que cada papel encaixa-se com perfeição. A sonhadora Lorena seria a elite de nosso país. Uma classe a parte, rica, sonhadora e com a tendência de florear a real situação. A drogada Ana Clara encarnaria as classes média e popular, atormentada e fora de sintonia da realidade. Sempre preocupada com uma subida de nível e se torturando com o passado, ela acaba ficando em um mundo particular, distante de tudo. A lutadora Lia seria a parte da sociedade envolvida com guerrilhas, manifestações e qualquer tipo de contestação ao sistema, que tentaram a todo o custo reverter a situação em curso no país. Algumas passagens do livro nos transmitem a idéia da busca da liberdade e da esperança de voltarmos à democracia. A personagem de Ana Clara a todo o momento exclama: “Pomba”. 168 Seria o símbolo da tão sonhada paz que a população brasileira estava clamando, mesmo que secretamente, naquele momento, já a personagem Lorena vive a sonhar e esperar um amor impossível (Democracia) e seu gato Astronauta que fugiu ainda filhote. Lia, desesperançosa, resolve fugir do país e encontrar com seu namorado no exterior, recurso este muito utilizado na época. Lygia com sua habitual maestria aplicouo que poderíamos chamar de um verdadeiro “drible” nos censores do regime e publicou esta obra prima da literatura brasileira. • Anão de Jardim Em "Anão de Jardim", conto de Lygia Fagundes Telles, o fantástico é fruto da união da humanização da coisa (estátua) e das próprias características do ser que ela representa (anão). O conto é narrado Em primeira pessoa. Kobold, um anão de pedra aguarda a demolição da casa em cujo jardim conheceu a plenitude de sua existência inanimada. Abandonado no caramanchão junto a um violoncelo quebrado, observa o trabalho dos operários enquanto relembra os fatos de sua existência. O destino de Kobold é o mesmo da casa, também está sujeito ao abandono e à destruição. Porém, o destino de ambos é idêntico ao do proprietário da residência. O Professor foi envenenado aos poucos com arsênico pela esposa. Hortênsia o traia e pretendia desfrutar a herança com o amante. Após a morte do Professor, ela vendeu a casa e desapareceu. Todos foram embora e o anão ficou "como o homem que é prisioneiro de si mesmo no seu invólucro de carne, a diferença é que o homem pode se movimentar". O professor era o único que compreendia o anão. Foi ele que comprou-o num antiquário, instalou-o no caramanchão e deu-lhe o nome de Kobold. Conversava muito com a estátua, mas era tão ingênuo que, às vezes, despertava a ira do anão. O conto desnuda os problemas resultantes da interação entre as pessoas mediada pelas coisas. Lygia sugere que a humanização dos objetos equivale à desumanização das pessoas. O Professor dá atenção a Kobold, Hortênsia ao patrimônio do esposo. Mas, o comportamento de ambos é semelhante. Afinal, se Hortênsia somente vê o Professor como uma coisa, cujo desaparecimento franqueia-lhe o acesso à outras (a herança), ele mesmo atribui à esposa um valor menor que o de um objeto inanimado. Afinal, o Professor entregase às conversas com o anão de jardim, mantendo a esposa na mais abjeta solidão. Nenhum dos dois estava realmente interessado naquele casamento. Mesmo tomando a defesa do Professor, é impossível ao anão esconder o quanto seu amigo era cruel. Cruel ao ponto de dar mais atenção a uma estátua que a esposa. 169 Em "Anão de Jardim" é patente a preocupação da autora em desmascarar o cinismo existente nas relações interpessoais. Para Lygia parece que todo o tecido social está doente, porque sua célula mater (a família) não funciona como deveria. Distanciamento, impessoalidade seriam as causas da infelicidade e, em última análise, da violência. Violência que não é só física (como o envenenamento de Professor) mas também e principalmente psicológica (como o desprezo devotado a Hortênsia). Enfim, só mesmo a eloqüência da pedra para aquecer nossos corações que se tornam mais surdos e mudos a cada dia que passa. É aqui que o trabalho com a linguagem assume o primeiro plano. • As Horas Nuas (1989) O romance As Horas Nuas, publicado em de 1989, mostra os problemas da condição humana como a loucura, o amor, a morte. Rosa Ambrósio uma excêntrica e decadente atriz que faz um balanço da sua vida em meio ao álcool e à solidão, medíocre, mãe egoísta, donade-casa descuidada é uma alcoólatra que atravessa a linha que separa a loucura da lucidez, sofrendo da PMD ( psicose maníaco-depressiva). Neste romance, sem começo e sem fim, os personagens centrais são Rosa Ambrósio e Rahul, um gato que um dia foi poeta do Império Romano. Os sonhos e devaneios de Rosa misturamse aos do gato, que são alinhavados na voz da empregada Dionísia. A personagem Rosa se sobressai com sua lucidez fulgurante, rápida, irônica. Ri de si própria (da sua atual condição) e neste processo às vezes age com auto-flagelação, com certa dose de gozo e também de masoquismo. Irritada com as pessoas, com a frivolidade coletiva, de tão lúcida, às vezes beira a loucura. Rosa vive de lembranças, da fama antiga, do passado de glória e brilho. A viagem que ela faz é interior, indaga sobre a sua existência, a sua vida. Seu silêncio e solidão representam a espera do seu homem que prometeu voltar um dia. Enquanto espera esse homem, ela tem a companhia do gato Rahul, um gato que pensa, reflete, tem passado e age (quase) como um interlocutor. A figura do gato no livro é decisiva e de suma importância. A solidão de Rosa é encarada de forma infeliz, uma vez que ela paira sempre interditando o desejo do outro, da espera desse outro, transformado em sombra. Solidão que pode levar Rosa a um processo de amadurecimento e crescimento. • Ciranda de pedra, 1954 170 Este foi o primeiro romance de Lygia Fagundes Telles, e narra a história de Virginia uma menina que sofre com a separação dos pais. Virginia mora com sua mãe Laura e o médico Daniel em uma casa simples, pois Daniel gasta todos seus recursos financeiros no tratamento de Laura, que tem uma doença mental. Virginia visita semanalmente a casa do Pai, Dr. Natércio, um advogado rico, que mora em uma mansão com suas duas irmãs a mimada e superficial Otávia e a pedante Bruna, mas sente-se rejeitada tantotanto pelo pai, que é um homem frio e distante quanto pelas irmãs que vivem em um mundo diferente do seu. Mundo este onde elas têm conforto, luxo e amigos como Afonso, Letícia e Conrado (por quem se apaixona). Virgínia sofre de angústia, solidão e rejeição tanto na casa do pai, quanto na casa da mãe que tem raros momentos de lucidez. No jardim da casa de Natércio existe uma fonte rodeada por anões de pedra que Virginia compara a uma ciranda de pedra, formada por suas irmãs e amigos, que não lhe dão a mão para que faça parte daquela roda. Com a piora do estado de saúde de sua mãe Virginia vai morar na casa do pai onde achava que todo seu sofrimento fosse acabar o que não acontece, pois sua solidão aumenta ainda mais e para piorar sua mãe morre, Daniel se mata e Virginia fica sabendo que seu verdadeiro pai não é Natércio, mas sim Daniel. Sem saída ela pede para ir estudar em um internato só retornando à casa das irmãs quando já é adulta.Mas é neste momento também que percebe a real face de cada componente da ciranda, suas fraquezas, suas amarguras. Ela abandona, por fim, as tentativas de sua entrada nesse círculo fechado, decidindo-se por uma longa viagem, sem perspectiva de volta. É um livro perturbador e inquietante com uma história apaixonante. • Verão no aquário (1963) O livro inicia-se com um sonho de Raíza com o pai, e que até ao final do livro tenta desvendar o que ele queria lhe dizer, mas não consegue. A lembrança da vida solitária que levara o pai, a persegue tal qual o distanciamento entre ela e a mãe. Trata a mãe com ironia, e fere aos outros e a si mesma com as palavras que profere. Manteve vários relacionamentos e sustenta um sem bases firmes simplesmente porque teme a solidão. Diz estar aapixonada pelo seminarista André, quem ela acreditar manter um romance com a mãe. A todo custo ela tenta conquistá-lo. O que a distancia da mãe é a presença da máquina de escrever. A profissão da mãe (escritora) exige certo isolamento, com o qual Raíza não consegue lidar nem aceitar. O desejo 171 de afastar Patrícia sua mãe, de André é uma forma de vingar-se pelo pai, pois a mãe oferece ajuda ao seminarista enquanto negara ao marido. Raíza tem na memória a imagem do pai perdida no sótão, e o olhar de repreensão da mãe cada vez que percebia que o marido havia bebido. Para fugir dos conflitos internos, a moça busca divertir-se em festas com bebidas e às vezes com drogas, sempre acompanhada da prima, que é mais sucedida que ela no trabalho, pois Raíza quer voltar a tocar piano e lecionar, mas não consegue. Fernando, seu atual amante, diz-lhe que fere os outros (e a si mesma) para defender-se do medo que sente. Raíza está aprendendo a sair do aquário e viver no mar, enfrentando as dificuldades e lutando pela sobrevivência. O suícidio de André mostra-lhe que nem tudo é tão simples quanto parece e o espelho quebrado lhe diz que o passado ficou pra trás e não volta mais, e que portanto ela precisa olhar pra frente e tomar uma atitude. • Seminário dos ratos (1977) Lygia Fagundes Telles, em 14 histórias curtas, vasculha a mente e a alma de pessoas comuns que resolvem dramas pessoais, conflitos filosóficos e existenciais. As tramas insólitas com finais abertos e indefinidos são a confirmação de que, na vida humana, nada é definitivo e explícito. São as formigas que montam o esqueleto de um anão; são os velhinhos que se vingam da vitalidade do rapaz envenenando-lhe a comida; é o maluco que dá uma consulta a outro, fingindo-se de psiquiatra; são os ratos, que expulsam os participantes de um seminário e assumem os destinos da nação... A crítica social, a ironia dos costumes, o humor e o ridículo das situações se fundem com uma análise do comportamento e da alma. Um jovem casal que se transforma em passarinho e borboleta, um tigre que se humaniza convivem nesta fantástica coleção com o despertar da paixão de uma menina pelo primo botânico e com amor obsessivo de 172 Pombas Enamoradas pelo Antenor. Não faltam regressões catárticas no "Noturno Amarelo" e em "A Sauna" e a presença da morte no sonho que se realiza no dia seguinte. Mesmo quando é a personagem mulher que abre sua alma, Lygia F. Telles perscruta o íntimo do ser humano, quer seja a solteirona frustrada, e de sexualidade mal resolvida em "Senhor Diretor", quer seja a esquizofrenia do rapaz que reencarna a irmã em "WM", quer seja a alegria de pessoas miseráveis que se esquecem de si para se alegrarem com o ganhador de uma fortuna na televisão, em "O X do problema". Enfim o enfoque temático e linguagem narrativa traduz de cada conto não só a condição social mas também o modo de pensar das personagens. • Antes do baile verde (1970) São 20 histórias que evocam um clima de desencanto e dissipação, sendo uma das obras mais marcantes da carreira da autora. Os objetos :é o primeiro conto e narra o diálogo entre o marido e sua mulher sobre os objetos comprados, os seus valores e suas representações. Como o peso de papel que só tem função se está sobre papéis e um anjinho que só tem valor quando tocado, pois ganha vida. Verde lagarto amarelo: fala sobre dois irmãos, o caçula Rodolfo, que era casado, sempre o preferido da mãe, e o mais velho sempre mais calado e quieto, vivia a serviço do querer de seu irmão por intervenção da mãe, vivia sozinho; a única coisa que ,gostava de fazer era escrever, era escritor. Rodolfo declarou em uma visita ao seu irmão ter escrito um romance, roubando assim a única coisa pertencente ao irmão mais velho. Apenas um saxofone: é a história de uma mulher velha e rica, que era sustentada por um homem rico, um jovem que lhe satisfazia e um professor espiritual com quem dormia. Possuía jóias, tapetes e uma mansão, no entanto vivia infeliz. Vivia na saudade do seu grande amor, um saxofonista que se dedicara a ela completamente, sendo a música dele. Ele tocava com paixão o saxofone e assim mantinha a mulher. Mas a relação se desgastou a ponto dele ir embora enojado. E assim ela vivia só com a lembrança. Helga: fala de um jovem do sul do Brasil que vivia em férias na Alemanha, logo assumindo uma vida alemã. Em uma das férias passou pela guerra, não sendo mais aceito no Brasil. Vivia ali de uma espécie de tráfico de alimentos. Foi lá que conheceu Helga, uma alemã por 173 quem se apaixonou, que possuía uma cara perna ortopédica. Chegou a noivar, o pai dela propôs que iniciassem o tráfico de penicilina, mas faltava o investimento inicial. Foi assim que ele casado com Helga roubou-lhe a perna ortopédica e desapareceu voltando, tempos depois, rico para o Brasil. O moço do saxofone: narra a história de um chofer de caminhão que se instalou em uma pensão. Nela viviam inúmeros anões e uma mulher com seu marido saxofonista, um homem traído e conformado. Na pensão havia quartos separados, quando a esposa estava com outro homem o marido tocava o saxofone de uma forma deprimente, o que incomodava de mais o chofer. Quando ele se encontrou com a mulher do saxofonista marcaram um encontro, ela explicou qual era a porta, no entanto quando ele chegou teve com o saxofonista, e o questionou do porque não fazia nada, e ele afirmou que tocava o saxofone. Com isso o chofer partiu da pensão. Antes do baile verde :narra a preparação da jovem Tatisa para o carnaval. Com ajuda da sua empregada pregavam, nos últimos minutos, as lantejoulas na saia da moça, nesse momento a empregada se inquietava, pois iria se atrasar para o encontro com seu homem e também discutiam o fato de que o pai de Tatisa vivia seus últimos minutos. Ainda antes de sair, a menina duvidosa da proximidade da morte do pai, desejava ir ao baile. Assim, as duas saíram à porta deixando o pai de Tatisa desfalecendo. A caçada: fala de um homem que visitando uma loja de antigüidades encontra uma tapeçaria velha onde encontra alguma lembrança que não reconhece. Torna-se preso à imagem e se sente como personagem da caçada que ela ilustrava. Passou a ir à loja com freqüência para observar a peça e foi na frente dela que teve um ataque cardíaco. A chave: fala de um casamento saturado, onde Tom e sua mulher se arrumam para um jantar, enquanto ele insatisfeito reclama e pensa na inutilidade desses jantares e no quanto gostaria de ficar ali dormindo. Meia noite em ponto em Xangai: narra a noite de uma cantora que alcança o momento de brilho de sua carreira em um concerto na China. Recebe em casa, depois do show, seu empresário e conversam sobre a carreira dela e sobre a desumanidade dos empregados dali. Porém, depois que o empresário se vai a cantora junta a seu cachorrinho e se aterrorizam com a escuridão e com a suposta presença do empregado no aposento. 174 Um chá bem forte e três xícaras :fala da espera de uma mulher, enquanto observa uma nova borboleta em uma rosa, por sua convidada ao chá, uma jovem de 18 anos que trabalha com seu marido. A empregada que está com ela pergunta se tal moça é a que liga atrás do patrão e ela afirma que sim. Depois, limpando as lágrimas, a mulher caminha até o portão para receber a jovem que vem chegando, enquanto a empregada vai buscar o chá e três xícaras, caso o patrão venha também. O jardim selvagem :fala sobre o chamado Tio Ed casado com Daniela, um jardim selvagem. A princípio, em confidência com a sobrinha, a Tia Pombinha, irmã de Ed, desaprova o casamento, dizendo que Daniela vive constantemente com uma luva em uma das mãos a qual ninguém vê. No entanto, depois de conhecê-la a acha um amor. Depois de um tempo a empregada da casa conta à sobrinha de Ed que viu Daniela matar o cachorro da casa com um tiro na cabeça, essa afirmava que só lhe poupou da dor que a doença lhe causava. Por isso, a empregada havia pedido até demissão. Dias depois chegou a notícia que Ed estava doente e, mais tarde, que ele se matara com um tiro na cabeça. Natal na barca : narra o diálogo de uma senhora com uma mulher em uma barca que cruza o rio no dia de natal. A mulher trás no colo o filho doente a quem está levando ao médico, durante a viagem ela conta a senhora de como perdeu o filho mais novo quando ele pulou do muro intencionando voar e como o marido a abandonou mandando uma carta depois. A senhora, sem saber o que dizer, arruma a manta do bebê e percebe que ele estava morto, nesse ponto a embarcação chega e ela se precipita pra descer não querendo ver a dor da mulher. Porém, assim que descem o bebê acorda e a senhora vê a mãe e a criança partirem. A ceia: trata da despedida de dois amantes em um restaurante. A mulher desesperada e apaixonada tristemente suplica para que o homem a visite, mas ele afirma que acabou. No entanto, diz que foi bom durante todo o tempo e não quer romper como inimigos. Ela assume um ar sarcástico e o questiona sobre a noiva, depois lhe pede que vá embora, partindo sozinha. Venha ver o pôr-do-sol: fala da história de um casal que depois de um tempo que já haviam rompido o relacionamento, devido às súplicas do homem se reencontram. Ricardo marca um encontro no cemitério, Raquel vai relutante e assim conversando ele a conduz até o jazigo que dizia ser de sua família. Ele a leva até lá a fim de mostrar, no túmulo, a fotografia da sua 175 prima que tinha olhos parecidíssimos com os de Raquel. Quando entra no jazigo Raquel vê que a data da morte da moça era muito antiga para ter sido prima de Ricardo, mas a esse ponto ele já havia fechado o jazigo, trancou até a fechadura e depois foi embora, enquanto crianças brincavam na rua. Eu era mudo e só: fala sobre um homem oprimido pelo casamento que o afastou dos amigos. A mulher, criada na perfeita educação das aparências, também passa isso para a filha Gisela. Ele abandonara o jornalismo e se tornara sócio do sogro no ramo de máquinas agrícolas apenas para manter o padrão que Fernanda exigia. Pérolas: fala sobre Tomás e Lavínia, que são casados. Ela se prepara para uma reunião e ele sentado observando-a se arrumar já imagina o que acontecerá na reunião, vê a mulher com Roberto na sacada, próximos, sem palavras, mas sabendo que se amam. Ele fica incentivandoa a ir. Quando ela procura o colar de pérolas, para finalmente ir para a reunião, não o encontra. Ele o escondera para diminuir a realidade do que aconteceria na sacada, mas quando ela estava na calçada ele diz achar o colar e o entrega a Lavínia. Menino: narra a ida do menino e sua mãe ao cinema. Enquanto caminham ele vai orgulhoso por causa beleza da mãe. Quando chegam ao cinema, ela, que caminhara apressada na rua, se demora na porta do cinema e manda o menino comprar doces. Finalmente entram na sala e passam por muitos acentos com vaga para duas pessoas até que chegam a um com lugar para três. O filme começa e o menino reclama da enorme cabeça na sua frente, ele tenta mudar de lugar, mas a mãe não deixa, até que se senta na cadeira vaga um homem. Depois de alguns momentos a cabeça que o atrapalhava sai do acento e nessa hora ele vê a mãe de mãos dadas ao estranho do lado. Daí para frente a imagem da mão branca da mãe e da mão morena do homem o perturba. Pouco antes do fim do filme o homem parte. Ele e a mãe vão embora, ela alegremente. Chegando a casa encontram o pai e o menino então chora. • Invenção e memória (2000) 176 Invenção e memória é uma coletânea de 15 contos inéditos. onde a escritora mostra com seus personagens a gama de sentimentos que a chamada vida moderna provoca em cada um de nós. Uma tensão interiorizada permeia o texto, onde conflitos subjetivos são levados no ritmo da observação e da memória. Narradora intimista, com sua linguagem límpida e nervosa ela evoca cenas e estados de espírito da infância e da adolescência, alguns tristes e amargos, outros impregnados de humor sutil e fina ironia. Há, sim, morte, escuridão, solidão e loucura. Mas também bastante romantismo, crítica social e, principalmente, esperança. Em "Que se chama solidão" e "Suicídio na granja", há o encontro da infância (o alvorecer da vida) com a morte — esse tema onipresente nas obras de Lygia. A adolescência de sonhos e fantasias — e não por acaso a narrativa ganha toques fantásticos — está em "Dança com o anjo", "Que número faz favor?" e "Cinema Gato Preto". Em "Se és capaz" a autora fala de forma amarga e irônica sobre a entrada na idade madura. Já "Heffman" é uma bem-humorada recordação dos tempos de estudante, e "O Cristo da Bahia", "Dia de dizer não" e "O menino e o velho", pungentes crônicas sociais. Em "Rua Sabará, 400", a escritora faz uma citação a Machado de Assis, lembrando Dom Casmurro. Bem a propósito, pois como contistas os dois escritores têm muito em comum: surpreendem no início da narrativa, na forma original de conduzir a história, nos desfechos surpreendentes, características que persistem em "A chave na porta", "História de passarinho", "Potyra" e "Nada de novo na frente ocidental". Uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos, Lygia Fagundes Telles sempre se renova e nos surpreende com sua imaginação prodigiosa, sua linguagem altamente elaborada — que, mesmo assim, brinca o tempo todo com o leitor — e seu riquíssimo universo ficcional. 22.3) Considerações sobre a autora Segundo críticos literários, como Antonio Candido de Mello e Souza, a obra de Lygia Fagundestem merecido a melhor crítica no Brasil e no exterior, com livros publicados com grande sucesso. A presença de Lygia Fagundes Telles na vida literária brasileira é constante também pela sua participação em congressos, debates e seminários. Vivendo a realidade de uma escritora do Terceiro Mundo, Lygia considera sua obra de natureza engajada, ou seja, comprometida com a difícil condição do ser humano num país de tão frágil educação e saúde. Participante e testemunha deste tempo e desta sociedade, a 177 escritora procura através da palavra escrita apresentar esta sociedade e este tempo envolto na sedução do imaginário e da fantasia. 23 - MANOEL DE BARROS (1916 -) 178 FIGURA 32: Manoel de Basrros. FONTE: http://www.storm-magazine.com/novodb/arqmais.php?id=127&sec=&secn=. 23.1) Biografia Manoel Wenceslau Leite de Barros, advogado, fazendeiro e poeta, nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, em 19 de dezembro de 1916. Mudou-se para Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Seu primeiro livro, aos 18 anos, não foi publicado, mas salvou-o da prisão. Havia pixado “Viva o comunismo” numa estátua, e a polícia foi buscá-lo na pensão onde morava, no Rio de Janeiro. A dona da pensão pediu para não levar o menino, que havia até escrito um livro. O policial pediu para ver e conferiu o título: Nossa Senhora de minha escuridão. Deixou o menino e levou a brochura, exemplar único, que o poeta perdeu para ganhar a liberdade. Morou em Nova York por um ano. Fez curso sobre cinema e sobre pintura no Museu de Arte Moderna. Pintores como Picasso, Chagall, Miró, Van Gogh, Braque reforçavam seu sentido de liberdade. Voltando ao Brasil, o advogado Manoel de Barros conheceu a mineira Stella no Rio de Janeiro e se casaram em três meses. Seu primeiro livro foi publicado no Rio de Janeiro, em 1942, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele. Nos anos 80, Millôr Fernandes começou a mostrar ao público, em suas colunas a poesia de Manoel de Barros. Outros fizeram o mesmo como Fausto Wolff, Antônio Houaiss. Os intelectuais iniciaram, através de tanta recomendação, o conhecimento dos poemas que a Editora Civilização Brasileira publicou, em quase a sua totalidade, sob o título de "Gramática expositiva do chão". O poeta foi agraciado com o “Prêmio Orlando Dantas” em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro “Compêndio para uso dos pássaros”. Em 1969 recebeu 179 o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra “Gramática expositiva do chão” e, em 1997, o "Livro sobre nada” recebeu o Prêmio Nestlé, de âmbito nacional. Em 1998, recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido pelo Ministério da Cultura. Atualmente mora em Campo Grande (MS). 23.2) Publicações • Obras publicadas no Brasil: 1937 — Poemas concebidos sem pecado 1942 — Face imóvel 1956 — Poesias 1960 — Compêndio para uso dos pássaros 1966 — Gramática expositiva do chão 1974 — Matéria de poesia 1982 — Arranjos para assobio 1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros) 1989 — O guardador das águas 1990 — Poesia quase toda 1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves 1993 — O livro das ignorãças 1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery) 180 1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes) 1999 — Exercícios de ser criança 2000 — Ensaios fotográficos 2001 — O fazedor de amanhecer (infantil) 2001 — Poeminhas pescados numa fala de João 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros) 2003 — Memórias inventadas (A infância) (Ilustrações de Martha Barros) 2003 — Cantigas para um passarinho à toa 2004 — Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros) 2005 — Memórias inventadas II (A segunda infância) (Ilustrações de Martha Barros) 2007 — Memórias inventadas III (A terceira infância) (Ilustrações de Martha Barros) • Prêmios recebidos: 1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro "Compêndio para uso dos pássaros" 1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro "Gramática expositiva do chão" 1969 - Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro "Gramática expositiva do chão" 1989 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro "O guardador de águas" 1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor 181 escritor do ano 1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro "Livro das ignorãças" 1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro "Livro sobre nada" 1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra 2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro "Exercício de ser criança" 2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro "Exercício de ser criança" 2002 — Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com "O fazedor de amanhecer" 2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro "Poemas rupestres" 2006 — Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro "Poemas rupestres" Obras publicadas no exterior: Portugal: 2000 — Encantador de Palavras. Organização e seleção Walter Hugo Mãe. Vila Nova de Famalicão, Quasi, 2000. França: 2003 — La Parole sans Limites. Une Didactique de lInvention [O Livro das Ignorãças]. Édition Bilingue. Tradução e apresentação Celso Libânio. Ilustração Cicero Dias. Paris: Éditions Jangada. Espanha: 2005 - Riba del dessemblat (Antologia Poética), Ed. Catalã, Lleonard Muntaner, Editor. 23.2.1) Sinopse • O livro das ignorãças (1993) 182 A obra O Livro das Ignorãças é dividido em três partes: "Uma Didática da Invenção", "Os Deslimites da Palavra" e "Mundo Pequeno". Em "Uma didática da invenção", surgem várias questões evidenciando a preocupação de Manoel de Barros quanto as idéias específicas de poesia. Assim, já no primeiro poema do livro, temos a idéia do desaprender, da necessidade que o poeta vê de a poesia enlouquecer a língua, tirando-a dos lugares comuns em que se encontra. Nessa primeira parte há um trajeto claro de fugir à linguagem comum e alcançar uma língua adâmica, original que se aproxime mais da coisa em seu estado bruto, que chegue à "coisidade" da coisa, em seu âmago de coisa mesmo. Em "Os deslimites da palavra" o poeta inventa uma lenda e escreve a partir dela: um tal canoeiro Apuleio, que teria passado três dias e três noites navegando sobre as águas de uma enchente ocorrida em 1922, sem comer nem dormir, registra em um caderno, a partir dessa experiência, amontoados de frases desconexas. Tempos depois, o poeta encontra esse caderno e tenta "desarrumar as frases", de modo que elas se tornem poesia, apesar de, em si, elas já serem poesia, ou seja, escreveu fora da língua comum, fazendo poesia. Na terceira parte, "Mundo pequeno", o autor traz as mesmas questões eleitas por Manoel de Barros, sendo que o primeiro poema já rompe com a gramática da língua, conforme já vimos em outros poemas. Nos versos seguintes, os substantivos transformam-se em verbos. Em O livro das Ignorãças, também há a proposta de, além de tornar-se coisa, "desacostumar as coisas", assim como se deve "desacostumar as palavras". Do mesmo modo que se deve livrar as palavras de seu estado normal, fazendo-as delirar, há também a necessidade de livrar as coisas de sua utilidade usual, tirando-as do uso que elas têm no dia-a-dia. É o que o poeta chama de "desinventar objetos”. • Livro Sobre O Nada Inútil, nada, coisa, bichos. Essas são algumas das palavras-chave de uma obra que tenta reconstruir o mundo. Alguns poetas passam, em suas obras, uma determinada visão de mundo; outros não se contentam com isso e vão além: tentam reconstruir o mundo. Manoel de Barros é um deles. No texto que abre o Livro sobre nada, o poeta afirma que "o nada de meu livro é nada mesmo. É coisa nenhuma por escrito: um alarme para o silêncio, um abridor de amanhecer, pessoa 183 apropriada para pedras, o parafuso de veludo, etc. O que eu queria era fazer brinquedos com as palavras. Fazer coisas desúteis. O nada mesmo. Tudo que use abandono por dentro e por fora. Manoel de Barros faz exercícios poéticos no sentido de "descoisificar" o mundo, buscando uma nova forma de organizá-lo, que respeite a leitura daqueles que só têm "entidade coisal". • Poemas rupestres, de Manoel de Barros Nesta obra, Poemas rupestres, Manoel de Barros recorre às lembranças de Mato Grosso, e de seus primeiros passos no Pantanal, para dar novos significados às palavras. Como inscritos nas paredes das cavernas de todos nós, traz a voz sábia da infância, de uma falsa inocência estonteante cuja leitura escorre como riacho tantas vezes visitado por esta poética que nos torna meninos de novo que de tão a custo a gente se segura pra não sair pra rua pra fazer travessuras com o olhar de passarinho. Mas de repente, num verso, vem aquele travo amargor com gosto de vida real e o encantamento resvala pra consciência “vira mundo” e a poesia se transforma no road movie do poeta sábio que com sua experiência revela o que há pra ver por trás das palavras simples, das imagens claras. O que essa poética tem é a capacidade de ver e traduzir um essencial tão ao avesso do colosso artificial da atual era do simulacro, fulcro de uma civilização medida por tonelada consumida. Ao se jeito de audição, de estória contada, se faz tato para a alma, já que “o tato é mais que o ver / é mais que o ouvir / é mais que o cheirar” e o êxtase táctil, mas também auditivo e visual , que o menino Manoel de Barros nos transmite com as suas poesias rupestres, que ficam pintadas em nossas retinas e na nossa memória muito depois de termos lido este livro. 23.3) Considerações sobre o autor Poeta, já foi comparado a Guimarães Rosa pelo seu gosto em inventar palavras. Diz que escreve “procurando o rumor das palavras mais do que o significado delas”. Hoje o poeta é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos mais originais do século e mais importantes do Brasil. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um "doce de coco". Foi também comparado a São Francisco de Assis pelo filólogo 184 Antonio Houaiss, "na humildade diante das coisas. (...) Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. Tenho por sua obra a mais alta admiração e muito amor." Segundo o escritor João Antônio, a poesia de Manoel vai além: "Tem a força de um estampido em surdina. Carrega a alegria do choro." Millôr Fernandes afirmou que a obra do poeta é "'única, inaugural, apogeu do chão." E Geraldo Carneiro afirma: "Viva Manoel d'amores violador da última flor do Laço inculta e bela. Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica". Manoel, o tímido Nequinho, se diz encabulado com os elogios que "agradam seu coração". Sob a aparência surrealista, a poesia de Manoel de Barros é de uma enorme racionalidade. Suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais, sem fugir a um substrato ético muito profundo. 24 - MARCELO RUBENS PAIVA (1959-) 185 FIGURA 33 : Marcelo Rubens Paiva. FONTE: http://blog.audiolivroeditora.net.br/ 24.1)Biografia Jornalista, romancista e dramaturgo, Marcelo Rubens Paiva nasceu em 1959, em São Paulo. Estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP, frequentou o mestrado de Teoria Literária da Unicamp e o King Fellow Program da Universidade de Stanford, na Califórnia. Vitimado por um acidente que o deixou paraplégico em 1979, escreveu uma autobiografia, Feliz ano velho (1982), no qual ganha os prêmios Jabuti e Moinho Santista, e que virou filme, marcou a geração de 1980 e o projetou como escritor de sucesso editorial. Em 1999 estreou como dramaturgo com a peça “E aí, comeu?”. Chegou a declarar que não vai mais escrever. Mas estava apenas “fazendo teatro”. Em 2003 lançou o romance “Malu de bicicleta”, e em 2008 lançou “A segunda vez que te conheci”. Atualmente é colunista do jornal Folha de São Paulo. 24.2) Publicações • Feliz Ano Velho, (1982) • Blecaute (1986) • Ua:brari (1990) • As Fêmeas (1992) • Bala na Agulha (1994) • Não és Tu Brasil (1996) • Malu de Bicicleta (2004) • O Homem que Conhecia as Mulheres (2006) • A segunda vez que te conheci (2008) 186 24.2.1) Sinopse • Feliz Ano Velho, 1982 Marcelo e alguns amigos foram aproveitar o calor, o sol, em uma cachoeira. Grita alegre que iria procurar um tesouro e pula, estilo ‘Tio Patinhas’. Local era raso e ele bate a cabeça no fundo ficando por algum tempo ouvindo um zumbido, sem nada entender. Não consegue mexer braços e pernas, tem consciência que pode morrer afogado e procurar evitar respirar para boiar. Sua mente trabalha rápido e pensa em vários coisas até filmes que assistiu, em total pressa de encontrar uma solução, brinca inclusive com a possibilidade da morte. Quase desistindo sente o ar, alguém o tirou da água, colocam em pé, mas ele não fica, muito sangue sai de sua cabeça e vendo o quanto era sério os amigos o levam para um hospital. Momentos de intenso desespero, para ele e todos que estavam ao seu lado inclusive o corpo médico. Daí em diante Marcelo passa por momentos intensos de reflexão, revive como em uma tela de cinema o filme de sua vida. Detalhes antes irrelevantes tomam uma grande dimensão. Dia após dia aguardando uma melhora e o entendimento de sua situação real, as horas que não passam, o conversar com uma rachadura na parede pois era só o que via por muito tempo pois não podia ser virado. Uma completa dependência , uma infeliz coceira que precisa contar com o carinho da enfermagem. Um dia uma feliz notícia, ele já pode sair do CTI e no quarto recebe visitas de amigos, irmãos e sua mãe, mulher forte que está ao seu lado desde o dia do acidente. Uma ponta de felicidade em tanta amargura. Continua a reflexão de sua vida, o repensar dos sonhos, a mudança das certezas para o ano que em breve se inicia. O Natal está perto, seus amigos não faltam , o ano novo chega, e para ele é difícil encarar a grande verdade, a possibilidade de nunca mais andar. Tão novo, tanta esperança, tanta vontade de viver e agora por uma brincadeira, uma tragédia. Conhecia os turnos, a disposição, o modo de estar de cada enfermeiro (a), seus grandes amigos. Tem pela frente dias de intensos exercícios e tratamentos, mesmo em uma cadeira de rodas é preciso os exercícios. E sua mente, essa não está paralisada, e chorando o passado é preciso definir seu futuro. Tanto tempo no ambiente hospitalar, tantas histórias, tanta dor e tanta alegria passaram pela sua frente. Nada resta fazer , apenas desejar a si mesmo um FELIZ ANO VELHO pois não terá um novo. Após um ano, muitas mudanças, as pernas agora são redondas, muitos e maravilhosos amigos, antigos amigos, família, mais magro, com barba, não sabe se estaria melhor morto, não quer pensar, e tem muita insônia. Nestas insônias, sempre uma lembrança : O grito da busca do tesouro, o salto Patinhas, o Zumbido. 187 • Blecaute, 1986 Três amigos que após ficarem presos em uma caverna descobrem que todas as pessoas ficaram paralisadas, "duras", como se houvessem sido congeladas e ao que tudo indica, somente eles sobreviveram o que aconteceu. Rindu, Mario e Martina mexem com a nossa imaginação e com a ideia de ter e poder tudo, esbarrando no tédio e lutando para se adaptarem ao que lhes parece absurdo e inexplicável. E é neste contexto que se desenrola um instigante conto que analisa as mais diversas possibilidades do que teria acontecido com todos e explorando a forma como reagem ao se depararem com a possibilidade de serem Donos do Mundo. Saques, destruições, desejo, confusão e muitos questionamentos formam esta surreal, mas sem dúvida impressionante narração. • Ua:brari, 1990 O filho de um rico empresário, Zaldo, viaja pela Amazônia e se embrenha na mata. Após um ano desaparecido, tem-se a notícia de que Zaldo é tratado como um messias por uma tribo. Chamam-no de Ua:brari, que, segundo a lenda dos índios Macuxi, Ua:brari era um jovem que conhecia o caminho para o outro lado do mundo. Um jornalista, amigo da família de Zaldo, é solicitado para procurar o filho do empresário dentre as matas. Histórias envolvendo corrupção e mentiras surgem diante do repórter, mas ele não deve revelar a ninguém sob a ameaça de perder a vida. • As Fêmeas, 1992 O livro foi escrito em 1992. Na obra, busca-se trazer à tona questões do universo feminino. É feita uma análise dos mais diversos tipos de mulheres. Os temas explorados são: relacionamentos; culpa; prazer; sexualidade; ressentimentos; mulheres que, por ter um jogo duplo, confundem os homens; mudança de hábitos com a chegada da AIDS no mundo; homens enganados pelas mulheres; homens "galinhas" e mulheres sedutoras. O livro é mais uma espécie de interpretação crítica. Tenta entender, sobretudo, as diferentes formas das mulheres se expressarem e as várias peculiaridades que cada uma delas tem. Aborda, também, a questão de como a vida nas grandes cidades influencia no nosso cotidiano e como ela nos sufoca. 188 • Bala na Agulha, 1994 O brasileiro Thomaz não consegue um bom emprego no Brasil e vai tentar a vida nos EUA. Ex-garoto de programa no Brasil e traficante em Nova York, Thomaz sente-se frustrado, afundado numa vida de mesmice. Porém, tudo tende a mudar quando ele se vê envolvido em um caso de assassinato em Manhattan. Perseguido e embrenhado no mundo das drogas e da prostituição, Thomaz fuge do país. Na volta para o Brasil, se depara com mais um fato inusitado: a eleição do pai a primeiroministro. Isso, no entanto, não representa o fim de seus problemas. Sua situação fica cada vez pior e o número de pessoas envolvidas na trama não para de aumentar. • Não És Tu Brasil, 1996 O livro refere-se aos guerrilheiros da VPR – Vanguarda Popular Revolucionária, organização guerrilheira comandada por Carlos Lamarca. A história se passa no Vale do Ribeira, no ano de 1970. Misturando realidade com ficção, Marcelo Rubens Paiva relata a vitória da VPR sobre mil e quinhentos homens das Forças Armadas, que perseguiram cinco guerrilheiros, dentre eles, Carlos Lamarca. Rubens Paiva conta o momento em que o combate à subversão dava carta branca aos torturadores, que passaram a exercer uma espécie de poder paralelo no país na época da Ditadura Militar. 24.3) Considerações sobre o autor O autor se tornou símbolo de sua geração ao escrever “Feliz Ano Velho”, romance autobiográfico em que narra as aventuras de sua adolescência, incluindo o acidente que o deixou paraplégico. Seu texto vem demonstrar a consciência política do escritor em meio a violências e opressões sociais, entre outras coisas. Constitui um instrumento de denúncia da repressão e das torturas impostas pelo regime da Ditadura Militar instaurada em 1964. 25 - MARINA COLASANTI (1937- ) 189 FIGURA 34: Marina Colasanti. FONTE: http://www.astormentas.com/din/biografia.asp?autor=Marina+Colasanti 25. 1) Biografia A escritora, jornalista e ilustradora Marina Colasanti nasceu na cidade de Asmara, na Etiópia, então colônia da Itália, no dia 26 de setembro de 1937, onde viveu por quatro anos. Depois foi morar na Itália até completar 10 anos; em 1948, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. Possui nacionalidade brasileira e naturalidade italiana. No Brasil ela cursa, em 1952, a Escola Nacional de Belas Artes, estudando pintura também com Catarina Baratelle, deste ano até 1956. Dois anos depois ela já estava integrando os diversos salões de artes plásticas. Nos anos que se seguiram ela trabalhou igualmente com o jornalismo e a literatura. Na esfera da comunicação ela atuou como editora e escritora de crônicas, redatora e ilustradora. Trabalhou nos jornais Jornal do Brasil, Jornal dos Sports e nas revistas revistas: Senhor, Fatos & Fotos, Ele e Ela, Fairplay, Claudia e Joia. Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, “Eu Sozinha" e de lá para cá publicaria mais de 30 obras - nas quais a autora reflete a partir de fatos cotidianos sobre a situação feminina, o amor, a arte e os problemas sociais brasileiros- poemas, ensaios e literatura infantil e adulta. Em 1994 ganhou o Prêmio Jabuti, por Rota de Colisão e Eu sei mas não devia, e o prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por Ana Z Aonde Vai Você? Colaborou também em revistas femininas e constantemente dá cursos e palestras em todo o Brasil. 25.2) Publicações • Passageira em trânsito (2010) - Record • Minha Ilha Maravilha (2007) - Ed. Ática 190 • Acontece na cidade (2005) - Ed. Ática • Fino sangue (2005) • O homem que não parava de crescer (2005) • 23 histórias de um viajante (2005) • Uma estrada junto ao rio (2005) • A morada do ser (1978, 2004) • Fragatas para terras distantes (2004) • A moça tecelã (2004) • Aventuras de pinóquio – histórias de uma marionete (2002) • A casa das palavras (2002) - Ed. Ática • Penélope manda lembranças (2001) - Ed. Ática • A amizade abana o rabo (2001) • Esse amor de todos nós (2000) • Ana Z., aonde vai você? (1999) - Ed. Ática • Gargantas abertas (1998) • O leopardo é um animal delicado (1998) • Histórias de amor (série “Para gostar de ler” vol. 22) (1997) - Ed. Ática • Longe como o meu querer (1997) - Ed. Ática • Eu sei mas não devia (1995) • Um amor sem palavras (1995) • Rota de colisão (1993) • De mulheres, sobre tudo (1993) • Entre a espada e a rosa (1992) • Cada bicho seu capricho (1992) • Intimidade pública (1990) • A mão na massa (1990) • Será que tem asas? (1989) • Ofélia, a ovelha (1989) • O menino que achou uma estrela (1988) • Aqui entre nós (1988) • Um amigo para sempre (1988) • Contos de amor rasgado (1986) • O verde brilha no poço (1986) 191 • E por falar em amor (1985) • Lobo e o carneiro no sonho da menina (1985) • A menina arco iris (1984) • Doze reis e a moça no labirinto do vento (1978) • Uma idéia toda azul (1978) 25.2.1) Sinopses • O leopardo é um animal delicado (1998) É uma coletânea de vinte e cinco contos curtos onde os temas são variados, incluindo situações cotidianas e reflexões sobre a complexidade das relações humanas. É a alma, não é: Fala da historia de Marta, uma mulher infeliz no casamento. Ela e o marido,mesmo dormindo na mesma cama, eram distantes e ela levava a vida perdida em seus pensamentos. Em uma manhã quando ele leu uma reportagem no jornal para ela que falava sobre uma libélula que foi encontrada em um âmbar e que os cientistas iriam cloná-la, Marta se sentiu a libélula presa e que os móveis e o casamento infeliz eram seu âmbar. Ficou a tarde inteira na frente da televisão ligada, apenas vagando em seus pensamentos quanto à libélula e ela. Quando o marido chega, apenas o cumprimenta e pergunta pelo dia dele, mas antes da resposta volta aos seus pensamentos. Como o máscara de ferro: É a história de um homem sem nenhuma descendência chinesa, que tinha belos olhos vivos, um rosto redondo e cabelos de querubim. Porém com o passar do tempo vê uma “máscara” chinesa tomar conta de seu rosto. O cabelo liso, a pele esticada, os olhos curvados e todo o resto. Ele chega a mudar de cidade. No espelho buscou muitas vezes sua face verdadeira, mas conhecia pouco dela e assim ela ia se perdendo com o tempo. Menina de vermelho a caminho da lua: Um homem a fim de contar um fato contratou um narrador e para ele ditou sua história. A mãe levou as duas filhas ao parque, velho e sujo, e lá esperaram que alguém aparecesse para pagar pela diversão das filhas. Apareceu um homem com as calças amarradas por cordas e um sorriso, a mãe pagou e as meninas entraram no brinquedo, uma bolha que intencionava se passar por lua. Chegou então uma menina de dez anos, mas que aparentava mais. Ela queria brincar, a mãe não queria se envolver. A garotinha viu que era preciso ficar com o velho para entrar no brinquedo, a mãe ignorava quando via a 192 sedução entre os dois. O tempo das filhas acabou e elas foram embora, era a vez da menina. É bela à noite: Em Paris, um homem observa a noite da cidade, maravilhado como sempre fica nesta cidade. Na rua muitas pessoas passam, ainda era cedo para ruas desertas. Então ele vê um jovem árabe caminhar e vê aparecer também um homem e quando os dois se cruzam o jovem recebe um soco no queixo e cai de costas. O observador passa indo embora sem querer ser testemunha, sabe que o sangue escorre na rua por que a batida do crânio foi como a de um côco se partindo. Ele entra em um bar e pede um café, estava nervoso. O homem do soco entra e bebe tranquilamente seu café. Responde que acredita que certamente o jovem morreu e depois vai embora. O vulcão de seda: Trata-se da história de Itchiguro, um jovem que faz seu quimono. Com toda delicadeza ele trabalha na seda, sem nenhuma pressa. Ele a costura, a borda, faz os cortes certos até que o traje esteja pronto e perfeito. Ele espera e, durante a noite, quando acorda, toma um banho e veste sua obra. Lacoonte em negra água: O homem deitado em sua rede ouvia o barulho da água que corria dentro da sua casa. E dessas águas sai uma cobra com quem ele se pôs a lutar, seus filhos gritavam e a cobra estava quase o vencendo quando ele encontrou na escuridão da casa um facão e com ele cortou o pescoço da cobra. Foi assim que matou sua esposa quando a pegou na cama com outro e era ela que voltava toda noite na forma da cobra. E ela continuaria voltando. A nova dimensão do escritor Jeffrey Curtian: Um coágulo de sangue explodiu na cabeça de Jeffrey e foi assim que ele entrou em estado vegetativo. No entanto, para a consciência dele, era como estar liberto das prisões do tempo e do espaço. Sua mulher o levou pra casa, viveu do dinheiro do seguro. Ela tirava-o da cama, o punha na cadeira e depois de volta à cama. Ela o amava. E foi em um dia que, ao abrir a janela, o pensamento de Jeffrey se direcionou para a luz e sua mulher, apenas olhando para ele, viu que ele já não vivia. Um rosto entra a aba e a gola: Um homem vai tirar uma fotografia, usa uma capa de chuva e um cachecol tendo seu rosto emoldurado por eles. Escolheu o aposento porque ali havia um espelho em que se via a imagem do perfil dele. O fotógrafo colocou outro espelho à frente do homem e ele, que queria se concentrar para a foto, se perdeu entre a comunicação dos 193 espelhos até que o flash invadiu seus pensamentos. Ainda resiste: Um homem e sua esposa resolvem fazer uma visita surpresa a um amigo dele. A cidadezinha onde ele morava era pequena e parecia desabitada. Quando chegaram ao endereço até duvidaram se era ali mesmo. Entraram e tiveram com a mãe e a irmã do amigo, ele não estava lá. Segundo a mãe estava em uma de suas viagens, ela contou a ele sobre os últimos anos dos filhos e, aproveitando a saída do selador do prédio que estava ali para concertar uma janela, se despediram. A verdade era que Gino, o amigo, não aparecia há anos. Além dos muros, os coiotes: Um senhor sozinho e calado, morador de uma pensão, às vezes conversava com um jovem também morador dali. Foi a ele que mostrou uma maquete de uma casa que queria construir e habitar no Apalaches. Depois de muito tempo procuraram o jovem, o senhor havia sumido. Indo ter no quarto dele o jovem viu na maquete uma luz acesa. Por que a pena: Uma moça, que na virada do ano, mesmo acompanhada de amigos se sente solitária, pede um sinal da existência de Deus. No entanto só uma pomba branca aparece. Depois ela procura uma cartomante e na volta pra casa compra uma fruteira com pombas, e depois de se sentir mal procura um médico que lhe garante que ela não tem nada e ao fim da consulta lhe dá uma pena branca. Um dia, afinal: Fala de uma mulher que, em certa manhã, decide ir à procura de seu marido desaparecido. Procura na cidade dele, no antigo emprego, nos bares, cinemas, restaurante, procura na cidade dela, nos hospitais, clínicas psiquiatras, faz vigia até na casa da amante conhecida. Até que procura a policia, fala do desaparecimento do marido e no dia seguinte dois policiais vão ver com ela. Levam documentos, mas ela não acredita que aquele homem que vive como um estranho na casa com ela é o marido. Maria, Maria: Uma mulher atende a porta, era um homem que se dizia um anjo do Senhor. Ela acaba por ceder a entrada a ele. Mais tarde, grávida e despejada, procura um novo apartamento e, finalmente ao encontrá-lo, sai para dar a luz. Quando voltou com a filha, o berço ainda não tinha chegado e ela a coloca nua, devido ao calor, em um caixote com palha da mudança. Enquanto vai arrumar a comida do gato e do cachorro, eles se aproximam do bebê e assim ela afirma que o anjo 194 não mentira: estava ali o messias. Não há nada no bosque: Um casal em sua casa vê o cachorro alerta, latindo em direção ao bosque que cercava sua residência. Procuram e nada encontram, mas o cachorro continuava atento. Eles mandam derrubar o bosque, afinal poderia ser perigoso. À noite, quando queimava a lenha na lareira, o cachorro se agita e sai da casa correndo e latindo rumo ao bosque. O leopardo é um animal delicado: Ela lavava louça quando viu chegarem à cidade um grupo, sendo circo ou parque disse que iria. Tratava-se de uma feira erótica, visitou-a. Comeu e bebeu alimentos afrodisíacos, comprou chaveiros. Na fila da massagem ficou envergonhada pela espera e acabou no túnel do amor devido à falta de fila. Nele homens apareciam e a acariciavam, e movida pelo desejo obrigou a um deles a se relacionar com ela. Quando saiu do túnel viu que esquecera os sapatos. Começou, ele disse: Um casal que, enquanto dorme no seu apartamento, ouve os tiros que correm nas ruas. Acordam, conversam com medo, ouvem os tiros e explosões temerosos e aguardam a espera do fim dos estrondos. As regras do jogo: Ele, um homem casado, inicia um relacionamento na internet com uma mulher: dizia-se loira, se tocam e se cheiram através da internet e o convívio se torna um vício. Ela impunha as regras e quando ele ousava demais, ela o castigava com a ausência. Ele, ao fim das conversas, procurava a mulher para satisfazer o desejo, até que implorou por um encontro. Marcaram e ela não apareceu mas conversando ela abriu o jogo. Era homem, casado e hetero. Começara aquilo por brincadeira que depois se tornara um vício e agora estavam ali os dois perdedores. Depois da revelação ele saiu com o carro e teve com um travesti. Uma casa para o verão: Um homem procura uma casa para passar o verão com a família. Visita uma que por fora não aparenta a grandiosidade que tem por dentro, com uma esplêndida escadaria e corredores cheios de portas, e então decide alugá-la. Sem que seja de joelhos: Um homem, a procura de uma nova casa visita uma que possui um jardim secreto, um desejo dele, e mesmo antes de conhecê-la toda, a compra. Desvendá-la-ia depois que fosse sua. O jardim se mostra um labirinto, ele se prepara e vai explorá-lo, fantasia o encontro com uma donzela ao centro dele. Inicialmente marca as escolhas, depois já cansado se esquece delas e sem esperar se encontra na entrada do jardim. 195 Na funda escuridão: Um pai cuida da filha que, depois de atacada por inúmeros gansos da fazenda, se torna inválida, “demente”. A mulher os abandonara depois do acidente e ele zelava da filha e de seus gritos. Nessas circunstâncias preparou junto da sopa o veneno, deu a sopa à filha e depois pendurou o corpo no nó de forca que fizera. A segurança mantida: Uma ilha apareceu ao lado das docas de uma cidade e a população, curiosa e assustada, se questionava. O prefeito proibiu relações com a ilha. Ela que se mostrava habitada. A população temia. O exército foi chamado, mas ele não tinha boa atuação, pelo contrário: amedrontava mais. As moças não saíam de casa. O dia de invasão à ilha foi marcado, mas a ilha nesta data desapareceu como surgira. O exército ficou para garantir a segurança. Como se pode amar: Ele não podia dizer que a amava, mas dentre as ovelhas era a que ele procurava primeiro. Vigiava a todas e foi assim que aumentou seu zelo quando o cão e ele perceberam que o lobo aproximava-se. Observava-as e recontava-as, porém no momento seguinte sua ovelha não estava mais ali. Deixou o rebanho com o cão e foi atrás do lobo. O encontrou sobre ela, lutaram e ele o venceu junto à sua ovelha já morta. Nostradamus, 1994: A retrospectiva de um senhor velho e doente que relembra seus momentos de glória, os momentos felizes da vida que não suprem os tristes e a solidão da velhice. Amor e morte na pagina dezessete: Selena era casada há 27 anos com Jonas, que era ciumento, conservador e respeitado. Há 25 anos era amante de Daniel, divertido e alegre. Amava os dois, se surpreendia por não viverem todos juntos. Saiu de casa com um vestido curto, Jonas não gostou. Ela afirmou que era um pano da liquidação, por isso era pequeno e logo o vestido também. Era o vestido que Daniel lhe tinha dado para se encontrarem. Iam comemorar as bodas de pérola. Beberam e foram ao circo, ela por brincadeira o questionou se ele domaria uma fera por ela. Foi assim que morreu e a foto dela chorando sobre ele apareceu nos jornais. Os policias ligaram para Jonas, mas ele não quis saber. Ela foi dormir na casa de uma amiga e no dia seguinte procuraria o marido. 196 • Eu sei mas não devia (1995) Este texto trata-se do cotidiano das pessoas principalmente aquelas que correm no dia a dia sem olhar para os lados. Deixando de viver em busca de se manter vivo. Vai deixando as coisas acontecerem e quando se percebe não há tempo para mais nada. A vida passa os anos chegam, envelhece e não se pode mais retomar aquele sonho a realizar. Acabamos nos acostumando com determinadas circunstâncias, passamos a achar normal o que não é. aceitamos uma situação por estar cansados de lutar contra esta. Estamos acostumando sempre com mais coisas desagradáveis para não sofrer. Acostumamos para poupar a vida, vamos aceitando tudo para não gastar mais tempo tendo que acostumar. Sabemos tudo isto mas, não devíamos saber. • Entre a espada e a rosa (1992) O livro relata a historia de um cavalo que se alimenta de moedas de ouro, uma princesa que esconde uma maldição sob os trajes de guerreira, sete irmãos que desbravam o mar tomando uma estrela como bússola e um castelo de ar que fica nas nuvens. Dona de um estilo peculiar ao escrever, a autora leva os leitores à aventuras em mundos fantásticos, repletos de encantos e segredos, dos quais pequenas lições de vida podem ser tiradas. Como no conto dá nome ao livro, Entre a Espada e a Rosa em que Colasanti apresenta a história de uma princesa que deseja com toda a sua força não se casar com o homem para o qual havia sido prometida. À véspera de seu casamento, a princesa chora tanto durante a noite que o inesperado acontece: ao acordar, percebe que seu rosto está coberto por uma barba. Envergonhado, o rei a expulsa do reino e a princesa, por conta da barba que lhe cresceu, resolve esconder seu rosto e ser corpo atrás de uma armadura de guerreiro. E é assim que vive sua vida até que ela encontra um rei pelo qual se apaixona. No entanto, ela tem que arrumar um jeito de se livrar da barba que a livrou de um casamento indesejado, mas que, agora, a impede de mostrar quem ela realmente é ao homem que ama verdadeiramente. No conto O homem atento, Colasanti nos apresenta um homem que nunca dorme para que possa estar sempre alerta a tudo. Ele não deixa que nada lhe passe despercebido a fim de manter o controle absoluto sobre o mundo que o cerca. Até que recebe a visita de um senhor 197 viajante que o faz enxergar que, por mais que estejamos atentos a tudo, algumas coisas nos fogem ao controle. Desta forma, o velho viajante o liberta de sua “prisão de alerta”. Em No castelo que se vai, Marina mostra o que acontece quando um rei que tudo quer encontra-se com um rei que só possui o Nada. A autora expõe também os estranhos caminhos do amor como no conto Uma voz entre os arbustos, ou ainda a desgraça que se pode abater quando a ostentação é colocada à frente de tudo e de todos, como em O reino por um castelo. E é assim, por meio de contos alegres, tristes, intrigantes e sempre emocionantes que Marina Colasanti nos faz caminhar por realidades alternativas de um livro de contos de fadas – tal como no conto No rumo da estrela, no qual um dos personagens busca a estrela que tanto o encanta e para a qual olha incessantemente, os leitores buscarão no livro Entre a espada e a Rosa o mundo que ela descreve, mesmo tão distante, mesmo tão longínquo. 25.3) Considerações sobre a autora Marina Colasanti é uma autora eclética, sua obra varia em gênero - contos, crônicas, poesia, histórias infantis - mas mantém-se fiel às características estilísticas que são a sua marca, como a linguagem cuidadosa, o escrever preciso, sem adjetivações desnecessárias. Mas, porque é uma autora profícua, que acompanha as tendências de seu tempo, não raro encontramos em seus textos a experimentação, a busca de outras formas de contar as pérolas que essa tecelã de palavras tem para nos entregar todos os dias. 26 - MÁRIO PALMÉRIO (1916 - 1996) 198 FIGURA 34: Mário Palmério. FONTE: http://www.revelacaoonline.uniube.br/2004/300/Biogra.html 26. 1) Biografia Mário Palmério, político e romancista, nasceu em Monte Carmelo, MG, em 1º de março de 1916. Fez seus estudos secundários no Colégio Diocesano de Uberaba e no Colégio Regina Pacis, de Araguari, licenciando-se em 1933. Em 1935, matriculou-se na Escola Militar de Realengo, no Rio, de onde se desligou, no ano seguinte, por motivos de saúde. Em 1936, ingressou no Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais, sendo designado para servir na sucursal de São Paulo. Na capital paulista, iniciou-se no magistério secundário, como professor de Matemática no Colégio Pan-Americano, estabelecimento de ensino então mantido pela Escola Paulista de Medicina. Passando a lecionar em outros estabelecimentos, pouco tempo depois Mário Palmério dedicava-se exclusivamente ao magistério. Em 1939, matriculou-se na seção de Matemática da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, época em que passou a lecionar também no Colégio Universitário da Escola Politécnica, por nomeação do Governo daquele Estado. Voltou para Uberaba e fundou o Liceu do Triângulo Mineiro, na Rua Manoel Borges. O Liceu foi um colégio de turmas mistas em uma cidade ultra-conservadora. Em 1945, construiu na Av. Guilherme Ferreira um conjunto de edifícios para sede do Colégio do 199 Triângulo Mineiro e da Escola Técnica de Comércio, já com vistas à criação da primeira escola superior que viria a instalar na região. No Triângulo Mineiro, Mário Palmério fundou, em 1950, a Faculdade de Direito e, em 1953, a Faculdade de Medicina. Por essa época exercia o mandato de deputado federal por Minas Gerais, tendo sido eleito em 1950 na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro. Suas atividades desdobraram-se assim em dois setores importantes, o educacional e o da representação parlamentar. É reeleito em 1954, e passou a integrar a Comissão de Orçamento e a Mesa da Câmara. O exercício do mandato e suas outras atividades no Rio de Janeiro não impediram, entretanto, seu trabalho educacional em Uberaba, e Mário Palmério fundou, em 1956, a Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro. Estreou a na vida literária aos 40 anos, seu primeiro livro, fruto de aventura intelectual cujo propósito era bem outro, isto é, a política. Candidatando-se novamente, em 1958, Mário Palmério reelegeu-se, pela terceira vez e agora com expressiva votação - deputado federal por Minas Gerais. Em setembro de 1962, desejoso de afastar-se das lides partidárias, foi nomeado pelo Presidente João Goulart para o cargo de Embaixador do Brasil junto ao Governo do Paraguai. Assumiu o posto em 10 de outubro do mesmo ano. Permaneceu nessa missão até abril de 1964; sua passagem pelo Paraguai, na condição de Embaixador do Brasil, foi marcada por intenso trabalho, destacandose a reforma e reinstalação do edifício da Embaixada, a conclusão das obras do Colégio Experimental - doado ao Paraguai pelo Governo Brasileiro - e da Ponte Internacional de Foz do Iguaçu, e a instalação em novo edifício, amplo e central, do Serviço de Expansão e Propaganda, Missão Cultural e Consulado. Dando ênfase às atividades culturais e artísticas, Mário Palmério integrou-se no seio da intelectualidade paraguaia, estreitando-se assim, os laços de compreensão e amizade entre os dois países. De regresso ao Brasil, Mário Palmério reencetou suas atividades literárias. Isolando-se em fazenda de sua propriedade, no sertão sudoeste de Mato Grosso - a Fazenda São José do Cangalha - escreveu Chapadão do Bugre, romance para o qual vinha colhendo, desde o êxito de Vila dos confins, abundante material lingüístico e de costumes regionais, e que recebeu de toda crítica os mais rasgados elogios. Lançado em outubro de 1966, o romance teve inúmeras edições. Em 1988, recebeu a medalha Santos Dumont, conferida pelo Ministério da Aeronáutica. 200 Mário Palmério faleceu em Uberaba, MG, em 24 de setembro de 1996. 26. 2) Publicações • Vila dos Confins, romance (1956); • Chapadão do Bugre, romance (1965); • O Morro das Sete Voltas, romance (inédito); • Seleta..., organização, estudo e notas de Ivan Cavalcanti Proença (1974). 26.2.1) Sinopses • Chapadão do Bugre - Mário Palmério Com letras de fogo, Mário Palmério, nesta obra-prima de nossa literatura, forja a monumental e trágica história de um cavaleiro solitário do sertão brasileiro, que vaga por uma terra adubada com sangue, onde florescem a intolerância, a violência e a crueldade. Como nas tragédias clássicas, o destino brinca com vidas humanas, e conflitos sucessivos jogam uns homens contra outros, num vendaval de violência e morte do qual nem os poderosos chefes políticos do lugar são protegidos. Alimentando tudo, o furioso desejo de conquista da terra e do amor. Quem busca a aventura, a ação incessante, a resposta de homens rudes e cruéis aos desafios que a vida impõe, descobre em Chapadão do Bugre um romance insuperável. Neste, como lembra o escritor Otávio de Faria, "a vitória do romancista é completa. Podese dizer que é uma das mais brilhantes a que temos assistido. Todas as altas qualidades de Vila dos Confins" reconhece o crítico, "ressurgem aqui, mas os elementos novos com que deparamos são aqueles justamente que caracterizam, acima de tudo, o grande romancista, o grande romance". Chapadão do Bugre é um romance baseado numa história real e misteriosa ocorrida no interior de Minas Gerais no início do século, fato que não seria relevante se o povo da cidade 201 em que tudo ocorreu, Passos, não acabasse por eleger a obra de Palmério como a mais original das versões sobre o episódio. Altamente dramático cruel e violento, o romance prende o leitor pela sua trama, mas é o tom de conversa entre compadres que o torna inesquecível. Talvez por isso, quando, em 1988, Walter Avancini adaptou-o para a TV, manteve-se fiel à linguagem que consagrou Mário Palmério, produzindo uma das minisséries de maior sucesso da Rede Bandeirantes. Narrado em terceira pessoa, paralela à qual coexiste a "consciência" de Camurça, a mula de montaria que visualiza o sentido de toda a trama - inclusive sua própria morte, como ocorre com os protagonistas de O coronel e o lobisomem e Sargento Getúlio -, Chapadão do Bugre é, sob o ponto de vista da estrutura narrativa, bastante insólito, rompendo os esquemas tradicionais. 26.3) Considerações finais do autor Mário Palmério um autor regionalista que eleva o gênero em que é mestre à condição de epopeia,que busca o estilo impecável, o domínio absoluto da linguagem mesclado ao amor à terra que descreve. 27 - MÁRIO QUINTANA (1906 – 1994) 202 FIGURA 35: Mário Quintana. FONTE : http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp “A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!” “Sonhar é acordar-se para dentro.” 27. 1) Bibliografia Mario Quintana foi escritor, jornalista e poeta, nasceu na cidade de Alegrete no Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906. Com 7 anos, auxiliado pelos pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais ensinam-lhe, também, rudimentos de francês. No ano de 1914 inicia seus estudos na Escola Elementar Mista de Dona Mimi Contino. Um ano depois, ainda em Alegrete, freqüentou a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, onde conclui o curso primário. Nessa época trabalhou na farmácia da família. Foi matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato, no ano de 1919. Começa a produzir seus primeiros trabalhos, que são publicados na revista Hyloea, órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio. Já na fase adulta, Mario Quintana foi trabalhar na Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras da literatura mundial. Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de Virgínia Woolf. 203 Durante a Revolução de 30, alistou-se como voluntário no Batalhão dos Caçadores, uma das tropas civis que foi a pé até o Rio de Janeiro para conduzir Getúlio Vargas ao poder. Na então capital do país, morou por seis meses e depois retornou a Porto Alegre. Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”. Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém, somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento nacional. Neste ano, Mario Quintana ganha o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores, pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras. E, apesar de ter vários amigos da Academia Brasileira de Letras, a exemplo de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade, Quintana nunca conseguiu vencer a eleição para uma cadeira de imortal. Após a derrota na terceira eleição, o autor não perdeu o bom humor característico de sua obra e compôs um pequeno poema sobre o fato. "Todos esses que aí estão/ atravancando meu caminho,/ eles passarão.../ eu passarinho!". Apesar de não ter entrado para Academia, em 1981, o poeta recebeu o Prêmio Machado de Assis e, em 1981, o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano. Quintana recebeu inúmeras homenagens durante a vida, mas morreu negando as reverências: "Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz". Mario Quintana faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994, deixando um herança de grande valor em obras literárias. 27. 2)Publicações • Em português: - A Rua dos Cata-ventos (1940) - Canções (1946) - Sapato Florido (1948) - O Batalhão de Letras (1948) - O Aprendiz de Feiticeiro (1950) 204 - Espelho Mágico (1951) - Inéditos e Esparsos (1953) - Poesias (1962) - Antologia Poética (1966) - Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil - Caderno H (1973) - Apontamentos de História Sobrenatural (1976) - Quintanares (1976) - edição especial para a MPM Propaganda. - A Vaca e o Hipogrifo (1977) - Prosa e Verso (1978) - Na Volta da Esquina (1979) - Esconderijos do Tempo (1980) - Nova Antologia Poética (1981) - Mario Quintana (1982) - Lili Inventa o Mundo (1983) - Os melhores poemas de Mario Quintana (1983) - Nariz de Vidro (1984) - O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil - Primavera cruza o rio (1985) - Oitenta anos de poesia (1986) - Baú de espantos ((1986) - Da Preguiça como Método de Trabalho (1987) - Preparativos de Viagem (1987) - Porta Giratória (1988) - A Cor do Invisível (1989) - Antologia poética de Mario Quintana (1989) - Velório sem Defunto (1990) - A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1a. publicação. - Sapato Furado (1994) - Mario Quintana - Poesia completa (2005) - Quintana de bolso (2006) • No exterior: 205 - Em espanhol: - Objetos Perdidos y Otros Poemas (1979) - Buenos Aires - Argentina. - Mario Quintana. Poemas (1984) - Lima, Peru. Participação em Antologias: • No Brasil: - Obras-primas da lírica brasileira (1943) - Coletânea de poetas sul-rio-grandenses. 1834-1951 - (1952) - Antologia da poesia brasileira moderna. 1922-1947 - (1953) - Poesia nossa (1954) - Antologia poética para a infância e a juventude (1961) - Antologia da moderna poesia brasileira (1967) - Antologia dos poetas brasileiros (1967) - Poesia moderna (1967) - Porto Alegre ontem e hoje (1971) - Dicionário antológico das literaturas portuguesa e brasileira (1971) - Antologia da estância da poesia crioula (1972) - Trovadores do Rio Grande do Sul (1972) - Assim escrevem os gaúchos (1976) - Antologia da literatura rio-grandense contemporânea - Poesia e crônica (1979) - Histórias de vinho (1980) - Para gostar de ler: Poesias (1980) - Te quero verde. Poesia e consciência ecológica (1982) • No Exterior: - La poésie brésilienne, 1930-1940 - Rio de Janeiro (para circulação no exterior) (1941) - Brazilian literature. An outline. - New York (1945) - Poesía brasileña contemporánea, 1920-1946 - Montevideo (1947) - Antologia de la poesía brasileña - Madrid (1952) 206 - La poésie brésilliene contemporaine - Paris (1954) - Un secolo di poesia brasiliana - Siena (1954) - Antología de la poesía brasileña - Buenos Aires (1959) - Antología de la poesía brasileña. Desde el Romanticismo a la Generación de Cuarenta y Cinco - Barcelona (1973) - Chew me up slowly - Porto Alegre (para circulação no exterior) (1978) - Las voces solidarias - Buenos Aires (1978) Traduções: PAPINI, Giovanni. Palavras e sangue. Porto Alegre: Globo, 1934. MARSYAT, Fred. O navio fantasma. Porto Alegre: Globo, 1937. VARALDO, Alessandro. Gata persa. Porto Alegre: Globo, 1938. LUDWIG, Emil. Memórias de um caçador de homens. Porto Alegre: Globo, 1939. CONRAD, Joseph. Lord Jim. Porto Alegre: Globo, 1939. STACPOOLE, H. de Vere. A laguna azul. Porto Alegre: Globo, 1940. GRAVE, R. Eu, Claudius Imperator. Porto Alegre: Globo, 1940. MORGAN, Charles. Sparkenbroke. Porto Alegre: Globo, 1941. YUTANG, Lin. A importância de viver. Porto Alegre: Globo, 1941. BRAUN, Vicki. Hotel Shangai. Porto Alegre: Globo, 1942. FULOP-MILLER, René. Os grandes sonhos da humanidade. Porto Alegre: Globo, 1942 (de parceria com R. Ledoux). MAUPASSANT, Guy de. Contos. Porto Alegre: Globo, 1943. LAMB, Charles & LAMB, Mary Ann. Contos de Shakespeare. Porto Alegre: Globo, 1943. MORGAN, Charles. A fonte. Porto Alegre: Globo, 1944. MAUROIS, André. Os silêncios do Coronel Branble. Porto Alegre: Globo, 1944. LEHMANN, Rosamond. Poeira. Porto Alegre: Globo, 1945. JAMES, Francis. O albergue das dores. Porto Alegre: Globo, 1945. LAFAYETTE, Condessa de. A princesa de Cléves. Porto Alegre: Globo, 1945. BEAUMARCHAIS. O barbeiro de Sevilha ou a precaução inútil. Porto Alegre: Globo, 1946. WOOLF, Virginia. Mrs. Dalloway. Porto Alegre: Globo, 1946. PROUST, Marcel. No caminho de Swann. Porto Alegre: Globo, 1948. 207 BROWN, Frederiek. Tio prodigioso. Porto Alegre: Globo, 1951. HUXLEY, Aldous. Duas ou três graças. Porto Alegre: Globo, 1951. MAUGHAM, Somerset. Confissões. Porto Alegre: Globo, 1951. PROUST, Marcel. À sombra das raparigas em flor. Porto Alegre: Globo, 1951. VOLTAIRE. Contos e novelas. Porto Alegre: Globo, 1951. BALZAC, Honoré de. Os sofrimentos do inventor. Porto Alegre: Globo, 1951. MAUGHAM, Somerset. Biombo chinês. Porto Alegre: Globo, 1952. THOMAS, Henry & ARNOLD, Dana. Vidas de homens notáveis. Porto Alegre: Globo, 1952. GRENNE, Graham. O poder e a glória. Porto Alegre: Globo, 1953. PROUST, Marcel. O caminho de Guermantes. Porto Alegre: Globo, 1953. PROUST, Marcel. Sodoma e Gomorra. Porto Alegre:Globo, 1954. BALZAC, Honoré de. Uma paixão no deserto. Porto Alegre: Globo, 1954. MÉRIMÉE, Prospero Novelas completas. Porto Alegre:Globo, 1954. MAUGHAM, Somerset. Cavalheiro de salão. Porto Alegre: Globo, 1954. BUCK, Pearl S. Debaixo do céu. Porto Alegre: Globo, 1955. BALZAC, Honoré de. Os proscritos. Porto Alegre: Globo, 1955. BALZAC, Honoré de. Seráfita. Porto Alegre: Globo, 1955. Discos: - Antologia Poética de Mario Quintana - Gravadora Polygram (1983) Música: - Recital Canto Coral Quintanares (1993) - treze poemas musicados pelo maestro Gil de Rocca Sales. - Cantando o Imaginário do Poeta (1994) - Coral Casa de Mario Quintana - poemas musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro. Teatro: - Lili Inventa o Mundo (1993) - montagem de Dilmar Messias. Sobre o autor: 208 - Quintana dos 8 aos 80 (1985) 27.2.1) Sinopses • Sapato Florido (1948) A Bela e o Dragão As coisas que não têm nome assustam, escravizam-nos, devoram-nos... Se a bela faz de ti gato e sapato, chama-lhe, por exemplo, A BELA DESDENHOSA. E ei-la rotulada, classificada, exorcizada, simples marionete agora, com todos os gestos perfeitamente previsíveis, dentro do seu papel de boneca de pau. E no dia em que chamares a um dragão de JOLI, o dragão te seguirá por toda parte como um cachorrinho... 'Sapato florido' é um misto de tom poético e desenvolvimento em prosa, espécie de poesia posta em prosa. Esta obra parece ter atendido a algumas necessidades internas da linguagem de Quintana. 'Sapato florido' pode ser visto como um ponto de viragem em sua obra, espécie de síntese dos livros precedentes. O que Quintana desenvolve em 'Sapato florido' é o famoso gênero do poema em prosa. • Velório sem Defunto (1990) 209 O tamanho da gente O homem acha o Cosmos infinitamente grande E o micróbio infinitamente pequeno. E ele, naturalmente, Julga-se do tamanho natural... Mas, para Deus, é diferente: Cada ser, para Ele, é um universo próprio. E, a Seus olhos, o bacilo de Koch, A estrela Sírius e o Prefeito de Três Vassouras São todos infinitamente do mesmo tamanho... [Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990] Da Imparcialidade O homem - eternamente escravo de suas paixões pessoais Ë absolutamente incapaz de imparcialidade. Só Deus é imparcial. Só Ele é que pode, por exemplo, Abençoar, ao mesmo tempo, As bandeiras de dois exércitos inimigos que vão entrar em luta... [Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990] • Espelho Mágico (1951) I. DA OBSERVAÇÃO Não te irrites, por mais que te fizerem... Estuda, a frio, o coração alheio. 210 Farás, assim, do mal que eles te querem, Teu mais amável e sutil recreio... II. DO AMIGO Olha! É como um vaso De porcelana rara o teu amigo. Nunca te sirvas dele... Que perigo! Quebrar-se-ia, acaso... III. DO ESTILO Fere de leve a frase... E esquece... Nada Convém que se repita... Só em linguagem amorosa agrada A mesma coisa cem mil vezes dita. IV. DA PREOCUPAÇÃO DE ESCREVER Escrever... Mas por quê? Por vaidade, está visto... Pura vaidade, escrever! Pegar da pena... Olhai que graça terá isto, Sejá se sabe tudo o que se vai dizer!... V. DAS BELAS FRASES Frases felizes... Frases encantadas... Ó festa dos ouvidos! 211 Sempre há tolices muito bem ornadas... Como há pacovios bem vestidos. (...) XII. DAS UTOPIAS Se as coisas são inatingíveis.., ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A mágica presença das estrelas! XIII. DO BELO Nada, no mundo, é, por si mesmo, feio. Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema, Palpita sempre neles o divino anseio Da beleza suprema... XIV. DO MAL E DO BEM Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos. Não há coisa, na vida, inteiramente má. Tu dizes que a verdade produz frutos... Já viste as flores que a mentira dá? XV. DO MAU ESTILO Todo o bem, todo o mal que eles te dizem, nada Seria, se soubessem expressá-lo... 212 O ataque de uma borboleta agrada Mais que todos os beijos de um cavalo. • Caderno H Quanto ao livro CADERNO H , nota-se mistura de lirismo e humor. O poeta funde em poesia todo o seu estar entre as miudezas (ou pequenas grandezas) do universo. Ri, pensa, divaga, espanta, sensibiliza. O mundo de todos nós ganha os benefícios da revisão ponderada. Uma nova face das coisas é revelada pelo autor. São as verdadeiras “coisas” do mágico Quintana, nas linhas e entrelinhas do Caderno H. O autor une senso poético e bom-senso. Graças à ironia, há naturalidade nas minimáximas. Estas mostram clareza e leveza, encerram sínteses. São eternas pérolas literárias. É impossível imitá-lo porque sua prosa e poesia são inconfundíveis. Linguagem única, criativa, que nos leva longe e faz nossa imaginação saltar montanhas. O autor joga com as palavras de tal maneira que nos deixa presos à leitura. Caderno H apresenta definições líricas quando fala que ama a perder de vista. Ironiza o tempo. Indica um exame de inconsciência. Mostra a diferença entre cachorro e vira-lata. Consegue, até, contar um horror e, depois, dialogar no céu. E por aí vai, com seus devaneios, sonhos, mistérios, realidades. 27. 3) Considerações sobre o autor Mario Quintana trabalha com uma poesia extremamente lírica, que, a partir de uma forma simples e despretensiosa, alcança tons universais. Sua aparente simplicidade formal encobre recursos poéticos riquíssimos, inúmeras sutilezas verbais, além de apresentar soluções rítmicas e surpreendentes. A obra multifacetada do poeta não está vinculada a escolas literárias, pois utilizou as formas clássicas da poesia (como o soneto), mas também lançou mão do verso livre e da prosa. 213 28 - MÁRIO VARGAS LLOSA (1936 - ) FIGURA 36: Mário Vargas Llosa. FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2010/10/foto-de-mario-vargas-llosa7.jpg 28.1) Biografia Professor universitário, académico e político e romancista do primeiro time dos grandes escritores latino-americanos, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, nasceu em 28 de março de 1936, em Arequipa, Peru. Passou a infância na Bolívia, voltou ao Peru, onde estudou direito e letras. Em 1959 vai para Madri, onde faz doutorado em filosofia e letras. Muda-se para Paris, como redator da France Presse. Seu primeiro livro “Os Chefes” é de 1959. Obtém sucesso internacional com o romance Batismo de Fogo (1962), traduzido para várias línguas. Em 1964, regressa ao Peru e realiza uma viagem à selva amazônica. Trabalha como tradutor para a Unesco, na Grécia. Pelos próximos anos, reside em Paris, Londres e Barcelona. Em 1981, publica A Guerra do Fim do Mundo, no qual narra a história da Guerra de Canudos. Volta ao Peru em 1983 e em 1990 quis ser presidente do Peru, mas perdeu para Fujimori no segundo turno e diz que não se mete mais em política. Reconheceu que não tem talento para a política profissional. Seu talento é mesmo para literatura, reconhecido em 214 diversas premiações: Prêmio Rômulo Galegos, Prêmio Príncipe de Astúrias e Prêmio Cervantes, dentre outros. Em seguida, muda-se para Londres, onde vive até hoje. Em 2010 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. 28.2)Publicações • Os Chefes (1959) • A cidade e os cachorros ("La ciudad y los perros") (1963) • A Casa Verde (1966) (Premio Rómulo Gallegos) • Os Filhotes (1967) • Conversa na catedral (1969) • Pantaleão e as visitadoras (1973) • Tia Júlia e o escrevinhador (1977) • A Guerra do Fim do Mundo (1981) • Historia de Mayta (1984) • Quem matou Palomino Molero? (1986) • O falador (1987) • Elogio da madrasta (1988) • Lituma nos Andes (1993). Premio Planeta • Os cadernos de Dom Rigoberto (1997) • A festa do bode (2000) • O Paraíso na Outra Esquina (2003) • Travessuras da Menina Má (2006) • A menina de Tacna (1981) • Kathie e o hipopótamo (1983) • La Chunga (1986) • El loco de los balcones (1993) • Olhos bonitos, quadros feios(1996) • García Márquez: historia de un deicidio (1971) • Historia secreta de una novela (1971) • La orgía perpetua: Flaubert y «Madame Bovary» (1975) • Contra viento y marea. Volume I (1962-1982) (1983) • Contra viento y marea. Volume II (1972-1983) (1986) • La verdad de las mentiras: Ensayos sobre la novela moderna (1990) 215 • Contra viento y marea. Volumen III (1964-1988) (1990) • Carta de batalla por Tirant lo Blanc (1991) • Desafíos a la libertad (1994) • La utopía arcaica. José María Arguedas y las ficciones del indigenismo (1996) • Cartas a un novelista (1997) • El lenguaje de la pasión (2001) • La tentación de lo imposible (2004) • Conversa n' A Catedral (2009) • Tia Julia e o Escrevedor (2010) 28.2.1) Sinopse • A Cidade E Os Cachorros, 1963 • Romance considerado um clássico da literatura latino-americana. História de fundo autobiográfico, o enredo se desenvolve no Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima, onde um violento código de conduta permeava o cotidiano dos cadetes - experiência vivida pelo próprio autor, enviado para lá ainda menino pelo pai autoritário. Vindos de todos os pontos do Peru, a maioria de origem humilde, com seus próprios problemas familiares e inseguranças, os jovens internos retratados neste romance são obrigados a sobreviver em meio a um ambiente brutal e hostil, onde a justiça quase nunca prevalece e os superiores, apesar de rígidos com a disciplina, mal sabem o que ocorre nos alojamentos. Longe da vista dos oficiais, os alunos se embebedam, jogam cartas, brigam entre si. Os mais velhos humilham os novatos - tratando-os por Cachorros - e criam um círculo vicioso de dominação e crueldade. É em meio a essa pressão que alguns rapazes irão se reunir e formar um grupo coeso, o Círculo, como única forma de rechaçar as ameaças dos veteranos. Mas nem o Círculo estará livre da violência, e seus membros acabarão se tornando tão implacáveis quanto os demais. Seus diferentes relatos compõem uma história perturbadora. Para compô-la, Vargas Llosa desenvolveu uma narrativa em que o passado se entrelaça ao presente e os dramas de 216 seus personagens são descritos de diferentes pontos de vista. “A Cidade e os Cachorros" foi traduzido para mais de trinta línguas. • Elogio À Madrasta, 1988 Há alguns paradigmas em voga no mundo. Primeiro: Dizem que a vida começa aos 40 anos. Segundo: O sexo no casamento torna-se enfadonho com o passar do tempo. No livro “Elogio À Madastra” o peruano Mario Vargas assina em baixo no primeiro paradigma e evidencia-o ainda mais, mostrando a volúpia quase ninfeta da quarentona Dona Lucrecia que como uma virgem flor desperta para vida tendo sua primeira experiência com a abelha que avidamente suga seu néctar para produzir mel. Desmistifica o segundo paradigma com verdadeiros versos epitalâmicos escritos em prosa peculiar. Sem pudor faz apologia ao sexo no casamento deixando muito claro que a alcova pode servir de cenário ideal para abrigar amantes ávidos pela luxuria que emana de corpos que não se envergonham de se entregarem a caricias recíprocas e que o sexo matrimonial além de produzir suspiros, suores, gritos, gemidos, prazeres, gozos. Produz também um milagre porque conta com a cumplicidade de Deus, que abençoa o coito de enamorados amantes. E fica plenamente feliz porque a copula no leito nupcial não é enfadonha. Mas como na vida nem tudo são flores, o diabo insiste em meter sua colher de pau e tenta estragar o amor das personagens, que se apresentava até então perfeito e como o diabólico Diabo não é original lança mão do velho, mas sempre eficaz adultério. • Cartas A Um Jovem Escritor, 1997 Nesse livro, Llosa mostra que não basta dedos mágicos e nem uma intuição suprema que, de repente, ilumina todo o percurso da escrita. Nada disso. Para criar "a vida que não foi", como Llosa define a ficção, há um longo e tortuoso caminho. Um dos primeiros passos é remontar àquilo que se viveu - a fonte que irriga toda a ficção. "Isso não significa, é claro, que um romance seja sempre uma biografia dissimulada do seu autor, mas, sim, que em toda a ficção (...) é possível rastrear um ponto de partida, uma semente íntima, visceralmente ligada à soma de vivências de quem a forjou". O melhor de "Cartas a um Jovem Escritor" é quando Llosa abandona o tom professoral de algumas passagens, que fazem o livro parecer um manual, e retoma a voz do ensaísta, tão bem afinada em "A Verdade das Mentiras". Lá, o autor de "Paraíso na Outra 217 Esquina" esmiúça o trabalho de alguns dos maiores romancistas do século XX em textos de fôlego que mostram a erudição do autor sem o compromisso didático que acompanha estas cartas. Sem nenhum compromisso com academicismo, apenas com os olhos de um leitor arguto que conhece como poucos a matéria que manipula. Como quando escreve acerca de García Márquez, por exemplo: "Calor, sabor, música, todas as texturas da percepção e dos apetites do corpo se expressam naturalmente e sem pudicícia, e com a mesma liberdade nele respira a fantasia, lançando-se em contenção no terreno do extraordinário. Quando lemos ? Cem Anos de Solidão? ou ?O Amor nos Tempos do Cólera? somos dominados pela certeza de que apenas nessas palavras, com essa índole e ritmo, tais histórias seriam críveis, verossímeis, fascinantes, comovedoras; de que apartadas dessas palavras elas não conseguiram nos encantar como encantam, pois nessas histórias são as palavras que as contam". • A Festa Do Bode, 2000 A “Festa Do Bode” é uma novela ambientalizada na República Dominicana, em 1961, na cidade DE Santo Domingo (então Cidade Trujillo), qual vivia os agitados e últimos dias de tirania do ditador Rafael Leônidas Trujillo, também conhecido como “O Bode” (1930-1961). Uma menina (Urania Cabral) convertida em mulher viaja dos Estados Unidos a Santo Domingo para reencontrar-se com seus fantasmas, da época do ditador, quando seu pai Cerebrito Cabral, junto ao Doutor Balaguer (presidente Pelele) e Coronel Abbes García eram uns dos mais fiéis cooperadores do General Trujillo, e através de seus olhos, que recordam aquela época, vemos até onde uma pessoa sedenta de poder e que controla seu país com mãode-ferro pode chegar para satisfazer seus desejos pessoais mais íntimos, e como outros guiados por uma vida de comodidades e luxos e pelo medo de perder tudo, inclusive a vida, utilizam o que mais querem para prolongar sua agonia. Traslada-nos para uma época de conspirações para derrubar ao ditador, em um dia em que vários homens, os quais em sua maioria acreditaram em “O Bode”, e este como a todo o mundo na República Dominicana os havia usado, mau 9tratado e perseguido até tal ponto que decidem acabar com o tirano em uma solitária estrada, apesar de que isso também pode acabar com suas vidas, somente com a esperança de que algo mude em seu país. É uma história a mais de um ditador a mais, dos que desgraçadamente têm controlado muitos países (especialmente na América do Sul) através da mentira, da violência e gerando 218 medo dos cidadãos, com a diferença de que nesta ocasião está contada com a maestria e genialidade de um dos melhores autores contemporâneos, o qual inclusive arranca-nos algumas lágrimas de impotência durante a leitura dos últimos capítulos de “A Festa Do Bode”. • O Paraíso Na Outra Esquina, 2003 Aclamado por recriar na ficção eventos e personagens tirados da História, Vargas Llosa apresenta aqui o retrato de duas figuras do passado: Flora Tristán e Paul Gauguin, avó e neto, que, cada um em seu momento, procuraram fugir de uma sociedade repressora e ousaram sonhar com um paraíso sobre a Terra. Deslocando-se da França aos exuberantes Mares do Sul, passando pelo Peru escravocrata, o autor mostra em paralelo o caminho trilhado por Flora e por Gauguin. Ela, que foge com os três filhos do marido hostil e segue os ideais de sua cartilha humanitária, e ele que se refugia no Taiti à procura de inspiração para uma arte mais pura. • Travessuras Da Menina Má, 2006 O peruano vê realizado, ainda jovem, o sonho que sempre alimentou: o de viver em Paris. O reencontro com um amor da adolescência o trará de volta à realidade. Lily inconformista, aventureira e pragmática - o arrastará para fora do pequeno mundo de suas ambições. Ricardo e Lily - ela sempre mudando de nome e de marido - se reencontram várias vezes ao longo da vida, em diferentes cidades do mundo que foram cenário de momentos emblemáticos da história contemporânea. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos grandes mafiosos; etc. • Conversa n' A Catedral (2009) Sentados a uma mesa da taberna A Catedral, o jornalista Santiago Zavala conversa com o seu amigo Ambrosio. Estamos em Lima, na época ditatorial do general Manuel A. Odría (1948-1956), e dessa conversa acompanhada de cerveja emerge um Peru cruel, corrupto, desesperançado, matéria-prima ideal, portanto, para um romance que só um grande jornalista e escritor como Vargas Llosa poderia ter produzido. 219 Uma história esplêndida que reúne muitos dos ingredientes que fizeram a fama do autor peruano - as críticas ácidas, a irreverência, a rebeldia e o humor sarcástico. Conversa n’A Catedral é a crónica de uma ditadura e da resistência possível graças à palavra. Uma aguda reflexão sobre a identidade latino-americana e sobre a perda da liberdade. • Tia Julia e o Escrevedor, 2010 Durante os anos cinquenta, quando a televisão ainda não chegara ao Peru, era através da rádio que se difundiam os sonhos, se transmitiam as notícias e que as vozes fascinantes que davam alma e forma às histórias rocambolescas que coloriam a sucessão dos dias penetravam em casa das famílias... Terá sido por essa altura que Pedro Camacho, autor e intérprete de folhetins radiofónicos boliviano, foi contratado para aumentar a audiência da Rádio Central de Lima, e que a tia Júlia, recém-divorciada, chegou igualmente da Bolívia para transformar a vida de Varguitas, estudante de direito, aprendiz de escritor e responsável pelos serviços de informação de uma estação de rádio. A estrutura deste romance desenvolve-se em dois níveis que correm paralelos numa perfeita alternância. Por um lado, Varguitas e a sua adolescência, a descoberta do amor e da tia Júlia, a mulher flaubertiana com quem terá uma relação amorosa; por outro, a imaginação prodigiosa de Pedro Camacho e as suas histórias delirantes, aventuras que no fim se confundem para se tornarem uma só. E, subjacente a ambas, a voz difundida pelas ondas populares de uma estação de rádio de Lima, que possibilita o reencontro último com a dimensão mágica da palavra. 28.3) Considerações sobre o autor Os livros de Mario Vargas permite ver que o patamar de mentira ou veracidade de certa realidade ou irrealidade é muito menos que uma construção retórica ou metafísica, sendo também política e social. 220 29 - MENOTTI DEL PICCHIA (1892-1988) FIGURA 37: Menotti Del Picchia. FONTE: http://www.releituras.com/mpicchia_menu.asp “Esta vida é um punhal de dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais.” 29.1) Biografia Escritor e poeta e pintor e escultor brasileiro nascido em São Paulo, capital, Menotti Del Picchia nasceu no dia 20 de março de 1892. Aos 13 anos de idade começou a produzir suas primeiras produções literárias e aos 16 anos, fundou e dirigiu “O Mandu”, um pequeno jornal do ginásio local para divulgar suas produções literárias. Fez os estudos ginasiais em Campinas e diplomou-se em Ciências e Letras em Pouso Alegre em Minas Gerais. Também cursou a Faculdade de Direito de São Paulo. Fundou o jornal "A Noite" e dirigiu, com Cassiano Ricardo, os mensários "São Paulo" e "Brasil Novo". Colaborou assiduamente no "Diário da Noite", onde, por muitos anos, manteve uma seção diária sob o pseudônimo de Hélios, seção que ele criara, em 1922, no "Correio Paulistano", através da qual divulgou as notícias do Movimento Modernista. Escreveu romances, contos e crônicas, novelas e ensaios, peças de teatro, estudos políticos e obras da literatura infantil. Suas crônicas publicadas no Correio Paulistano, constituíram-se numa espécie de diário do modernismo. Menotti Del Picchia preparou, com Oswald de Andrade, o advento da nova tendência literária e artística, sustentando a polêmica com os passadistas, antes e depois da Semana de Arte Moderna. Em seguida, foi aguerrido defensor da doutrinação "Verde e Amarelo", opondo-se ao Oswald de Andrade de "Pau 221 Brasil" e "Antropofagia". Defendeu também os ideais do "Grupo da Anta", que superavam os propósitos verdeamarelistas. Participou da Semana de Arte Moderna, sendo mesmo o seu orador oficial, apresentando, na festividade, os poetas e prosadores que exibiam, então, as produções da literatura nova. Além de jornalista militante exerceu inúmeros cargos públicos. Foi o primeiro diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado de São Paulo; deputado estadual em duas legislaturas, membro da Constituinte do Estado e deputado federal pelo Estado de São Paulo em três legislaturas. Presidiu a Associação dos Escritores Brasileiros, seção de São Paulo. Eleito membro da Academia Brasileira de Letras, em 1942, ocupou a cadeira nº 28 daquele sodalício. Em 1960, recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Destacam-se em sua obra poética os livros "Juca Mulato" (1917), "As Máscaras" (1920), "A Angústia de D. João" (1922) e "O Amor de Dulcinéia" (1931). A poesia de Menotti del Picchia vincula-se à primeira geração do Modernismo. Em 1984, recebeu o Prêmio Moinho Santista - Categoria Poesia. O poeta morreu no dia 23 de agosto de 1988 na cidade de São Paulo, com 96 anos, e em Itapira, interior paulistano, foi dado o nome de “Juca Mulato” a um parque e seu nome do poeta a uma praça, além da construção do memorial Casa de Menotti Del Picchia. 29.2) Publicações • Poesia: Poemas do vício e da virtude (1913) Moisés (1917); Juca Mulato (1917) Máscaras (1919) A angústia de D. João (1922) Chuva de pedra (1925) O amor de Dulcinéia (1926) República dos Estados Unidos do Brasil (1928) Jesus, tragédia sacra (1958) Poesias, seleção (1958) O Deus sem rosto, introdução de Cassiano Ricardo (1968) 222 • Romance: Flama e argila (1920; após a 4a ed., intitulou-se A tragédia de Zilda) Laís (1921) Dente de Ouro (1923) O crime daquela noite (1924) A república 3000 (1930; posteriormente intitulado A filha do Inca, 1949) A tormenta (1932) O árbitro (1958) Kalum, o mistério do sertão (1936) Kummunká (1938) Salomé (1940) • Conto, crônica e novela: O pão de Moloch (1921) A mulher que pecou (1922) O nariz de Cleópatra (1922) Toda nua (s.d.) A outra perna do Saci (1926) O despertar de São Paulo (Episódios dos séculos XVI e XX na Terra Bandeirante) • Literatura infanto-juvenil: No país das formigas Viagens de Pé-de-Moleque e João Peralta Novas aventuras de Pé-de-Moleque e João Peralta • Ensaio e monografia: A crise da democracia A crise brasileira: soluções nacionais (1935) 223 A revolução paulista (1932) Pelo amor do Brasil, discursos parlamentares O governo Júlio Prestes e o ensino primário O Curupira e o Carão O momento literário brasileiro Sob o signo de Polymnia, discursos A longa viagem, memórias, 2 vols. (1970-1972) • Teatro: Suprema conquista (1921) Jesus; Máscaras A fronteira. • Obras completas: A Noite, 10 vols. Obras de Menotti del Picchia, Livraria Martins Editora, 14 vols. Entardecer, antologia de prosa e verso (1978). 29.2.1) Sinopse • Juca Mulato (1917) Um poema profundamente humano, que vem sendo festejado em sucessivas edições, desde o momento rutilante do parnasianismo aos dias da poesia modernista. juca mulato é o poema do mestiço brasileiro, que permanece aureolado por seu extraordinário primor, pela ardorosa maneira com que narra o sofrimento de um homem do campo e as magníficas cores com que se vê pintada a nossa natureza. Voltou-se o poeta para o matuto em seu singelo ambiente, idealizou os encantos da filha da patroa, a paixão que atormentaria o pobre Juca , antes tão alegre com o seu Pigarço, o cavalo que o acompanhava nas façanhas e nas aventuras , seu manso confidente, pôs em todo o poema as cores do cenário campestre, humanizou as coisas, divinizou a Natureza e tornou coloquial e divina a fala do humilde roceiro. 224 Repercussão “No Juca Mulato aparece-me o nacionalista cantor da terra materna e das almas irmãs. No seu poema de mestiço sente-se que se abrem as cores da alvorada da arte brasileira, com o clarão do nosso sol, com os perfumes das nossas flores, o murmúrio das nossa águas, o chilreado dos nossos pássaros. É com poemas tais que havemos de romper caminho no mundo e não com arremedos franceses e tafularias de acarreto.” Coelho Netto Trecho “Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre… Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida… Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito é o mesmo que cravar uma faca no peito. Esta vida é um punhal com dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais"! • Máscaras (1919) É um poema lírico, romântico e escrito na forma de peça de teatro. Transcreve o encantamento de dois homens, Arlequim e Pierrot, por uma mulher, Colombina. Cada um deles, percebendo-a sob sua ótica particular e partindo deste olhar, a descreve e ao sentimento que ela lhes despertou. A literatura origina-se da imaginação de seu autor com o objetivo de provocar um estado emocional, um estado de prazer em seu leitor. É uma transfiguração do real que utiliza de símbolos para melhor transmitir a idéia de seu criador. Devido a este dado é que a literatura resiste ao passar do tempo. 225 O poema é carregado de símbolos começando pelo título, “Máscaras", até seus personagens: Arlequim, Pierrot e Colombina, que guardam por si mesmos ampla simbologia. O texto se refere ao amor, desejo, percepção e escolha de objeto, e às fantasias que cada um cria em torno do objeto que provocou a captura. Pierrot, simbolizando o sonho; Colombina, encarnando a mulher sedutora. Poesia eternamente jovem, aquela que fala do amor, que mostra no mais famoso triângulo carnavalesco toda essa história sentimental que tem vivido a humanidade, todo esse anseio de que se apodera o coração humano no auge de uma paixão. Trecho "Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho! Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim: Um sonho de Pierrot... E um beijo de Arlequim! " • Dente de Ouro (1923) No ambiente político do interior, onde a sorte das humildes criaturas fica entregue ao desamparo, por culpa daqueles que vivem apenas para seus interesses, campeia a violência sem freios. E é numa esfera assim que surgem bandidos do tipo de dente de ouro, o terrível facínora que, zombando das frágeis autoridades do lugar, por muitos anos praticou uma série de crimes dos mais brutais. Em Dente de Ouro, passa a descrever as valentias do bandido João Brandão, que conhecera em Itapira, juntando ao negro da realidade o colorido da ficção. Quando mataram o facínora, o menino levado pela curiosidade, foi vê-la estendido na tábua, todo pálido, com a 226 testa perfurada por um balaço. Viu a mulher e os filhos de olhos enxutos, contemplando o cadáver. Espantou-se o menino, que sabia da fama do bandido, por ver um corpo hercúleo como aquele ali inerte devido a um pequeno orifício na testa. Os anos passaram-se, mas a figura do bandido não saíra da lembrança de Menotti. Um dia, a caminho da redação do Correio Paulistano passou a ressuscitar João Brandão e a história lendária de suas mortes. Não era só João Brandão que lhe vinha à mente. Sabia de outros nomes de famosos bandoleiros. Tantas eram as coisas ditas e espalhadas que mal podia crer na existência de Dente de Ouro. Havia um em São Paulo, outro em Minas. O romance é todo narrado na primeira pessoa. O personagem narrador é um delegado de polícia. Muita gente supôs que se tratasse de um fragmento autobiográfico, o que levou o autor a explicar em seu prefácio que nunca na sua vida ocupou aquela função. Ao lado das cenas brutais há também muito lirismo, envolvendo a paixão do delegado por uma mulher que estava ligada ao bandido mais pelo medo do que pelo amor. • A filha do Inca (1949) Romance fundamental da FC brasileira também conhecido como A República 3000, A filha do inca conta a história de um grupo de militares em missão de cartografia nos confins da serra do Caiapó. Atacado por índios selvagens, a única chance dos poucos sobreviventes é chegarem ao local em que um avião viria resgatar a tropa. Mas o que eles encontram é algo inesperado: em pleno planalto central, uma utopia científica que está prestes a dar um grandioso salto evolutivo. Menotti Del Picchia, nascido na cidade de São Paulo (1892-1988), foi um importante autor modernista, conhecido por textos realistas como Juca Mulato (1917) e Laís (1931), mas também desenvolveu um grande trabalho dentro da ficção fantástica brasileira. • Kalum, o mistério do sertão (1936) Ambientado no mesmo universo de “ A filha do Inca”, conta a história de uma expedição científica que pretende documentar os rituais dos Kurongangs, tribo de índios antropófagos chefiada pelo cacique Kalum, O Sangrento. Mas os acadêmicos são surpreendidos pelos Kurongangs e feitos prisioneiros. Correndo risco de morte, arriscam-se numa fuga que os leva 227 a uma caverna secreta, onde descobrem a cidade futurista de Elinor, habitada por descendentes de viajantes cretenses que há muitos séculos naufragaram na Ilha de Marajó. Porém, os Kurongangs não estão dispostos a permitir a fuga dos prisioneiros e uma grande batalha vai determinar os destinos de cada um nessa aventura bizarra. 29.3) Consideração sobre o autor Obteve-se grande consagração como poeta, depois do lançamento de Juca Mulato, poema de uma idílica brasilidade e que conta com numerosas edições, também é um dos melhores prosadores de nossos dias, tendo atuado muitos anos na imprensa paulista e nos mais destacados jornais do Rio. Na qualidade de romancista, tem sua nota mais alta na criação de Dente de Ouro, narrativa que nasceu de fatos observados na sua infância. É um de nossos poucos poetas que têm a honra e o prazer de ver suas obras reeditadas com crescente entusiasmo e ampla aceitação 228 30 - MIGUEL TORGA FIGURA 38: Miguel Torga FONTE: http://portuguesferrol.wikispaces.com/Literatura+portuguesa+do+s%C3%A9culo+XX 30.1) Biografia Adolfo Correia da Rocha, escritor português mas conhecido como Miguel Torga, nasceu no dia 12 de Agosto de 1907 em São Martinho de Anta, Vila Real. Adolfo Correia fez o ensino primário em São Martinho da Anta até aos dez anos. Em 1918 foi para o Seminário de Lamego onde passou os seus melhores anos da sua vida tendo melhorado os seus conhecimentos a Português, a Geografia, a História e aprendido o latim. Também ganhou um à vontade com os textos sagrados, embora no fim das férias comunicasse ao pai que queria ser padre. Emigrou aos 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio, em Minas Gerais. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Publica o seu primeiro livro de poesia “Ansiedade”, em 1928. Em 1929, deu colaboração na revista “Presença”, revista essa de crítica e arte, com o poema “Altitudes”. A revista que foi fundada pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e 229 Branquinho da Fonseca, em 1927, era bandeira literária do grupo modernista e era também, bandeira literária da Revolução Modernista. Em 1930 desiste da participação com a revista “Presença” por “razões de discordância estética e razões de liberdade humana”. A partir no ano de 1939 exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941.Neste mesmo ano começa a publicação do Diário que, ao longo de dezasseis volumes. Publica também poesia e peças de teatro. Seus livros estão traduzidos para diversas línguas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro. Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe atribuídos, entre outros, o prémio Diário de Notícias (1969), o Prémio Internacional de Poesia (1977), o prémio Montaigne (1981), o prémio Camões (1989), o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). Adolfo Correia da Rocha faleceu em 1995. 30.2) Publicações • 1931 - Pão Ázimo. • 1931 - Criação do Mundo. • 1934 - A Terceira Voz. • 1937 - Os Dois Primeiros Dias. • 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo. • 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo. • 1940 - Bichos. • 1941 - Contos da Montanha."Diário I" • 1942 - Rua. • 1943 - O Senhor Ventura. "Diário II" • 1944 - Novos Contos da Montanha. • 1945 - Vindima. • 1946 - "Diário III". • 1949 - "Diário IV". • 1951 - Pedras Lavradas. "Diário V". • 1953 - "Diário VI". • 1956 - "Diário VII". 230 • 1959 - "Diário VIII". • 1964 - "Diário IX". • 1968 - "Diário X". • 1973 - "Diário XI". • 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo. • 1976 - Fogo Preso. • 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo. • 1982 - Fábula de Fábulas. • 1941 - "Terra Firme" e "Mar". • 1947 - Sinfonia. • 1949 - O Paraíso. • 1950 - Portugal. • 1955 - Traço de União. 30.1.2) Sinopses • Bichos, 1940 Os Bichos é um livro de contos, cada um dos quais referindo seres diferentes do reino animal. Nesses contos, Torga apresenta indiferenciadamente homens e animais, unidos pelos mesmos instintos primários de sobrevivência, atribuindo a estes, sentimentos humanos e retirando àqueles a solidariedade. Apenas em Jesus poderemos encontrar o que consubstancia a essência humana: a noção de felicidade, o amor, a ternura, o encantamento, a ingenuidade, a pureza, o respeito. Nero, no fim da vida, já surdo e meio cego, mordido pelo reumatismo, recorda os seus tempos de jovem, perdigueiro alegre e folgazão, a aprendizagem do ofício com o filho da casa, as caçadas pelos montes, o seu amigo Fadista, seu filho que herdara da mãe a impetuosidade, excessiva para a caça, a mão calejada do velho dono, os mimos e carícias da filha mais nova da casa: a sua menina, essa, a única em que viu lágrimas dos olhos por si, à hora em que fechou os seus para sempre e entregou a alma ao criador. Mago, o gatarrão farto e pesado, sofrendo toda a sorte de humilhações dos seus pares, as ironias sobre as namoradas, a comida, a sua falta de virilidade, ainda lhe provocavam um arrepio às lembranças da juventude pelos telhados, fora os ciúmes, os gritinhos de amor, mas 231 a verdade é que o corpo acostumara-se à boa vida e, sempre que tentava regressar aos velhos tempos, só passava indignidades junto da vizinhança ágil. Madalena, a rapariga da aldeia que pelo S.Martinho tropeçara em castanhas e vinho e acabara rolando na palha com um homem, calcorreava agora, em pleno Verão, as penedias da serra para levar até ao fim o segredo que conseguira manter só seu. Saíra de casa de madrugada, sabendo que chegara a hora de nascer o fruto daquele tropeção que lhe manchara a pureza. Não queria descer na consideração que por ela tinham na aldeia e decidiu procurar ajuda do outro lado da serra. Mas as dores apertavam cada vez mais e ela teve de parar, sob um sol escaldante. Ali pariu o seu filho e descansou finalmente. Quando deu acordo de si, a criança jazia morta no chão e ela respirou de alívio. Limpou-se, largou os trapos sujos e enterrou o filho. Depois, regressou à aldeia. Morgado era o macho alegre e diligente de um almocreve que anos a fio, cumpria as suas tarefas sem reclamar, sempre uma manta ao fim do dia a resguardar dos resfriados e a manjedoura cheia de bom milho. Só que aquele dia começara mal; o dono acordara de mau modo, e ele largou apreensivo quando este lhe anunciou seis léguas de serra. Na verdade, chegou a noite e Morgado não mais viu o dia, que o dono alegre e bonacheirão, em hora de aperto com os lobos, para safar a própria vida entregou a dele, sem pejo, ainda clamando pelas dezessete libras que deras por ele na feira, há seis anos atrás! Bambo era o sapo que acabou com uma estaca espetada nas costas pelo filho do caseiro novo. Conhecia como poucos o quintal do tio Arruda que o cumprimentava pelas manhãs gostosas ou nos encontros pela noite em que cantava, largo e reluzente, à lua. Quando o tio Arruda morreu, chegou aquele pequeno malvado que o deixou morrer esperneando ao sol de pernas para o ar. Do reino das aves, Tenório, o galo, acabou na panela como qualquer galo, prevendo este fim desde o momento em que ouviu, pela primeira vez, a patroa chamar-lhe galo velho, mal o filho começou a erguer a sua voz pelas manhãs claras e a ser mais lesto nas suas obrigações junto das frangas. Ladino, o pardal que honra o nome, desde o ninho revelou suas fraquezas pela boa cama e bom trato, sem um pingo de solidariedade pelas mães que penavam à procura de sustento ara os seus. Já para a idade, alguns atreviam-se a perguntas do género “Quando é esse funeral, tio Ladino?”, ao que ele retrucava, sem rebuço, que só quando acabasse o milho em Trás-os-Montes! 232 Vicente, o corvo negro que enfrentou a fúria diluviana de Deus, postado no último reduto ainda não coberto pelas águas, frente ao temor de Noé e de todos os habitantes da Arca. Ainda a história de Miura, o touro, rei da campina, enfrentando com lealdade a covardia dos homens escudados em seus cavalos, em farpas, em lanças, que entrega o seu corpo à âmina que se lhe oferecia. Finalmente o Sr. Nicolau, o entomologista incompreendido, morto entre os seus insetos catalogados, ele também quieto e pronto a entrar na sua caixa. E Ramiro, árido como a aridez do Marão, bicho entre os bichos, da sua boca apenas o assobio e a raiva incontida por uma ovelha morta traduzida pela cabeça de um homem cegada por sua foice. • O Senhor Ventura , 1943. É uma novela de rápida ação, ambientes e situações facilmente visualizáveis, algumas risíveis, tal a comicidade que encerra. Não falta emoção e por toda a obra perpassa um tom lírico, concretizado na figura e versos do poeta Vitorino. Dividida em três partes, num total de 33 capítulos, fala-se do percurso e ambiências da vida do Senhor Ventura, que é um português de Penedono, uma aldeia do abrasador Alentejo, de espírito curioso, irrequieto, impetuoso, obstinado, arrojado que na aventura da sua existência deixa para trás os seus pais, a sua casa e percorre meio mundo. Em Penedono, guardou gado e trabalhou no campo, no Farrobo, uma das herdades do Sr. Gaudêncio. Aos 20 anos está em Lisboa, como soldado, 158, astuto, mas cauteloso chegou a experimentou a cadeia prisional. Envolveu-se numa rixa, onde houve facada a um desconhecido, que morreu sem se ter apurado quem o matou. O tribunal absolveu o 158 por falta de provas, mas colocou-o a servir militarmente em Macau. A sua relação íntima, clandestina, interdita, com Júlia, filha do secretário do governador de Macau, faz dele um desertor, o que o leva ao contrabando de ópio, no mar da China. Neste mundo obscuro, há lutas, tiros e a morte do funcionário da alfândega de Hong Kong. Depois em Pequim, o Senhor Ventura trabalha numa garagem. Reencontra-se com a 233 Pátria e abri uma casa de petiscos que floresce, até à chegada de uns americanos, que bêbados de Porto, insultam o minhoto, nisso ocorreu lutas fazendo as autoridade encerra a casa. O Senhor Ventura comanda agora uma empresa arriscada junto com o Sr. Pereira, que tinha como objetivo de entregar 200 camiões, pelo deserto, à Mongólia. Seguiu-se o rapto do milionário Chung Lin. O Senhor Ventura ficar doente e o Sr. Pereira cuidar dele, fazendo os se aproximar, e pensarem em ir visitar Portugal. O minhoto agarra-se à ideia de um regresso venturoso à Pátria. Por causa de tiroteio que ferindo o Sr. Pereira, lavando-a morte, é impedido de ver a Pátria. Um mês depois em Pequim Sr. Ventura dançava no Grande Hotel com uma bela mulher, Tatiana, uma russa aventureira. O Senhor Ventura casa-se contra tudo e todos, até mesmo contra a indiferença de Tatiana mesma assim ela dar a luz a um menino, a quem é posto o nome de Sérgio. A Tatiana ficando cada vez mais distante mais indiferente. O Senhor Ventura resolve deixa para o seu filho e para Tatiane a sua fortuna. Enquanto isso O Senhor Ventura assume a responsabilidade, por cinco anos, de explorar a propriedade de Farrobo, era a sua maneira de mostrar gratidão à terra que o vira nascer. Teve saudades do filho, do Sr. Pereira. A guerra na China trouxe-lhe de surpresa o filho com oito anos, e descobriu que Tatiana tinha gastado todo o dinheiro. O Senhor Ventura interna o filho no Colégio de Santo António, em Lisboa, deixa-lhe a chave da velha casa de seus pais: seu único bem. Doente, segue para a China numa busca louca e frenética por Tatiana, com intentos de vingança, de ajuste de contas. Em Xunquim, no leito de morte, depois de meio ano de buscas por toda a China, aparece-lhe Tatiana. Olhou-a com ódio e lançou lhe impropérios. Tatiana, impassível, cerroulhe os olhos, que a morte deixara abertos. Sem mensalidades pagas, o Colégio de Santo António remete Sérgio para Penedono, onde começa como seu pai: a guardar ovelhas na herdade do Farrobo, do Sr. Gaudêncio. 234 • Comunhão Tal como o camponês, que canta a semear A terra, Ou como tu, pastor, que cantas a bordar A serra De brancura, Assim eu canto, sem me ouvir cantar, Livre e à minha altura. Semear trigo e apascentar ovelhas É oficiar à vida Numa missa campal. Mas como sobra desse ritual Uma leve e gratuita melodia, Junto o meu canto de homem natural Ao grande coro dessa poesia. • Diário - Volumes I a IV O Diário de Torga, publicado originalmente em edição de autor, em 16 volumes, constituem o retrato de um homem, de um escritor e de um tempo. Publicados ininterruptamente entre 1941 e 1993, dão-nos uma apaixonante visão do país e da sociedade portuguesa da época, com todas as transformações que ao longo desse tempo a marcaram. • Portugal O Reino Maravilhoso de Trás-os-Montes é uma das grandes paixões de Miguel Torga. Viaja sempre com ele na sua alma e parece vê-lo em toda a parte. Surge mesmo em cada momento da sua prosa. Não sendo apenas dele, sê-lo-á apenas dos que queiram merecê-lo. Assim o diz em Portugal, onde faz um quadro de outro dos seus amores: o país. Pretendeu Miguel Torga com este livro dar a conhecer o fenómeno “Portugal” numa viagem 235 de Norte a Sul. 30.3)Consideração sobre o autor A sua obra, recheada de simbologia bíblica, encontra-se, antes, imersa num sentido divino que transfigura a natureza e dignifica o homem no seu desafio ou no seu desprezo face ao divino. A ligação à terra, à região natal, a Portugal, à própria Península Ibérica e às suas gentes, é outra constante dos textos do autor. Ela justifica o profundo conhecimento que Torga procurou ter de Portugal e de Espanha, unidos no conceito de uma Ibéria comum, pela rudeza e pobreza dos seus meios naturais, pelo movimento de expansão e opressões da história, e por certas características humanas definidoras da sua personalidade. A intervenção cívica de Miguel Torga, na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil espanhola e de Franco, valeu-lhe a apreensão de algumas das suas obras pela censura e, mesmo, a prisão pela polícia 236 política portuguesa. 31 - MILLÔR FERNANDES (1924-) FIGURA 39 : Millôr Fernandes. FONTE:http://www.tvsinopse.kinghost.net/art/m/millor3.htm "Acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer". 31.1) Biografia Millôr Fernandes é um grande cartunista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor, entre outras, provavelmente um dos poucos escritores universais que o Brasil possui. Nasceu, no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto de 1923, mas somente registrado oficialmente no dia 27 de maio de 1924. Estudou numa escola pública, Escola Ennes de Souza, entre 1931 a 1935. Nos tempos da escola adorava ler as histórias em quadrinhos, em especial, os gibis do "Flash Gordon". 237 Talvez por influência de Alex Raymond começa a fazer os seus primeiros rabiscos e criar os seus próprios quadrinhos. Incentivado pelo seu tio Antônio Viola consegue ter seu primeiro trabalho publicado no "O Jornal", editado pelo órgão da imprensa do Rio de Janeiro e onde recebe o seu primeiro “Tostãozinho”, cerca de 10 mil reis. Em 1938 começa a trabalhar entregando remédios em farmácias e drogarias, depois foi ser contínuo numa pequena editora, que na época editava uma pequena revista "O Cruzeiro". Com o tempo passou para a função de repaginador e factótum. No mesmo ano ganhou um concurso de contos na revista “A Cigarra”, sob o pseudônimo de "Notlim". Assumiu a direção da publicação algum tempo depois, onde também publicou a seção "Poste Escrito", agora assinada por "Vão Gogo". Em 1938 a 1943, estuda no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e em 1940 vai morar no bairro da Lapa. Também nessa época, traduz o livro de Pearl S. Buck "Dragon Seed" e o adapta para "A Estirpe do Dragão", em 1942 e torna-se um tradutor autodidata. Em 1946, escreve seu primeiro livro chamado "Eva sem Costela - Um livro em defesa do Homem", assinando como Adão Júnior e continua a escrever para "O Cruzeiro". Dois anos depois, 1948, vai para os Estados Unidos onde se encontra com várias personalidades importantes como Walt Disney, Vinícius de Moraes, Cesar Lates, Carmem Miranda, entre outros. Nessa época também se casa com Wanda Rubino. Em 1949, publica "Tempo e Contratempo" como Emmanuel Vão Gôgo e escreve seu primeiro roteiro para o cinema chamado "Modelo 19", é lançado como "O amanhã será melhor", que ganha cinco prêmios importantes da época, como o Governador do Estado de São Paulo. Dois anos depois, juntamente com Fernando Sabino, lança a revista "Voga", que durou apenas cinco edições. No ano de 1956 divide a primeira colocação na "Exposição Internacional do Museu de Caricatura de Buenos Aires" como o famoso cartunista norte-americano Saul Steinberg. Um ano depois consegue uma exposição individual de suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Somente em 1962, Millôr dispensa o pseudônimo "Vão Gôgo", passando a assinar somente de "Millôr" todos os seus trabalhos. Em 1963, deixa a revista "O Cruzeiro" por conta de uma matéria chamada "A Verdadeira História do Paraíso" que a Igreja Católica acha ofensiva e inoportuna, o que acaba gerando sua saída da revista. Um ano depois começa a escrever para o jornal português "Diário Popular" e em 1968 começa a escrever uma coluna semanal na revista "Veja". 238 Em 1969, Millôr funda com Jaguar, Ziraldo, Tarso de Castro, entre outros, o famoso jornal "O Pasquim". A partir de 2000 passa a colaborar com na "Folha de São Paulo", cria o site "http://www.millor.com.br", em 2002 publica "Crítica da razão impura ou o primado da ignorância", faz ilustrações, lança novos livros, e em 2004, retorna a sua coluna na revista "Veja" e continua suas diversas outras atividades, até os dias atuais, ainda com muita lenha para queimar. 31.2) Publicações • Prosa: - "Eva sem costela – Um livro em defesa do homem" (sob o pseudônimo de Adão Júnior) 1946 - Editora O Cruzeiro. - "Tempo e contratempo" (sob o pseudônimo de Emmanuel Vão Gogô) - 1949 - Editora O Cruzeiro. - "Lições de um ignorante" - 1963 - J. Álvaro Editor - "Fábulas Fabulosas" - 1964 - J. Álvaro Editor. Edição revista e ilustrada – 1973 - Nórdica - "Esta é a verdadeira história do Paraíso" - 1972 - Livraria Francisco Alves - "Trinta anos de mim mesmo" - 1972 - Nórdica - "Livro vermelho dos pensamentos de Millôr" - 1973 – Nórdica. Edição revista e ampliada: Senac – 2.000. - "Compozissõis imfãtis" - 1975 – Nórdica - "Livro branco do humor" - 1975 – Nórdica - "Devora-me ou te decifro" – 1976 – L&PM - "Millôr no Pasquim" - 1977 – Nórdica - "Reflexões sem dor" - 1977 - Edibolso. - "Novas fábulas fabulosas" - 1978 – Nórdica - "Que país é este?" - 1978 – Nórdica - "Millôr Fernandes – Literatura comentada". Organização de Maria Célia Paulillo – 1980 Abril Educação - "Todo homem é minha caça" - 1981 - Nórdica - "Diário da Nova República" - 1985 – L&PM - "Eros uma vez" – 1987 – Nórdica – Ilustrações de Nani 239 - "Diário da Nova República,v. 2" - 1988 – L&PM - "Diário da Nova República, v. 3" – 1988 – L&PM - "The cow went to the swamp ou A vaca foi pro brejo" – 1988 - Record - "Humor nos tempos do Collor" (com L. F. Veríssimo e Jô Soares) – 1992 – L&PM - "Millôr definitivo - A bíblia do caos" - 1994 – L&PM - "Amostra bem-humorada" – 1997 – Ediouro – Seleção de textos de Maura Sardinha - "Tempo e contratempo (2ª edição) – Millôr revisita Vão Gogô" - 1998 - Beca. - "Crítica da razão impura ou O primado da ignorância – Sobre Brejal dos Guajas, de José Sarney, e Dependência e Desenvolvimento na América Latina, de Fernando Henrique Cardoso" – 2002 – L&PM - "100 Fábulas Fabulosas" – 2003 – Record - "Apresentações" – 2004 – Record. • Poesia: - "Papaverum Millôr" – 1967 – Prelo. Edição revista e ilustrada: 1974 – Nórdica - "Hai-kais" – 1968 – Senzala - "Poemas" – 1984 – L&PM • Artes visuais: - "Desenhos" – 1981 – Raízes Artes Gráficas. Prefácio de Pietro Maria Bardi e apresentação de Antônio Houaiss. • Peças de teatro: • Publicadas em livros: - "Teatro de Millôr Fernandes (inclui Uma mulher em três atos [1953], Do tamanho de um defunto [1955], Bonito como um deus [1955] e A gaivota [1959])" – 1957 –Civilização Brasileira - "Um elefante no caos ou Jornal do Brasil ou, sobretudo, Por que me ufano do meu país" – 1962 – Editora do Autor 240 - "Pigmaleoa" – 1965 – Brasiliense - "Computa, computador, computa" – 1972 – Nórdica - "É..." – 1977 – L&PM - "A história é uma istória" – 1978 – L&PM - "O homem do princípio ao fim" – 1982 – L&PM - "Os órfãos de Jânio" – 1979 – L&PM - "Duas tábuas e uma paixão" – 1982 – L&PM (nunca encenada) • Não editadas: - "Diálogo da mais perfeita compreensão conjugal" - 1955 - "Pif, tac, zig, pong"– 1962 - "A viúva imortal" – 1967 - "A eterna luta entre o homem e a mulher" – 1982 - "Kaos" – 1995 (leitura pública em 2001 – nunca encenada) • Espetáculos musicais: - "Pif-Paf – Edição extra!" – 1952 (com músicas de Ary Barroso) - "Esse mundo é meu" – 1965 (em parceria com Sérgio Ricardo) - "Liberdade liberdade" – 1965 (em parceria com Flávio Rangel) - "Memórias de um sargento de milícias" - 1966 (com músicas de Marco Antonio e Nelson Lins e Barros) - Momento 68 – 1968 - Mulher, esse super-homem – 1969 - Bons tempos, hein?! – 1979 (publicada pela L&PM - 1979 - Porto Alegre) - Vidigal: Memórias de um sargento de milícias – 1982 (com músicas de Carlos Lyra) - De repente – 1984 - O MPB-4 e o Dr. Çobral vão em busca do mal – 1984 - Brasil! Outros 500 – Uma PopÓpera (com músicas de Toquinho e Paulo César Pinheiro) • Traduções: 241 • Romances: - A estirpe do dragão (Dragon seed), de Pearl S. Buck - 1942 - José Olympio Editora - Rio de Janeiro. - Nunca saí de casa (I never left home), de Bob Hope - 1945 - O Cruzeiro - Rio de Janeiro. • Textos teatrais: 1958 – "A fábula de Brooklin – Gente como nós", de Irwin Shaw. 1960 - "O prodígio do mundo Ocidental", de John M. Synge. 1961 - "Megera domada", de W. Shakespeare. 1961 – "O velho ciumento", de Miguel de Cervantes. 1963 – "Mary, Mary", de Jean Kerr. 1963 – "Pigmaleão", de G. Bernard Shaw. 1963 – "As preciosas ridículas", de Molière. 1965 - "Pequenos assassinatos", de Jules Feiffer. 1965 – "A mulher de todos nós", de Henri Becque. 1965 - "Escola de mulheres", de Molière. 1967 - "Lisistrata", de Aristófanes. 1967 – "Negra meobem", de François Campaux. 1967 – "O assassinato da irmã Geórgia", de Frank Marcus. 1967 - "Marat Sade", de Peter Weiss. 1967 - "A volta ao lar", de Harold Pinter. 1967 - "Blecaute", de Frederic Knott. 1968 - "A cozinha", de Arnold Wesker. 1970 – "Rapazes da banda", de Mart Crowley. 1971 - "As eruditas", de Molière. 1972 - "Antigamente", de Harold Pinter. 1974 - "Antígona", de Sófocles. 1975 - "Os filhos de Kennedy", de Robert Patrick. 1976 - "Senhor Puntila e seu criado Matti", de Bertold Brechet. 1976 – "Vivaldino, servidor de dois amos", de Carlo Goldoni. 242 1977 - "A calça", de Carl Sternheim. 1978 - "Quem tem medo de Virginia Wolf?", de Edward Albee. 1979 - "Afinal, uma mulher de negócios – Liberdade em Bremen", de R. W. Fassbinder. 1979 - "Palhaços de ouro", de Neil Simon. 1980 – "O rei Lear", de W. Shakespeare. 1980 - "De quem é a vida, afinal?", de Brian Clark. 1980 - "Gata em telhado de zinco quente", de Tennessee Williams. 1980 - "A carta", de Somerset Maugham. 1980 - "Ó, Calcutá!", de Kenneth Tynan. 1981 - "As lágrimas amargas de Petra von Kant", de R. W. Fassbinder. 1981 – Bunny’s Bar, de Josiane Balasko. 1981 - "As alegres matronas de Windsor", de W. Shakespeare. 1981 - "A senhorita de Tacna", de Mario Vargas Llosa. 1982 - "Chorus line", de de Michael Bennet. 1982 – "Casamento branco", de Tadeusz Rozewicz. 1982 – "Hedda Gabler", de Henrik Ibsen. 1982 - "A viúva alegre", de Franz Lehar. 1983 - "A falecida senhora sua mãe", de George Feydeau. 1983 - "Piaf", de Pam Gems. 1983 - "O jardim das cerejeiras", de Anton Tchekov. 1983 - "Boa noite, mãe", de Marsha Norman. 1984 - "Grande e pequeno", de Botho Strauss. 1984 - "Pô, Romeu!", de Efraim Kishon. 1984 - "Hamlet", de W. Shakespeare. 1984 - "Tio Vânia", de Anton Tchekov. 1984 – "Dédalo e Ícaro", de Dario Fo. 1984 – "O sacrifício de Isaac", de Dário Fo. 1984 – "A tigresa", de Dário Fó. 1984 – "Gilda, um projeto de vida", de Noel Coward. 1984 - "Madame Vidal", de Georges Feydeau. 1985 - "Fedra", de Jean Racine. 1985 - "O feitichista", de Michel Tournier. 1985 - "Imaculada", de Franco Scaglia. 1985 - "Sábado, domingo e segunda", de Edoardo de Filippo. 243 1985 - "Assim é, se lhe parece", de Luigi Pirandello. 1986 - "Quarteto", de Heiner Müller. 1986 – "Quatro vezes Beckett", de Samuel Beckett. 1986 – "Ensina-me a viver", de Collin Higgins. 1987 - "O preço", de Arthur Miller. 1987 - "Filumena Marturano", de Edoardo de Filippo. 1987 - "Vestir os nus", de Pirandello. 1988 - "Encontrarse", de Pirandello. 1987 – "La mamma ou O belo Antônio", de Vitaliano Francatti. 1994 - "Don Juan, o convidado de pedra", de Molière. 1996 - "Anna Magnani", de Armand Meffre. 1996 – "Paloma", de Jean Anouilh. 1996 – "Master class", de Terence McNally. 1999 - "Últimas luas", de Furio Bordon. 2001 – "Fim de jogo", de S. Beckett. • Traduções para o teatro publicadas: - "A megera domada", de W.Shakespeare - 1965 - Letras e Artes - "Sr. Puntila e seu criado Matti", de B.Brecht - 1966 - Civilização.Brasileira - "O prodígio do mundo ocidental", de John M. Synge - 1968 – Braziliense - "Escola de mulheres", de Molière - 1973 – Nórdica - "Os filhos de Kennedy", de R. Patrick - 1975 – Nórdica - "A volta ao lar", de Harold Pinter – 1976 – Abril Cultural - "Lisistrata", de Aristófanes – 1977 – Abril Cultural - "O rei Lear", de W. Shakespeare – 1981 – L&PM - "A senhorita de Tacha", de Mário Vargas Llosa – 1981 – Francisco Alves - "Afinal, uma mulher de negócios – Liberdade em Bremen", de R. W. Fassbinder – 1983 – L&PM - "As lágrimas amargas de Petra von Kant", de R. W. Fassbinder – 1983 – L&PM - "Hamlet", de W. Shakespeare – 1984 – L&PM - "Fedra", de J. Racine – 1985 – L&PM - "Don Juan, o convidado de pedra", de Molière – 1994 – L&PM 244 - "As alegres matronas de Windsor", de W. Shakespeare – 1995 – L&PM - "Antígona", de Sófocles – 1996 – Paz e Terra - "As eruditas", de Molière – 2003 – L&PM. • Fábula: - "A ovelha negra e outras fábulas", de Augusto Monterroso – 1983 – Record, ilustrações de Jaguar. • Humor: - "A completa lei de Murphy", de Arthur Bloch – 1996 – Record – ilustrações de Jaguar. • Exposições: 1957 - Exposição no Museu de Arte Moderna - Rio. 1961 - Exposição na Petite Galerie - Rio. 1975 - Exposição de desenhos na Galeria Grafitti - Rio. 1977 - Exposição "Visão da Terra" no Museu de Arte Moderna - Rio. • Multimídia: 2000 - "Em Busca da Imperfeição" - CD-Rom - Neder & Associados / Oficina / Universo Online (UOL). • Roteiros para o cinema: • Individuais: 1952 – "Modelo 19". Lançado como “O amanhã será melhor”, também conhecido como “Uma ponte de esperança”. Direção de Armando Couto. 1960 – "Amor para três". Direção de Carlos Augusto Christensen. 1960 – "Ladrão em noite de chuva". Direção de Armando Couto. 245 1962 – "Esse Rio que eu amo". Direção de Carlos Augusto Christensen. 1965 – "Crônica da cidade amada". Direção de Carlos Augusto Christensen. 1967 – "O menino e o vento". Direção de Carlos Augusto Christensen. 1995 – "Últimos diálogos". Ainda não filmado (2004). • Em parceria: 1995 - "O judeu". Com Geraldo Carneiro e Gilvan Pereira. Direção de Jom Tob Azulay. 1998 - "Matria”. Com Geraldo Carneiro e Jom Tob Azulay (Ainda não filmado – 2004). • Colaboração: 1995 – "Terra estrangeira". Direção de Walter Salles e Daniela Thomas (diálogos adicionais). • Adaptação para a televisão: - "Memórias de um sargento de milícias". Baseado no musical “Vidigal”. Direção de Mauro Mendonça Filho, Rede Globo de Televisão – 1995. • Internet: 2000 – Millôr Online (http://www.millor.com.br). • Ilustrações: - "Maurício, o leão de menino", de Flávia Mari. São Paulo - 1981 – Summus. - "Sapomorfose ou O príncipe que coaxava", de Cora Rónai. Rio de Janeiro – 1983 – Salamandra. - "O caderno rosa de Lori Lamby", de Hilda Hilst. São Paulo – 1990 – Massao Ohno. - "O menino, de João Uchoa Cavalcanti Netto". Rio de Janeiro – 2003 – Editora Rio. • Composição musical: 246 1966 – "O homem". Apresentada por Nara Leão no II Festival de Música Brasileira, da TV Record de São Paulo. 31.1.2) Sinopse • Hai-kais , 1968 É um livro singelo, despretensioso, mas que mostra o poder e a força métrica dos hai-kais. Ao traduzir o estilo para a realidade brasileira, introduz um estilo mais leve, mais humorístico, por vezes, pueril. Ainda assim não perde a essência reflexiva, a qualidade de contemplação do mundo. Millôr, neste livro, brasileiriza ao extremo os hai-kais, dando-lhes nova vida e perspectiva. • Liberdade, Liberdade, 1965 A obra tentou traduzir o inconformismo da nação perante o arbítrio e a repressão do regime, inaugurando um estilo de espetáculo que viria a ser chamado “teatro de resistência". Liberdade, Liberdade recorre a 56 personagens para rever e reavaliar este tema, aplicando-o à realidade atual. Em cena, os atores se revezam na interpretação de textos clássicos de autores como Sócrates, Marco Antonio, Platão, Abraham Lincoln, Martin Luther King, Castro Alves, Anne Frank, Danton, Winston Churchill, Vinícius de Moraes, Geraldo Vandré, Jesus Cristo, William Shakespeare, Moreira da Silva e Carlos Drummond de Andrade, entre outros. O resgate dos períodos históricos passa também por 30 canções ligadas ao assunto, interpretadas ao vivo por uma banda musical. Nas palavras de Cecília Meirelles, também parte do texto, o espetáculo trata da “liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. A colagem de textos de vários autores numa peça de dramaturgia já era adotada no teatro moderno, mas, à época no Brasil, se constituía numa novidade. Embora bastante questionado na época, por ser mais um show do que propriamente uma peça de teatro, Liberdade, Liberdade revelou-se uma iniciativa seminal, que influenciou fortemente a dramaturgia da década. • No Dia Em Que O Gato Falou 247 Uma gentil e maníaca senhora tinha um gato siamês. Era um bichinho de raça, criado como se fosse gente. Gato bonito, amigo, parecia um deus. Só faltava falar. Muito triste, a senhora passava duas horas por dia tentando ensinar o gatinho a falar. Repetia letras, sílabas, palavras. Tinha esperança que a qualquer hora aquele olhar inteligente se manifestaria. Morava na mesma casa um outro animalzinho. Inferior ao gato, preso no poleiro de ferro, a pobre ave conversava. Até mais do que devia. Um papagaio que falava pelos poros! Se é que os tinha. Curiosa a natureza, pensava a mulher. Um gato quase humano, sem fala. E um papagaio cretino, a conversar. Foi então que teve a brilhante idéia. Matou o papagaio, depenou-o e o cozinhou. Pensou. Se o gato comer a carne do papagaio, ele, certamente, falará. Só que o gato não quis comer o amigo. Até apanhar o gatinho apanhou. Não conseguia imaginar o companheiro cozido, na panela. Mais tarde, vencido pela fome, o gato engoliu todo o papagaio da panela. Imediatamente, sua dona pulou de alegria! Enfim, o gato falaria! O gato, sentindo-se mal, começou a gritar, dizendo que fugisse pois, o prédio estava prestes a cair. Ela, rindo e chorando por causa do milagre, nem ouviu o que dizia. O gato insistia. Pulou para a rua, insistindo. Sua dona deveria sair do prédio. Bem rápido. Mas não deu tempo de mais nada. Um estrondo, e o prédio caiu, desmoronou-se. Sua dona ficou no meio dos escombros. Talvez estivesse ainda com um sorriso nos lábios. Afinal, seu gatinho falara! O bichano, assustado, comentou melancolicamente com um gato mais pobre do terreno ao lado. Sua dona preocupou-se tanto com a sua fala! E no momento que falou, ela não prestou atenção! E o artista não acredita mesmo na sua criação! • Charge 248 • Poemeu - A superstição é imortal Millôr Fernandes Quando eu era bem menino Tinha fadas no jardim No porão um monstro albino E uma bruxa bem ruim. Cada lâmpada tinha um gênio Que virava ano em milênio E, coisa bem mais perversa, Sapo em rei e vice-versa. Tinha Ciclope,Centauro, Autósito, Hidra e megera, Fênix, Grifo, Minotauro, Magia, pasmo e quimera. Mas aí surgiram no horizonte 249 Além de Custer e seus confederados A tecnologia mastodonte Com tecnologistas bem safados Esses homens da ciência me provaram Que duendes, bruxas e omacéfalos Eram produtos imbecis de meu encéfalo. Nunca existiram e nunca existirão: uma decepção! Mas continuo inocente, acho. Ou burro, bobo, ou borracho. Pois toda noite eu vejo todo dia Tudo que é estranho, raro, ou anomalia: Padres sibilas Hidras estruturalistas Ministros gorilas Avis raras feministas Políticos de duas cabeças Unicórnios marxistas Antropólogas travessas Mactocerontes psicanalistas Cisnes pretos arquitetos Economistas sereias Democratas por decreto E beldades feias Que invadem a minha caverna E me matam de aflição Saindo da lanterna Da televisão. 31.3) Considerações sobre o autor 250 Considerado por Fausto Cunha como um dos poucos escritores universais o Brasil possui. Millôr Fernandes, com seu humor e ironia, cria e recria textos refletindo valores e antivalores, satirizando a nossa realidade sócio – política – econômica em seus livros. 32 - PEDRO NAVA 251 34 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Páginas eletrônicas: 1. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvido pela Academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a biografia de Josué Motello. Disponível em:. Acesso em: 02 de setembro de 2010. 2. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvildo pela Academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a bibliografia de Josué Motello. Disponível em:. Acesso em: 02 de setembro de 2010. 3. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvido pela academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a biografia 252 de Ledo Ivo. Disponível em: . Acesso em: 15 de agosto de 2010. 4. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvido pela academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a biografia de Ledo Ivo. Disponível em: . Acesso em: 15 de setembro de 2010. 5. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvido pela academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a bibliografia de Ledo Ivo. Disponível em:< http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? infoid=767&sid=150> . Acesso em: 15 de setembro de 2010. 6. Academia Brasileira de Letras. Desenvolvido pela academia Brasileira de Letras, 2006. Apresenta a biografia de Mário Palmério. Disponível em: < http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? infoid=571&sid=97&tpl=printerview> . Acesso em: 04 de novembro de 2010. 7. Antonio Miranda. Dsenvolvido por Antonio Miranda, 2004. Apresenta a biografia e publicações de Paulo Moreira da Fonseca. Disponível em:. Acesso em: 04 de Agos. de 2010. 8. Antonio Miranda. Desenvolvido por Antonio Miranda, 2009. Apresenta biografia e publicações de José Paulo Paes. Disponível a em: . Acesso em: 04 de Agos. de 2010. 9. Arquivo SR. Desenvolvido por Renato Suttana, 2010. Apresenta poemas de Jorge Luis Borges. Disponível em: <:www.arquivors.com/borges1.htm>Acesso em: 03 de Agos. de 2010. 10. Arte e ciência. Desenvolvido por Ana Maria Caetano Faria. Apresenta as obras “Eu e Tu”, “Máscara Abismo” e “Nostalgia do corpo a corpo”. Disponível em: . Acesso em: 11 de novembro de 2010. 11. As Tormentas. Apresenta a biografia e as principais obras de Miguel Torga. Disponivel em : . Acesso em: 23 de outubro de 2010. 253 12. As Tormentas. Apresenta a biografia de Marina Colasanti. Disponível em:. Acesso em: 02 de novembro de 2010. 13. Biblioteca Fantástica. Desenvolvido por Biblioteca Fantástica. Apresenta a sinopse do livro “A filha do Inca”. Disponível em:. Acesso em: 11 de novembro de 2010. 14. Biblioteca Fantástica. Desenvolvido por Biblioteca Fantástica. Apresenta a sinopse do livro “Kalum”. Disponível em:. Acesso em: 11 de novembro de 2010. 15. Brasil Escola. Desenvolvido por Brasil Escola, 2010. Apresenta a biografia de Menotti Del Picchia . Disponível em: < http://www.brasilescola.com/biografia/paulo-menotti.htm>. Acesso em: 11 de novembro de 2010. 16. Brasil Escola- Vestibular. Desenvolvido por Brasil Escola, 2002. Apresenta a análise da obra “O leopardo é um animal delicado”. Disponível em:. Acesso em: 04 de novembro de 2010. 17. Cavalo de Ferro. Desenvolvido por Alberto Simões. Apresenta o resumo da obra “O jogo do mundo - Rayuela” de Júlio Cortázar. Disponível em:. Acesso em: 11 de agosto de 2010. 18. Casa Lygia Bojunga. Desenvolvido por Lygia Bojunga. Apresenta a biografia de Lygia Bojunga. Disponível em:. Acesso em: 21 de outubro de 2010. 254 19. Círculo Brasileiro de Psicanálise, seção do Rio de Janeiro. Desenvolvido por Círculo Brasileiro de Psicanálise. Apresenta a análise completa do livro “Máscaras”. Disponível em:. Aceso em: 11 de novembro de 2010. 20. Companhia das Letras. Desenvolvido pela editora Companhia das Letras, 2010. Apresenta a sinopse das principais obras do autor Jorge Luis Borges. Disponível em:< www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=01268#none >. Acesso em: 03 de Agos. 2010. 21. Conhecimento prático (UOL). Desenvolvido por Editora Escala, 2010. Apresenta a biografia e as principais obras de Luiz Vilela. Disponível em:. Acesso em: 20 de outubro de 2010. 22. Correio da Manhã. Desenvolvido por José Luis Feronha, 2010. Apresenta a biografia de José Saramago. 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