Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

Abordagem Fisioterapêutica De Paciente Com Osteoartrite De Joelho

Relato de caso

   EMBED


Share

Transcript

ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA DE PACIENTE COM OSTEOARTRITE DE JOELHO: RELATO DE CASO Glufke.G ¹ ¹Universidade do Oeste de Santa Catarina-Campus Joaçaba. Rua Getúlio Vargas, 2125 Telefone: (49) 3551-2000 www.unoescjba.edu.br Gabriela Glufke, Rua Ângelo Scarpetta, 372, Bairro Cruzeiro do Sul. Telefone (49) 91272101 [email protected] Palavras Chaves: osteoartrite, joelho, reabilitação, fisioterapia. RESUMO Introdução: A osteoartrose ou osteoartrite (OA) é a doença articular mais freqüente, sendo a primeira causa de dor musculoesquelética. Acomete 20% da população mundial, sendo a terceira causa de afastamento do trabalho. Os processos degenerativos, inflamatórios ou infecciosos que comprometem a articulação do joelho promovem grande incapacidade funcional cuja repercussão se torna mais grave quando associada à dor, instabilidade e ao comprometimento poliarticular. Objetivos: tem por finalidade expandir os conhecimentos referentes à patologia apresentada pela paciente, assim como buscar as maneiras de tratamento mais adequadas para o caso, podendo desta maneira expor a paciente novamente às suas atividades funcionais livre de incapacidades e dor. Metodologia: o exame físico, a anamnese e o tratamento foram realizados na Clínica Escola de Pesquisa e Atendimento de Fisioterapia da UNOESC, Campus Joaçaba, com a paciente I.F.I do gênero feminino, 49 anos de idade, com o diagnóstico clínico de osteoartrite de joelho. Resultados e discussão: para que se possa traçar uma conduta eficaz de tratamento e ter bons resultados no que diz respeito à evolução clinica do paciente, é necessário estar de acordo com o que as pesquisas científicas trazem a respeito da patologia. A partir daí, podemos optar pelo melhor meio de reabilitação, de acordo com cada quadro clínico. INTRODUÇÃO A osteoartrose ou osteoartrite (OA) é a doença articular mais freqüente, sendo a primeira causa de dor musculoesquelética. .Por longo tempo foi entendida como uma doença degenerativa, conseqüência natural do envelhecimento. No entanto, estudos recentes têm mostrado diferenças relevantes entre a cartilagem do idoso e aquela acometida pela OA. (SATO, 2004). O American College of Rheumatology, define a OA como "um grupo heterogêneo de condições que leva a sinais e sintomas articulares que são associados com defeitos da integridade da cartilagem articular, além de mudanças no osso subcondral". (SATO, 2004). A osteoartrite é a forma mais comum de artrite do joelho, e pode envolver qualquer ou mesmo todos os três compartimentos do joelho: compartimento medial (platô tibial medial e côndilo femoral medial); compartimento lateral (platô tibial lateral e côndilo femoral lateral); ou côndilo patelofemoral (patela e incisura troclear femoral). O compartimento medial é o mais comumente envolvido, e causa uma deformidade em pernas arquedas (genu varum). A deformidade de pernas tortas ou joelho em X (genu valgum) decorre do envolvimento do compartimento lateral. (SNIDER, 2000). A OA acomete 20% da população mundial, sendo a terceira causa de afastamento do trabalho. (SATO, 2004). Homens e mulheres são igualmente afetados, embora no homem a maior prevalência seja antes dos 45 anos e, na mulher, depois dos 45 anos (SKARE, 1999). Além da forma idiopática, a OA pode ser secundária a uma série de outros fatores que incluem os genéticos (sexo, distúrbios genéticos relacionados ao colágeno tipo II, outras alterações genéticas dos ossos e articulações, raça, grupo étnico) não-genéticos (idade avançada, obesidade, menopausa, doenças articulares ou ósseas adquiridas, cirurgia articular prévia) e ambientais (ocupação, trauma articular importante, lesões, ou atividades esportivas) (SATO, 2004). É importante salientar que praticamente todas as pessoas apresentam sinais radiográficos de OA a partir dos 65 anos, mas a dor e a incapacidade funcional estão presentes em torno de apenas 10 % dos indivíduos, ressaltando mais uma vez que a doença não é uma conseqüência natural do envelhecimento. Os processos degenerativos, inflamatórios ou infecciosos que comprometem a articulação do joelho promovem grande incapacidade funcional cuja repercussão se torna mais grave quando associada à dor, instabilidade e ao comprometimento poliarticular (MESTRINER, 1993). Juntamente com a dor, o prejuízo funcional é progressivo, podendo haver incapacidade até para os cuidados pessoais (SATO, 2004). O quadro clínico caracteriza-se por dor insidiosa que pode ser acompanhada de rigidez na região acometida. Essa dor inicialmente ocorre ao iniciar os movimentos e aos esforços, sendo que em estágios mais avançados pode ocorrer também em repouso. (SATO, 2004) As articulações mais comumente envolvidas são as que suportam peso, ou aquelas repetitivamente utilizadas, tais como mãos (interfalangianas proximais e distais), hálux, coluna, quadris e joelhos. (SKARE, 1999). Nos joelhos os pacientes queixam-se de dor ao levantar de uma cadeira, por exemplo, iniciar a deambulação, subir e descer escadas. Posteriormente a dor pode ocorrer com qualquer movimento ou até mesmo em repouso. Nos quadris, a dor localiza-se na região ingnal ou nas nádegas, podendo irradiar-se pela face medial das coxas até os joelhos e é agravada com a marcha ou o movimento para sentar e levantar de superfícies baixas. (SATO, 2004) Independentemente da causa inicial, pacientes com OA em estágio terminal sofrem de dor durante ações de sustentação de peso, sensações de arqueamento ou de "falseio", rigidez, e articulações edemaciadas que podem limitar os movimentos do joelho nos extremos de flexão e extensão (SNIDER, 2000). Os sintomas geralmente relacionam-se com: a) desgaste articular; b) episódios de inflamação sinovial; c) degeneração e inflamação dos ligamentos ao redor das articulações; d) deposição de sais de cálcio, na sinóvia. (GOLDING, 1999) Até o momento, o tratamento da OA visa à melhora da dor e a manutenção da função articular, o que permite a preservação das atividades da vida diária. Diante de tal pesquisa, o artigo tem a finalidade de expandir os conhecimentos referentes à patologia apresentada pela paciente, assim como buscar as maneiras de tratamento mais adequadas para o caso, podendo desta maneira expor a paciente novamente às suas atividades funcionais livre de dor. MATERIAL E MÉTODO Paciente, I.F.I, 49 anos, etnia branca, obesa, através de encaminhamento médico, procurou atendimento na Clínica Escola de Pesquisa e Atendimento de Fisioterapia da UNOESC , devido à presença de osteoartrite em ambos os joelhos. Na avaliação fisioterapêutica foram colhidos dados pela anamnese e exame físico. O instrumento utilizado para avaliação foi a ficha de avaliação ortopédica da clínica escola da UNOESC. Através da anamnese foram colhidos dados referentes à história da doença atual (HDA), história da doença pregressa (HDP), história dos antecedentes familiares (HF) e história sobre o uso de medicamentos (HM). No exame físico foi avaliada a coluna vertebral (região torácica e lombar) a articulação do quadril, articulação tibiofemoral, palpação femoropatelar, Realizou-se análise da marcha, testes neurológicos, e testou-se a força muscular através da escala de ashworth, dos grupos flexores e extensores de quadril, flexores e extensores de joelho, adutores e abdutores de quadril. RESULTADOS/DISCUSSÃO Durante a anamnese, paciente relata ter início as dores em ambos os joelhos há aproximadamente 3 anos, que aumentava de intensidade ao realizar atividades comuns do seu dia-a-dia, como: subir e descer escadas, sentar e levantar-se, durante caminhadas e ao agachar-se para realizar o plantio, pois tinha este trabalho como forma de sustento, sendo que atualmente a mesma já não realiza este tipo de atividade. Diante de tal quadro, procurou atendimento médico e o mesmo solicitou-lhe um exame de RX, onde se pode observar em ambos os joelhos a presença das espinhas intercondilianas proeminentes e osteófitos rotulianos superiores. Para analgesia opta por repouso das atividades e uso dos medicamentos Cataflan (intramuscular) e Peroscam. No mês de agosto do ano de 2009, paciente procura atendimento fisioterápico na Clínica Escola de Pesquisa e Atendimento de Fisioterapia da UNOESC , relatando como queixa principal dor nos joelhos e quadris, com intensidade o suficiente para prejudicar suas atividades de vida diária. Durante o exame físico da articulação tibiofemoral e patelofemoral, paciente apresentou dor à palpação patelar e creptação articular bilateralmente. Nos movimentos funcionais como sentar e levantar, subir e descer escadas, agachamento, salto duplo, e salto unipodal a mesma apresenta instabilidade e relata dor 8, de acordo com escala analógica da dor. Para os testes de Patrick, onde o paciente deita-se em supino, e o examinador coloca a perna em teste do paciente de modo que o pé da perna em teste fique em cima do joelho da perna oposta. O examinador então baixa lentamente a perna em teste em abdução na direção da mesa de exames; apresentou positividade bilateralmente, pois, a perna em teste permaneceu em cima da perna reta oposta, indicando que a articulação do quadril pode estar afetada, pode haver espasmo do iliopsoas, ou a articulação sacroilíaca pode estar comprometida. (MAGEE, 2002). Para o sinal de Trendelenburg, que avalia a estabilidade do quadril e a capacidade dos abdutores do quadril de estabilizar a pelve sobre o fêmur, solicitou-se que a paciente ficasse em pé sobre um membro inferior, indicando positividade, já que a pelve do lado oposto caiu quando a paciente ficou em pé sobre a perna afetada (MAGEE, 2002). No teste de Thomas, onde se avaliou a contratura em flexão do quadril, a paciente permaneceu deitada em supino, enquanto o examinador observou a presença do excesso de lordose, que usualmente está presente no caso de flexores encurtados do quadril. O examinador flexiona um dos lados do quadril do paciente trazendo o joelho ao tórax para achatar a coluna lombar, e a paciente segura o quadril flexionado contra o tórax; o teste apresentou-se positivo, pelo motivo que a perna reta do paciente elevou-se do contato com a mesa. (MAGEE, 2002). Os testes para instabilidade ligamentar ao redor do joelho indicaram negatiidade. Avaliou-se a força muscular, de acordo com a escala de Ashworth. Para o grupo muscular de flexores do quadril, apresentou grau 2 para perna direita e grau 3 para perna esquerda, para extensores de quadril e flexores de joelho, grau 3 para pernas direita e esquerda, em extensores de joelho obteve-se grau 4 para perna direita e grau 3 para perna esquerda, para abdutores de quadril, grau 4 em perna direita e 3 em perna esquerda, já para adutores apresentou grau 5 bilateralmente. Realizou-se análise da marcha podendo observar déficits na fase de apoio, pois não havia descarga de peso adequada para MMII. De acordo com (MAGEE, 2002), nesta fase o pé está sobre o solo e suportando peso. Ela permite que a perna suporte o peso do corpo e, ao mesmo tempo, possibilita o avanço do corpo sobre o membro de sustentação. Normalmente, esta fase constitui 60% do ciclo da marcha e consiste em cinco subfases ou instantes que são: contato inicial (batida do calcanhar), resposta à carga (pé horizontal), apoio médio (apoio em uma só perna), apoio terminal (calcanhar fora) e pré-balanço (dedos fora). Durante a fase de balanço ocorreu pouca flexão de joelhos e quadril. Nesta fase, o pé não está sustentando peso e está se movendo para frente. Permite que os dedos da perna em balanço livrem-se e ganhem espaço do solo e permite ajustamentos de comprimento de perna. Além disso, ela permite que a perna em balanço avance para frente. Ela constitui aproximadamente 40% do ciclo da marcha e consiste em três subfases: balanço inicial (aceleração), balanço médio, e balanço terminal desaceleração). (MAGEE, 2002) O plano de tratamento teve como objetivos passar informações relacionadas à perda de peso e a importância desta atitude em pacientes com osteoartrite, correção dos problemas relacionados ao quadril, correção da marcha e das alterações biomecânicas presentes nos MMII, o ganho de força da musculatura que apontou fraqueza muscular, e na volta às atividades funcionais livre de dor e com o mínimo de incapacidades. Como conduta terapêutica realizou-se fortalecimento dos músculos flexores e extensores de quadril e joelho, abdutores de quadril e os músculos glúteos, utilizando como carga uma tornozeleira com peso equivalente há 3 kg. Também foram executados exercícios que envolvessem aumento de flexão de joelho, o treino da marcha e de atividades funcionais, tais como sentar e levantar de uma cadeira, subir e descer escadas, e agachamento. De acordo com (VIDAL; et.al, 1995) o tratamento inicial para pacientes com osteoartrite de joelho baseia-se na perda de peso, uso de antiinflamatórios não hormonais, fisioterapia e corticoterapia intra- articular. Nos pacientes que não respondem ao tratamento conservador e apresentam desvio em varo do eixo biomecânico, está indicada a osteotomia de valgização da tíbia, que tem por finalidade a redistribuição da carga. Para (SATO, 2004), o tratamento da OA visa à melhora da dor e a manutenção da função articular, o que permite a preservação das atividades da vida diária. Quanto à terapia não-farmacológica é de fundamental importância que nela se inclua a educação, assistência social e treinamento de cuidadores, até prescrição de exercícios terapêuticos e órteses. A fisioterapia tem finalidade de melhorar ou manter a força muscular dos grupos envolvidos na articulação afetada e melhorar ou manter a amplitude de movimento dessa articulação, com conseqüente melhora da função especialmente do padrão da marcha. O uso de joelheiras deve ser recomendado quando existe uma queixa de insegurança. Deve-se salientar que a fixação obtida com o uso das joelheiras é discutível, porém os pacientes melhoram o padrão da marcha e aumentam a atividade física, preservando assim a musculatura. (SATO, 2004) De acordo com (GOLDING, 1999) é essencial à correção da obesidade e de outros fatores predisponentes, injeções locais de esteróides, exercícios do quadríceps e alívio da sobrecarga de peso. Segundo (SKARE, 1999) as medidas conservadoras incluem controle da dor, exercícios, uso de calor e do frio e terapêutica medicamentosa. O padrão da dor é que dita o tratamento. Se o suporte de peso ocasiona os sintomas, devem-se modificar os hábitos do paciente, de maneira que o suporte de peso seja reduzido. Pode-se procurar produzir um balanceamento entre atividades e repouso que seja aceitável ao paciente. Redução de peso de pacientes obesos também é desejável, embora seja uma meta difícil de ser atingida. Frequentemente é necessário adaptar o ambiente em que o paciente vive para um novo estilo de vida. Assim o colchão deve ser firme: não se deve permitir que o paciente coloque travesseiros ou almofadas sob os joelhos para descanso, o que piora a fraqueza do quadríceps e favorece contraturas em flexão. As cadeiras e os vasos sanitários devem ter assentos mais altos que os habituais (em média 12 cm) e com braços para facilitar o ato de sentar e levantar. Quando existe dor no joelho ou no quadril, o uso de bengalas pode ser útil para aliviar. A altura da mesma deve ir até o nível do trocanter maior. (SKARE, 1999) Repouso e proteção da articulação devem ser completados com exercícios, com o objetivo de manter a mobilidade e evitar a fraqueza e a instabilidade articular. Os exercícios são isométricos, envolvendo quadríceps e os músculos glúteos, também pode ser incluído o uso da bicicleta estacionária e exercícios sob a água. (SKARE, 1999). Durante a vida do paciente podem ocorrer fatos que provoquem o início precoce desse processo degenerativo natural, como as doenças inflamatórias ou infecciosas que destroem a estrutura cartilaginosa ou os traumas que envolvem a cartilagem, precipitando a osteoartrite. Logo, a osteoartrite do joelho é uma patologia evolutiva e deve ser tratada o mais precocemente possível. (CAMANHO, 2001) Concluímos com este trabalho que, para que se possa traçar uma conduta eficaz de tratamento e ter bons resultados no que diz respeito à evolução clinica do paciente, é necessário estar de acordo com o que as pesquisas científicas trazem a respeito da patologia. Logo, podemos optar pelo melhor meio de reabilitação, de acordo com cada quadro clínico. REFERÊNCIAS A. CAMANHO, Gilberto Luís. Tratamento da osteoartrose do joelho. Revista Brasileira de Ortopedia. Vol. 36, N 5; Maio, 2001. B. GOLDING, Douglas N. Reumatologia em medicina e reabilitação. 1.ed.1999; São Paulo. C. MAGEE, David. Avaliação Musculoesquelética. 3.ed. 2002; São Paulo. D. MESTRINER, Luiz Aurélio; FILHO, José Laredo. Artroplastia total do joelho em artrite reumatóide e osteoartose. Rev Bras Ortop-Vol. 28. Nº4- .Abril, 1993. E. SATO, Emília. Reumatologia; Guias de medicina ambulatorial e hospitalar. 1. ed. 2004. São Paulo. F. SKARE, Thelma Larocca. Reumatologia; Princípios e prática. 1.ed. 1999. Rio de Janeiro. G. SNIDER. Tratamento das doenças do Sistema Musculoesquelético. 1.ed. 2000. São Paulo.