Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

A Música No Ensino Regular

Artigo referente a nova lei de obrigatoriedade da música na escola

   EMBED

  • Rating

  • Date

    December 2018
  • Size

    205.9KB
  • Views

    1,505
  • Categories


Share

Transcript

A música no ensino regular1 Francinaldo Gomes Paz Júnior2 Resumo: Este artigo oferece um recorte bibliográfico acerca do ensino da música na escola mediante a sanção da lei que torna obrigatório a aula de música no ensino básico, que abriu grande oportunidade à profissionais da área musical de exercerem o magistério. Perante tais fatos, a música, em se tratando de educação, tornou-se evidente como área de suma importância e fundamentalidade no âmbito estudantil, uma vez que atua com várias funções, desde campo de conhecimento até função terapêutica. O presente artigo propõe a aula de música como meio de socialização e sensibilização da criança à estética, à criatividade, à concentração e principalmente à resposta consciente ao fenômeno sonoro, chamado música. E não a música como simples elemento intelectual, onde o único objetivo de ensino seja „tocar‟ determinado instrumento ou transformar a criança em músico. Palavras-chave: musicalização, educação musical, escola, ensino. Introdução A aprovação da lei nº 11.769 3 que restitui a obrigatoriedade do ensino musical na educação infantil e fundamental, antes instituída por Getúlio Vargas no Decreto-lei nº 19.890 4, de 18 de abril de 1931, art. 3º, levantou diversas questões acerca do papel da música na vivência escolar. O que faria, pois a música na escola? Qual seria sua função e finalidade? E quais os benefícios que ela traria à educação e à formação da criança? Questões como essa tornam-se uma problemática complexa e muitas vezes até polêmica. Em vista de tais questionamentos, esse artigo ocupa-se de analisar e esclarecer tais dúvidas que se levantam em torno da funcionalidade do educar a criança musicalmente. As exibições das questões acima colocadas encontram-se divididas no artigo em: I. A música na escola – Assinalando qual o real sentido e aplicação da música no contexto escolar, destacando também o papel que ela desempenha como área de conhecimento e construção social. II. Objetivo e importância da aula de música – utilizando-se de fundamentos/justificativas que enfatizam a funcionalidade e objetividade da musicalização infantil 1 Trabalho acadêmico da disciplina Metodologia Científica ministrada pela profº Msc. Ana Telma. Acadêmico da UEPA, curso de licenciatura plena em música. Matrícula 20112131004. 3 Lei sancionada em 18 de agosto de 2008. “Determina que a música deve ser conteúdo obrigatório em toda educação básica”. (COSTA, BERNARDINO, & QUEEN, 2011) 4 Decreto- lei que determinava a obrigatoriedade da aula de música em todos os níveis de ensino. 2 III. Benefícios do ensino da música – discorrendo acerca do emprego da música como aula de música para fins e terapêutico. Tais tópicos evidenciam os fundamentos e justificativas para a implantação da música como matéria do currículo escolar. A MÚSICA NA ESCOLA Por muito tempo foi-se questionado a real aplicação e necessidade da música como matéria integrante do currículo estudantil. Há quem defenda que se trate de uma matéria „desnecessária‟, já que julgam haver áreas de conhecimento muito mais importante a serem priorizadas. Porém, é formidável ressaltar que o ensino da música é tão indispensável quanto qualquer outra área do intelecto. Segundo (GAINZA, 1988, p. 87), “A educação musical constitui uma contribuição significativa e sistemática ao processo integral do desenvolvimento humano”. Ponderando de forma mais científica, (BASTIAN, 2009, p. 46) afirma que a música é extremamente necessária ao ser humano, visto que: [...] possui efeitos neurofisiológicos; ela deixa vestígios na cabeça, influencia a colaboração dos cerca de dez bilhões de células nervosas, cuja altamente complexa composição, feita de modelos de adaptação interativos espaciotemporais, toma por base todas as nossas atividades mentais, cognitivas e sociais. Dito metaforicamente: a música pode desencadear uma gigantesca sinfonia de forças; basta que lho permitamos. A música, nesse sentido mostra-se como agente contribuidora para o desenvolvimento completo da criança, atuando em diversas regiões cognitivas e emocionais do ser humano. Além disso, opera na socialização dos pequenos estudantes, permitindo interação entre eles e o mundo que os rodeia. É o que (LOUREIRO, 2003) defende quando ressalta que é evidente a função socializadora da música e como ela contribui para a concepção integral do indivíduo. Ainda conforme (LOUREIRO, 2003, p. 128): No contexto de uma música voltada para a transformação social, a educação musical centra-se na busca do equilíbrio entre o didático e o artístico, propiciando ao aluno a aquisição do conhecimento musical organizado e sistematizado, ao mesmo tempo que favorece o desenvolvimento da criatividade, da imaginação e da sensibilidade. Uma educação musical inserida na formação integral do indivíduo. Logo, a música como matéria escolar não se trata de superficialidade, mas de suma importância para a escola, porque auxilia no melhoramento psicológico e mental das crianças, favorecendo as mesmas nas mais vastas áreas. É o que assinala (BASTIAN, 2009, p. 42): [...] a prática da música e a educação musical podem estimular, em um e mesmo processo de aprendizagem, as capacidades cognitivas, criativas, estéticas, sociais, emocionais e psicomotoras. Consequentemente, a música na escola deixa de ser apenas uma matéria escolar e passa a ser uma construtora da personalidade da criança e do adolescente. II. OBJETIVO E IMPORTÂNCIA DA AULA DE MÚSICA A música desempenha diversas funções de acordo com o contexto em que é utilizada. Em se tratando de ensino musical na escola regular a música desempenha papel de sensibilização sonoro-auditiva. É o que afirma (GAINZA, 1988, p. 101): “O objetivo específico da educação musical é musicalizar, ou seja, tornar o indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical”. Assim, musicalizar é tornar a pessoa apta a responder o fenômeno sonoro de forma consciente, além de incluí-la no universo musical transformando-a de mero espectador a um agente ativo do fazer música. Analisando por outra visão, (LOUREIRO, 2003) considera que: A importância da educação musical na sociedade contemporânea é justificada pela função de promover o desenvolvimento do ser humano, não por meio do adestramento e da alienação, mas por meio da conscientização da interdependência entre o corpo e a mente, entre a razão e a sensibilidade, entre a ciência e a estética. Percebe-se dessa forma que a principal funcionalidade da aula de música é tornar a criança sensível à criatividade e a estética, tornando-o um ser criativo e compassivo. Tal sensibilidade e criatividade não se resumem apenas ao âmbito musical, mas expandem-se às demais áreas formadoras da personalidade da criança. Deve ser destacado que a criatividade fornecida pelo ensino da música é refletida em outras matérias do currículo estudantil, pois a música engloba outras áreas de conhecimento, tais como: matemática5, português6, entre outros. 5 É observável o fato de que os principais teóricos da música eram em sua essencialidade matemáticos. Pode-se citar, por exemplo, Pitágoras, considerados por muitos como „pai da música‟, pois descobriu a proporção matemática das oitavas e, por conseguinte de toda a escala musical. 6 Refere-se ao português: atividades como o canto ou a utilização de simbologias referentes ao estudo da música. A música também estimula a concentração e aumenta o aprendizado escolar, pois como foi avaliado por (GAINZA, 1988, p. 54), “a compreensão musical consiste na decodificação de uma estrutura; supõe, pois, a existência e o domínio de um código. Trata-se, portanto de um trabalho mental, e não meramente auditivo”. Logo, a música no âmbito escolar não deve objetivar “[..] formar músicos, mas desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a integração dos alunos” 7, afim de que o indivíduo cresça musicalmente, pois, “apenas quando é adquirida a capacidade de emitir respostas musicais face aos estímulos sonoros é que se completa o processo de musicalização” (GAINZA, 1988, p. 28). III. BENEFÍCIOS DO ENSINO DA MÚSICA. Desde a antiguidade já se conhecia os benefícios da música para o ser humano, era utilizada em cerimônias religiosas, ocasiões solenes, além de servir de musicoterapia8, e ser objeto de honra e veneração9. Tais benefícios foram séculos depois confirmados cientificamente por pesquisadores, que dedicaram-se a pesquisar música como forma de tratamento. Levando tais considerações para o âmbito da educação musical da atualidade, é possível usar a música não só como objeto de estudo, mas como terapia. É o que propõem (BASTIAN, 2009, p. 40): [...] a música estimula emocionalmente, equilibra as tensões, favorece os contatos e a capacidade de experiência. Nas escolas deveriam também aproveitar tais efeitos, não somente no âmbito pedagógico-terapêutico. Portanto, a música deve torna-se um meio pelo qual o professor poderá moldar o caráter e a percepção da criança, não se limitando simplesmente a música como fenômeno sonoro, mas utilizando-a com fins terapêuticos. A musicalização ainda beneficia a criança na concentração e desempenho escolar, é o que diz a publicação de (COELHO, 2010): 7 Trecho retirado do artigo “Onze respostas sobre a obrigatoriedade da música na escola”, publicado no site www.educarparacrescer.abril.com.br 8 "Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar, e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.” (UBAM- União Brasileira das Associações de Musicoterapia). 9 Segundo (CANDÉ, 2001) em muitos povos da antiguidade “a função social da música torna-se cada vez mais importante: ela era símbolo de poder, respeito, vitória”. Estudos constataram que jovens que passaram a escutar músicas clássicas apresentaram melhor capacidade de concentração e aproveitamento nos estudos. O Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais da França comprovou o grande efeito benéfico que algumas músicas clássicas produziam como fundos musicais nos ambientes de trabalho. A produtividade aumentou quando passaram a escutar músicas clássicas no trabalho. Pode-se enfatizar ainda que a ensino musical desempenha papel socializador, porquanto torna as pessoas mais receptivas aos seus próximos. Visto que: “[...] a música é, sem dúvida, a mais social das artes. [...] Visto que a música como meio de contato, pode ter efeitos socializadores e ético-sociais [..] (BASTIAN, 2009, p. 39). Em face de tais benefícios, faz-se necessário aproveitar o fenômeno sonoro como recurso adicional para o melhoramento psíquico, emocional e intelectual da criança e adolescente, com a finalidade de obter futuros jovens e adultos maduros e saudáveis. CONCLUSÃO A música no ensino regular, objeto principal de discussão desse artigo, trata-se de um tema de grande importância, já que desempenha as mais diversas funções na criança e adolescente musicalizado. Perante tal realidade, é de elevado valor que o profissional e educador musical tenha conhecimento sobre tais fundamentos que englobam ao ensino da música muito mais do que somente a performance musical ou a técnica instrumental. Por trás da aula de música encontram-se vários recursos, que, se utilizados de maneira correta e consciente podem auxiliar não só o desenvolvimento musical do educando, mas também o desenvolvimento psicomotor, emocional etc. Cabe ainda pôr em pauta que a música, como anteriormente foi citado, trata-se de terapia que pode e deve ser usada para auxiliar a criança à mudança comportamental, tal como no aprimoramento à criatividade, estética, análise e percepção. Ponderando que os dados apresentados tratam-se da essência da educação musical, cabe a cada profissional, no papel de educador musical, aprimorar-se e refinar-se no ensino musical como: área de conhecimento; de expressão artística; e sobretudo como área socializadora dos musicalizandos. Referências BASTIAN, H. G. (2009). Música na escola. São Paulo: Paulinas. CANDÉ, R. d. (2001). História universal da música. São Paulo: Martins Fontes. COELHO, C. G. (21 de Março de 2010). Expansão da consciência. Acesso em 30 de Abril de 2011, disponível em Expansão da consciência: http://gloriaexpansaodaconsciencia.blogspot.com/2010/03/os-beneficios-da-musicaclassica.html COSTA, C., BERNARDINO, J., & QUEEN, M. (15 de fevereiro de 2011). www.educarparacrescer.abril.com.br. Acesso em 11 de abril de 2011, disponível em Educar para crescer: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/musicaescolas-432857.shtml GAINZA, v. H. (1988). Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus editorial. HOWARD, W. (1984). A música e a criança. São Paulo: Summus. LOUREIRO, A. M. (2003). O ensino de música na escola fundamental. Campinas, SP: Papirus. SOUZA, J., HENTSCHKE, L., OLIVEIRA, A. d., BEN, L. D., & MATEIRO, T. (2002). O que faz a música na escola? - Concepções e vivências de professores do ensino fundamental. Porto Alegre: UFRGS. UBAM- União Brasileira das Associações de Musicoterapia. (s.d.). Musicoterapia. Acesso em 30 de Abril de 2011, disponível em União Brasileira das Associações de Musicoterapia: http://www.musicoterapia.mus.br/musicoterapia.htm