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A Meliponicultura Como Alternativa De Conservação Ambiental E Sustentabilidade

A MELIPONICULTURA COMO ALTERNATIVA DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

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A Meliponicultura como alternativa de conservação ambiental e sustentabilidade Oliveira, C.1; Barros, S. J.1; Lorenzon, M.C. 2 1 - Discente em Zootecnia; 2- Professor Adjunto DPA/IZ UFRRJ – Inst. Zootecnia, BR 465 Km 7, Seropédica/RJ, CEP 23890-000, (21) 268237873975 - [email protected] Resumo Objetivou-se a introdução de projeto de criação de abelhas sem ferrão na Ilha Grande como alternativa de sustentabilidade e educação ambiental. O trabalho de educação ambiental envolveu residentes e turistas, através de palestras, reuniões e entrevistas. Organizou-se meliponário-escola com Jataí para aprendizado sobre sua criação e visitação. As estratégias permitem cativar a comunidade sobre o tema e chamar a atenção da necessidade de conservação das espécies de abelhas da Ilha Grande. Palavras-chave: Tetragonisca angustula, preservação, ecologia, educação ambiental 1. Introdução A importância da biodiversidade é indiscutível em todo mundo [1]. Dentro deste âmbito, as abelhas ocupam importante papel: aproximadamente 30% do alimento humano derivam de plantas polinizadas por abelhas. Devido à perda da biodiversidade tornou-se evidente que os polinizadores nativos devem ser protegidos [2]. As abelhas eussociais constituem a maior abundância em insetos visitantes dos ecossistemas tropicais, sendo os meliponíneos, abelhas sem ferrão, o grupo de espécies mais suscetível a predação, favorecida por impiedosos desmatamentos nos mais diversos hábitats [3]. A Mata Atlântica é um dos principais biomas que abriga ninhos de meliponíneos, infelizmente encontra-se em situação desoladora, com extinção eminente de muitas espécies, sendo premente projetos que lhe garantem sustentabilidade [4]. A Ilha Grande, pertencente ao domínio de Mata Atlântica, possui 14 espécies de abelhas sem ferrão, considerada a maior riqueza em espécies de abelhas já relatada em ilha, Ilha Grande apresenta-se como uma localidade favorável a se priorizar projetos de conservação [5]. Neste contexto, a meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão, destaca-se como atividade que possa permitir a conservação dos meliponíneos, além de abranger qualquer gama social da comunidade e proporcionar geração de renda e lazer. O presente trabalho objetivou desenvolver a consciência ambiental através de ações em educação ambiental em prol da flora e fauna das abelhas sem ferrão e introduzir atividade de sustentabilidade com a criação de abelhas. 2. Materiais e Métodos O projeto iniciou-se em 2003 e esta sendo realizado no entorno do Parque Estadual da Ilha Grande, que pertence ao município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro (23o09’05”S, 44o23’W). As atividades são realizadas quinzenalmente e se dividem em: 1) Educação ambiental: a) organização de murais e folderes sobre as abelhas sem ferrão, afixados em locais de acesso publico; b) reuniões e, ou palestras com associações, ONG’s e Escolas Municipais; c) divulgação junto à mídia local; d) aplicação de questionários na comunidade com perguntas que se referem às abelhas, conscientização ecológica e conhecimento sobre as atividades do projeto, a fim de conhecer o público-alvo. 2) Introdução à meliponicultura com abelhas jataís (Tetragonisca angustula): a) treinamento em meliponicultura, delega-se tarefas aos participantes para a construção de um meliponário-escola, tais como: localização de enxames de abelhas jataís, construção de cavaletes, preparo de caixas, transferência de enxames, revisões, apresentação do conhecimento à visitantes; c) ampliar o trabalho para outras regiões da Ilha e outros municípios a partir dos monitores formados pelo projeto. 3. Resultados Comumente, as comunidades associam abelhas a ferroadas e perigo de morte, sendo necessário cautela na abordagem de seus temas. A partir de trabalho educativo, observou-se a mudança de percepção dos alunos com relação às abelhas: antes da apresentação mostraram-se indiferentes, com medo e repulsa, e após, perceberam que as abelhas são fundamentais para a preservação da natureza, como retrataram nos desenhos realizados. Com turistas, ONG’s e Associações de moradores da localidade o tema sobre abelhas sem ferrão foi atrativo, causou surpresa por ser novidade e gerou muita curiosidade. Há na localidade forte resistência contra as ações universitárias, que comumente não comunicam seus trabalhos na comunidade. Para ganhar maior credibilidade e atenção da comunidade, nossa equipe ampliou a divulgação do projeto através de murais, distribuição de folderes, reportagem em site especializado sobre a Ilha (www.diario dailha.com) e jornal local (O Eco). A construção do meliponário-escola pela comunidade injetou ânimo e atenção no projeto. Há visitas constantes de estudantes, moradores e turistas. Os guias oficiais da Ilha se interessaram em utilizar a criação em seus passeios e receberam um manual para atrair os turistas. Nestas visitas eles são instruídos sobre a necessidade de preservação das abelhas dentro do Parque. Três monitores em meliponicultura foram treinados e formados para atender ao programa do projeto, a meta é formar mais meliponários na Ilha, com vistas à formação de projetos de conservação para o continente 4. Conclusões Os participantes do projeto tem revelado habilidades e interesse satisfatório, eles reconhecem que nosso trabalho é único na Ilha e demanda esforço e vontade para atingir suas metas. Sabem que, formar novos meliponários é um importante desafio, com vista à organização de outros projetos voltados para a conservação de abelhas sem ferrão a partir da multiplicação artificial de colônias em outras localidades da Ilha Grande. E que devem direcionar suas ação para o continente, onde tem sido alta a predação das espécies de abelhas sem ferrão. Reconhecem ainda que, o resultado deste trabalho em projetos e treinamentos poderá ser uma renda alternativa através da comercialização de enxames de abelhas, mel, turismo ecológico e capacitação através de cursos de meliponicultura. 5. Referências Bibliográficas 1 - WILSON, E.O, 1997. A situação atual da diversidade biológica. In: Wilson, E.º (orgs) Biodiversidade. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1997. p.3-24. 2- COBERT, S.A. 2000. A Conserving compartments in pollination webs. Conservation biology, n 14., p. 1229-1231, 2000. 3 - RODRIGUES, G.S. Impacto das atividades agrícolas sobre a biodiversidade: causas e conseqüências. In: Garqy, I.; Dias, B. (orgs) Conservação da biodiversidade em ecossistemas tropicais. Petrópolis (RJ): Vozes, 2001, p 230. 4 - MORELLATO L.P.C; HADDAD, C.F.B. Tropical bee island biogeography: Diversity and abundance patterns.Biotropica, 32: (4B) 786-792. 2000. 5 - LORENZON, M.C.A., SOUSA, C.G., CONDE, M.M.2004. As Abelhas Eussociais do Parque Estadual da Ilha Grande, ERJ. In: V Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto, SP. (CD Rom) 6. Agradecimentos CNPq FAPERJ Instituto Estadual de Florestas (IEF)