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6-materiais Cermicos - Estruturas E Propriedades

Estrutura e Propriedades de Materiais cerâmicos

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5- Materiais Cerâmicos Estruturas e Propriedades SMM0194 – Ciência e Engenharia de Materiais II Prof. Eduardo Bellini Ferreira Materiais cerâmicos • São materiais inorgânicos não-metálicos pelo homem fabricados p • “Cerâmica” vem do grego “keramikos”, que significa “matéria matéria-prima prima queimada” queimada • Os materiais cerâmicos são geralmente obtidos após tratamentos térmicos em altas temperaturas, mas existem métodos alternativos Materiais Cerâmicos • Tradicionais – matéria-prima principal é a argila (porcelanas de mesa, sanitária, elétrica, dentária, etc.; tijolos, telhas, azulejos, manilhas, refratários) e o vidro; • Cerâmicas de alta tecnologia (desenvolvidas nos últimos 50 anos, junto com grande avanço do conhecimento da área) – componentes eletrônicos, de computadores, de comunicação, indústria aeroespacial, mecânica, etc. Estruturas Cerâmicas • As cerâmicas são compostas por pelo menos dois elementos, freqüentemente mais que dois (algumas exceções polêmicas: Si e C) • As estruturas cristalinas são mais complexas que as dos metais • A ligação atômica varia desde puramente iônica até totalmente covalente, e combinações destas, dependendo da diferença de eletronegatividade dos átomos Relembrando ligações... • Ligação iônica – elétrons são transferidos do elemento mais eletropositivo para o mais eletronegativo, formando íons (carregados eletricamente), que se atraem • Os elétrons ficam localizados, localizados mas a ligação é não-direcional • Ligação covalente – os elementos apresentam eletronegatividades semelhantes; elétrons são compartilhados • Os elétrons ficam localizados e a ligação é direcional Percentual de Caráter Iônico de várias cerâmicas Estruturas cristalinas – cristais iônicos • Q Quando d a liligação ã é predominantemente d i t t iônica, as estruturas são compostas por íons eletricamente carregados, em vez de átomos. • Íons metálicos, ou cátions, doaram elétrons e estão carregados positivamente • Íons não-metálicos, ou ânions, receberam b os elétrons lét e estão tã carregados d negativamente Estruturas cristalinas – cristais iônicos • Duas características influenciam a estrutura do cristal: – a magnitude das cargas elétricas – o tamanho relativo dos cátions e dos ânions Estruturas cristalinas – cristais iônicos • Quanto à magnitude das cargas: – o cristal deve ser eletricamente neutro (as ( cargas negativas dos cátions devem ser balanceadas p pelas p positivas dos ânions)) – a fórmula química de um composto indica a razão entre o número de cátions e ânions ou a composição que atinge esse balanço de cargas: • Ex: CaF2 = Ca2+ + 2.F- Estruturas cristalinas – cristais iônicos • Quanto Q t ao tamanho t h relativo l ti dos d ííons: – Os cátions, em geral, são menores que os ânions (rC/rA ≤ 1, onde rC = raio iônico do cátion e rA = raio iônico do ânion) – isso ocorre, pois i os cátions áti d doaram elétrons... lét – Cada cátion se organiza de forma a ter o máximo á i possível í ld de â ânions i ao redor d (o ( mesmo vale para os ânions) – essa condição é estável enquanto cátions e ânions se tocam: ânion cátion estável estável instável Número de coordenação e geometria do empacotamento Linear Triângulo planar Tetraédrica Exercício: mostre que a razão mínima entre os raios do cátion e do ânion para um número de coordenação 3 é 0,155: Octaédrica Cúbica NC = 4,6 e 8 são típicos em cerâmicas 12 > 1,0 CFC ou HC Empacotamento denso (metais) Cristais Iônicos – estruturas do tipo AX Estrutura do salgema ou cloreto de sódio (NaCl). NC dos cátions e dos ânions é 6, coordenação octaédrica. Duas estruturas do ti CFC que se tipo interpenetram. Ex.: NaCl, MgO, MnS, LiF, FeO. Cristais Iônicos – estruturas do tipo AX Estrutura do cloreto de césio (CsCl) NC dos cátions e dos ânions é 8, coordenação cúbica. Os ânions estão no centro de um cubo com cátions nos vértices (ou o contrário). Ex.: CsCl. Cristais Iônicos – estruturas do tipo AX Estrutura da blenda de zinco (ZnS) NC dos cátions e dos ânions é 4, coordenação tetraédrica. éd i Os ânions estão nas posições i õ CFC e cátions áti ocupam metade das posições tetraédricas. Ex.: ZnS, ZnTe, SiC (compostos covalentes). Cristais Iônicos – estruturas do tipo AmXp (m e/ou p ≠ 1) Ex.: estrutura da fluorita (CaF2) NC dos cátions é 8, cúbica; dos ânions é 4, tetraédrica. Os ânions estão nos vértices de cubos simples e os cátions ocupam o centro de metade das posições cúbicas cúbicas. (célula unitária tem 8 cubos) Ex : UO2, PuO2, ThO2. Ex.: Cristais Iônicos – estruturas do tipo AmBnXp Ex.: estrutura da perovskita (BaTiO3) Cátions Ba2+ estão nos vértices do cubo e os cátions Ti4+ estão no centro. Os O2- estão nos centros d ffaces. das Interessantes propriedades eletromecânicas. Ex.:: BaTiO3, SrZrO3, Ex SrSnO3. Cristais Iônicos – empacotamento denso Estrutura do espinélio (MgAl2O4) Cristais Iônicos – resumo Existem muitas outras estruturas cerâmicas possíveis; essas são somente exemplos e informam sobre o mecanismo de organização das estruturas de cerâmicas iônicas. Cristais Iônicos • Exercício: Com base nos raios iônicos, qual estrutura você esperaria q p p para o FeO? • rFe2+ = 0,077 nm • rO2- = 0,140 0 140 nm Cálculo da densidade de cerâmicas com base na estrutura ρ= • • • • • n(∑ AC + ∑ AA ) VC N A n = número de unidades da fórmula dentro da célula unitária ∑AC = a soma dos pesos atômicos de todos os cátions na unidade da fórmula ∑AA = a soma dos pesos atômicos de todos os ânions na unidade da fórmula VC = o volume da célula unitária NA = o número de Avogrado, 6,023 x 10 23 unidades da fórmula/mol Cálculo da densidade de cerâmicas com base na estrutura • Exercício: com base na estrutura cristalina, calcule a densidade teórica para o cloreto de sódio. Compare p com a densidade obtida experimentalmente = 2,16 g/cm3. • rCl- = 0,181 nm • rNa+ = 0,102 nm • ANa = 22,99 22 99 g/mol / l • ACl = 35,45 g/mol Cerâmicas a base de silicato • Silicatos são materiais compostos p principalmente por silício e oxigênio, os dois elementos mais abundantes na crosta terrestre (solos, rochas, argilas e areia) • As estruturas são entendidas em termos de arranjos unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais de tetraedros SiO44- Cerâmicas a base de silicato Sílica (SiO2) ou dióxido de silício • Quimicamente é o material mais simples a base de silicato ili t – uma rede d tridimensional de tetraedros de SiO44- ligados por todos os vértices. • As estruturas são abertas (os átomos não formam um empacotamento denso, devido à ligação covalente), o que resulta em baixa densidade (2,65 g/cm3). A força da ligação Si-O é forte: Tfusão 1710°C C. f ã = 1710 Cerâmicas a base de silicato vidros à base de sílica • A sílica também pode ser constituída na forma de um sólido não-cristalino ou vidro. • Tetraedros de SiO44- é a unidade básica. Cerâmicas a base de silicato vidros à base de sílica • Outros óxidos (ex.: B2O3, GeO2) podem formar redes tridimensionais amorfas – são os formadores de vidro. • Outros óxidos atuam como modificadores difi d (ex.: Na2O, CaO) ou intermediários (ex.: TiO2, Al2O3), alterando as propriedades do vidro base. base Cerâmicas a base de silicato – silicatos simples • Para os vários tipos de silicatos, um, dois ou três dos átomos de oxigênio nos vértices dos tetraedros de SiO44- podem ser compartilhados com outros tetraedros, admitindo outros cátions na estrutura cristalina, para manter a neutralidade elétrica, formando estruturas mais complexas com ligações mistas iônicas e covalentes. Cerâmicas a base de silicato – silicatos em camadas • Estruturas bidimensionais em lâ i lâminas podem d também ser produzidas pelo compartilhamento de três íons oxigênio de cada tetraedro (Si2O5)2• A neutralidade elétrica é estabelecida por uma segunda estrutura laminar p planar com um excesso de cátions. Cerâmicas a base de silicato – silicatos em camadas – argilas • A caulinita Al2(Si2O5)(OH)4 (um mineral argiloso g comum) é formado por duas camadas, uma tetraédrica de sílica (Si2O5)-2, e uma octaédrica de alumina (Al2(OH)42+ • Talcos [Mg3(Si2O5)2(OH)2], e micas [KAl3Si3O10(OH)2] também possuem estruturas em camadas. Carbono • O carbono é um elemento que existe em várias formas polimórficas e também no estado amorfo • Não Nã se enquadra d na classificação l ifi ã ttradicional di i ld de metais, cerâmicas e polímeros, mas de acordo com suas estruturas e propriedades, parecidas com as de materiais cerâmicos, trataremos dele aqui. Carbono – Diamante • Polimorfo metaestável do carbono à carbono, temperatura e pressão ambientes. p • Estrutura cristalina – variação da bl d d blenda de zinco i (estrutura cúbica do diamante; Ge, Si, Sn) – ligações totalmente co alentes covalentes Carbono – Diamante • Material extremamente duro, condutividade elétrica muito it b baixa, i alta lt condutividade d ti id d té térmica, i transparente à luz visível e violeta, elevado índice de refração. Carbono – Grafita • E Estrutura do d carbono b estável à temperatura e pressão ambiente. • Arranjo hexagonal em camadas (ligação covalente) empilhadas com ligações de van der Walls entre as camadas. • Clivagem entrecamadas é fácil, resultando nas propriedades lubrificantes da grafita. Carbono – Grafita • C Condutividade d ti id d elétrica lét i é alta paralelo às camadas. • Elevada resistência e boa estabilidade química a temperaturas elevadas e atmosferas não-oxidantes, elevada condutividade térmica, baixo coeficiente de expansão térmica, alta resistência a choque térmico, elevada adsorção de gases e boa usinabilidade Carbono – Fullerenos C60 Defeitos em cerâmicas Defeitos em cerâmicas Uma diferença ç importante p dos defeitos nos materiais cerâmicos, quando comparados com os que ocorrem em metais, é que uma vez que os átomos existem como íons carregados eletricamente, as estruturas de defeitos devem ser tais que a eletroneutralidade (número igual de cargas positivas e negativas) seja mantida. Os defeitos nas cerâmicas não ocorrem sozinho: - Defeito de Frenkel – uma lacuna de cátion associada a um cátion intersticial. - Defeito de Schottky – uma lacuna de cátion e uma lacuna de ânion. Quando a razão entre cátions e ânions no material é a mesma da fórmula estequiométrica mesmo com a presença de estequiométrica, defeitos, o material é dito ser estequiométrico. Defeitos em cerâmicas Quando existe algum desvio da razão exata da fórmula (Ex (Ex.:: FeO) FeO), o material é dito ser não-estequiométrico. Esse caso pode ocorrer para materiais cerâmicos onde existem dois estados de valência para um dos íons. Ex.: Fe1-xO. • • • • • Da mesma forma que em metais, átomos de impureza também podem formar soluções sólidas nos materiais cerâmicos. São possíveis soluções sólidas substitucionais e intersticiais. Cáti Cátions substituem b tit cátions áti e ânions substituem ânions. A neutralidade elétrica também deve ser p preservada nesses casos. Tamanho e carga são importantes! Diagramas de fases cerâmicos Al2O3-Cr2O3 Al3+ e Cr3+ têm mesma carga elétrica e raios iônicos semelhantes (0,053 nm e 0,062 nm), além disso Al2O3 e Cr2O3 possuem a mesma estrutura cristalina, o que resulta em uma completa solubilidade entre ambos. Diagramas de fases cerâmicos MgO-Al2O3 Al3+ e Mg2+ têm diferentes cargas elétricas e raios iônicos (0,053 nm e 0,072 , nm). ) Além disso, Al2O3 e MgO cristalizam-se em estruturas também diferentes. Diagramas de fases cerâmicos Z O2-CaO ZrO C O Transformações polimórficas ditam a utilização de compostos a base de ZrO2. A transformação ZrO2 tetragonal para monoclínica é acompanhada de expansão volumétrica relativamente grande. Diagramas de fases cerâmicos SiO2-Al2O3 Muitas composições de cerâmicas refratárias estão nesse sistema. Propriedades Mecânicas das Cerâmicas • O processamento e a aplicação dos por suas materiais cerâmicos é limitada p propriedades mecânicas. • A principal desvantagem em relação aos metais é a disposição à fratura catastrófica, óf f fratura frágil, fá pouco ou ç de energia g na forma nenhuma absorção de deformação plástica. Concentração de tensão Tenacidade à fratura PROPRIEDADE FUNDAMENTAL DOS MATERIAIS!!! K Icc = Yσ π a • KIc = tenacidade à fratura em deformação plana • Y = fator f t geométrico ét i adimensional di i l que d depende d d do estado de tensão e da geometria da amostra e da trinca • σ = tensão aplicada • a = comprimento de uma trinca na superfície ou metade do comprimento de uma trinca interna Propriedades Mecânicas das Cerâmicas • Os defeitos que causam a fratura frágil pequenos q nos materiais são muito p cerâmicos, devido ao pequeno KIc • Têm dimensões da ordem dos defeitos superficiais (riscos ou trincas), internos ( (poros) ) ou detalhes da microestrutura (grãos)) – ou seja, (g j são virtualmente impossíveis de serem eliminados Fadiga estática • Causada pela propagação lenta e estável de uma trinca no material até o tamanho crítico • Em alguns materiais cerâmicos (porcelanas, vidros, cimento portland, cerâmicas com alto teor de Al2O3, titanato de bário, nitreto de silício), o aumento do comprimento de uma trinca pode ser causado pelas condições ambientais (temperatura e umidade!) Comprovação Experimental: dano por água Efeito do ambiente – Fadiga Estática Efeito do ambiente – Fadiga Estática Efeito do ambiente – Fadiga Estática Aspecto estatístico da fratura em materiais cerâmicos • • • • • O tamanho máximo de um defeito depende da técnica de fabricação e de tratamentos q ,ep pode variar subseqüentes, muito de amostra para amostra A resistência à fratura também depende do tamanho ou volume d material do t i l empregado d Quanto maior o volume, maior a probabilidade de encontrar um defeito crítico Valores médios e fatores de segurança não são utilizados para projeto de materiais cerâmicos Sempre que possível, materiais p cerâmicos são melhor aplicados e ensaiados sob compressão Distribuição de freqüência da resistência à fratura de um cimento portland Ensaio mecânico para cerâmicas – flexão em três pontos Comportamento mecânico típico Efeito da porosidade Efeito da porosidade