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Interpretação de Exames Laboratoriais
Exame de Urina
O exame de urina proporciona ao clinico informações preciosas sobre
patologia renal e do trato urinário, bem como sobre algumas moléstias
extras renais. Pela sua simplicidade, baixo custo e pela facilidade na
obtenção da amostra para análise. È o exame de rotina, já utilizado desde a
mais remota antiguidade; talvez aquele a que mais se recorre.
O exame de urina compreende em exame físico, exame químico, exame
microscópico, identificação de cálculos e exame bacteriológico.
Colheita
Para se processar o exame completo de urina, deve ser recolhido o jato
médio, desprezando o que esta no canal da uretra. Esse cuidado é necessário
para se obterem dados quanto à composição quantitativa da urina, como a
eliminação da uréia, cloretos, glicose. Para o exame microscópico do
sedimento urinário, deve-se utilizar urina recentemente emitida ou
conservada em refrigerador.
Para obter a urina de 24h, precede-se da seguinte maneira: esvazia-se a
bexiga a dada hora (oito da manha, por exemplo), desprezando-se essa
micção; daí por diante coleciona-se toda a urina emitida ate o dia seguinte
inclusive à micção das oito horas, (ou da hora que iniciou a colheita do
dia anterior).
A colheita em crianças pode ser feita por meio de coletor de plástico
ou da punção suprapúbica.
EXAME FÍSICO
Volume
A unidade funcional do rim é o néfron, cada rim contém cerca de um
milhão de néfrons. Aproximadamente 1.200 ml de sangue circula nos rins por
minuto e são filtrados. Desde total, aproximadamente 1 ml de urina é
formado por minuto. Cerca de 150 litros do filtrado glomerular são
reabsorvidos pelos túbulos em 24h.
O volume excretado varia com alimentação, com exercícios físicos, com a
temperatura ambiente, e particularmente com o volume de liquido ingerido.
Em crianças a diurese é proporcionalmente maior do que do adulto.
Nas seguintes condições o volume urinário é aumentado (poliúria):
diabetes mellitus, certas afecções do sistema nervoso, amiloidose renal,
rim contraído, emoções, frio e ingestão excessiva de líquidos.
Nota-se diminuição de volume (oligúria): nefrite aguda, febre, diarréia,
vômito, choque, desidratação, nefropatia tubular tóxica, enfarte
hemorrágico do rim, moléstias cardíacas e pulmonares.
Cor
A cor da urina é variável e depende da maior ou menor concentração dos
pigmentos urinários, de medicamentos ou elementos patológicos nela
eliminados e de certos alimentos.
Normalmente tem coloração entre amarelo-citrino e amarelo-avermelhado. O
urocromo é o principal responsável pela cor amarela, e a uroeritrina, pela
vermelha.
Em condições patológicas (estado febril, por exemplo) o teor de
uroeritrina aumenta e a urina torna-se acentuadamente vermelha. As urinas
ácidas em geral são mais escuras do que as alcalinas. Em estados
patológicos a urina pode apresentar diversas colorações.
Os glóbulos vermelhos serão verificados ao microscópio, após
centrifugação, ou mesmo pela sedimentação espontânea. A hematúria de origem
glomerular (glomerulonefrite aguda) jamais apresenta coágulos, ao passo
que, em outros tipos de hematúria, como no traumatismo ou tumor, eles
frequentemente estão presentes. A urina de aspecto leitoso pode resultar da
presença de pus, ou grandes quantidades de cristais de fosfato.
O uso de certos medicamentos (fenazopiridina, pyridium, azul de metileno
e outros) e a ingestão de determinados alimentos como a beterraba, fazem
com que a urina fique vermelha, azul ou outras.
A coloração amarela-esverdeada geralmente é produzida pela presença de
pigmentos biliares, principalmente a bilirrubina.
Aspecto
Geralmente a urina recentemente emitida é límpida. Deixada em repouso
por algum tempo, pode haver formação de pequeno depósito (constituído por
leucócitos) denominado nubécula. Esta é mais acentuada nas mulheres.
As substâncias que mais frequentemente turvam a urina são as seguintes:
fosfatos amorfos, uratos amorfos, pus e germes.
Odor
O cheiro característico da urina recentemente emitida tem sido atribuído
a ácidos orgânicos voláteis que ela contêm. Com o envelhecimento, o cheiro
se torna amonical. Sob a influência de alguns medicamentos a urina adquire
odor particular.
Reação de pH
A reação da urina é verificada pelo papel de tornassol ou outro. A urina
de reação ácida torna o papel tornassol azul de cor vermelha, inversamente
a urina alcalina torna o papel vermelho em azul. Se a cor tanto de um como
o outro não se alterar a reação é neutra.
Densidade
É obtida por meio de densímetros, no caso chamado de urinômetro, de
refratômetro ou mesmo verificada na própria fita.
Interpretação: normalmente a densidade da urina de um nictêmero oscila
entre 1,015 e 1,025. O rim normalmente é capaz de diluir ou concentrar a
urina conforme a ingestão de líquidos, se maior ou menor, podendo a
densidade variar entre 1,001 e 1,030 ou mais.
A densidade da urina varia também em enfermidades extra renais: diabetes
mellitus, diabete insípido e estados febris.
Tornou-se hábito, em nossos meios expressar a densidade da urina em
milhar- 1.015 ou 1.020, por exemplo-quando o correto é 1,015 ou 1,020 (um
vírgula zero quinze ou um vírgula zero vinte).
EXAME QUÍMICO QUALITATIVO
Tiras reagentes
Nos últimos anos, numerosos tipos de tiras reagentes, tem sido
idealizado, objetivando tomar a pesquisa e mesmo a dosagem de elementos da
urina mais rápida, mais simples e mais econômica. Dispensam conhecimentos
teóricos e preparo básico do técnico nos laboratórios de patologia clinica.
Com elas se pesquisam: glicose, corpos cetônicos, bilirrubina,
urobilinogênio, proteína, hemoglobina, determinam pH. Algumas indicam a
densidade, mas com a precisão discutível.
A Boehringer lançou a tira de reagente para detecção de hCG
(gonadotropina coriônica humana) que é o exame de gravidez, na urina, com
sensibilidade, segundo os produtores, de 300 UI de hCG/1 e especificidade
de 99%. Os resultados são obtidos entre cinco e dez minutos.
Há aparelhos computadorizados, que medem a absorbância nas tiras
reagentes e fornecem as diversas taxas dos elementos eliminados na urina.
Tais aparelhos, entretanto, são muito dispendiosos.
Proteína (albumina)
Pelo ácido sulfossalicilico (ASS); com cerca de 5 ml de urina, em tubo
de ensaio, adicionar algumas gotas de solução de acido sulfossalicilico a
20%. O aparecimento de nuvem branca ou de precipitado, também branco,
denuncia a presença de albumina.Cada Interpretação: no estado normal, o
glomérulo impede a passagem das moléculas de proteína para a urina.
Entretanto, diminutas quantidades são eliminadas, parte é reabsorvida pelo
túbulo e pequena porção (na ordem de 100 mg/24 horas; 300 mg, após
exercício físico violento) é eliminada na urina, mas em taxas mínimas não
reveláveis pelos métodos de pesquisa rotineiramente empregados. Na gravidez
normal, pode haver albuminúria; é de pequena intensidade, ocasional e
interminente.
A proteinúria orgânica, é subdividida em:
1) pré-renal; encontrada nos estados febris; na congestão venosa
(insuficiência cardíaca); no mixedema; no mielo múltiplo (proteína Bence
Jones);
2) renal: glomerulonefrite, nefrite lúpica, síndrome nefrótica, toxemia
gravídica, nefropatias tóxicas (por chumbo, fósforo, bismuto);
3) pós renal: (cistite, prostatite, uretrite, infecções da pelve renal
ou dos ureteres). Ocorre em 20 a 30% dos casos de macroglobulinemia (doença
de Waldenstrom).
Glicose/Bilirrubina/Urobilinogênio
Glicose
Vários hidratos de carbono (glicose, lactose, galactose, frutose) podem
ocasionalmente estar presentes na urina. O mais freqüente é a glicose,
constituindo a glicosúria
Pesquisa
Tiras Reagentes: estas tiras fornecem rapidamente o resultado da
pesquisa. Está prova é específica, uma vez que se baseia na ação de uma
enzima (glicoseoxidase) que remove dois íons hidrogênio da molécula da
glicose, com formação de ácido glicônico. A vitamina C em grandes doses
interfere na reação. Os produtores de tiras reagentes fornecem, junto com o
estojo, as instruções e tabela de cores para avaliação do resultado.
Reativo de Benedict: colocar 1,0 ml de reativo de Benedict (qualitativo)
em um tubo de ensaio e, adicionar 0,1 ml de urina. Ferver com auxílio de
bico de gás ou lamparina a álcool por pelo menos 1 minuto. Caso a urina
contenha glicose, processsar-se-á mudança de cor do reativo. Conforme a
coloração obtida, pode-se avaliar aproximadamente o teor de glicose
presente: solução azul (límpida) - 0 de glicose; precipitado esverdeado -
traços de glicose; precipitado amarelado - 10 g de glicose por mil;
precipitado vermelho - 20 g por mil ou mais.
Interpretação: a presença de glicose na urina revelada pela tira
reagente ou pelo reativo de Benedict, denuncia a condição patológica. A
glicosúria persistente indica, na grande maioria dos casos, tratar-se de
diabete sacarino.
Bilirrubina
Tiras Reagentes: a urina deve ser recente. As diversas tiras existentes
no mercado se baseiam na mudança da coloração, quando imergidas rapidamente
na urina.
Interpretação: pelos métodos habituais de pesquisa, a urina normal não
encerra bilirrubina. É oriunda do metabolismo da hemoglobina, formada pelas
células do sistema retículo-histocitário do baço, da medula óssea. Encontra-
se no sangue sob as formas livres (não-conjugada) e combinada (conjugada ao
ácido glicurônico). A bilirrubina é observada quando a bilirrubinemia se
acha acima de 2 mg/dl, à custa da bilirrubina conjugada, e pode ser notada
antes da coloração amarela da pele e mucosas.
Urobilinogênio
Tiras Reagentes: imergir a tira reagente (que é impregnado com p-dimetil-
benzaldeído, produz coloração marrom-avermelhada com urobilinogênio), e
comparar a coloração obtida com a tabela que acompanha as tiras.
Reativo de Ehrlich: colocar 5 ml de urina em um tubo de ensaio,
adicioner 5 ml do reativo. Adicionar 10 ml da solução saturada de acetato
de sódio e misturar. O desenvolvimento da coloração rósea ou vermelha
indica a presença de urobilinogênio ou de porfobilinogênio.
Interpretação: a urina normalmente encerra traços de urobilinogênio, que
rapidamente se oxida para urobilina. A taxa está elevada quando há hemólise
(anemia hemolítica) ou em hepatopatias. Acha-se elevada também na
policitemia, no cisto hemorrágico do ovário, na doença hemolítica
perinatal, em alguns estágios da malária, na insuficiência cardíaca e na
cirrose hepática.
EXAME MICROSCÓPICO
Para proceder ao exame microscópico do sedimento urinário, a urina deve
ser recente; ao contrário, os elementos organizados (cilindros, hemácias,
leucócitos) perdem sua estrutura normal, dificultando ou tornando
impossível a identificação. Se o exame não puder ser feito logo após a
emissão da urina, torna-se necessário adicionar a ela uma substância
conservadora (formol, ácido bórico). Sempre que possível a urina deve ser
mantida no refrigerador até o momento da centrifugação.
Para obtenção do sedimento, mistura-se a mostra de urina, de preferência
a primeira da manhã e coloca-se 10 ml em um tubo cônico, resistente,
levando ao centrigugador, depois de tarado com outro tubo idêntico que
ficará em oposição no aparelho. Centrifuga-se, durante 5 minutos, a cerca
de 1.500 rpm.
Formado o sedimento, por meio de centrigugação, decanta-se o líquido
sobrenadante, agita-se o resíduo que fica no fundo do tubo, tranfere-se
pequena porção para lâmina e recobre com lamínula.
Leva-se a lâmina, assim preparada, ao microscópio e examina-se com luz
reduzida e pequeno aumento para visão de conjunto e, em seguida com
objetiva de 40X, para identificação e contagem dos elementos observados.
COMPOSIÇÃO DO SEDIMENTO
Considerações Importantes:
Coleta: a amostra ideal deve ser coletada após higiene, coletando o jato
médio. Estes cuidados afastam toda fonte de contaminação, objetivando
resultado seguro.
Tempo: a amostra deve ser processada no prazo de 2 horas.
Conservantes: no prazo de 2 horas não é necessário. Em caso de
transporte, ultrapassando este tempo, é aconselhável refrigerar a amostra.
Análise Microscópica
Sua finalidade é detectar e identificar os elementos insolúveis. Esses
elementos incluem: eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, bactérias,
leveduras, parasitas, muco, espermatozóides, cristais e artefatos. Como
alguns não tem significado clínico e outros são considerados normais, a
menos que presentes em quantidades muito grandes, o exame do sedimento
urinário deve compreender tanto a identificação quanto a quantificação dos
elementos encontrados.
Existem diferentes técnicas para a realização do exame e, essas
variações desempenham papel importante na acurácia deste exame, como o
volume da amostra centrifugada, a velocidade e duração da centrifugação, e
quanto tempo até a realização do exame desde que a amostra foi coletada
(quanto mais longo for o tempo de espera, maiores são as chances de
alterações morfológicas no sedimento).
O exame microscópico ainda é um auxiliar valioso no diagnóstico. No
sentido de melhorar sua fidedignidade há a padronização das técnicas, do
aprimoramento do controle de qualidade e da educação constante do pessoal
técnico.
Metodologia
A contagem de Addis, como é chamada, usava um hemocitômetro para contar
o número de hemácias, leucócitos, de cilindros e células epiteliais
presentes em uma amostra. Raramente é usada hoje, pois existem sistemas
comerciais que padronizam o sistema microscópico.
Componentes do Sedimento
O sedimento urinário normal pode conter vários elementos figurados. Até
mesmo a presença de pequeno número de elementos comumente considerados
patológicos, como hemácias, leucócitos e cilindros, podem ser normais. Os
estudantes muitas vezes sentem dificuldade de entender isso, pois
geralmente dá ênfase aos sedimentos anormais e aos que têm grande número de
elementos.
Hemácias
Como as hemácias não podem entrar no filtrado dos néfrons íntegros,
achados de mais que uma hemácia ocasional é considerado anormal. A
existência de hemácias na urina tem relação com lesões na membrana
glomerular ou nos vasos do sistema urogenital. O seu número também ajuda a
determinar a extensão da lesão renal. A observação de hematúria
microscópica pode ser essencial para o diagnóstico de cálculos renais.
Também é preciso considerar a possibilidade de contaminação menstrual em
amostras de urina feminina.
As hemácias aparecem na urina como discos incolores com diâmetro
aproximado de sete mícrons. De todos os elementos do sedimento, são as
hemácias que os estudantes têm maior dificuldade para identificar, devido a
ausência de estruturas características, as variações no tamanho e à grande
semelhança com outros componentes da urina.
Leucócitos
Geralmente são encontrados menos de cinco leucócitos por campo de grande
aumento na urina normal, mas na urina feminina esse número pode ser maior.
Embora os leucócitos, assim como as hemácias, possam passar para a urina
através de uma lesão glomerular ou capilar. O número elevado de leucócitos
na urina é chamado de piúria e indica a presença de infecção ou inflamação
no sistema urogenital.
Entre as causas mais freqüentes de piúria estão as infecções bacterianas,
tais como pielonefrite, cistite, prostatite e uretrite, mas a presença de
leucócitos também pode ser observada em doenças não-bacterianas, como a
glomerulonefrite, o lúpus eritematoso e os tumores.
Os leucócitos são maiores que as hemácias, medindo cerca de doze mícrons
de diâmetro. São mais facilmente observados e identificados porque contêm
grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados.
Células Epiteliais
Não é incomum encontrar células epiteliais na urina, já que elas provêm
do tecido de revestimento do sistema urogenital. A menos que estejam
presentes em grande número ou em formas anormais, representam uma
descamação de células velhas. Na urina, encontram-se três tipos de células
epiteliais, que são classificadas de acordo com seu local de origem.
Células Pavimentosas: são as mais freqüentes e menos significativas.
Provêm do revestimento da vagina e das porções inferiores da uretra
masculina e feminina, podem ser encontradas em grande número nas
amostras de urina de mulheres, colhidas sem usar a técnica de jato
médio estéril.
CélulasTransicionais: originam-se do revestimento da pelve renal, da
bexiga e da porção superior da uretra. São menores que as
pavimentosas, esféricas, caudadas ou poliédricas com núcleo central.
Raramente têm significado clínico, a menos que sua quantidade seja
grande e sua forma anômala.
Células dos Túbulos Renais: são as mais importantes porque, quando sua
quantidade é grande, há indício de necrose tubular. São especialmente
importantes na rejeição do enxerto renal. Sua presença traduz a
existência de doenças causadoras de lesão tubular, entre as quais
pielonefrite, reações tóxicas, infecções virais, rejeição de
transplante e efeitos secundários da glomerulonefrite.
Cilindros
Os cilindros são os únicos elementos exclusivamente renais encontrados
no sedimento urinário. Formam-se principalmente no interior da luz do
túbulo contorcido distal e do ducto coletor, possibilitando a visão
microscópica das condições existentes no interior dos néfrons.
A aparência dos cilindros também é influenciada pelos materiais
presentes no filtrado no momento da sua formação e pelo período de tempo em
que eles permanecem no túbulo.
Cilindros Hialinos: os cilindros mais freqüentes são de tipo hialino.
A presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de pequeno aumento é
considerada normal. Assumem significado clínico quando seu número é
elevado, como é o caso de glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal
crônica e insuficiência cardíaca congestiva.
Cilindros Hemáticos: os cilindros celulares podem conter hemácias,
leucócitos ou células epiteliais. A presença de cilindros celulares
geralmente indica grave doença renal. A existência de cilindros
hemáticos é muito mais específica, indicando que o sangramento provém
do interior do néfron.
Cilindros Leucocitàrios: o aparecimento de cilindros leucocitários na
urina significa infecção ou inflamação no interior dos néfrons. São
refringentes, têm grânulos e, serão visíveis os núcleos
multilobulados.
Cilindros Granulares: é freqüente observar cilindros granulares
grosseiros e finos no sedimento urinário; podem ter significado
clínico ou não. Sua excreção aumenta após estresse e exercício físico
rigoroso.
Bactérias
Normalmente a urina não tem bactérias. No entanto, se as amostras não
forem colhidas em condições estéreis, pode ocorrer contaminação bacteriana
sem significado clínico. As amostras que ficarem à temperatura ambiente por
muito tempo, também pode conter quantidades detectáveis de bactérias, que
representam apenas a multiplicação dos organismos contaminantes.
Leveduras
As leveduras, geralmente Candida albicans, podem ser observadas na urina
de pacientes com diabetes melito e de mulheres com candidíase vaginal. São
facilmente confundidas com hemácias e por isso deve-se observar atentamente
se há brotamentos.
Parasitas
O parasita encontrado com mais freqüência na urina é o Trichomonas
vaginalis, devido à contaminação por secreções vaginais. Esse organismo é
flagelado, sendo facilmente identificado por seu movimento rápido no campo
microscópico. Contudo, quando não se move, o Trichomonas pode parecer um
leucócito.
Espermatozóides
Por vezes encontram-se espermatozóides na urina após relações sexuais ou
ejaculação noturna: não têm significado clínico.
Muco
O muco é um material protéico produzido por glândulas e células
epiteliais do sistema urogenital. Não é considerado clinicamente
significativo e sua quantidade é maior quando há contaminação vaginal.
Microscopicamente, é visto como estruturas filamentosas com baixo índice de
refração, o que exige observação em luz de baixa intensidade.
Cristais Normais
Urina ácida: os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são
os uratos, constituídos por ácido úrico, uratos amorfos e urato de sódio.
Como o nome indica, os uratos amorfos são constituídos por grânulos
castanho-amarelados organizados em grumos. Os cristais de oxalato de cálcio
também são freqüentes na urina ácida e são facilmente reconhecidos como
octaedros incolores em forma de envelope.
Urina alcalina: a maioria dos cristais observados na urina alcalina é
formada por fosfatos, como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato
de cálcio. Os cristais de fosfato triplo são talvez os mais facilmente
identificáveis, porque costumam ser constituídos por prismas incolores
denominados 'tampa de caixão'.
Cristais Anormais
Os cristais anormais mais importantes são: cistina, colesterol, leucina,
tirosina, bilirrubina, sulfonamidas, corantes radiográficos e
medicamentos.A maioria dos cristais anormais tem formas características,
sendo também encontrados em urina ácida ou neutra: existem provas
bioquímicas para sua possível identificação.
Cálculos Renais
O achado de grumos de cristais em urina quente, recém eliminada indica
que existem condições para a formação de cálculos, tendo-se observado
aumento da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos
renais. A análise de cálculos renais excretados é importante no tratamento
do paciente. Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de cálcio, sendo
possível evitar formações futuras através de mudanças da dieta.
Artefatos
Podem ser encontrados contaminantes de todos os tipos de urina,
principalmente nas amostras colhidas em condições impróprias ou em
recipientes sujos. O que mais confunde os estudantes são as gotículas de
óleo e os grânulos de amido (pó de talco), por se parecerem com hemácias.
Manual de Procedimentos
Em cada setor de trabalho deve estar sempre a mão um manual de
procedimentos para aquela parte da análise. Nele deve constar as seguintes
informações para cada procedimento: princípios e objetivo da análise, tipo
de amostra e método de coleta, reagentes, padrões e parâmetros, ajuste dos
instrumentos, normas e cronograma de manutenção dos equipamentos, descrição
de todas as etapas da análise, cálculos, freqüência e tolerância das
aferições, valores normais e críticos, notas específicas, limitações e
validade do método, valores de referência e data.
Resumo
Que o exame de urina pode proporcionar informações preciosas sobre
patologia renal e do trato urinário, bem como sobre algumas moléstias
extras renais;
Que para proceder ao exame microscópico do sedimento urinário, a urina
deve ser recente;
A finalidade do exame microscópico é detectar e identificar os elementos
insolúveis.
Parasitologia
É o estudo dos parasitas ou doenças parasitárias, métodos de diagnóstico
e controle de doenças parasitárias.
A amostra mais utilizada para a pesquisa de parasitas são as fezes,
todavia os parasitas podem estar presentes dentro e sobre todas as partes
do corpo (ex: Plasmodium, Trichomonas).
Parasitos são organismos que vivem em ou sobre um hospedeiro e sobrevive
às suas custas. Os parasitas dividem-se em:
1. Parasitas comensais: não causam efeitos perigosos óbvios ao
hospedeiro. Ex. Piolho.
2. Parasitas patogênicos: podem causar doença severa e morte do
hospedeiro se não houver tratamento. Ex. Malária, Taenia.
3. Parasitas oportunistas: não causam doença em hospedeiros sadios, mas
podem causar doenças severas em pacientes imunodeprimidos.
Os hospedeiros se classificam em:
a) Definitivo: hospedeiro definitivo é o organismo no qual a vida sexual
madura ou a forma adulta do parasita é encontrada;
b) Intermediário: é um organismo que é exigido para completar o ciclo de
vida do parasita.
Os parasitas que infectam o homem se dividem em 3 grupos (protozoários,
helmintos e artrópodes):
a) Protozoários: protos (primeiro) zoon (animal) - São animais simples
destituídos de tecidos e órgãos, mas apesar disso, exercem todas as funções
necessárias às atividades vitais. São constituídos de protoplasma e
organóides. São chamados de organismos unicelulares. Os protozoários
dividem-se conforme o modo de locomoção:
- Amebas: Classe Rhizopoda, movimentam-se pela emissão de pseudópodes
(falsos pés). Ex. Entamoebas, Endolimax e Iodamoebas.
- Flagelados: Classe Mastigophora. Movimentam-se através de flagelos.
Dentre os 3 tipos que se encontram no homem (Giardia intestinalis,
Chilomastix mesnilii e Trichomonas hominis); somente a Giardia é
considerada patogênica.
- Ciliados: O único ciliado que parasita o homem é o Balantidium coli (é
um parasita comum do intestino dos suínos).
Os protozoários patogênicos são: Entamoeba histolytica, Giardia
intestinalis, Trichomonas vaginalis, Balantidium coli, Isospora belli e
Sarcocystis sp.
Os protozoários não patogênicos são: Entamoeba coli, Endolimax nana,
Iodamoeba butschlii, Trichomonas hominis e Chilomastix mesnilii.
b) Helmintos: é o nome comum dos vermes. Os Helmintos se dividem em duas
classes:
I. Filiformes cilíndricos (Nematelmintos) - animais livres de solos
úmidos, aquáticos de água doce ou salgada. Corpo mole, alongado e
segmentado.
- Nematelmintos: dentre os nematelmintos estão: Enterobius vermicularis,
Trichiuris trichiura, Áscaris lumbricóides e Ancilostomídeos.
II. Achatados (Platelmintos) - Animais alongados, vermiformes e
achatados dorso-ventralmente, células diferenciadas em tecidos e órgãos.
- Platelmintos: Os Platelmintos dividem-se ainda em:
a) Trematódeos : Schistosoma mansoni; Fasciola hepatica.
b) Cestódeos: Taenis solium, Taenia saginata, Hymenolepis nana,
Hymenolepis diminuta.
Detectação de Parasitas
Métodos Para Detecção de Parasitas Nas Fezes
Hoffmann
Baseado na sedimentação espontânea das fezes após duas horas. É um
método específico para pesquisa de Schistosoma mansoni, porém por mostrar-
se altamente eficiente também nas pesquisas de protozoários, este método é
amplamente utilizado para a pesquisa dos demais parasitas.
Material necessário
1. Cálice de decantação;
2. Peneira;
3. Gaze dobrada em 4;
4. Água corrente ou destilada;
5. Espátula de madeira (tipo abaixador de língua);
6. Lâmina e lamínula.
Tomar cerca de 4 g de fezes recém emitidas, dissolvê-las no próprio
recipiente de coleta (frasco padrão para coleta de amostra) utilizando um
pouco de água. Transferir o material dissolvido para um cálice de
decantação fazendo filtrar em peneira contendo gaze em 4. Completar até ¾
do volume de água e deixar repousar em superfície firme e livre de
vibrações por no mínimo 2 horas.
Retirar o sedimento com um canudo ou pipeta Pasteur e transferir para
lâmina de vidro adicionando 2 gotas de solução de Lugol e cobrindo com
lamínula. Observar ao microscópio em objetiva de 10x.
Baermann & Moraes
Método baseado no Hidrotermotropismo positivo das larvas de Strogilóides
stercoralis.
Material necessário
1. Estante para Baermann;
2. 2. Tubos de Hemólise;
3. Peneira e gaze;
4. Lâminas e lamínulas;
5. Tubo de látex e pinça de Mohr;
6. Funil;
7. Água aquecida a 45ºC.
Colocar a água aquecida no funil com o tubo de látex vedado pela pinça
de Mohr, quantidade suficiente para tocar a extremidade inferior da peneira
contendo as fezes.
Depositar pequena quantidade de fezes sobre a peneira contendo gaze e
deixar em repouso por 45 a 60 minutos.
Após este tempo, soltar a pinça de Mohr e deixar que o material escorra
para um tubo de hemólise. Centrifugar o material em baixa rotação e
observar o sedimento em objetiva de 10x. Este método é específico para a
pesquisa de larvas de S. stercoralis.
Direto
O método direto é específico para a pesquisa de trofozoítos nas fezes
(forma adulta dos protozoários).
Material necessário
1. Fezes recém emitidas;
2. Lâmina e lamínula de vidro;
3. Espátula de madeira;
4. Solução de NaCl a 0,85%.
Aplicar diretamente na lâmina de vidro pequena quantidade de fezes
frescas fazendo misturar com algumas gotas de solução salina fisiológica,
homogeneizando suavemente. Cobrir com lamínula e observar imediatamente ao
microscópio.
Kato e Stoll
Métodos para contagem de ovos de Helmintos.
Willis (Flutuação em salina saturada)
Essa técnica se baseia na propriedade que alguns ovos de helmintos
apresentam de flutuarem na superfície de uma solução de densidade elevada e
de aderirem ao vidro. Este procedimento é específico para a pesquisa de
ovos de Ancilostomídeos.
1. A solução saturada de cloreto de sódio é feita adicionando
aproximadamente 40g de NaCl a 100mL de água sob aquecimento até o ponto em
que o sal não se dissolva mais na água. A densidade desta solução deve ser
de aproximadamente 1,20g/mL.
2. Colocar uma quantidade de fezes (aproximadamente 2 g) coletadas de
várias partes do bolo fecal em uma pequena cuba contendo uma parte de
solução saturada de cloreto de sódio, dissolver as fezes nesta solução e
acrescentar água até a borda.
3. Colocar sob a borda da cuba uma lâmina de vidro quase tocando a
solução saturada e deixar de 30 a 45 minutos . Após este tempo, inverter a
lâmina rapidamente e observar ao microscópio.
MIF
Método pela centrifugação
Método de sedimentação através do uso de centrífuga. Homogeniza-se as
fezes com MIFC e adiciona-se água destilada. Centrifuga-se durante 5
minutos a 1.500 rpm. Despreza-se o sobrenadante. Para leitura, adiciona-se
1 gota de lugol ao sedimento e através de lãmina e lamínula, faz-se a
pesquisa em 10X e 40X.
Método de sedimentação espontânea
1. Misturar o material fecal fixado pelo MIF.
2. Filtrar a suspensão através de gaze dobrada em 4 e colocar o filtrado
em tubo cônico de sedimentação com capacidade de 125mL.
3. Adicionar água corrente, se necessário, até completar ¾ do volume do
copo cônico . Deixar a suspensão em repouso durante 1 a 2 horas.
4. Decantar com cuidado 2/3 do sobrenadante sem perder o sedimento.
Ressuspender o sedimento com água corrente e deixar em repouso por mais uma
hora.
5. Esse procedimento de lavagem pode ser repetido até que o sobrenadante
fique relativamente claro.
6. Colher o sedimento e depositá-lo em uma lâmina, fazendo a observação
em microscópio.
Teste da fita adesiva (pesquisa de Oxiúrus)
Material necessário
1. Fita de celofane adesiva e transparente (tipo Durex)
2. Toluol (tolueno), Xilol (xileno) ou Iodo-xilol
3. Lâmina para microscopia.
Técnica
1. Colocar um pedaço de fita adesiva transparente em uma espátula de
madeira tipo abaixador de língua com a parte adesiva voltada para fora;
2. Pressionar firmemente a espátula contendo a fita adesiva contra as
pregas anais e perianais;
3. Colar a fita adesiva em lâmina devidamente identificada;
4. No momento da execução do exame, levantar cuidadosamente a fita da
lâmina e pingar uma gota de toluol ou xileno e pressionar novamente a fita
contra a lâmina. A preparação ficará clara ou levemente corada, tornando os
ovos bem visíveis.
Caso o material não seja examinado imediatamente, não acrescentar o
toluol.
Giádiase
Alguns Parasitos de Importância Médica
Aspectos Clínicos
Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a porção superior
do intestino delgado. A infecção sintomática pode apresentar-se através de
diarréia, acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza
crônica, caracterizado por dejeções amolecidas, com aspecto gorduroso,
acompanhadas de fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal.
Anorexia, associada com má absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia.
Não há invasão intestinal.
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Giardia lamblia, protozoário flagelado que existe
sob as formas de cisto e trofozoíto. A primeira é a forma infectante.
Modo de transmissão
Direta: pela contaminação das mãos e conseqüente ingestão de cistos
existentes em dejetos de pessoa infectada;
Indireta: através de ingestão de água ou alimento contaminado.
Diagnóstico Laboratorial
Identificação de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou
identificação de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através aspiração.
Características epidemiológicas
É doença de distribuição universal. Epidemias podem ocorrer,
principalmente, em instituições fechadas que atendam crianças, sendo os
grupos etários mais acometidos menores de 5 anos e adultos entre 25 e 39
anos.
Ascaridíase
Aspectos Clínicos
Doença parasitária do homem, causada por um helminto. Habitualmente, não
causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarréia,
náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes, pode ocorrer quadro
de obstrução intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns
pacientes apresentam manifestações pulmonares com broncoespasmo, hemoptise
e pneumonite, caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com
eosinofilia importante. Quando há grande número de vermes, pode ocorrer
quadro de obstrução intestinal.
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Ascaris lumbricoides, ou lombriga.
Modo de transmissão
Ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou
alimentos contaminados com fezes humanas.
Diagnóstico Laboratorial
O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo,
portanto, necessidade de confirmação do achado de ovos nos exames
parasitológicos de fezes.
Características epidemiológicas
O Ascaris é o parasita que infecta o homem com maior freqüência, estando
mais presente em países de clima tropical, subtropical e temperado. As más
condições de higiene e saneamento básico e a utilização de fezes como
fertilizantes contribuem para a prevalência desta helmintose nos países do
Terceiro Mundo.
Amebíase
Aspectos Clínicos
Infecção causada por um protozoário que se apresenta em duas formas:
cisto e trofozoíto. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar
invasão de tecidos, originando, assim, as formas intestinal e extra-
intestinal da doença. O quadro clínico varia de uma diarréia aguda e
fulminante, de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e
calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal
leve ou moderada, com sangue ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer
períodos de remissão. Em casos graves, as formas trofozoíticas se
disseminam através da corrente sangüínea, provocando abcesso no fígado (com
maior freqüência), nos pulmões ou no cérebro. Quando não diagnosticadas a
tempo, podem levar o paciente ao óbito.
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Entamoeba hystolytica.
Modo de transmissão
Ingestão de alimentos ou água contaminados por dejetos, contendo cistos
amebianos. Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato
oral-anal.
Diagnóstico Laboratorial
Presença de trofozoítos ou cistos do parasito encontrados nas fezes; em
aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia;
aspirados de abcessos ou cortes de tecido. Quando disponíveis, podem ser
dosados anticorpos séricos que são de grande auxílio no diagnóstico de
abcesso hepático amebiano. A ultrassonografia e tomografia axial
computadorizada são úteis no diagnóstico de abcessos amebianos.
Características epidemiológicas
Estima-se que mais de 10% da população mundial está infectada por E.
histolytica, espécie patogênica. Em países em desenvolvimento, a
prevalência da infecção é alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar
o parasito durante 12 meses. Infecções são transmitidas por cistos através
da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se
transformam em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação de
cistos no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos. Sua ocorrência
está associada com condições inadequadas de saneamento básico.
Estrongiloidíase
Aspectos Clínicos
Doença parasitária intestinal, freqüentemente assintomática. As formas
sintomáticas apresentam inicialmente alterações cutâneas, secundárias à
penetração das larvas na pele e caracterizadas por lesões urticariformes ou
maculopapulares, lesão serpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva
currens). A migração da larva pode causar manifestações pulmonares, como
tosse seca, dispnéia ou broncoespasmo e edema pulmonar (Síndrome de
Löeffer). As manifestações intestinais podem ser de média ou grande
intensidade, com diarréia, dor abdominal e flatulência, acompanhadas ou não
de anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica, que pode simular quadro de
úlcera péptica. Os quadros de estrongiloidíase grave (hiperinfecção) se
caracterizam por: febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos,
diarréias profusas, manifestações pulmonares (tosse, dispnéia e
broncoespasmos e, raramente, hemoptise e angústia respiratória).
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - O helminto Strongiloides stercoralis.
Modo de transmissão
As larvas infectantes (filarióides), presentes no meio externo, penetram
através da pele, no homem, chegando aos pulmões, traquéia, epiglote,
atingindo o trato digestivo, via descendente, onde se desenvolve o verme
adulto. Nesse local, são liberadas larvas rabditóides (não infectantes),
que saem através das fezes e podem evoluir, no meio externo, para a forma
infectante ou para adultos de vida livre, que, ao se acasalarem, geram
novas formas evolutivas. Pode ocorrer, também, auto-endoinfecção, quando as
larvas passam a ser filarióides no interior do próprio hospedeiro, sem
passar por fase evolutiva no meio externo. Auto-exoinfecção ocorre quando
as larvas filarióides são transformadas na região anal ou perianal, onde
novamente penetram no organismo do hospedeiro.
Diagnóstico Laboratorial
Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico através do Baerman-
Morais. Em casos graves, podem ser utilizados testes imunológicos, como
ELISA, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta. O estudo
radiológico do intestino delgado auxília o diagnóstico.
Diagnóstico diferencial
Ascaridíase, giardíase, ancilostomíase, pneumonia, urticária,
colecistite, pancreatite, eosinofilia pulmonar tropical. A larva currens
deve ser diferenciada da larva migrans, que é causada pela larva do
Ancylostoma brasiliensis e caninum.
Características epidemiológicas
A doença ocorre mais em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, há
variação regional em função da idade, diferenças geográficas e sócio-
econômicas. Os estados que mais freqüentemente diagnosticam são Minas
Gerais, Amapá, Goiás e Rondônia.
Esquistossomose Mansônica
Aspectos Clínicos
A maioria das pessoas infectadas pode permanecer assintomáticas
dependendo da intensidade da infecção; a sintomatologia clínica corresponde
ao estágio de desenvolvimento do parasito no hospedeiro, podendo ser
dividida em:
1. Dermatite Cercariana: corresponde à fase de penetração das larvas
(cercárias) através da pele. Varia desde quadro assintomático até a
apresentação de quadro clínico de dermatite urticariforme, com erupção
papular, eritema, edema e prurido, podendo durar até 05 dias após a
infecção.
2. Esquistossomose Aguda ou Febre de Katayama: após 3 a 7 semanas de
exposição pode aparecer quadro caracterizado por febre, anorexia, dor
abdominal e cefaléia. Ao exame físico pode ser encontrado hepato-
esplenomegalia. Laboratorialmente, o achado da eosinofilia elevada é
bastante sugestivo quando associado a dados epidemiológicos.
3. Esquistossomose Crônica: esta fase inicia-se a partir dos 06 meses
após a infecção, podendo durar vários anos. Nela, podem surgir os sinais de
progressão da doença para diversos órgãos, podendo atingir graus extremos
de severidade como: hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de
varizes do esôfago. Apresenta-se por qualquer das seguintes formas:
a) Tipo I ou Forma Intestinal: caracteriza-se por diarréias repetidas
que podem ser muco-sangüinolentas, com dor ou desconforto abdominal. Porém,
pode apresentar-se assintomática.
b) Tipo II ou Forma Hepatointestinal: caracterizada pela presença de
diarréias e epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta
hepatomegalia, podendo-se notar, à palpação, nodulações que correspondem a
áreas de fibrose decorrentes de granulomatose peri-portal ou fibrose de
Symmers, nas fases mais avançadas dessa forma clínica.
c) Tipo III ou Forma Hepatoesplênica Compensada: caracterizada pela
presença de hepato-esplenomegalia. As lesões perivasculares intra-hepáticas
são em quantidade suficiente para gerar transtornos na circulação portal,
com certo grau de hipertensão que provoca congestão passiva do baço.
d) Tipo IV ou Forma Hepatoesplênica Descompensada: inclui as formas mais
graves de Esquistossomose mansônica, responsáveis pelo obituário por essa
causa específica. Caracteriza-se por fígado volumoso ou já contraído pela
fibrose perivascular, esplenomegalia avantajada, ascite, circulação
colateral, varizes do esôfago, hematêmese, anemia acentuada, desnutrição e
quadro de hiperesplenismo.
" "
Aspectos Epidemiológicos
A Esquistossomose Mansônica é uma endemia importante no Brasil, causada
por parasito trematódeo Schistosoma mansoni, que requer caramujos de água
doce, parada ou com pouca correnteza, como hospedeiros intermediários para
completar o seu ciclo de desenvolvimento. A magnitude de sua prevalência e
a severidade das formas clínicas complicadas confere à Esquistossomose uma
grande transcendência. No entanto, é uma endemia de fácil manejo e
controlável, com grau de vulnerabilidade satisfatório para as ações de
saúde pública.
Agente Etiológico: Schistosoma mansoni, cuja principal característica é
o seu dimorfismo sexual quando adulto.
Reservatório
O homem é o reservatório principal. No Brasil, foram encontrados
naturalmente infectados alguns roedores, marsupiais, carnívoros silvestres
e ruminantes. Ainda não está bem definida a participação desses animais na
transmissão da doença.
Hospedeiros Intermediários: a transmissão da doença numa região depende
da existência dos hospedeiros intermediários que, no Brasil, são caramujos
do gênero Biomphalaria. A B. glabrata é o vetor mais importante. Sua
distribuição abrange os estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal,
Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro,
São Paulo e Sergipe. A B. tenagophila é freqüentemente sulina, sua
distribuição atinge os estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal,
Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio
Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. A B.
straminea tem distribuição mais extensa, e está presente em todos os
sistemas de drenagem do território brasileiro, sendo a espécie importante
na transmissão da esquistossomose no Nordeste do Brasil. Ocorre nos estados
do Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Ceará, Espírito Santo,
Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro,
São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Modo de Transmissão
Os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado
(homem). Na água, estes eclodem, liberando uma larva ciliada denominada
miracídio, a qual infecta o caramujo. Após 4 a 6 semanas, abandonam o
caramujo, na forma de cercária que ficam livres nas águas naturais. O
contato humano com águas infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o
indivíduo adquire a esquistossomose.
Diagnóstico Laboratorial
O diagnóstico laboratorial é feito mediante a realização do exame
parasitológico de fezes, preferencialmente, através do método Kato-Katz.
Testes sorológicos não possuem sensibilidade ou especificidade suficiente
para aplicação, na rotina. A ultrassonografia hepática é de auxílio no
diagnóstico da fibrose de Symmers. A biópsia retal ou hepática, apesar de
não estar indicada para utilização na rotina, pode ser útil em casos
suspeitos, na presença de exame parasitológico de fezes negativo.
Diagnóstico Diferencial
A forma intestinal pode ser confundida com amebíase, gastroenterite, ou
outras causas de diarréia. As formas mais graves devem ser diferenciadas de
leishmaniose visceral, febre tifóide, linfoma e hepatoma.
Ancilostomíase
Aspectos Clínicos
Infecção intestinal causada por nematódeos, que pode apresentar-se
assintomática, em caso de infecções leves. Em crianças com parasitismo
intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e
mental. Com freqüência, dependendo da intensidade da infecção, acarreta
anemia ferropriva. Também conhecida como: Amarelão, opilação, doença do
Jeca Tatu.
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Ancylostoma duodenale e Necator Americanus.
Modo de transmissão
Os ovos que estão nas fezes são depositados no solo onde se tornam
embrionados. Em condições favoráveis de umidade e temperatura, as larvas se
desenvolvem até chegar ao 3º estágio, tornando-se infectantes em um prazo
de 7 a 10 dias. A infecção nos homens se dá quando essas larvas infectantes
penetram na pele, geralmente pelos pés, causando uma dermartite
característica. As larvas de A. caninum morrem dentro da pele e produzem a
larva migrans cutânea. As larvas dos outros ancilóstomos, após penetrarem
através da pele, passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sangüínea
e nos pulmões penetram nos alvéolos. Daí, migram para a traquéia e faringe,
são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se fixam, atingindo a
maturidade ao final de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de ovos
por dia.
Diagnóstico Laboratorial
Em geral, clínico devido ao prurido característico. O diagnóstico
laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de
fezes, através dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também,
a contagem de ovos pelo Kato-Katz.
Características epidemiológicas
Distribuição universal. No Brasil, predomina nas áreas rurais, estando
muito associada a áreas sem saneamento e cujas populações têm como hábito
andar descalças.
Enterobíase
Aspectos Clínicos
Infecção intestinal causada por helmintos. Pode cursar assintomática ou
apresentar, como característica principal, o prurido retal, freqüentemente
noturno, que causa irritabilidade, desassossego, desconforto e sono
intranqüilo. As escoriações provocadas pelo ato de coçar podem resultar em
infecções secundárias em torno do ânus, com congestão na região anal,
ocasionando inflamação com pontos hemorrágicos, onde encontram-se
freqüentemente fêmeas adultas e ovos (Oxiuríase).
Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Enterobius vermicularis, nematódeo intestinal.
Modo de transmissão
São diversos os modos de transmissão:
a) Direta: do ânus para a cavidade oral, através dos dedos,
principalmente nas crianças, doentes mentais e adultos com precários
hábitos de higiene.
b) Indireta: através da poeira, alimentos e roupas contaminados com
ovos.
c) Retroinfestação: migração das larvas da região anal para as regiões
superiores do intestino grosso, onde se tornam adultas. Os ovos se tornam
infectantes poucas semanas após terem sido colocados na região perianal
pelas fêmeas grávidas, que migram ativamente do ceco e porções superiores
do cólon até a luz do reto e daí para a região perianal, onde fazem a
ovoposição.
Diagnóstico Laboratorial
Em geral, clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico
laboratorial reside no encontro do parasito e de seus ovos. Como
dificilmente é conseguido nos parasitológicos de fezes de rotina, sendo
achado casual quando o parasitismo é muito intenso, deve-se pesquisar
diretamente na região perianal, o que deve ser feito pelo método de Hall
(swab anal) ou pelo método de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita
na região anal, seguida de leitura.
Características epidemiológicas - Distribuição universal, afetando
pessoas de todas as classes sociais. É uma das helmintíases mais freqüentes
na infância, inclusive em países desenvolvidos, sendo mais incidente na
idade escolar.
Resumo: são vários os Métodos Para Detecção de Parasitas Nas Fezes;
Que os diferentes parasitos possuem característica próprias, porém a
transmissão está, na maioria da vezes, relacionada a falta de higiene.
HEMATOLOGIA
Hemograma: avaliação qualitativa e quantitativa das células sanguíneas.
Partes que compõe o hemograma:
- Eritrograma (serie vermelha): Número de eritrócitos
- hematócrito: %
- hemoglobina: g %
- Leucograma (serie branca): número de leucócitos
- citologia diferencial % - Bastonetes
- Segmentados
- Eosinófilos
- Linfócitos
- Monócitos
- Plaquetas: normal, aumentado ou diminuído. Não faz parte do hemograma
completo.
Tipos de alterações que podemos encontrar:
Anemia
Leucemia
Processo infeccioso
Virose
Campo de trabalho:
Hemoglobinopatias - Hemoglobinas anormais
Coagulação
Leucemias
SANGUE
- Definição:
Tecido fluído, que circula por todos os tecidos do organismo.
- Composição:
- sólido (45%) - elementos figurados (glóbulos vermelhos, glóbulos
brancos e plaquetas).
- líquido (55%) - plasma (água, proteínas, albumina, globulina,
fibrinogênio), Na+, K+, Ca++, cloreto, bicarbonatos e lipídeos.
Tecidos hematopoiéticos:
Tecido mielóide: produz glóbulos vermelhos, plaquetas e granulócitos.
Tecido linfóide: produz linfócitos T e B.
Sistema Retículo Endotelial ou sistema histocitário: produz monócito.
Órgão hematopoiéticos:
Medula óssea: Tecido linfóide (linfócitos).
- tecido mielóide (glóbulos vermelhos, granulócitos e plaquetas).
- SRE: monócitos.
Órgãos linfóides:- baço (maior acumulo de tecido linfóide no
organismo);
- timo (linfócito T);
- Amídalas, linfonodos ou gânglios linfáticos.
Hemopoese: é o processo pelo qual se formam as células sanguíneas.
Fases da hemopoese:
Período embrionário (7º semana de vida ao 4º mês);
Período hepato-esplênico (4º ao 7º mês de vida fetal);
Período celular: a partir do 7º mês.
Tipos de M.O:
- Criança: medula vermelha - todos os ossos produzem células sanguíneas.
- Adulto: medula amarela - somente ossos chatos produzem células
sanguíneas (externo chato).
- Idosos: medula fibrosa-medula substituída por tecido fibroso.
Compartimentos da hemopoese:
Compartimento de células primitivas: são células pluripotentes, capaz
de se dividir, se comprometer e amadurecer dando origem a todos os
tipos de célula sanguínea.
Em mitose podem gerar duas células diferentes:
uma idêntica a célula mãe.
e outra a célula comprometida.
Compartimento de células primitivas:
CFU (unidade formadora de colônias) e, CSF(fator estimulante de
colônias);
Compartimento das células diferenciadas:
Primeira célula morfologicamente identificada (Proeritoblasto,
Mieloblasto, Megacarioblasto e Linfoblasto)
Compartimento de células circulares (células maduras)
Fatores estimulantes.
Fatores inibidores.
Fatores estimulantes sintéticos.
Eritropoese
Eritron: eritrócitos circulantes + células precursoras
Etapas de diferenciação celular:
Medula óssea:
Proeritroblasto
Eritroblasto basófilo
Eritroblasto policromatófilo
Eritroblasto ortocromático
Sangue periférico:
Reticulocito
Eritrócito ou hemácia
Fatores nutricionais que atuam na eritropoese:
Ferro
Distribuição de ferro no organismo
Compartimento funcional
Compartimento de transporte
Compartimento de depósito
Vitamina B12
Folatos
Tempo de vida da hemácia:
O tempo de vida da hemácia é de 100 a 120 dias, com o envelhecimento
das hemácias, o baço retira e degrada aproveitando o que interessa, ou
seja, o ferro.
Hemoglobina
Função da hemoglobina:
Transporte de oxigênio
Facilitar volta de CO2 aos pulmões
Transportar glicose
Transportar H sob forma de Hemoglobina
Alterações dos eritrócitos:
Quanto ao tamanho:
Anisocitose
Macrocitose: hemàcia maior que o tamanho normal
Microcitose: hemàcia menor que o tamanho normal
Normocitose: hemàcia com tamanho normal
Quanto a cor:
Hipocromia: hemácia pouco corada
Hipercromia: hemácia muito corada
Normocromia: hemácia de cor normal
Policromatofilia: hemácia azul acizentada.
Quanto a forma:
Foice
Eliptócito
Esferócito
Hemácia em alvo
Dacriócito
Acantócito
Hemácia crenada ou eqüinócito
Queratócito
Esquizócito
Estomatócito
Quanto a presença de inclusões:
Corpúsculo de Howell- Jolly
Ponteado basofilo
Anel de Cabot
Corpos de Heinz
Siderossomos
ANEMIA
É a diminuição da taxa de hemoglobina abaixo dos níveis mínimos. Segundo
a CMS, anemia é todo homem cuja a hb esteja abaixo de 13 g% e toda mulher
cuja hb esteja abaixo de 12 g%.
É a diminuição da capacidade do sangue de transportar oxigênio.
CLASSIFICAÇÃO ETIOPATOGÊNICA
Anemia por deficiência de produção de eritrócito:
Deficiência de alimentos essenciais:
- ferro
- acido fólico
- vitamina B12
Deficiência de eritroblasto:
"Anemia por Deficiência de Produção "
ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE PRODUÇÃO
Anemia Ferropriva
Atinge preferencialmente as mulheres em idade fértil e em crianças,
sendo mais rara em homens.
O ferro esta presente em todas as células que o utilizam para suas
funções. Ao nascimento a criança recebe 300 mg da mãe.
Na anemia ferropriva há um balanço negativo de ferro, isto é, a ingestão
desse
alimento não esta sendo o suficiente para repor a necessidade do organismo.
Mecanismos que levam a deficiência de ferro:
" Aumento da necessidade na gravidez; (2º e 4º mês deve-se fazer
reposição para alimentar mãe e filho).
" Mulheres; excesso de menstruação leva a carência de ferro;
" Problemas gástricos; perda de sangue lentamente, esvazia o deposito
(ex: carcinoma, úlcera).
" Má absorção de ferro na alimentação; parasitas intestinais não há
absorção de ferro.
" Dieta pobre em ferro.
Quadro clinico:
" Tontura (falta de oxigênio no cérebro).
" Taquicardia (para compensar a falta de ar).
" Falta de apetite;
" Cansaço;
Diagnostico laboratorial:
" Hemograma
- HB;
- HT geralmente acompanhado de CHCM e VCM menor que o normal.
" O numero de hemácias pode ser normal, pouco ou muito ;
" Microcitose e hipocromia;
Tratamento:
"Sulfato ferroso, após a 3º e 4º semana começa a aumentar a hemoglobina
e deve-se permanecer o tratamento após a 4º semana, para manter o depósito.
Anemia megaloblástica
Ocorre por alteração na síntese de DNA, por células precursoras da MO.
Quantidades normais de vitamina B12 e de acido fólico são necessárias para
a síntese normal do DNA na eritropoese.
Esse defeito de síntese de DNA confere as células precursoras
(eritroblastos e granulócitos) à aparência megaloblastica: células
gigantes, com cromatina reticulada e delicada.
Deficiência de vitamina B 12:
Por falta de fatores intrínsecos.
- Anemia perniciosa;
- gastrectomia.
Má absorção intestinal
Outras causas
- gravidez;
- dieta vegetariana.
Deficiência de ácido fólico:
Má absorção intestinal
- alcoolismo (parte do ácido fólico fica armazenado no fígado);
- anticonvulsivantes.
Aumento da necessidade
- gravidez;
- anemia hemolítica;
- síndrome mielo e linfoproliferativo;
- neoplasia de modo geral.
Diagnostico laboratorial das anemias megaloblásticas:
Hemograma
- ocorre gigantismo celular de granulócitos e eritrócitos que são
células produzidas no MO. As plaquetas estão extremamente aumentadas.
- VCM 110 – 115
- anomalias de núcleo;
- hemácias macrocíticas e núcleo hipersegmentados.
Mielograma
- feito quando não consegue chegar ao diagnostico, as células estão
aumentadas (gigantismo células).
- Anemia aplástica ou aplasia medular
Origem: alteração na célula mãe ('stem cells') ou dos fatores
reguladores de eritropoese (TNF, INF, eritropoetina)
Quadro clinico:
Anemia: por diminuição de eritrócitos
Síndrome hemorrágica: por diminuição de plaquetas.
Síndrome infecciosa: diminuição de granulócitos.
Anemia medular adquirida
1. Idiopática
2. Secundária
- uso indiscriminado de medicamentos,
- tóxicos: benzeno, inseticidas,...
- infecções
- causas imunológicas
Anemia medular constitucional (hereditária)
Doença rara; anemia de Fanconi (o paciente nasce com stem cells lesada),
defeito genético, pouca ou nenhuma capacidade de proliferação.
Diminuição de células, estrutura óssea deformada, clinicamente visível.
Diagnostico:
Hemograma
- leucócitos: 1.000 - 2.000
- plaquetas: 5.000 - 10.000
- pancitopenia: diminuição das 3 séries: eritrócitos, leucócitos e
plaquetas.
- as hemácias são normocrômicas e normocìticas, o problema é na
proliferação celular e diminuição no número de hemácias.
Mielograma
- por medicamentos
- hereditárias
Tratamento:
Sintomático
- adquiridas: retirar a causa
- transfusão de hemácias e plaquetas
Para casos irreversíveis
- transplante de MO
Defeito de membrana
ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA
Doença genética em que o individuo nasce com deficiência de espectrina
(que dá flexibilidade na membrana do eritrócito). Ocorre grande numero de
esferócitos, que tem forma esférica e é facilmente destruído - células com
resistência baixa e alta fragilidade - são retiradas da circulação pelo
baço.
- Diagnóstico
Hemograma
esferócitos: ++ ou +++
policromasia: por aumento de reticulocito
eritroblasto circulante (sangue periférico)
Teste de Fragilidade Osmótica ou Resistência Osmótica
Tratamento:
" O indivíduo tem esplenomegalia e há melhora do quadro com
esplenomectomia, mas o baço não pode ser retirado antes de 7 anos, pois é
um órgão de defesa com grande quantidade de tecido linfóide.
ELIPTOCITOSE OU OVALOCITOSE HEREDITÁRIA
Deficiência de espectrina e pontos da banda 4-1, estes pacientes
sobrevivem menos do que aqueles com deficiência apenas de espectrina. A
maioria dos casos são heterozigotos e a doença passa despercebida.
O problema é pai e mãe heterozigotos, cujo filho pode ser homozigoto,
que tem anemia hemolítica intensa.
- Diagnóstico (Hemograma)
Hemácias ovalocíticas e discreta policromasia.
Déficit enzimático (enzimopatias)
DEFICIÊNCIA DA G6PD (GLICOSE 6 FOSFATO DESIDROGENASE)
Enzima que atua no metabolismo anaeróbico da glicose, responsável pela
conversão da glicose em glicose 6 P. Tem alta incidência em C.G 2%.
É ligada ao cromossomo X - mulheres portadoras e só acomete os homens.
Quando o homem entra em contato com sulfas, ocorre grande formação de
metahemoglobina, porque não tem NADPH e glutation para reduzir o ferro. As
metahemoglobinas são instáveis e ocorre a formação de heme + globina. As
globinas precipitam na membrana do eritrócito e formam os corpúsculos de
Heinz, que quando passam pelo baço são destruídas.
Hemoglobinopatias (ver adiante)
Anemia sideroblástica
Defeito na síntese da porfirina, que entra na produção do heme: as
enzimas vão estar alteradas e portanto as Hb vai estar alterada. O
individuo tem excesso de ferro nas células de depósitos - os eritroblastos
com granulações de ferro são conhecidos como sideroblastos. O ferro não
está sendo utilizado, ocorre aumento de ferro, que deposita na membrana do
eritroblasto na medula óssea.
Diagnóstico (Hemograma):
Presença de ponteado basófilo.
Hipocromia e microcitose
Outras:
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA (HPN)
É um defeito de membrana. A hemólise ocorre durante a noite e aparece Hb
na urina, pois são liberadas em grande quantidade e a hemopexina e a
haptoferrina não fica complexada Hb. Urina cor de coca-cola devido a
hemoglobinúria, o exame de urina apresenta Hb e não necessariamente
hemácia.
Diagnostico:
Hemograma: alteração de forma, tamanho e policromasia ( de
reticulócitos). A MO manda eritrócitos para tentar repor. Plasma:
sempre ictérico.
Teste específico: teste de HAM - coloca-se hemácias do paciente com
soro normal (que tem c´) se a hemácia for sensibilizada ocorre a
hemólise. Este teste fecha o diagnóstico.
EXTRACORPUSCULARES
Anemias hemolíticas imunológicas
Por Ac:
Auto imunes
- tem sempre doença de base, o organismo produz Ac contra as hemácias
Ex: lupus, produz Ac contra nucleoproteínas de leucócitos e Ac anti-
hemácias (auto-Ac) - hemólise.
- teste de Coombs direto: Ac ligadas diretamente à hemácias, que são
reconhecidos por anti-Ig humanos do soro de Coombs - teste +.
Provocado por drogas:
Anemias hemolíticas não imunológicas.
Causa mecânica:
Válvulas do coração mal colocadas.
Causa infecciosa:
Malária;
Clostridium.
ANEMIA POR PERDA DE SANGUE
Hemorragia aguda:
Perda súbita de sangue, deve repor rapidamente para evitar o choque.
Hemorragia crônica:
úlceras e tumores intestinais; menstruação abundante.
Diagnostico laboratorial de anemias hemolíticas
dosagem de bilirrubinas principalmente a indireta).
Teste de Coombs direto ou teste de antiglobulina.
Dosagem de enzimas eritrocitárias (G6PD)
Eletroforese de hemoglobina.
Teste de HAM.
Pesquisa de corpúsculoS de Heinz.
Teste de fragilidade osmótica dos eritrócitos.
Reação de Perls.
Contagem de reticulócitos.
HEMOGLOBINOPATIAS
São doenças de origem genética que aparecem devido a mutação dos genes
α, β, γ e δ, responsáveis pelo síntese da globina.
Causas que provocam Hb anormais:
Mutação por substituição de A.A.
Síntese desregulada da cadeia.
Hemoglobina S
A primeira Hb anormal descrita é a Hb S - na cadeia β, na sexta posição,
o acido glutâmico é substituído por valina, que muda toda estrutura da
molécula. Essa nova Hb produzida tem a propriedade de se polimerizar -
formar cristais de HbS. Esses cristais alteram a forma da hemácia, dando
a forma de foice, devido os cristais, alongados, que esticam as hemácias.
Os maiores índices são na África.
Homozigoto (SS)
Essas hemácias falcizadas arrebentam, liberam muita Hb e,
consequentemente, produz muita bilirrubina (ictérico).
Diagnostico laboratorial:
Hemograma:
- hemácias em foice: +++;
- hemácias em alvo: +;
- policromasia;
- eritroblastos;
- corpúsculo de Howell-Jolly;
- ponteado basófilo.
Diagnostico principal:
- eletroforese de Hb
Prova de falcizaçao de hemácias
Prova de solubilidade.
Heterozigoto (AS)
Chamado estigma falciforme ou traço falciforme - assintomático -
problema porque 2 portadores tem 25% de chance do filho nascer com anemia
falciforme.
Diagnostico laboratorial:
Hemograma:
- hemácias em alvo;
- policromasia (discreta).
Eletroforese de Hb:
- identifica fração A e S
Prova de falcização
Prova de solubilidade.
Tratamento preventivo:
Evitar água fria, bebida gelada
Evitar nadar
Não tomar anestesia sem oxigênio
Manter-se bem hidratado
Duplo Heterozigoto (Hb S/Hb C)
Perfil menos grave, mas doente.
Diagnostico laboratorial:
Alterações da morfologia eritrocitária
- células falcizadas, em alvo, hipocromia, policromasia, eritroblastos e
corpúsculos de Howell-Jolly
Hb = 7-9 g%
Ht = 18 - 30 g%
Eletroforese de Hb em pH alcalino (8,0 - 9,0)
Eletrofose em pH ácido (diferenciação)
Prova de falcização das hemácias (S é a única que falciza)
Teste de solubilidade de Hb S
Reticulócitos: 5 - 30 %
Tipos de Hemoglobinas
Hemoglobina C
Maior incidência na África. Na cadeia β, na sexta posição, o acido
glutâmico é substituído por um lisina. Essa nova Hb formada é diferente da
normal, mas não tão grave como SS.
Hemoglobina D
A substituição também ocorre na cadeia β, na posição 121, o ácido
glutâmico é substituído pela glicina.
Hemoglobina E - Na cadeia β, 26º posição o ácido glutâmico é substituído
por uma lisina.
Hemograma:
Pode ocorrer hemácias em alvo
Discreta policromasia
Eletroforese de Hb (prova de identificação)
SERIE BRANCA
- Hemograma;
- Eritrograma;
- contagem de hemácias;
- Ht;
- Hb;
- Leucograma;
- leucócitos;
- alterações celulares.
Hemograma
Fatores que interferem na sua interpretação:
Falta de uma sistematização organizada no trabalho.
-identificação;
- ordem;
- troca de material;
- pressa (afobação).
Manuseio violento:
- espuma;
- hidrólise;
- microcoágulos;
Local da colheita.
- lóbulo da orelha;
- superfície das palmas dos dedos ou calcanhar, o sangue deve fluir
espontaneamente.
Preparo e limpeza do material.
- sujeira química ou biológica.
Execução tardia dos determinantes
Condições da colheita:
- conforto físico;
- conforto psicológico;
- condições clínicas do paciente no leito.
Causa de erro na contagem de glóbulos:
1. Falta de homogeneização do sangue diluído.
2. Presença de coágulos; mistura insuficiente com anticoagulante.
3. Problemas de bolhas da diluição.
4. Inclinação da câmara de newbauer ou presença de bolhas nos
retículos.
Causa de erro na determinação do Ht e Hb:
1. Falta de hemogeneização do material.
2. Formação de espuma ou hemólise.
3. Força centrífuga insuficiente.
4. Calibração e falta de controle na dosagem de Hb.
5. Excesso de anticoagulante.
Causa de erro na contagem especifica:
1. Esfregaços espessos.
- falsa linfocitose
– monocitopenia
- Microcoágulos.
- linfocitose
– neutropenia
3. Esfregaço muito fino.
- leucócitos prejudicados
- alteração morfológica das hemácias
4. Lâminas engorduradas.
- má distribuição dos leucócitos
MORFOLOGIA DOS LEUCÓCITOS
Mieloblasto:
- Núcleo: núcleo grande contendo cromatina fina e pontilhada, 2 ou mais
nucléolos delineados pela cromatina circundante.
- Citoplasma: intensamente basófilo e não tem borra clara ao redor do
nucléolo.
Promielócito:
- Núcleo: grande, quase sempre se posiciona na periferia da célula e
apresenta cromatina frouxa, pode ou não apresentar nucléolo.
- Citoplasma: basófilo e apresenta granulações primárias.
Mielócito:
- Núcleo: freqüente excêntrico, a cromatina se evidencia e há
aglomeração e os nucléolos ficam menos distintos.
- Citoplasma: fraca basofilia e leve acidofilia.
Metamielócito:
- Núcleo: a cromatina dispõe-se em grossos aglomerados e esta condensada
perifericamente.
- Citoplasma: nesta fase as características dos granulócitos maduros
apresentam acidofilia e as granulações específicas.
Bastonete:
- Núcleo: alongado como salsicha ou recurvado, cromatina intensamente
aglomerada.
- Citoplasma: roxo com granulações finas de cor.
Segmentado:
- Núcleo: tem aglomerações grossas e esta segmentada em dois ou mais
lobos.
- Citoplasma: acidófilos e granulações específicas.
Eosinófilo
- Núcleo: maduro, possui normalmente dois lobos.
- Citoplasma: possui granulações especificas menos numerosos e bem
maiores do que os neutrófilos.
Linfoblasto
- Núcleo: normalmente a cromatina apresenta frouxa e com os nucléolos
possui uma zona clara em torno de núcleo.
- Citoplasma: basófilo.
Linfócito
- Núcleo: cromatina condensada, redondo, relativamente grande com
relação ao citoplasma.
- Citoplasma: basófilo.
GENERALIZAÇAO
Células jovens:
- cromatina frouxa.
- citoplasma basófilo.
Células maduras:
- cromatina condensada.
- acidofilia no citoplasma.
Neutrófilos
- grânulos: lisossomos
- funções: fagocitose, quimiotaxia e morte bacteriana.
Causa de leucocitose com neutrofilia:
- inflamações
- intoxicações
- septicemia
- infecção grave
- destruição tecidual
- predomínio de células jovens
- intoxicação por veneno
- problema fisiológico: gravidez, frio, calor, stress.
- desvio a esquerda: em infecções graves os granulócitos são lançados à
circulação.
- infecções metabólicas e químicas.
- Causa de leucopenia com neutropenia:
- infecciosa: - febre tifóide, viroses, malaria, septicemia;
- imunológicas: LES;
- hematológica: agranulocitose, aplasia tóxica medular;
- medicamentos: antibióticos (TT, cloranfenicol), analgésicos.
Eosinófilos
Grânulos maiores e menos numerosos que os neutrófilos.
Funções: - está no processo de distribuição de algumas parasitoses.
- participam nas reações de defesa humoral do tipo imunológica contra
corpos estranhos e principalmente contra proteínas induzidas no organismo.
Leucocitoses Eosinofílicas:
- parasitose intestinal ou de pele
- alergias
- radiação
- infecção
- doença dermatológica: pênfigo, eczema, psoríase
Basófilos
Grânulos grandes, poucos numerosos e ricos em mucopolissacarídeos
ácidos.
Funções: tem receptores para IgE e estão envolvidas com fenômenos de HPS
Leucocitose Basofílicas
- reação alérgica
- radiação
- doenças mieloproliferativas
Linfócitos
Função: relacionado com a resposta imune
PS: O LT tem origem e marcação no timo e está envolvido na imunidade
celular e nas regulações na síntese de Anticorpos.
O LB tem origem medular e participa apenas nos processos de imunidade
humoral, sendo processos da principal célula formadora de anticorpos do
organismo (plasmócito).
A natural Killer possui a propriedade de destruir outras células como a
humoral.
Causas de Linfocitose:
- Viroses Agudas: infecciosa, mononucleares (sarampo, caxumba e rubéola)
e hepatite;
- Infecções Crônicas: após fase aguda, tuberculose;
- Infecções Bacterianas Agudas: coqueluche, febre tifóide.
Monócitos e Macrófagos
Função:
Fagocitose - fagocitam e digerem todos os agentes infecciosos (bactéria,
vírus e fungos).
Infecções Bacterianas: tuberculose, alguns casos de septicemias,
brucelose, sífilis, após a fase aguda de infecções bacterianas.
Infecções Parasitárias: protozoários: malaria, calazar,
tripanossomíase, toxoplasmasmose.
Infecções Virais: mononucleose infecciosa
Neoplasias: leucemia monocítica, linfomas, doenças mieloproliferativa
Doenças do Colágeno: LES, artrite reumatóide
" "
ALTERAÇÕES DOS LEUCÓCITOS.
- Adquiridas: são provocadas por estímulos e desaparecem com a retirada
do agente.
Granulações tóxicas
- São adquiridas por estímulos externos;
- São granulações mais grosseiras que os normais e se apresentam no
citoplasma de neutrófilos;
- São granulações azurófilas estimuladas por infecção, inflamação,
queimaduras, por alterações no próprio granulóide lisossoma;
- Pode ser: grosseira, moderada, fina, e o resultado pode ser dado em %.
Corpúsculos de Dohle
- São inclusões no citoplasma dos neutrófilos polimorfonucleares de cor
azul pálido, geralmente localizado na periferia do citoplasma, e muitas
vezes fazendo saliência no contorno da célula normal;
- São encontrados em: escarlatina, comum em infecções graves,
queimaduras, após uso de citotóxico, anemia aplástica, trauma, gravidez,
câncer e normalmente é acompanhado de granulações tóxicas.
Degenerações vasculares
- São espaços circulares brancos de tamanho variado, onde o vacúolo é
sinal degenerativo de neutrófilos;
- Processo supurativo encontrado em: septicemia, febre tifóide,
meningite.
Hipersegmentação de neutrófilo
- São neutrófilos com muitos segmentos nucleolares;
- Pode ser adquirida ou hereditária;
- Adquirida: células velhas, reumatismo crônico, colicistites, colites
crônicas, tuberculose;
- Hereditária: herdado de forma autossômica dominante, sem anomalias
clinicas.
Anemia leucocitária Chediak - Higashi
- É uma rara enfermidade genética autossômica recessiva;
- Patogenia: disfunção de melanócitos. (hiposegmentação), plaquetas e
dos neutrófilos;
- Com o processo da enfermidade surgem anemias, trombocitopenias e
neutropenias;
- Aspectos clínicos: mais suscetibilidade a infecções bacterianas,
albino parcial, redução de ausência de pigmentação, fundos de olho pálido;
- Características morfológicas: grânulos enormes, bastante refringentes,
granulações primarias, grosseiras;
- Diagnostico laboratorial: os leucócitos contem grandes corpos de
inclusão de cor escura e granulações no citoplasma;
- Prognóstico: as crianças em geral morrem ainda muito novas, devido à
infecção (sobrevivência de 5 a 10 anos).
" "
Anomalia de Pelger-Hüet
- É uma anomalia hereditária dominante dos leucócitos, caracteriza-se
por falência ou desenvolvimento anormais das células da série
granulocítica;
- Ocorre em: infecções graves, leucemias, câncer ósseo, pacientes
tratados com sulfonamidas;
- Característica morfológica: a maior parte do núcleo é em forma de
bastonetes ou tem dois segmentos.
Anomalia de Alder Reilly
- É uma anomalia dos granulócitos, de neutrófilos, linfócitos e
monócitos;
- Características morfológicas: granulações abundantes e finas,
semelhante às granulações tóxicas (granulócitos contendo
mucopolissacarídeos acumulados por falha enzimática);
- Características clínicas: óstio articular, cardíacos.
- Manifestações neurológicas mais severas;
- Retardamento mental progressivo;
- Tipo I: alteração do esqueleto, pele, córnea, SNC, pulmão e sistema
cardiovascular.
Linfócitos Atípicos
- Presentes nas infecções virais, são redondos ou alongados com
abundante citoplasma;
- Morfologia: tem basofilia marcada no citoplasma;
- Causa: viroses, mononucleose, sarampo, pneumonia, caxumba, varíola,
rubéola, toxoplasmose;
- Hiperimunização (vacinas).
Sinais hematológicos de prognostico desfavorável
- aumento moderado ou ligeiro do número total de leucócitos associados
com desvio a esquerda acentuado. (é comum verificar células mais jovens);
- desaparecimento de eosinófilos: reação de alarme (devido ao stress,
problemas físicos e psicológicos, ocorrem liberação de adrenalina, que
excita a hipófise, libera a Acth e ocorre queda de eosinófilos e aumento de
neutrófilo);
- diminuição do número absoluto de linfócitos;
- número excessivo de neutrófilos.
Sinais hematológicos de recuperação de doença infecciosa
- queda do número total de leucócitos e do número de neutrófilos;
- desaparecimento do desvio a esquerda;
- aumento transitório do número de monócitos;
- aumento do número de eosinófilos;
- aumento do número de linfócitos;
- desaparecimento de granulações tóxicas.
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BIOQUÍMICA
Sangue
Substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. O
sangue é vermelho brilhante, quando foi oxigenado nos pulmões, e adquire
uma tonalidade mais azulada, quando perdeu seu oxigênio, através das veias
e dos pequenos vasos denominados capilares. Este movimento circulatório do
sangue ocorre devido à atividade coordenada do coração, pulmões e das
paredes dos vasos sangüíneos.
Composição do sangue
O sangue é formado por um líquido amarelado denominado plasma, no qual
se encontram em suspensão milhões de células.
Uma grande parte do plasma é composta pela água, meio que facilita a
circulação de muitos fatores indispensáveis que formam o sangue. Um
milímetro cúbico de sangue humano contém cerca de cinco milhões de
corpúsculos ou glóbulos vermelhos, chamados eritrócitos ou hemácias; 5.000
a 10.000 corpúsculos ou glóbulos brancos, que recebem o nome de leucócitos,
e 200.000 a 300.000 plaquetas, denominadas trombócitos. O sangue transporta
ainda muitos sais e substâncias orgânicas dissolvidas.
COLHEITA DE SANGUE
Punção Venosa
A tração do êmbolo da seringa deve ser feita com suavidade, o garrote
será removido imediatamente antes de retirar a agulha da veia. Uma vez
obtido, o sangue é transferido para o tubo de ensaio, limpo e seco, tendo-
se antes removido a agulha da seringa, deixando o material correr
suavemente pelas paredes do tubo de ensaio, contendo ou não anticoagulante,
dependendo da dosagem a ser feita.
O sangue é colhido preferencialmente pela manhã, com o paciente em jejum
e em repouso, sobretudo para dosagem de glicose, dos triglicerídeos, além
de outros constituintes. Por essa razão a colheita deve ser feita oito ou
mais horas após a ingestão de alimentos; este espaço será dilatado (12 a 14
horas) principalmente para determinação dos lipídios. É obvio que dosagens
de urgência podem ser feitas em sangue colhido a qualquer hora. Separa-se o
soro do plasma sem delonga, por meio de centrifugação.
Punção arterial
Algumas dosagens são processadas em sangue arterial. Para tal punciona-
se a artéria radial, ao nível do punho ou a braquial na fossa cubital,
dispensando-se o emprego do garrote. A artéria femural também pode ser
utilizada.
Retira-se a agulha, comprime-se firmemente o local da punção durante no
mínimo cinco minutos. A compressão mais prolongada é necessária em
hipertensos ou em pacientes em uso de coagulantes.
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ANTICOAGULANTES
Os anticoagulantes mais frequentemente empregados são: fluoreto de
sódio, heparina e EDTA.
Fluoreto de sódio: se a dosagem não puder ser levada a efeito logo
depois de retirado o sangue, torna-se necessária a escolha de
anticoagulante, especialmente em se tratando de glicose. Para essa dosagem
emprega-se o fluoreto de sódio (2,5 mg/1 ml de sangue) porque além de
anticoagulante, inibe a ação da enzima glicolítica.
Heparina: a heparina, componente fisiológico do sangue é um
mucopolissacarídeo com propriedades anticoagulantes especifica. Impede à
transformação da protombina em trombina e, em conseqüência a transformação
do fibrinogênio em fibrina.
EDTA: emprega-se o sal dissódico do acido tetraceticoetilenodiamino
(EDTA), 1 a 2 mg para 1 ml de sangue.
Algumas das Principais Dosagens de Bioquímica Clínica
ÍONS
Sua importância para o desempenho biológico se confirma cada vez mais
nas pesquisas científicas. Cálcio, magnésio, fósforo, potássio, sódio e
cloro são chamados de minerais essenciais, numa definição meio antiga, só
por serem necessários em mais de 100 mg/dia. Os outros, de que precisamos
em quantidades menores, mas nem por isso menos expressivas, são chamados de
minerais-traço ou elementos-traço: ferro, cobre, iodo, manganês, zinco,
selênio, flúor, molibdênio, cromo, cobalto, arsênico, níquel, sílica,
estanho, lítio, boro, vanádio e outros menos votados.
Íon Sódio (Na+)
É o único íon que deve ser adicionado artificialmente à alimentação sob
a forma de cloreto de sódio (NaCl - sal de cozinha), pois não se encontra
nos alimentos em concentrações compatíveis com as necessidades celulares
humanas. Está ligado à condução de estímulos nervosos nos neurônios.
O sódio é o cátion mais abundante no líquido extracelular, representando
90% de todos os cátions e determina a osmolaridade do plasma. A
concentração de sódio plasmático depende muito da ingestão e excreção de
água e, em menor grau da regulação do sódio pelos rins.
A dosagem do íon sódio tem aplicação clínica na avaliação dos distúrbios
hidroeletrolíticos que podem ocorrer em diversas patologias.
A quantidade de sódio no corpo é relativamente constante a despeito da
variação na dieta. Embora, uma ingestão diária de sódio seja em média 3 g
(como cloreto de sódio, sulfato, ou outro sal), essa quantidade é também
excretada diariamente.
As células são permeáveis ao sódio, mas a sua concentração diferencial é
mantida pela bomba de sódio, mecanismo que bombeia o Na+ para fora da
célula, enquanto o K+ é bombeado para dentro contra gradientes de
concentração. O ATP fornece a energia necessária ao sistema.
Os rins têm a capacidade de conservar ou excretar grandes quantidades de
sódio, dependendo do conteúdo de sódio do líquido extracelular e do volume
de sangue.
Normalmente, 60 a 75% do sódio filtrado nos glomérulos é reabsorvido nos
túbulos contorcidos proximais, e maior parte do restante é reabsorvido sob
ação da aldosterona nos túbulos contorcidos distais.
Valores de Referência
Soro: 135 - 155 mEq/l
Íon Potássio (K+)
Também está relacionado à condução de estímulos nervosos e ao equilíbrio
hídrico das células. Ao contrário do sódio, encontra-se em maior
concentração no meio intracelular e em menor concentração no meio
extracelular, esse transporte é feito através da 'bomba de sódio'; o
contrário, a difusão para fora é lenta.
O processo de excreção consiste da filtração glomerular, reabsorção nos
túbulos contorcidos proximais e, finalmente, excreção através da troca por
íons Na+ nos túbulos contorcidos distais. Os rins não podem reduzir a
excreção de potássio a quase zero como fazem para o sódio.
Os íons potássio, em meio alcalino livres de proteínas, reagem com o
tetrafenilborato de sódio produzindo uma suspensão com turbidez finamente
dispersa de tetrafenilborato de potássio.
A intensidade da turvação produzida, medida fotometricamente, é
proporcional à concentração de potássio na amostra analisada.
O controle rigoroso da concentração de K+ no líquido extracelular é
essencial, porque taxas elevadas de K+ (acima de 7,5 mEq/l) podem inibir
seriamente a irritabilidade muscular, incluindo o coração, a ponto de
provocar uma parada cardíaca. Níveis baixos de K+ (abaixo de 3,0 mEq/l) são
também perigosos porque aumentam a irritabilidade muscular podendo provocar
uma parada cardíaca por contração (sístole).
A dosagem do íon potássio no soro e urina tem aplicação na avaliação dos
distúrbios com alteração do equilíbrio ácido-base e, hidroeletrolítico.
Está também relacionada aos níveis de aldosterona e reabsorção de sódio.
" "
Técnica
Na rotina laboratorial, utiliza-se o aparelho de Espectrofotometria de
Chama para a realização dos exames de sódio e potássio. As vantagens são de
baixo custo, facilidade e excelente reprodutibilidade, desde que o aparelho
esteja com a manutenção em dia. Observar de passar todos os dias o controle
interno do laboratório, para garantir a confiabilidade dos resultados. A
preparação dos reagentes vai depender da diluição recomendada pelo
fabricante do padrão.
Valores de Referência
Soro: 3,6 a 5,5 mEq/l
Íon Magnésio (Mg ++)
A determinação do magnésio tem assumido importância clínica considerável
principalmente na área da neonatologia, onde os distúrbios metabólicos
deste íon (hipomagnesemia) são os responsáveis por sinais e sintomas
clínicos, frequentemente atribuídos à hipocalcemia.
A determinação do magnésio em amostras de sangue, urina e líquor; é útil
na avaliação de distúrbios metabólicos.
Os íons magnésio reagem com o magon sulfonado em meio alcalino, formando
um complexo de cor rósea que é proporcional a quantidade dos íons magnésio
na amostra.
O procedimento utilizado é o colorimétrico. A quantidade de reagente e o
volume da amostra utilizada vão depender o kit empregado e do aparelho
disponível para leitura; porém a metodologia é a básica da Bioquímica
Clínica.
Valores de Referência
Soro: 1,9 a 2,5 mg/dL
Líquor: 2,5 a 3,5 mg/dL
Urina: 48 a 152 mg/24 horas (variável com a alimentação).
Valores diminuídos do magnésio sérico ocorrem em várias condições
clínicas: estado de má nutrição, alcoolismo, estados de má absorção,
pancreatite aguda, hipoparatireoidismo, hipertireoidismo e
hiperaldosteronismo.
Elevação do magnésio é encontrada na desidratação, acidose diabética
severa, doença de Addison. Condições que interferem na filtração
glomerular, como na uremia, resultam na retenção de magnésio e conseqüente
elevação na concentração sérica.
(Ca++) Íon Cálcio
A maior parte do cálcio encontrado no organismo encontra-se sob a forma
insolúvel (sais de cálcio) como componente do esqueleto. Está presente sob
a forma iônica nos músculos, participando da contração muscular, nos
líquidos intercelulares, linfa e no plasma sangüíneo, em que auxilia no
processo de coagulação. Os compostos orgânicos são constituídos por
moléculas menores denominadas de monômeros, os quais se ligam quimicamente,
constituindo moléculas bem maiores e mais complexas, denominadas de
polímeros.
O cálcio sérico é mantido dentro dos limites fisiológicos pela ação
combinada do paratohormônio e vitamina D, através de seus efeitos sobre os
ossos, intestinos e rins. O cálcio ionizado representa a porção
fisiologicamente ativa do cálcio sérico e corresponde a metade do cálcio
total.
O procedimento utilizado pode ser o colorimétrico ou titulométrico. A
quantidade de reagente e o volume da amostra utilizada vão depender o kit
empregado e do aparelho disponível para leitura; porém a metodologia é a
básica da Bioquímica Clínica.
Valores de Referência
Cálcio (soro ou plasma): 8,8 a 11,0 mg/dL
Cálcio Ionizado: 4,6 a 5,4 mg/dL
Cálcio (urina): até 200 mg/24 horas (com dieta restrita de cálcio: 500
mg/24 horas)
Na maioria das vezes a hipercalcemia indica a presença de
hiperparatireoidismo ou de doenças malignas.
As causas mais comuns de hipocalcemia são: hipoparatireodismo
idiopático, insuficiência renal, desordens do metabolismo da vitamina D,
deficiência de magnésio, pancreatite aguda, transfusões sanguíneas
múltiplas, entre outros.
Concentração sérica de cálcio inferior a 7,0 mg/dL é considerada
crítica, pois pode levar à tetania. Também são considerados críticos
resultados superiores a 12,0 mg/dL, pois podem induzir ao coma.
CREATININA
A constância na formação e excreção da creatinina faz dela um marcador
muito útil da função renal, principalmente da filtração glomerular, em
função da sua relativa independência de fatores como a dieta, grau de
hidratação e metabolismo protéico. Através da medida da creatinina do
sangue, do volume urinário das 24 horas e da creatinina urinária é possível
calcular a taxa de filtração glomerular.
A determinação da creatinina plasmática é um teste de função renal mais
seguro do que a uréia. Nas doenças renais, a creatinina se eleva mais
vagarosamente que a uréia e se reduz mais vagarosamente com a hemodiálise.
Fatores extra-renais, como insuficiência cardíaca congestiva, choque e
obstrução mecânica do trato urinário provocam elevação da creatinina
plasmática.
Técnica
Depende muito do 'kit' utilizado e do aparelho, porém o mais comum é a
reação da creatinina no soro, reagindo com a solução de picrato em meio
alcalino, formando um complexo de cor vermelha que é medido
fotometricamente. A adição de um acidificante abaixa o pH para 5,0,
promovendo a decomposição do picrato de creatinina, permanecendo inalterada
a cor derivada dos cromogênios, que também é medida fotometricamente. A
diferença entre as duas leituras fornece o valor da creatinina verdadeira.
Valores de Referência
Soro ou plasma: 0,4 a 1,3 mg/dL
Depuração da creatinina:
Homens: 97 a 137 ml/minuto/1,73 m2
Mulheres: 88 a 128 ml/minuto/1,73 m2
URÉIA
Fisiologicamente a uréia se eleva devido à dieta hiperprotéica ou com a
idade, particularmente após 40 anos. Sua diminuição ocorre na gravidez
normal e nos indivíduos em dietas com baixo valor protéico e alto conteúdo
glicídico.
Elevações da uréia por defeitos de excreção se devem a causas pré-renais
(insuficiência cardíaca congestiva), causas renais (nefrites,
pielonefrites, e insuficiência renal aguda ou crônica) e pós-renais
(obstruções do trato urinário por cálculos, carcinomas ou pólipos).
Elevações da uréia ocorrem também por catabolismo elevado (febre,
septicemia, uso de corticosteróides) e hemorragia interna, principalmente
do trato gastrintestinal.
A diminuição da uréia, que não tem expressão clínica, pode ocorrer em
conseqüência à infusão endovenosa de soluções com carboidratos, redução do
catabolismo protéico e aumento da diurese.
A disfunção renal é melhor avaliada através das dosagens de uréia e
creatinina associadas.
Técnica
A uréia é hidrolisada pela urease a íons amônia e CO2. Os íons amônia
reagem em pH alcalino, através de uma ação catalisadora, para formar azul
de indofenol. A formação de cor é proporcional à quantidade de uréia na
amostra (reação enzimática colorimétrica).
Valores de referência:
Soro ou Plasma: 15 a 40 mg/dl
COLESTEROL
O Colesterol é uma é substância química (Lipídeo Esteróide) necessária
para o organismo. Existem dois tipos de colesterol: um que se encontra em
todos os alimentos de origem animal, e o outro que é produzido
metabolicamente pelo nosso organismo, principalmente pelo fígado e
intestino. O colesterol é sintetizado a partir do Acetil CoA, que pode ser
derivado de carboidratos, de aminoácidos ou de ácidos graxos. Além disso, o
colesterol é sintetizado em glândulas que produzem hormônios esteróides,
por exemplo, o córtex adrenal, os testículos e os ovários.
Colesterol é feito em quantias necessárias pelo corpo e é armazenado no
corpo. Está especialmente concentrado no fígado, rim, glândula supra-renal
e o cérebro. O colesterol é requerido para a estrutura de paredes de
célula, deve estar disponível para o corpo produzir vitamina D, é essencial
à produção de sucos digestivos, isola fibras nervosas e é a base para
produção de hormônios. Em outra palavra, colesterol é essencial para vida.
As principais gorduras sanguíneas são:
- HDL: é uma das partículas do colesterol. Promove a saúde, pois remove
o colesterol da corrente sanguínea, evitando o seu depósito nas artérias.
- LDL e VLDL: são as partículas que prejudicam a saúde, transportam o
colesterol para o organismo, depositando-o nas artérias.
- Triglicerídeos: presdipõem a camada interna das artérias à penetração
de partículas do colesterol.
- Lipoproteína: quando em excesso, acelera o endurecimento das paredes
das artérias.
Os fatores que interferem nos níveis de Colesterol são: Stress, hábito
de fumar, pressão alta, atividade física, excesso de peso, hereditário.
Técnica
Os ésteres de colesterol são hidrolisados pela colesterol esterase
formando o colesterol livre que após oxidação pela colesterol oxidase forma
peróxido de hidrogênio. Este reagindo, através da reação catalisada pela
oxidase, produz uma cor vermelha. Este complexo formado é diretamente
proporcional à concentração de colesterol na amostra.
Valores de Referência
Desejável: menor que 200 mg/dl
Risco Moderado: de 200 a 239 mg/dl
Alto Risco: maior que 240 mg/dl
Colesterol HDL/LDL/VLDL
COLESTEROL HDL
A dosagem do Colesterol HDL no sangue, juntamente com a de triglicérides
e de colesterol total, são empregados principalmente na avaliação de risco
de doença arterial coronariana.
A função depuradora de colesterol, atribuída à lipoproteína HDL foi
inicialmente responsabilizada por sua ação protetora, caracterizando o
transporte reverso do colesterol. Outros mecanismos, porém, podem ser até
de maior importância, tais como a ação antioxidante sobre a lipoproteína
LDL e sua participação na anticoagulação. O HDL-colesterol baixo está
sempre associado à triglicérides de jejum elevado e presença de LDL menor e
mais oxidada, portanto, mais aterogênica.
Do ponto de vista laboratorial, a avaliação de HDL-colesterol pode ser
realizada por várias metodologias, tais como ultracentrifugação,
eletroforese, precipitação seletiva e, mais recentemente, por método
homogêneo. Alguns destes métodos permitem a determinação específica dos
componentes protéicos enquanto outros se baseiam na dosagem do colesterol
presente no complexo lipoprotéico. Para a realização do teste é necessário
colher sangue pela manhã após jejum 12 horas, salvo orientações médicas.
Técnica
Dependendo da metodologia utilizada, há diversos kits no mercado. O mais
comum. Os quilomícrons, as lipoproteínas de muita baixa densidade (VLDL) e
as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são quantitativamente
precipitadas com fosfotungstato e íons magnésio. Após centrifugação, o
sobrenadante contém as lipoproteínas de elevada densidade (HDL), cujo
colesterol é quantificado espectrofotométricamente. A absorbância do
complexo formado é diretamente proporcional à concentração de colesterol
HDL da amostra.
Valores de Referência
Menos de 10 anos: acima de 40 mg/dl
Acima de 10 anos: acima de 35 mg/dl
COLESTEROL LDL E VLDL
A importância da presença de LDL-colesterol em concentrações plasmáticas
elevadas e maior risco de doença aterosclerótica está bem estabelecida.
Mais recentemente, tem se tornado evidente que esta lipoproteína se
apresenta numa família de subclasses, com diferenças significativas no
tamanho e na densidade, como decorrência de variações na composição
química.
Da mesma forma que o HDL-colesterol, há várias possibilidades
metodológicas para a avaliação dos níveis de LDL-colesterol. Na prática
diária, a maioria dos laboratórios faz esta avaliação a partir da aplicação
da fórmula de Friedewald que correlaciona a quantidade de colesterol das
diferentes partículas.
Tanto o colesterol total quanto o HDL-colesterol são dosados por métodos
enzimáticos e o VLDL-colesterol é avaliado a partir da concentração de
triglicérides. Uma vez que esta avaliação inclui a dosagem de
triglicérides, todos os cuidados pré-analíticos necessários para a dosagem
deste parâmetro devem ser respeitados, ou seja: manutenção dos hábitos
alimentares, abstinência de ingestão de bebidas alcoólicas nos três dias
que antecedem ao exame e jejum de 12 horas para a coleta de sangue. Os
valores de referência definidos pelo 2º Consenso Brasileiro Sobre
Dislipidemias.
"Idade "Valor (mg/dl) "
" "Desejável "Limítrofe "Elevado "
"Acima de 20 anos"Inferior a130 "130 a 160 "Acima de 160 "
"Acima de 20 anos"Inferior a130 "130 a 160 "Acima de 160 "
Equação de Friedewald
O cálculo da concentração do colesterol LDL e VLDL pode ser realizada
através da equação de Friedewald, que é muito exata para amostras cujos
valores de triglicérides não ultrapassem 400 mg/dl.
Colesterol LDL = Colesterol Total - (HDL + VLDL)
Colesterol VLDL = Triglicérides / 5
ÁCIDO ÚRICO
Numerosas doenças, condições fisiológicas, alterações bioquímicas,
fatores sociais e ambientais estão associados a elevações na concentração
plasmática de ácido úrico. Entre as etiologias da hiperuricemia estão a
insuficiência renal, a cetoacidose, excesso de lactato e o uso de
diuréticos. O aumento de urato está positivamente relacionado à
hiperlipidemia, obesidade, aterosclerose, diabetes mellitus e hipertensão,
embora os mecanismos destas alterações ainda não sejam bem compreendidos.
A gota, manifestação clínica da hiperuricemia, é classificada como
primária, secundária e idiopática. É importante lembrar que a gota
secundária é uma complicação pouco comum quando relacionada à freqüência da
hiperuricemia. Raramente a gota ocorre sem hiperuricemia.
São pouco freqüentes as causas de hipouricemia, ocorrendo na síndrome de
Fanconi, doença de Wilson e doenças malignas como linfoma de Hodgkin e
carcinoma broncogênico.
Técnica
A maioria das metodologias utiliza-se a uricase e a peroxidase, A
intensidade da cor vermelha formada é diretamente proporcional à
concentração do ácido úrico na amostra.
Valores de Referência
Soro - Homens: 2,5 a 7,0 mg/dl
Mulheres: 1,5 a 6,0 mg/dl
Urina: 250 a 750 mg/24 horas
TGO/AST
Elevações das transaminases ocorrem nas hepatites (viral e tóxica),
hepatite por drogas, na mononucleose, cirrose, colestase, carcinoma
hepático primário ou metastático, pancreatite, traumatismo extenso e no
choque prolongado. Nas hepatopatias agudas geralmente o valor da
transaminase pirúvica (ALT) excede o da oxalacética (AST).
A AST está quase sempre elevada após o infarto agudo do miocárdio. Esta
começa a se elevar 6 a 12 horas após a dor precordial, alcançando o pico
máximo entre 24 a 48 horas, retornando aos valores de referência após o 5º
ou 6º dia. Deve-se ressaltar que a sensibilidade e especificidade da
dosagem de AST no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio são baixas,
tornando a determinação desta enzima a menos indicada para este
diagnóstico.
A AST é uma enzima encontrada em altas concentrações no músculo
cardíaco, músculos esqueléticos, hepatócitos e em menor escala no pâncreas
e rins.
A dosagem de AST sérica está limitada, atualmente, ao estudo das
hepatopatias.
Os níveis de AST sérica, raramente ultrapassam a 10 vezes os valores
normais. A relação AST/ALT é inferior a 1 nas hepatites virais agudas e
torna-se em geral superior a 1 nas hepatopatias crônicas como cirrose
alcoólica, hepatite crônica progressiva e também na icterícia obstrutiva,
hepatocarcinoma e nas metástases hepáticas.
Técnica
A AST catalisa especificamente a transferência de grupos amina da
alanina para o cetoglutarato, com formação de glutamato e oxalacetato. Este
é reduzido a malato por ação da malato desidrogenase (MDH), enquanto que a
coenzima NADH é oxidada a NAD. A redução da absorbância, consequentemente à
oxidação da NADH, é monitorizada espectrofotometricamente, sendo
diretamente proporcional à atividade da enzima na amostra.
Valores de Referência
Mulheres: 10-37 U/L
Homens: 11-39 U/L
Os níveis na infância são duas a três vezes superiores àqueles
encontrados nos adultos.
TGP/ALT
Elevações das transaminases ocorrem nas hepatites (viral e tóxica), na
mononucleose, cirrose, colestase, carcinoma hepático primário ou
metastático, pancreatite, traumatismo extenso e no choque prolongado.
Valores de ALT são iguais ou superiores aos de AST na maioria dos pacientes
com hepatite viral, icterícia pós-hepática ou colestase intra-hepática. Nos
casos de cirrose hepática, hepatite alcóolica ou carcinoma metastático, os
valores de ALT são inferiores aos de AST.
No infarto agudo do miocárdio, os valores de ALT encontram-se dentro da
faixa de referência ou ligeiramente aumentados. Elevações da ALT também são
relatadas na polimiosite, dermatomiosite e rabdomiólise.
Técnica
A transaminase pirúvica promove a transferência de grupamentos amina de
alfa aminoácidos para alfacetoácidos. O piruvato formado é medido através
da formação de hidrazona que tem intensa cor em meio alcalino. A redução da
absorbância, conseqüente à oxidação da NADH, é monitorizada
fotometricamente, sendo diretamente proporcional à atividade da ALT na
amostra.
Valores de Referência
Soro: 4 a 32 U/L
Os níveis na infância são discretamente superiores àqueles encontrados
em adultos
" "
GLICOSE
A glicose é essencial para a função do cérebro e dos eritrócitos. O
excesso de glicose é armazenado na forma de glicogênio no fígado e nas
células musculares. A dosagem de glicose no sangue é um dos exames mais
solicitados aos laboratórios clínicos e tem como finalidade diagnosticar e
acompanhar o tratamento de portadores de algum distúrbio no metabolismo de
carboidratos que levem a situações de hipo ou hiperglicemia.
Um dos problemas mais freqüentes envolvendo carboidratos é o diabetes
mellitus, que pode ser descrito como um grupo de doenças metabólicas de
diversas etiologias, caracterizado por hiperglicemia, glicosúria e outras
manifestações clínicas decorrentes do comprometimento, principalmente, do
sistema vascular e do sistema nervoso, levando a lesões em múltiplos
órgãos, em especial olhos, rins e coração.
A prevalência de diabetes mellitus vem crescendo acentuadamente nos
últimos anos. A causa apontada para esse aumento são as mudanças de hábitos
de vida ocasionados pela acelerada urbanização, levando a um sedentarismo
cada vez maior, alimentação desequilibrada, obesidade e estresse contínuo,
que facilitam a manifestação da doença em indivíduos geneticamente
predispostos. Outro dado importante é o aumento da expectativa de vida
média na população, que contribui também para o aumento da prevalência da
doença.
Mesmo a população aparentemente saudável deve ser submetida a exames,
buscando sempre o diagnóstico precoce do diabetes, o que favorece o
tratamento.
Técnica
Depende do 'kit' utilizado, porém a enzima glicose oxidase catalisa a
reação, formando peróxido de hidrogênio que através de uma reação oxidativa
forma uma cor vermelha que é proporcional a concentração de glicose na
amostra.
Valores de Referência
Normais: 70 - 110 mg/dL
Glicemia de jejum inapropriada: 110 - 126 mg/dL
Diabéticos: Superior a 126 mg/dL
Dosagem de Sódio e Potássio na Urina
Teste de Tolerância a Glicose
Também conhecida como teste de tolerância oral à glicose (TTOG), a curva
glicêmica consiste na administração de 75 g de glicose - em solução aquosa
a 25% - por via oral, seguida de coletas seriadas de sangue, nos tempos 0,
30, 60 e 120 minutos, para a dosagem de glicose. Em crianças, administra-se
1,75 g/kg de peso corporal até a dose máxima de 75 g. Para iniciar a curva,
é necessário que a glicemia de jejum seja inferior a 120 mg/dL.
Triagem Gestacional
A dosagem da glicose, os tempos de coleta e os critérios diagnósticos
são discretamente diferentes para mulheres grávidas e também a critério
médico. Em gestantes entre a 24a e a 28a semana de gravidez, pode ser
realizado um teste de rastreamento em duas etapas.
Na primeira, faz-se a glicemia de jejum ou a glicemia de 1 hora após a
ingestão oral de 50 g de glicose. Resultados de glicemia de jejum iguais ou
acima de 85 mg/dL ou após sobrecarga maior ou iguais a 140 mg/dL são
considerados positivos e com indicação de realização de TTOG.
A segunda etapa é aplicável aos casos que se enquadrarem nos critérios
anteriores, e é realizado o TTOG com 75 g de glicose. As amostras de sangue
são colhidas nos tempos basal e de 120 minutos. Os limites de 126 mg/dL
para glicemia basal e de 140 mg/dL após 2 horas são considerados normais. O
diagnóstico de diabetes gestacional será firmado se pelo menos um dos
limites estabelecidos como normais for ultrapassado.
Hemoglobina Glicosilada
O processo pelo qual a hemoglobina e outras proteínas se ligam à glicose
é denominado glicação e corresponde à adição de forma não-enzimática de
resíduos de açúcar a grupos de aminoácidos da proteína. A glicosilação da
hemoglobina ocorre durante os 120 dias do período de sobrevida das
hemácias. Entretanto, a glicose presente no sangue depende de um intervalo
de tempo para glicosilar a hemoglobina. A glicemia dos últimos 30 dias
antes da dosagem contribui com 50% da hemoglobina glicosilada dosada, e as
glicemias dos últimos meses (2 a 4), com 25%. A dosagem final, portanto,
corresponde à média ponderada dos níveis das glicemias das 6 a 8 últimas
semanas antes da dosagem.
A hemoglobina glicosilada HbA1 é uma hemoglobina de migração rápida na
eletroforese, que tem um açúcar ligado ao local de maior reatividade para
glicação, o aminoácido N-terminal da cadeia beta. É encontrada em níveis
aumentados nos pacientes com hiperglicemia mantida e dentro dos limites de
referência em indivíduos normais.
A membrana da hemácia é totalmente permeável à glicose, expondo a
hemoglobina a concentrações de glicose similares às plasmáticas. É com essa
exposição que acontece a ligação da glicose com a valina N-terminal da
cadeia beta da hemoglobina A. Embora existam diversos métodos para a
quantificação da hemoglobina glicosilada, tais métodos podem ser divididos
em dois grandes grupos, de acordo com o principio utilizado: a separação
por diferenças estruturais (cromatografia HPLC/coluna e eletroforese) e a
separação por diferença de carga (cromatografia de troca iônica HPLC/coluna
e método imunoenzimático). Os dois métodos mais utilizados são o
cromatográfico por troca iônica e a cromatografia de afinidade.
Recomenda-se a monitorização a cada 3 meses em todos os pacientes
diabéticos. Em alguns casos, como no diabetes gestacional ou com mudanças
importantes do esquema terapêutico, a monitorização poderá ser mais
freqüente (a cada 4 semanas).
Valores de Referência
Hb Glicada: 5,3 a 8,0%
DOSAGEM DE SÓDIO E POTÁSSIO NA URINA
È necessário coletar a urina durante 24 horas. Para realizar a dosagem,
é necessário diluir a urina como o soro: 1/100 e, a partir desta diluição,
dosar sódio e potássio:
Sódio
Diluir a ½ a diluição anterior (1/100). Multiplicar o resultado pelo
inverso da diluição (x2).
Valores de Referência
VN: 43 a 217 MEq/l
Potássio
Diluir 1/10 a diluição inicial (1/100). Multiplicar o resultado pelo
inverso da diluição (x10).
Valores de Referência
VN: 26 a 123 MEq/l
IMUNOLOGIA BÁSICA NA ROTINA LABORATORIAL
Tipagem Sangüínea
As provas de laboratório empregadas na determinação dos grupos
sangüíneos exigem o uso dos soros aglutinantes (anti-A e anti-B) de cujas
propriedades, correta preparação e adequada conservação depende a exatidão
dos resultados.
Técnica
1. Colher, por punção venosa 5 ml de sangue total com EDTA;
2. Fazer uma diluição com solução fisiológica a 5% (50 μl de
sangue + 0,95 ml de SF);
3. Retirar 3 tubos e marcar como A, B e D;
4. Fazer como no quadro:
" "
"A "
"B "
"D "
" "
"Hemácias a 5% "
"50 ul "
"50 ul "
"50 ul "
" "
"Anti-A "
"1-gota "
"------------- "
"---------- "
" "
"Anti-B "
"------------- "
"1-gota "
"---------- "
" "
"Anti-C "
"------------- "
"------------- "
"1-gota "
" "
" "
"Incubar no BM a 37º C por 1 minuto e centrifugar por 1 minuto a"
"1.500 rpm. "
" "
"Fazer a leitura conforme a aglutinação ocorrida nos tubos: "
" "
"Grupos Sangüíneos "
"Aglutinogênios Angulares "
"Soro Anti-A "
"Soro Anti-B "
" "
"AB "
"A e B "
"+ "
"+ "
" "
"A "
"A "
"+ "
"- "
" "
"B "
"B "
"- "
"+ "
" "
"O "
"Nenhum "
"- "
"- "
" "
" "
"O fator D (Rh), havendo aglutinação fator Rh positivo, não "
"havendo aglutinação fator Rh negativo. Caso o paciente for Rh "
"negativo, fazer o D fraco, conforme a técnica: "
" "
"Tubos "
"Rh- "
"Controle "
" "
"Suspensão "
"50 ul "
"50ul "
" "
"Hemácias a 2% "
" "
" "
" "
"Anti-D "
"1 gota "
" "
" "
"Albumina Bovina "
" "
"1 gota "
" "
"incubar 15 minutos a 37º C; "
"- centrifugar 2 minutos e ler; "
"- lavar 3x com solução fisiológica; "
"- colocar 1 gota de soro de Coombs (nos 2 tubos); "
"- centrifugar e ler. "
" "
"Coombs Direto "
"Aplicações: "
"1. Investigar a incompatibilidade materno-fetal em sangue de "
"cordão umbilical ou de recém-nascido; "
"2. Na detecção de Ac anti-eritrocitários nas hemácias de "
"pacientes portadores de doença hemolítica adquirida do tipo "
"auto-imune; "
"3. Na detecção de Ac anti-eritrocitários responsáveis por "
"reação hemolítica pós-transfucional, nas hemácias do receptor, "
"imediatamente após a transfusão com reação. "
" "
"Técnica "
"- lavar as hemácias a serem testadas em salina 3X. Diluir as "
"hemácias a 5%; "
"- Em 2 tubos, colocar: "
"- Tubo 1 (quente): "
"1 gota de suspensão de hemácias a 5%; "
"1 gota de soro de Coombs; "
"Incubar 15 minutos a 37º C. "
" "
"- Tubo 2 (frio): "
"1 gota de suspensão de hemácias a 5%; "
"1 gota de soro de Coombs; "
"1 gota de albumina bovina a 22%; "
"Deixar a temperatura ambiente por 15 minutos. "
"- Centrifugar rapidamente e fazer a leitura. "
"POSITIVO: aglutinação presente "
"NEGATIVO: ausência de aglutinação "
" "
"Coombs Indireto "
"Aplicação: Dentre as várias aplicações, a de maior uso é para "
"avaliar a incompatibilidade materno-fetal, usando-se o soro da "
"mãe em questão. "
"Técnica: "
"- Em quatro tubos: "
"Tubos "
"Controle (-) "
"Controle (+) "
"Teste 1 "
"Teste2 "
" "
"HC lavadas a 5% (*) "
"2 gotas "
"1 gota "
"1 gota "
"1 gota "
" "
"Soro paciente "
"------- "
"------- "
"1 gota "
"1 gota "
" "
"Soro Anti -Rh "
"------- "
"------- "
"------ "
"------ "
" "
"Albumina 22% "
"------- "
"------- "
"1 gota "
"------ "
" "
"(*): hemácias de sangue O+, lavadas 3X em salina e diluídas a "
"5% em salina. "
"- Incubar 20 minutos a 37º C; "
"- tirar do BM, lavar 3X com salina, escorrendo e secando a boca"
"do tubo na terceira vez; "
"- colocar 1 gota de soro de Coombs em cada tubo, centrifugar 1 "
"minuto em baixa rotação e proceder a leitura; "
"- COOMBS DIRETO POSITIVO: aglutinação. "
"- COOMBS DIRETO NEGATIVO: ausência de aglutinação "
Resuminho:
Que os anticoagulantes mais frequentemente empregados são: fluoreto de
sódio, heparina e EDTA;
Que o material mais comumente utilizado para as dosagens bioquímicas é o
soro, mas outros fluidos também podem ser utilizados.
SÍFILIS
Doença infectocontagiosa, essencialmente transmitida pelo contágio
sexual, que tem como agente etiológico o Treponema pallidum. É um patógeno
exclusivamente humano, com caráter infectante apenas na fase aguda da
doença. Após o contágio, a infecção apresenta um período de incubação médio
de 3 semanas, após o que manifesta-se a lesão inicial, o cancro duro, com
repercussão ganglionar inguinal bilateral e indolor, que evolui para auto-
resolução, mesmo se não tratada, em cerca de 1 a 2 meses, sem deixar
cicatrizes. Essa fase é denominada sífilis primária.
Cerca de 2 a 3 meses após, aparecem as lesões generalizadas da sífilis
secundária, que se caracterizam por erupção cutânea generalizada com
acometimento palmoplantar. Caso não-tratada, ela assume caráter sistêmico,
evoluindo cronicamente, com períodos de atividade e de latência.
Cerca de 10% dos pacientes que apresentam a forma primária, caso não-
tratados, evoluirão com neurossífilis. A neurossífilis assintomática é a
forma mais comum de apresentação. Não há sinais ou sintomas clínicos.
Acredita-se que os pacientes que apresentam alterações no líquor, mesmo sem
sintomatologia, durante as fases iniciais da doença, tenham mais chances de
evoluir para síndromes neurológicas tardias. A progressão das alterações
neurológicas pode se dar com quadros de meningite sifilítica, sífilis
meningovascular, meningoencefalite sifilítica, tabes dorsalis e sífilis
medular.
As características laboratoriais consistem no achado de alterações do
liquor, aumento da proteína, redução da glicose ou positividade para a
reação de VDRL.
O diagnóstico laboratorial da sífilis é feito pela pesquisa direta do
treponema, ou pela pesquisa de anticorpos formados durante a infecção. A
pesquisa direta, realizada por microscopia de campo escuro, apesar de
altamente específica, tem indicação limitada, podendo ser realizada na fase
primária, diretamente do cancro duro do órgão genital.
A pesquisa de anticorpos não-treponêmicos, inespecífica para o
diagnóstico, é feita pela reação de VDRL (Veneral Disease Research
Laboratories Test), sendo indicada como exame de triagem. Estão presentes
nas primeiras semanas da doença e, quando em títulos iguais ou maiores de
1/16, sugerem fortemente casos de sífilis; títulos inferiores, geralmente
até 1/8, são encontrados em diferentes patologias, especialmente no lúpus
eritematoso sistêmico e como títulos residuais (cicatriz sorológica) de
sífilis anteriormente tratada. Existem diversos kits no mercado, devendo
ser atentado à concentração do substrato de trabalho, que deverá ser
multiplicado pelo inverso da diluição, conforme preconiza o PNCQ.
O FTA-ABS (fluorescent treponemal antibody absorption) é o mais
sensível, auxiliando no diagnóstico de diferentes estágios da doença.
Permite a pesquisa de anticorpos IgG e IgM, fundamental na investigação
diagnóstica da sífilis congênita, assim como na avaliação do estágio da
doença.
" "
FATOR REUMATÓIDE
O termo fator reumatóide (FR) engloba um grupo de auto-anticorpos das
classes IgG, IgM e IgA que tem em comum a capacidade de reagir com
diferentes epítopos da porção Fc da molécula da imunoglobulina G humana.
O FR IgM pode servir como marcador precoce na AR, apoiando-se em dados
que demonstram que o risco de desenvolvimento de AR aumenta de forma
proporcional ao aumento da concentração de FR em indivíduos normais. Os
pacientes com artrite que cursam com FR positivo, principalmente quando em
concentrações elevadas, correm maiores risco de apresentar complicações
clínicas e uma menor resposta à terapia.
O FR está presente em cerca de 50-90% dos casos de AR clássicos, alguns
meses após o início da doença. O FR está aumentado também em 15 a 35% dos
casos de lúpus eritematoso sistêmico (LES). Sabe-se hoje que o FR não é
produzido apenas sob condições patológicas, e uma pequena parcela da
população normal, especialmente os idosos, pode apresentar positividade
para FR. Esses percentuais de incidência, tanto nas patologias como nos
pacientes normais, assim como a ocorrência de falsos positivos, variam de
acordo com a sensibilidade e a especificidade do método utilizado.
Os ensaios tradicionais para investigação do FR empregavam partículas de
látex revestidas por imunoglobulina G humana (prova do látex) ou, na
hemaglutinação indireta, hemácias de carneiro, revestidas por
imunoglobulina de coelho (reação de Waller-Rose). A prova do látex era
considerada mais sensível, e a reação de Waller-Rose, mais específica.
Realizadas em conjunto, fornecem dados complementares.
TEMPO DE ATIVIDADE DA PROTROMBINA (TAP)
As drogas anticoagulantes orais atuam sobre os fatores da coagulação
pertencentes ao sistema extrínseco da coagulação. Por isso, o tempo de
atividade da protrombina (TAP) é o exame de escolha para monitorização da
terapêutica com essas drogas.
Por avaliar a via extrínseca, o TAP pode estar elevado na deficiência
isolada do fator VII, na presença de anticorpos inibidores circulantes e em
patologias que afetem o processo de absorção, síntese e metabolização da
vitamina K, visto que a produção desse fator é dependente dessa vitamina.
Pode apresentar-se alterado também, quando ocorre comprometimento da via
final comum (X, V, II e I).
Como teste de referência para o acompanhamento da anticoagulação oral, o
TAP não fornecia a uniformidade desejada, gerando resultados que variavam
amplamente em comparações intra- e interlaboratoriais. Por esse motivo,
depois de diferentes tentativas de padronização, em 1983, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu, em conjunto com o Comitê Internacional
de Trombose e Hemostasia e a Comissão Internacional de Padronização em
Hematologia, a recomendação para a utilização mundial do ISI (International
Sensibility Index) e a conversão dos resultados obtidos em INR
(International Normalized Ratio).
Com esses dados, podem calcular o índice de sensibilidade internacional
(ISI) para cada lote de tromboplastina produzido. Esse valor de ISI,
fornecido pelo fabricante em cada lote enviado, é utilizado para o cálculo
do INR (razão normalizada internacional). Quanto maior o ISI, menor a
sensibilidade do reagente.
O INR é obtido por um cálculo que divide o valor do TAP encontrado na
amostra do paciente pelo resultado do TAP de um pool de plasmas normais,
elevados ao ISI. Portanto, na prática, ele passa a funcionar como um TAP
padronizado intra- e interlaboratorialmente.
O horário ideal para a coleta do sangue para avaliação do TAP está
diretamente relacionado ao horário da administração do medicamento. Os
principais protocolos apontam que os anticoagulantes devem ser
administrados à tarde (18 h) e o material colhido na manhã seguinte (até as
10 h), de modo a garantir a absorção adequada do medicamento. Entretanto,
na prática, a melhor indicação é que o paciente tome o medicamento sempre
no mesmo horário e faça a coleta no mesmo prazo em que realizou as
anteriores.
O exame pode ser feito manualmente em BM ou através de diversos
aparelhos disponíveis hoje no mercado. Verifica-se o tempo que leva para
esse plasma citratado coagular e corresponde com uma tabela disponível pelo
fabricante contendo o RNI/ISI.
Existem drogas que alteram a ação dos anticoagulantes orais:
Potencializam: Alguns antibióticos, antiinflamatórios, ácido
acetilsalicílico, antidepressivos tricíclicos, antiagragantes plaquetários,
cimitidina e outras drogas com ação no trato gastrointestinal, hormônios
tireoidianos, antilipemiantes, imunossupressores, inibidores da MAO, entre
outras;
Inibem: Alguns antibióticos, antiácidos, contraceptivos orais,
barbitúricos, antifúngicos
álcool, diuréticos, corticorióides, anti-histamínicos, esteróides, entre
outros;
Diminuem: Laxantes, Vitamina C.
TEMPO DE COAGULAÇÃO
O tempo de coagulação é um teste de baixa sensibilidade e de
reprodutibilidade muito variável, sendo afetado principalmente por
alterações da via intrínseca, do fibrinogênio e fibrina. Pode estar elevado
no curso de heparinoterapia.
Esse teste é substituído pela realização do tempo de tromboplastina
parcial ativado, que fornece um resultado fidedigno das alterações de via
intrínseca.
Prolongado na:
- Deficiência severa (<6%) de qualquer fator de coagulação plasmática
conhecido exceto o fator XIII (fator estabilizante da fibrina) e o fator
VII;
- Afibrinogenemia;
- Presença de um anticoagulante circulante (incluindo heparina).
Normal na:
- Trombocitopenia;
- Deficiência do fator VII;
- Doença de von Willebrand;
- Leves defeitos de coagulação devido a qualquer causa.
Interferências:
Aumentado com: Anticoagulantes e Tetraciclinas;
Diminuídos com: Corticosteróides e Epinefrina.
TEMPO DE TROMBOPLASMINA PARCIAL ATIVADA (TTPA)
O tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA ou PTTA) avalia defeitos
da via intrínseca da coagulação, podendo, portanto, constatar a deficiência
dos fatores VIII, IX, XI e XII. É útil também no controle do uso
terapêutico de heparina e na avaliação da presença de anticoagulantes
circulantes.
Pode apresentar-se alterado também quando ocorre comprometimento da via
final comum (X, V, II e I). O achado de TTPA prolongado na presença de TAP
normal indica a possível deficiência dos fatores XII, XI, IX, VIII. Ao
contrário, TTPA normal na presença de TAP prolongado indica comprometimento
do fator VII.
Quando ambos (TTPA e TAP) estão alterados, indicam comprometimento da
via final comum, ou seja, dos fatores X, V, II e I. Já ambos normais
indicam pacientes sem alterações ou comprometimento do fator XIII.
FIBRINOGÊNIO
O fibrinogênio (Fator I) é uma glicoproteína sintetizada no fígado e
está envolvida na etapa final da coagulação, que consiste na sua conversão
em fibrina, sob a ação da trombina.
Além de seu papel na coagulação, é uma importante proteína na resposta
de fase aguda. Portanto, pode estar elevado em diferentes patologias, como
processos inflamatórios e infecciosos agudos, traumas, neoplasias, pós-
operatório, uso de anticoncepcionais orais e síndrome nefrótica. Encontra-
se também elevado por influências genéticas, na gravidez e no tabagismo.
Entretanto, pode estar reduzido devido à diminuição da produção hepática,
em doenças hepáticas graves, ou por aumento de consumo, com conversão
excessiva de fibrinogênio em fibrina, sem tempo para reposição adequada,
como nos quadros de coagulação intravascular disseminada. Pode também
apresentar-se diminuído nos casos de fibrinólise primária e secundária e
por conta do uso de agentes fibrinolíticos.
Já foram identificadas diversas variantes hereditárias do fibrinogênio
(disfibrinogenemia). Os quadros podem variar entre alterações hemorrágicas,
tendência a distúrbios trombóticos ou indivíduos assintomáticos. A
disfibrinogenemia adquirida está associada a doenças hepáticas ou renais.
Sua avaliação tem um papel importante no diagnóstico diferencial das
coagulopatias adquiridas, na coagulação intravascular disseminada, na
fibrinólise primária e secundária, na disfibrinogenemia e na
afibrinogenemia.
PRINCIPAIS MÉTODOS DE COLORAÇÃO
De uma maneira geral, as bactérias têm afinidade por um grande número de
corantes, principalmente aqueles do grupo dos derivados básicos da anilina
(azul de metileno, cristal vileta, fucsina básica, etc). Dentre os métodos
existentes, aqueles que mais importância apresentam dentro do laboratório
de microbiologia são os métodos de GRAM e de ZIEHL-NEELSEN.
1. Hidróxido de Potássio
Usado para pesquisa de fungos (leveduriformes e particularmente
filamentosos) em material biológico na presença de muco, restos celulares,
pêlos, unhas, etc; por facilitar a microscopia dissolvendo a queratina e o
muco, destacando as estruturas fúngicas, quando presentes.
Colocar uma pequena amostra do material a ser pesquisado no centro da
lâmina; suspender o material com uma ou duas gotas de KOH (20%); cobrir com
lamínula e aguardar 30 minutos, ou aquecer ligeiramente a lâmina para
acelerar o clareamento; examinar com objetiva de 10X ou 40X, fechando o
diafragma.
2. Tinta da China (Nanquim)
Usado para pesquisa de criptococos em líquor ou outros materiais,
permitindo destacar a cápsula deste fungo contra um fundo negro.
O sedimento do líquor ou uma colônia do meio de cultura é suspensa em uma
gota de tinta da China, fazendo um filme bem delgado entre lâmina e
lamínula e observando em objetiva de 10X e 40X.
Erro comum: confundir linfócitos com criptococos. A diferenciação é
feita através da observação do núcleo refringente e gemulação do fungo.
3. Coloração de GRAM
A coloração de Gram é usada para classificar bactérias com base no
tamanho, morfologia celular e comportamento diante dos corantes. No
laboratório de microbiologia clínica é um teste adicional rápido para o
diagnóstico de agentes infecciosos, sendo também utilizado para avaliar a
qualidade da amostra clínica analisada.
Não se pode deixar de destacar que a coloração de Gram somente será um
recurso rápido e útil quando for corretamente realizada (do ponto de vista
técnico) e interpretada por profissionais experientes.
Modificações do Método de Gram
O método original utilizava violeta-de-genciana. Hoje se utiliza outro
tipo de cristal violeta, a violeta-de-metila. È importante ressaltar que a
solução de violeta-de-metila, em sua preparação, já contém fixador químico.
Devido a isso, a fixação do esfregaço em chama caiu em desuso e é
atualmente contra-indicada.
A modificação mais importante foi no corante secundário, também chamado
corante de fundo. A fucsina fenicada de Gram foi substituída pela
safranina. Foi baseado no espectro de cores. A safranina mantém-se mais
distante da violeta no espectro de cor, diferenciando com maior nitidez as
bactérias Gram-negativas que se destacam das Gram-positivas e da coloração
de fundo, que assume a cor vermelho-claro.
Coloração de Gram
1. cubra o esfregaço com violeta-de-metila e deixe por aproximadamente
15 segundos;
2. adicione igual quantidade de água sobre a lâmina coberta com violeta-
de-metila e deixe agir por 45 segundos;
3. escorra o corante e lave em um filete de água corrente. Cubra a
lâmina com lugol diluído (1/20) e deixe agir por aproximadamente 1 minuto;
4. escorra o lugol e lave em um filete de água corrente;
adicione álcool etílico (99,50 GL) sobre a lâmina, descorando-a, até que
não desprenda mais corante;
5. lave em um filete de água corrente;
6. cubra a lâmina com safranina e deixe agir por aproximadamente 30
segundos;
7. lave em um filete de água corrente;
8. deixe secar ao ar livre, ou seque suavemente, com auxilio de um papel
de filtro limpo;
9. coloque uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço e;
10. leia em objetiva de imersão (100X).
4. Método de Ziehl-Neelsen
O método de Ziehl-Neelsen baseia-se no fato da álcool-ácido resistência
de determinadas bactérias (p. ex: Mycobacterium tuberculosis), o que
permite tratá-las com uma solução de fucsina fenicada a quente. Tais
bactérias resistem ao tratamento posterior com uma solução de álcool+ ácido
clorídrico (HCL 3% em etanol), mantendo-se com a coloração inicial vermelha
(Bacilos Álcool-Ácido Resistentes ou BAAR), enquanto outras descoram-se e
vão apresentar a coloração de fundo, normalmente feita com azul de
metileno.
Procedimento da coloração
Em lâmina nova, fazer um esfregaço homogêneo, delgado e fixado ao ar
livre (recomenda-se haver circulação de ar). Coloração:
1. adicione a fucsina sobre o esfregaço previamente fixado;
2. faz-se o aquecimento até a emissão de vapores, por 3 vezes, para
facilitar a penetração da fucsina;
3. derrama-se o corante na pia e lava-se o esfregaço com água;
4. faz-se a descoloração com álcool-ácido e lava-se o esfregaço com
água. Apenas os BAAR presentes no esfregaço reterão a fucsina;
5. adiciona-se o azul de metileno;
6. lava-se o esfregaço com água e faz-se a leitura.
Se houver BAAR na amostra eles ficarão vermelhos devido à retenção da
fucsina e serão visualizados microscopicamente. O fundo azul no esfregaço
faz o contraste para essa visualização.
Cultura de Anaeróbios
Os materiais clínicos adequados para a realização da cultura de
bactérias anaeróbias devem provir das cavidades fechadas do nosso organismo
(coleções líquidas, abscessos, sangue e líquidos biológicos em geral) ou
seja, sítios estéreis, sem a presença da microbiota normal.
As bactérias anaeróbias causam uma variedade de infecções humanas,
incluindo peritonite, empiema, endocardite e artrite. As infecções
anaeróbias são, geralmente, de fonte endógena, representada pela própria
microbiota normal. Entretanto, apesar da grande variedade de anaeróbios da
flora normal, as infecções são limitadas a uma pequena quantidade de
microrganismos, na qual se destacam o isolamento do gênero Bacteroides spp.
Peptostreptococcus spp; Prevotella spp. e Clostridium perfringens.
Os materiais devem ser colhidos e inoculados em frascos anaeróbios de
hemocultura, até o volume máximo permitido, que é de 8 mL.
Quando o material for sangue e líquidos biológicos, pode ser armazenado
por um período de até 24 horas, à temperatura ambiente, em frascos
anaeróbios.
Não poderão ser utilizados para pesquisar microrganismos anaeróbios
materiais provenientes de sítios que normalmente participem da flora normal
ou transportados inadequadamente.
Cultura de Líquor
O material é colhido por meio de punção lombar, de preferência sem o uso
de antimicrobiano prévio. O volume mínimo não deve ser inferior a 1,0 mL.
As amostras devem ser enviadas o mais rapidamente possível para o
laboratório, sem refrigerar - tempo admissível para o transporte: 2 horas.
A presença de crescimento bacteriano de qualquer microrganismo após a
incubação é considerada patogênica, uma vez que o liquor é estéril.
" "
"Pacientes "
"Micro Organismos Críticos "
" "
"Neonatal "
"Echerichia coli, Streptococcus agalactiae, Listeria "
"monocytogenes "
" "
"Crianças "
"Haemophilus influenzae, Estreptococcus pneumaniae, Neisseria "
"menginitides. "
" "
"Adulto jovem "
"Neisseria menginitides. "
" "
"Adulto "
" Neisseria menginitides, Estreptococcus pneumaniae e "
"Bastonete Gram-negativo "
" "
" "
Cultura de Materiais do Trato Geniturinário
Importante no diagnóstico laboratorial das uretrites, vaginites,
endocervicites, doenças sexualmente transmitidas e agentes bacterianos
associados às infecções do trato genital.
Secreção uretral, vaginal, urina 1o jato, esperma, secreção endometrial,
fundo-de-saco uterino e secreção prostática são consideradas amostras
clínicas apropriadas.
As amostras clínicas coletadas com meio de transporte podem ser
armazenadas por até 24 horas à temperatura ambiente. As urinas e swabs
coletados sem meio de transporte devem ser processados em até 2 horas.
São considerados como crescimento patológico: Neisseria gonorrhoeae,
Streptococcus agalactiae, Haemophilus spp; Corynebacterium spp. e
enterobactérias.
A presença de Corynebacterium spp. e de enterobactérias é valorizada,
principalmente em crianças, mas também em adultos, quando presentes em
grandes quantidades e a critério médico.
Cultura de Materiais do Trato Respiratório Inferior
Embora as infecções do trato respiratório inferior (TRI) estejam entre
as causas de maior morbidade e mortalidade dos pacientes, o diagnóstico
dessas infecções é freqüentemente complicado pela contaminação do espécime
clínico com a microbiota normal.
O escarro é submetido primariamente a culturas, a fim de determinar o
agente etiológico das pneumonias. O material recebido no laboratório pode
ser escarro expectorado e/ou induzido. Outros materiais clínicos incluem
aspirado traqueal, aspirado transtraqueal, lavado brônquico e lavado
broncoalveolar protegido e não-protegido.
O escarro deve passar por uma observação microscópica, para se avaliar a
qualidade da coleta e se é representativa do TRI ou se contém apenas
saliva. O lavado broncoalveolar é obtido por meio de procedimentos
invasivos, sendo recomendado na suspeita de pneumonias nosocomiais em
paciente com ventilação mecânica.
Os resultados da cultura de escarro são interpretados com base na
avaliação da coloração de Gram preparada a partir da porção mais purulenta
do escarro: se contém mais de 25 polimorfonucleares/campo ou até 10 células
epiteliais/campo, observado através de objetiva de 10 X, o material é
considerado satisfatório. A informação mais simples envolve a quantificação
de um volume maior ou igual a 10 células epiteliais, com a objetiva de 40
X, o que seria inaceitável para a cultura.
Nas culturas quantitativas, o volume do lavado broncoalveolar protegido
coletado freqüentemente é de 0,01 mL a 0,001mL de secreção. A contagem de
103 UFC/mL de um microrganismo corresponde a infecção.
Para o lavado broncoalveolar (LBA), a contagem de 10.000 UFC/mL ou mais
de um microrganismo específico correlaciona-se com pneumonia.
No lavado brônquico e no aspirado traqueal, a contagem de 106 colônias,
ou seja, 1.000.000 UFC/mL, sugere um processo infeccioso.
Os microrganismos mais freqüentemente isolados correspondem aos grupos
dos bastonetes gram-negativos não-fermentadores ou entéricos, os
estafilococos e enterococos. São eles: Staphylococcusaureus, Streptococcus
pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Enterococcus spp; Haemophilus
influenza, Moraxella catarrhalis, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella
pneumoniae e Rhodococcus equi.
Cultura de Materiais do Trato Respiratório Superior
Inclui as culturas de secreções de orofaringe, nasofaringe, ocular e de
ouvido.
Auxilia os clínicos no diagnóstico das faringites bacterianas. A causa mais
comum de faringite é representada pelo Streptococcus pyogenes.
Em 7% dos casos, as secreções da nasofaringe são úteis no diagnóstico de
sinusites infecciosas e na detecção de portadores nasais de germes como
Staphylococcus aureus MRSA (estafilococos aureus resistentes à meticilina)
e Neisseria meningitidis. No caso da epiglotite, que têm evolução rápida e
progressiva com celulite, apresentam um grande potencial de obstrução das
vias respiratórias, e seus agentes etiológicos são representados por
Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus.
Nas secreções oculares e nas de ouvido, por possuírem a mesma mucosa de
revestimento do trato respiratório superior, são isolados os mesmos agentes
e diagnosticadas conjuntivites purulentas e otites. Estas infecções são
mais comuns na infância e na terceira idade.
Para as culturas da orofaringe, os resultados reportados são a presença
do crescimento de estreptococos beta-hemolíticos, Streptococcus pyogenes,
outros não-pyogenes e a ausência de estreptococos beta-hemolítico.
Nas secreções nasais, procura-se evidenciar a presença de Staphylococcus
aureus, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.
Nas secreções conjuntivais, a presença do crescimento bacteriano é
avaliada, juntamente com os dados clínicos, a presença de cirurgias ou
próteses. Os estafilococos coagulase-negativo e os bastonetes gram-
negativos são os mais freqüentemente isolados, juntamente com
Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus spp.
No diagnóstico das otites médias e externas, são utilizados secreções ou
fluidos do ouvido. As bactérias mais freqüentemente isoladas são
Pseudomonas spp. e outros microrganismos provenientes da microflora
respiratória.
Cultura de Micobactérias
A realização da cultura de micobactérias utiliza como princípio
biológico a detecção radiométrica do CO2 produzido pela atividade
metabólica das micobactérias a partir de meios de cultura específicos
marcados com C14.
É destinada ao diagnóstico da tuberculose e das micobacterioses
[complexo M. tuberculosis e micobactérias não-tuberculose (MNT)].
Pode ser realizada em escarro, lavado brônquico, lavado broncoalveolar,
líquido ascítico, líquido pleural, líquido peritoneal, líquido
cefalorraquidiano, aspirado de medula óssea, sangue, fezes, biópsias e
urina.
O uso de antituberculostáticos, e a presença de micobactérias não-
adaptadas ao crescimento em meio liquido ou à temperatura de 35ºC podem
induzir a um resultado falso-negativo.
Cultura de Outros Líquidos Biológicos
A cultura dos líquidos biológicos é utilizada para determinar a presença
de agentes infecciosos nos líquidos pleural, sinovial, ascítico e
pericárdio, auxiliando no diagnóstico etiológico de infecções como as
pneumonias com derrame pleural, pericardites e sinovites.
Os fluidos biológicos normalmente são estéreis, e a presença de um
microrganismo resulta quase sempre em um agravamento do quadro clínico
desses pacientes. O uso de próteses e a terapêutica com imunossupressores
têm contribuído muito para o aumento da prevalência de positividade desses
materiais. As principais bactérias isoladas nesses materiais incluem
Neisseria spp; Streptococcus pneumoniae. estreptococos beta-hemolíticos e
Staphylococcus aureus, podendo também ser isolados bastonetes Gram-
negativos.
A presença de crescimento bacteriano de qualquer microrganismo após a
incubação é considerada patogênica, uma vez que esses líquidos são
estéreis. Número pequeno de microrganismos na amostra enviada pode levar a
um resultado falso-negativo.
Os líquidos biológicos destinados a cultura devem ser transportados ao
laboratório para semeadura em até 2 horas após a coleta. Se esse tempo não
puder ser respeitado, inocular até o volume de 8 mL em um frasco de
hemocultura aeróbio ou anaeróbio e enviar ao laboratório.
" "
ESPERMOGRAMA
Finalidade
Estudo da Infertilidade Conjugal
Controle de Vasectomia
Detectar Possíveis Processos Infecciosos e neoplásicos
Esperma
É uma mistura de:
Espermatozóides
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Forma um líquido viscoso ® Ejaculado
Preparo e Coleta do Esperma
Abstinência sexual ® Ideal 5 dias
Coleta preferencialmente no laboratório
Higiene prévia das mãos e do pênis
Coletar por manipulação auto-erótica (Masturbação)
Não usar quaisquer tipos de lubrificantes
Evitar perda de material
Vedar o frasco imediatamente após a coleta
Caracteres Físico-Químicos
1. Liquefação do Coágulo
É completa em 30 minutos. Os demais parâmetros são realizados após a
liquefação do coágulo.
2. Aspecto e Cor
A amostra normal tem aparência homogênea, ligeiramente opalescente e de
cor branca a branca amarelada.
3. Volume
Valores normais se situam entre 2,0 ml a 5,0 ml. Valores inferiores a
1,0 ml são insatisfatórios.
Procedimento a ser adotado - Solicitar nova coleta, observando o período
de abstinência.
4. Viscosidade
É normal quando o sêmen pinga gota à gota, de um volume aspirado em
pipeta de 5,0 ml, inclinada em ângulo de 45º.
5. pH
Amostras normais são ligeiramente alcalinas, situando-se entre pH de 7,2
- 8,0.
6. Odor
O odor é característico ® "Sui Generis". Lembra o odor do Hipoclorito de
Sódio.
Aspectos Microscópicos
1. Aglutinação
Sua presença é anormal. Sugere causa imunológica de infertilidade.
2. Motilidade
É classificada em:
Movimento Linear Rápida
Movimento Linear Lento
Movimento Oscilatório
Imotilidade
2. Vitalidade
É a diferenciação entre os espermatozóides imóveis, entre vivos e
mortos. É o teste da Eosina/Negrosina
4. Contagem dos Espermatozóides
Normal® 20 a 200 milhões p/ml
Polizoospérmico® superior a 200 milhões p/ml
Oligozoospérmico® inferior a 20 milhões p/ml
Azoospermia® ausência de Espermatozóides
5. Morfologia
Avalia a capacidade funcional dos testículos e a capacidade de
fecundação. É satisfatório um mínimo de 30% de formas ovais normais.
6. Outros Elementos
Leucócitos
Hemácias
Células do Epitélio Germinativo
DOENÇA DE CHAGAS
A doença de Chagas é uma parasitose endêmica causada pelo Trypanosoma
cruzi. Pode cursar com infecções agudas ou crônicas.
A forma aguda em geral é uma doença febril discreta. Pode evoluir,
especialmente em crianças, com um quadro mais exuberante, que se
caracteriza por febre, anorexia, edema da face e dos membros inferiores,
linfadenopatia e hepatoesplenomegalia discreta.
Após a fase aguda, o paciente, permanece infectado e passa para uma fase
crônica assintomática. A doença crônica sintomática irá se manifestar anos
ou mesmo décadas após a fase aguda. As clássicas manifestações crônicas se
relacionam com distúrbios de ritmo e condução cardíaca, tromboembolias,
miocardiopatia chagásica, megaesôfago e megacólon.
A transmissão ocorre por vetores hematófagos, mas pode se dar por via
congênita, transfusional e outras formas menos freqüentes, como a
inoculação involuntária em laboratório.
Os métodos sorológicos para diagnóstico da doença de Chagas apresentam
sensibilidade e especificidade elevadas, sendo úteis para o diagnóstico nas
fases aguda e crônica da doença. Entretanto, é possível a reação positiva
por reatividade cruzada com as leishmanioses, especialmente com a forma
visceral e as formas cutâneo-mucosas da leishmaniose tegumentar, e com
outros antígenos em comum.
Por isso, é recomendável a realização de reações por diferentes métodos
como hemaglutinação, imunofluorescência e enzima imunoensaio. Devem ser
realizados no mínimo dois métodos, para que se controlem mutuamente, visto
que, em cada método, são utilizados diferentes antígenos e formas do
parasita, o que permite diminuir a possibilidade de resultados falso-
positivos. Resultados positivos devem ser encontrados nos dois métodos
utilizados para confirmar o diagnóstico. Nos casos de apenas um método
apresentar positividade, faz-se necessária a análise clínica da história
epidemiológica, achados clínicos e outros exames diagnósticos
complementares.
Os níveis de reatividade diferem para cada método e de acordo com a
finalidade do diagnóstico. Os valores considerados para triagem de doadores
de sangue são sempre inferiores aos considerados para o diagnóstico
clínico.
ANTIESTREPTOLISINA
Os Streptococcus beta-hemolíticos do grupo A causam infecções clínicas
especialmente de orofaringe e pele, endocardites e quadros não-supurativos,
como febre reumática e glomerulonefrite aguda.
A estreptolisina O é uma das toxinas extracelulares liberadas pelo
Streptococcus beta-hemolítico do grupo A. Ela é capaz de induzir a síntese
de anticorpos específicos, os anticorpos antiestreptolisina O (ASO), em
cerca de 80% das infecções. O uso de antibióticos, corticóides e drogas
imunossupressoras podem inibir a produção de ASO.
A ASO eleva-se na primeira semana, atingindo valores máximos em 2 a 4
semanas após a infecção estreptocócica e retornando aos valores normais
após 6 a 12 meses.
A manutenção de títulos de ASO elevados de anticorpos ou a sua elevação
em amostras seguidas são indicativas de infecção aguda, reinfecção ou
lesões pós-estreptocócicas.
Apesar de níveis circulantes de ASO serem encontrados na maioria dos
pacientes com febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica, sua
maior indicação é no seguimento de pacientes com febre reumática, já que
nesses casos os títulos de ASO se correlacionam melhor com a atividade da
doença. Cerca de 80 a 85% dos casos de febre reumática cursam com títulos
elevados.
LÍQUIDO CEFALORAQUIDIANO - LCR/LÍQUOR
O líquido cefalorraquidiano (LCR) é formado principalmente pelos plexos
coróides. Nos adultos, é produzido a uma taxa de 20 mL/h, o que corresponde
a aproximadamente 500 mL/24 h. Como o volume do LCR é de cerca de 100 a 150
mL, isso significa que de é renovado em média a cada 6 horas. Entre as suas
diferentes funções, a principal é proteger mecanicamente o tecido cerebral.
Além disso, atua como um lubrificante, evitando atrito com o crânio,
realiza a coleta de resíduos, faz circularem nutrientes e varia sua
produção de acordo com a pressão intracraniana. A composição do liquor é
controlada pelas barreiras hematoencefálica e hematoliquórica, que também
protegem contra a invasão de agentes externos.
Exames Microscópicos/Bioquímicos
Exame Microscópico
O liquor normal é límpido, cristalino, inodoro e com aspecto de água de
rocha. De acordo com as diferentes patologias, essas características se
alteram. Apresenta-se opalescente ou turvo pelo aumento de bactérias,
fungos, hemácias e leucócitos. A cor é resultante da presença de
bilirrubina, hemácias, hemoglobina, leucócitos ou proteínas.
Na hemorragia subaracnóidea, o aspecto é hemorrágico vermelho turvo.
Essa coloração também poderá ocorrer nos acidentes de punção. A presença de
coágulo nos acidentes de punção, o aspecto do sobrenadante após
centrifugação, que nas hemorragias se apresenta xantocrômico, enquanto nos
acidentes é límpido, também auxiliam no diagnóstico diferencial.
Nas meningites bacterianas, o liquor apresenta-se turvo, amarelo e, por
vezes, xantocrômico, após centrifugação. Já nos casos de meningites virais,
a cor geralmente varia de esbranquiçada a incolor após a centrifugação.
Exame Bioquímico
Cloro
Qualquer condição que altere os níveis séricos de cloreto também irão
afetar o nível de cloreto no LCR. Os cloretos no LCR são normalmente 1 a 2
vezes maiores do que os séricos. Níveis diminuídos são encontrados nas
meningites tuberculosa e bacteriana e na criptococose.
Glicose
Os níveis de glicose no LCR correspondem a cerca de 2/3 da glicose
sangüínea de jejum. São considerados valores anormais de glicose no LCR
resultados inferiores a 40 mg/dL. A diminuição dos níveis da glicose no
líquor é um dado importante no diagnóstico das meningites bacteriana,
tuberculosa e fúngica, nas quais encontramos geralmente valores baixos a
muito baixos. Já nas meningites virais, os níveis variam de normais a
discretamente baixos. Níveis elevados de glicose no LCR não possuem
significado clínico, refletindo aumento dos níveis da glicemia sistêmica.
Acidentes de punção podem, ocasionalmente, causar aumento da glicose no
LCR.
Proteína
Das proteínas encontradas no liquor, mais de 80% são provenientes do
plasma. Normalmente, equivalem a valores inferiores a 1% do nível
sangüíneo. O aumento dos níveis liquóricos de proteínas é um bom indicador,
embora não-específico, da presença de doença.
As proteínas no LCR podem estar elevadas em diferentes patologias, como
meningites, especialmente as bacterianas, doenças neurológicas, hemorragias
e tumores, entre outras. A elevação pode ser decorrente da alteração da
permeabilidade da barreira hematoencefálica, de diminuição dos mecanismos
de reabsorção, de uma obstrução mecânica do fluxo do LCR.
Os níveis podem estar diminuídos em crianças entre 6 meses e 2 anos de
idade. É importante lembrar a variação da concentração de proteína de
acordo com o local da punção, pois os valores encontrados são menores nos
ventrículos e maiores na região lombar, assim como também ocorrem drásticas
variações nos recém-natos.
Resuminho: Que o tempo de atividade da protrombina (TAP) é o exame de
escolha para monitorização da terapêutica dos anticoagulantes orais;
Que os métodos de GRAM e de ZIEHL-NEELSEN são os que apresentam maior
importância, para coloração, no laboratório de microbiologia.
Bibliografia Consultada
CARVALHO, William de Freitas. Técnicas Médicas de Hematologia e Imuno-
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Guanabara & Koogan , 2002.
SILVA, Irineu Moreira da. Automação e Interpretação de Hemogramas. Campo
Grande, 2003.
Exercícios:
1 Determinado paciente realiza uma série de exames laboratoriais. Porém,
o médico não solicita as frações de colesterol LDL e VLDL. Dispondo dos
valores de Colesterol Total, Triglicérides e HDL. Quais são os valores de
LDL e VLDL, respectivamente: Colesterol Total: 255 mg/dl; Colesterol HDL:
29 mg/dl; Triglicérides: 98 mg/dl
a) 226,0 mg/dl e 69,0 mg/dl;
b) 69,0 mg/dl e 226,0 mg/dl;
c) 127,0 mg/dl e 157,0 mg/dl;
d) 206,4 mg/dl e 19,6 mg/dl;
e) 382,0 mg/dl e 284,0 mg/dl.
2 Qual teste abaixo é exclusivo para avaliação de função renal:
a) Creatinina;
b) Uréia;
c) Magnésio;
d) Hemoglobina Glicosilada;
e) Glicose.
3 Marque a alternativa em que ocorre alterações na forma dos
eritrócitos:
a) Hipocromia e Anisocitose;
b) Policromatofilia e Acantócito;
c) Microcitose e Eliptócito;
d) Anisocitose e Hemácia em alvo;
e) Dacriócito e Eqüinócito.
4 Sobre a análise física da Urina, analise as afirmações abaixo e
assinale aquela que não corresponde aos conceitos estudados:
a) Em algumas condições o volume urinário é aumentado (poliúria), são
elas: diabete mellitus, certas afecções do sistema nervoso,
amiloidose renal, rim contraído, emoções, frio, febre e vômitos;
b) As urinas ácidas em geral são mais escuras do que as alcalinas;
c) As substâncias que mais frequentemente turvam a urina são: fosfatos
amorfos, uratos amorfos, pus e germes;
d) O cheiro característico da urina é atribuído a ácidos orgânicos
voláteis;
e) A densidade da urina pode variar devido a algumas enfermidades extra
renais: diabetes mellitus, diabete insípido e estados febris.
5 Assinale a alternativa que contém afirmação incorreta:
a) Os Parasitas Oportunistas não causam doença em hospedeiros sadios,
mas podem causar doenças severas em pacientes imunodeprimidos;
b) O método de Hoffmann é um método específico para pesquisa de
Schistosoma mansoni, não demonstrando eficiência nas pesquisas de
protozoários;
c) Método de Baermann e Moraes baseado no Hidrotermotropismo positivo
das larvas de Strogilóides stercoralis;
d) Teste da fita adesiva é utilizado para pesquisa de Oxiúrus;
e) N.D.A.
6 O exame microscópico do sedimento da urina é de grande importância, é
capaz de fornecer informações muito úteis no diagnóstico e tratamento de um
paciente. Na lâmina abaixo podemos visualizar algumas hemácias, a presença
de hematúria indica lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas dos
rins ou vias urinárias. Em relação à Análise Microscópica é incorreto
afirmar que:
a) Para o exame microscópico de sedimento urinário é necessário que a
urina seja recente, caso não seja se faz necessário o uso de
conservantes;
b) Na análise microscópica pode ser identificado: eritrócitos,
leucócitos, células epiteliais, bactérias, leveduras, parasitas,
muco, espermatozóides, cristais e artefatos;
c) As hemácias aparecem na urina como discos incolores com diâmetro
aproximado de sete mícrons;
d) Leucócitos: geralmente são encontrados menos de cinco leucócitos
por campo de grande aumento na urina normal, mas na urina feminina
esse número pode ser menor;
e) Os cilindros são os únicos elementos exclusivamente renais
encontrados no sedimento urinário. Podem ser: Hialinos, Hemáticos,
Leucocitários e Granulares.
7 O material mais comumente utilizado para as dosagens bioquímicas é o
soro, mas outros fluidos também podem ser utilizados para tais dosagens de
acordo com cada caso, como por exemplo: líquido cefalorraquidiano, líquido
pleural, líquido sinovial etc. Sobre as afirmações abaixo assinale a que
não corresponde aos conceitos até aqui estudados:
a) Anticoagulantes: o EDTA deve ser usado na proporção de 1 a 2 mg
para 1 ml de sangue;
b) Íon Sódio (Na+) tem como valor de referência (soro): 135 - 155
mEq/l;
c) Íon Potássio (K+): taxas elevadas de K+ (acima de 7,5 mEq/l) podem
inibir seriamente a irritabilidade muscular, incluindo o coração, a
ponto de provocar uma parada cardíaca;
d) Íon Magnésio (Mg ++), valores de referência: Soro: 1,9 a 2,5 mg/dL;
Líquor: 2,5 a 3,5 mg/dL e Urina: 48 a 152 mg/24 horas (variável com
a alimentação);
e) (Ca++) Íon Cálcio: são considerados críticos resultados superiores
a 11,0 mg/dL, pois podem induzir ao coma.
8 "O colesterol está presente em todos os tecidos e a concentração
sérica tende a aumentar com a idade. Níveis elevados de colesterol podem
aumentar o risco de doença coronariana. Atualmente é recomendado que os
níveis de colesterol sejam mantidos abaixo de 200mg/dl."
Assinale a afirmação incorreta:
a) Colesterol, valores de referência: Desejável: menor que 200 mg/dl;
Risco Moderado: de 200 a 239 mg/dl e Alto Risco: maior que 240
mg/dl;
b) A avaliação de HDL-colesterol pode ser realizada por várias
metodologias, tais como ultracentrifugação, eletroforese,
precipitação seletiva e, mais recentemente, por método homogêneo;
c) Equação de Friedewald: Colesterol LDL = Colesterol Total + (HDL +
VLDL);
d) Hemoglobina Glicosilada: a glicosilação da hemoglobina ocorre
durante os 120 dias do período de sobrevida das hemácias;
e) N.D. A.