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Trab - Contrato De Trabalho 4

DIREITO DO TRABALHO - CONTRATO DE TRABALHO - PARTE 4

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Espécies de Contrato de Trabalho - Parte IV  Imprimir o texto completo 1 comentário " por Rita de Cassia Tenório Mendonça (25/11/2003) " "1.0. Classificação: A relação de trabalho classifica-se, sob o ponto de vista da: a) da duração, em contrato de trabalho por tempo determinado e contrato de trabalho por tempo indeterminado; b) da qualidade do trabalho, em manual e intelectual; c) da finalidade do contrato, em industrial, agrícola, marítimo, comercial e doméstico; d) dos sujeitos da relação, em contrato individual e contrato coletivo ou de equipe; e) do lugar do trabalho, em local designado pelo empregador, estabelecimento do empregador e à domicílio; f) do modo de remuneração, em salário fixo e salário variável; g) da forma, em explícito (verbal ou escrito) e tácito. 2.0. Contrato por tempo determinado e por tempo indeterminado: É a mais importante classificação, que se funda na duração do trabalho. O contrato por tempo indeterminado é aquele em que as partes não prefixam o seu momento de extinção ou termo extintivo. Constitui a regra geral. A indeterminação da duração da relação de emprego deriva de um dos caracteres deste tipo peculiar de contrato (relação contratual de trato sucessivo, continuidade). A sua caracterização é feita com o auxílio de dois elementos: a) elemento subjetivo – ausência de uma declaração de vontade das partes no sentido de limitar, de qualquer sorte, a duração do contrato (quando o celebram não pensam no seu fim); b) elemento objetivo – traduz-se na necessidade de uma declaração de vontade de qualquer dos contraentes para que o contrato termine (denúncia, declaração receptiva de extinguir o contrato). O contrato é, em princípio, resilível em qualquer momento. O seu limite é posto pela estabilidade, atualmente, de eficácia precária no Brasil. O contrato por tempo determinado caracteriza-se sempre que as partes manifestam a vontade de não se ligarem indefinidamente e sabem, de antemão, que se desligarão automaticamente, desde que alcançado seu termo ou condição. Nem sempre é fácil precisar, na prática, se determinada relação é por prazo determinado ou indeterminado. Há contratos de trabalho por prazo determinado cujo termo é certo, e nenhuma dificuldade traz para a sua caracterização, e outros cujo termo é incerto, daí advindo as dificuldades de caracterizar, devendo ser observado, para tanto, a natureza do serviço a ser executado pelo empregado, entre outros indícios. Nesta última hipótese é apenas certo o evento, o acontecimento, mas não o dia em que se realiza. Ex.: pedreiro contratado para trabalhar em edifício de apartamento ou serviços compreendidos numa safra. Para se conhecer o contrato, em relação à sua duração, o processo mais indicado é o de se analisar o fim da prestação, ou seja, se o trabalhador pode prever, aproximadamente, o momento em que cessará a relação ou se o contrato diz respeito a relação que não pode ser continuada. A regra geral é que se presume que o contrato foi pactuado por tempo indeterminado, a menos que se prove o contrário, uma vez que condições especiais não se presumem e exigem forma escrita, ao menos a simples anotação na CTPS. É o que acontece com o contrato de experiência ou a prazo, que devem ser anotados na Carteira do Trabalho, sob pena de ser interpretado como contrato por tempo indeterminado. O contrato por prazo determinado é o que prevê um limite para a sua duração, como um dia determinado, a conclusão de certo trabalho ou fato futuro, de cujo acontecimento há certeza, mas não se pode prever o dia exato. É suficiente a vontade das partes para previamente fixarem a limitação de tempo ao contrato, quando há necessidade, por exemplo, em face da transitoriedade do trabalho objeto do ajuste, da própria atividade empresarial, ou em razão de um contrato sujeito a prova ou, ainda, por determinação legal, como é o caso do técnico estrangeiro, residente no exterior, admitido para trabalhos especializados no Brasil (Decreto-Lei n.º 691/69): Art. 1º. Os contratos de técnicos estrangeiros domiciliados ou residentes no exterior, para execução, no Brasil, de serviços especializados e, em caráter provisório, com estipulação de salários em moeda estrangeira, serão, obrigatoriamente, celebrados por prazo determinado e prorrogáveis sempre a termo certo, ficando excluídos da aplicação do disposto nos artigos nºs 451, 453, do Capítulo VII do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho e na Lei nº 5.107 de 13 de setembro de 1966, com as alterações do Decreto- Lei nº 20, de 14 de setembro de 1966, e legislação subseqüente. Parágrafo único. A rescisão dos contratos de que trata este artigo reger-se-á pelas normas estabelecidas nos artigos nºs 479, 480, e seu § 1º, e 481 da Consolidação das Leis do Trabalho. Igualmente, o contrato de safra (Lei n.º 5.889/73), que no art. 14, parágrafo único, da respectiva lei, considera "contrato de safra o que tenha sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária"), e o contrato de obra certa com o construtor (Lei nº 2.959/56), cujo art. 2º da lei dispõe que: "Rescindido o contrato de trabalho em face do término da obra ou serviço, tendo o empregado mais de 12 meses de serviço, ficar-lhe-á assegurada a indenização por tempo de trabalho na forma do art. 478 da CLT, com 30% de redução"). Há, ainda, a permissão legal de contratação de trabalhador para a substituição de empregado aposentado por invalidez, onde desde que prevista, em contrato, a possível recuperação do mesmo (art. 475, §2º), o empregador fica dispensado do pagamento de indenização ao substituto que será afastado com o seu retorno. O contrato por tempo determinado não poderá ser estipulado por prazo superior a dois anos, podendo ser prorrogado por uma vez. Em razão disso, não poderá ultrapassar 4 (quatro) anos, no total (art. 445, da CLT), sob risco de ser considerado por tempo indeterminado (art. 451, da CLT). Já o contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias (ainda que haja a prorrogação). É o mesmo celebrado sob condição resolutiva, que é o resultado da prova, não estando o empregador obrigado a contratar em caráter definitivo. Como é contrato por tempo determinado, não se cogita de aviso prévio e o inadimplemento do prazo dá direito à parte inocente receber metade dos salários do tempo restante para atingir o termo final. Uma dica: é comum nas questões de concurso, para criar confusão, enunciar a alternativa dizendo que "é possível a prorrogação do contrato de experiência por duas vezes" ou que "pode o contrato de trabalho por tempo determinado ser renovado por duas vezes" etc. para ambos o caso a resposta é não. Lembre-se: o contrato por tempo determinado é formalizado entre as partes e, em seguida, caso haja interesse, pode ser prorrogado por mais uma vez, o que soma dois momentos, ao final, mas não se tratam de duas prorrogações, o que somaria três momento e é ilegal. Voltando ao tema, só no caso de cláusula que estabelece o direito recíproco de rescisão antecipada, é que é devido o aviso prévio, uma vez que esta cláusula lhe retira o caráter de contrato por tempo determinado, quando do momento rescisório. Exceder o prazo de 90 (noventa) dias, do mesmo modo, transforma-o em contrato por tempo indeterminado. Com relação ao contrato de experiência já nos detivemos, com mais critério, na aula anterior, cuja leitura é pertinente. O interesse na distinção dessas duas modalidades (contrato por tempo determinado e por tempo indeterminado) é que não estão sujeitas ao mesmo regime legal. O aviso prévio - comunicação que uma parte faz a outra quando quer rescindir o contrato de trabalho - é incompatível com o contrato por tempo determinado. Ressalte-se, mais uma vez, que a prevalência é do contrato por prazo indeterminado, pois o contrato a termo impede que o trabalhador desfrute de certos direitos que se reputam indispensáveis à sua proteção jurídica e abalam seu equilíbrio e segurança. Daí a tendência de se considerar o contrato por prazo determinado uma exceção, só admissível em certas e determinadas circunstâncias. No Direito do Trabalho, vige o princípio da continuidade da relação de emprego, o que exclui, de imediato, a possibilidade de contrato por tempo determinado, salvo exceções. A intenção do legislador é que o vínculo perdure indefinidamente e a relação de emprego só mude, subjetivamente, quando as partes tivessem motivos para ruptura do vínculo. 3.0. Renovação. Conseqüências: Recondução expressa - é quando a renovação do contrato ocorre por força de novo acordo expresso. Recondução tácita – é quando ocorre prorrogação do contrato, sem manifestação expressa de vontade nesse sentido, continuando o empregado a trabalhar e o empregador a lhe pagar o salário, depois de expirado o prazo convencionado. A recondução tácita tem o efeito de converter o contrato por prazo determinado em contrato por prazo indeterminado (a cláusula atinente ao prazo deixa de existir). O tempo decorrido na vigência do contrato a prazo deve ser apurado para efeitos da antiguidade e todas as cláusulas do contrato a termo continuam a regular a relação, com exceção da que previa seu fim (CLT arts. 453 e 468). Devem ser considerados contratos por prazo indeterminado aqueles que, ainda que pactuado por tempo determinado, sucedem a outros, por tempo determinado, dentro de 6 meses (art. 452, da CLT), salvo se a extinção dependeu da execução de serviços especializados (em relação à obra, à natureza do serviço, e não à especialização profissional do trabalhador) ou da realização de certos acontecimentos. 4.0. Trabalho efetivo e trabalho eventual: Trabalho efetivo é quando o serviço constitui uma necessidade permanente da empresa, não meramente acidental, sendo o contrato por prazo indeterminado. Por sua vez, o trabalho é eventual quando o serviço é prestado sem esta característica de continuidade e permanência, mas em virtude de uma circunstância acidental. Nesse caso, supõe-se o contrato de trabalho por tempo determinado, tendo em vista a curta duração da prestação. O interesse prático na distinção é que ao trabalhador eventual não podem ser concedidas todas as vantagens outorgadas pela lei aos empregados efetivos. 5.0. Contrato de emprego por safra ou por temporada: Emprego por safra, ou temporada, é o dependente de variações estacionais da atividade agrária (Lei n.º 5.889/73). Na prática, apresentam-se certas situações em que não é fácil dispor se o trabalho é efetivo ou eventual. Na hipótese em estudo, apesar das dúvidas suscitadas no passado, considera- se o contrato de safra como vinculante de uma relação permanente e não eventual (trabalhadores adventícios). Desde que o trabalho deva ser realizado, embora periodicamente, não pode ser considerado eventual. É difícil, no entanto, aplicar aos trabalhadores de temporada todos os preceitos tutelares do Direito do Trabalho. Mas não é obstáculo o seu reconhecimento como trabalho efetivo, numa empresa de trabalho contínuo. O trabalho por temporada há de ser tido como objeto de um contrato de trabalho por tempo determinado. Constitui-se exceção à regra da indeterminação de prazo nos contratos de trabalho efetivo. Neste sentido tem se pautado a jurisprudência especializada, embora considerando que os períodos descontínuos devam ser somados para o efeito da apuração da antiguidade e respectiva indenização (art. 443, da CLT). Dependem de acontecimentos suscetíveis de duração aproximada. Ex: a variação estacional agrária. 6.0. Trabalho temporário (empresa fornecedora de mão-de-obra temporária): É o trabalho efetuado por empregado de empresa que coloca à disposição de outras empresas o seu quadro funcional, por ela selecionado e remunerado. O sistema pode ser adotado desde que se trate de atividade supletiva e transitória na empresa tomadora, diverso de sua atividade-fim. Convém transcrevermos o Enunciado n.º 331, do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - LEGALIDADE (Revisão do Enunciado 256) I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, através de empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública Direta, Indireta ou Fundacional (Art. 37, II, da Constituição da República). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (artigo 71 da Lei nº 8.666/93). (Redação dada ao item pela Resolução TST nº 96, de 11.09.2000, DJU 18.09.2000) O trabalho temporário (Lei n.º 6.019 de 03/01/74) não constitui verdadeira espécie de trabalho eventual, pois desde que o trabalhador eventual passe a integrar uma empresa de trabalho temporário, reconhecida pela lei (empresa terceirizada), perde esta condição, para se tornar empregado efetivo da própria empresa de trabalho temporário, que suporta o ônus trabalhista, remanescendo responsabilidade subsidiária para a empresa tomadora da mão-de- obra . Se as tarefas executadas pelos trabalhadores temporários são de natureza permanente, configura-se a fraude à legislação do trabalho, mediante a intermediação ilegal da empresa fornecedora da mão-de-obra. 7.0. Contrato de emprego individual e coletivo: O contrato de trabalho individual ocorre quando a obrigação de prestar serviço é contraída individualmente pelo empregado (o sujeito-empregado é individual, singular). O contrato Coletivo de Trabalho ocorre quando a obrigação de prestar serviço é contratada por empregados em conjunto (o sujeito-empregado é plural, coletivo). Também denominado contrato de equipe, tal contrato se estipula entre um empregador e uma pessoa jurídica (representante dos trabalhadores) ou com um grupo de trabalhadores sem personalidade jurídica. Ex.:relação que se trava entre o dono de um restaurante e o maestro de uma orquestra, para que esta execute números de música, todas às noites. Tantos se enfeixam no contrato que, por ter pluralidade de sujeitos, se chama coletivo. Essa designação é criticada pela confusão que pode gerar com o direito coletivo. O trabalho de estiva, efetuado por intermédio do respectivo sindicato, é apontado, também, como exemplo do contrato de equipe. Distingue-se de trabalho prestado por intermédio de empresa terceirizada pela ausência de especulação por parte do chefe do grupo. A remuneração global ajustada é repartida por todos, em parcelas equivalentes, em vez de ficar na mão de um só que tira o seu proveito especulando sobre os salários dos demais. 8.0. O contrato por equipe: É o mesmo que contrato coletivo. Também chamado de contrato plúrimo. Resolve-se num feixe de contratos individuais. Pressupõe que o trabalho não se possa realizar senão mediante os esforços de uma equipe (ver art. 455, da CLT). 9.0. Trabalho a domicílio: Geralmente o serviço é prestado na sede do estabelecimento do empregador. Sem embargo, há inúmeros trabalhadores cujo trabalho se realiza em outro local, que não o estabelecimento do empregador, como é o caso dos promotores de venda ou dos técnicos de empresas de assistência técnica e instalação de equipamentos como antenas parabólicas, telefonia etc. Também existem casos de pessoas que não obstante sejam empregados nos moldes celetistas, efetuam o trabalho em suas próprias residências. Nesse caso, a subordinação é tênue e a remuneração geralmente é feita por unidade de obra. Nos deteremos com mais critérios a cada uma dessas espécies de trabalho, em momento posterior, uma vez que o aprofundamento nesses temas é essencial para quem almeja concursos na área trabalhista. 10.0. Contrato a termo na Lei n.º 9.601/98: Não obstante a CLT já disciplinar o contrato por prazo determinado, a Lei n.º 9.601/98 deu nova amplitude ao instituto. Dispõe que via negociação coletiva, as partes estabelecem as hipóteses de cabimento do contrato a termo, libertos das amarras do art. 443, §2º, da CLT. A ausência desse entendimento entre as partes implica nulidade da cláusula do termo, mas não do contrato. Mesmo nesse tipo contratual, o limite das contratações é de dois anos, não obstante possam ser inúmeras as prorrogações do contrato, desde que respeitado esse limite temporal. Outra particularidade é que os contratos a termo regidos pela mencionada legislação podem ser adotados tanto para a atividade-fim, quanto para a atividade-meio da empresa. Essa forma de contratação foi concebida objetivando gerar mais empregos, pois foram flexibilizadas as regras trabalhistas e foram reduzidos os encargos sociais provenientes das contratações, a fim de estimulá-las No entanto, seu objetivo não foi atingido, e apenas se precarizou as relações de trabalho dela decorrentes. Texto extraído de: - Instituições do Direito do Trabalho, Délio Maranhão, 13ª ed., LTr, SP, 1993 - Curso de Direito do Trabalho, Amauri Mascaro do Nascimento, 11ª ed., Saraiva, SP, 1995 - Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, Valentim Carrion, 25ª ed. Saraiva, SP, 2000 - CLT Comentada, Eduardo Gabriel Saad, 28ª ed., Ltr, SP, 1995 - Direito do Trabalho, Sérgio Pinto Martins, 5ª ed., Malheiros, SP, 1998.