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Tcc - Aproveitamento De Resíduos Da Construção Civil Na Fabricação De Concreto

Aproveitamento de resíduos da construção civil na fabricação de concreto

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA SERRA GAÚCHA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Marcelo Peruchin APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO NÃO ESTRUTURAL Avaliador: Defesa: dia 02/12/2016 às 21:30 horas Local: FSG / Rua Os Dezoito do Forte, 2366 - Caxias do Sul - RS Anotações com sugestões para qualificar o trabalho são bem-vindas. O aluno fará as correções e lhe passará a versão final do trabalho, se for de seu interesse. Caxias do Sul Dezembro de 2016 MARCELO PERUCHIN APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO NÃO ESTRUTURAL Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da Serra Gaúcha, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Me. Ivan Ideraldo Bonet Coorientador: Me. Josué Argenta Chies Coorientadora: Me. Raquel Finkler Caxias do Sul Dezembro de 2016 MARCELO PERUCHIN APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO NÃO ESTRUTURAL Este Trabalho de Conclusão foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Conclusão do Centro Universitário da Serra Gaúcha. Caxias do Sul, dezembro de 2016. Prof. Ivan Ideraldo Bonet Mestre pelo PPGEP/UFSC Orientador Prof. Josué Argenta Chies Mestre pelo PPGEC/UFRGS Coorientador Profa. Raquel Finkler Mestre pelo PPGEA/UFSC Coorientadora BANCA EXAMINADORA Prof. Josué Argenta Chies (FSG) Mestre pela UFRGS Profa. Raquel Finkler (FSG) Mestre pela UFSC Profa. Margarete Ermínia Tomazini Bender (FSG) Especialista pela UCS Dedico este trabalho a minha esposa Denise Dalla Santa, que de forma especial me incentivou, encorajou e apoiou durante o período do meu Curso de Graduação estando ao meu lado em todos os momentos, quero agradecer também, meu filho, Vicente Antônio Peruchin, por me presentear com seu nascimento. AGRADECIMENTOS A Deus pela vida e oportunidades. Ao meu sogro, Engenheiro Pedro Dalla Santa, pela inspiração, incentivo e compreensão. Ao meu coorientador, Prof. Me. Josué Argenta Chies, pelo auxílio, orientação e disponibilidade. A minha coorientadora, Profa. Me. Raquel Finkler, pela disponibilidade, agilidade e acurácia. Ao Sr. Enio Scariot, pela atenção, apoio e fornecimento da areia para a realização deste trabalho. Por fim, agradeço a minha querida esposa Denise, por toda a compreensão, auxílio e incentivo durante minha formação acadêmica. Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista. Aldo Novak RESUMO Toda obra de construção ou demolição gera resíduos que, normalmente, são depositados em aterros. Com o intuito de utilizar esses resíduos como matéria-prima na própria construção civil, reduzindo a exploração de recursos naturais e a disposição desses materiais na natureza, foi organizada uma pesquisa que buscou verificar a usabilidade da areia reciclada na produção de concreto não estrutural. Para isso, foram produzidos corpos de prova de acordo com as normas da ABNT, seguindo três diferentes traços: um normal (1:5), um pobre (1:6,5) e um rico (1:3,5). Esse estudo apresentou resultados positivos, tanto na questão da qualidade do concreto quanto na questão econômica. No ensaio de resistência à compressão, o concreto com traço normal alcançou 28 MPa, o com traço pobre, 20 MPa e o com traço rico, 31 MPa. Na questão econômica, a areia reciclada apresentou redução de 61% do valor da areia natural e entre 10% e 15% do custo do concreto. A pesquisa comprovou que o concreto produzido com resíduos da construção civil pode ser amplamente utilizado, porém o material fornecido como areia reciclada necessita de adequações do fabricante. Palavras-chave: Resíduos da construção civil, areia reciclada, concreto não estrutural, sustentabilidade. ABSTRACT Construction or demolition generates waste that are usually landfilled. In order to use this waste as a raw material in the own building, reducing the exploitation of natural resources and the disposal of these materials in nature, a survey was organized to try to verify the usability of recycled sand in the non-structural concrete production. Then specimens were produced according to the Brazilian technical standards (ABNT), following three different traits: a normal (1:5), a poor (1:6.5) and a rich (1:3.5). This study showed positive results in both: the quality of the concrete and the economic issue. In the compressive strength test, the concrete with normal trait reached 28 MPa, with poor trait, 20 MPa and with rich trait, 31 MPa. About economic issues, the recycled sand represented 61% of reduction if compared with natural sand cost and a reduction between 10% and 15% of the concrete cost. The research proved that the concrete produced with construction waste can be widely used, but the material provided as recycled sand requires manufacturer adjustments. Keywords: Construction waste, recycled sand, non-structural concrete, sustainability. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Diagrama etapas da pesquisa ......................................................................... 19 Figura 2: Descarte irregular em Pelotas -RS ................................................................. 20 Figura 3: Descarte irregular em Caxias do Sul - RS...................................................... 20 Figura 4: Origem dos RCC em relação ao percentual de massa total gerada ................ 21 Figura 5: Usina de reciclagem de entulho ..................................................................... 24 Figura 6: Processo de reutilização de resíduos .............................................................. 25 Figura 7: Concreto com falta de argamassa................................................................... 32 Figura 8: Concreto com teor ideal de argamassa ........................................................... 32 Figura 9: Concreto com coesão entre argamassa e agregado graúdo ............................ 33 Figura 10: Verificação da coesão e vazios do concreto................................................. 33 Figura 11: Procedimento para ensaio de abatimento ..................................................... 34 Figura 12: Verificação do abatimento ........................................................................... 34 Figura 13: Ensaio de abatimento do tronco de cone ...................................................... 35 Figura 14:Área de separação do entulho recebido......................................................... 39 Figura 15: Sistema de britagem de entulhos .................................................................. 40 Figura 16: Sistema de esteiras ....................................................................................... 40 Figura 17: Distribuição granulométrica do agregado miúdo após beneficiamento ....... 41 Figura 18: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo ........................ 42 Figura 19: Procedimento de secagem da amostra ......................................................... 42 Figura 20: Agregado com superfície saturada ............................................................... 43 Figura 21: Agregado na condição de saturado com superfície seca .............................. 43 Figura 22:Secagem da amostra para verificação da massa............................................ 44 Figura 23: Teor de argamassa insuficiente .................................................................... 45 Figura 24: Teor de argamassa suficiente ....................................................................... 45 Figura 25: Slump Test ................................................................................................... 46 Figura 26: Rasamento da moldagem dos corpos de prova ............................................ 47 Figura 27: Cura dos corpos de prova ... ......................................................................... 48 Figura 28: Retificação das bases dos corpos de prova ................................................. 48 Figura 29: Base retificada de um corpo de prova .......................................................... 48 Figura 30: Máquina de ensaio à compressão ................................................................ 50 Figura 31: Rompimento do corpo de prova ................................................................... 50 Figura 32: Ábaco de relação água/cimento, traço e consumo de cimento .................... 52 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Classificação dos RCC conforme a resolução CONAMA nº 307 (BRASIL,2002) .22 Quadro 2: Normas Técnicas relativas aos resíduos da construção civil ....................................23 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Requisitos para agregado reciclado destinado à concreto sem função estrutural ...... 26 Tabela 2: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo ..................................... 30 Tabela 3: Teor de argamassa percentual .................................................................................... 32 Tabela 4: Limites mínimo e máximo de abatimento ................................................................. 35 Tabela 5: Número de camadas para moldagem dos corpos de prova cilíndricos ...................... 36 Tabela 6: Tolerância para idade de ensaio ................................................................................. 37 Tabela 7: Fator de correção altura / diâmetro ............................................................................ 38 Tabela 8: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo .................................... 41 Tabela 9: Distribuição granulométrica do agregado miúdo ...................................................... 44 Tabela 10: Consumo de materiais em massa para o mesmo teor de argamassa ........................ 47 Tabela 11: Custo por unidade .................................................................................................... 49 Tabela 12: Resultado do ensaio de resistência à compressão .................................................... 51 Tabela 13: Custo por quilo de agregado .................................................................................... 53 Tabela 14: Custo para fabricação de 1m³ de concreto ............................................................... 53 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ARM – Agregado de Resíduo de Concreto ARC – Agregado de Resíduo Misto CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CP-II-Z32R – Cimento Portland composto com pozolana EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas LI – Limite Inferior LS – Limite Superior MPa – Megapascal NBR – Norma Brasileira aprovada pela ABNT NM – Normalização no Mercosul NR – Norma Regulamentadora RCD – Resíduo de Construção e Demolição RCC – Resíduo da Construção Civil. RS – Rio Grande do Sul SSS – Saturado de Superfície Seca USP – Universidade de São Paulo LISTA DE SÍMBOLOS 1 : a : b – relação cimento/areia/brita α – teor percentual de argamassa; A – percentual de absorção de agua a – massa de areia b – massa de brita cm – centímetro D - diâmetro do corpo-de-prova F – força máxima – resistência à compressão h – altura kg – kilograma m – porcentagem de material mais fino que 75 μm m – massa da amostra seca em estufa mf – massa da amostra seca após a lavagem mi – massa original da amostra seca mm – milímetro ms – massa da amostra na condição saturado de superfície seca, M1 – massa seca total da amostra retida na peneira 300µm M2 – massa seca de materiais não-minerais m³ – metro cúbico Pnm – percentual de materiais não-minerais tf - tonelada-força μm – micrometro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15 2 DIRETRIZES DA PESQUISA ............................................................................................. 17 2.1 QUESTÃO DA PESQUISA ........................................................................................... 17 2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA......................................................................................... 17 2.2.1 Objetivo principal......................................................................................................... 17 2.2.2 Objetivos secundários .................................................................................................. 17 2.3 HIPÓTESE ...................................................................................................................... 18 2.4 PRESSUPOSTO ............................................................................................................. 18 2.5 DELIMITAÇÕES ........................................................................................................... 18 2.6 LIMITAÇÕES ................................................................................................................. 18 2.7 DELINEAMENTO ......................................................................................................... 18 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 20 3.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ....................................................................... 20 3.2 TRANSFORMAÇÃO DE RESÍDUOS EM MATÉRIA-PRIMA .................................. 23 3.3 REQUISITOS PARA EMPREGO DE RCC EM CONCRETO NÃO ESTRUTURAL 25 3.3.1 Absorção de água ......................................................................................................... 27 3.3.2 Contaminantes .............................................................................................................. 28 3.3.3 Teor de material passante na malha 75 μm .................................................................. 28 3.3.4 Especificações granulométricas ................................................................................... 29 3.4 DETERMINAÇÃO DO TRAÇO.................................................................................... 30 3.4.1 Teor de argamassa ........................................................................................................ 31 3.4.2 Cálculo do teor de argamassa ....................................................................................... 31 3.5 DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO CONCRETO ....................................... 33 3.6 PROCEDIMENTO PARA MOLDAGEM E CURA DE CORPOS DE PROVA .......... 36 3.7 ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS .................. 37 4 METODOLOGIA.................................................................................................................. 39 4.1 PROCESSO DE BRITAGEM NA EMPRESA .............................................................. 39 4.2 Adequação granulométrica do material........................................................................... 40 4.3 ENSAIOS DE LABORATÓRIO .................................................................................... 40 4.3.1 Ensaio granulométrico.................................................................................................. 40 4.3.2 Ensaio de absorção de água .......................................................................................... 42 4.3.3 Teor de material passante peneira de malha75µm ....................................................... 44 4.3.4 Ensaio do teor de argamassa ........................................................................................ 45 4.3.5 Ensaio de abatimento para determinação da consistência (Slump test) ....................... 46 4.3.6 Moldagem dos corpos de prova ................................................................................... 46 4.3.7 Preparação dos corpos de prova ................................................................................... 47 4.4 ANÁLISE DE CUSTO ................................................................................................... 48 5 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................... 50 5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ................................................................................ 50 5.2 CUSTO ............................................................................................................................ 52 6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 54 7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 56 15 1 INTRODUÇÃO A construção civil, importante segmento da indústria brasileira, é tida como referência do crescimento econômico e social de uma região. Assim como toda indústria, é uma fonte geradora de impactos ambientais. Entre esses, merece destaque, a geração resíduos sólidos pela construção civil que são frequentemente vistos como causadores de problemas. Além da grande quantidade gerada, “existe um agravante que é a disposição irregular que ocorre em locais como vias, rios, córregos, terrenos baldios e áreas de mananciais, contribuindo para a degradação urbana” (MOTTA, 2005, p.8). O mundo como um todo tem despertado para as questões ambientais. Atualmente, programas que reduzem a utilização de recursos naturais nos processos de fabricação ganham destaque na indústria em geral. Os produtos fabricados com meios sustentáveis acabam garantindo ao consumidor certa tranquilidade, pois ele percebe que, ao consumi-los, está contribuindo para a preservação do meio ambiente, o bem-estar da sociedade atual e das gerações futuras. De acordo com BRASIL (2010, p.2), os esforços dos municípios brasileiros em um primeiro momento são focados no manejo apropriado e sustentável dos resíduos domiciliares e hospitalares. Segundo Brasil (2005a), porém, os resíduos da construção civil (RCC, também conhecidos como RCD – resíduos de construção e demolição) representam um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, podem representar de 50 a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos. Alguns estudos apontam ainda que os RCC podem alcançar até duas toneladas de entulho para cada tonelada de lixo domiciliar. Na construção civil essa preocupação também surge como necessidade e recebe olhares cada vez mais cautelosos. O elevado desperdício de matéria-prima não renovável e o grande volume de resíduos gerados pela construção civil fomentam a necessidade em se buscar alternativas para o desenvolvimento sustentável também nessa área. Souza et al. (2004) apud Karpinski (2009, p. 11) destacam que desperdiçar materiais em forma de resíduos ou de qualquer outra maneira é o mesmo que desperdiçar recursos naturais. Na atualidade, utilizar o RCC, pode ser uma alternativa para a construção civil, e sua utilização na forma de concreto torna-se muito interessante do ponto de vista ambiental, já que é o material industrial mais consumido pelo homem. Ao substituir os agregados naturais do concreto por agregados reciclados, pode-se evitar que 95 milhões de toneladas de RCD sejam dispostas em aterros e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo dos recursos naturais não renováveis (ANGULO e FIGUEIREDO, 2011, p. 1732 e 1733). ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 16 Com o objetivo de reduzir o impacto ambiental gerado pelo descarte de resíduos, diversos estudos estão sendo realizados, buscando desenvolver novas tecnologias para o reaproveitamento das sobras de processos de edificação/demolição. Através de sistema de britagem, torna-se possível reaproveitar restos de cerâmica, alvenaria, argamassa e concreto oriundos desses processos, transformando-os em agregados graúdos e miúdos. Nesse contexto, esta pesquisa visa verificar a viabilidade do uso de RCC na forma de agregado miúdo, na fabricação de concreto não estrutural, bem como avaliar suas características e especificidades. Para isso, foram realizados estudos teórico e em laboratório, que almejam comprovar a usabilidade desse material para o fim proposto e as possibilidades de sua aplicação. O material a ser utilizado é denominado areia reciclada, fornecido pela empresa de recolhimento de entulhos Scariot da cidade de Caxias do Sul/RS. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 17 2 DIRETRIZES DA PESQUISA As diretrizes deste trabalho estão descritas nos itens a seguir. 2.1 QUESTÃO DA PESQUISA O resíduo da construção civil, britado como areia reciclada, pode ser utilizado como substituto do agregado miúdo na fabricação de concreto não estrutural, mantendo níveis satisfatórios de resistência? 2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA Os objetivos desta pesquisa estão divididos em principal e secundários. 2.2.1 Objetivo principal Verificar a viabilidade do uso de resíduos de construção civil em forma de agregado miúdo, substituindo a areia natural na fabricação de concreto não estrutural. 2.2.2 Objetivos secundários Os objetivos secundários são: a) realizar um estudo teórico que direcione a pesquisa; b) analisar a areia reciclada britada e adequá-la para ensaio em laboratório (granulometria e umidade); c) produzir corpos de prova com três diferentes traços de material, utilizando a areia reciclada de acordo com as normas vigentes; d) verificar a usabilidade ou não da areia reciclada em concreto não estrutural, observando as características apresentadas nos corpos de prova; e) avaliar custo beneficío; f) sugerir aplicações do concreto não estrutural produzido com areia reciclada. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 18 2.3 HIPÓTESE O concreto fabricado com areia reciclada apresenta características adequadas para uso na construção civil, podendo ser utilizado se for produzido de acordo com as normas. 2.4 PRESSUPOSTO A areia reciclada necessita ser analisada e adequada antes de sua utilização para a fabricação do concreto. Além disso, cada material britado confere características específicas ao material denominado areia reciclada. O uso de areia reciclada reduz significativamente o descarte de RCC em aterros licenciados ou irregulares, bem como a extração de recursos naturais. 2.5 DELIMITAÇÕES Delimita-se ao estudo de areia reciclada oriunda de um único fornecedor, localizado em Caxias do Sul, para a utilização como agregado miúdo na fabricação de concreto não estrutural, verificando suas características e usabilidade. 2.6 LIMITAÇÕES Limita-se à confecção de corpos de prova de concreto com três diferentes traços, produzidos e ensaiados em laboratório de acordo com as normas vigentes no que se refere a uso de materiais britados para a fabricação de concreto não estrutural. 2.7 DELINEAMENTO A pesquisa será realizada seguindo as seguintes etapas: a) pesquisa bibliográfica; b) ensaios e adequação do material para utilização de acordo com a ABNT; c) produção de corpos de prova com três traços distintos de material; d) realização de teste de resistência à compressão em todos os corpos de prova; e) análise dos resultados; ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 19 f) verificação de possibilidade de uso da areia reciclada em forma de agregado miúdo na composição de concreto não estrutural. O diagrama que consta na Figura 1 apresenta as etapas do delineamento de forma esquemática, sendo que nos próximos parágrafos essas são detalhadas. Figura 1: Diagrama etapas da pesquisa (Fonte: autor, 2016) ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 20 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Esta pesquisa foi realizada tendo como base a definição e classificação de Resíduo da Construção Civil e os preceitos para uso desse material normatizados pela ABNT que seguem. 3.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Devido ao crescimento da urbanização, a partir de 2002, o Brasil iniciou o estabelecimento de políticas públicas, normas, especificações técnicas e instrumentos econômicos, voltados ao equacionamento dos problemas resultantes do manejo inadequado de RCC (BRASIL, 2005). BRASIL (2005) diz ainda que esse processo fez com que os agentes envolvidos na cadeia dos resíduos desenvolvessem iniciativas rumo à sustentabilidade, “de forma a tornar viáveis destinos mais nobres para os resíduos gerados nesta atividade” (ABNT, 2004). Na atualidade, o descarte de RCC em áreas irregulares ainda é comum, e os casos se multiplicam por todo o Brasil. A região sul não é diferente, como se pode ver na Figura 2, que, ilustra o descarte irregular de RCC próximo a afluentes do Canal São Gonçalo em Pelotas (RS) e na Figura 3, a qual apresenta o descarte irregular de entulhos em um terreno localizado em São Luiz da 6º Légua, Caxias do Sul (RS). Figura 2: Descarte irregular em Pelotas -RS (Fonte: TESSARO, 2012) Figura 3: Descarte irregular em Caxias do Sul - RS (Fonte: PIONEIRO, 2014) A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 307 (BRASIL,2002) publicada no Diário Oficial da União, define resíduos da construção civil como aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 21 Segundo Camargo (1995) apud Budke et al. (2011, p. 940), no Brasil, em média, os RCC são compostos principalmente por argamassa (cerca de 64%), componentes de vedação – tijolos e blocos – (cerca de 30%) e outros materiais (cerca de 6%). Esses resíduos são provenientes de diversas situações e podem variar de acordo com as técnicas construtivas utilizadas. De acordo com Brasil (2010), a principal origem desses resíduos é proveniente de reformas, ampliações e demolições, conforme a Figura 4. Figura 4: Origem dos RCC em relação ao percentual de massa total gerada (Fonte: adaptado de BRASIL: 2010, p.4.) Além disso, Formoso et al. (1996) citam as principais formas de geração de resíduos nas construções: “perdas por superprodução” – quando, por exemplo se produz mais argamassa do que a quantidade necessária – e as “perdas no processo em si” – quando, por exemplo, se torna necessário quebrar paredes para a realização de instalações hidráulicas e elétricas. O CONAMA, como forma de reduzir os impactos ambientais provenientes do descontrole das atividades relacionadas à geração, ao transporte e à destinação do RCC, em 05/07/2002, aprovou a Resolução n°307 (BRASIL, 2002), anteriormente citada, que classifica o entulho da construção civil em categorias e considera no seu gerenciamento a sua redução, reutilização, reciclagem e disposição final, como pode ser observado no Quadro 1. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 22 Quadro 1: Classificação dos RCC conforme a resolução CONAMA nº 307 (BRASIL,2002) * ** (Fonte: LIMA e LIMA, 2010) * Resolução CONAMA nº 469 (BRASIL,2015), incluindo embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso na Classe B. ** A Resolução CONAMA nº 348 (BRASIL, 2004), altera a Resolução supracitada, incluindo o amianto na Classe D. Essa classificação tem valor na medida em que, ao se identificar os RCC presentes em uma obra e suas quantidades, torna-se possível fazer um planejamento do que poderá ser reutilizado e do que deverá ser descartado. Assim, o processamento desses recursos pode ser agilizado evitando o desperdício de materiais e possíveis danos ao meio ambiente. Após a resolução do CONAMA 307 (BRASIL, 2002), o manejo adequado ganhou força extra com as implantações de planos de gerenciamento de RCC em canteiros de obra. Além disso, normas que orientam a destinação e o reúso desses resíduos foram elaboradas por Comitês Técnicos e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 2004, como podem ser observadas no Quadro 2. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 23 Quadro 2: Normas Técnicas relativas aos resíduos da construção civil Norma ABNT Descrição NBR 15112:2004 Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem- Diretrizes para projeto, implantação e operação. NBR 15113:2004 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. NBR 15114:2004 Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. NBR 15115:2004 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – NBR 15116:2004 Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos. (Fonte: autor, 2016) 3.2 TRANSFORMAÇÃO DE RESÍDUOS EM MATÉRIA-PRIMA A ideia de transformar resíduos da construção civil em matéria-prima para novas obras aparece não só com a intenção de minimizar os custos na construção civil, mas principalmente de reduzir o impacto sobre o meio ambiente. Segundo Sposto (2006), o “potencial do reaproveitamento e reciclagem de resíduos da construção é enorme, e a exigência da incorporação destes resíduos em determinados produtos pode vir a ser extremamente benéfica, já que proporciona economia de matéria-prima e energia”. Os resíduos sólidos gerados pela construção civil, frequentemente vistos como causadores de problemas, podem, então, servir como matéria-prima para a própria obra ou para outras aplicações, como, por exemplo, a pavimentação de estradas. Segundo Motta (2005), o uso de agregados reciclados nas obras de pavimentação em São Paulo proporciona uma redução de 18% nos custos. De acordo com Linhares e Lima (2011), recentemente a preocupação com os entulhos de construção esteve presente na obra de reforma, ampliação e modernização do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, no Ceará. Eles descrevem que “todo o material cimentício resultante de demolições [...] [foi] fragmentado [...] para reutilização dentro da própria obra”. No total, foram produzidas mais de 35 mil toneladas de material britado, que foi utilizado “como base e sub-base granular de todos os pavimentos apoiados sobre o solo, como por exemplo, os estacionamentos cobertos Norte e Sul” (LINHARES e LIMA, 2011). Segundo Budke (2011), cerca de 90% dos resíduos que compõem a Classe A da classificação da Resolução CONAMA nº307 (BRASIL, 2002) podem ser reaproveitados na própria obra. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 24 Uma das alternativas que auxiliam a pôr em prática essa ideia de reaproveitamento são as usinas de reciclagem. Como pode se ver na Figura 5, eles são centros de recepção de RCC que possuem máquinas de trituração de grande capacidade, transformando resíduos Classe A em agregados para a utilização na construção civil. As usinas reaproveitam materiais que antes eram desprezados, transformando-os em matériaprima para novas obras, edificações e reformas. Além de reduzir custos, essa opção também auxilia na redução do uso de materiais novos, diminuindo significativamente a exploração de recursos naturais. Figura 5: Usina de reciclagem de entulho (Fonte: CAVALCANTI, 2012) Outra possibilidade é o uso de máquinas de trituração de pequeno porte. No caso de uma demolição prévia à nova construção, elas são alocadas no próprio canteiro de obras e transformam pedras, restos de argamassa, cerâmicos, tijolos e blocos em partes menores. Essas partes menores podem substituir a brita, o pó de brita e a areia em, por exemplo, “argamassa para assentamento, nivelamento de laje, chumbamento, contrapiso, chapisco, base, sub-base, drenagem, pavimentação, terraplenagem, fabricação de artefatos de concreto, dentre outros” (CONSTRUEFICIÊNCIA, 2012).Um exemplo simples desse processo pode ser observado na Figura 6, em que aparecem em sequência: a) depósito de resíduos resultantes da quebra de paredes para inserir a instalação elétrica; b) um triturador de pequeno porte transformando os resíduos em partes menores; c) um detalhe no produto final desse triturador; d) enchimento abaixo do contrapiso realizado com parte do resíduo que passou pelo processo de britagem, substituindo areia grossa. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 25 Figura 6: Processo de reutilização de resíduos a) b) c) d) (Fonte: ECOSINERT, 2011-2012) Apesar de todos os benefícios apontados, o entulho reciclado não pode ser utilizado indiscriminadamente. Ele possui características específicas que não substituem, na totalidade, as características dos agregados originais. Segundo Carneiro et al. (2001 p. 153), “a presença [...] de algumas substâncias consideradas impurezas ou contaminantes pode prejudicar o desempenho dos materiais produzidos com o agregado reciclado”. Os autores ilustram essa afirmação fazendo referência à presença de solos em geral, polímeros, impermeabilizantes, fíllers expansivos, gesso, cerâmica refratária, vidros, metais e matéria orgânica, entre outros, que, em certas quantidades, podem afetar o desempenho de um concreto estrutural. Também é importante afirmar que “uma determinada substância pode ser considerada como impureza ou contaminante para uma dada aplicação do agregado reciclado e como material inerte para outra aplicação” (CARNEIRO et al., 2001, p. 154-155). Torna-se necessário, então, observar a composição do agregado reciclado para utilizá-lo em situações que não coloquem em risco a sua aplicação, atentando para as normas que regem seu uso. 3.3 REQUISITOS PARA EMPREGO DE RCC EM CONCRETO NÃO ESTRUTURAL De acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004), o concreto sem função estrutural pode ser utilizado como: “enchimentos, contrapiso, calçadas e fabricação de artefatos não estruturais, ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 26 como blocos de vedação, meio-fio (guias), sarjeta, canaletas, mourões e placas de muro”. Ainda segundo ela, o emprego de agregado reciclado Classe A pode substituir parcial ou totalmente os agregados convencionais na composição desse tipo de concreto (ABNT, 2004). Os agregados reciclados classe A, de acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004), são subdivididos em dois grupos:  agregado de resíduo de concreto (ARC): “composto na sua fração graúda, de no mínimo 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas” (ABNT, 2004, p.3);  agregado de resíduo misto (ARM): “composto na sua fração graúda com menos de 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas” (ABNT, 2004, p.3). A Tabela 1 estabelece parâmetros para agregado reciclado, tanto ARC quanto ARM, utilizado para o preparo de concreto sem função estrutural. Vale ressaltar que o teor desta pesquisa vai enfatizar os requisitos para agregado miúdo. Tabela 1: Requisitos para agregado reciclado destinado à concreto sem função estrutural (Fonte: ABNT, 2004, p.5) Para a caracterização do agregado miúdo, após classificá-lo como ARC ou ARM, faz-se necessário realizar teste de absorção de água, verificar a presença de contaminantes e o teor de material passante na malha 75 µm. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 27 3.3.1 Absorção de água Os agregados reciclados, de um modo geral, apresentam elevada absorção de água, em função da sua porosidade. Essa absorção resulta em alterações no teor de água das misturas e, se não considerada, influenciará diretamente na resistência do concreto. Para o preparo do concreto com materiais provenientes de RCC, segundo a NBR 15116 (ABNT, 2004), deve-se, inicialmente, realizar a pré-molhagem do agregado. “A prática tem mostrado que valores em torno de 80% do teor de absorção de água do agregado reciclado em uso são adequados” (ABNT, 2004, p.6). O teste de absorção de água do agregado miúdo é realizado de acordo com NBR NM 30 (ABNT, 2001). Essa norma solicita que uma amostra de aproximadamente um quilo de agregado miúdo seja submersa em água por 24h. Após esse período, deve-se retirá-la da água, espalhá-la e submetê-la à ação de uma suave corrente de ar quente, revolvendo-a até que os grãos não fiquem aderidos entre si de forma marcante. Após esse processo, deve-se colocar o agregado miúdo em um molde específico, aplicar suavemente em sua superfície 25 golpes com a haste de compactação e levantar o molde. Se houver umidade superficial, o agregado se conservará com a formado molde. Realizar novamente a secagem e repetir o ensaio até que o cone de agregado miúdo desmorone ao ser retirado o molde. Nesse momento o agregado terá chegado à condição de saturado superfície seca e, segundo a NBR NM 30 (ABNT, 2001 p.3), deve-se, então, determinar sua taxa de absorção de água através da Equação 1. = 100 (Equação 1) Onde: A = absorção de água, em porcentagem; ms = massa da amostra na condição saturado de superfície seca, em gramas; m = massa da amostra seca em estufa em gramas. Conforme a NBR 15116 (ABNT, 2004), para agregado miúdo, a absorção do material reciclado deve ser menor ou igual a 12% para ARC e menor ou igual a 17% para ARM. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 28 3.3.2 Contaminantes Quanto à presença de contaminantes do tipo não minerais, o Anexo B da NBR 15116 (ABNT, 2004) descreve como proceder para determinar o percentual desse material através de líquidos densos. De acordo com ela, deve-se secar uma amostra de aproximadamente 200g em estufa e peneirá-la, utilizando peneira de malha 300 µm. Após esse procedimento, determina-se a massa seca do material retido (M1) e, em seguida, coloca-se a amostra em um béquer com a solução aquosa de cloreto de zinco, agita-se o líquido com auxílio da haste e o deixa repousar. Depois, passa-se o líquido de um béquer para outro, utilizando uma escumadeira de malha 0,300 µm, retirando as partículas flutuantes e lava-se com água o material retirado com a escumadeira para remover o líquido denso. Em seguida, seca-se o material da escumadeira em estufa para então determinar a sua massa (M2). Realizado esse procedimento deve-se calcular o percentual de materiais não-minerais a partir da Equação 2. = x100 (Equação 2) Onde: Pnm = percentual de materiais não-minerais; M1 = massa seca total da amostra retida na peneira 300µm, em gramas; M2 = massa seca de materiais não-minerais, em gramas. Para a utilização como agregado miúdo reciclado, de acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004) o Pnm obtido não pode ser maior do que 2%. 3.3.3 Teor de material passante na malha 75 μm O último requisito para definir se o material reciclado pode ser utilizado como agregado miúdo em concreto sem função estrutural refere-se à verificação do percentual de material que passa através da peneira 75 μm. De acordo com a NBR NM 46 (ABNT, 2003), o “material mais fino que a abertura da malha de 75 μm pode ser separado das partículas maiores de forma mais eficiente e completa por peneiramento úmido do que através do uso de peneiramento seco” (p.2). Para isso, na maioria dos casos, “o emprego apenas de água é adequado para separar o material mais fino que 75 μm a partir de agregados de maiores dimensões” (ABNT, 2003, p.2). ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 29 Para esse procedimento, inicialmente deve-se secar em estufa a amostra e determinar a massa. Após deve-se colocar a amostra em um recipiente e adicionar água até cobri-la, agitando a amostra vigorosamente para obter a completa separação de todas as partículas mais finas que 75µm das maiores e para que o material fino fique em suspensão. Imediatamente após, deve-se verter a água de lavagem, que contém os sólidos suspensos e dissolvidos, sobre o jogo de peneiras, sendo que a inferior tem abertura de malha de 75 μm e a superior, 1,18 mm. Depois, adiciona-se uma segunda quantidade de água à amostra no recipiente, agita-se e passa-se novamente pelas peneiras. Retira-se, então, todo o material retido nas peneiras através de um fluxo contínuo de água sobre a amostra lavada e seca-se o agregado lavado em estufa para determinar a massa. Calcular a quantidade de material que passa pela peneira 75 μm de acordo com a Equação 3. = 100 (Equação 3) Onde: m = porcentagem de material mais fino que a peneira de 75 μm; mi = massa original da amostra seca, em gramas; mf = massa da amostra seca após a lavagem, em gramas. O resultado é a média aritmética de duas determinações, necessitando ser menor ou igual a 15% para ARC ou menor ou igual a 20% para ARM, para que o material reciclado possa ser utilizado para o fim proposto (ABNT, 2003). 3.3.4 Especificações granulométricas As especificações granulométricas dos agregados miúdos são definidas a partir de três análises: ensaio granulométrico, no qual verifica-se a porcentagem de material retido em cada peneira específica, constatação da dimensão máxima característica e caracterização do módulo de finura. A NBR 7211 (ABNT, 2009, p.3), define o agregado miúdo como sendo formado pelos grãos que passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm, porém, observando-se a porcentagem retida acumulada nas peneiras, de acordo com a Tabela 2. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 30 Tabela 2: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo (Fonte: ABNT NBR 7211:2009, p. 5) A dimensão máxima característica do agregado é definida como sendo a “grandeza associada à distribuição granulométrica [...] na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa” (ABNT, 2003, p.3.). O módulo de finura é descrito por essa mesma norma como sendo a “soma das porcentagens retidas acumuladas em massa de um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100” (ABNT 2003, p. 4.). A NBR NM 248 (ABNT, 2003a) define que, para a realização do ensaio granulométrico, secase a amostra em estufa e esfria-se à temperatura ambiente. Nesse momento, determina-se sua massa específica seca. Depois, procede-se à realização do peneiramento, calculando a porcentagem de massa retida e acumulada em cada peneira. A partir daí, determinam-se, então, a dimensão máxima característica do agregado e o módulo de finura. 3.4 DETERMINAÇÃO DO TRAÇO Existem diversos métodos de dosagem de materiais para a fabricação de concreto. Um deles é o Método EPUSP/IPT, que se constitui de uma atualização e generalização feita na Escola Politécnica da USP, a partir do método desenvolvido inicialmente no IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Esse método define as proporções de areia e pedra britada para cada unidade de cimento, além da obtenção do fator água/cimento. Helene e Terzian (1992, p.242) sugerem a fixação de um ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 31 traço inicial, em massa, de 1:5 (uma parte de cimento para cada cinco de agregado seco), um mais rico em cimento (1: 3,5) e outro mais pobre (1: 6,5). O traço inicial (1:5) serve de partida para se obter as informações necessárias (teor de argamassa adequado e demanda de água) para a confecção dos dois traços complementares. De acordo com Helene e Terzian (1992), a melhor proporção é aquela que consome a menor quantidade de água para obter o abatimento estabelecido, explorando diferentes teores de argamassa. 3.4.1 Teor de argamassa Helene e Terzian (1992) sugerem que a determinação do teor de argamassa (pasta formada por areia, cimento e água) é uma fase de grande importância no estudo de dosagem. Esses autores dizem ainda que a falta de argamassa na mistura acarreta em porosidade no concreto ou falhas de concretagem, e seu excesso aumenta, além do custo, o risco de fissuração por origem térmica e por retração de secagem. Por esse motivo, objetiva-se determinar o teor ideal de argamassa necessário. 3.4.2 Cálculo do teor de argamassa Para calcular o teor de argamassa no traço 1 : a : b (1 kg cimento, a kg de agregado miúdo e b kg de agregado graúdo), utiliza-se a Equação 4. = 1+ 1+ + ∗ 100 (Equação 4) Onde: α = teor percentual de argamassa; a = massa de areia, em kg; b = massa de brita, em kg. O procedimento para a obtenção do teor ideal de argamassa, segundo Helene e Terzian (1992), consiste em imprimar a betoneira, depois lançar os materiais obedecendo a seguinte ordem: água (80%), brita (100%), areia (100%), cimento (100%), e por fim o restante da água. Misturase durante 5 minutos, realizando uma parada intermediária para a limpeza das pás da betoneira. Após esse procedimento, são realizados os acréscimos sucessivos de argamassa na mistura até ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 32 que ela atinja o teor ideal. A quantidade a ser adicionada se dá de acordo com a Tabela 3, atentando para a quantidade de agregado graúdo, que não é alterada. Tabela 3: Teor de argamassa percentual (Fonte: Adaptado de Helene e Terzian, 1992, p. 251) De acordo com Helene e Terzian (1992), o teor ideal de argamassa pode ser verificado com o passar da colher de pedreiro sobre a superfície do concreto fresco. Se a superfície exposta apresenta vazios, significa que há falta de argamassa, como pode ser visto na Figura 7. O ideal é que a superfície seja compacta, sem vazios, representando uma argamassa ideal, como pode ser observada na Figura 8. Figura 7: Concreto com falta de argamassa (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 251) Figura 8: Concreto com teor ideal de argamassa (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 256) ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 33 Helene e Terzian (1992) sugerem, também, que, para a verificação da consistência da argamassa no concreto, pode-se retirar uma porção do concreto com auxílio de uma colher e observar se ele se apresenta coeso, sem desprendimento de agregado graúdo, como ilustrado na Figura 9. Figura 9: Concreto com coesão entre argamassa e agregado graúdo (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 258) Outra maneira de fazer essa verificação é inserindo a colher de pedreiro no concreto e puxandoa, conforme a Figura 10. Ali, o aspecto da superfície do concreto após a inserção e retirada da colher de pedreiro apresenta uma superfície compacta, sem vazios, indicando que o teor de argamassa do concreto é adequado. Figura 10: Verificação da coesão e vazios do concreto (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 257) 3.5 DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO CONCRETO A NBR NM 67 (ABNT, 1998) especifica o método para determinar a consistência do concreto fresco através da medida do abatimento do tronco de cone, tanto em laboratório como na própria obra. Esse método é chamado de Abatimento do Tronco de Cone, também conhecido como Teste de Slump. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 34 Para a sua realização, de acordo com a NBR NM 67 (ABNT, 1998), inicialmente deve-se umedecer o molde e a placa de base. Em seguida coloca-se o molde sobre a placa de base, com o maior diâmetro do cone voltado para baixo, pressionando suas aletas com os pés de forma a mantê-lo estável durante o preenchimento com concreto. O cone deve ser preenchido em três camadas, cada uma com aproximadamente um terço da altura do molde compactado. A cada camada de concreto deve-se aplicar 25 golpes com a haste padrão, sem penetrar a camada inferior anterior, devendo-se distribuir uniformemente os golpes sobre cada camada. Após a compactação da última camada, retira-se o excesso de concreto, alisa-se a superfície com uma régua metálica e, em seguida, retira-se o cone com movimento constante para cima sem submeter o concreto a movimentos de torção lateral. Por fim, coloca-se a haste sobre o cone invertido e mede-se o abatimento (a distância entre o topo do molde e o ponto médio da altura do tronco de concreto moldado), como ilustrado nas Figuras 11 e 12. Figura 11: Procedimento para ensaio de abatimento Figura 12: Verificação do abatimento (Fonte: Guerra, 2013, s/p.) (Fonte: ABNT, 1998, p. 8) As medidas máxima e mínima do abatimento são definidas pelo calculista, em função das propriedades desejadas de trabalhabilidade. Para sua adequação, modifica-se o teor de argamassa ou acrescenta-se água. A Figura 13 demonstra o resultado de um ensaio de tronco de cone em que não houve abatimento. Nota-se também na Figura 13 que a superfície do concreto está porosa, demonstrando a falta de argamassa na mistura. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 35 Figura 13: Ensaio de abatimento do tronco de cone (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 252) Ripper (1995) apresenta alguns tipos de obra e o respectivo aspecto de consistência do concreto, definindo valores mínimos e máximos de abatimento, conforme consta na Tabela 4. Tabela 4: Limites mínimo e máximo de abatimento (Fonte: Ripper, 1995, p.15) ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 36 3.6 PROCEDIMENTO PARA MOLDAGEM E CURA DE CORPOS DE PROVA A NBR 5738 (ABNT, 2015) prescreve o procedimento para moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos e prismáticos de concreto. Os corpos de prova cilíndricos devem ser metálicos ou outro material não absorvente e que não reaja com o cimento Portland. Seu diâmetro pode ser de 10, 15, 20, 25, 30 ou 45 cm e sua altura deve ser igual ao dobro do diâmetro, conforme indicado na norma supracitada. De acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2015), o concreto deve ser inserido no molde em camadas com volume aproximadamente igual e adensado a cada camada, penetrando com a haste padrão no concreto o número de vezes definido na Tabela 5. Tabela 5: Número de camadas para moldagem dos corpos de prova cilíndricos Número de camadas em Número de golpes Diâmetro função do tipo de adensamento para adensamento (cm) Manual Mecânico Manual 10 1 2 12 15 2 3 25 20 2 4 50 25 3 5 75 30 3 6 100 45 5 (Fonte: adaptado da ABNT, 2015, p.5) Essa norma descreve também que a primeira camada, quando adensada manualmente, deve ser atravessada em toda a sua espessura, evitando-se golpear a base do molde. Os golpes devem ser distribuídos uniformemente em toda a seção transversal do molde. As camadas seguintes devem ser adensadas de forma que a haste penetre aproximadamente 20 mm na camada anterior. Em relação à última camada a ser adensada, a NBR 5738 (ABNT, 2015, p.5) diz que deve ser moldada com quantidade em excesso de concreto, de forma que, ao ser adensada, complete todo o volume do molde e seja possível proceder ao seu rasamento, eliminando o material em excesso. Em nenhum caso, é aceito completar o volume do molde com concreto após o adensamento da última camada. Após o adensamento, os moldes devem ser identificados e armazenados sobre uma superfície horizontal rígida, livre de vibrações ou de qualquer outra ação que possa perturbar o concreto e protegido de intempéries. Os moldes também devem ser devidamente cobertos com material não reativo e não absorvente, com a finalidade de evitar perda de água do concreto. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 37 O processo de armazenamento de corpos de prova cilíndricos ocorre por um período mínimo de 24 horas. Após esse período, eles devem ser armazenados em solução saturada de hidróxido de cálcio ou em câmara úmida, com temperatura controlada, evitando-se o seu empilhamento. Antes do ensaio de resistência dos corpos de prova, é imprescindível preparar suas bases, a fim de garantir superfícies planas e perpendiculares aos seus eixos longitudinais. A preparação das bases pode ser feita por retificação ou capeamento. A NBR 5738 (ABNT, 2015) orienta que o processo de retificação seja realizado através da remoção, por ferramenta abrasiva, de uma fina camada de material das bases ou de capeamento com o revestimento dos topos dos corpos de prova com uma fina camada de material apropriado. A NBR 5739 (ABNT, 2007), sugere que, quando o corpo de prova for retificado, deve-se indicar a orientação de moldagem de forma inequívoca para realização do ensaio de compressão. 3.7 ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS A NBR 5739 (ABNT, 2007) descreve o método de ensaio pelo qual devem ser submetidos à compressão os corpos de prova cilíndricos de concreto, moldados conforme a NBR 5738 (ABNT, 2015). Inicialmente deve-se verificar, com auxílio de paquímetro, a média de dois diâmetros, com precisão de 0,1 mm, medidos ortogonalmente na metade da altura do corpo-de-prova. A medida obtida, é utilizada para o cálculo da área da seção transversal. Em seguida, deve-se determinar a altura do corpo-de-prova, com precisão de 0,1 mm, incluindo o capeamento, se existir. Segundo a NBR 5739 (ABNT, 2007), os corpos de prova devem ser rompidos à compressão em idade especificada, com tolerâncias de tempo conforme descritas na Tabela 6. A idade deve ser contada a partir da hora de moldagem. Essa mesma norma recomenda que o ensaio seja realizado, tanto quanto possível, imediatamente após a remoção do corpo-de-prova do seu local de cura. Tabela 6: Tolerância para idade de ensaio Idade de ensaio 24 horas 03 dias 07 dias 28 dias 63 dias 91 dias Tolerância permitida 0,5 horas 02 horas 06 horas 24 horas 36 horas 48 horas (Fonte: adaptado da ABNT, 2007, p.4) ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 38 Com as faces do corpo-de-prova limpas e secas, deve-se cuidadosamente centralizá-lo no equipamento, observando o sentido de moldagem e fixando-o. O carregamento de ensaio deve ser aplicado de forma continua durante todo o ensaio, sem choques, com velocidade de carregamento de 0,45 (± 0,15) MPa, até que se observe a queda de força, o que indica a ruptura do corpo-de-prova. A resistência à compressão deve ser calculada através da Equação 5. = (Equação 5) Onde: = resistência à compressão, em MPa; F = força máxima alcançada, em Newtons; D = diâmetro do corpo-de-prova, em milímetros. A NBR 5739 (ABNT, 2007) solicita que, para os corpos de prova com relação entre a altura e o diâmetro menor do que 1,94, deve-se multiplicar a força F pelo fator de correção correspondente, conforme especificado na Tabela 7. Tabela 7: Fator de correção altura / diâmetro Relação h/D Fator de Correção 2,00 1,00 1,75 0,98 1,50 0,96 1,25 0,93 1,00 0,87 Nota: Os índices correspondentes à relação h/d não indicada podem ser obtidos por interpolação linear, com aproximação de centésimos. (Fonte: ABNT, 2007, p.5) ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 39 4 METODOLOGIA Partindo-se do aporte teórico descrito anteriormente, organizou-se um programa experimental, realizado em laboratório. Inicialmente, verificou-se a forma de produção do material reciclado, identificando-se os tipos de materiais britados. Depois realizaram-se procedimentos de adequação do material, ensaios de granulometria e de absorção de água e fabricação de corpos de prova de concreto. Por fim, procedeu-se ao teste de resistência do concreto produzido com areia reciclada e a análise dos resultados obtidos. 4.1 PROCESSO DE BRITAGEM NA EMPRESA Pioneira na cidade de Caxias do Sul/RS e região, a central de triagem da empresa de recolhimento de entulhos Scariot, separa materiais descartados pelos seus clientes. A empresa tem foco na preservação dos recursos naturais e na redução da utilização de aterros, transformando restos de demolição, como blocos, tijolos, pedras, etc., em brita e areia recicladas com baixo custo. Inicialmente, o material recebido pela empresa é separado manualmente e acondicionado em locais específicos de acordo com sua classificação, como pode ser visto na Figura 14. Figura 14:Área de separação do entulho recebido (Fonte: autor, 2016) Em seguida, o material correspondente aos blocos cerâmicos, concreto e argamassa são encaminhados para o britador conforme Figura 15. Após a britagem, o material segue por uma esteira e cai numa peneira que permite a separação do agregado graúdo do miúdo. O agregado graúdo segue por outra esteira que o conduz até a próxima área de depósito. Este sistema pode ser observado na Figura16. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 40 Figura 15: Sistema de britagem de entulhos Figura 16: Sistema de esteiras (Fonte: autor, 2016) (Fonte: autor, 2016) O resultado obtido desse processo é um agregado de resíduo misto (ARM), descrito pela NBR 15116 (ABNT, 2004) como “agregado reciclado obtido do beneficiamento de resíduo de classe A, composto na sua fração graúda com menos de 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas”. Fato observado no momento da britagem, pois havia mais de 10% entre restos de resíduos cerâmicos, como tijolos e revestimento. 4.2 ADEQUAÇÃO GRANULOMÉTRICA DO MATERIAL Como o agregado reciclado fornecido em forma de areia não possui controle granulométrico adequado, fez-se necessário sua adequação para atender a NBR 7211 (ABNT, 2009). Esse beneficiamento resultou em rejeito de um terço do material fornecido, o qual encontrava-se retido na peneira 300µm. 4.3 ENSAIOS DE LABORATÓRIO Foram realizados ensaios a fim de verificar se o material utilizado como areia reciclada atende às solicitações exigidas pelas normas ABNT. Depois foram produzidos e moldados corpos de prova. Após o período de cura do concreto, procedeu-se ao rompimento dos corpos de prova, buscando verificar sua resistência à compressão. 4.3.1 Ensaio granulométrico Para avaliar se a areia britada de RCC, pode ser utilizada em concreto não estrutural, atendendo características mínimas de resistência à compressão, foram realizados ensaios granulométricos conforme procedimento descrito no item 3.3.4 deste documento. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 41 A Figura 17 mostra a retenção do material já beneficiado nas peneiras 2,36 mm; 1,18 mm; 600 µm; 300 µm; 150 µm; 75 µm e fundo, respectivamente. Pode-se observar ainda que o maior volume retido se encontra na peneira 300 µm. Figura 17: Distribuição granulométrica do agregado miúdo após beneficiamento (Fonte: autor, 2016) Como pode ser observado na Tabela 8 e na Figura 18, após ajuste granulométrico inicial, o material atende os limites estabelecidos pela NBR 7211 (ABNT, 2009), podendo ser utilizado como agregado miúdo. Tabela 8: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo (Fonte: autor, 2016) Observa-se na Figura 18 que o material beneficiado, encontra-se entre a Zona utilizável, em seu limite superior, e Zona ótima, em seu limite inferior. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 42 Figura 18: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo (Fonte: autor, 2016) Ainda no ensaio granulométrico, verificou-se que a dimensão máxima característica do material analisado é 4,75 mm e seu módulo de finura, 3,01, estando dentro do limite utilizável, de acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2009). 4.3.2 Ensaio de absorção de água O teste de absorção de água do agregado miúdo foi realizado de acordo com a NBR NM 30 (ABNT, 2001). Inicialmente todo o material foi submerso em água deixando-o descansar durante 24 horas. Após esse período, retirou-se o excesso de água do material e realizou-se uma homogeneização em betoneira, retirando uma amostra de 1000 gramas. Esta amostra foi espalhada e submetida à corrente de ar quente, como mostra na Figura 19, revolvendo-a até que os grãos não ficassem aderidos entre si de forma marcante. Figura 19: Procedimento de secagem da amostra (Fonte: autor, 2016) ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 43 Após esse processo, o agregado miúdo foi colocado em um molde específico, aplicou-se suavemente em sua superfície 25 golpes com a haste de compactação e levantou-se o molde. Pode-se observar na Figura 20, que o material permaneceu no mesmo formato do molde, indicando que a amostra não atingiu a condição de saturado superfície seca (SSS). Figura 20: Agregado com superfície saturada (Fonte: autor, 2016) O procedimento de secagem e moldagem no cone se repetiu por diversas vezes até que o cone de agregado miúdo desmoronou ao ser retirado o molde, marcando o momento em que o agregado se encontra na condição de saturado superfície seca (SSS), como pode ser observado na Figura 21. Figura 21: Agregado na condição de saturado com superfície seca (Fonte: autor, 2016) Nesse momento foi verificada a massa do material remanescente, cujo resultado foi 934g (6,6% de excesso de água). Em seguida, a amostra foi submetida a secagem pelo método da frigideira, que pode ser visto na Figura 22, obtendo uma massa seca de 842g (84,2% da massa da amostra). ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 44 Figura 22:Secagem da amostra para verificação da massa (Fonte: autor, 2016) Por fim, procedeu-se à determinação da porcentagem de absorção de água de acordo com a Equação 1, citada anteriormente. = 100 = 10,93% Pode-se observar que a porcentagem de absorção de água do material em análise satisfaz o requisito de absorção para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto sem função estrutural de acordo com a Tabela 1, apresentada anteriormente, estando menor do que 17%. 4.3.3 Teor de material passante peneira de malha 75µm O procedimento adotado para verificar o teor de material passante pela peneira de malha 75µm foi através do uso de peneiramento seco. Após separada uma amostra de 1.000g de material seco, realizou-se o peneiramento utilizando as peneiras 4,75 mm; 2,36 mm; 1,18 mm; 600 µm; 300 µm; 150 µm; 75 µm e fundo. A Tabela 9 apresenta os valores obtidos através desse ensaio. Tabela 9: Distribuição granulométrica do agregado miúdo Peneira 4,75 mm 2,36 mm 1,18 mm 600 µm 300 µm 150 µm 75 µm Fundo TOTAL: Peso Retido (g) 0 130 242 234 312 68 8 6 1000g Porcentagem Retida Acumulada 0,0 13,0 24,2 23,4 31,2 6,8 0,8 0,6 100% 0,0 13,0 37,2 60,6 91,8 98,6 99,4 100,0 (Fonte: autor, 2016) ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 45 Como pode ser observado na Tabela 9, apenas 0,6% em massa do material passou pela peneira 75 µm, sendo menor do que 20%, como consta na Tabela 1, apresentada anteriormente, atendendo também a esse requisito. 4.3.4 Ensaio do teor de argamassa Para a realização do concreto dos corpos de prova, foi utilizada areia reciclada, brita n°1 cúbica, cimento Portland CP-II-Z32R. Inicialmente foi estimado um teor de argamassa em 41% utilizado para fabricar o traço normal, de 1:5, isso é, uma parte de cimento para cinco de agregados. O concreto realizado dessa forma apresentou falta de argamassa em sua mistura, não envolvendo o agregado graúdo, proporcionando um concreto sem coesão, como pode ser observado na Figura 23. Figura 23: Teor de argamassa insuficiente (Fonte: autor, 2016) O ajuste do teor de argamassa se deu, como sugerem Helene e Terzian (1992), acrescentando areia e cimento em proporções, afim de manter o traço estipulado. A porcentagem ideal de argamassa, foi obtida quando esse teor atingiu 50%, permitindo um concreto homogêneo e coeso, que pode ser visto na Figura 24. Figura 24: Teor de argamassa suficiente (Fonte: autor, 2016) ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 46 Com o teor de argamassa fixado em 50%, deu-se início ao ensaio de abatimento para determinação da consistência do concreto. 4.3.5 Ensaio de abatimento para determinação da consistência (Slump Test) Após o umedecimento do molde e da placa de base, colocou-se o molde sobre a placa de base, com o maior diâmetro do cone voltado para baixo, pressionando suas aletas com os pés de forma a mantê-lo estável durante o preenchimento com concreto. O cone foi preenchido em três camadas, cada uma com aproximadamente um terço da altura do molde compactado. A cada camada de concreto, aplicaram-se uniformemente 25 golpes com a haste padrão, sem penetrar a camada inferior anterior. Após a compactação da última camada, retirou-se o excesso de concreto, alisando a superfície com a haste. Em seguida, retirou-se o cone e mediu-se o abatimento, como mostrado na Figura 25. Figura 25: Slump Test (Fonte: autor, 2016) O resultado obtido com o Slump Test foi de 60 mm, tornando esse abatimento como padrão para os demais ensaios (traços Rico e Pobre). 4.3.6 Moldagem dos corpos de prova Os moldes utilizados para a moldagem dos corpos de prova tinham 10 cm de diâmetro e altura de 20 cm. Como solicita NBR 5738 (ABNT, 2015), o concreto foi inserido no molde, em duas camadas com volumes aproximadamente iguais. Cada camada foi adensada utilizando a haste padrão, aplicando-se 12 golpes. Na última camada, inseriu-se uma quantidade em excesso de concreto para realizar o rasamento com a haste, como pode ser observado na Figura 26. Foram moldados 10 corpos de prova, previamente identificados. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 47 Figura 26: Rasamento da moldagem dos corpos de prova (Fonte: autor, 2016) Para a fabricação dos demais corpos de prova, referentes aos traços 1:6,5 e 1:3,5, utilizou-se como padrão o teor de argamassa e o Slump obtidos no ensaio do Traço 1:5, alterando apenas a relação água / cimento. Na Tabela 10, pode-se observar o consumo de material para cada traço, a relação água / cimento e o consumo de cimento por metro cúbico de concreto. Tabela 10: Consumo de materiais em massa para o mesmo teor de argamassa Traço (cimento : agregados) (kg) Traço (cimento : areia : brita) (kg) Teor de argamassa (%) Slump (mm) Cimento (kg) Areia reciclada (SSS) (kg) Brita (seca) (kg) Água (L) Relação Água / Cimento Consumo de Cimento (kg/m³) Traço Normal Pobre 1:5 1:6,5 1:2:3 1:2,75:3,75 50 50 60 60 8,00 6,40 16,00 17,60 24,00 24,00 4,90 4,55 0,61 0,71 329,45 264,90 Rico 1:3,5 1:1,25:2,25 50 60 10,67 13,33 24,00 4,94 0,46 445,64 (Fonte: autor, 2016) 4.3.7 Preparação dos corpos de prova Vinte e quatro horas após a fabricação dos corpos de prova, eles foram desmoldados e imersos em tanque com água para realização da cura inicial do concreto, como pode ser observado na Figura 27. Após três dias de cura, os corpos de prova foram retirados do tanque e retificados, para a preparação das bases (Figura 28). ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 48 Figura 27: Cura dos corpos de prova Figura 28: Retificação das bases dos corpos de prova (Fonte: autor, 2016) (Fonte: autor, 2016) Esse procedimento proporcionou superfícies planas e perpendiculares ao eixo longitudinal de cada corpo de prova. A Figura 29 mostra a base retificada de um corpo de prova, onde se pode notar a presença de material cerâmico, componente da areia reciclada utilizada. Figura 29: Base retificada de um corpo de prova (Fonte: autor, 2016) Após o faceamento de todos os corpos de prova, eles retornaram ao tanque com água para a conclusão do processo de cura, que leva, no total, 28 dias após a moldagem. 4.4 ANÁLISE DE CUSTO A análise econômica do uso de areia reciclada na produção de concreto deu-se da seguinte maneira: inicialmente foram obtidos os custos para a compra dos produtos necessários em Caxias do Sul, na unidade em que são vendidos, conforme descritos na Tabela 11. Pode-se verificar nessa tabela, que o custo da areia reciclada é 61% inferior ao custo da areia natural. Posteriormente, seus valores foram transformados em reais (R$) por quilo, o que possibilitou ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 49 calcular o valor do metro cúbico do concreto em cada traço, tanto com areia natural e quanto com areia reciclada. Tabela 11: Custo por unidade Produto Cimento Areia Natural Areia Reciclada Brita Custo R$ 30,00 R$ 90,00 R$ 35,00 R$ 65,00 Unidade Saco de 50kg m³ m³ m³ (Fonte: autor, 2016) ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 50 5 RESULTADOS OBTIDOS A verificação da viabilidade de uso da areia reciclada na produção de concreto passa pela análise de dois fatores: o de resistência à compressão e o econômico. 5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO O processo de rompimento dos corpos de prova foi realizado em prensa hidráulica manual (Figuras 30 e 31), 28 dias após a moldagem. Para isso, suas faces foram limpas e secas e os corpos de prova foram posicionados e fixados no centro da máquina. Depois, deu-se início à aplicação da carga, que foi sendo incrementada de forma constante e contínua, até que se observou queda de força, indicando ruptura do corpo de prova. Nesse momento, tomou-se nota da tensão final aplicada, fornecida pela máquina em tonelada-força (tf), que posteriormente foi transformada em MPa com uso da Equação 5, citada anteriormente. Figura 30: Máquina de ensaio à compressão (Fonte: autor, 2016) Figura 31: Rompimento do corpo de prova (Fonte: autor, 2016) A Tabela 12 apresenta os valores de tensão de ruptura obtidos em cada um dos corpos de prova, expressos em tf e convertidos em MPa. Os resultados encontram-se separados de acordo com cada um dos três diferentes traços de concreto e, no final, consta a resistência média em MPa referente a cada um e o respectivo desvio padrão. ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 51 Tabela 12: Resultado do ensaio de resistência à compressão (Fonte: autor, 2016) Pode-se perceber, que o traço 1:3,5 (Rico) foi o que obteve maior resistência, com aproximadamente 31 MPa, seguido pelo traço 1:5 (Normal), com aproximadamente 28 MPa e o traço 1:6,5 (Pobre), com aproximadamente 20 MPa. Como não existem normas que regem a resistência de concreto não estrutural, serão considerados os valores mínimos de referência para uso em concreto armado. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 18), para uma classe de agressividade ambiental I, por exemplo em local rural ou submerso, a resistência mínima para um concreto armado é 20 MPa; para a zona urbana (classe de agressividade II) 25MPa e em zonas marinhas e industriais (Classe de agressividade III) 30MPa. O ensaio realizado com areia reciclada demonstrou que o concreto fabricado com esse material alcança resistências suficientemente positivas para ser amplamente utilizado em concreto armado nas zonas rural, urbana e marinha, com as devidas caracterizações de traço. Esta pesquisa, entretanto, preparou o concreto com areia reciclada de acordo com as normas para fabricação de concreto não estrutural, o que significa que, apesar de a resistência apresentada ser suficiente, talvez o material não seja adequado para o uso em concreto estrutural, necessitando de pesquisa específica nessa área. Assis (2015) também realizou um estudo substituindo o agregado miúdo por areia reciclada em um traço 1:5. Como resultado, seu concreto apresentou uma resistência de aproximadamente 14 MPa, metade da resistência do concreto deste estudo. Isso pode ter ocorrido pelo fato da granulometria do agregado que ele utilizou não atender a NBR 7211, assim como não ter levado em conta a absorção de água desse material e, por isso, não ter procedido de acordo com a NBR 15116 e NBR NM 30. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 52 Para uma estimativa de traço, de relação de água/cimento e de consumo de cimento, elaborouse um ábaco com os dados e resultados obtidos (Figura 32). Com esse ábaco, por exemplo, pode-se estimar a resistência à compressão esperada de 25 MPa e verificar sua relação água/cimento, seu respectivo traço e consumo de cimento por metro cúbico de concreto. Figura 32: Ábaco de relação água/cimento, traço e consumo de cimento (Fonte: autor, 2016) 5.2 CUSTO Para o cálculo do custo por kg de agregado, verificou-se a massa de cada agregado utilizandose um recipiente de volume conhecido para determinação de sua massa por m³. Esta análise possibilitou estimar o custo da brita, areia natural e areia reciclada, por kg de material. Esses dados estão descritos na Tabela 13, na qual se pode verificar que o custo por kg da areia reciclada representa 50% do custo da areia natural. Isso demonstra que o uso de areia reciclada proporciona uma redução significativa do custo com areia. Vale salientar que a perda de 1/3 do material ocasionada para adequação granulométrica foi considerada como ônus para o ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 53 fornecedor, visto que ele poderia fornecer este resíduo para alguma outra aplicação, sem prejuízos. Tabela 13: Custo por quilo de agregado Volume do recipiente Litros m³ Natural 1,2 0,0012 Reciclada 1,2 0,0012 Brita 2,4 0,0024 Agregado Massa kg 1,855 1,396 3,465 kg/m³ 1546 1163 1462 Custo R$/m³ R$/kg R$ 90,00 R$ 0,06 R$ 35,00 R$ 0,03 R$ 65,00 R$ 0,04 (Fonte: autor, 2016) Os custos por kg dos materiais utilizados neste estudo, foram:     R$ 0,60 ao kg do cimento; R$ 0,06 ao kg da areia natural; R$ 0,03 ao kg da areia reciclada. R$ 0,04 ao kg da brita; A Tabela 14, apresenta o comparativo de custo para fabricação de 1m³ de concreto com utilização da areia natural e areia reciclada para cada traço. Ao final desta tabela consta a diferença de custo para cada traço, e a respectiva porcentagem de redução com a utilização de areia reciclada em substituição à natural. Tabela 14: Custo para fabricação de 1m³ de concreto (Fonte: autor, 2016) Pode-se observar que, não importando o traço escolhido, houve redução do custo de fabricação de um metro cúbico de concreto com a utilização da areia reciclada: 9,7% (o que representa R$35,12) no traço Rico; 12,9% (R$38,77) no traço Normal e 14,8% (R$38,97) no traço Pobre. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 54 6 CONCLUSÃO A preocupação com o meio ambiente e com o bem-estar das gerações futuras tem sido tema de frequentes pesquisas também na indústria da construção civil. Resíduos de construção e demolição, por exemplo, através de processos de britagem, podem ser aproveitados em forma de agregados na fabricação de concreto. Essa alternativa, além de reduzir a quantidade de entulho descartada na natureza, também diminui a exploração de recursos naturais. A pesquisa realizada através da substituição de agregado miúdo por areia reciclada na produção de concreto não estrutural (em três traços diferentes) apresentou resultados satisfatórios tanto na questão de resistência quanto na de custo. No ensaio de resistência à compressão, obteve-se aproximadamente de 20 MPa no traço denominado pobre (1:6,5), 28 MPa no traço normal (1:5) e 31 MPa no traço rico (1:3,5). Essas resistências demonstram ser suficientes para uso, uma vez que se equiparam às resistências necessárias para diferentes aplicações em concreto armado. Esses resultados ainda poderiam ser melhorados com a utilização de aditivo, como por exemplo o plastificante, que pode aumentar a resistência, reduzindo a relação água/cimento e/ou aumentar a trabalhabilidade, mas para isso seriam necessários novos estudos nessa área. Na questão financeira de aquisição do material, a areia reciclada representou um custo por metro cúbico de cerca de 61% inferior ao da areia natural e de 50% do valor por kg. Já na fabricação de concreto, essa substituição apresentou redução de custos com matéria-prima de aproximadamente 10% a 15%, de acordo com o traço, o que representa, entre R$35,00 e R$39,00 por metro cúbico de concreto. Isso demonstra que utilizar areia reciclada de RCC na fabricação de concreto é uma alternativa economicamente interessante. Vale salientar que o material utilizado para esse estudo não é fornecido de acordo com as normas de granulometria e umidade solicitadas pela ABNT, necessitando de adequações para seu fornecimento para a utilização em concreto, pois esses procedimentos seriam inviáveis de serem realizadas na obra, demandando mais mão de obra, estendendo prazos e onerando a produção. De qualquer maneira, se forem feitas adequações no material fornecido como areia reciclada, seu uso como agregado miúdo na fabricação de concreto demonstrou ser viável e vantajoso. Assim sendo, ele poderia ser utilizado para enchimento e regularização de lajes, pisos, calçadas, blocos de concreto para alvenaria de vedação, artefatos de concreto em geral, como mesas e bancos de praça, entre outros. Seria interessante que houvessem novos estudos sobre a utilização da areia reciclada em concreto não estrutural para corroborarem os resultados aqui ___________________________________________________________________________ Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 55 obtidos. Também, através de estudos específicos, poder-se-ia verificar sua utilização em concreto estrutural, levando em consideração as normas específicas para esse fim. ___________________________________________________________________________ Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 56 7 BIBLIOGRAFIA ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 30 Agregado miúdo - determinação da absorção de água. Rio de Janeiro, 2001. ____. NBR NM 46 que passa através da peneira 75 μm, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003. ____. NBR NM 67 Concreto - determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998. ____. NBR NM 248 Agregados - determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003a. ____. NBR 5738 Concreto - procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2015. ____. NBR 5739 Concreto - ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007. ____. 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