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PODA DAS FRUTEIRAS
INTRODUÇÃO
A arte de podar nasceu da irracional iniciativa de um asno e essa origem
muar desse ramo da horticultura parece ter influído até hoje na evolução
pouco esclarecida dos processos e métodos mundiais de poda. Contam-nos
Portes & Ruyssen (1884) que, segundo Pausâmias, geógrafo e historiador
grego, foi um jumento que, devorando os sarmentos de uma videira, deu aos
nauplianos a idéia de podá-la (Inglez de Souza, 1986). Considera-se que
cabras, ovelhas e burros foram os descobridores da poda e portanto são
chamados de os pais da poda.
Quando as plantas começam a diminuir a sua atividade fisiológica ou seja
com a chegada do frio, é sabido que está chegando a hora correta de se
fazer uso da tesoura de poda. Deve-se então preparar com antecedência as
ferramentas com por exemplo: amolar as ferramentas, limpar as lâminas
impregnadas de ferrugem por estarem guardadas desde o ano anterior,
lubrificar a mola da tesoura e afiar o serrote. O ritual do corte está para
começar.
DEFINIÇÕES de PODA
Podar vem do latim putare, que significa limpar, derramar.
Já Cândido de Figueiredo esclarece que podar eqüivale a "limpar ou cortar
a rama ou braços inúteis das videiras, árvores, etc.".
Para Joaquim Rasteiro, citado por Inglez de Souza, 1986, "é o conjunto de
cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção,
aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a
frutificação e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e
a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a
formas consentâneas ao propósitos econômicos de sua exploração".
Para Acerete a definição acadêmica de podar é "cortar o quitar las ramas
superfluas de los árboles, vides e otras plantas, para que fructifiquen con
más vigor".
Bailey, citado por Inglez de Souza, diz em sua enciclopédia de
horticultura que "poda é a remoção metódica das partes de uma planta com o
objetivo de melhorá-la em algum aspecto para os interesses do cultivador".
A poda é a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo
compatível com o fim que se tem em vista (Simão, 1998).
Embora seja praticada para dirigir a árvore segundo o capricho do homem,
a utilização da poda, em fruticultura, tem por objetivo regularizar a
produção e melhorar a qualidade dos frutos. Embora possa ter apenas função
estética, no embelezamento de gramados, cercas vivas, caramanchões,
arvoretas e outros elementos da arquitetura paisagista.
É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de
regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo
equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal;
É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas
frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e
a frutificação.
É a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-
la em algum aspecto de interesse do fruticultor.
A poda por si só, no entanto, não resolve outros problemas ligados à
produtividade.
Ela é uma das operações, porém outras medidas são necessárias, tais como:
fertilização adequada para corrigir possíveis deficiências nutricionais do
solo, irrigação e drenagem para manter um nível adequado de umidade,
controle fitossanitário para combate de doenças e pragas, afinidade entre
enxerto e porta-enxerto, plantas auto-férteis ou compatíveis, polinização,
condições climáticas e edáficas favoráveis.
A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser
decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável.
Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em:
0. Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.
1. Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.
2. Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira,
pecã.
Como regra geral para se saber se a poda é uma operação importante ou
não, pode-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quanto mais
intensiva for a exploração frutícola e, inversamente menor a sua
importância quanto mais extensiva for a cultura (Inglez de Souza, 1986).
Esta importância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo
da exploração, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a
poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos.
O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um
gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a interferência
humana é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas
crescem sem qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de
crescerem em direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a
regularidade de produção.
Para que a poda produza os resultados esperados, é importante que seja
executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e
seja aplicada com moderação e oportunidade.
OBJETIVOS DA PODA
Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos principais da poda são:
1º- Modificar o vigor da planta;
2º- Produzir mais e melhor fruta;
3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio;
4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos
que frutíferos ou vice-versa;
5º- Conduzir a planta a uma forma desejada;
6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente
colheitas médias com regularidade.
Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado
selvagem, as plantas não são podadas e, apesar disso, se desenvolvem em
perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato,
a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos desprendem-
se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flores morrem e caem.
Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de
renovação natural. Pela poda não fazemos mais do que acelerar, embora
parcialmente esse processo normal (Brickell, 1979).
PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS
O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal em muito
auxilia o podador. Ele fica sabendo porque se poda, o que se pode e quando
se poda.
Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais
minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação.
A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva também pode
ter sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela
osmose, etc.
A poda não é uma ação unilateral. Ela vai ensinando quem a está
praticando. Mas, para isso, é preciso respeitar seu ritmo, entender e
conhecer sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A
poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais
que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a
relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de
vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial
à qualidade da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa
justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser
efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma
incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando
um problema ainda maior para o produtor.
Baseando-se na hidráulica vegetal, estabelecem-se leis nas quais se
baseiam as podas das plantas (Simão, 1998):
1) 1) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande
parte, das condições climáticas e edáficas.
2) 2) O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circulação da
seiva em todas as suas partes.
3) 3) Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o
sistema radicular. Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das
plantas.
4) 4) A circulação rápida da seiva tende a favorecer o
desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o
desenvolvimento dos ramos frutíferos.
5) 5) A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os
ramos mais expostos à luz, em vez de se dirigir àqueles submetidos à
sombra.
6) 6) As folhas são órgãos que realizam a síntese das substâncias
minerais, e a sua redução debilita o vegetal.
7) 7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e
outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos.
8) 8) O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa com a
intensidade da poda.
9) 9) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos
ramos.
10) 10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor.
11) 11) A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas
e vegetativas são antagônicas.
Segundo Inglez de Souza, 1986:
A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais retilíneo for o
ramo e quanto mais vertical for a sua posição na copa.
Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em
produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais
lenta essa circulação da seiva, maior será o acúmulo de reservas e,
consequentemente, maior o número de gemas que se transformarão em botões
floríferos.
Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes,
aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta resulta sempre em
ramos vigorosos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As
podas severas, portanto, têm geralmente a tendência de provocar
desenvolvimentos vegetativos, retardando a entrada da planta em
frutificação.
Diminuindo a intensidade de circulação da seiva, o que ocorre após a
maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e
das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são
utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas.
A frutificação é uma conseqüência da acumulação de carboidratos. Essa
acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos, nos finos do que nos
grossos.
Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutíferas
necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeitamente distintas
umas das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a
economia da planta. A poda acompanha a planta desde a sua infância até a
sua decrepitude. É, pois, natural que vá tendo diferentes funções,
adequadas cada uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez
variam com a idade. Podemos distinguir quatro modalidades principais de
poda:
TIPOS DE PODA
Primeira: PODA DE FORMAÇÃO:
Que tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às
primeiras ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à
exploração frutícola. Se a poda de formação for correta, a copa se disporá
com harmonia, simetricamente, proporcionando uma distribuição equilibrada
da frutificação, com arejamento e iluminação convenientes.
Pode-se chamar a poda de formação de condução da planta, podendo ser
considerada como uma poda de educação, sendo executada normalmente no
viveiro, com objetivo de formar mudas com porte, altura e brotações bem
distribuídas. Podendo formar mudas em haste única, comum em macieira e
pereira, onde todas as brotações laterais são eliminadas no viveiro. Já em
mudas que formam uma copa maior como as cítricas, de goiabeira e caquizeiro
na formação da muda a copa é distribuída no tronco em três a quatro
brotações espaçadas entre si em 3 a 5 cm.
Existe também a poda realizada por ocasião do transplante (desplantio)
antes da muda ser levada para o plantio definitivo, denominada de poda de
transplantação, que se faz eliminando as brotações excessivas e, de acordo
com a espécie e a forma de copa que se deseja, deixa-se três a quatro ramos
bem distribuídos e fazendo o desponte de ramos longos, com o cuidado de
executar o corte deixando uma gema vegetativa voltada para fora da copa
inicial. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas,
buscando o equilíbrio entre a copa e o sistema radicular.
A poda de formação propriamente dita será executada após o
estabelecimento da fruteira no campo. É executada nos primeiros anos de
vida da planta. Visa garantir uma estrutura forte e equilibrada, com ramos
bem distribuídos, para sustentar as safras e facilitar o manejo e a
colheita. Normalmente conduz-se a planta com três ou quatro pernadas
formadas, desbrotadas até a planta atingir um metro de altura, permitindo
daí em diante que as brotações das gemas laterais preencham os vazios da
copa, assumindo assim a forma de copa desejada para cada espécie frutífera
em particular.
As formas das árvores podem ser naturais ou artificiais. As naturais têm
o seu emprego nas espécies de folhas persistentes (citros, mangas,
abacates, cajus, etc.) quando praticamente não há necessidade de
intervenção do homem, devido ao hábito de vegetação e frutificação dessas
plantas. Porém, as espécies de folhas caducas, dada a formação de suas
gemas frutíferas, exigem podas anuais para maior rendimento. Essas plantas
adquirem, portanto, por meio de podas constantes, formas artificiais
(Simão, 1998).
As formas artificiais são divididas em haste apoiada e livre.
As hastes livres são utilizadas para os vegetais que sustentam por si só
a sua copa, e as apoiadas quando há necessidade de se tutorar a planta para
que ela adquira uma forma compatível com o tipo de exploração, como por
exemplo a videira.
As formas apoiadas podem ser conduzidas em cordões ou palmetas.
Na condução em cordões, as plantas são apoiadas sobre paliçada, latada ou
cerca.
As principais formas de cordão são: vertical, oblíqua e horizontal.
Palmeta é a forma de condução da planta de modo que os ramos sejam
distribuídos opostamente em série, de dois em dois.
A condução em palmeta pode ser de diversos tipos: U simples, U duplo,
candelabro, verrier, ramos horizontais e ramos oblíquos.
As formas em haste livre podem apresentar os seguintes tipos: pirâmide,
fuso, vaso e guia modificado.
O emprego de um ou outro tipo, quanto ao porte, depende da finalidade e
também dos agentes externos, como vento por exemplo.
A forma de vaso é bastante simples e a que menos contraria os hábitos da
planta.
Figura 1. Poda de formação na forma de vaso (A e B) e guia modificado
(C).
Fonte: Simão (1998).
Figura 2. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C)
ramos.
Fonte: Simão (1998).
Segunda: PODA DE FRUTIFICAÇÃO:
A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta encontrar-se
formada. Tem por fim regularizar e melhorar a frutificação, quer refreando
o excesso de vegetação da planta, quer pelo contrário, reduzindo os ramos
frutíferos, para que haja maior intensidade de vegetação, evitando-se,
dessa maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e
acarreta a decadência rápida das árvores. Desse modo, a poda de
frutificação é a controladora da produção, uniformizando-a, regularizando-
a, dando-lhe mais qualidade e mais consistência. Geralmente as plantas de
clima temperado necessitam deste tipo de poda, dentre elas pode-se citar:
figueira, macieira, marmeleiro, pessegueiro, videira, entre outras
fruteiras.
Terceira: PODA DE REJUVENESCIMENTO, REGENERAÇÃO E TRATAMENTO:
Tem por fim livrar as plantas frutíferas dos seus ramos doentes,
praguejados, improdutivos e decrépitos ou, se mais energicamente executada,
reformar inteiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações
principais, eliminando focos de doenças e de pragas, reconstituindo a
ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida. Esse tipo de
poda radical é freqüentemente usado no transplante de grandes árvores
frutíferas adultas e no rejuvenescimento de pomares abandonados, mas de
vigor ainda razoável, apresentando troncos íntegros. É ainda o tipo de poda
que se aplica às fruteiras intensamente parasitadas por brocas,
cochonilhas, ervas-de-passarinho, algas, fungos, ácaros e outras pragas e
moléstias da parte aérea, mas cuja eliminação se justifique, por se tratar
de plantas da valor. Normalmente, são cortadas as pernadas principais, a 40
cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta
novamente. Esses cortes são maiores no inverno, e logo após, recomenda-se a
aplicação de uma pasta fungicida, normalmente cúprica, no local do corte o
que facilita a cicatrização e minimiza o efeito do ataque de fungos.
Quarta: PODA DE LIMPEZA:
É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente se procede
nos pomares, com a tesoura de poda em punho, consistindo na retirada dum
eventual ramo doente, quebrado, seco, praguejado, mal localizado ou
inconveniente. É poda sumária, aplicada às plantas adultas daquelas
frutíferas que requerem pouca poda, como laranjeiras, abacateiros,
jabuticabeiras, mangueiras e outras tropicais. Geralmente, todas as
fruteiras necessitam deste tipo de poda. É um tipo de poda executada
normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja,
durante o inverno ou, como nas cítricas, logo após sua colheita.
Após a poda de limpeza, geralmente se faz um tratamento químico
(normalmente cúprico) das partes cortadas para reduzir a aparecimento de
doenças.
INTENSIDADE DA PODA
A intensidade da poda depende da espécie, da idade, do número de
pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do
vigor, do hábito de vegetação.
Com relação à intensidade, a poda pode ser curta, média ou longa.
A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ramo. Pode-
se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa sobre o ramo de uma a
duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de
comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermediário entre os
dois anteriores.
Dependendo da espécie frutífera, uma mesma árvore, pode receber
simultaneamente os três tipos de podas, dependendo do vigor, da posição e
da sanidade dos ramos.
ÉPOCA DA PODA
Basicamente, a poda, pode ser executada em duas épocas: no inverno ou no
verão.
¬ Poda de inverno ou seca
A poda de inverno ou poda em seco é recomendada para frutíferas que
perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira,
figueira. Mas o inverno é uma referência muito teórica e pode induzir
alguns erros. Um bom momento para iniciar a poda é quando os primeiros
botões florais surgirem nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou
a circular de novo pela planta. Se a poda for feita antes, estimulará a
brotação na hora errada. Se efetuada depois, forçará a brotação vegetativa,
exigindo mais tarde uma nova poda.
Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a localização
do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da
operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando as
de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a
geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até
mesmo quando as plantas já apresentaram uma considerável brotação,
normalmente as de ponteiros.
Deve ser praticada após a queda das folhas. Essa orientação tem por
finalidade propiciar a acumulação de substâncias de reserva no tronco e nas
raízes. Quando se poda antes da queda das folhas, parte das reservas de
carboidratos é eliminada, com conseqüência na produtividade futura. Por
outro lado, a poda executada após a brotação reduz o vigor da planta e os
ramos ficam mais sujeitos a infecção (Simão, 1998).
A poda seca, praticada durante o período de repouso, elimina os ramos que
já frutificaram nas espécies em que eles não tornam a frutificar. Elimina
também os ramos ladrões ou vegetativos, doentes e em excesso.
¬ Poda verde ou de verão
A poda verde ou de verão é realizada quando a planta está vegetando, ou
seja, durante o período de vegetação, florescimento, frutificação e
maturação dos frutos e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação,
melhorar a qualidade e a coloração dos frutos, manter a forma da copa pela
supressão de partes da planta e diminuir a intensidade de cortes na poda de
inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas
permanentes) como as cítricas, abacateiro, mangueira.
A poda verde consiste em diferentes operações, tais como: desponte,
desbrota, desfolha, esladroamento, incisões e anelamentos, desbaste,
desnetamento.
Desponte ( tem por finalidade frear o crescimento de determinados ramos
em comprimento, de modo a propiciar o desenvolvimento de ramos inferiores.
Desbrota ( é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos
inúteis, que se desenvolvem à custa das reservas, em detrimento do
florescimento e da frutificação.
Esladroamento ( os ramos que nascem da madeira velha (do porta-enxerto,
por exemplo) são denominados de ramos ladrões, e não apresentam nenhuma
vantagem, pois exaurem as substâncias nutritivas da planta, perturbando seu
desenvolvimento. Devem ser eliminados. Só não o são quando as plantas
encontram-se em decrepitude e, neste caso particular, eles são utilizados
para revigorar a árvore.
Desfolha ( é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor
iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, eliminação de focos de
doenças e pragas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a
coloração de frutos, assim com a eliminação do excesso de folhas,
principalmente daquelas que recobrem os frutos, que necessitam de luz para
adquirir coloração (pêra, maçã, ameixa e kiwi). Na videira, são as folhas
próximas aos cachos as responsáveis pela qualidade dos frutos. Esta
eliminação de folhas deve ser feita com bom senso, pois o abuso neste
desfolhamento priva a planta de seus órgãos de elaboração de reservas de
nutrição.
Incisões e anelamentos ( é o descasque circular, ou seja, remoção de um
anel de casca da base dos ramos novos, têm por finalidade interromper a
descida e com isso a retenção da seiva elaborada próximo à sua gema ou ao
seu fruto. Quando praticados no início do florescimento, aumentam a
fertilidade das flores e, na formação do frutos, melhoram as suas
qualidades (tamanho, coloração e sabor). Deve-se operar com moderação, pois
uma série de interrupções de seiva poderá causar um enfraquecimento do
vegetal.
Desbaste ( é a supressão de certa quantidade de frutos de uma árvore,
antes da maturação fisiológica destes, assim proporcionar melhor
desenvolvimento aos frutos remanescentes.
Dentre as finalidades do desbaste pode-se citar: melhorar a qualidade dos
frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a quebra de ramos
(superprodução); regularizar a produção; eliminar focos de pragas e
doenças; reduzir as despesas com colheita de frutos imprestáveis
(defeituosos, raquíticos e doentes).
Emprega-se normalmente o desbaste para o pessegueiro, a macieira, a
pereira, a goiabeira, videira (uvas de mesa), etc., por estar o tamanho de
seus frutos ligado a uma maior cotação e, em alguns casos, na tentativa de
eliminar a produção alternada e manter a árvore com produção anual quase
idêntica. Esse processo pode ser praticado em mangueira, macieira e pereira
(Simão, 1998).
O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em
desenvolvimento inicial e não atingiu 2 cm de diâmetro.
Essa operação é altamente onerosa e cansativa, compensando, porém, os
sacrifícios na sua realização.
Com o advento e o desenvolvimento de indústria química, pesquisas com
hormônios vêm sendo realizadas tanto na Europa como nos Estados Unidos.
O uso de hormônios no desbaste de frutos representa um meio de reduzir as
despesas e a realização da operação em curto espaço de tempo, podendo ser
adicionado a inseticidas. O ácido naftaleno acético (ANA) a 0,2% numa única
aplicação, ou 2,4-D a 0,0001%, tem sido empregado. O 2,4-D, embora efetivo,
causa certas distorções nas folhas (Simão, 1998).
Algumas espécies apresentam estreita correlação entre número de folhas e
qualidade do fruto. Assim, em pessegueiro, é boa a relação de um fruto para
cada 15 ou 20 folhas e, em maçã, de um fruto para cada 30 ou 40 folhas
(Simão, 1998).
Desnetamento ( é uma poda verde aplicada às videiras, consiste em aparar
com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem
lateralmente do ramo principal e que são chamados de netos (Inglez de
Souza, 1986).
PRINCÍPIOS QUE REGEM A PODA
Para perfeita execução da poda, é necessário um conhecimento da posição,
distribuição e função dos ramos e das gemas e circulação da seiva.
As raízes das fruteiras extraem do solo a água, contendo esta, em
solução, os sais nutritivos que alimentarão a planta. Tal solução constitui
a SEIVA BRUTA, que sobe pelos vasos condutores localizados no interior do
tronco e se dirige até as folhas. Nestas e em presença de luz e perdendo
água por transpiração, a seiva bruta passa por diversas transformações,
tornando-se SEIVA ELABORADA (Inglez de Souza, 1986).
A seiva circula pela planta toda, sempre fluindo para as partes mais
altas e mais iluminadas da árvore, razão pela qual os galhos mais vigorosos
são aqueles que conseguem se posicionar melhor na copa e têm uma estrutura
mais retilínea, o que favorece sua circulação. A seiva, circulando pela
periferia da planta, alimenta todos os órgãos e determinam seu crescimento
e evolução, tais como: o desenvolvimento das raízes, o crescimento dos
brotos, aumento dos ramos, folhas, gemas e a frutificação. É por isso
também que, o crescimento da planta tende sempre a se concentrar nos
ponteiros dos ramos, o que se denomina de Dominância Apical. Quando
eliminada, através da poda, ocorre uma melhor redistribuição da seiva,
favorecendo a brotação lateral da gemas.
A circulação rápida da seiva tende a favorecer desenvolvimento
vegetativo, enquanto que a lenta, o desenvolvimento de ramos frutíferos e
essa circulação é em função da estrutura da planta. Quanto mais retilínea,
mais rápida a seiva circulará.
No início do seu desenvolvimento, as fruteiras gastam toda a seiva
elaborada no seu próprio crescimento. Porém, após um certo tempo, variável
de espécie para espécie, a planta atinge um bom nível de desenvolvimento
como: tronco forte, copa expandida e raízes amplas, a planta já
fotossintetiza intensamente e começa a aparecer sobras de seiva elaborada,
que serão armazenadas na planta, em forma de reservas. Quando essas
reservas atingem uma suficiente quantidade, tem começo a frutificação, pois
as reservas de seiva elaborada são invertidas ou gastas na transformação
das gemas vegetativas em gemas frutíferas, que darão as futuras flores e
frutas. Com esse desvio para a frutificação, cessa quase que completamente
o crescimento das raízes e da copa (Inglez de Souza, 1986).
Há um antagonismo entre a frutificação e a vegetação, ou seja, enquanto a
planta desenvolve ativamente a sua expansão vegetativa (como acontece nos
indivíduos novos) não há saldo de seiva elaborada para ser aplicado na
frutificação, o mesmo acontece quando há um grande gasto de reservas, como
por exemplo num ano em que ocorre uma superprodução, assim a planta fica
sem saldo de seiva elaborada para, no ano seguinte, formar novas gemas de
fruto. A frutificação é então muito pequena; mas como as raízes continuam a
absorver água e nutrientes e as folhas a fotossintetizar, começa a aparecer
novo saldo de seiva elaborada, o qual, não tendo frutos para desenvolver, é
aplicado em nova expansão das raízes e dos ramos. Com esta expansão poderá
resultar em novos saldos de seiva elaborada, que são armazenados nos locais
de reserva, registrando assim um superávit de seiva elaborada na planta,
com isso grande número de gemas vegetativas é transformado em gemas
frutíferas, tornando a planta a produzir grande safra de fruto, ao mesmo
tempo que vegeta modestamente.
As fruteiras de quintal, abandonadas, sem podas e sem cuidados, a
alternância de anos de fruto com os de escassez é muito freqüente. A poda
pode regularizar esta anomalia, eliminando ramos frutíferos nos anos de
frutificação excessiva, estimulando, deste modo, a expansão de crescimento
vegetativos.
Segundo Inglez de Souza, 1986, as plantas não sujeitas a podas apresentam
duas importantes características:
1º) A planta alcança grande volume, porque sua folhagem, sem sofrer
restrição alguma, absorve grande quantidade de água e nutrientes (seiva
bruta) e produz grande quantidade de seiva elaborada (fotoassimilados), a
qual é alternativamente gasta em grande frutificação seguida de grande
expansão do sistema radicular e da copa, essa expansão é apenas limitada
pela conformação específica da planta e pelas condições ambientes (solo,
clima, etc.);
2º) A planta atinge a máxima longevidade, pois a produção contínua de
novas quantidades anuais de ramos, folhas e frutos, que as podas provocam,
acaba por esgotar a planta, abreviando seus dias, o qual não se verifica
nos indivíduos não podados.
Em contraposição, estes apresentam os inconvenientes seguintes:
Frutificação inconstante;
Fruta inferior, tanto em tamanho com em aspecto, pois a
seiva que a faz desenvolver tem de ser distribuída por um grande
número de frutos e ramos, o que não acontece nos pés podados;
Operações culturais mais difíceis, mais caras, devido à
maior altura e o maior volume dos pés. O controle fitossanitário
chega a ser praticamente impossível nos indivíduos de crescimento
livre e a colheita é freqüentemente antieconômica, pois a produção,
além de ser de qualidade inferior, se distribui nas pontas mais altas
da ramagem.
Ao podador é indispensável saber que parte da planta está cortando, pois,
de conformidade com cada planta em particular, há ramos cuja supressão é
indispensável, mas outros existem cuja eliminação redundaria em grave
prejuízo para a produção, porque encerram neles a própria safra de frutos
dentro de suas gemas.
GEMAS
Vulgarmente chamadas de olhos, as gemas são em essência o princípio das
folhas, flores e caules, envolto nas escamas corticais do tronco e dos
ramos.
São órgãos produtores de ramos e folhas (vegetativas) ou flores
(floríferas ou frutíferas), que variam no aspecto, na forma, no tamanho e
na distribuição, de espécie para espécie. Quanto à localização nos ramos,
as gemas são ditas terminais ou axilares, conforme estão localizadas no
ápice dos ramos ou na axila das folhas. É interessante observar que as
gemas são formadas com a mesma estrutura. O que vai torná-las vegetativas
ou frutíferas é o vigor do seu desenvolvimento, decorrente da quantidade de
seiva que recebem. Como já foi dito a frutificação só tem início quando a
planta já conseguiu armazenar uma determinada quantidade de reservas de
seiva elaborada.
As gemas de folhas ou lenhosas distinguem-se das floríferas ou de frutos
pela sua constituição interna e externa. Gemas mais vigorosas e mais
pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As de frutos são
quase sempre mais volumosa, de forma oval-alongada, e as de lenho são mais
alongadas e afuniladas. As primeiras apresentam-se mais macias ao tato, e
as últimas, mais ásperas (Simão, 1998).
Em princípio, gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar
em ramos vegetativos. As floríferas, têm uma forma mais arredondada e devem
ser preservadas.
As gemas podem ser naturais ou adventícias. As naturais são aquelas que
surgem nos ramos normalmente segundo a tendência da planta, e as
adventícias, as que emergem sob ação mecânica (Simão, 1998).
As gemas localizadas na parte superior dos ramos, brotam antecipadamente
e com maior vigor que as laterais, prolongando o ramo devido sua abertura
lateral ser bem menor. Baseando nisso podemos dizer que ramos verticais
tendem a serem mais vegetativos, e os inclinados, por onde a seiva circula
de forma mais lenta, possuem maior potencial frutífero.
A duração das gemas está intimamente relacionada à biologia da planta e
aos tratos culturais. Há espécies em que as gemas não ultrapassam um ciclo
vegetativo, e outras em que duram vários anos.
As podas dos anos anteriores têm muita influência sobre a formação das
gemas, quer frutíferas quer vegetativas. Se as podas passadas foram
severas, a planta foi privada de grande parte de sua copa e, portanto,
pouca seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada. Como
conseqüência, espera-se muita vegetação e pouco florescimento. Ao
contrário, se foram brandas as podas anteriores, é de se esperar que muita
seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada e que o afluxo desta
contribuiu para a diferenciação de grande quantidade de gemas vegetativas
em frutíferas (Inglez de Souza, 1986).
Já pela poda do ano em si pouca coisa pode fazer o podador no sentido de
aumentar a frutificação. Pode-se, entretanto, melhorar a produção do ano em
qualidade e preparar a planta para maiores safras vindouras.
RAMOS
Ramos são ramificações oriundas de gemas. Segundo sua função, dividem-se
em: ramos lenhosos (vegetativos), mistos e frutíferos.
RAMOS LENHOSOS ou VEGETATIVOS
Caracterizam-se pelo vigor, pelo aspecto da casca, normalmente lisa, e
pelos internódios relativamente longos.
Os ramos lenhosos, segundo sua origem e posição, podem dividir-se em
adventícios e ladrões.
Os ramos adventícios têm origem em causa mecânica como pancada, incisões,
etc.
Ramo ladrão é o ramo vegetativo, muito vigoroso, vertical, pouco
ramificado e devem ser eliminados.
Os ramos ladrões têm origem em gemas aparentes e podem ser classificados
em naturais ou bravos, segundo a sua localização. Os naturais nascem das
gemas do enxerto e os bravos de gemas do porta-enxerto.
Os ramos recebem denominação particular, de acordo com a sua posição na
árvore. Pernadas são as primeiras ramificações, que partem diretamente do
tronco ou da haste. Destas surgem ramos que são denominados braços. As
ramificações dos braços dizem-se genericamente ramos (Figura 2).
RAMOS MISTOS
Apresentam as funções de crescimento e produção, ou seja, apresentam ao
mesmo tempo desenvolvimento vegetativo e exibem gemas frutíferas, quer no
ramo do ano, quer no do anterior. Exemplos: pessegueiro, figueira, videira
(Simão, 1998).
RAMOS FRUTÍFEROS
São apresentados por algumas espécies, principalmente de folhas caducas,
que possuem ramos de frutos especializados.
Esses ramos são normalmente curtos e de aspecto corrugado. Se eliminarmos
tais ramos, a planta só produzirá vegetação. As principais representantes
dessa espécie são: pereira, macieira, ameixeira européia, cerejeira (Simão,
1998).
Os ramos especializados se originam, como os ramos todos, de uma gema
vegetativa.
Os ramos frutíferos classificam-se em: dardos, esporões (lamburdas),
bolsas e brindilas.
Dardos são os ramos pequenos, pontiagudos, com entrenós muito curtos.
Desenvolvem-se lentamente e apresentam uma roseta de folhas nas
extremidades.
Dá-se o nome de esporão simples ao dardo com gema terminal floral.
Constitui ramo de fruto propriamente dito.
O dardo com o tempo se ramifica, dando origem a um esporão ramificado.
Os esporões, devido ao desenvolvimento lento e ao acúmulo de substâncias
de reserva, apresentam com o tempo, um engrossamento na extremidade, em
forma de bolsa.
A passagem de dardo para esporão depende de um determinado equilíbrio na
fisiologia da planta, entre a seiva bruta remetida pelas raízes e as
substâncias elaboradas pelas folhas. Se esse equilíbrio é rompido graças à
maior quantidade de seiva elaborada, muitos dardos serão "promovidos" a
esporões.
As bolsas nada mais são do que um esporão com vários anos que alterou sua
forma externa e passou a receber essa denominação. Elas podem fixar vários
frutos ao mesmo tempo. É uma parte curta, inchada, com enorme quantidade de
substâncias nutritivas, que formam-se no ponto de união da fruta colhida
com o ramo. Pode dar origem a novas gemas florais, dardos, lamburdas,
brindilas ou vários deles de cada vez.
Brindilas são ramos finos, com 3 a 5 mm de diâmetro e de 0,50 a 0,20 m de
comprimento. Não apresentam importância econômica. Surgem em plantas mal
podadas ou naquelas velhas e não tratadas.
As brindilas apresentam uma pequena gema terminal e surgem na base das
plantas sem os devidos cuidados culturais.
Nas pereiras e macieiras decrépitas, esgotadas e também, ao contrário,
naquelas com vegetação luxuriante, as lamburdas são raras e os dardos
abundantes (Inglez de Souza, 1986).
Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem
ser divididas em três grupos (Inglez de Souza, 1986):
1º) Plantas com ramos especializados ( são plantas que só dão fruta sobre
ramos especiais. Os demais ramos dessas plantas só produzem brotos
vegetativos e folhas. Esses ramos especializados são geralmente curtos e
denomindados esporões, em contraposição aos vegetativos, que são longos e
vigorosos. Este é o caso das macieiras, pereiras, ameixeiras européias,
cerejeiras, etc.;
2º) Plantas com ramos mistos ( são plantas que além de frutificarem sobre
esporões, frutificam também sobre ramos do ano anterior, ou seja apresentam
ramos mistos, já que tais ramos tanto dão flores e, portanto frutos, como
também crescimentos vegetativos. Exemplos: pessegueiros, ameixeiras
japonesas, videiras e figueiras.
3º) Plantas em que as flores nascem sobre ramos da brotação nova ( nestas
plantas, o ramo frutífero ao invés de vir formado do inverno, nasce na
primavera e floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições
lhe são mais ou menos propícias. Exemplo: plantas cítricas em geral.
Influências exercidas na planta cítrica apenas alguns meses, ou mesmo umas
poucas semanas antes da nova brotação, podem determinar a abundância ou a
escassez do seu florescimento.
INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA PODA
Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é, a apropriada, a limpa,
a afiada e lubrificada. Não considerando os casos especiais e raros, três
ferramentas são indispensáveis ao podador: tesoura de poda, serrote de
podar e a decotadeira. Porém inúmeros são os instrumentos e ferramentas
utilizados na execução das diferentes modalidades de poda, até o machado, a
foice e a serra grande ou trançadeira podem, às vezes, entrar na relação
das ferramentas do podador. Existem também instrumentos especializados como
tesouras para desbaste de cachos de uva, alicate para incisão e anelamento,
etc. (Inglez de Souza, 1986).
A tesoura de poda é a ferramenta típica do podador, servindo para os
diversos tipos de poda. É empregada para corte de ramos com diâmetro de até
meia polegada, além desse limite convém empregar o serrote de poda.
EXECUÇÃO DAS PODAS
Como foi visto, é importante antes de empunhar qualquer instrumento de
poda conhecer bem a fruteira a ser podada, sua fisiologia e seu estado
nutricional e sanitário, o objetivo da exploração, a época em que deve ser
realizada a poda, que tipo de poda e em que intensidade deve ser praticada,
para que se tenha êxito nessa operação.
A poda de um ramo pode ser por supressão, ou seja, pela eliminação desse
ramo pela base ou rebaixamento, quando apenas se apara esse ramo em
comprimento.
Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte
deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado.
Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma
inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais
próxima, o que evita o acúmulo de água, que poderia causar o apodrecimento
do ramo e aparecimento de fungos. Assim cortes de espessura maior que 3,0
cm devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre.
Várias fruteiras requerem podas especiais (sejam de formação ou de
frutificação) como por exemplo: Videira; Pessegueiro; Figueira; entre
várias outras.
FRUTEIRAS QUE NÃO REQUEREM PODA
Diversas plantas, por esse imenso Brasil, produzem frutos comestíveis e
são bem conhecidas e apreciadas pelo povo. Inglez de Souza, 1986, cita 71
dessas fruteiras:
"Abacaxi "Graviola "
"Abricó-do-pará "Grumixama "
"Abricó-da-praia "Guabiroba "
"Abio "Grabiju "
"Abiurama "Guajeru "
"Açaí "Ingá "
"Acapu "Jabuticaba "
"Araçá "Jaca "
"Araticum "Jambo "
"Bacuri "Jambolão "
"Bocaiúva "Jaracatiá "
"Buranhém "Juá "
"Butiá "Jujuba "
"Cabeça-de-negro "Lichia "
"Cabeluda "Mangaba "
"Caimito "Mangostão "
"Cajá-manga "Maçala "
"Cajá-mirim "Murici "
"Caju "Oiti "
"Camapu "Pajurá "
"Cambucá "Ponhema "
"Cambuci "Pequizeiro "
"Carambola "Pitanga "
"Castanha-do-pará "Pitomba "
"Cereja-do-rio-grande "Pupunha "
"Chichá "Romã "
"Ciriguela "Sapota "
"Coco-da-praia "Sapoti "
"Coração-de-boi "Sapucaia "
"Cupuaçu "Tâmara "
"Cumaí "Tamarindo "
"Esfregadinha "Tarumã "
"Feijoa "Umbu "
"Figo-da-índia "Uva-do-japão "
"Fruta-pão "Uvaia "
"Jenipapo " "
Praticamente, todas estas frutíferas são propagadas através de sementes,
crescem e se desenvolvem sem qualquer educação no sentido de intervenção
humana para lhes dar uma forma e um porte adequados a sua exploração.
Nenhuma poda anual elas exigem para que dêem suas safras normais de frutos.
Raramente podem ser objeto de podas, antes cortes de galhos quando estes se
tornam prejudiciais a obras civis ou às conveniências dos homens (Inglez de
Souza, 1986).
"Uma poda mal feita prejudica de forma irreversível uma determinada
fruteira, trazendo sérias conseqüências para a sua formação e produção,
sendo preferível não realizar a poda a fazê-la incorretamente".
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRICKELL, C., A Poda. Portugal: Publicações Europa-América, 1979, 228 p.:
il.
INGLEZ de SOUZA, J. S., Poda das Plantas Frutíferas. São Paulo: Nobel,
1986, 224 p.: il.
SIMÃO, S., Tratado de Fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760 p.: il.
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